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Psicopatologia - Resumo sobre Personalidade

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A estrutura da personalidade é dinâmica, podendo ser mutável – sem ser
necessariamente instável – e encontra-se em constante desenvolvimento.
Distinguem-se basicamente, segundo Mira y López (1943), os seguintes aspectos relacionados à personalidade e à sua expressão: 
Constituição corporal - É o conjunto de propriedades morfológicas, metabólicas, bioquímicas, hormonais, etc., transmitidas ao
indivíduo principalmente (mas não apenas) pelos mecanismos genéticos. A constituição corporal estabelece, em boa parte, o
aspecto do indivíduo, sua aparência física, o perfil de seus gestos, sua voz, o estilo de seus movimentos, tendo significativa
influência sobre as experiências psicológicas da pessoa ao longo de sua vida, seu modo de reação em relação aos outros e vice-versa
 
Temperamento - É o conjunto de particularidades psicofisiológicas e psicológicas inatas, que diferenciam um indivíduo de outro. Os
temperamentos são determinados por fatores genéticos ou constitucionais precoces produzidos por fatores endócrinos ou
metabólicos. Alguns indivíduos nascem com temperamentos astênicos, com tendência à passividade, à hipoatividade; outros nascem
com temperamentos estênicos, ativos, com forte tendência à iniciativa e a reagir prontamente aos estímulos ambientais. A
identificação, entretanto, de traços e configurações congênitas individuais é tarefa muito difícil, já que os indivíduos sempre trazem
consigo a combinação dos aspectos inatos aos aspectos adquiridos, aprendidos, incorporados pela interação constante com os pais
e a sociedade. 
Caráter - É a soma de traços de personalidade, expressos no modo básico de o indivíduo reagir perante a vida, seu estilo pessoal,
suas formas de interação social, gostos, aptidões, etc. Reflete o temperamento moldado, modificado e inserido no meio familiar e
sociocultural. O caráter resulta do modo como o indivíduo equacionou, consciente e inconscientemente, o seu temperamento com
tais exigências e expectativas. 
O temperamento não deve ser confundido com o caráter, pois o primeiro é algo básico e constitutivo do indivíduo, ao passo que o
último traduz-se pelo tipo de reação predominante da pessoa ante diversas situações e estímulos do ambiente. Em certos casos, o
caráter se desenvolve no sentido oposto ao do temperamento, por sobrecompensação psíquica; muitas vezes um indivíduo com
caráter exibicionista e teatral esconde um temperamento tímido e fóbico, ou um caráter agressivo e audaz encobre um
temperamento medroso e angustiado.
Personalidade = persona, que significa a máscara dos personagens do teatro. Em
latim, por sua vez, personare também significa ressoar por meio de algo. Assim,
segundo López Ibor (1970), afirma que: o autor/ator faz ressoar a sua voz, a sua
versão da história, por meio das diversas máscaras, das diversas personagens que
cria. 
Uma dimensão essencial do conceito de personalidade, é o seu duplo aspecto:
relativamente estável ao longo da vida do indivíduo e relativamente dinâmico,
sujeito a determinadas modificações, dependendo de mudanças existenciais ou
alterações neurobiológicas.
Conjunto integrado de traços
psíquicos, consistindo no total das
características individuais, em sua
relação com o meio, incluindo todos
os fatores físicos, biológicos,
psíquicos e socioculturais de sua
formação, conjugando tendências
inatas e experiências adquiridas no
curso de sua existência.
Nicolle Marcondes 
1
Bibliografia: DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais.
2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008
A estrutura da personalidade é dinâmica, podendo ser
mutável – sem ser necessariamente instável – e encontra-
se em constante desenvolvimento.
A medicina hipocrática é essencialmente ambientalista. 
Os elementos da natureza interagem permanentemente
com o organismo para determinar a saúde ou a doença. 
Nesse sentido, todas as questões médicas repousam sobre
a teoria dos quatro elementos do filósofo pré-socrático
Empédocles (500-430 a.C.), a saber, água, terra, ar e
fogo. A esses quatro elementos correspondem quatro
qualidades: quente, frio, seco e úmido.
Hipócrates de Cós (cerca de 460-377 a.C.), desenvolveu
uma teoria correspondente do organismo, com quatro
fluidos ou humores básicos que são: o sangue, a bílis, o
fleuma (ou linfa) e a atrabílis. 
A cada humor corresponde especificamente um órgão do
corpo: ao sangue, o coração; à bílis, o fígado; ao fleuma, o
cérebro; e à atrabílis, o baço. 
A saúde e a harmonia do ser provêm do equilíbrio dos
quatro humores, ou seja, da eucrásis.
 Os tipos humanos ou temperamentos básicos se referem,
portanto, aos quatro humores e aos demais elementos
quaternários .
Os aspectos psicológicos mais característicos dos quatro
temperamentos, segundo Gaillat (1967), são:
A totalidade da personalidade, segundo Jung, é constituída
de várias instâncias, a saber:
Persona É a dimensão exterior e relacional da
personalidade; a máscara adotada pelo indivíduo nas
relações sociais. Corresponde, em parte, a um “papel
social”. Todos nós conhecemos indivíduos que se
identificam tanto com seus postos, status ou função social,
que perdem totalmente a noção de que são algo além e
aquém desse papel social.
Noção de Eu (ou ego) nas concepções psicanalíticas da
escola lacaniana: é uma imagem construída a partir do
exterior, introjetada inconscientemente por meio de
múltiplas identificações com o desejo dos outros. É a
máscara que “colocam” sobre o indivíduo e que, ao final, ele
acredita ser ele mesmo. 
Sombra São os elementos inconscientes e inaceitáveis da
personalidade, reprimidos pela consciência. Aspectos da
própria pessoa que freqüentemente são repudiados e
rejeitados com veemência por ela. É sobretudo inconsciente,
estando, de certa forma, no polo oposto ao da persona. A
tendência mais comum é projetar a sombra sobre o outro.
Ânima Conjunto de elementos femininos inconscientes
presentes em todos os homens. A ânima surge das
experiências que o homem teve com a mulher ao longo da
história, a relação do homem com o ente feminino, “resíduo
de todas as impressões fornecidas pela mulher”. O primeiro
e mais fundamental representante da ânima é a mãe; depois
surgem as grandes
1. Sangüíneo: é um tipo expansivo e otimista, mas também irritável
e impulsivo. Submete-se de bom grado ao clamor dos seus
instintos.
2. Fleumático ou linfático: tem olhar doce e vago. O fleumático é
sonhador, pacífico e dócil, subordina-se a determinados hábitos e
tende a levar uma existência isenta de paixões.
3. Colérico ou bilioso: Possui uma vontade tenaz e muitas vezes
poderosa, tende a demonstrar ambição e desejo de domínio, tem
propensão a reações abruptas e explosivas.
4. Melancólico ou atrabiliário: é um tipo nervoso, de olhar triste e
músculos pouco desenvolvidos. Seu caráter é muito excitável,
tendendo ao pessimismo, ao rancor e à solidão.
Nicolle Marcondes 
Tipos de personalidade A tipologia de Carl G. Jung
2
A estrutura da personalidade é dinâmica, podendo ser
mutável – sem ser necessariamente instável – e encontra-
se em constante desenvolvimento.
 O desenvolvimento e o autoconhecimento pessoal
produzem um alargamento do mundo interior e possibilitam
que o self passe a ocupar o centro da personalidade; o
indivíduo aproxima-se de uma perspectiva totalizante e
integrada de si mesmo e supera fragmentações interiores de
sua personalidade.
Organiza a sua tipologia a partir de dois aspectos
fundamentais da personalidade: o movimento e a direção da
libido. 
 Caracterizam duas atitude básicas; a saber, a
extroversão e a introversão. 
 funções psíquicas básicas que o indivíduo usa
para se adaptar ao mundo; a saber, a sensopercepção, o
pensamento, o sentimento e a intuição. 
Ãnimus Conjunto de elementos masculinos existentes
no psiquismo feminino, de forma principalmente
inconsciente. O primeiro e fundamental representante do
ânimus é o pai, depois vêm o mestre, o ator de cinema, o
campeão esportivo, o guerreiro, o herói político, o líder
religioso, o cacique da tribo,o poderoso chefão, etc.
• Extroversão A libido flui sem embaraço ou dificuldade
em direção aos objetos externos. Os extrovertidos são
pessoas que partem rápida e diretamente em direção ao
mundo externo, têm as suas referências e buscam suas
satisfações no ambiente externo. 
• Introversão A libido recua perante os objetos do
mundo externo, voltando-se para seu interior; o mundo
externo é ameaçador ou sem importância, as satisfações e
referências provêm do próprio mundo interno.
Self
É um conceito bastante complexo
da psicologia analítica de Jung. O
self não é propriamente algo que
exista, mas algo a que o indivíduo
se destina no seu desenvolvimento
interior.
Os tipos humanos básicos
segundo Jung
Nicolle Marcondes 
• Pensamento Esclarece o devido significado dos objetos,
a racionalidade e a lógica dos processos da vida. 
• Sentimento Na concepção de Jung, relaciona-se com a
capacidade de estimar afetivamente o mundo, de decidir
que valor afetivo e emocional determinado fenômeno tem
para o indivíduo. 
•Sensopercepção Capta e identifica com precisão os
objetos do mundo externo e permite o contato objetivo com
a realidade. 
• Intuição Percepção inconsciente, uma apreensão
imediata de como os objetos do mundo se comportam, de
como os fenômenos ocorrem.
3
A estrutura da personalidade é dinâmica, podendo ser
mutável – sem ser necessariamente instável – e encontra-
se em constante desenvolvimento.
Para Freud, a constituição da personalidade passa
estrategicamente pelas vicissitudes da libido
(compreendida como energia “vital”, “sexual”), pelo seu
desenvolvimento em diversas fases, pelo modo como se
estrutura o desejo inconsciente e as formas como o Eu lida
com seus conflitos e frustrações libidinais. 
A segunda é a fase anal, caracteriza-se pelo marcado
interesse e prazer da criança em reter e expelir as fezes,
compreendendo o desenvolvimento da libido do segundo ao
terceiro ano de vida. 
O tipo anal pode ter seu prazer tanto concentrado no reter
seus afetos, atos e pensamentos, como no expelir, expulsar
abruptamente esses elementos psíquicos. É, sobretudo, um
tipo ambivalente em relação a essas duas atitudes básicas
“reter” e “expelir”; podendo ser extremamente “contido” e
abruptamente explodir em ataques de cólera. Os traços de
caráter obsessivo e compulsivo, a tendência à avareza, ao
desejo de controlar a si mesmo e aos outros, assim como as
tendências a fantasias de onipotência e pensamento mágico
são associados ao “perfil anal”.
Na fase fálica, as crianças de ambos os sexos interessam-se
crescentemente por seus próprios genitais. Nessa fase, a
libido dirige-se ao phalus do menino e, de certa forma, à
“ausência” do phalus na menina. Nesse contexto, do
complexo de Édipo, o conflito da criança é marcado por amor
e desejo dirigidos ao progenitor do sexo oposto e ódio e
rivalidade ao progenitor do mesmo sexo. 
O tipo fálico pode tender ao exibicionismo físico e mental, ao
narcisismo de suas qualidades, aos atributos e poderes ou à
inibição amedrontada em desejar qualquer coisa que lhe seja
de valor. Além de exibicionista, o tipo fálico pode ser
descrito como agressivo, intrometido, julgando-se
narcisisticamente merecedor de penetrar em qualquer
espaço que considera como seu de direito.
Assim, segundo a psicanálise, as fixações infantis
da libido e a tendência à regressão (a esses pontos
de fixação) acabam por determinar tanto os
diversos tipos de neuroses, como o perfil de
personalidade do adulto.
Na concepção freudiana é a trama estrutural inconsciente de
amor, ódio e temor de represália em relação aos pais, o
complexo de Édipo. Assim, a personalidade do adulto forma-
se pela introjeção (sobretudo inconsciente) dos
relacionamentos que se estabelecem no interior das relações
familiares, sobretudo da criança pequena com os seus pais e
destes com ela. 
A primeira forma de organização do desejo libidinal da
criança relaciona-se à chamada fase oral, estendendo-se ao
longo do primeiro ano de vida. Aqui a zona e o modo corporal
de maior fonte de prazer são a boca e o ato de sucção; a
libido concentra-se no mamar.
O indivíduo fixado em um modo oral de organização da libido
(tipo oral) tende à avidez no tomar e no receber; não suporta
a privação e tem dificuldades com a rejeição. Tende a ser
passivo e exigentemente receptivo em relação às pessoas
que ama. O exagero do tipo oral é descrito tradicionalmente
como dependente, sem iniciativa, passivo e acomodado. 
A personalidade e seu desenvolvimento
segundo Freud (1856-1939)
Nicolle Marcondes 
4
A estrutura da personalidade é dinâmica, podendo ser
mutável – sem ser necessariamente instável – e encontra-
se em constante desenvolvimento.
 É um modelo de personalidade que busca fundamentos
neuroestruturais, neuroquímicos e genéticos para
identificar padrões de reação a estímulos específicos.
Cloninger (1994) identificou três dimensões da
personalidade que seriam, geneticamente independentes,
são elas:
Procura por novidade - Nesta dimensão, os estímulos mais
relevantes seriam a novidade, a recompensa potencial e o
alívio da monotonia. Aqui haveria a tendência herdável para
a excitação e a exaltação perante estímulos novos, assim
como a busca intensa por aventuras e explorações
emocionantes. Suas decisões seriam baseadas em intuições
e impressões globais vagas. As vias neuronais mais
ativadas nesse padrão seriam os sistemas dopaminérgicos
de recompensa. Tem-se buscado associar esse padrão de
Cloninger ao maior risco de abuso e dependência de
substâncias em adolescentes e aos comportamentos
sociopáticos em geral. 
Evitação de danos - Aqui haveria a tendência inata do
sujeito de responder com intensidade a sinais de estímulos
aversivos. O indivíduo é quase sempre temeroso,
antecipando os danos possíveis. Isso revelaria uma pessoa
pessimista e inibida, que evita os menores riscos e busca
avidamente o familiar e o previsível.
Dependência de recompensa - Em tal dimensão, haveria a
tendência herdável do sujeito a responder intensamente a
sinais ou indicativos de recompensa . Nos sujeitos em que
predomina esse padrão, verifica-se extrema dependência de
apoios emocionais e intimidade com os outros, são muito
sensíveis às sugestões sociais e responsivos à pressão
social, além de extremamente sensíveis à rejeição, mesmo
em relação a pequenos menosprezos. 
Nesse modelo foram obtidas cinco dimensões da
personalidade que se revelam estáveis e consistentes em
numerosos estudos empíricos. As dimensões são as
seguintes:
Neuroticismo: traços ansiosos, tensão, preocupação,
autopiedade, instabilidade.
Extroversão: propensão a atividade, energia, entusiasmo,
busca dos outros, assertividade.
Abertura: curiosidade, imaginação, originalidade, tendência
à arte, maior insight e abertura de interesses.
Amabilidade: gentil, confiável, valorizador, generoso,
empático, perdoador.
Conscienciosidade: organizado, eficiente, responsável,
confiável, planejador.
O modelo de Eysenck situa-se entre uma perspectiva
genética e psicofisiológica da personalidade e a
aceitação de aspectos da teoria comportamental. 
Sua teoria da personalidade, amplamente testada em
estudos empíricos, inclui três dimensões: 
 Neuroticismo: Traços ansiosos como tensão,
preocupação, autopiedade, instabilidade.
Extroversão/ introversão: extroversão indicando
propensão à atividade, energia, entusiasmo, busca dos
outros, assertividade, e introversão sendo o oposto.
Psicoticismo: inclui traços que pessoas normais
compartilhariam com indivíduos psicóticos - descuido
ou negligência em relação a si mesmo, descaso pelo
senso comum e expressão anormal das emoções. 
O modelo de Eysenck 
Nicolle Marcondes 
 modelo dos cinco fatores 
O modelo de personalidade
de Cloninger
5
A estrutura da personalidade é dinâmica, podendo ser
mutável – sem ser necessariamente instável – e encontra-
se em constante desenvolvimento.
 O padrão anormal de comportamento e de respostas afetivas
e volitivas é permanente, de longa duração e não limitado ao
episódio de doença mental associada (como uma fasemaníaca ou depressiva, um surto esquizofrênico, etc.). 
O padrão anormal de comportamento inclui muitos aspectos
do psiquismo e da vida social do indivíduo, não sendo restrito
a apenas um tipo de reação ou uma área do psiquismo. 
O padrão comportamental é maladaptativo, produz uma série
de dificuldades para o indivíduo e/ ou para as pessoas que
com ele convivem. 
São condições não relacionadas diretamente à lesão cerebral
evidente ou a outro transtorno psiquiátrico (embora haja
alterações de personalidade secundárias à lesão cerebral). 
O transtorno da personalidade leva a algum grau de
sofrimento (angústia, solidão, sensação de fracasso pessoal,
dificuldades no relacionamento vividas com amargura, etc.);
entretanto, salienta a CID-10, tal sofrimento pode se tornar
aparente para o indivíduo apenas tardiamente em sua vida. 
Em geral, o transtorno da personalidade contribui para o mau
desempenho ocupacional (no trabalho, estudos, etc.) e social
(com familiares, amigos, colegas de trabalho ou estudo).
Entretanto, tal desempenho precário não é condição
obrigatória.
O transtorno da personalidade já foi nomeado de diversas
formas: insanidade moral, monomania moral, transtorno ou
neurose de caráter, etc. 
O termo que mais se tornou popular entre os profissionais de
saúde mental foi psicopatia. 
O psiquiatra alemão Kurt Schneider (1974) definiu os
transtornos da personalidade com as seguintes características
básicas: “[...] sofre e faz sofrer a sociedade”, assim como
“[...] não aprende com a experiência”. Isso quer dizer que, no
transtorno da personalidade, há uma marcante desarmonia
que se reflete tanto no plano intrapsíquico como no das
relações interpessoais. 
Os transtornos da personalidade, embora de modo geral
produzam conseqüências muito penosas para o indivíduo,
familiares e pessoas próximas, não são facilmente
modificáveis por meio das experiências da vida; tendem,
antes, a permanecer estáveis ao longo de toda a vida. 
Segundo a CID-10, os transtornos da personalidade são
definidos pelas seguintes características:
 
 Geralmente surgem na infância ou adolescência e tendem a
permanecer relativamente estáveis ao longo da vida do
indivíduo (“O menino é o pai do homem”).
 Manifestam um conjunto de comportamentos e reações
afetivas claramente desarmônicos, envolvendo vários aspectos
da vida do indivíduo, como a afetividade, o controle de
impulsos, o modo e o estilo de relacionamento interpessoais,
etc. 
Conceito
Nicolle Marcondes 
6
A estrutura da personalidade é dinâmica, podendo ser
mutável – sem ser necessariamente instável – e encontra-
se em constante desenvolvimento.
Desconfiança constante 
Sensível às decepções e às
críticas 
Rancoroso, arrogante 
Culpa os outros 
Reivindicativo 
Sente-se freqüentemente
prejudicado nas relações
Segundo a CID-10 e o DSM-IV (com ligeiras modificações do autor), os transtornos da personalidade podem ser agrupados
em três grandes subgrupos, que são: 
A – esquisitos e/ou desconfiados; B – instáveis e/ou manipuladores; C – ansiosos e/ ou controlados-controladores.
Grupo A: esquisitice e/ou
desconfiança
TRANST. DA PERSON
PARANÓIDE
ESQUIZÓIDE
Frio (indiferente) Distante, sem
relações íntimas 
Esquisito (estranho) 
Vive no seu próprio mundo
Solitário (isola-se) 
Não se emociona (imperturbável)
Transtornos da personalidade segundo
as classificações oficiais
Nicolle Marcondes 
ESQUIZOTÍPICA
Idéias e crenças estranhas e de
auto-referência 
Desconforto nas relações
interpessoais Pensamento muito
vago e excessivamente metafórico 
Aparência física excêntrica
Grupo B: instabilidade e/ou
manipulação
Grupo C: ansiedade e/ou controle
 
BORDERLINE
Relações pessoais muito instáveis 
Atos autolesivos repetitivos 
Humor muito instável Impulsivo e
explosivo 
Graves problemas de identidade
Sentimentos intensos de vazio e
aborrecimento crônico
SOCIOPÁTICA
Irresponsável, inconseqüente Frio,
insensível 
Sem compaixão Agressivo, cruel
Não sente culpa ou remorsos 
Não aprende com a experiência
Mente de forma recorrente
Aproveita-se dos outros
HISTRIÔNICA
Dramatiza, é muito teatral
Sugestionável e superficial
Necessita de atenção 
Manipulador Infantil e pueril
Erotiza situações não comumente
erotizáveis
ANSIOSA
Dificuldade em descontrair-se
Preocupa-se facilmente 
Teme situações novas 
Atento a si próprio 
Muito sensível à rejeição
Extremamente inseguro
ANANCÁSTICA/
OBSESSIVA 
Rígido, metódico, minucioso 
Não tolera variações ou
improvisações 
Perfeccionista e escrupuloso
Muito convencional, segue
rigorosamente as regras
Controlador (dos outros e de si)
Indeciso
DEPENDENTE
Depende extremamente de outros
Necessita muito agradar
Desamparado quando sozinho 
Sem iniciativa e sem energia 
Sem autonomia pessoal
7

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