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Planejamento Energético Mercado de Energia no Brasil Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Pedro Henrique Cacique Braga Revisão Textual: Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin 5 Esta Unidade aborda as premissas para o entendimento do mercado energético nacional. Abordaremos questões como dados demográficos, perfil industrial, macroeconomia e até mesmo a composição das tarifas cobradas do consumidor. Em toda a Unidade, faremos comparativos sobre as cinco regiões do Brasil, tentando estabelecer um perfil para cada uma delas e, assim, um perfil para o país como um todo. É importante que você faça anotações sobre cada ponto, pois serão muitos dados apresentados. Uma sugestão é criar um quadro comparativo que tenha em um dos eixos as premissas básicas para o planejamento e no outro a separação por regiões. Ao final, você terá um bom material que apresenta os dados concretos sobre geração e consumo de energia no Brasil. Serão abordados os seguintes temas: · Demografia; · Macroeconomia; · Grandes Consumidores Industriais; · Autoprodução; · Eficiência Energética. Ao fim, esperamos poder planejar os nossos recursos de acordo com o que cada região tem a oferecer, a fim de suprir todas as exigências nacionais. Mercado de Energia no Brasil · Introdução · Setor Elétrico · Geração Nacional · Projeção De Demanda · Conclusões 6 Unidade: Mercado de Energia no Brasil Contextualização Elaborar a matriz energética de uma nação, ou mesmo de uma região do país, é uma tarefa que requer diversos conhecimentos prévios. Estes não se limitam ao potencial energético de cada região ou quais as fontes de geração mais viáveis. Este conhecimento é fundamental, é claro, mas não é a única preocupação para o planejamento. É preciso conhecer também o mercado em que estamos inseridos. Precisamos conhecer como a população se comporta quando nos referimos à energia elétrica. O crescimento populacional traz consigo um forte aumento na demanda energética. Além disso, é preciso conhecer o perfil do maior consumidor: a indústria. Poderia ela ser autossuficiente na geração da energia que requer? Ou ela precisa de maior atenção dos planos nacionais? Toda a análise qualitativa e quantitativa do mercado energético deve ser bem elaborada antes de realizar uma projeção do que será preciso enfrentar no novo planejamento. Convido você a refletir sobre a região a sua volta: - Quais são as usinas de energia que existem no seu estado?; - Qual a tarifa que você, como cidadão, paga pela energia?; - Você sabe como ela é calculada? E mais: - A população da sua cidade tem aumentado?; - Será que a oferta de energia disponível hoje é capaz de suprir este crescimento? 7 Introdução O mercado de energia no Brasil pode ser definido pela relação entre a produção e o consumo energético em toda a sua extensão territorial. Para definir as características deste mercado, deve-se conhecer alguns dados nacionais, como: · Capacidade instalada por fonte em cada região; · Perfil dos consumidores por classes (residencial, comercial, industrial, setor público etc.); · Eficiência energética de cada parque elétrico instalado; · Relação entre oferta e procura; · Autoprodução de setores sociais; · Demografia; · Macroeconomia mundial. Estes são alguns dos tópicos que definem o mercado energético. Nesta Unidade, abordaremos algumas estratégias para traçar este modelo e preparar uma projeção energética no país. As principais estratégias abordadas foram estabelecidas pelas normas de pesquisa e planejamento energético da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) é empresa pública instituída nos termos da Lei n° 10.847, de 15 de março de 2004, e do Decreto n° 5.184, de 16 de agosto de 2004, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), tem por finalidade prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinados a subsidiar o planejamento do setor energético, tais como energia elétrica, petróleo e gás natural e seus derivados, carvão mineral, fontes energéticas renováveis e eficiência energética, dentre outras (EPE, 2012). Nesta Unidade, faremos, também, uma análise dos diferentes perfis de consumo de energia elétrica no Brasil e acompanharemos as estratégias da EPE para projeção da demanda energética para um longo período, o que nos permite conhecer o mercado nacional e ao mesmo tempo planejar a matriz energética com base na perspectiva da procura pelo serviço. Setor Elétrico Vamos começar nossa análise com alguns dados sobre o perfil consumidor no Brasil. Neste ponto, já conhecemos as formas de geração de energia por meio de fontes renováveis e não- renováveis. Sabemos, ainda, quais são os requisitos físicos e geográficos de cada uma delas. Assim, podemos analisar os dados de acordo com a realidade brasileira. 8 Unidade: Mercado de Energia no Brasil O setor energético no nosso país é dirigido por diferentes órgãos. A parte política é de responsabilidade do Congresso Nacional e a Presidência da República, representada pelo Ministério de Minas e Energia e o Conselho Nacional de Política Energética. Todas as leis e normas são criadas por estas instituições. A regulação e a fiscalização ficam por conta da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) todas as demais agências sob sua responsabilidade, como a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e os Conselhos de Consumidores, por exemplo. O mercado é gerido pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Fechando o quadro de instituições, tem-se as agências institucionais, que são empresas escaladas para diferentes funções, como a EPE e o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), por exemplo. Figura 1. Estrutura Institucional do Setor Elétrico. Fonte: ANEEL, 2008. A Figura 1 apresenta o diagrama esquemático das instituições que compõem o setor elétrico brasileiro. Observe que mesmo que de forma indireta, a população tem acesso a todos os órgãos citados. Você pode encontrar, nas páginas web de cada uma delas, todas as suas informações e muitos documentos sobre o setor elétrico. Em especial, damos atenção aos sites da ANEEL e da EPE, que são duas das principais referências deste material. Atualize-se periodicamente com os dados de seus boletins e informativos. 9 Geração Nacional Subsistemas elétricos O primeiro passo para podermos criar a projeção de demanda de energia é conhecer o que já temos de oferta no país. Este conhecimento é de suma importância para podermos verificar qual a porcentagem de crescimento esperado para cada região. Segundo o ONS, os subsistemas do setor elétrico são: · Sudeste/Centro-Oeste – abrangendo os estados das regiões Sudeste e Centro-oeste mais Rondônia e Acre; · Sul – toda a região Sul; · Nordeste – toda a região Nordeste, com exceção do Maranhão; · Norte – Amapá, Pará, Tocantins, Maranhão e Amazonas; · Sistemas isolados. A operação dos subsistemas deve ser monitorada e balanceada para que, se necessário, uma supra a outra em eventos especiais e/ou periódicos. Com tamanho e características que permitem considerá-lo único em âmbito mundial, o sistema de produção e transmissão de energia elétrica do Brasil é um sistema hidrotérmico de grande porte, com forte predominância de usinas hidrelétricas e com múltiplos proprietários. O Sistema Interligado Nacional é formado pelas empresas das regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste, Nordeste e parte da região Norte. Apenas 1,7% da energia requerida pelo país encontra-se fora do SIN, em pequenos sistemas isolados localizados principalmente na região amazônica (ONS, 2015). Figura 2. Integração Eletroenergética 2014 set. – horizonte 2015. Fonte: ONS, 2015. 10 Unidade: Mercado de Energia no Brasil A Figura 2 apresenta o mapa de integração eletroenergética entre os subsistemas. Apresenta as principais bacias hidrográficas e, em linhas sólidas,os sistemas que já estão implantados; e os sistemas representados por linhas tracejadas estão em desenvolvimento. Figura 3. Mapa do Sistema de Transmissão – horizonte 2015. Fonte: ONS, 2015. A Figura 3 apresenta o sistema de transmissão de energia nacional. Quando sobrepostas as Figuras 2 e 3, pode-se perceber que os subsistemas estão bem abastecidos e transmitem energia a quase todo o país (regiões populadas). Explore Acesse a página do ONS para obter mapas detalhados dos subsistemas elétricos: http://www.ons.org.br/conheca_sistema/mapas_sin.aspx Dados de geração A Empresa de Pesquisa Energética apresenta anualmente um balanço dos dados de geração e consumo nacionais. Segundo os dados do último relatório (até a produção deste material), sobre o ano de 2013, as regiões com maior geração de energia foram Sul e Sudeste (o que é perfeitamente justificável, segundo a distribuição de sistemas). Conforme visto na Figura 4, as regiões Sul e Sudeste, além de terem a maior geração, tiveram também maior capacidade de autoprodução energética. http://www.ons.org.br/conheca_sistema/mapas_sin.aspx 11 Figura 4. Geração Regional. Fonte: ANEEL, 2014. É importante ressaltar que os valores apresentados na Figura 4 foram projetados anteriormente e constatados após um ano de produção. Esta participação pode ser melhor visualizada como participação percentual de toda a geração, na Figura 5. Figura 5. Participação Regional na Geração. Fonte: ANEEL, 2014. Além da participação, pode-se acompanhar a evolução dos sistemas por meio da análise das perdas por subsistema. Uma análise rápida sobre o gráfico da Figura 6 nos permite dizer que os subsistemas têm mantido certa constância nas perdas nos últimos anos. Os sistemas isolados apresentam um crescimento nas perdas, ao contrário dos demais que se mantém entre 1% e 20%. 12 Unidade: Mercado de Energia no Brasil Figura 6. Carga de Energia. Evolução das perdas anuais relativas (%) por subsistemas elétricos. Fonte: ANEEL, 2014. Dados de consumo Agora que conhecemos os sistemas de geração, podemos fazer um comparativo com o que foi consumido no mesmo período. As Tabelas 1 e 2 apresentam os dados de consumo separados por região e por classes, respectivamente. Todos os dados em GWh. Tabela 1. Consumo de energia por regiões (GWh). 2009 2010 2011 2012 2013 ∆% (2013/2012) Part. % (2013) Brasil 384,306 415,683 433,034 448,171 463,335 3.4 100.0 Norte 24,083 26,237 27,777 29,115 30,196 3.7 6.5 Nordeste 65,244 71,197 71,914 75,610 79,907 5.7 17.2 Sudeste 204,555 222,005 230,668 235,237 240,084 2.1 51.8 Sul 65,528 69,934 74,470 77,491 80,392 3.7 17.4 Centro- Oeste 24,896 26,310 28,205 30,718 32,756 6.6 7.1 Fonte: ANEEL, 2014. 13 Tabela 2. Consumo de energia por Classes (GWh). 2009 2010 2011 2012 2013 ∆% (2013/2012) Part. % (2013) Brasil 384,306 415,683 433,034 448,171 463,335 3.4 100.0 Residencial 100,776 107,215 111,971 117,646 124,896 6.2 27.0 Industrial 161,799 179,478 183,576 183,475 184,609 0.6 39.8 Comercial 65,255 69,170 73,482 79,226 83,695 5.6 18.1 Rural 17,304 18,906 21,027 22,952 23,797 3.7 5.1 Poder público 12,176 12,817 13,222 14,077 14,608 3.8 3.2 Iluminação pública 11,782 12,051 12,478 12,916 13,512 4.6 2.9 Serviço público 12,898 13,589 13,983 14,525 14,847 2.2 3.2 Próprio 2,319 2,456 3,295 3,354 3,372 0.5 0.7 Fonte: ANEEL, 2014. Comparando os dados de geração e consumo, pode-se perceber que o consumo interno teve um total de 463.335 GWh no ano de 2013, para uma geração de 570.025 GWh, o que nos dá uma relação de consumo de 81,28% da energia produzida. Os outros quase 20% puderam ser armazenados e/ou vendidos para os países vizinhos. Tarifas Um ponto importante da nossa análise quantitativa e qualitativa do setor é a evolução da tarifa cobrada em todo o país. A forma como ela é calculada envolve três partes: 1. Custos com geração da energia; 2. Transporte de energia até as casas (transmissão + distribuição); 3. Encargos e tributos. Cada parte possui seu peso no cálculo, mas o importante, neste ponto, é saber que a tarifa é calculada de acordo com estes gastos e precisa ser repassada ao consumidor para a manutenção do sistema como um todo. Até o ano de 1993, os consumidores de todas as regiões pagavam uma tarifa única. O que significa que um consumidor do Paraná pagaria uma mesma quantia por KWh (quilowatt- hora) que outro em Pernambuco, por exemplo. Isso garantia a remuneração das concessionárias independente de sua eficiência energética. A partir de então, as tarifas são determinadas pela Concessionária, de acordo com as suas características. Para que não houvesse um desequilíbrio nos preços, em 1995, foi aprovada a Lei 8.987, que garante o equilíbrio entre eles. 14 Unidade: Mercado de Energia no Brasil As tarifas são cobradas agora por área de concessão, podendo coincidir com os estados da federação, ou não. Assim, em um mesmo estado, pode-se ter uma ou mais tarifas. Observe as áreas na Figura 7. Figura 7. Áreas de concessão tarifária. Fonte: ANEEL, 2014. Projeção De Demanda Uma vez que conhecemos toda a capacidade do Setor Elétrico, como ele é organizado e qual o histórico de consumo, passamos para a projeção da demanda energética, que nos ajuda não somente a conhecer o mercado atual, mas estimar a sua participação em um futuro próximo. O método adotado para esta Unidade é o que vem sendo utilizado pela Empresa de Pesquisa Energética para a projeção estatística. Vale lembrar que ela faz parte do quadro institucional do setor elétrico brasileiro, o que torna o seu método e os seus dados oficiais. Periodicamente a EPE gera alguns estudos sobre energia. Entre eles, destacam-se o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) e o Plano Nacional de Energia de Longo Prazo (PNE), que servem de base para a elaboração do documento conhecido como Plano Anual da Operação Energética (PEN), do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). Segundo os relatórios da EPE, a projeção deve ser feita com base nas seguintes premissas básicas: · Demografia – dados estatísticos de crescimento populacional por região; · Macroeconomia – como anda o mercado internacional e os possíveis compradores de energia; · Grandes Consumidores Industriais – as classes que se mostram como maiores consumidores à parte do residencial; 15 · Autoprodução – como cada classe pode se autossustentar de alguma forma, sobretudo os grandes consumidores (indústria); · Eficiência Energética – qual a relação entre oferta, procura e perdas de cada fonte de energia. Por meio da análise de tais premissas, pode-se estabelecer uma relação entre o consumo e a qualidade da classe residencial e também da industrial que, por sua vez, tem relação não apenas com o país, mas com o mercado internacional. Demografia O perfil da população brasileira tem passado por significativas transformações nas últimas décadas, quando nos referimos à faixa etária, distribuição geográfica e processos de urbanização. O último censo do IBGE mostra que a população continua crescendo, mas em um ritmo menor e também está envelhecendo, o que pode nos dizer muito sobre o consumo. Por exemplo, os horários de pico de energia têm se mostrado diferentes de algumas décadas atrás por causa da estrutura etária da população e seus novos ritmos diários. Tabela 3. Brasil. Projeção da População, 2012-2022. Ano 103 hab. Variação % ao ano 2012 194.684 - 2017 201.521 0,7 2022 207.216 0,6 Nota: População em 31 de dezembro3. Fonte: EPE, 2012. Observa-se na Tabela 3 que a população aumenta em um ritmo pequeno, com variação prevista de 0,7% ao ano até o ano 2017 e de 0,6% até 2022. Além da taxa de crescimento, precisamos conhecer como a população se organiza em seus domicílios. Observe na Tabela 4 a projeção para o número de domicílios no país e onde eles se concentram. 16 Unidade: Mercado de Energia no Brasil Tabela 4. Brasil e regiões. Projeção do número de domicílios (mil), 2012-2020. Brasil e regiões. Projeçãodo número de Domicílios (mil), 2012-2022 Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro- Oeste Brasil 2012 4.582 15.679 27.984 4.816 62.928 2017 5.176 17.366 31.137 11.029 5.429 70.137 2022 5.768 19.090 34.365 12.211 6.022 77.456 Variação (% ao ano) 2012-2017 2,5 2,1 2,2 2,2 2,4 2,2 2017-2022 2,2 1,9 2,0 2,1 2,1 2,0 2012-2022 2,3 2,0 2,1 2,2 2,3 2,1 Estrutura de Participação (%) 2012 7,3 24,9 44,5 15,7 7,7 100,0 2017 7,4 24,8 44,4 15,7 7,7 100,0 2022 7,4 24,6 44,4 15,8 7,8 100,0 Nota: Domicílios em 31 de dezembro. Fonte: EPE, 2012. Para cada domicílio, devemos projetar também o número de seus habitantes. Com este número, podemos dizer, por exemplo, que a região Sudeste tem pouco menos da metade de domicílios do total nacional, sendo que cada um deles tem em média 2,5 habitantes (vide Tabela 5), o que pode representar um consumo maior que a região Nordeste, com quase um quarto do número de domicílios e média de 3 habitantes em cada um. Tabela 5. Brasil e regiões. Número de habitantes por domicílio, 2012-2020. Ano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro- Oeste Brasil 2012 3,6 3,5 2,9 2,8 3,0 3,1 2017 3,3 3,2 2,7 2,6 2,8 2,9 2022 3,1 3,0 2,5 2,4 2,6 2,7 Fonte: EPE, 2012. Macroeconomia Já conhecemos o perfil de consumo da população por meio dos dados demográficos, agora precisamos entender como anda o mercado internacional. Um cenário de crise mundial pode influenciar a compra e venda de insumos e serviços relacionados à energia. Nos últimos anos, o cenário global apresentou algumas atividades de crise em diferentes países de grande influência na atividade mundial, como os Estados Unidos, por exemplo. Esta crise reflete nas relações entre todos os países, sendo representada pelo Produto Interno Bruto. 17 Tabela 6. Taxas de crescimento do nível de atividade (médias no período). Taxas de crescimento do nível de atividade (médias no período) Indicadores Econômicos Histórico Projeção 2002-2006 2007-2011 2013-2017 2018-2022 PIB Mundial (% a.a.) 4,2 3,5 3,9 4,0 PIB Nacional (% a.a.) 3,3 4,2 4,5 5,0 Fontes: IBGE e FMI (dados históricos) e EPE (projeções). Fonte: EPE, 2012. Veja, na Tabela 6, que o PIB nacional teve um histórico de decrescimento de 2002 a 2011, mas a projeção é de um aumento pequeno para os anos de 2013 a 2022. O PIB nacional, entretanto, teve um crescimento de 0,9% no período de 2002 a 2011 e se espera que tenha um crescimento um pouco mais modesto nos próximos anos. Estas variações refletem no poder de compra e venda do país e devem ser observados de perto com menor intervalo possível para que o mercado nacional esteja coerente com o cenário mundial. Grandes Consumidores “Há um conjunto de segmentos industriais que respondem por importante parcela do consumo industrial de eletricidade, aqui denominados grandes consumidores industriais de energia elétrica” (EPE, 2012). Estas indústrias consomem uma parcela significativa da energia. Em 2013, foi cerca de 40%, conforme a Tabela 2. Ao mesmo tempo, eles podem gerar energia para consumo próprio, aliviando um pouco a carga dos subsistemas. Figura 8. Indústrias eletrointensivas: expansão da produção física, 2012-2022. Fonte: EPE, 2012. 18 Unidade: Mercado de Energia no Brasil Observe na Figura 8 algumas das principais indústrias e suas relações de produção e seus componentes de exportação. Veja que Aluminia, Bauxita, Siderúrgica (Aço Bruto), Pelotização e Celulose são setores com forte componente de exportação e por isso podem trazer grande benefício ao país. Deve-se a elas, então, uma atenção especial quanto ao suprimento de energia. Segundo os dados históricos, as grandes indústrias tem registrado um aumento do consumo na rede elétrica nacional, mas, ao mesmo tempo, a autoprodução tem aumentado, como pode ser visto na Figura 9. Figura 9. Grandes consumidores industriais: consumo de eletricidade (TWh). Fonte: EPE, 2012. Autoprodução Seguindo o fluxo da nossa análise, precisamos determinar qual o índice de autoprodução de energia de cada setor. Lembre-se que estamos tratando dos grande consumidores, que são capazes de gerar parte de sua energia. A autoprodução significa que eles têm a habilidade de produzir parte significativa da energia consumida, a fim de minimizar o consumo pela rede. A autoprodução mais forte se concentra nos segmentos siderurgia, papel e celulose e petroquímica. Figura 10. Autoprodução de eletricidade, 2012-2022. Fonte: EPE, 2012. 19 A Figura 10 nos mostra que a autoprodução esperada em 2022 pelos grandes consumidores é de 43,7TWh e pelos demais segmentos é de 71,3%. Eficiência energética A última premissa, mas não menos importante, é a eficiência energética, isto é, qual a relação entre o que foi produzido e o que realmente foi consumido, levando-se em considerações as perdas. Ainda sobre os dados da EPE, espera-se que a eficiência em 2016 represente um total de redução do consumo de 3,4% e avance de tal forma que em 2022 tenhamos um total de 5,8% na redução do consumo. Analise a Tabela 7 para conhecer os dados previstos por classe. Tabela 7. Eficiência. Percentual de redução do consumo por classe (%). Classe 2017 2022 Residencial 5,3% 9,2% Industrial 3,0% 4,9% Comercial 2,8% 4,7% Outras 2,5% 4,1% Total 3,4% 5,8% Para que haja essa redução no consumo, é preciso que haja um ganho na eficiência energética em cada classe. Espera-se que a classe industrial tenha o maior ganho de eficiência, levando em consideração os dados de consumo e autoprodução apresentados. Todos juntos significam, em 2017, 22,2TWh e, em 2022, um total de 48TWh (5,8% da demanda final de eletricidade). Figura 11. Ganhos de Eficiência (TWh). Fonte: EPE, 2012. 20 Unidade: Mercado de Energia no Brasil Conclusões O Planejamento Energético deve ser feito periodicamente com base nos dados estatísticos históricos e projetados. A eficiência energética tende a aumentar nos próximos anos, para que acompanhe o crescimento populacional e sua demanda pelo serviço. Caso a projeção de demanda realizada pela EPE se concretize, o Brasil estará em boa situação energética em 2022, mas para isso é necessário que cada classe da sociedade tenha sua participação controlada. A Projeção da demanda é um documento caracterizador do mercado energético nacional e mundial, sendo de grande importância para o planejamento das políticas nacionais. 21 Material Complementar Separamos alguns materiais que podem ajudar a compreender melhor o mercado de energia brasileiro. Alguns são dados estatísticos, outros são vídeos ou reportagens sobre o assunto. Explore-os com o objetivo de aprender mais sobre o assunto e conhecer as projeções para os próximos anos: Explore · Projeção da Demanda de energia Elétrica para os próximos 10 anos (2014 - 2023) – EPE: <http://www.epe.gov.br/mercado/Documents/Série Estudos de Energia/20140203_1.pdf>; · A Demanda Energética em 2025: <https://www.youtube.com/ watch?v=3pikInBQKd0> (vídeo em espanhol; ative as legendas em português no ícone localizado no canto inferior esquerdo do vídeo): · Notícia: Energia eólica pode abastecer quase três vezes a demanda do Brasil (Fonte: uol.com.br – 22/01/2015): <http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ ultimas-noticias/2015/01/22/energia-eolica-pode-abastecer-quase-tres-vezes-a- demanda-do-brasil.htm>; · Notícia: As usinas termoelétricas e o bolso dos consumidores (Fonte: Diário da Manhã – 16/03/2015):<http://www.dm.com.br/opiniao/2015/03/as-usinas- termoeletricas-e-o-bolso-dos-consumidores.html>. http://www.epe.gov.br/mercado/Documents/S�rie Estudos de Energia/20140203_1.pdf http://www.epe.gov.br/mercado/Documents/S�rie Estudos de Energia/20140203_1.pdf https://www.youtube.com/watch?v=3pikInBQKd0 https://www.youtube.com/watch?v=3pikInBQKd0 http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/01/22/energia-eolica-pode-abastecer-quase-tres-vezes-a-demanda-do-brasil.htm http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/01/22/energia-eolica-pode-abastecer-quase-tres-vezes-a-demanda-do-brasil.htmhttp://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2015/01/22/energia-eolica-pode-abastecer-quase-tres-vezes-a-demanda-do-brasil.htm http://www.dm.com.br/opiniao/2015/03/as-usinas-termoeletricas-e-o-bolso-dos-consumidores.html http://www.dm.com.br/opiniao/2015/03/as-usinas-termoeletricas-e-o-bolso-dos-consumidores.html 22 Unidade: Mercado de Energia no Brasil Referências ANEEL – Agência Nacional de Energia Elétrica (Brasil). Atlas de energia Elétrica do Brasil/ Agência Nacional de Energia Elétrica. Brasília: Aneel, 2008. BP. Relatório Estatístico da BP 2014. Brasil em 2013. Disponível em: <http://www.bp.com/ content/dam/bp-country/pt_br/PDFs/Statistical Review_Brazil_POR.pdf>. Acesso em: 9 mar. 2015. EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Anuário Estatístico de Energia Elétrica. Rio de Janeiro: EPE, 2014 EPE – Empresa de Pesquisa Energética. Projeção da demanda de energia elétrica para os próximos 10 anos (2013-2022). Rio de Janeiro: EPE, 2012. ONS. O que é o SIN – Sistema Interligado Nacional. Disponível em: <http://www.ons. org.br/conheca_sistema/o_que_e_sin.aspx>. Acesso em: 19 mar. 2015. 23 Anotações
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