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O caso clínico reporta a situação de um paciente com hérnia discal cervical a duplo nível que provocou hemicompressão severa do cordão medular resultando em Síndrome de Brown-Séquard. Temos, então, três principais vias que são afetadas na síndrome de Brown-Séquard: o trato corticoespinhal (motricidade voluntária), os tratos espinotalâmicos (sensibilidade superficial) e o cordão posterior (sensibilidade profunda). A hemissecção produz a síndrome de Brown-Sequard, com fraqueza ipsilateral e perda da sensibilidade táctil fina, mas a perda contralateral da sensibilidade térmica e dolorosa situa-se abaixo do nível da lesão. Isso se deve às fibras remanescentes na coluna dorsal, ipsilateral ao tronco cerebral, enquanto as fibras do trato espinotalâmico fazem sinapse e cruzam dentro de um ou dois níveis medulares para, então, trafegar contralateralmente. No caso do paciente, ele teve início de hemiparesia direita e alteração da sensibilidade do hemicorpo à esquerda, após mergulho em rio, tendo como consequência trauma indireto da coluna cervical. Ele teve diminuição da sensibilidade dolorosa e térmica no membro superior e inferior esquerdos. No membro superior direito foi identificada uma área hiperálgica ( sensibilidade exagerada aos estímulos dolorosos) correspondente aos territórios de C5 e C6. O reflexo bicipital e braquiorradial estavam diminuídos do lado direito. Nos membros inferiores foi encontrada hiperreflexia( atividade aumentada dos reflexos), sobretudo à direita. Além disso, teve diminuição da força muscular dos membros superior e inferior direito (3/5). A RM ( ressonância magnética) da coluna cervical mostrou hérnias discais paramedianas direitas nos níveis C4- C5 e C5-C6 com compressão da metade direita da medula espinhal. Cada nível na coluna tem sua raiz e os sintomas são diferentes a depender de onde a Hérnia ocorre. Hérnia C4-5: formigamento na região do deltóide e dificuldade ao afastar o braço do corpo. Hérnia C5-6: dor cervical, na face lateral do braço, antebraço, dorso da mão e polegar, indicador e dedo médio, dificuldade de flexão do antebraço e punho. Maria Luiza Torres O traumatismo é a causa mais comum da síndrome de Brown Séquard, que poucas vezes se apresenta como uma lesão puramente unilateral. A síndrome medular anterior costuma ser causada por uma lesão traumática ou vascular dos dois terços anteriores da medula espinal. Isso resulta em uma perda bilateral da função do trato espinotalâmico (dor e temperatura), bem como uma fraqueza bilateral (interrupção do trato corticospinal ), com preservação funcional da coluna dorsal (sensibilidade táctil fina, propriocepção e sensibilidade vibratória). A síndrome medular central é causada por lesão das estruturas situadas ao redor do canal medular central. Embora isso possa ocorrer de forma aguda com traumatismo, é mais comum apresentar-se com processos crônicos, como neoplasias intra-axiais ou dilatação do canal central (conhecido como siringomielia). Clinicamente, isso leva a uma perda bilateral da sensibilidade térmica e dolorosa nas extremidades superiores, assim como fraqueza na mesma distribuição, com preservação da sensibilidade táctil fina. Anatomicamente, isso ocorre porque o trato espinotalâmico decussam imediatamente anterior ao canal central. Da mesma forma, as fibras motoras que trafegam para as pernas tendem a apresentar um trajeto mais lateral na medula espinhal e, por isso, são poupadas. A medula espinhal contém um conjunto de neurônios que carregam informações do cérebro e tronco encefálico para a periferia (fibras eferentes) e outras que fazem o sentido contrário (fibras aferentes). Essas fibras constituem os tratos que conduzem as vias medulares. O trato corticoespinhal do lado direito foi lesionado, o que interrompe o fluxo dos estímulos motores oriundos do lado esquerdo do córtex que se destinavam à musculatura do lado direito, mas já cruzaram antes de entrar na medula. Portanto, o lado paralisado é o mesmo lado do trato lesionado. Logo, a hemissecção medular causa paralisia espástica IPSILATERAL à lesão No caso do espinotalâmico, o trato do lado direito, que foi lesionado, carrega as informações sensitivas captadas no dimídio esquerdo do corpo. Desse modo, a hemissecção causa perda da sensibilidade térmica, dolorosa, pressórica e do tato protopático CONTRALATERAIS à lesão. O outro trato aferente de extrema relevância para esta síndrome é formado pelos fascículos grácil e cuneiforme, que ocupam o cordão posterior da medula. Essas vias conduzem informações de propriocepção consciente, que é a noção da posição e deslocamento dos membros sem o auxílio da visão, de sensibilidade vibratória e do tato epicrítico (tato fino, discriminativo). A essas vias se atribui, genericamente, a responsabilidade pela sensibilidade profunda. Por fim, como os fascículos grácil e cuneiforme não cruzam em seu trajeto pelo cordão posterior, a secção do lado direito prejudica a função do mesmo lado. Com isso concluímos que Brown-Séquard causa perda da sensibilidade protopática, vibratória e do tato epicrítico IPSILATERALMENTE à lesão.
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