Buscar

Rios Voadores, Zonas mortas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

3.Rios voadores: qual o seu papel no ciclo hidrológico e os efeitos do desmatamento em fluxos e estoques
Em primeiro lugar, devemos entender que os rios voadores são cursos de água atmosféricos, formados por massas de ar carregadas de vapor de água, são formados quando a evaporação do oceano Atlântico na faixa do Equador forma uma corrente úmida que é sugada pela floresta, essa, por sua vez, libera mais umidade ainda na atmosfera, essa massa de umidade desce em direção à cordilheira do Andes, é redirecionada ao Centro e ao Sul do Brasil, além de também regularem as chuvas em países vizinhos, como a Bolívia e o Paraguai. No caminho, a cadeia de montanhas recebe uma porção generosa de umidade e gera precipitações na cabeceira do Rio Amazonas e outras bacias no Paraguai, Argentina e Uruguai. Os rios voadores possuem um ciclo constante, com o ar sempre recarregado com mais umidade, são importantes para o ciclo hidrológico pois proporcionam a circulação de vapor d’água na Amazônia e em alguns outros lugares do seu curso, o ciclo se completa quando a umidade/vapor d’água é devolvida em forma de chuvas, importantes para o agronegócio no Centro-Oeste, abastecem os lençóis freáticos e barragens do Sul e do Sudeste, regiões que concentram o maior número de usinas hidrelétricas.
As florestas bombeiam umidade e são fundamentais para que os rios voadores sigam seus cursos e distribuam as chuvas de forma equilibrada ao longo do caminho, também são importantes na proteção dos recursos hídricos, na medida em que regularizam as bacias hidrográficas, seja na precipitação das chuvas, seja na prevenção da erosão do solo a recarga de reservas subterrâneas, na retenção de águas para formação das chuvas, na umidificação do ar, indução do equilíbrio no ciclo hidrológico, além de propiciar a regulação do clima. A floresta Amazônica tem uma grande capacidade de puxar a umidade do oceano para o continente, em lugares sem cobertura florestal, o ar que entra no continente acaba secando e resulta em desertos em terrenos distantes do litoral, a floresta amazônica atuaria então como uma bomba d´água que “puxa” a umidade dos oceanos, sendo assim, a redução da floresta afeta o transporte de umidade atmosférica para outras regiões por meio dos rios voadores. Porém o desmatamento só avança e a floresta tem os padrões de pressão alterados, o que pode causar o declínio dos ventos carregados de umidade que vem do oceano para o continente, perda da capacidade bombear e reciclar água, a bomba biótica de umidade fica quebrada, debilitando a habilidade de trazer ar úmido e sem árvores a chuva na região pode cessar por completo. 
A devastação da cobertura vegetal, impede a evapotranspiração – o menor índice de área de folhagem e a menor capacidade de estocagem de umidade do solo na situação desmatada têm como efeito a redução da taxa média de transpiração – e o ciclo hidrológico não se completa, já que a água escorre ou infiltra no solo, não retornando à atmosfera. Com a redução da evapotranspiração, a floresta diminui a quantidade de água bombeada para a atmosfera, dessa forma contribuindo para redução na precipitação, essa redução na precipitação pode criar condições favoráveis para alteração da estrutura da floresta e a mesma se dá em razão do maior albedo, menor profundidade das raízes, menor rugosidade e menor índice de área de folhagem, fatores que levam à diminuição do calor latente, causando redução significativa na evapotranspiração e, daí, decréscimo no fornecimento de água para a atmosfera. O desmatamento também modificará o tempo de permanência da água na bacia, por diminuir a permeabilidade do solo e, consequentemente, o seu armazenamento em reservatórios subterrâneos, a redução do período de trânsito das águas determinará inundações mais intensas durante os períodos chuvosos, enquanto a diminuição dos reservatórios subterrâneos reduzirá a vazão dos rios nos períodos secos. Além da diminuição da umidade atmosférica para a formação de chuva, o desmatamento é capaz ainda modificar a vegetação que pode não reaparecer, cria-se desta forma uma nova comunidade vegetal, reduz capacidade de o terreno reter água, diminui a fertilidade do solo e acelera o processo de erosão, diminui biodiversidade e a geodiversidade na região.
Os rios voadores são tão vulneráveis às ações humanas quanto os outros rios que conhecemos, representam um sistema totalmente conectado e dependente da preservação florestal, caso o desmatamento e destruição da Floresta Amazônica continuem no ritmo acelerado em que se encontram, os rios voadores serão extremamente afetados. Com uma quantidade menor de árvores para realizar a evapotranspiração, menos água será levada pelos rios, consequentemente, as regiões pelas quais passam os rios voadores terão menos chuvas, prejudicando o seu clima e vegetação, toda a água que chega à atmosfera oriunda dos continentes chegou lá através da transpiração das plantas, e somente pouco mais de 10% como simples evaporação sem mediação das plantas. Como essa transferência por transpiração se dá com grande absorção de calor na superfície, as plantas interferem – e muito – com a chuva, os ventos e o clima.
3.1Eutrofização, zonas mortas marinhas (“Dead Zones”) e os ciclos do nitrogênio de fósforo
Ações promovidas pelo homem alteram o ciclo dos nutrientes com consequências graves para o equilíbrio ambiental e para a própria saúde humana, algumas dessas ações podem levar a liberação descontrolada de nutrientes nos corpos d’água e ocasionar o processo de eutrofização antrópica, que é o enriquecimento excessivo da água causado por drenagem de fertilizantes agrícolas, águas pluviais de cidades, detergentes, rejeitos de minas e drenagem de dejetos (humanos e animais). Esse fenômeno causa mudanças significativas nos mais diversos níveis da cadeia trófica, pois altera os ciclos biogeoquímicos do CNP e, como consequência, também altera a diversidade e biomassa dos produtores primários, além disso a floração de espécies tóxicas de fitoplâncton e de macroalgas oportunistas são eventos comumente reportados em sistemas eutrofizados e isto resulta na perda de bens e serviços ecossistêmicos, como a produção de pescados, o sequestro de carbono, a manutenção da qualidade da água e diversos outros processos modelados pela produção primária
Quando os resíduos da eutrofização antrópica ocasionam concentrações excessivas de nutrientes, principalmente nitrogênio e fósforo, o fitoplâncton prolifera e ocorre um grande aumento no crescimento de algas, mas ao invés de fornecer mais comida e oxigênio, essa onda de crescimento tem consequências mortais. Na ocasião em que os fitoplânctons morrem, eles descem para o fundo do mar e são digeridos por microrganismos, o processo consome o oxigênio da água do fundo, criando zonas de baixo teor de oxigênio, hipoxia, às vezes, essas zonas são anóxicas, ou seja, sem oxigênio algum. Conforme mais algas crescem na superfície, elas bloqueiam a luz do sol para as plantas abaixo, essas plantas privadas de luz morrem e se decompõem em um ciclo que vai reduzindo cada vez mais o suprimento de oxigênio já deficitário na água, com o tempo, isso pode reduzir o teor de oxigênio e cria uma zona morta (Dead Zones) inabitável.
 Zonas mortas são áreas em que há baixa concentração de oxigênio dissolvido, com consequente perda de biodiversidade, principalmente de animais bentônicos, à medida em que o índice de oxigenação diminui, tende a diminuir proporcionalmente o número de espécies e de indivíduos que povoam a região e essas zonas podem surgir em todos os ambientes, inclusive os marinhos. A distribuição global de zonas mortas está associada aos grandes centros populacionais e a grandes corpos d’água que promovem a entrada de nutrientes, já que a causa das mesmas é a eutrofização. As zonas mortas alteram os processos biogeoquímicos que ocorrem em sistemas estuarinos, como a desnitrificação e o tamponamento de fósforo. A desnitrificação é um importante mecanismo na retirada de N do sistema para a atmosfera, sendo mediado por um grupo diversode bactérias e a fauna bêntica, porém os organismos bentônicos não sobrevivem sob condições hipóxicas, o que afeta o acoplamento entre os processos de nitrificação e desnitrificação na interface água-sedimento. O sedimento dos estuários também pode atuar como fonte ou sorvedouro de fósforo, potencializando ou controlando o processo de eutrofização, nas zonas mortas o fósforo é liberado do sedimento para a coluna de água, devido a dessorção das ligações iônicas. 
Referências
https://riosvoadores.com.br/o-projeto/fenomeno-dos-rios-voadores/
https://www.funbio.org.br/rios-voadores/#:~:text=O%20ciclo%20hidrol%C3%B3gico%20mantido%20pelos,maior%20n%C3%BAmero%20de%20usinas%20hidrel%C3%A9tricas.
https://www.youtube.com/watch?v=uxgRHmeGHMs
http://www.pbmc.coppe.ufrj.br/documentos/futuro-climatico-da-amazonia.pdf
https://www.conectas.org/wp/wp-content/uploads/2018/12/Relatorio_Mudancas_Climaticas-Amazonia.pdf
https://d2ouvy59p0dg6k.cloudfront.net/downloads/o_futuro_climatico_da_amazonia_versao_final_para_lima.pdf
https://iwra.org/member/congress/resource/PAP00-5916.pdf
http://repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/11108/1/Tese_EfeitosDesmatamentoSobre.pdf
https://conexaoplaneta.com.br/blog/desmatamento-de-grandes-florestas-ameaca-existencia-dos-rios-voadores-e-seu-papel-fundamental-para-a-ocorrencia-de-chuvas/
https://vimeo.com/279543288
http://portal.virtual.ufpb.br/biologia/novo_site/Biblioteca/novos/ecologia.pdf
https://pt.khanacademy.org/science/biology/ecology/biogeochemical-cycles/v/eutrophication-and-dead-zones
https://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/fisicaequimica/relacaodedocentes973/eutrofizacao-dos-corpos-d-agua.pdf
https://periodicos.ufsm.br/reget/article/viewFile/6430/pdf
file:///C:/Users/user/Downloads/AlexCabral_BIOGEOQUMICAEESTADOTRFICODEUMESTURIO-LAGUNARSUBTROPICAL.pdf

Continue navegando