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Sensopercepção: Ilusões e Alucinações

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Curso: Psicologia 
Disciplina: Psicopatologia 
SENSOPERCEPÇÃO
A sensopercepção é a capacidade de captação e codificação de estímulos sensoriais. As distorções na sensopercepção podem ser ilusões ou alucinações. As ilusões são alterações no estímulo recebido e podem ser causadas por diversos fatores como falta de atenção, limitações naturais dos órgãos sensoriais, alterações no sistema de refração, sono, etc. As alucinações são a criação de estímulos inexistentes, e é a que mais interessa numa entrevista clínica. Elas podem ser visuais, auditivas, gustativas e motoras. É importante aqui avaliar se o paciente se dá conta de que sofre tais alucinações. 
É a atividade de incorporar o mundo objetivo ao mundo interno, é trazer o mundo físico para o mundo mental, é colocar-nos em contato direto, intrapsíquico, com o que pudemos apreendendo mundo que nos cerca, ao qual não temos acesso direto. Com a sensopercepção podemos construir em nosso mundo próprio todo um modelo nosso do universo, sem as limitações físicas deste, mas submetido a essas limitações, isto é, podemos analisar; sintetizar; desmembrar e unificar como se estivéssemos manipulando o mundo objetivo, de um modo que, diretamente nele, não seria possível. 
A sensopercepção nos permite, assim, uma nova conquista do mundo, além das suas próprias possibilidades. Se ela não fosse razoavelmente fiel ao mundo externo, isto é, se as suas referências básicas não viessem da realidade objetiva, o nosso mundo interno seria uma imaginação delirante e irreal. Exatamente por se tratar de uma atividade muito confiável, apesar das suas limitações, podemos nos valer dela para lidar com a realidade fora da realidade e, daí, descobrirmos como tornar real o resultado do nosso trabalho. Fazemos questão de ressaltar essa propriedade exclusivamente intrapsíquica da sensopercepção e as possibilidades que ela nos apresenta justamente para distingui-la de uma simples reprodução ou representação da realidade ou uma mera atividade sensorial. 
Na percepção do mundo temos, na verdade, três níveis: o nível sensorial, onde obtemos informações possibilitadas pelas limitações da cada sensorialidade, o nível neuropsíquico, que nos fornece informações sem conteúdo, e o nível sensoperceptivo, que nos abre todas as potencialidades que o conhecimento da realidade pode oferecer. A primeira é um campo puro da neurologia, a segunda da neuropsicologia e a terceira é restrita à psicologia (médica) e à psicopatologia. O fato de representarem campos profissionais completamente distintos é também um dado que revela o quanto tais atividades se diferenciam entre si.
Delimitação dos conceitos de imagem e de representação
O elemento básico do processo sensopercepção é a imagem perspectiva real ou apenas imagem. E se caracteriza pelas seguintes qualidades:
· Nitidez: imagem nítida e seus contornos são precisos
· Corporeidade: a imagem é viva, corpórea, tem brilho e cores.
· Estabilidade: a imagem é estável, não muda.
· Extrojeção: é provinda e percebida no espaço exterior.
· Ininfluênciabilidade voluntária: não consegue alterar voluntariamente.
· Completitude: a imagem apresenta desenho completo e com todos os detalhes. É preciso distinguir o fenômeno imagem e representação. A imagem é o fenômeno que se ocorre. A representação é a reapresentação desde fenômeno na consciência, sem que esteja presente o objeto que a produz. A imagem mnêmica ou representativa se caracteriza por:
Pouca nitidez: contornos borrados.
Pouca corporeidade: não tem a vida de uma imagem real.
Instabilidade: aparece e desaparece facilmente da consciência.
Introjeção: é percebida no espaço interno.
Incompletude: demonstra um desenho incompleto, e apenas alguns detalhes.
A imaginação é uma atividade psíquica, geralmente voluntária, que consiste na evocação de imagens percebidas no passado (imagem mnêmica) ou na criação de novas imagens (imagem criada). A imaginação, ou processo de produção de imagens, geralmente ocorre na ausência de estímulos sensoriais. A fantasia, ou fantasma, é uma produção imaginativa, produto minimamente organizado da imaginação. No sentido psicanalítico, a fantasia pode ser consciente ou inconsciente. Ela se origina de desejos, temores e conflitos tanto conscientes como inconscientes. A produção de fantasias é muito frequente e intensa em crianças.
ALTERAÇOES DA SENSOPERCEPÇÃO
 A imagem nas alterações quantitativas tem intensidade anormal, para maior ou para menos, como hiperestesias, hiperpatias, hipoestesias, anestesias e analgesias. No caso de:
Hiperestesias: as percepções encontram-se anormalmente aumentadas em intensidade ou duração. As imagens visuais são vivas com cores fortes e intensas; os sons parecem ruídos como um barulho intenso que incomoda o aparelho auditivo e os odores mais fortes e penetrantes. A hiperestesia ocorre nas intoxicações por alucinógenos (ocasiona também apósingestão de substancias de cocaína, maconha, entre outras drogas), em algumas formas de epilepsia, na enxaqueca, hipertireoidismo, na esquizofrenia aguda e em certos casos maníacos. 
Hiperpatia: quando uma sensação desagradável (geralmente de queimaçãodolorosa) é produzida por um leve estímulo da pele.
Hipoestesia: é a diminuição da sensibilidade. Na maioria dos estados de depressão pode ser observada diminuição da sensibilidade aos estímulos sensoriais (mundo circunda mais escuro, os alimentos não tem mais sabor, todos os estímulos perdem suas intensidades). Hipoestesiastáteis são decorrentes, em sua grande maioria, por lesões de medula das raízes medulares dos nervos e dos neurônios periféricos. Anestesia tátil causa no indivíduo uma abolição de todas as formas de sensibilidade em determinada área da pele. Anestesias, analgesias, e hipoestesias, em geral, são de causa psicogenética. Ocorrem mais em pacientes depressivos, histéricos e psicóticos graves. Fenômenos próximos a esses conceitos são Parestesias e Disestesias. Parestesias são Sensações espontâneas anormais, espontâneas e não sentidas propriamente como dor (ex: formigueiro, queimadura, picadas) e disestesias são sensações dolorosas ou desagradáveis provocadas por um estímulo que normalmente não o faz, por exemplo, ao estimular a pele do individuo com calor sentirá frio, e ao roçar a pele sentirá dor.
Alterações qualitativas da sensopercepção: 
Compreendem as ilusões, as alucinações, a alucinose e a pseudoalucinação. 
Ilusão: é a percepção falseada ou deformada de um objeto real. Ocorre basicamente em três condições:
1. Estado de rebaixamento do nível de consciência por turvação da consciência, apercepção torna-se imprecisa, fazendo com que os estímulos sejam percebidos deforma deformada.
2. Estados de fadiga grave ou de inatenção marcante. Podem ocorrer ilusões transitórias sem muita importância clinica.
3. Estados afetivos - por sua acentuava intensidade, o afeto deforma o processo de senso percepção, gerando as ilusões catatímicas. Nas ilusões o paciente vê pessoas, monstros entre outras coisas á partir de estímulos visuais como moveis e objetos e também com estímulos sonoros inespecíficos o paciente escuta voz e ou chamamento.
Alucinações: Define-se alucinação como a percepção de um objeto, sem que este esteja presente, sem o estímulo sensorial respectivo. Alucinação é a percepção clara e definida de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença do objeto estimulante real. Alguns autores chamam de alucinações verdadeiras aquelas que têm todas as características de uma imagem perceptiva real (nitidez, corporeidade, projeção no espaço exterior, constância).
Alucinações auditivas: É o tipo de alucinação mais frequente nos transtornos mentais. As alucinações auditivas podem ser divididas em simples e complexas (estas de maior interesse à psicopatologia). Alucinações auditivas simples são aquelas nas quais se ouvem apenas ruídos primários. Elas são menos frequentes que as alucinações auditivas complexas.
A forma de alucinação auditiva complexa mais frequente e significativa em psicopatologia é a alucinação audioverbal, na qual o paciente escuta vozes semqualquer estímulo real. São vozes que geralmente o ameaçam ou insultam. Quase sempre a alucinação audioverbal é de conteúdo depreciativo e/ou de perseguição.
Alucinação visual: são visões nítidas que o paciente experimenta, sem a presença de estímulos visuais. As alucinações visuais podem ser simples ou complexas. As alucinações visuais simples também são denominadas fotopsias. Nelas, o indivíduo vê cores, bolas e pontos brilhantes. Os chamados escotomas, de interesse maior para a oftalmologia, são pontos cegos ou manchas no campo visual. 
As alucinações visuais simples ocorrem com mais frequência em pacientes com doenças oculares, com déficit ou privação visual, mas podem se manifestar também na esquizofrenia, em acidentes vasculares que comprometem as vias visuais, no abuso de álcool, na enxaqueca e na epilepsia. 
As alucinações visuais complexas ou configuradas incluem figuras e imagens de pessoas (vivas ou mortas, familiares ou desconhecidas), de partes do corpo (órgãos genitais, caveiras, olhos assustadores, cabeças disformes, etc.), de entidades (o demônio, uma santa, um fantasma), de objetos inanimados, animais ou crianças. As alucinações visuais complexas podem incluir visões de cenas completas (ex: o quarto pegando fogo), sendo então denominadas alucinações cenográficas. Um tipo curioso de alucinação visual é a chamada alucinação liliputiana, na qual o indivíduo vê cenas com personagens diminutos, minúsculos, entre os objetos e pessoas reais de sua casa (mais frequentes na síndrome de Charles Bonnet). As alucinações cenográficas são relativamente raras, podendo ser observadas nas diversas psicoses. Além dessas, á também alucinações: 
· Táteis;
· Olfativas e Gustativas;
· Cenestésicas e Cinestésicas;
· Funcionais;
· Combinadas (ou sinestesias);
· Extracampinas;
· Autoscópica;
· Hipnagógicas e Hipnopômpicas. 
Alucinose: A alucinação denominada alucinose é o fenômeno pelo qual o paciente percebe tal alucinação como estranha à sua pessoa. Na alucinose, embora o doente veja a imagem ou ouça a voz ou o ruído, falta a crença que comumente o alucinado tem em sua alucinação. O indivíduo permanece consciente de que aquilo é um fenômeno estranho, patológico, não tem nada a ver com a sua pessoa, estabelecendo distanciamento entre si e o sintoma. A alucinose em sua modalidade visual ocorre com maior freqüência em pacientes com intoxicações por substâncias alucinógenas, como LSD, psilobicina, mescalina, anticolinérgicos, ayahuasca, etc.
Pseudo-alucinação: é um fenômeno que, embora se pareça com a alucinação, dela se afasta por não apresentar os aspectos vivos e corpóreos de uma imagem perceptiva real. Apresenta mais as características de uma imagem representativa. Assim, na pseudo-alucinação, a voz (ou imagem visual) percebida é pouco nítida, de contornos imprecisos, sem vida e corporeidade. A vivência é projetada no espaço interno, são “vozes que vêm de dentro da cabeça, do interior do corpo”.
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia de Transtornos Mentais, 2 ed. Porto Alegre: Artmed,2008. Pag.119-136

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