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Atividade Prática Supervisionada - APS Aluna: Bárbara Flor de Maio Caldas Bueri R.A: 853341-0 Matéria: Direito Individual do Trabalho Professor: Pedro Henrique Objetivo do Trabalho O presente trabalho tem por objetivo a análise jurídica do regime de Trabalho Forçado a partir da leitura do manual “Combate ao Trabalho Forçado. Manual para Empregadores e Empresas”, ressaltando seus principais pontos a partir da perspectiva legal e constitucional do direito brasileiro, bem como trazer as medidas propostas pelo Estado para lidar com o tema. Manual: Combate ao Trabalho Forçado. Manual para Empregadores e Empresas. A partir da leitura do texto “Combate ao Trabalho Forçado. Manual para Empregadores e Empresas” temos uma visão mais precisa do que configura não só o Trabalho Forçado, mas também o crime de Tráfico de Pessoa, e como esses dois pontos estão intimamente relacionados. O Manual, que tem por objetivo a promoção da conscientização de empregadores no que tange o trabalho forçado e o tráfico de pessoas, traz em seu texto, dentre outras coisas, partes de acordos e Convenções Internacionais, tais como a Convenção 29 e o Protocolo de Palermo, que conceituam o Trabalho Forçado e o Tráfico de Pessoas, com dados globais sobre o assunto e complementa com propostas e medidas a serem adotadas pelos empregadores e empresas para que haja uma efetiva eliminação dos problemas abordados. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, temos nada menos que 12,3 milhões de pessoas em condições de trabalho forçado em todo o mundo, sendo 2,4 milhões delas provenientes do Tráfico de pessoas . Além disso, dados, também expostos pela OIT, comprovam que 80% do Trabalho Forçado se concentra na iniciativa privada. Os números são alarmantes, ainda mais quando observamos que os lucros ilícitos obtidos a partir dessas atividades é de aproximadamente 32 bilhões de dólares por ano, dando um total de 1.100 dólares por mês por vítima. Dinheiro este que nenhuma dessas pessoas jamais chegou a usufruir. De acordo com a Convenção nº 29 da OIT (1930) o Trabalho forçado é “Todo trabalho ou serviço que for extraído de qualquer pessoa sob ameaça de qualquer penalidade para o qual a referida pessoa não tiver se oferecido voluntariamente”. Com base em tal conceito depreende-se que o Trabalho Forçado se configura por dois pontos fundamentais: a ameaça de penalidade e a realização do trabalho de forma involuntária. Há outros elementos que podem ser indicadores da existência do Trabalho Forçado, tais como trancar os trabalhadores no local de trabalho, reter sua documentação, tirar-lhes a possibilidade de se locomoverem a outros lugares, dentre outros. As formas mais comuns de trabalho forçado são: o trabalho induzido por dívida (servidão por dívida); o trabalho nas prisões (em casos específicos); o trabalho decorrente do tráfico de pessoas; coerção no emprego; e o contrato de trabalho abusivo. O Tráfico de Pessoas, por sua vez, envolve a movimentação de uma pessoa, geralmente de forma transnacional, para fins de exploração. Muitas vezes leva suas vítimas ao Trabalho Forçado. De acordo com o Protocolo de Palermos (2000) o Tráfico de pessoas pode ser definido como: “o recrutamento, transporte, transferência, abrigo ou recebimento de pessoas, por meio de ameaça ou uso da força ou outras formas de coerção, de abdução, de fraude, de engano, de abuso de poder ou de uma posição de vulnerabilidade ou de dar ou receber pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa para ter controle sobre outra pessoa, para fins de exploração. A exploração deverá incluir, no mínimo, a exploração da prostituição de outros ou outras formas de exploração sexual, trabalho ou serviços forçados, escravidão ou práticas similares à escravidão ou a remoção de órgãos”. Definição esta que envolve uma grande complexidade, posta assim de forma proposital para que abrangesse as diversas ações que compõem este tipo de Tráfico. Diante do exposto, analisemos então como o Trabalho Forçado e o Tráfico de Pessoas são tratados pelo ordenamento jurídico pátrio. No Ordenamento Jurídico Brasileiro No Estado Brasileiro, em sua Constituição Federal, há alguns princípios fundamentais provenientes de Tratados Internacionais que foram ratificados pelos Presidentes da República no decorrer dos anos, trazendo com isso a responsabilidade governamental de garantir aos seus cidadãos uma vida digna. O Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, que é base fundante da República Federativa do Brasil, positivado em nossa Magna Carta, em seu Artigo 1º, inciso III, decorre justamente de uma das principais Declarações Internacionais da história humana, que é a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Neste sentido, o Combate ao trabalho forçado no ordenamento jurídico pátrio decorre essencialmente do supracitado princípio, haja vista que para haver um efetivo respeito à dignidade da pessoa humana é necessário que seja garantido o mínimo existencial a todos. Este mínimo existencial só é possível quando, dentre outros requisitos, sejam assegurados os direitos à liberdade e ao trabalho digno, que também compõem bases constitucionais. O Trabalho forçado, então, é diametralmente oposto a muitos princípios fundamentais constitucionais, uma vez que se opõe ao direito à liberdade, Artigo 5º caput, e ao trabalho digno, Artigos 6º e 7º, atentando assim contra o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana. Além disso, na Constituição de Outubro, temos assegurandos princípios e garantias trabalhistas fundamentais, sendo que muitos deles são, ainda, corroborados por dispositivos infraconstitucionais. A Constituição Federal, em seu artigo 7º positiva os direitos dos trabalhadores urbanos e rurais. Analisando mais profundamente tal artigo e seus incisos, apenas afirmamos a teoria de que o Trabalho Forçado e o Tráfico de Pessoas não só constituem um atendado a moralidade, mas também a ordem jurídica. Por exemplo, temos o inciso VII que versa: Art 7º VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para os que percebem remuneração variável; Ora, nos trabalhos forçados, muitas vezes o trabalhador não tem consciencia de seus direitos por fazer parte de um grupo vulnerável com pouco ou nenhum conhecimento acerca de suas garantias trabalhistas, chegando a não receber nem mesmo um salário mínimo, salário este previsto no Artigo 76 da CLT, o que constitui uma ilegalidade de acordo com o Artigo 117, também da CLT, ambos artigos citados abaixo: Art. 76 - Salário mínimo é a contraprestação mínima devida e paga diretamente pelo empregador a todo trabalhador, inclusive ao trabalhador rural, sem distinção de sexo, por dia normal de serviço, e capaz de satisfazer, em determinada época e região do País, as suas necessidades normais de alimentação, habitação, vestuário, higiene e transporte. Art. 117 - Será nulo de pleno direito, sujeitando o empregador às sanções do art. 120, qualquer contrato ou convenção que estipule remuneração inferior ao salário mínimo estabelecido na região, zona ou subzona, em que tiver de ser cumprido. E insta, aliás, notar que é muito comum que haja trabalhador que não receba pagamento algum, por exemplo nos casos de regime de servidão por dívida, em que o empregador, de forma dolosa, retém o salário para pagar dívidas induzidas por ele próprio. Também há casos em que o empregador retém o salário do empregado como forma de obrigá-lo a continuar em seu emprego, o que é absolutamente inconstitucional, de acordo com o inciso X, também do Artigo 7º, ou ainda faz o pagamento por meios inapropriados. Já no inciso XIII, do mesmo artigo, temos: Art 7º. XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho;Tal posicionamento constitucional é reafirmado pelos artigos 58 e 59 da CLT, transcritos na sequencência. Art. 58 - A duração normal do trabalho, para os empregados em qualquer atividade privada, não excederá de 8 (oito) horas diárias, desde que não seja fixado expressamente outro limite. Art. 59. A duração diária do trabalho poderá ser acrescida de horas extras, em número não excedente de duas, por acordo individual, convenção coletiva ou acordo coletivo de trabalho. Portanto, não restam dúvidas acerca do número máximo de horas a ser trabalhada por dia. Outrossim, é comum que muitas das ações movidas pelo Ministério Público do Trabalho em decorrência do Trabalho Forçado tenham por escopo principal as jornadas de trabalhos extenuantes, muito mais longas que o previsto na Constituição Federal e nas normas infraconstitucionais. Há casos em que o empregado é coagido a trabalhar até mesmo por 18h diárias, sendo que o limite estipulado é de 10h diárias, contando o máximo da duração normal do trabalho de 8h diárias, de acordo com o referido artigo 58 também da CLT, mais o limite de duras horas extras por dia, à luz do referido atigo 59, da mesma lei. Entretanto, a reforma trabalhista permite que negociações coletivas ampliem a jornada de trabalho, que pode chegar a 12 horas diárias, e reduzam o intervalo de descanso. Ainda que nem toda jornada de 12 horas possa configurar trabalho forçado, esse aumento pode banalizar a sua ocorrência. Aém disso, é recorrente o caso de trabalhadores que são constrangidos a fazer jornadas extenuantes sob ameaças de perder o emprego, não receber salário ou até de serem castigados fisicamente. A respeito do tema, temos o julgado abaixo, trazendo também um posicionamento jurisprudencial para complementar e reiterar o entendimento do presente trabalho sobre a jornada excessiva. Processo Nº RO-0011376-42.2015.5.03.0165 4ª Turma do TRT da 3ª Região - MG EMENTA: DANO EXISTENCIAL. JORNADA EXCESSIVA. INDENIZAÇÃO DEVIDA. 1. O direito fundamental do trabalhador à saúde, perpassa, necessariamente, pelo respeito à limitação da jornada, como corolário da dignidade humana, do valor social do trabalho e da função social da empresa. O trabalhador, enquanto ser que aliena a sua força de trabalho, tem direito à desconexão. 2. O dano existencial é uma espécie de dano moral decorrente de uma frustração que impede a realização pessoal do trabalhador, afetando negativamente sua qualidade de vida. Os projetos pessoais e as relações sociais dos trabalhadores podem ser frustrados devido a condutas ilícitas praticadas por seus empregadores. 3. Assim, presentes todos os pressupostos da responsabilização civil (ato ilícito, dano efetivo, nexo de causalidade entre a conduta ilícita e os transtornos sofridos pelo trabalhador e a culpa patronal), não há como afastar a reparação pretendida pelo obreiro, merecendo a conduta ilícita patronal, a devida e proporcional reprimenda pelo Poder Judiciário. 4. Recursos ordinários conhecidos e provido, o apelo do autor, no aspecto. DECISÃO: A Quarta Turma, por unanimidade, conheceuos recursos ordinários interpostos; no mérito, sem divergência, negou provimento ao apelo do réu; unanimemente, deu provimento ao recurso do autor para condenar a ré ao pagamento de compensação pecuniária pelo dano existencial, que com arrimo no princípio da razoabilidade, arbitrou no montante R$10.000,00 (dez mil reais), vencida a eminente segunda votante que negava provimento ao recurso obreiro. Majorou o valor da condenação para 20.000,00, com custas adicionais de R$200,00, pela ré. Certifico que esta matéria será publicada no DEJT, dia 16.09.2016 (divulgada no dia 15.09.2016). Belo Horizonte, 9 de Setembro de 2016 O Tráfico de Pessoas, também chamado de Tráfico Humano, por sua vez, é uma das atividades ilegais que mais cresceu no século XXI e que tem como um dos objetivos principais justamente o aliciamento de pessoas para o trabalho forçado. De maneira geral, o tráfico de pessoas consiste no ato de comercializar, escravizar, explorar e privar vidas, caracterizando-se como uma forma de violação dos direitos humanos por ter impacto http://www.jusbrasil.com.br/topicos/111263498/processo-n-0011376-4220155030165-do-trt-3 http://www.jusbrasil.com.br/topicos/111263498/processo-n-0011376-4220155030165-do-trt-3 diretamente na vida dos indivíduos. Se houver transporte, exploração ou cassação de direitos, o crime pode ser classificado como tráfico de pessoas, não importa se há supostamente um consentimento por parte da vítima. Qualquer pessoa que contribua para esse fim, inclusive quem alicia, recruta, transporta ou aloja vítimas, pode ser responsabilizada. Formado por redes transnacionais e gerando lucros que alimentam economias ilegais, o tráfico vitimiza pessoas em situações socioeconômicas vulneráveis. Em 2013, os Estados-membros da ONU adotaram o 30 de julho como o Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, um dos grandes desafios contemporâneos no mundo. Para além das normas essencialmente trabalhistas, tanto o Trabalho Forçado, quanto o Tráfico de Pessoas, são crimes tipificados no Código Penal Brasileiro, a ver: Redução a condição análoga à de escravo Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escravo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua locomoção em razão de dívida contraída com o empregador ou preposto: Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da pena correspondente à violência. § 1o Nas mesmas penas incorre quem: I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho; II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é cometido: I – contra criança ou adolescente; II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião ou origem. Tráfico de Pessoas Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finalidade de: I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de escravo; III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; IV - adoção ilegal; ou V - exploração sexual. Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. Para que haja o enquadramento no aritgo 149 do Código Penal, isto é, reduzir alguém à condição análoga à de escravo, não é exigível demonstração de jornada de trabalho excessiva nem cerceamento da liberdade, pela apreensão de documentos ou convívio diário com vigilância armada. Basta que as condições de trabalho sejam consideradas degradantes, que atentem contra a saúde, a segurança e a dignidades dos trabalhadores. A este respeito, temos o recente caso, transcrito abaixo: O gaúcho Marconi Christianetti, presidente de um consórcio de produtores rurais estabelecido em Ibiraiaras (RS), e o empreiteiro paulista Antônio Carlos Martins, conhecido como "Toni", foram denunciados por submeter 35 trabalhadores rurais à condição análoga à de escravos. Segundo o Ministério Público Federal, eles sujeitaram o grupo a condições degradantes de trabalho. Além disso, em razão de dívida contraída, restringiram liberdade de locomoção deles, se apossando de documentos pessoais, a fim de retê-los no local de trabalho. Por incorrer nestas condutas, segundo a denúncia, foram incursos nas sanções do artigo 149 do Código Penal. A 3ª Vara Federal de Passo Fundo (RS) julgou procedente a denúncia apresentadapelo MPF, por comprovar a materialidade e a autoria dolosa da maior parte das condutas descritas na inicial, já que nem todas as irregularidades apontadas tinham relevância penal, mas apenas trabalhista. O juiz federal Rodrigo Becker Pinto observou, no entanto, que não é qualquer descumprimento de norma trabalhista que dá ensejo à incidência do artigo 149 do Código Penal. "Todavia, quando essa violação for tamanha a ponto de ferir a dignidade da pessoa humana na relação do trabalho, estarão os trabalhadores, sem dúvidas, recebendo tratamento análogo à de escravo, justamente como restou comprovado no caso concreto", complementou. Ações para erradicação do Trabalho Forçado e do Tráfico de Pessoas O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), em 2002, definiu o combate ao trabalho escravo como uma de suas prioridades. Tal atitude ganhou corpo na criação, em setembro de 2002, da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (CONAETE), integrada por representantes de todas as procuradorias regionais. Além de fortalecer as iniciativas em andamento (como a participação nas operações do Grupo Especial de Fiscalização Móvel), a Coordenadoria tem por objetivo traçar planos uniformes de ação do MTE em todo o país. Outra medida muito relevante do MTE foi o Cadastro de Empregadores, criado pela Portaria nº 540, de 15 de outubro de 2004 formado por pessoas físicas e jurídicas colhidas pela fiscalização na prática do trabalho escravo ou análogo à escravidão. Conhecido como “Lista Suja”, o cadastro é atualizado semestralmente pelo MTE e encaminhado aos Ministérios da Fazenda, da Integração Nacional, do Desenvolvimento Agrário, do Meio Ambiente e à então Secretaria Especial dos Direitos Humanos, a fim de que cada instituição adote as medidas oportunas em seu respectivo âmbito de competência. Um dos efeitos mais contundentes do cadastro é o de impedir o acesso de empregadores e empresas, que dele constam, a linhas de crédito e a incentivos fiscais junto aos bancos oficiais e agências regionais de desenvolvimento. Além disso, o Ministério Público do Trabalho e a Organização Internacional do Trabalho têm tomado algumas ações em conjunto. Uma delas foi o lançamento, no final de 2019, do documentário Precisão, feito pelos dois órgãos com o apoio do governo do Maranhão. O filme retrata o dia a dia dos trabalhadores que vivem em condições análogas à escravidão, muitos deles na zona rural, mostrando as condições degradantes às quais estas pessoas são submetidas, como a falta de acesso à alimentação adequada e a água potável, sendo quase sempre submetidas à jornadas exaustivas e com uma remuneração que não proporciona nem mesmo o básico. O objetivo do filme era trazer a conscientização à população da existência desse tipo de trabalho, mostrando que, muitas vezes, ele está próximo a nós e, até mesmo, sendo financiados pelo consumo inconsciente. O MPT registrou 1213 denúncias de trabalho escravo só em 2019. Em relação à 2018, o número de trabalho análogo à escravidão aumentou 7,63%. Na mesma época haviam 1700 procedimentos ativos em investigação e acompanhamento nas 24 Procuradorias Regionais trabalhistas espalhadas pelo Brasil, envolvendo não só o trabalho forçado, como também o aliciamento e tráfico de pessoas para a escravidão. Entre 2003 e 2018, segundo o MPT, aproximadamente 45 mil trabalhadores foram resgatados e libertados do trabalho análogo à escravidão em nosso país. Nesse período, a maioria das vítimas era do sexo masculino e tinha entre 18 e 24 anos. O perfil dos casos também comprova que o analfabetismo ou a baixa escolaridade tornam o indivíduo mais vulnerável a esse tipo de exploração, já que 31% eram analfabetos e 39% não haviam sequer concluído o 5º ano. Em 2019 o Ministério Público do Trabalho (MPT), a ONU Brasil e parceiros lançam a campanha “Somos Livres: todos contra o tráfico de pessoas”. A campanha tem como principal objetivo possibilitar a inclusão social das vítimas do tráfico de pessoas por meio do acesso ao mercado de trabalho. A estratégia visa quebrar o ciclo de vulnerabilidades a que estão sujeitas as vítimas do tráfico de pessoas Entretanto, com as restrições orçamentárias de 2017, o MPT não tem tido condições de manter em plena atividade seu Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM). Para tentar reverter esse quadro, o MPT entrou com uma ação civil pública contra o governo federal para garantir a manutenção do combate ao trabalho escravo do Grupo Móvel Conclusão Vimos que, em termos de legislação, temos uma vasta gama de garantias, tanto na constituição, quanto em legislação infraconstitucional, como na CLT e no Código Penal. Entretanto, com o afrouxamento de vários dispositivos de proteção ao trabalhador, decorrentes da Reforma Trabalhista, a tendência é que o número de pessoas submetidas à condições degradantes de trabalho, até mesmo análogas à escravidão, venha a aumentar, uma vez que perdem o amparo legal em questões básicas. Tal Reforma constitui um retrocesso em termos trabalhistas, trazendo dispositivos que permitem deliberadamente o abuso para com os trabalhadores, tais como, a ampliação da terceirização, a contratação de autônomos de forma irrestrita, e a possibilidade de aumentar a jornada de trabalho e de reduzir as horas de descanso. “As mudanças criam condições legais e permitem que a legislação banalize aquelas condições que identificamos como trabalho análogo ao escravo”, afirma o auditor fiscal do trabalho Luís Alexandre de Faria. Portanto, o Brasil, no ritmo em que se encontra, está retrocedendo em sua luta contra o trabalho forçado e o tráfico de pessoas. Todos os avanços históricos no combate ao trabalho escravo que o Brasil alcançou nos últimos 20 anos estão em xeque. Neste cenário, cabe à população pressionar seus representantes para que haja uma nova Reforma e que sejam feitas políticas públicas para trazer uma proteção mais justa aos trabalhadoras. É um processo lento, porém, é responsabiliade de todo cidadão. Só assim seremos capazes de nos movermos mais uma vez na direção do Príncipio da Dignidade da Pessoa Humana, garantindo um trabalho digno a todos. “A gravidade do trabalho escravo contemporâneo requer uma estratégia de atuação articulada entre as diferentes esferas de Governo e as organizações sociais, de sorte a fazer convergir às populações e áreas pauperizadas os recursos propulsores de mudanças socioeconômicas. Nessa ótica, ganham especial relevo políticas e programas que viabilizem, em escala ampliada, o acesso dos trabalhadores à terra, ao crédito, às redes de produção-consumo-comercialização, à educação fundamental, à formação para o trabalho fortalecendo, dessa forma, a cidadania e os direitos humanos”. 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