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Interpretação da Lei Penal 1 – Introdução - O ato de interpretar é, necessariamente, feito por um sujeito, que empregando determinado modo, alcança um resultado. 2- Formas de Interpretação 2.1 – Quanto ao Sujeito Autêntica (ou Legislativa) - É aquela fornecida pela própria lei, a exemplo do conceito de funcionário público. - Subdivide-se em: Contextual Posterior - Ela é editada conjuntamente com a norma penal que conceitua. - Lei distinta e posterior conceitua o objeto da interpretação. Doutrinária (ou Científica) - Communis opinio doctorum. - É a interpretação feita pelos estudiosos. - Não se trata de observância obrigatória. - Auxilia na interpretação das normas. Jurisprudencial - Corresponde ao significado dado às leis pelos tribunais, à medida que lhes é exigida a análise do caso concreto, podendo adquirir caráter vinculante. 2.1 – Quanto ao Modo Gramatical, Filosófica ou Literal. - É a interpretação que considera o sentido literal das palavras, correspondente a sua etimologia. Teleológica - Perquire a vontade ou intenção objetivada na lei (volunta legis), sendo guiado pela finalidade da norma. - Extrai-se diretamente do art. 5° da LINDB “Na aplicação da lei, o juiz atenderá os fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum” Histórica - Indaga a origem da lei, identificando os fundamentos da sua criação. Sistemático - Conduz a interpretação da lei em conjunto com a legislação que integra o sistema do qual faz parte, bem como com os princípios gerais do direito. Progressiva ou Evolutiva - Representa a busca do significado legal de acordo com o progresso da ciência. Lógica - Se baseia na razão, utilização de métodos dedutivos, indutivos e da dialética para encontrar o sentido da lei. 2.3 – Quanto ao Resultado Declarativa - É aquela em que a letra da lei corresponde exatamente àquilo que o legislador quis dizer, nada suprimindo, nada adicionando. Restritiva - A interpretação que reduz o alcance das palavras da lei para que corresponda à vontade do texto. - Lex Plus Dixit Quam Voluit. Extensiva - Amplia-se o alcance das palavras da lei para que corresponda à vontade do texto. - Lex Minus Dixit Quam Voluit. 3 – Interpretação Sui Generis e Conforme a Constituição Sui Generis - É uma expressão em latim que significa "de seu próprio gênero" ou "único em sua espécie". Ela indica algo que é particular, peculiar, único. Reporta-se a um fato singular, por exemplo. -Subdivide-se em: Exofórica Endofórica - Ela ocorre quando o significado da norma interpretada não está no ordenamento jurídico. - Ela ocorre quando o texto normativo interpretado toma de empréstimo o sentido de outros textos do próprio ordenamento. - Esta espécie está presente na norma penal em branco. Conforme a Constituição - Essa forma de interpretação é marcada pelo confronto entre a norma legal e a Constituição, aferindo a validade daquela dentro de uma perspectiva garantista. 4 – Interpretação Extensiva - Acontece quando o intérprete amplia o significado de uma palavra para alcançar o real significado de outra. - A discussão está fundada na seguinte pergunta: pode (ou não) ser em prejuízo do réu? - Para Guilherme de Souza Nucci é indiferente se a interpretação extensiva beneficia ou prejudica o réu, pois a tarefa do intérprete é conferir aplicação lógica ao sistema normativo, evitando-se contradições e injustiças. - Em sentido contrário, temos jurisprudência que, socorrendo-se do princípio do in dubio pro reo, limita a sua aplicação às normas não incriminadoras em virtude da função garantista do Direito Penal, que pressupõe interpretação cada vez mais restrita, visão que encontra correspondência clara no artigo 22. 2, do Estatuto de Roma: “A previsão de um crime será estabelecida de forma precisa e não será permitido o recurso à analogia. Em caso de ambiguidade, será interpretada a favor da pessoa objecto de inquérito, acusada ou condenada”. - O STJ já decidiu na mesma linha; “O princípio da estreita legalidade impede a interpretação extensiva para ampliar o objeto descrito na lei penal”. - Entretanto, no STJ temos exemplos de interpretação extensiva contra o réu: “Para fins da Lei Maria da Penha, a palavra crime deve ser interpretada como infração penal, ou seja, corresponde aos crimes e contravenções”. - O STF já decidiu no mesmo sentido: “O preceito do artigo 41 da Lei n° 11.340/06 alcança toda e qualquer prática delituosa contra a mulher, até mesmo quando consubstancia contravenção penal”. - Para Zaffaroni e Pirangeli, apesar de defenderem a aplicação do in dubio pro reo, admitem em casos excepcionais a interpretação extensiva da lei penal contra o agente. 5 – Interpretação Analógica (Intra Legem) - Atendendo ao princípio da legalidade, detalha todas as situações que quer regular e, posteriormente, permite que aquilo que a elas seja semelhante possa também ser abrangido no dispositivo. - O significado que busca é extraído do próprio dispositivo. Ex: art. 121, p. 2, I, CP, que dispõe ser qualificado o homicídio quando cometido “mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe”. 6 – Analogia - Ao contrário das modalidades anteriores, não existe uma lei a ser aplicada ao caso concreto, motivo pelo qual é preciso socorrer-se de previsão legal empregada à outra situação similar. - Consiste no complexo de meios dos quais se vale o intérprete para suprir a lacuna do direito positivo e integrá-lo com elementos buscados no próprio direito. - Até mesmo o emprego da analogia para favorecer o réu deve ser reservado para hipóteses excepcionais uma vez que o princípio da legalidade é regra, e não a exceção. - Subdivide-se em: Analogia Legis - É caracterizada pela utilização de outra disposição normativa para integrar a lacuna existente no ordenamento jurídico. Analogia Iuris - Se caracteriza pelo emprego de um princípio geral do direito para regular um caso semelhante, também diante da inexistência da norma aplicável. 7 – Em Síntese Interpretação Extensiva Interpretação Analógica Analogia - Forma de interpretação. - Forma de interpretação. - Forma de integração. - Existe norma para o caso concreto. - Existe norma para o caso concreto. - Não existe norma para o caso concreto. - Amplia-se o alcance da palavra (não importa no surgimento de uma nova norma). - Exemplos seguidos de fórmula genérica para alcançar outras hipóteses. - Cria-se uma nova norma a partir de outra (analogia legis) ou de todo ordenamento jurídico (analogia iuris). - In bonam ou in malam partem - In bonam ou in malam partem - Somente In bonam partem Ex: a expressão “arma” no crime de extorsão majorado. (art. 158, p. 1, do CP). Ex: homicídio mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo torpe. (art. 121, p. 2, I, III e IV, CP). Ex: isenção de pena, prevista nos crimes contra o patrimônio, para o cônjuge e, analogicamente, para o companheiro. (art. 181, I, CP). 02 requisitos: Certeza de que sua aplicação será favorável ao réu. Existência de uma lacuna legal a ser preenchida.
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