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Dirofilariose e Hipertensão pulmonar Etiologia: Dirofilaria immitis Ciclo: ● Mosquito ingere a microfilária ● A larva ingerida evolui até o estágio L3 ● O mosquito faz o repasto sanguíneo ● As L3 migram pelo subcutâneo transformando-se em L4 em um período de 9 a 12 dias ● Em seguida entram no estágio L5 após 2 a 3 meses de infecção ● Os vermes L5 entram na vasculatura e migram para as artérias pulmonares periféricas dos lobos caudais ● São necessários de 7 a 9 meses para que as L5 se transformem em vermes adultos para se reproduzirem e eliminarem novas microfilárias. ● O mosquito é um hospedeiro necessário. ● ANIMAL HIPERTENSO: Sistólica > 35mmHg; Diastólica: >25mmHg ● Além da dirofilariose , a hipertensão pulmonar pode ser ocasionada por tromboembolismo pulmonar e regurgitação da mitral, e shunt cardíaco congênito. Sinais clínicos de hipertensão pulmonar ❖ Tolerância reduzida a exercícios ❖ Fadiga ❖ dispnéia ❖ tosse ❖ síncope Diagnóstico ● Aumento cardíaco direito e dilatação arterial pulmonar com hipertrofia ventricular direita visto na radiografia e ecografia. Terapia ● Sildenafil ( inibidor da fosfodiesterase 5). Fisiopatologia da dirofilariose: O quadro clínico irá depender da: 1. Quantidade de parasito 2. reação do hospedeiro 3. tempo A D. immitis depende para o seu desenvolvimento da bactéria que alberga, chamada W. pipientis. Por conta dessa relação há grande liberação de endotoxinas e reação do hospedeiro contra proteínas de membrana da Wolbachia o que contribui para inflamação pulmonar e renal. O exercício como fator que aumenta o fluxo pulmonar pode agravar a patologia vascular associada a dirofilariose. O verme induz edema celular endotelial, aumento das junções intracelulares, aumento da permeabilidade endotelial, e edema periarterial. A necrose endoteliais induz agregação plaquetária e ativação de leucócitos. Lesão característica: Proliferação vilosa da miointíma das artérias pulmonares que ocorre após 3 a 4 semanas após a chegada dos vermes adultos. ● Estreitamento do lúmen das menores artérias pulmonares ● Dano endotelial ● Lesoes proliferativas ● Trombose ● O infarto pulmonar é incomum devido a extensa circulação colateral ● Pneumonite eosinofílica por hipersensibilidade contribui para lesões no parênquima ● Vasoconstrição hipóxica leva ao aumento da resistência vascular periférica ● A vasoconstrição pulmonar pode ser exacerbada pela endotelina produzida pelo verme ● O fragmentos do verme podem gerar êmbolos, inflamação e fibrose. ● Pode ocorrer aneurismas ● Dilatação do VD e hipertrofia concêntrica em decorrência da exigência crônica de pressão sistólica aumentada ● ICC ● Os complexos autoimunes e os antígenos podem induzir glomerulonefrite ● Síndrome da veia cava ● Parestesia de membros ● Necrose isquêmica TESTES DA DIROFILARIOSE Teste sorológico ❖ Principal teste para rastreamento ❖ O ag circulante é detectável de 6,5 a 7 meses após a infecção( não há motivos para testas jovens). ❖ Testes de ELISA que detecta ag de fêmeas adultas de dirofilariose ❖ vermes machos não são detectados ❖ a sensibilidade é reduzida com menor prevalência de fêmeas Identificação de microfilárias ❖ Para identificação de pacientes positivos para ag de dirofilárias ❖ `teste obrigatório frente a utilização de dietilcarbamazina usada como preventivo que reduzem a microfilaremia em um período de 6 a 8 meses utilizando o medicamento administrado mensalmente. ❖ Se não há microfilaremia pode ser por uma resposta imune ❖ O teste baseia-se no uso de 1 ml de sangue em um esfregaço sanguíneo ➔ teste de knott ➔ filtro de miliporo Sinais clínicos: ➢ Cães positivos no teste de triagem geralmente são assintomáticos ➢ Idem hipertensão pulmonar ➢ perda de peso, ascite,arritmias cardíacas, febre, cianose, hemoptise, CID, trombocitopenia,hemoglobinúria. Diagnóstico: 1. Radiografia No início da doença na qual há poucos vermes, não há alterações. ❖ Aumento do VD ❖ abaulamento do tronco pulmonar ❖ tortuosidade de artérias pulmonares com a periferia romba ❖ aumento das artérias lobares pulmonares sem distensão venosa simultânea ❖ Infiltrados alveolares e intersticiais pulmonares sugestivos de pneumonite ❖ Fibrose ❖ granulomatose eosinofílica ❖ linfonodos brônquicos aumentados ❖ efusão pleural ❖ hepatoesplenomegalia 2. Eletrocardiografia Geralmente normal , mas pode haver arritmias. Onda P alta sugestivo de aumento atrial direito. 3. Ecocardiografia ❖ Dilatação do VD e AD ❖ Movimento paradoxal do septo ❖ Hipertrofia do VD ❖ Coração esquerdo pequeno ❖ Visualização direta do verme no VD , veia cava e artéria pulmonar ❖ ascite ❖ Regurgitação da tricúspide mesmo se não houver sopro. 4. Laboratorial ❖ Eosinofilia, basofilia, neutrofilia, monocitose ❖ Anemia regenerativa discreta ❖ trombocitopenia( consumo de plaquetas no sistema arterial pulmonar especialmente após tratamento adulticida) ❖ Gamopatia policlonal ❖ Aumento da atividade das enzimas hepáticas ❖ azotemia pré ou renal ❖ hipoalbuminemia ❖ inflamação eosinofílica no lavado traqueal Tratamento: ➢ Cães infectados com dirofilária: tratamento adulticida( Aumenta o risco de tromboembolismo em pacientes com doença pulmonar grave e ICC). ➢ Tratamento adulticida: di-hidrocloreto de melarsomina- eficaz contra vermes maduros ou imaturos Dose inicial------1 mês------duas doses a cada 24 horas (diminui as chances de TEP, deve haver restrição ao exercício) Protocolo de duas doses( casos mais leves, leva em consideração a condição do tutor). ➢ Melarsomina IM aplicado entre L3 e L5 já que fornece boa vascularização e drenagem linfática, além disso a gravidade evita que o medicamento desça para o subcutâneo ➢ AINE para diminuir a dor ( antes da aplicação de Melarsomina) ➢ A melarsomina apresenta diversos efeitos colaterais- Lesão muscular, dispnéia, estertor, ataxia, inquietude, edema local, vermelhidão. CLASSE SINAL CLÍNICO SINAL RADIOGRÁFICO ANORMALIDADE CLINICOPATOLÓGICA 1 Leve ausência de tosse fadiga, discreta perda de condição ---------------------------- ---------------------------- 2 Moderada ausência de tosse fadiga, discreta perda de condição Aumento de VD e algum da Art. Pulmonar Anemia discreta, proteinúria 3 Grave Perda de condições corporais gerais, caquexia, fadiga, tosse, dispnéia ICC Aumento de VD e algum da Art. Pulmonar, evidência de tromboembolismo Anemia e proteinúria grave 4 Grave Síndrome da veia cava ➢ Repouso rigoroso após uso de adulticida por 4 a 6 semanas Terapia microfilaricida ❖ Pode ser fornecida de 3 a 4 semanas após a terapia adulticida ❖ Milbemicina oxima VO ou ivermectina ( pode causar efeitos sistêmicos) ❖ Pode apresentar colapso circulatório , sendo assim utiliza-se prednisolona ou dexametasona IV ou anti-histamínicos diminuindo tais riscos. Complicações tromboembólicas pós adulticidas Após 5 a 30 dias do tratamento a doença arterial pulmonar se agrava. Os vermes mortos provocam trombose e obstrução arterial com exacerbação da adesão plaquetária, proliferação da miointima vascular, hipertrofia vilosa, arterite granulomatosa, edema perivascular e hemorragia, causando hipoperfusão pulmonar e vasoconstrição hipóxica com broncoconstrição, tudo isso leva ao aumento do trabalho do VD e diminuição do débito cardíaco. ➢ Tratamento - Repouso rigoroso -glicocorticóide para diminuir a inflamação pulmonar por 1 semana a cada 24 horas, e depois diminuindo a cada 48 horas por 1-2 semanas. -Oxigenoterapia é recomendada para reduzir a vasoconstrição pulmonar mediada pela hipóxia. -Broncodilatador- aminofilina VO/IM/IV a cada 8 horas ou teofilina VO a cada 8 horas. -Fluidoterapia ( se houver evidência de choque cardiovascular) -Supressores da tosse Complicações pulmonares Pneumonite eosinofílica - reação imunomediada a larva agonizante piora progressiva da tosse estertores taquipneia, dispneia, cianose granulomas eosinofílicos com macrófagos, eosinófilos, proliferação de de músculo liso brônquico e células alveolares.( podem acometer linfonodos, fígado, rins, TGI e baco). Derrame pleural exsudativo e eosinofílicoNódulos pulmonares de tamanho e local variados Linfadenopatia mediastínica ➢ Tratamento Glicocorticóide para a inflamação e a granulomatose VO BID Para granulomatose associar terapia citotóxica adicional- azatioprina/ ciclofosfamida OBS: Retirada do lobo pulmonar gravemente afetado é uma das alternativas relevantes em casos graves. ★ - vasodilatadores: Anlodipina e diltiazem Síndrome da veia cava Fluxo de entrada venoso para o coração está obstruído por uma massa de vermes resultando em choque por diminuição do débito cardíaco. ➢ Anorexia, fraqueza, dispnéia, palidez, hemoglobinúria e bilirrubinúria, ascite, hemoptise, ritmo de galope cardíaco, pulso jugular, tosse, sopro por insuficiência de tricúspide ➢ Anemia hemolítica por lesão eritrocitária, microfilaremia, azotemia, função hepática normal , CID. ➢ Aumento do coração direito e artéria pulmonar ➢ Complicações: Acidose metabólica, CID, anemia ➢ Os vermes devem ser removidos cirurgicamente. Referência: NELSON, Richard; COUTO, C. Guillermo. Medicina interna de pequenos animais. Elsevier Brasil, 2015
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