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TECIDO ÓSSEO O tecido ósseo assume sua importância ao dar suporte para tecidos moles, proteção de órgãos vitais (na caixa craniana e torácica, como o coração, o cérebro, pulmão e medula espinal); alojamento de proteção da medula óssea (local de hematopoiese, ou seja, de síntese de células sanguíneas); apoio aos músculos esqueléticos (fixação dos músculos aos ossos pelos tendões, permitindo um sistema de alavancas); depósito de íons fosfato e cálcio (cerca de 99% do cálcio corporal está armazenado nos ossos); por fim, o tecido ósseo realiza a absorção de toxinas e metais pesados, sendo prejudicial a ele. Em conceito, o tecido ósseo, assim como o tecido cartilaginoso, é um tipo especializado de tecido conjuntivo. Portanto, apresenta uma matriz extracelular óssea, cuja principal característica para compor este tecido é estar CALCIFICADA, sendo formada por duas porções: uma orgânica e outra inorgânica. Também, por ser tipo especializado de tecido conjuntivo, possui células que, por exemplo, produzem e secretam substâncias para esta matriz óssea. São as células: osteócitos (embebidos na, envoltos pela matriz óssea); osteoblastos (localizados na periferia e superfície do tecido ósseo) e osteoclastos (células especiais, maiores, multinucleadas, de citoplasma acidófilo, que realizam a reciclagem óssea, reabsorção de cálcio e consequente remodelagem óssea). Por fim, envolvendo esse tecido ósseo, estão as células mesenquimais e os vasos sanguíneos contendo hemácias. Como a matriz extracelular óssea, calcificada, é extremamente mineralizada e rígida, são necessárias técnicas histológicas especiais, para evitar, por exemplo, que o micrótomo quebre. Há, basicamente, duas técnicas: desgaste do tecido ósseo (fricção e desabastecimento do osso, deixando-o fino o suficiente para ser atravessado pela luz do microscópio, sendo uma técnica que não preserva as células, além de permitir o estudo da matriz calcificada apresentando canalículos, onde estavam as projeções citoplasmáticas, bem como lacunas, onde estavam os osteócitos). Também, existe a técnica da descalcificação do tecido ósseo, diminuindo sua rigidez e permitindo a secção no micrótomo. Esta técnica possibilita o estudo das células e das fibras de colágeno na matriz. A retirada de cálcio é feita por meio de imersão do osso em solução ácida diluída (como ácido nítrico) ou em solução com substância quelante (EDTA). Porém, não é possível encontrar, nesta técnica, os canalículos. CÉLULAS DO TECIDO ÓSSEO OSTEOBLASTOS Os osteoblastos são derivados, originados a partir de células osteoprogenitoras (semelhante às células do tecido cartilaginoso, com os condroblastos oriundos de células condrogênicas). Localizados na superfície do tecido ósseo, estão dispostos lado a lado, formando fileiras (PARECIDO com um epitélio, embora este não seja formado). Quando estão ativos, os osteoblastos produzem e secretam componentes da matriz extracelular óssea, apresentando-se com núcleo esférico, alta presença de eucromatina (para aumentar a síntese proteica) e citoplasma basófilo. Os osteoblastos ativos sintetizam a parte orgânica da matriz óssea, como colágeno tipo I, proteoglicanos e glicoproteínas (como osteonectina, que facilita a deposição de Ca2+ na matriz; osteocalcina, que estimula osteoblastos; osteopontinas e sialoproteínas ósseas, de adesão celular à matriz). Além disso, os osteoblastos produzem RANKL e Fator de Estimulador de Colônia de Macrófagos (M-CSF), importante para os osteoclastos, e secretam também fosfatase alcalina. Porém, os osteoblastos podem se encontrar inativos, com citoplasma de basofilia diminuída e núcleo mais pavimentoso, sendo denominados de células de revestimento ósseo, pois produzem pouquíssimos componentes da matriz óssea, estando praticamente quiescentes. E m situações de crescimento ósseo, os osteoblastos são estimulados a se reativarem, voltando a secretar a parte orgânica da matriz. Como produzem os compostos orgânicos da matriz extracelular óssea, os osteoblastos são providos de abundante REG (Retículo Endoplasmático Granuloso), Aparelho de Golgi numerosa vesículas de secreção (lembrando a via biossintética secretora). Ao lançarem a matriz óssea, esta não está calcificada, sendo denominada de osteoide, pois ainda receberá o fosfato de cálcio. Em volta, imediatamente, de osteoblastos e osteócitos, há presença deste osteoide não calcificado. O depósito de matriz ocorre ao redor do corpo da célula e de seus prolongamentos citoplasmáticos (unidos por junções comunicantes). Conforme a matriz vai se depositando, a célula passa a ficar presa (passando de osteoblasto a ser chamada de osteócito), alojada em um espaço chamado de LACUNA, enquanto seus prolongamentos citoplasmáticos (importantes para transporte de substâncias) ficam alojados em CANALÍCULOS. OSTEÓCITOS São osteoblastos que foram envoltos, aprisionados pela matriz óssea recém-sintetizada. Os osteócitos apresentam núcleo achatado e citoplasma pobre em organelas. Estão aprisionados e envoltos pela matriz óssea, em espaços denominados lacunas. Cada lacuna contém somente UM OSTEÓCITO (diferente do tecido cartilaginoso, o tecido ósseo não conta com grupos isógenos, isto é, só há um osteócito dentro da lacuna). De cada lacuna, partem os canalículos, contendo os prolongamentos citoplasmáticos. Estes, no interior dos canalículos, se conectam com prolongamentos de outras células através de junções comunicantes, permitindo a passagem de pequenas moléculas e íons. Pelos canalículos, também passa o fluido extracelular, com seus nutrientes e metabólitos. Os osteócitos são responsáveis pela manutenção do tecido ósseo, através da secreção de uma quantidade pequena de matriz extracelular e metaloproteinases (MMP) enzimas para componentes da MEC. Além disso, apresentam mecanorreceptores (que permitem a expressão gênica para remodelagem óssea e até mesmo a apoptose). Podem estar quiescentes ou não, estando ativos apresentando RERs e Aparelhos de Golgi, inclusive nucléolos para a síntese proteica, além de mais eucromatina. Em ocasiões de reabsorção óssea, para regulação de calcemia, há mais expressão das organelas de síntese e secreção proteica, devido à liberação de MMPs e fatores que estimulam os osteoclastos a promoverem reabsorção e remodelação ósseas. Lembrando, os canalículos apresentam sua importância devido ao transporte de nutrientes, gases e metabólitos entre os osteócitos, mantendo-os vivos. Diferente da matriz extracelular cartilaginosa, rica em ácido hialurônico e muito hidratada, a matriz extracelular é extremamente rígida e calcificada, dificultando em muito a difusão de nutrientes e gases, pelo tecido, até aos osteócitos. Dessa forma, não existe difusão de substâncias pela matriz óssea calcificada, apesar de o tecido ósseo ser vascularizado, diferente do tecido cartilaginoso. Dessa forma, os prolongamentos contam com junções comunicantes que permitem trocas de moléculas e íons. OSTEOCLASTOS Os osteoclastos são oriundos da medula óssea (no sistema mononuclear fagocitário, sendo caracterizados como os macrófagos do tecido ósseo). São células móveis (que apresentam mobilidade) e gigantes. São multinucleadas (com até cerca de cinquenta núcleos). Apresentam ramificações irregulares e citoplasma acidófilo. Somente estão presentes em locais do tecido ósseo de remodelação óssea, realizando a digestão e a absorção óssea. Devido ao efeito que promovem de reabsorção, acabam por se localizar em regiões de depressões rasas no tecido, as ditas Lacunas de Howship. Após realizarem a absorção óssea, sofrem apoptose. Como são ativados? Os osteoblastos produzem três fatores: Fator Estimulante de Colônia de Macrófagos (M-CSF). Este promove a diferenciação de células da medula em osteoclastos, além da expressão de RANK em osteoclastos. Outro fator é o RANKL, ligante de RANK no osteoclasto, induzindoa fusão entre eles, formando o típico osteoclasto, gigante e multinucleado. Por fim, secretam a osteoprotegerina (ORG), que interage com a RANKL, inibindo a formação de osteoclastos, em situações de não necessidade de remodelação óssea. Para que o osteoclasto permaneça na sua função de promover a reciclagem óssea, ele necessita secretar um produto que digere o tecido e o reabsorva. Sendo assim, quando o osteoclasto entra em contato com o tecido ósseo, aquele produz zonas claras, presas nas extremidades, que são zonas de vedação compostas de filamentos de actina (impedindo a entrada da MEC para a depressão da zona pregueada, formando um cinturão de retenção). A zona pregueada recebe esse nome devido aos prolongamentos dos osteoclastos no espaço. Consiste de uma região isolada, com vários prolongamentos citoplasmáticos digitiformes. Estes são ricos em bombas de H+, que lançam prótons ao espaço isolado, formando um ambiente ácido que confere ótimo funcionamento de enzimas colagenases e hidrolases, que digerem a matriz. Dessa forma, conclui-se que é bem desenvolvido o sistema endossômico nos osteoclastos. Através de uma enzima anidrase carbônica, CO2 e H2O são unidos para formar H2CO3, que ioniza liberando H+ para as bombas e HCO3 - para ser trocado com Cl- através de um transportador. As bombas de H+ acidificam o microambiente delimitado pela zona clara, dissolvendo os componentes inorgânicos da matriz e conferindo melhor atividade enzimática das secretadas. A exocitose de enzimas lisossomais e metaloproteinases degrada os componentes orgânicos da matriz óssea. Há hormônios, como o paratormônio, secretado pela paratireoide que, ao entrar em contato com receptores dos osteoblastos, fazem com que estes liberem fatores elevadores de número e função dos osteoclastos, no intuito de regular a calcemia (concentração de cálcio na corrente sanguínea), através da digestão de tecido ósseo. Outro hormônio, de ação oposta, é a calcitonina, secretada pelas células foliculares da tireoide. Este hormônio atua no receptor de osteoclasto, inibindo sua atividade, fazendo com que sofra apoptose. Ocorre em situações de suficiente quantidade de cálcio no sangue, precisando ser armazenado no tecido ósseo. MATRIZ ÓSSEA A matriz óssea é constituída de duas porções: uma inorgânica (representando cerca de 65%), sendo composta de cristais de hidroxiapatita (cálcio e fósforo associados), além de bicarbonato, magnésio, potássio, sódio e citrato. Já a porção orgânica, por sua vez, corresponde a 35% da matriz óssea. Sua composição, de 90 a 95%, é de colágeno tipo I, responsável pela acidofilia da matriz, além de conter, na substância fundamental, proteoglicanos, glicosaminoglicanos sulfatados, ácido hialurônico, glicoproteínas e fatores de crescimento, como a BMP, Proteína Morfogenética Óssea. Essas glicoproteínas são responsáveis por participarem do processo de calcificação da matriz e são responsáveis por ligações entre células e matriz (osteocalcina, osteopontina e sialoproteínas óssea). A associação entre hidroxiapatita e fibras de colágeno é importante para conferir rigidez e resistência ao tecido ósseo, ou seja, é essencial que estejam presentes elementos inorgânicos e orgânicos. Se o tecido ósseo sofrer um processo de descalcificação óssea, com remoção da parte inorgânica, o osso se torna extremamente flexível, não rígido, embora resistente. Por outro lado, se o osso sofre a extração de seu componente orgânico, como o colágeno, torna-se quebradiço. As superfícies interna e externa dos ossos são recobertas por células osteogênicas e tecido conjuntivo. A superfície externa ao tecido ósseo é denominada periósteo, tendo uma camada externa contendo tecido conjuntivo denso, e uma camada interna contendo células osteoprogenitoras, que se diferenciam, sob determinados estímulos, em osteoblastos e, posteriormente, em osteócitos. O periósteo está presente em todos os ossos, com exceção de articulações e locais de inserção de músculo e tendão. Já o endósteo, por sua vez, reveste as cavidades dos tecidos ósseos, como as trabéculas de ossos esponjosos, canal medular, canais de Havers e Wolkmann, consistindo de uma monocamada de células osteoprogenitoras que, sob determinados estímulos, pode formar osteoblastos. Por meio do periósteo, há a entrada de vasos no tecido ósseo, e através de periósteo e endósteo, há o fornecimento de novos osteoblastos para crescimento e recuperação óssea, por meio das células osteoprogenitoras. Estas, em condições de baixa tensão de oxigênio, podem se transformar em células condrogênicas, típicas de tecido avascular. TIPOS DE TECIDO ÓSSEO Considerando a observação macroscópica do osso, há dois grupos de tecido ósseo: tecido ósseo esponjoso (trabecular) e tecido ósseo compacto (denso). Estes tecidos possuem a mesma estrutura histológica básica, isto é, a mesma composição. O trabecular está mais presente na epífise, enquanto o compacto é mais presente na diáfise. Em ossos longos, como o fêmur, na diáfise, há um canal medular, preenchido pela medula óssea, além desta estar presente nos espaços do osso esponjoso. Considerando a observação microscópica do osso, há dois tipos histológicos de tecido ósseo, que diferem em sua composição: o Tecido Imaturo ou Primário, caracterizado por ser o primeiro tecido que se forma durante o desenvolvimento embrionário do esqueleto, ou após alguma lesão para reparo. Além dele, há o Tecido Maduro, Secundário ou Lamelar, que substitui o tecido primário. Ambos os tipos de tecido apresentam os mesmos tipos celulares (osteoblastos, osteoclastos e osteócitos) e os mesmos constituintes de matriz extracelular (parte orgânica e inorgânica). Porém, entre as diferenças, está a orientação das fibras de colágeno (no Tecido Imaturo, as fibras estão dispostas irregularmente, sem um padrão; enquanto isso, no Tecido Maduro, as fibras de colágeno estão distribuídas regularmente, constituindo lamelas). Também como diferença, está o número de células, existentes em maior número no Tecido Imaturo, enquanto o Tecido Maduro apresenta menos. Por fim, a matriz do tecido maduro é muito mais calcificada que a do tecido imaturo. Nos tecidos maduros, além de lamelas dispostas “paralelamente”, há fibras de colágeno que se organizam em torno dos canais de Havers, formando os sistemas de Havers, associação de lamelas de fibras de colágeno tipo I em volta de canais de Havers (contendo nervos e vasos sanguíneos, linfáticos), apresentando disposição circular. Como visto, o tecido primário ou imaturo tem suas fibras colágenas sem organização definida, menor quantidade de minerais (menor a calcificação) e maior a proporção de osteócitos (maior número de células). É o primeiro tecido ósseo a se formar (presente no desenvolvimento fetal e no reparo de fraturas, sendo, com o tempo, reabsorvido e substituído pelo tecido ósseo secundário). Em adultos, o tecido ósseo primário é encontrado (sem substituição) em suturas de ossos cranianos, alvéolos dentários (permitindo aparelhos ortodônticos) e nas inserções de tendões. No tecido secundário ou maduro, são possíveis de encontrar fibras colágenas organizadas em lamelas, podendo estar: paralelas umas às outras, ou concêntricas em torno de canais com vasos (linfáticos, sanguíneos e nervos), formando Sistemas de Havers (também denominados ósteons). Esse Sistema é encontrado somente nos adultos, em ossos compactos. No osso esponjoso, são apenas encontradas lamelas paralelas. No osso compacto, as fibras de colágeno do tecido ósseo maduro organizam-se em lamelas. Estas, evidentes na diáfise de ossos longos, podem se organizar em lamelas circunferenciais externas (abaixo do periósteo), lamelas circunferenciais internas (acima do endósteo, envolvendo a cavidade medular), ósteons (Sistemas de Havers, compostos de lamelas concêntricas em torno),lamelas intersticiais (resquícios de ósteons que sofreram remodelamento, em constante processo de formação e regeneração de lamelas, estando entre sistemas). Lembrando, os canais de Havers acompanham o eixo longo do osso. O sistema de Havers, ou ósteon, é formado por lamelas concêntricas em torno de um espaço vascular (canal de Havers). O canal de Havers contém vasos sanguíneos e nervos, sendo paralelo a diáfises de eixos longos e revestido por endósteo. Ao longo das lamelas, são encontradas lacunas ocupadas pelos osteócitos e canalículos, ocupados pelos prolongamentos citoplasmáticos dos osteócitos. Ao final externo do sistema, há o cimento, que delimita um ósteon, sendo matriz calcificada pobre em colágeno. Em torno de um canal de Havers, costumam existir de quatro a vinte lamelas, sendo esse sistema típico de ossos compactos. A comunicação destes canais de Havers entre si, com a medula óssea e com a superfície externa do osso se dá pelos Canais de Wolkmann (transversos), que não são circundados por fibras colágenas em lamelas concêntricas. Os nutrientes e oxigênios são transportados em sentido centrífugo, em direção ao cimento, abastecendo as células, além de limitar o tamanho do sistema por número de lamelas devido ao transporte lento (lembre-se da incapacidade de difusão em matriz óssea). HISTOGÊNESE As células osteoprogenitoras (derivadas das células mesenquimais indiferenciadas), presentes na camada interna do periósteo e no endósteo, são estimuladas por fatores específicos, estando ativas durante o período de crescimento ósseo intenso, constituindo osteoblastos e, posteriormente, osteócitos. Há dois tipos de ossificação, ou seja, de formação de tecido ósseo: a ossificação endocondral (principalmente em ossos longos) e a ossificação intramembranosa (principalmente em ossos do crânio). Independentemente do tipo de ossificação, o primeiro tecido ósseo a se formar é o primário (imaturo), sendo este, pouco a pouco, substituído por tecido ósseo secundário, maduro ou lamelar. OSSIFICAÇÃO INTRAMEMBRANOSA De início, existem células mesenquimais indiferenciadas (irregulares, com prolongamentos citoplasmáticos, altamente espaçadas e com grande matriz extracelular entre elas). Sob estímulos específicos, estas células mesenquimais indiferenciadas (que são altamente vascularizadas e bem protegidas) se agrupam, formando aglomerações, denominadas Centros de Ossificação Primária. Sofrem alterações, até se diferenciarem em osteoblastos, que irão produzir matriz extracelular óssea não calcificada (osteoide). Envoltos por essa matriz, passam a ser denominados de osteócitos, enquanto a matriz sofre processo de mineralização (calcificação). De início, é formado o tecido ósseo primário ou imaturo, pois o osteoide produzido é bem celularizado, com fibras colágenas tipo I não organizadas em lamelas, além de ser menos calcificado. Lembrando, os osteócitos estão envoltos por matriz óssea calcificada, sendo que o corpo ocupa a lacuna, enquanto os prolongamentos citoplasmáticos ocupam os canalículos. Posteriormente, o tecido ósseo será substituído em tecido secundário. As regiões altamente vascularizadas com células mesenquimais indiferenciadas darão origem às medulas ósseas. Além disso, a matriz óssea mineralizada envolvendo os osteócitos dará origem à trabécula óssea. Por fim, é importante a presença de osteoclastos para remodelarem, várias vezes, o tecido ósseo em formação. A ossificação intramembranosa ocorrem em ossos planos do crânio, face, clavícula e mandíbula. Também é importante para o crescimento de ossos curtos, bem como o aumento de espessura de ossos longos. Vale lembrar que os centros de ossificação primários vão aumentando de tamanho, se aproximando e, consequentemente, se unindo. OSSIFICAÇÃO ENDOCONDRAL Enquanto a ossificação intramembranosa provém de um tecido mesenquimal indiferenciado, com células mesenquimais altamente vascularizadas, a ossificação endocondral requer um molde prévio, tem seu início sobre uma peça de cartilagem hialina, de forma parecida com a do osso que será formado, porém de tamanho menor. Essa ossificação ocorre na maioria dos ossos curtos e longos. A cartilagem hialina pré-existente, a princípio, passará por modificações e será substituída por tecido ósseo (E NÃO TRANSFORMADA). De início, os condrócitos passarão por um processo de hipertrofia, acumulando glicogênio no citoplasma e sofrendo processo de vacuolização (formação de vacúolos). Provavelmente por uma sinalização, a matriz extracelular cartilaginosa sofre mineralização e calcificação, deteriorando a capacidade de difusão de nutrientes e gases aos condrócitos pela matriz (redução da hidratação e aumento de rigidez), levando essas células à morte por apoptose. Em seguida, é necessário um aumento de vascularização local (mais especificamente, no pericôndrio), com consequente chegada de células precursoras da medula óssea. Como as células condrogênicas recebem maior oxigenação (devido à vascularização), estas se diferenciam em células osteoprogenitoras (devido à maior tensão de O2). As células osteoprogenitoras irão se diferenciar em osteoblastos, que farão a deposição da matriz óssea sobre a matriz cartilaginosa calcificada. Também, o pericôndrio se diferencia em periósteo. Lembrando, o tecido cartilaginoso é substituído por tecido ósseo (não há transformação de um tecido em outro). É possível diferenciar o tipo de ossificação durante a deposição da matriz na endocondral. Ou seja, durante a ossificação endocondral, há tecido cartilaginoso e matriz óssea (já com alguns osteócitos) sendo depositada, pelos osteoblastos, sobre a matriz cartilaginosa calcificada. Como a matriz óssea é rica em fibras de colágeno tipo I e a matriz cartilaginosa é rica em fibrilas de colágeno tipo II, há um a diferença de coloração, não presente na ossificação intramembranosa, em que há apenas secreção de matriz óssea. FORMAÇÃO DE OSSOS LONGOS De início, na parte média da diáfise, há uma ossificação intramembranosa do pericôndrio, formando o colar ósseo. As células mesenquimais indiferenciadas, sob estímulos específicos, se diferenciam em osteoblastos, que irão produzir a matriz óssea no entorno. Assim, dificulta-se a difusão de nutrientes e oxigênio aos condrócitos (devido à calcificação), que iniciam a hipertrofia e o processo de apoptose e morrem. Com a produção de matriz óssea pelos osteoblastos e a calcificação da matriz cartilaginosa, essa se mineraliza. Em seguida, os vasos sanguíneos do periósteo penetram a cartilagem calcificada levando, além de células sanguíneas, células osteoprogenitoras. Assim, dentro da diáfise, os osteoblastos iniciam a síntese de osteoide (matriz óssea não calcificada ou mineralizada) sobre a matriz cartilaginosa calcificada. Inicia-se a mineralização da matriz óssea. Com o decorrer deste processo, forma-se o Centro Primário de Ossificação, na porção média da diáfise, com o crescimento rápido e longitudinal. Além disso, os osteoclastos digerem essa região média, formando a medula óssea. Posteriormente, o Centro Secundário de Ossificação ocorre nas epífises, não simultâneas (uma epífise mais óssea que a outra durante a formação), possuindo crescimento radial e contendo medula óssea. Lembrando, os osteoclastos absorvem o tecido ósseo e o remodelam, com o intuito de formar o canal medular. Vale lembrar que o disco epifisário (entre epífise e diáfise, com a cartilagem epifisária), com o tempo, é substituída por tecido ósseo. Enquanto isso, há uma porção de cartilagem hialina que permanece nas extremidades dos ossos em articulações, a cartilagem articular, em superfícies articulares. Ou seja, há permanência do tecido cartilaginoso na cartilagem articular. Já o disco epifisário, também formado por cartilagem hialina, está entre a diáfise e a epífise, desaparecendo em torno dos vinte anosde idade (crescimento longitudinal dos ossos). No disco epifisário, é possível encontrar regiões na cartilagem hialina (repouso; seriada, com empilhamento dos condrócitos; hipertrófica, com aumento dos condrócitos; calcificada e ossificada). Da epífise à diáfise, há uma classificação do disco epifisário em zonas. Há uma zona de repouso, com cartilagem hialina típica, sem alteração morfológica. Também, existe a zona de proliferação, com intensa proliferação e alinhamento longitudinal dos condrócitos. Seguindo à diáfise, existe a zona de cartilagem hipertrófica, com condrócitos mais volumosos, acumulando glicogênio citoplasmático (sendo menos corados), sofrendo, em seguida, apoptose. A quarta zona é a zona de cartilagem calcificada, em que ocorre mineralização da matriz cartilaginosa (que se apresenta sob a forma de finos trabiques) e apoptose final de condrócitos. Por fim, a zona de ossificação, com aparecimento de tecido ósseo, substituindo o cartilaginoso. Há capilares sanguíneos e células osteoprogenitoras do periósteo invadindo cavidades deixadas pelos condrócitos mortos. A diferença de coloração indica substituição da matriz cartilaginosa pela óssea. Na zona de proliferação, ou seriada, há uma divisão acelerada dos condrócitos, formando fileiras ou colunas paralelas de células empilhadas no sentido longitudinal do osso. Se a velocidade de atividade mitótica da zona de proliferação (ou seriada) for equivalente à velocidade de reabsorção da zona de ossificação => manutenção da espessura do disco epifisário. Após os vinte anos, a velocidade de mitose da zona de proliferação diminui e a zona de ossificação alcança a zona de proliferação e repouso. Com isso, há desaparecimento do disco epifisário e consequente ausência de crescimento longitudinal do osso. CONSOLIDAÇÃO DE FRATURA A partir do momento em que o osso é rompido, há um rompimento dos vãos sanguíneos, com hemorragia local e morte de células ósseas, formando coágulos e havendo remoção de restos celulares e coágulos pelos macrófagos. Em seguida, há proliferação do periósteo e endósteo, aumentando a vascularização e formando um tecido rico em células osteoprogenitoras, que irão se regenerar a fim de repor o tecido ósseo que fora lesado (diferenciação em osteoblastos e consequente produção de matriz óssea). Surge o tecido ósseo primário, não só por ossificação intramembranosa, mas também por ossificação endocondral de pequenos pedaços de cartilagem hialina que se formam (devido ao rompimento dos vasos e a consequente menor oxigenação, que induz diferenciação de células osteoprogenitoras em condrogênicas). Com a retomada da vascularização, a matriz cartilaginosa é substituída pela óssea. Aparecimento do calo ósseo, constituído por tecido ósseo imaturo (mais celularizado, fibras colágenas não organizadas em lamelas e baixa mineralização), que será substituído pelo tecido ósseo lamelar. CONDIÇÕES CLÍNICAS DO TECIDO ÓSSEO Calcitonina => secretada pelas células parafoliculares da tireoide => inibe a atividade de osteoclastos, reduzindo a absorção óssea. Paratormônio => secretado pela paratireoide => estimula a atividade de osteoclastos, elevando a calcemia. Hormônio do crescimento => adenohipófise – aumenta o crescimento. Em falta, provoca nanismo hipofisário. Em altas concentrações, causa gigantismo em crianças. Hormônios sexuais => estimulam a formação de tecido ósseo. Osteopetrose => danos na borda pregueada de osteoclastos, comprometendo a absorção óssea, aumentando a densidade de óssea (menor quantidade de forames para sangues e nervos). Complicações: anemia, cegueira e surdez. Raquitismo => falta de vitamina D, com prejuízo de absorção intestinal. A falta de cálcio (quadro de calcificação incompleta) leva a ossos deformados. Osteomalácia => deficiência de vitamina D prolongada em adultos (fragilidade óssea). A Acromegalia é um quadro decorrente do excesso de hormônio de crescimento em adultos que não apresentam o disco epifisário. Dessa maneira, há espessamento dos ossos por ossificação intramembranosa. Como consequência, causa-se desfiguração de tecidos moles. A Osteoporose é provocada por quedas de estrogênio, em mulheres em pós-menopausa, que provocam menor secreção de matriz óssea e maior atividade de osteoclastos. Ainda pode haver tumores nos ossos; osteomas (osteoblastosmas e osteoclastomas) benignos; osteossarcomas (malignos); condromas (benignos) e condrossarcomas (malignos). Em diartroses, articulações de grande amplitude de movimentos, há a cavidade articular contendo líquido sinovial. Este é um dialisado plasmático rico em ácido hialurônico, secretado pela membrana sinovial (composta de tecido conjuntivo frouxo), e que atua como lubrificante e nutridor da cartilagem hialina.
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