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Oo Filosofia 10.º ano José Ferreira Borges Marta Paiva Orlanda Tavares Perspetivando a docência como uma tarefa exigente, complexa, estimulante e desafiadora, este livro pretende ser um apoio/auxílio ao Professor no sentido de lhe permitir uma gestão do tempo simples e eficiente, no âmbito dos múltiplos desafios e contextos de atuação para os quais a sua intervenção é solicitada. Nesse sentido, o Livro do Professor reúne não apenas uma seleção de documen- tos oficiais, em função da sua pertinência para a prática letiva diária do Professor de filosofia, como também alguns documentos especificamente produzidos para serem usados como possíveis recursos de exploração dos temas propostos no manual Novos Contextos. Assim, o Livro do Professor oferece um conjunto de materiais de apoio à prática letiva: • indicações programáticas relevantes para o 10.º ano de filosofia; • orientações para a avaliação externa; • planificação anual por temas; • sugestões de resposta às atividades propostas no manual e às atividades pro- postas no Caderno do Aluno; • PowerPoint® com questões de exploração para cada tema. Os autores Apresentação I S B N 9 7 8 - 9 7 2 - 0 - 8 7 7 4 2 - 0 Índice 1. Indicações do Programa de Filosofia 5 1.1. Apresentação do Programa 5 Finalidades Objetivos gerais 1.2. Desenvolvimento do Programa 7 1.3. Orientações para a avaliação externa 12 2. Planificação anual por temas 15 3. Sugestões de resposta às atividades do manual 21 4. Sugestões de resposta às atividades do Caderno do Aluno 37 5. Sugestões de utilização dos Powerpoint® 40 N C O N 10 LP © Po rt o Ed ito ra 1.1. Apresentação do Programa Finalidades A disciplina de Filosofia, – em corresponsabilidade com as demais disciplinas das áreas curriculares do Ensino Secundário, – tendo presentes os Objetivos definidos na Lei de Bases do Sistema Educativo para o Ensino Secundário, – tendo, também, em consideração as orientações fixadas nos documentos de revisão curricular, assume, como suas, a partir da sua especificidade, as seguintes finalidades: • Proporcionar instrumentos necessários para o exercício pessoal da razão, contribuindo para o desenvolvimento do raciocínio, da reflexão e da curiosidade científica, para a compreensão do carácter limitado e provisório dos nossos saberes e do valor da formação como um conti- nuum da vida. • Proporcionar situações orientadas para a formulação de um projeto de vida próprio, pessoal, cívico e profissional, contribuindo para o aperfeiçoamento da análise crítica das convicções pessoais e para a construção de um diálogo próprio com uma realidade social em profundo processo de transformação. • Proporcionar oportunidades favoráveis ao desenvolvimento de um pensamento ético-polí- tico crítico, responsável e socialmente comprometido, contribuindo para a aquisição de com- petências dialógicas que predisponham à participação democrática e ao reconhecimento da democracia como o referente último da vida comunitária, assumindo a igualdade, a justiça e a paz como os seus princípios legitimadores. Indicações do Programa de Filosofia 1 6 Indicações do Programa de Filosofia N C O N 10LP © Porto Editora • Proporcionar meios adequados ao desenvolvimento de uma sensibilidade cultural e esté- tica, contribuindo para a compreensão da riqueza da diversidade cultural e da Arte como meio de realização pessoal, como expressão da identidade cultural dos povos e como reveladora do sentido da existência. • Proporcionar mediações conducentes a uma tomada de posição sobre o sentido da existên- cia, contribuindo para a compreensão da articulação constitutiva entre o ser humano e o mundo e da sua dinâmica temporal, assumindo a responsabilidade ecológica como valor e como exigência incontornável. Objetivos gerais A – No domínio cognitivo 1. Apropriar-se progressivamente da especificidade da Filosofia. 1.1. Distinguir a racionalidade filosófica de outros tipos de racionalidade. 1.2. Reconhecer o trabalho filosófico como atividade interpretativa e argumentativa. 1.3. Reconhecer o carácter linguístico-retórico e lógico-argumentativo do discurso filosófico. 1.4. Reconhecer a Filosofia como um espaço de reflexão interdisciplinar. 1.5. Reconhecer a necessidade de situar os problemas filosóficos no seu contexto histórico-cultural. 1.6. Identificar as principais áreas e problemas da Filosofia. 2. Reconhecer o contributo específico da Filosofia para o desenvolvimento de um pensamento informado, metódico e crítico e para a formação de uma consciência atenta, sensível e eticamente responsável. 2.1. Adquirir instrumentos cognitivos, conceptuais e metodológicos fundamentais para o desenvolvi- mento do trabalho filosófico e transferíveis para outras aquisições cognitivas. 2.2. Adquirir informações seguras e relevantes para a compreensão dos problemas e dos desafios que se colocam às sociedades contemporâneas nos domínios da ação, dos valores, da ciência e da técnica. 2.3. Desenvolver um pensamento autónomo e emancipado que, por integração progressiva e crite- riosa dos saberes parcelares, permita a elaboração de sínteses reflexivas pessoais, construtivas e abertas. 2.4. Desenvolver uma consciência crítica e responsável que, mediante a análise fundamentada da experiência, atenta aos desafios e aos riscos do presente, tome a seu cargo o cuidado ético pelo futuro. B – No domínio das atitudes e dos valores 1. Promover hábitos e atitudes fundamentais ao desenvolvimento cognitivo, pessoal e social. 1.1. Adquirir hábitos de estudo e de trabalho autónomo. 1.2. Desenvolver atitudes de discernimento crítico perante a informação e os saberes transmitidos. 1.3. Desenvolver atitudes de curiosidade, honestidade e rigor intelectuais. 1.4. Desenvolver o respeito pelas convicções e atitudes dos outros, descobrindo as razões dos que pensam de modo distinto. 1.5. Assumir as posições pessoais, com convicção e tolerância, rompendo com a indiferença. 1.6. Desenvolver atitudes de solidariedade social e participação na vida da comunidade. 2. Desenvolver um quadro coerente e fundamentado de valores. 2.1. Reconhecer distintos sistemas de valores e diferentes paradigmas de valoração. 2.2. Adquirir o gosto e o interesse pelas diversas manifestações culturais. Indicações do Programa de Filosofia 77 N C O N 10 LP © Po rt o Ed ito ra 2.3. Desenvolver uma sensibilidade ética, estética, social e política. 2.4. Comprometer-se na compreensão crítica do outro, no respeito pelos seus sentimentos, ideias e comportamentos. 2.5. Assumir o exercício da cidadania, informando-se e participando no debate dos problemas de inte- resse público, nacionais e internacionais. 2.6. Desenvolver a consciência do significado ético e da importância política dos direitos humanos. 2.7. Desenvolver a consciência crítica dos desafios culturais decorrentes da nossa integração numa sociedade cada vez mais marcada pela globalização 1.2. Desenvolvimento do Programa I – Módulo Inicial – Iniciação à atividade filosófica Temas / Conteúdos Todo o trabalho a realizar com a turma, neste módulo inicial, deve visar a iniciação à atividade filosófica e a mobilização das competências consideradas como pré-requisitos para a sua concretização. Propõe-se um percurso a realizar em quatro momentos: 1. Momento de contexto; 2. Momento de diagnóstico; 3. Momento de iniciação ao trabalho filosófico; 4. Momento reflexivo. 1. Momento de Contexto – Dada a especificidade deste módulo, recomenda-se que, neste primeiro momento, se proceda a uma informação simples e simplificada do conceito de Filosofia e das suas questões próprias, no sentido de satisfazer a curiosidade inevitável por uma disciplina nova e de criar um campo de referência mínimo. 2. Momento de Diagnóstico – Deteção do "clima" da turma e das competências individuais relativas às capacidades de: • ouvir e compreender globalmente uma informação; • expor uma ideia ou resumir uma situação;• capacidade de ler e compreender globalmente uma mensagem escrita. Propõe-se que este diagnóstico se faça, sobretudo, com base em situações de diálogo criadas na aula e não privilegiando o recurso a instrumentos formais de avaliação. 3. Momento de Iniciação ao trabalho filosófico – Momento da oralidade – Realização de trabalhos guiados, em pequeno grupo, de iniciação à problematização. Esses trabalhos podem ser feitos com base num conjunto de enunciados comuns ou ditados populares, de programas televisivos ou de jogos de computadores, solicitando-se a identificação dos problemas subjacentes. No coletivo turma e com base nas conclusões de cada grupo, far-se-á a articulação dos problemas identificados com as correspondentes questões filosóficas. – Momento da leitura – Realização de trabalhos sobre diferentes tipos de textos, relacionados com as questões anteriormente enunciadas, visando o desenvolvimento de competências de análise: • Identificação das teses que os textos defendem e dos argumentos que apresentam; • Discussão/apreciação da coerência dos argumentos. – Momento da Escrita – Realização de pequenos trabalhos escritos: • de iniciação à clarificação conceptual – construção, por meio da consulta de um dicionário de Filosofia, de definições de conceitos previamente selecionados; • de iniciação à argumentação – esboço de construção de argumentos a favor e contra uma resposta a uma questão anteriormente apresentada. 4. Momento Reflexivo – Para finalizar, propõe-se a apreciação pela turma do trabalho realizado, tendo por objetivo fundamental que cada jovem faça a avaliação do seu percurso. CONCEITOS ESPECÍFICOS NUCLEARES – interpretação, problema/questão, tese, argumento, conceito, juízo e raciocínio, subjetivo e objetivo, concreto e abstrato. 1. Abordagem introdutória à Filosofia e ao filosofar 1.1. O que é a Filosofia? – uma resposta inicial 1.2. Quais são as questões da Filosofia? – alguns exemplos 1.3. A dimensão discursiva do trabalho filosófico 8 Indicações do Programa de Filosofia N C O N 10LP © Porto Editora II – A ação humana e os valores Temas / Conteúdos A – Percurso de Aprendizagens B – Competências / Atividades 1. A ação humana – análise e compreensão do agir 1.1. A rede conceptual da ação 1.2. Determinismo e liberdade na ação humana Propõe-se que esta rubrica seja abordada em três momentos. 1. Análise da especificidade humana do agir: – distinguindo entre o que fazemos e o que (nos) acontece; – reconhecendo a presença de razões e fins, intenções e projetos na base das ações. 2. Análise da complexidade do agir: – reconhecendo o duplo carácter (voluntário e involuntário) dos motivos e dos desejos; – dando conta da experiência (difícil) da deliberação e da decisão. 3. Reflexão sobre o problema mais abrangente do determinismo e liberdade na ação: – reconhecendo as condicionantes físico- -biológicas e histórico-culturais; – reconhecendo a ação como um campo de possibilidades – espaço para a liberdade do agente. CONCEITOS ESPECÍFICOS NUCLEARES – os que se encontram destacados em itálico. Competência(s) especialmente visadas – conceptualização – problematização Atividades Dado o elevado número de conceitos que a abordagem da rubrica implica, parece oportuno introduzir algumas atividades de conceptualização que permitam superar a ambiguidade semântica de alguns conceitos: – Aproximação linguística aos conceitos de “ação” e de “agente” mediante a análise dos seus vários significados correntes e da determinação dos que e só dos que convém aqui; – Aproximação predicativa ao conceito de “ato humano” através da explicitação dos atributos que fazem de uma ação um ato verdadeiramente humano. Análise de textos com posições diversificadas sobre determinismo e liberdade na ação, visando a formulação de problemas. 2. Os valores – análise e compreensão da experiência valorativa 2.1. Valores e valoração – a questão dos critérios valorativos 2.2. Valores e cultura – a diversidade e o diálogo de culturas Pretende-se com esta rubrica desenvolver uma reflexão que poderia ter o seguinte percurso. 1. Reconhecimento de que: – a nossa relação ao mundo é antes de mais de natureza valorativa; – todos os seres humanos agem em conformidade com as suas preferências e os seus valores; – as preferências e valores variam em função da pessoa, do grupo social e, sobretudo, da cultura. 2. Análise da questão dos critérios valorativos. 3. Reflexão sobre a riqueza da diversidade dos valores, reconhecendo a necessidade de encontrar critérios transsubjetivos de valoração, bem como a importância do diálogo intercultural. CONCEITOS ESPECÍFICOS NUCLEARES – valor, preferência valorativa, critério valorativo, cultura. Competências especialmente visadas A rubrica dos valores apresenta-se como uma das primeiras e mais importantes oportunidades para desenvolver as competências de leitura crítica e compreensiva, comunicação, problematização e debate e desenvolver a capacidade de argumentação (neste momento, sobretudo oral). Atividades Entre as múltiplas atividades possíveis podem incluir-se: – Análise de casos e/ou de dilemas que mobilizem a sensibilidade e as preferências valorativas individuais. – Procura de respostas para esses casos e/ou dilemas e formulação de boas razões ou argumentos para justificar as opiniões emitidas ou as soluções preconizadas. Indicações do Programa de Filosofia 99 N C O N 10 LP © Po rt o Ed ito ra II – A ação humana e os valores 3 – Dimensões da ação humana e dos valores Temas / Conteúdos A – Percurso de Aprendizagens B – Competências / Atividades 3.1. A dimensão ético-política – análise e compreensão da experiência convivencial 3.1.1. Intenção ética e norma moral 3.1.2. A dimensão pessoal e social da ética – o si mesmo, o outro e as instituições 3.1.3. A necessidade de fundamentação da moral – análise comparativa de duas perspetivas filosóficas 3.1.4. Ética, direito e política – liberdade e justiça social – igualdade e diferenças – justiça e equidade Um percurso possível para esta rubrica poderá ter os seguintes momentos: 1. Distinção conceptual entre moral e ética, intenção e norma. 2. Compreensão da indissociabilidade da relação consigo mesmo, com os outros e com as instituições no agir ético. 3. Questionamento da fundamentação da moral e dos critérios de apreciação da moralidade dos atos humanos. Propõe-se a análise comparativa e o confronto de duas perspetivas clássicas, ou de duas contemporâneas, ou de uma perspetiva clássica e uma contemporânea. 4. Análise do direito e da política, enquanto dimensões configuradoras da experiência convivencial, à luz dos imperativos de: – liberdade e justiça social; – universalidade da justiça e direito à igualdade; – universalidade da justiça e direito à diferença; – salvaguarda dos direitos humanos e responsabilidade pelas gerações vindouras. CONCEITOS ESPECÍFICOS NUCLEARES – moral, ética, normas, valores, liberdade moral, responsabilidade, consciência moral, consciência cívica, direito, política, estado, sociedade civil, liberdade política, justiça social, equidade. Competências especialmente visadas – leitura crítica e compreensiva – pesquisa e seleção de informação – negociação de interpretações – competência argumentativa Atividades Pesquisa de conceitos, de teses e argumentos em textos veiculadores das perspetivas em confronto, sob orientação do docente; Construção de quadros sinópticos de teses e argumentos alternativos sobre os problemas equacionados; Debate orientado pelo docente a partir dos quadros elaborados. 3.2. A dimensão estética – análise e compreensão da experiência estética 3.2.1. A experiência e o juízo estéticos 3.2.2. A criação artística e a obra de arte Momentos de um percurso possível para esta rubrica: 1. Reconhecimento da especificidade da experiência estética no triplo registo de experiência da natureza, dacriação artística e da contemplação da obra de arte. Questionamento sobre a possibilidade de comunicação da experiência estética – a natureza do juízo estético. 2. Significado da arte e da criação artística – o ponto de vista do artista. Apresentação de alguns dos critérios ou parâmetros do conceito de arte ao longo dos tempos. Competências especialmente visadas Dada a atual importância das artes da imagem, é aqui um momento oportuno para uma iniciação a um trabalho sistemático de leitura crítica da linguagem icónica, dando relevo, nomeadamente, à industrialização da estética. 10 Indicações do Programa de Filosofia N C O N 10LP © Porto Editora 3 – Dimensões da ação humana e dos valores (continuação) Temas / Conteúdos A – Percurso de Aprendizagens B – Competências / Atividades 3.2.3. A Arte: produção e consumo, 3. Reflexão sobre a multidimensionalidade da obra de arte: – objeto produzido – valor no mercado; – a industrialização da estética na sociedade contemporânea; – pluralidade de sentidos (polissemia); – manifestação da identidade cultural dos povos; – revelação de novos modos de conhecer o sujeito e o mundo. CONCEITOS ESPECÍFICOS NUCLEARES – estética, experiência estética, teoria estética, gosto, juízo estético, útil, agradável, belo, horrível, sublime, arte, obra de arte, artista, espetáculo, criação artística. Atividades Visionamento e interpretação de slides, filmes… Audição de obras musicais. Visitas de estudo orientadas a museus, exposições... Análise de testemunhos de artistas sobre a criação e o objeto artístico. Elaboração de dossiers temáticos. 3.3. A dimensão religiosa – análise e compreensão da experiência religiosa 3.3.1. A religião e o sentido da existência – a experiência da finitude e a abertura à transcendência 3.3.2. As dimensões pessoal e social das religiões 3.3.3. Religião, razão e fé – tarefas e desafios da tolerância Momentos de um percurso possível para esta rubrica: 1. A religião como resposta à questão sobre o sentido da existência humana. 2. A vivência religiosa como relação pessoal com o divino. A vivência religiosa como manifestação coletiva. 3. Relação entre razão e fé – aproximação e diferenciação: dimensão crítica versus exploração ideológica. CONCEITOS ESPECÍFICOS NUCLEARES – religião, sentido da existência, transcendência, imanência, finitude, divino, deus, igreja, culto, doutrina, dogma, razão, fé, tolerância. Competências especialmente visadas Dado que esta rubrica pode mobilizar convicções pessoais, propõe-se que se dê especial atenção às competências fundamentais para intervir num debate: pesquisar e selecionar informação, saber ouvir, saber expor. Atividades Organização de um debate: pesquisa e seleção de informação adequada; exposição de pontos de vista; confronto de pontos de vista. Indicações do Programa de Filosofia 1111 N C O N 10 LP © Po rt o Ed ito ra 4 – Temas / Problemas do mundo contemporâneo Temas / Conteúdos Sugestões para a organização do trabalho 4. Temas / Problemas do mundo contemporâneo Opção por um tema / problema. • Os direitos humanos e a globalização • Os direitos das mulheres como direitos humanos • A responsabilidade ecológica • A manipulação e os meios de comunicação de massas • O racismo e a xenofobia • O voluntariado e as novas dinâmicas da sociedade civil • A obra de arte na era das indústrias culturais • A dessacralização do mundo e a perda do sentido • A paz mundial e o diálogo inter-religioso • Outros Contexto das sugestões A abordagem de um tema / problema do mundo contemporâneo poderá ser feita de múltiplos modos. As propostas que aqui se sugerem são apenas algumas das possíveis. Pareceu oportuno propor atividades especialmente dirigidas para o desenvolvimento das seguintes competências: – adquirir hábitos de estudo e de trabalho autónomo; – utilizar criteriosamente as fontes de informação, designadamente, obras de referência e novas tecnologias; – promover a integração de saberes (perspetiva interdisciplinar); – desenvolver a capacidade de problematização. Metodologia De acordo com as competências referidas, sugere-se a seguinte metodologia para um trabalho, preferencialmente, de grupo e interdisciplinar: – comum acordo entre docentes e discentes; – organização e reelaboração dos materiais, redação de curtos textos de enquadramento; – enquadramento da problemática: sentido e pertinência; quadro conceptual de suporte; – formulação de questões de dimensão filosófica no âmbito da temática escolhida; – pesquisa documental, por parte dos alunos e alunas, em fontes diversificadas de informação textual e icónica (obras de referência impressas, enciclopédias impressas ou eletrónicas, sítios da Internet, filmes ou documentários, etc.); – seleção e tratamento dos materiais recolhidos em função dos Objetivos traçados, de análise e de conclusões. Resultados ou produtos finais – Relatório de pesquisa. – Dossiers temáticos elaborados por grupos. – Exposição temática na sala de aula, ou melhor, num espaço comum da escola, organizada pela turma. – Apresentação oral por grupos de trabalho, na turma ou perante outras turmas, dos resultados da investigação 12 Indicações do Programa de Filosofia N C O N 10LP © Porto Editora 1.3. Orientações para a avaliação externa No âmbito da avaliação sumativa interna, todos os temas do Programa são objeto de avaliação. Unidades programáticas avaliáveis externamente (designação e numeração que constam do Programa) II. A ação humana e os valores 1. A ação humana – análise e compreensão do agir Em 1.1. A rede concetual da ação, deverão ser abordadas as seguintes questões: 1) A distinção entre ação e acontecimento; 2) A distinção entre voluntário e involuntário; 3) A articulação entre deliberação e decisão racional. Em 1.2. Determinismo e liberdade na ação humana, deverá ser abordado o problema da relação entre determinismo e livre-arbítrio, discutindo as posições fundamentais de resposta a este problema. 2. Os valores – análise e compreensão da experiência valorativa Em 2.1. Valores e valoração – a questão dos critérios valorativos, deverá ser abordada a distinção entre juízo de facto e juízo de valor. Deverá também discutir-se o problema do carácter subjetivo ou objetivo dos valores, concretizando-o na questão de saber se os juízos valorativos têm um carácter subjetivo, ou se são relativos às culturas, ou se são antes juízos objetivos. 3. Dimensões da ação humana e dos valores 3.1. A dimensão ético-política – análise e compreensão da experiência convivencial Em 3.1.3. A necessidade de fundamentação da moral – análise comparativa de duas perspetivas filosófi- cas, deverá escolher-se a ética utilitarista e a ética deontológica. A ética utilitarista de referência é a de John Stuart Mill. A ética deontológica de referência é a de Immanuel Kant. Em 3.1.4. Ética, direito e política – liberdade e justiça social; igualdade e diferenças; justiça e equidade, a abordagem deverá ser centrada nas seguintes questões: 1) A articulação entre ética e direito; 2) O problema da relação entre liberdade política e justiça social, tomando como referência a teoria da justiça de John Rawls e as críticas a que está sujeita. 3.2. A dimensão estética – análise e compreensão da experiência estética Em 3.2.1. A experiência e os juízos estéticos, deve ser abordada a natureza do juízo estético, no seu cará- ter subjetivo ou objetivo. O ponto 3.2.2. A criação artística e a obra de arte suscita o problema da definição de arte: o que é a arte? Ao abordar “alguns critérios ou parâmetros do conceito de arte ao longo dos tempos”, deverão ser abordadas a teoria da imitação, a teoria expressivista e a teoria formalista. 3.3. A dimensão religiosa – análise e compreensão da experiência religiosa Deverão ser abordadas as seguintes questões: 1) Em 3.3.1. A religião e o sentido da existência – a experiência da finitude e a abertura à transcendên-cia, a relação entre finitude e transcendência: a resposta religiosa e outras perspetivas não reli- giosas para o sentido da existência; 2) Em 3.3.3. Religião, razão e fé – tarefas e desafios da tolerância, a questão da rutura ou da harmonia entre razão e fé. Neste âmbito, deve ser abordada uma das provas da existência de Deus, bem como uma das críticas à perspetiva religiosa. Indicações do Programa de Filosofia 1313 N C O N 10 LP © Po rt o Ed ito ra III. Racionalidade argumentativa e filosofia 1. Argumentação e lógica formal Em 1.1. Distinção validade – verdade, dever-se-ão abordar as seguintes noções: a) A lógica como disciplina que tem por objetivo a avaliação sistemática de argumentos quanto à sua validade dedutiva; b) A noção de argumento válido como aquele em que a conclusão é uma consequência lógica das premissas tomadas em conjunto. Em 1.2. Formas de inferência válida, para a Lógica Aristotélica, deverão ser tratadas: a) Caracterização da linguagem da lógica silogística com as suas quatro formas; b) Definição de silogismo (envolvendo as noções de termo maior, menor e médio e de premissa maior e menor); c) Classificação dos silogismos em figuras e modos; d) Distribuição de um termo geral numa proposição; e) Regras de validade silogística. Em 1.3. Principais falácias, para a Lógica Aristotélica, as falácias formais a tratar serão a falácia do termo não-distribuído, a ilícita maior e a ilícita menor. Em 1.2. Formas de inferência válida, para a Lógica Proposicional, deverão ser tratadas: a) Caracterização da linguagem da lógica proposicional com as cinco conetivas que simbolizam “não”, “e”, “ou”, “se…então” e “se e somente se”; b) Prática de formalização quer de frases isoladas quer de argumentos inteiros (e, em sentido inverso, prática de interpretação de fórmulas); c) As funções de verdade associadas às cinco conetivas e o uso de tabelas de verdade para testar a validade de argumentos; d) As seguintes formas de inferência válida: modus ponens, modus tollens, contraposição, silogismo disjuntivo, silogismo hipotético e leis de De Morgan. Em 1.3. Principais falácias, para a Lógica Proposicional, as falácias formais a tratar são a afirmação do consequente e a negação do antecedente. 2. Argumentação e retórica Em 2.1. O domínio do discurso argumentativo – a procura da adesão do auditório, serão abordadas as seguintes questões: a) A distinção entre demonstração e argumentação; b) A relação necessária ao auditório no discurso argumentativo. Em 2.2. O discurso argumentativo – principais tipos de argumentos e falácias informais, deverão ser abor- dados os critérios para avaliar argumentos indutivos, por analogia e de autoridade. Deverão ser abor- dadas também as seguintes falácias informais: petição de princípio, falso dilema, apelo à ignorância, ad hominem, derrapagem (ou “bola de neve”) e boneco de palha. 3. Argumentação e filosofia Em 3.1. Filosofia, retórica e democracia, dever-se-á fazer uma breve abordagem histórica ao confronto entre as perspetivas dos sofistas e de Platão acerca da retórica no contexto da democracia ateniense. Em 3.2. Persuasão e manipulação ou os dois usos da retórica, abordar-se-á a crítica filosófica aos usos da retórica, designadamente a distinção entre manipulação e persuasão orientada por um critério de razoabilidade. Em 3.3. Argumentação, verdade e ser, caracterizar-se-á a argumentação filosófica e o seu vínculo consti- tutivo à procura da verdade. 14 Indicações do Programa de Filosofia N C O N 10LP © Porto Editora IV. O conhecimento e a racionalidade científica e tecnológica 1. Descrição e interpretação da atividade cognoscitiva Em 1.1. Estrutura do ato de conhecer, caracterizar-se-á o conhecimento como uma relação entre um sujeito e um objeto, discutindo a sua definição tradicional como crença verdadeira justificada. Em 1.2. Análise comparativa de duas teorias explicativas do conhecimento, dever-se-ão abordar o racio- nalismo de Descartes e o empirismo de David Hume. 2. Estatuto do conhecimento científico Em 2.1. Conhecimento vulgar e conhecimento científico, deverá ser abordada a relação entre o senso comum e a ciência, discutindo o valor de um e da outra enquanto formas de conhecimento genuíno da realidade. Em 2.2. Ciência e construção – validade e verificabilidade das hipóteses, distinguir-se-á a conceção indu- tivista do método científico e o falsificacionismo de Karl Popper. Em 2.3. A racionalidade científica e a questão da objetividade, estabelecer-se-á a diferença entre as pers- petivas de Popper e de Thomas Kuhn acerca da evolução da ciência e da objetividade do conhecimento científico. N C O N 10 LP © Po rt o Ed ito ra Conteúdos Objetivos Estratégias gerais N.º de aulas I – Iniciação à atividade filosófica 1. Abordagem introdutória à Filosofia e ao filosofar 1.1. O que é a Filosofia? — uma resposta inicial 1.1.1. A origem do filosofar 1.1.2. O objeto da filosofia 1.1.3. O método da filosofia 1.1.4. As teorias da filosofia 1.2. Quais são as questões da Filosofia? – alguns exemplos 1.2.1. As questões e os domínios da filosofia 1.2.2. A utilidade da filosofia 1.3. A dimensão discursiva do trabalho filosófico 1.3.1. A estrutura do argumento 1.3.1.1. Os conceitos/ termos Identificar a origem histórica da filosofia. Distinguir filosofia espontânea de filosofia sistemática. Compreender a importância e o papel das crenças fundamentais. Compreender as situações que podem estar na origem do filosofar. Reconhecer as dificuldades inerentes à definição do conceito de filosofia. Distinguir o objeto de estudo da filosofia dos objetos de estudo das várias ciências. Diferenciar as duas dimensões da filosofia. Compreender os conceitos de subjetivo, objetivo, concreto e abstrato. Caracterizar o método da filosofia. Compreender o sentido da expressão douta ignorância. Compreender os métodos socrático e cartesiano. Perceber em que consistem as teorias da filosofia. Contactar com alguns temas e/ou problemas da filosofia. Identificar as diversas questões da filosofia. Avaliar criticamente a utilidade da filosofia. Reconhecer a importância da lógica. Diferenciar conceito, juízo e raciocínio. Compreender em que consistem os termos, as proposições e os argumentos. Levantamento de competências ao nível do questionamento e da reflexão. Avaliação diagnóstica. Apresentação e análise de esquemas-síntese e mapas conceptuais. Exploração e apresentação de PowerPoint®. 8 aulas de 90 minutos. Planificação anual por temas 2 16 Planificação anual por temas N C O N 10LP © Porto Editora Conteúdos Objetivos Estratégias gerais N.º de aulas 1.3.1.2. As proposições 1.3.2. Como reconhecer um argumento 1.3.2.1. Indicadores de premissa e de conclusão 1.3.2.2. A verdade e a validade 1.3.3. O texto filosófico como texto argumentativo 1.3.3.1. A explicação dos textos 1.3.3.2. O comentário de textos Compreender as características de uma boa definição. Distinguir extensão de compreensão. Reconhecer os elementos constituintes da proposição. Compreender a estrutura do argumento. Distinguir indicadores de premissa de indicadores de conclusão. Distinguir validade de verdade. Distinguir validade dedutiva de validade não dedutiva. Adquirir competências mínimas para a interpretação/ explicação de um texto filosófico. Identificar problemas, teses e argumentos. Avaliar as características do comentário do texto filosófico. Organização de debates. Organização de trabalhos de grupo. Apresentação oral dos trabalhos, individualmente ou em grupo, na turma ou perante outras turmas. II – A ação humana e os valores 1. A ação humana – análise e compreensão do agir 1.1. A rede conceptual da ação 1.1.1. O conceito de ação humana 1.1.2. Acontecimentos e ações 1.1.3. Intenções e desejos 1.1.4. Motivos (ou razões), fins e projetos 1.1.5. A deliberação e a decisão 1.1.6. O agente: liberdadee responsabilidade 1.2. Determinismo e liberdade na ação humana 1.2.1. Introdução 1.2.2. As condicionantes da ação humana 1.2.3. A discussão acerca do livre-arbítrio 1.2.3.1. O determinismo radical 1.2.3.2. O compatibilismo 1.2.3.3. O libertismo Identificar o ramo da filosofia que reflete sobre a ação humana. Reconhecer a complexidade inerente à ação. Distinguir acontecimento de ação. Diferenciar atos voluntários e conscientes daquilo que fazemos de modo inconsciente e involuntário, consciente e involuntário, e involuntário por efeito do hábito. Reconhecer que as ações humanas são sempre conscientes, voluntárias e intencionais. Explicar em que consistem as intenções e desejos. Relacionar os conceitos de motivo, fim e projeto. Distinguir deliberação de decisão. Salientar as condições exigidas para se ser considerado agente. Relacionar liberdade e responsabilidade. Compreender em que consiste o livre-arbítrio. Refletir sobre o enquadramento do livre-arbítrio no contexto das regularidades da natureza. Reconhecer o carácter situado e condicionado da ação humana. Identificar as condicionantes da ação humana. Compreender em que consiste o problema do livre- arbítrio. Reconhecer as teses que afirmam e negam o livre-arbítrio. Compreender a perspetiva do determinismo radical, tendo em conta as suas diversas modalidades. Identificar objeções ao determinismo radical. Compreender a perspetiva do compatibilismo. Identificar a principal objeção ao compatibilismo. Compreender a perspetiva do libertismo. Referir objeções ao libertismo. Adotar uma postura pessoal fundamentada sobre o problema do livre-arbítrio. Discussão e apreciação crítica dos trabalhos. Análise e interpretação de textos. Composição de textos argumentativos individuais, com contra-argumentos. Construção de quadros sinópticos de teses e argumentos Elaboração de dossiês temáticos. 6 aulas de 90 minutos. Planificação anual por temas 1717 N C O N 10 LP © Po rt o Ed ito ra Conteúdos Objetivos Estratégias gerais N.º de aulas 2. Os valores – análise e compreensão da experiência valorativa 2.1. Valores e valoração – a questão dos critérios valorativos 2.1.1. Experiência valorativa e características dos valores 2.1.2. Juízos de facto e juízos de valor 2.1.3. A natureza dos valores 2.1.4. Critérios valorativos 2.2. Valores e cultura – a diversidade e o diálogo de culturas 2.2.1. A dimensão social e cultural dos valores 2.2.2. As sociedades atuais e os valores Reconhecer o carácter de não-indiferença associado aos valores Caracterizar a experiência valorativa. Compreender as principais características dos valores. Distinguir juízos de facto de juízos de valor. Compreender a diferença entre as teses subjetivistas e objetivistas acerca dos valores. Esclarecer as diferenças entre psicologismo, emotivismo, naturalismo e ontologismo. Discutir outras perspetivas sobre os valores: absolutividade / relatividade e perenidade / historicidade. Perceber em que consistem os critérios valorativos. Refletir sobre os diferentes níveis de determinação dos critérios valorativos. Identificar os critérios transubjetivos. Reconhecer a relação entre a identidade cultural do indivíduo e os valores. Identificar diferentes atitudes face à multiculturalidade atual. Refletir sobre a atitude etnocêntrica. Compreender o problema do relativismo cultural. Discutir as consequências do relativismo. Reconhecer a importância e o significado da interculturalidade. Pesquisa de conceitos, de teses e argumentos em textos veiculadores das perspetivas em confronto. Elaboração de um pequeno glossário de termos filosóficos. Exposição temática na sala de aula, ou num espaço comum da escola, organizada pela turma. Pesquisa documental orientada em fontes diversificadas de informação textual e icónica (obras de referência impressas, enciclopédias impressas ou eletrónicas, sítios da Internet, filmes ou documentários, etc.). Realização de atividades do Caderno do Aluno. Realização de atividades do Manual. Visionamento e interpretação de filmes/ documentários, diapositivos, etc. Visitas de estudo orientadas. Realização de testes de avaliação (formativos e sumativos) no âmbito de cada temática. 6 aulas de 90 minutos. 3. Dimensões da ação humana e dos valores 3.1. A dimensão ético- política – análise e compreensão da experiência convivencial 3.1.1. Intenção ética e norma moral 3.1.2. A dimensão pessoal e social da ética – o si mesmo, o outro e as instituições 3.1.2.1. O si mesmo e o outro: a pessoa como sujeito moral 3.1.2.2. A relação com os outros e as instituições na sociedade 3.1.3. A necessidade de fundamentação da moral – análise comparativa de duas perspetivas filosóficas 3.1.3.1. A filosofia moral kantiana Distinguir intenção ética de norma moral. Reconhecer a relação entre ética e moral. Identificar diferentes áreas da reflexão ética. Caracterizar as duas dimensões da ética. Reconhecer a pessoa enquanto sujeito moral. Descrever a consciência moral. Refletir criticamente sobre o egoísmo psicológico. Reconhecer a incompatibilidade da doutrina do egoísmo ético com a ação moral. Articular a relação do eu com os outros e as instituições com o desenvolvimento de uma consciência cívica. Perceber a distinção entre legalidade e moralidade. Reconhecer o problema da fundamentação da moral. Compreender os diversos aspetos da filosofia moral de Kant. Compreender os diversos aspetos da filosofia moral utilitarista de Stuart Mill. Comparar e avaliar criticamente as filosofias morais de Mill e Kant. Adotar uma postura ética pessoal fundamentada. Relacionar os conceitos de ética, direito, política, Estado e justiça. Comparar as perspetivas de Aristóteles e Locke relativas ao problema da origem do Estado. 14 aulas de 90 minutos. NCON10LP - 2 18 Planificação anual por temas N C O N 10LP © Porto Editora Conteúdos Objetivos Estratégias gerais N.º de aulas 3.1.3.2. A filosofia moral utilitarista de Stuart Mill 3.1.3.3. Análise comparativa e crítica das perspetivas morais de Kant e Stuart Mill 3.1.4. Ética, direito e política 3.1.4.1. A relação entre ética, direito e política 3.1.4.2. A origem do Estado A conceção da origem natural A conceção da origem contratual 3.1.4.3. Liberdade política e obediência à lei 3.1.4.4. Igualdade e justiça Distribuição igualitária da riqueza A igualdade de oportunidades no emprego 3.1.4.5. A justiça como equidade – a teoria da justiça de John Rawls 3.1.4.6. Justiça global e direitos humanos Compreender a razão que justifica a autoridade do Estado sobre o cidadão. Argumentar a favor ou contra a desobediência civil. Interpretar os diversos sentidos do conceito de igualdade. Avaliar os diferentes aspetos associados ao problema da justiça distributiva. Analisar as virtualidades e limitações da teoria da justiça de John Rawls. Avaliar os problemas práticos decorrentes da aplicação da justiça. Relacionar justiça global e direitos humanos. Reconhecer a necessidade do cumprimento da Declaração Universal dos Direitos do Homem. 14 aulas de 90 minutos. (Alternativa entre 3.2. e 3.3.) 3.2. A dimensão estética – análise e compreensão da experiência estética 3.2.1. A experiência e o juízo estéticos 3.2.1.1. A experiência estética 3.2.1.2. O juízo estético O objetivismo estético – Platão e M. Beardsley O subjetivismo estético – de Hume a Kant 3.2.2. A criação artística e a obra de arte 3.2.2.1. A importância da arte 3.2.2.2. A compreensão da obra de arte 3.2.2.3. Teorias da arte Teoria da arte como imitação Teoria da arte como expressão Caracterizar a experiência estética nas suas diversas modalidades. Compreender a especificidade do juízo estético. Diferenciar a categoria do belo de outras categorias estéticas. Compreender as várias dimensões do objetivismo estético de Platão. Caracterizar o objetivismo estético de M. Beardsley. Caracterizaro subjetivismo estético de Hume. Avaliar o alcance do subjetivismo estético de Kant. Caracterizar a arte e a obra de arte. Reconhecer criticamente classificações possíveis da arte. Refletir acerca das razões que levam o artista à criação das suas obras. Ponderar acerca de diferentes possibilidades de compreensão das obras de arte. Reconhecer a necessidade da existência de critérios na reflexão sobre a arte. Caracterizar as diversas teorias da arte: como imitação, como expressão, formalista e institucional. Refletir acerca das objeções às várias teorias referidas. 8 aulas de 90 minutos. Planificação anual por temas 1919 N C O N 10 LP © Po rt o Ed ito ra Conteúdos Objetivos Estratégias gerais N.º de aulas Teoria formalista da arte Teoria institucional da arte Conclusão 3.2.3. A Arte – produção e consumo, comunicação e conhecimento 3.2.3.1. Arte pela arte e arte militante 3.2.3.2. Arte e moral 3.2.3.3. Arte, mercado e indústria 3.2.3.4. Arte e comunicação 3.2.3.5. Arte e conhecimento Avaliar a possibilidade de definir ou não arte. Distinguir criticamente a arte pela arte da arte militante. Avaliar as consequências da relação entre arte e mercado. Perceber o significado do design, no âmbito da relação arte/indústria. Refletir acerca da dimensão comunicativa da obra de arte. Reconhecer na obra de arte a manifestação da identidade cultural dos povos. Caracterizar o cognitivismo estético. Distinguir o tipo de conhecimento proporcionado pela arte do conhecimento científico. Compreender as objeções ao cognitivismo estético. 3.3. A dimensão religiosa – análise e compreensão da experiência religiosa 3.3.1. A religião e o sentido da existência – a experiência da finitude e a abertura à transcendência 3.3.1.1. Introdução 3.3.1.2. O sagrado e o profano 3.3.1.3. A finitude e a transcendência 3.3.1.4. A religião como resposta ao sentido da existência 3.3.1.5. Críticas à perspetiva religiosa 3.3.2. As dimensões pessoal e social das religiões 3.3.2.1. A experiência religiosa 3.3.2.2. A dimensão social da religião 3.3.3. Religião, razão e fé – tarefas e desafios da tolerância 3.3.3.1. Relações entre razão e fé O fideísmo Harmonia entre a fé e a razão Posições relativas à existência de Deus Provas da existência de Deus Tarefas e desafios da tolerância Compreender o âmbito da filosofia da religião. Consciencializar-se acerca da importância de se interpretar a dimensão religiosa à luz de uma pluralidade de aspetos. Diferenciar sagrado e profano. Relacionar a experiência da finitude com a abertura à transcendência. Articular a dimensão religiosa com a necessidade de sentido da existência humana. Compreender a diferença entre ressurreição e reencarnação. Refletir acerca da possibilidade da existência de vida após a morte e da existência de uma alma imortal. Avaliar criticamente a perspetiva religiosa acerca do sentido da existência e as perspetivas que defendem a imortalidade. Conhecer os principais elementos que caracterizam as experiências religiosas. Distinguir experiências religiosas não místicas de experiências religiosas místicas. Distinguir experiências místicas extrovertidas de experiências místicas introvertidas. Relacionar as experiências religiosas com a existência de Deus. Caracterizar a dimensão social da religião. Compreender os aspetos associados ao fideísmo, em articulação com a filosofia de Kierkegaard. Avaliar a possibilidade da harmonia entre a fé e a razão, partindo da perspetiva de São Tomás. Compreender as diversas posições relativas à existência de Deus: teísmo, deísmo, ateísmo, agnosticismo e panteísmo. Refletir sobre a possibilidade de classificar as religiões de acordo com a conceção de Deus que nelas domina. 8 aulas de 90 minutos. 20 Planificação anual por temas N C O N 10LP © Porto Editora Conteúdos Objetivos Estratégias gerais N.º de aulas Conhecer e avaliar criticamente os argumentos cosmológico, do desígnio e ontológico. Refletir sobre o significado e o alcance do argumento moral de Kant. Relacionar o problema do mal com o problema da existência de Deus. Relacionar os conflitos religiosos com a necessidade de tolerância e de respeito pelos direitos humanos. Refletir sobre o significado e a importância do diálogo inter-religioso. 4. Temas/problemas do mundo contemporâneo (Opção por um tema/ problema.) 4.1. O racismo 4.1.1. Definição e breve contextualização histórico-cultural do racismo 4.1.2. A argumentação racista e antirracista 4.1.3. Racismo, discriminação, desigualdades e tratamento preferencial 4.1.4. O debate político e a luta contra o racismo Compreender o racismo a partir da sua história. Analisar os principais argumentos racistas e antirracistas. Refletir sobre o racismo e as suas diferentes manifestações no contexto das sociedades atuais. Discutir diferentes formas de luta contra o racismo. 8 aulas de 90 minutos. 4.2. Desafios da comunicação virtual – as redes sociais 4.2.1. Um maravilhoso mundo novo 4.2.2. Alguns impactos e riscos do mundo online 4.2.2.1. A desigualdade 4.2.2.2. Ataques à privacidade 4.2.2.3. Comportamentos desajustados 4.2.2.4. O ciberbullying 4.2.3. Regular a “aldeia global”? Compreender o fenómeno das redes sociais no contexto social e global atual. Analisar os impactos e os riscos associados ao mundo virtual. Refletir sobre a necessidade de regular o ciberespaço. N C O N 10 LP © Po rt o Ed ito ra Abordagem introdutória à Filosofia e ao filosofar Página 15 1. A morte de um familiar, na medida em que pode levar o estudante a questio- nar sobre o sentido da existência, constitui um dos exemplos possíveis. Qual- quer que seja a situação apontada, poderá sugerir-se o confronto da mesma com as questões da filosofia, abordadas em 1.2. 2. Alguns dos exemplos possíveis: – A beleza está nos olhos de quem a vê. – Ninguém foge ao seu destino. – A experiência é a mãe da ciência e a mestra da vida. – Mais vale cautela do que arrependimento. – Cedo ou tarde tudo se paga neste mundo. – Deus escreve direito por linhas tortas. – A culpa morreu solteira. – As aparências iludem. 3. A filosofia espontânea, em princípio típica de todo o ser humano, traduz um pensamento comum, uma sabedoria popular, não exigindo um conhecimento da história da filosofia nem evidenciando grande complexidade conceptual e argumentativa. Por sua vez, a filosofia sistemática propõe respostas concep- tualmente rigorosas, traduzindo um pensamento que se apresenta sob a forma de argumentação crítica, subjacente à qual se encontram determinados conhe- cimentos da tradição filosófica. 4. Segundo Platão e Aristóteles, é o espanto, ou admiração, aquilo se encontra na origem do filosofar. Uma situação que exemplifica este impulso do espanto relativamente ao filosofar pode encontrar-se na contemplação da grandeza do Universo, a qual desencadeará questões filosóficas como: «Qual a origem das coisas?», «Que finalidade está subjacente ao mundo?». Mas o espanto não permite evitar a dúvida, pois nada nos garante que esteja- mos seguros acerca da verdade dos conhecimentos adquiridos. A dúvida será colocada ao serviço da verdade, adquirindo um carácter metódico. Também as situações-limite – a culpa, a insegurança, o sofrimento, a morte – revelam ao ser humano o seu carácter finito e frágil. Filosofar é tentar assumir autenticamente tais situações, procurando integrá-las na própria vida. Todavia, nenhum ser humano pode viver isolado, nem se pode alcançar a ver- dade fora da comunicação com os outros. Por isso, também a vontade de comu- nicação autêntica pode estar na origem do filosofar. Página 17 1. O objeto de estudo da filosofia é o real como um todo. À filosofia interessam os problemas fundamentais que subjazem a esse todo, ou seja, aqueles em que pomos em questão as nossas crenças fundamentais. A filosofia procura os fun- damentos últimos do real. 2. As duas dimensões da filosofia, embora inseparáveis,podem distinguir-se tendo em conta propósitos específicos da reflexão filosófica. Na sua dimensão teórica, a filosofia procura conhecer a essência da realidade, tentando obter uma compreensão integradora do real, incluindo a reflexão sobre os vários saberes e os problemas por eles suscitados. Na sua dimensão prática, a filosofia ajuda-nos a orientarmo-nos no mundo, a saber viver, a agir de forma responsá- vel, a intervir a nível social e político, visando a construção de uma vida mais feliz e de um mundo melhor. Página 21 1. O método filosófico baseia-se no exercício reflexivo, na investigação concep- tual e na argumentação racional. 2. O método socrático consiste no diálogo, encetado com um ou mais interlocu- tores, que procura, numa primeira fase, levar o(s) ouvinte(s) à convicção do erro (ironia) e, numa segunda, conduzi-lo(s) à verdade (maiêutica), por intermédio da argumentação. É no final da primeira fase do método que os interlocutores se apercebem de que nada sabem. O reconhecimento da ignorância, o “só sei que nada sei”, constitui, pois, para Sócrates, a condição essencial para a procura do conhecimento verdadeiro. 3. O método cartesiano consiste num procedimento que implica: não aceitar nada como verdadeiro que não se apresente à consciência como claro e distinto, sem qualquer margem para dúvidas; dividir cada uma das dificuldades em par- tes; começar pelo mais simples e fácil de compreender e subir gradualmente para o mais complexo; fazer enumerações e revisões o mais completas possível. Assim, Descartes começou por duvidar de todo o saber advindo da experiência e de todos os raciocínios que até então lhe serviram de base para as suas Sugestões de resposta às atividades do manual 3 22 Sugestões de resposta às atividades do manual N C O N 10LP © Porto Editora demonstrações, excluindo tudo o que antes aceitava como verdadeiro, inclusive os próprios pensamentos. Descartes apercebe-se de que este processo de dúvida só é possível porque pensa e para pensar tem de “ser alguma coisa”, ou seja, existir. É assim que Descartes aceita como verdadeiro, claro e distinto o princípio da filosofia “Penso, logo existo”. 4. Enquanto o método científico é baseado na verificação experimental, o método filosófico baseia-se na discussão crítica e na argumentação racional. Assim, enquanto a ciência, em geral, é empírica, a filosofia é conceptual e a priori, uma vez que trata de problemas que não são empíricos. Contudo, filoso- fia e ciência mantêm relações muito estreitas: os factos da ciência podem levan- tar novas questões filosóficas e as questões filosóficas podem fazer avançar a ciência. Página 23 1. As teorias filosóficas são as respostas dadas aos problemas filosóficos a partir do método da argumentação racional. Assim, a cada problema filosófico está associada uma ou mais teorias, algumas das quais opostas, desenvolvendo-se como crítica às suas antecessoras. 2. O relativismo moral baseia-se no princípio segundo o qual não existem valo- res morais objetivos, válidos e aceites por todas as culturas. No entanto, todas as culturas obedecem ao princípio da sobrevivência. Se todas as culturas aceitam o princípio, então ele é universal. Logo, nem tudo é relativo. 3. A filosofia desenvolve-se ao longo da história. Cada filósofo é influenciado pela sua cultura, pelos modos de pensar, sentir e agir da sua época histórica. Tal não significa que ele se limitará a copiar os vários aspetos da circunstância em que vive. Ao integrar os problemas e as inquietações que decorrem de sua circunstân- cia, o filósofo reflete dentro de um quadro de referências perante as quais assu- mirá uma perspetiva crítica e integradora. Poderá, por isso, subscrever algumas ideias, depois de as ter analisado racionalmente, ou contestá-las, apontando novas soluções. Por isso, ninguém filosofa a partir do nada, e todo o pensamento evolui no interior de uma tradição e de um contexto sociocultural específicos. Página 26 1. As alíneas a) e d) apresentam questões filosóficas. A primeira é do âmbito da gnosiologia e a segunda do da ética. São questões que se prendem com as nos- sas crenças fundamentais relativas à capacidade de conhecer – a) – e de enten- der a moralidade – d) –; são questões que interessam a todo o ser humano; são questões que não resolvemos experimentalmente, mas que merecem ser discu- tidas, tendo em vista uma melhor compreensão dessas realidades. As questões das alíneas b) e c) não são filosóficas; podem enquadrar-se nas disciplinas da genética e da biologia – b) – e da história – c). 2. Esta afirmação traduz as preocupações fundamentais da filosofia porque a filosofia preocupa-se com todas as dimensões em que se move a existência humana. Perguntas como “O que posso saber?”, “O que devo fazer?” ou “O que me é permitido esperar?” dizem todas respeito àquele que as formula: o ser humano. Como tal, não existe nada que não seja, neste sentido, humano e, pela mesma ordem de ideias, não há nada de humano que seja estranho àquele que filosofa. Página 28 1.1. De acordo com o autor do texto, o valor da filosofia reside no facto de ela lidar com as principais questões relativas ao sentido da existência humana. Algumas dessas questões são referidas no texto (primeiro parágrafo). Os princí- pios em que se baseia a maior parte das crenças sobre a existência humana devem passar pelo exame crítico do questionar filosófico. Caso contrário, a vida será vivida com falsas certezas. 1.2. O autor do texto recorre a uma comparação entre os travões de um carro que nunca foi à revisão e os princípios nos quais a nossa vida se baseia sem nunca ter sido examinada; podemos pensar que os travões são de confiança, mas o melhor será sempre fazer as devidas “revisões” para termos certeza de que podemos confiar neles e, analogamente, nas nossas crenças ou princípios. (Poderá adiantar-se que se trata de um argumento por analogia.) 2. A afirmação de Russell constitui uma crítica aos seres humanos que apenas se preocupam com as questões materiais e que buscam resultados imediatos para as suas preocupações do quotidiano. Na verdade, as preocupações daquele que se diz prático não o distinguem do animal irracional. Ambos procuram satisfazer as necessidades materiais e físicas e apenas reconhecem esse tipo de necessidades. Aquilo que distingue o ser humano do animal é a capacidade pensante e racional do primeiro, pelo que, para se cumprir a verdadeira natu- reza humana, o ser humano deve procurar alimentar o seu “espírito”. O alimento para o espírito corresponde à capacidade de colocar questões que vão para além do material, do imediato e do dogmático. 3. Espera-se que o aluno reconheça que a filosofia: – o ajudará a questionar-se e a examinar os seus preconceitos e crenças; – contribuirá para o exercício do seu pensamento, conferindo maior amplitude à sua visão do mundo; – o ajudará a evitar o dogmatismo, convidando-o a pensar por si próprio, de um modo crítico, interrogativo e problematizador. Página 35 1. Conceito: instrumento mental que consiste na representação intelectual de uma determinada realidade. Tal representação pode ter um carácter abstrato e geral, referindo-se então às propriedades comuns a um conjunto de coisas, seres, acontecimentos, ou um carácter singular, referindo-se a uma única reali- dade. Termo: é a expressão verbal do conceito, servindo para dizer várias realidades, materiais ou espirituais, concretas ou abstratas. Extensão: é o conjunto de seres, coisas, membros que são abrangidos pelo conceito. Compreensão: é o conjunto de qualidades, propriedades, características ou atributos que definem o conceito. 2. Possível exemplo: Todo o ser humano é livre. Sujeito: ser a quem se atribui o predicado (ser humano). Predicado: aquilo que se diz do sujeito (livre). Cópula: elemento que permite a união do sujeito e do predicado (é). Proposição: aquilo que é proposto numa frase declarativa (o seu conteúdo) e que tem valor de verdade.No exemplo dado, trata-se de uma proposição uni- versal afirmativa, na qual se relaciona o termo sujeito (ser humano) com o termo predicado (livre), sendo essa relação de conveniência (Todo o ser humano é livre). 3. a) Frase imperativa. Não expressa uma proposição porque não pode ser nem verdadeira nem falsa. b) Frase interrogativa. Não expressa uma proposição porque não pode ser nem verdadeira nem falsa. c) Frase declarativa. Expressa uma proposição, porque a proposição pode ser verdadeira ou falsa. d) Frase declarativa. Expressa uma proposição, porque a proposição pode ser verdadeira ou falsa. e) Frase imperativa. Não expressa uma proposição, porque não pode ser nem verdadeira nem falsa. f) Frase declarativa. Expressa uma proposição, porque pode ser verdadeira ou falsa. g) Frase que traduz uma promessa. Não expressa uma proposição, porque não pode ser nem verdadeira nem falsa. h) Frase declarativa. Expressa uma proposição, porque pode ser verdadeira ou falsa. 4. a) Alguns comerciantes são desonestos. b) Toda a virtude é dignificante. c) Algumas coisas que existem não são belas. d) Todos os eletricistas são profissionais. e) Alguns advogados não são ricos. f) Todos os matemáticos são (pessoas) que gostam de números. g) Algumas ruas são sombrias. Sugestões de resposta às atividades do manual 2323 N C O N 10 LP © Po rt o Ed ito ra h) Todos os homens são cantores. i) Nenhum cavalo é belo. j) Todos os dias são chuvosos. Página 41 1. a) A lógica é útil. b) A pena de morte é imoral. c) O altruísmo promove a felicidade. d) A discussão é uma guerra. 2. Argumento: é um conjunto de proposições relacionadas entre si de tal modo que umas devem oferecer razões para aceitar uma outra. As proposições que servem de razões designam-se por premissas e a proposição que se pre- tende defender a partir das premissas é a conclusão. Argumento dedutivo: é aquele cuja verdade das premissas garante a verdade da conclusão, sendo que tal argumento só é válido quando as suas premissas oferecem um apoio absoluto e completo à conclusão, de tal modo que é logica- mente impossível que as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa. Argumento não dedutivo: é aquele cuja verdade das premissas apenas sugere a probabilidade ou a plausibilidade de a sua conclusão ser também ver- dadeira. Neste tipo de argumentos, as premissas apenas dão um suporte parcial à conclusão, não a garantindo necessariamente, pelo que a conclusão é apenas recomendada. 3. a) Alguns médicos não são pediatras. b) A afirmação da existência de Deus é uma crença que não é racionalmente justificada. 4. Sim. Um argumento pode ser constituído por proposições falsas e ser válido. A validade diz respeito à forma como as proposições são encadeadas e não ao conteúdo das proposições. 5. Diz-se que um argumento é dedutivamente válido quando tem uma forma lógica tal que a verdade das premissas garante sempre a verdade da conclusão. 6. Não. Os argumentos não dedutivos não garantem necessariamente a conclu- são, apenas a sugerem como plausível ou razoável. 7. a) A primeira premissa é verdadeira. A segunda premissa é verdadeira. A con- clusão é falsa. O argumento é inválido. b) A primeira premissa e a conclusão são falsas. A segunda premissa é verda- deira. O argumento é válido. Página 47 1. a) Tese: Não é por negligência ou acaso, mas por razão e necessidade, que a grande maio- ria das palavras que compõem as diversas línguas do mundo são termos gerais. b) Argumentos: 1.º É impossível que cada uma das coisas possa ter um nome peculiar e distinto: nunca os seres humanos se dedicaram à tarefa de dar nomes a cada coisa parti- cular, nem o entendimento humano teria capacidade para abranger tais nomes. 2.º Mesmo se tal se pudesse fazer, seria um exercício inútil, porque acumular nomes de coisas particulares não serviria o principal objetivo da linguagem: a intercomunicação dos pensamentos. 3.º Ainda que tal se pudesse fazer, isso seria de pouca utilidade para alargar o conhecimento, que se refere ao geral e não ao particular. 2. Pretende-se que os alunos construam argumentos a favor das teses escolhi- das (e eventualmente contra as teses opostas respetivas), no sentido de se posi- cionarem criticamente e de modo válido face aos problemas que subjazem a essas teses, os quais serão abordados posteriormente. A ação humana – análise e compreensão do agir Página 55 1. A filosofia da ação é uma área em que se procura analisar em que consiste uma ação e saber como é possível explicá-la, tendo em conta as razões do agente. Página 58 1. Um acontecimento é, em princípio, algo que ocorre num determinado tempo e lugar, suscetível de afetar o sujeito, mas que não depende da sua vontade. Ora, de acordo com a afirmação, «descrever os factos que acontecem não per- mite, só por si, que se fale de racionalidade e de intenção», uma vez que estas duas categorias só podem ser aplicadas se tais factos forem concebidos como ações. Deste modo, deduzimos que alguns factos ou acontecimentos também podem ser designados por ações, desde que seja possível nomeá-los pela inten- ção ou explicá-los pelos motivos de um qualquer agente. 2. No texto 4 distinguem-se quatro tipos de comportamentos/movimentos cor- porais: – os acontecimentos: «o que simplesmente me acontece» – por exemplo, escorregar nas escadas; – os comportamentos inconscientes e involuntários: «o que faço sem me dar conta e sem querer» – por exemplo, o sonambolismo; – os comportamentos inconscientes por efeito do hábito: «o que faço sem me dar conta mas segundo uma rotina adquirida voluntariamente» – por exemplo, mexer sistematicamente no cabelo sem me aperceber; – os comportamentos conscientes e voluntários: «o que faço apercebendo-me e querendo» – por exemplo, comer a sopa. Só a estes últimos convém o conceito de ação. Página 61 1. Considera-se ação apenas o que fazemos de um modo voluntário e cons- ciente, ou seja, trata-se daquilo que queremos efetivamente fazer por exercício da vontade e de que realmente temos consciência. Tal significa também que a ação humana é intencional e que, como se diz na afirmação, «os movimentos corporais das nossas ações são causados pelas nossas intenções». Com efeito, ter uma intenção significa encontrar-se num estado mental que se orienta, ou que tende, para a concretização (que até pode ser apenas a manu- tenção ou o evitamento) de um determinado estado de coisas. As ações intencionais são movimentos finalizados, que têm origem em motivos, desejos, crenças, interesses, etc., ou seja, são ações realizadas por alguém que as quer realizar e que acredita que esse é o melhor meio para atingir um fim. 2. Diz-se que uma ação intencional é uma ação básica quando é feita direta e intencionalmente, sem levar a cabo nenhuma outra ação intencional. Diz-se que uma ação intencional é uma ação não básica quando não é feita direta e intencionalmente, mas é levada a cabo fazendo-se outras coisas. 3. Classicamente, o desejo era considerado uma tendência acompanhada de consciência. Freud pôs em causa esta perspetiva, ao sublinhar que o desejo é, sobretudo, inconsciente. O conceito de intenção revela alguma proximidade com o conceito de desejo. Enquanto estado subjetivo de tender para algo ou de aspiração por algo, a intenção pode ser identificada com o desejo. Mas ela é mais do que mero desejo ou aspiração, uma vez que é, em princípio, consciente, visando uma dada finali- dade e inscrevendo-se num determinado projeto. Página 64 1. Com base nas afirmações do texto 7, podemos definir o conceito de motivo do seguinte modo: «o motivo significa em geral tudo o que é capaz de mover ou influir sobre as faculdades humanas (…), levando-as à ação». Constitui, por isso, «a razão consciente do agir», pelo que «temos de o distinguir do “móbil”», e estende-se, segundo a psicologia moderna, «a toda a necessidade ou desejo ligado a uma intenção de atingir um objetivo adequado». 2. O motivo, sendo a justificação do agir e aquilo queo torna inteligível, acaba por ser inseparável de todas as necessidades e desejos associados à intenção de atingir determinados objetivos. O desejo pode ser consciente ou inconsciente. Da mesma forma, o motivo pode ser voluntário, enquanto se refere a razões ou crenças, ou involuntário, enquanto se aproxima do desejo, sobretudo do desejo inconsciente, assim como do móbil. 24 Sugestões de resposta às atividades do manual N C O N 10LP © Porto Editora Crenças e desejos constituem dois elementos que nos ajudam a perceber os motivos. Por exemplo, se vemos uma pessoa a subir uma montanha, partimos do princípio de que ela tem motivos para o fazer. Por um lado, tem a crença de que essa é a melhor forma de atingir o topo; por outro, tem o desejo de o atingir. 3. A finalidade (fim ou meta) da ação diz respeito a tudo aquilo que ativa, orienta e dirige a ação, respondendo à pergunta “para quê?”. Muitas vezes inse- parável do conceito de motivo, a noção de finalidade também se aproxima da – e em certa medida equivale à – noção de projeto. O conceito de projeto, designando aquilo que alguém se propõe fazer, pode con- tudo aplicar-se ao ser humano na medida em que este, ao projetar e ao realizar algo, também se projeta e realiza a si mesmo, ou seja, o ser humano é um ser de projeto. Neste sentido, o conceito de projeto parece mais abrangente do que o de finalidade. Página 66 1. A deliberação é o processo de reflexão que antecede a decisão, embora isso nem sempre aconteça. Assim, a deliberação constitui a fase que se encontra na génese do ato voluntário, na qual a vontade, unida à inteligência, concebe as diferentes alternativas de ação, avaliando e analisando as razões a favor ou con- tra, assim como os móbeis e os motivos associados àquela ação. A decisão consiste no momento de escolha e resolução, traduzindo-se no triunfo de um (ou mais do que um) dos motivos sobre os demais, com o estabelecimento de um juízo de valor ou de preferência, que indica um caminho a seguir e os movi- mentos a executar para que a ação se concretize. Neste sentido, uma decisão deli- berada é uma decisão voluntária, consciente, intencional, refletida e pensada. No entanto, nem todas as ações são deliberadas. Para além das intenções ante- riores – para usarmos as palavras de John Searle – isto é, formadas antes da realização da ação, existem as intenções na ação, as intenções que temos enquanto realizamos uma determinada ação. Página 67 1. Para o comentário a esta questão, espera-se do aluno que: – defina sucintamente os três conceitos apresentados: – agente – o autor da ação, aquele que realiza as ações de forma consciente, voluntária e intencional; – liberdade – poder de escolher de entre alternativas possíveis aquela que se quer realizar, sem ser constrangido ou coagido; – responsabilidade – capacidade de assumir as suas ações e de responder por elas; – explique a afirmação – sendo consciente e livre, o ser humano é a causa dos seus atos, pelo que é possível responsabilizá-lo, isto é, esperar que ele responda pelos seus atos e se comprometa com as consequências do agir; – apresente o seu ponto de vista sobre o assunto, eventualmente contes- tando a existência da liberdade plena ou a ideia de que o ser humano «é a única causa dos seus atos». 2. Para esta reflexão, pressupõe-se que o aluno aplique as noções apresentadas na rede conceptual da ação. Sugerimos a seguir uma síntese articulada de tais noções: A ação humana é tudo o que fazemos de um modo voluntário, consciente e intencional. A intenção, enquanto curso da ação que alguém pretende seguir ou ainda enquanto objetivo ou propósito que a guia, responde à pergunta “o quê?”. As ações intencionais são originadas por motivos – traduzidos em desejos e crenças –, que tornam a ação intencional compreensível, ao responderem à pergunta “porquê?”. A finalidade responde à pergunta “para quê?”, sendo muitas vezes difícil separá- -la dos conceitos de motivo e, em particular, do de projeto, que também res- ponde à mesma questão. Sendo autor da ação, o agente realiza as ações de forma livre, podendo assim ser responsabilizado, pois há uma relação direta entre liberdade e responsabilidade. Também é por ser livre que o agente delibera e decide, sendo a deliberação o processo de reflexão e de ponderação que, em princípio, antecede a decisão, a escolha de alternativas do agir. Página 70 1. O livre-arbítrio é a possibilidade de escolha e de autodeterminação ou a dimensão subjacente ao ato voluntário, autónomo e independente de qualquer constrangimento e coação externa ou interna, correspondendo a uma vontade livre e responsável de um agente racional. Página 73 1. A última afirmação do texto 14 procura definir de modo positivo a liberdade – poder fazer algo quando se quer – e, ao mesmo tempo, exprimir o seu caráter limitado – quando não se pode fazer o que se quer. A afirmação pode suscitar vários problemas, como por exemplo: os problemas de saber se a liberdade humana tem ou não limites e condicionantes; no caso de os ter, que condicionantes e limites são esses; e se, por fim, existe ou não o livre- -arbítrio. 2. O objetivo da ciência, na sua dimensão teórica, consiste em detetar as regu- laridades da natureza, a fim de conseguir prever os fenómenos. Tal significa que um dado acontecimento é causado por acontecimentos que o antecedem, cons- tituindo a causa de outros acontecimentos que se lhe seguirão. Assim, tudo na natureza parece obedecer a relações de causas e efeitos, o que equivale a afir- mar que tudo na natureza se encontra determinado. Se assim for, e se considerarmos que as ações humanas são também aconteci- mentos naturais, determinados por forças externas e internas, então estaremos a afirmar a ausência de liberdade e de responsabilidade do agente. 3. Designamos por condicionantes da ação humana todo o conjunto de cons- trangimentos e obstáculos que impõem limites à nossa ação. Mas as condicio- nantes, ao mesmo tempo que limitam a ação, abrem-lhe de igual modo um horizonte de possibilidades, assumindo-se também, de certo modo, como con- dições do próprio agir. 4. Podemos considerar três tipos de condicionantes: – físico-biológicas – por exemplo, o facto de possuirmos um corpo que quere- mos manter vivo faz com que não sejamos livres de viver sem nos alimentarmos; – psicológicas – se estivermos nervosos, teremos aí uma dificuldade que nos impede de realizar um teste de forma tranquila; – histórico-culturais – se vivermos numa época de crise, podemos não ter dinheiro suficiente para comprar tudo aquilo a que estamos habituados. Página 78 1. O problema do livre-arbítrio consiste precisamente em saber se a liberdade humana, em termos de possibilidade de optar, é ou não compatível com outras forças que a parecem anular: será que, ao optarmos, o fazemos de maneira autó- noma, ou a escolha resulta de uma sequência necessária de causas e efeitos? 2.1. De acordo com o determinismo radical, o Universo é um vasto sistema que obedece a leis causais invariáveis, leis baseadas em relações necessárias de cau- sas e efeitos. Tudo na natureza consiste em partículas e relações entre elas, e «tudo se pode explicar em termos dessas partículas e das suas relações». Qual- quer acontecimento, incluindo a ação humana, resulta de causas que o antece- deram, de acordo com as leis da natureza, que possuem um carácter imutável. Considerar que tudo no mundo obedece a um conjunto de leis naturais e que nem a ação humana escapa ao determinismo tem como consequência a negação do livre-arbítrio, ou a afirmação de que este é ilusório, e a total desresponsabili- zação do agente. O determinismo radical nega a liberdade à ação humana e defende assim o incompatibilismo entre a liberdade e o determinismo natural. 2.2. O determinismo ambiental, defendido no âmbito da psicologia clássica, pela corrente behaviorista, é a perspetiva segundo a qual são os fatores sociais e culturais que definem o que somos e a maneira como agimos,não havendo qualquer relevância por parte da componente genética. O determinismo hereditário é a teoria que afirma o carácter decisivo da compo- nente genética na estruturação da personalidade e do comportamento indivi- dual, ignorando os fatores sociais e culturais. Sugestões de resposta às atividades do manual 2525 N C O N 10 LP © Po rt o Ed ito ra 3. No texto 17, Espinosa critica aqueles que parecem conceber o ser humano na natureza «como um império num império», isto é, como um ser dotado de liber- dade para perturbar a ordem natural, um ser que é a causa absoluta dos seus atos. Em contrapartida, Espinosa defende que as leis e as regras da natureza «são sempre e por toda a parte as mesmas». Uma vez que todos e cada um dos fenómenos estão submetidos às leis naturais de carácter causal, então a própria ação humana também deve ser entendida à luz de causas necessárias. Espinosa apresenta um sistema monista, em que há uma substância única (Deus, que se identifica com a Natureza), sendo todas as coisas e todas as ações governadas por uma absoluta necessidade. Estamos perante um determinismo metafísico. Página 79 1.1. O compatibilismo, também designado determinismo moderado, é uma perspetiva que aceita o determinismo no mundo natural, mas defende que existe espaço para a liberdade e para a responsabilidade humanas. Sendo assim, um ato pode ser, ao mesmo tempo, livre e determinado, o que nos devolve, como refere a afirmação, «uma imagem de nós próprios como agentes situados no interior da ordem causal da natureza». 1.2. As ações livres são aquelas que fazemos com vontade de as fazer e sem que ninguém nos obrigue. Elas são resultado dos nossos desejos, do nosso carácter e da nossa personalidade. As ações não livres, por sua vez, são aquelas em que somos forçados a escolher isto ou aquilo, a fim de conservarmos, por exemplo, a integridade física ou a posse de bens materiais ou outros. Ser livre significa, assim, encontrar-se isento de coerção. Página 82 1. O libertismo defende, de modo radical, o livre-arbítrio e a responsabilidade do ser humano, considerando que o agente tem o poder de interferir no curso normal das coisas pela sua capacidade racional e deliberativa, iniciando sequências de acontecimentos, sem que esse desencadear seja causalmente determinado. Assim, para os libertistas, o agente não é determinado: ele tem o poder de se autodeterminar, o que é muitas vezes defendido a par da ideia de que há uma dualidade entre o corpo e a mente, considerando-se que esta última está acima ou fora da causalidade do mundo natural. 2. São sobretudo dois os argumentos em que os libertistas se apoiam para defender a existência do livre-arbítrio: o argumento da experiência e da respon- sabilidade – sabemos que somos livres porque nos apercebemos imediata- mente de que o somos de cada vez que escolhemos conscientemente, e temos também a noção da responsabilidade no nosso modo habitual de pensar e de avaliar as ações – e o argumento de que o Universo não constitui um sistema determinista – é impossível prever os fenómenos a partir de causas determi- nantes (indeterminismo). 3. O indeterminismo, ao defender a impossibilidade de prever os fenómenos a partir de causas determinantes, introduzindo as noções de acaso e de aleatorie- dade, acaba por não resolver o problema do livre-arbítrio. Com efeito, se não podemos prever, em rigor, de que forma um indivíduo irá agir, se é o acaso que conduz as ações humanas imprevisíveis, então elas não são o resultado do que o ser humano quer. Logo, as ações também não são livres, nem o agente é res- ponsável. 4. No comentário a esta questão, espera-se do aluno que reflita sobre a duali- dade corpo/mente, ou até cérebro/mente, manifestando a sua opinião acerca do assunto. Trata-se, em particular, de abordar o problema da relação entre a mente e o corpo, discutindo a dependência ou independência que se estabelece entre eles, a fim de se extrair, com base nisso, as consequências para a liberdade da ação. Os Valores – análise e compreensão da Experiência Valorativa Página 89 1.1. O texto descreve uma situação dilemática vivida por Sérgio, ou seja, uma situação que implica dois valores em conflito, ambos com consequências poten- cialmente negativas: Sérgio terá de decidir se diz a verdade a Luís, podendo per- der a amizade de Carlos, ou se é leal a Carlos, podendo perder a amizade de Luís. Para decidir como agir, Sérgio terá de o fazer em função da alternativa que consi- dera mais valiosa, pelo que terá de decidir que valores são para si mais importan- tes. Sendo os valores os orientadores e fundamentos da decisão que antecede a ação, Sérgio ora pode decidir em função do valor verdade, ora em função do valor lealdade. Qualquer que seja o valor mais importante, a consequência será sem- pre negativa, implicando a perda potencial da amizade de um dos amigos. Assim, os valores são os orientadores da ação, as razões de ser e os fundamentos que a explicam. Embora Sérgio possa hierarquizar os valores de determinado modo, atribuindo mais valor, por hipótese, à verdade do que à lealdade, dife- rentes sujeitos podem hierarquizar de um modo distinto. Tal significa que a hierarquização dos valores é subjetiva. Embora haja uma diversidade de valores (éticos, estéticos, religiosos, lógicos, etc.), o exemplo do texto remete especificamente para os valores éticos. Finalmente, a cada um dos valores poderá corresponder um polo oposto: à ver- dade corresponde o contravalor falsidade e à lealdade o contravalor deslealdade. 1.2. Espera-se que o/a estudante opte pela alternativa que considera mais valiosa. 1.3. Os valores em confronto são a verdade e a lealdade. 1.4. Em função da resposta dada em 1.2., o/a estudante deve indicar qual o valor que considerou mais importante. Página 91 1.1. Os enunciados b), d), e), h) e j) correspondem a juízos de valor. Trata-se de enunciados que apreciam e avaliam os factos. Os enunciados dependem da valoração pessoal e não são consensuais, podendo cada um ser negado por outro sujeito. 1.2. Os enunciados a), c), f ), g) e i) correspondem a juízos de facto. Trata-se de enunciados que apenas descrevem a realidade, não dependendo da apreciação do sujeito. São enunciados, por conseguinte, objetivos e, no caso de serem ver- dadeiros, são reconhecidos por todos. 2.1. A partir da afirmação de Guy Rocher podemos dizer que os juízos de valor são importantes na medida em que permitem ao sujeito não só manifestar os seus valores, como também aprender e adotar valores. Ao aplicar dado valor a um dado facto, o valor torna-se mais claro, o que permite, tanto em termos pes- soais como em termos coletivos, a adesão a novos valores. 2.2. Por exemplo, a discussão de dilemas, bem como do conflito de valores sub- jacente, permite evidenciar o modo como se entendem os valores, aplicando-os a situações concretas da vida. É através de juízos de valor que o sujeito expressa as suas valorações e tal traduz-se numa oportunidade de refletir sobre os valo- res, clarificando-os na aplicação à situação particular. É porque aplicamos a uma situação (por exemplo, pena de morte) o valor injustiça que esse valor ganha conteúdo e se clarifica. Caso contrário, seria um valor vazio e abstrato. Página 95 1.1. De acordo com a tese subjetivista, os valores são totalmente dependentes do sujeito, das suas preferências e apreciações valorativas. Como tal, a beleza feminina resulta de uma apreciação ou avaliação que alguém faz de determi- nada pessoa do sexo feminino. Por isso, algumas pessoas consideram, por exemplo, Angelina Jolie bela e outras não. 1.2. A beleza existe na mulher como característica objetiva, como qualidade real. Assim, a beleza não depende da valoração dos sujeitos, como defendem os subjetivistas. Se uns consideram Angelina Jolie bela e outros não, tal não signi- fica que a sua beleza esteja dependente dos sujeitos que a apreciam. Significa 26 Sugestões de resposta às atividades
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