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AULA NÚMERO 09 – KANT E HEGEL Immanuel Kant Kant é considerado um criticista, isto é, em seu pensamento a crítica assume um sentido preciso e se torna uma atitude sistemática; Kant condena essa dicotomia entre empirismo e racionalismo, apontando para um criticismo, ou seja, para a coexistência entre matéria e forma na aquisição de conhecimento; Kant busca superar alternativas consolidadas na sociedade (Ceticismo e Dogmatismo), invertendo a questão tradicional do conhecimento – é preciso, antes, examinar o próprio conhecimento; Kant aponta para a classificação dos juízos: Analíticos (a priori) – A é A e A não é não-A – independe da experiência – Ex: Ou está chovendo ou não Sintéticos (a priori) - responde ao Racionalismo – Ex: 7+5 = 12 Sintéticos (a posteriori) – responde ao Empirismo – Ex: A flor é vermelha Kant desenvolve essas questões na Crítica à razão pura questionando sobre as realidades da Metafísica, tais como a existência de Deus e a imortalidade da alma; Na Crítica à razão prática, de 1788, aborda a fundamentação filosófica. Nesse sentido, o dever (“tu deves”) para Kant significa o momento quando o homem age por dever, sendo a sua ação detentora de um valor moral; Kant aponta para o conceito de imperativos, ou seja, leis racionais que se sobrepõem à vontade humana, podendo ser hipotéticos ou categóricos: Hipotéticos – constitui uma ação que é realizada visando ao alcance de uma finalidade (repleta de interesses) – Ex: Um aluno presenteia o professor em prol da obtenção de uma melhor nota; Categóricos – constitui uma ação moral que é necessária em si mesma, podendo se tornar uma lei universal – Ex: Um passageiro cede o seu assento para uma idosa em um ônibus; Por exemplo, para Immanuel Kant, não faz sentido agir bem com o objetivo de ser feliz ou evitar a dor, para alcançar o céu ou não merecer a punição divina. Destarte, percebe-se críticas evidentes à filosofia clássica (de Aristóteles, por exemplo) e à filosofia cristã (Patrística e Escolástica). Além disso, Kant critica Maquiavel ao apontar para a separação entre Ética e Política; O agir moralmente se funde exclusivamente na razão – o que importa são os fins e nãos os meios. Dessa forma, determina-se, portanto, se o ato é, de fato, genuinamente moral ou possui segundas intenções; PENSADOR (ES) ANÁLISE DA AÇÃO MORAL “NÃO ROUBAR” Pertencentes à Patrística e à Escolástica Ela se funda no sétimo mandamento de Deus Jusnaturalistas (Hobbes e Rousseau) Ela se funda no direito natural Empiristas (John Locke) A norma deriva do interesse próprio pois aquele que desobedece será submetido ao desprazer, à censura pública ou à prisão Kant A norma se enraíza na própria natureza da ação, sintetizando a construção de uma lei universal – “se todos podem roubar, não há como manter a posse do que foi furtado” A moralidade em Kant é independente do afeto, da piedade e da dedução que são juízos subjetivos. Aplicado de forma universal, o dever universal é igual para todos os homens; Por último, é de suma importância relembrar o conceito de Esclarecimento para Kant, o qual o autor define como a transição do ser humano da condição de sujeito menor para a condição de sujeito maior. Nesse caso, não há um respeito à idade mas sim da capacidade do homem de agir de forma racional e reflexiva, isto é, autônoma e independente de regras ou interesses. A título exemplificativo, pode-se citar o dilema entre um indivíduo que dirige com uma velocidade em prol da sua proteção e do bem comum (autônomo – sujeito maior) daquele que dirige em alta velocidade e freia bruscamente em determinadas ocasiões para escapar de multas (heterônomo – sujeito menor) Frederich Hegel Alemão que continuou vivendo a contradição (expectativa x realidade) de modo que a Alemanha ainda não havia se unificado, estando mergulhada na ordem feudal; A dialética-idealista de Hegel é uma filosofia do devir, estabelecendo os princípios de uma nova lógica – a dialética; Segundo a dialética hegeliana, todas as coisas e ideais morrem. O movimento da dialética se faz em três etapas – tese (ideia prévia), antítese (negação da tese) e síntese (consenso motivado pela luta entre os contrários). Por exemplo, durante muito tempo se consolidou a tese de que em “briga de marido e mulher não se mete a colher”. Todavia, acima de cônjuges, esses indivíduos são seres humanos e, por conseguinte, não merecem estar submetidos à violência (antítese). Daí, conclui-se que é imprescindível a realização de medidas voltadas para solucionar aquela ocasião e para evitar futuras repetições (síntese); Hegel busca entender se é a percepção sensível ou a intelectualidade que é mais preponderante na modificação da realidade; Na fenomenologia do espírito, encontra-se inserida a dialética do senhor e do escravo ilustrada por Hegel. Destarte, percebe-se que há uma relação mútua de dependência, uma vez que o senhor somente se mantém nessa condição enquanto o escravo o reconhece como tal. Portanto, o escravo que depende em princípio do senhor, torna-se senhor da consciência do seu próprio amo; O trabalho, para Hegel, surge, então, como expressão da liberdade reconquistada. Dessa abordagem dialética resulta o novo conceito de história, sendo um resultado do verdadeiro engendramento, de um processo cujo motor interno é a contradição dialética. Em síntese, a história seria uma manifestação da razão universal; No movimento dialético, a razão passa pelas formas mais complexas da vida social, entre essas, estaria a vontade coletiva dos homens, manifestado por meio da Moral, do Direito e da Política, que se realizam no mundo da cultura; Inspirado em Kant, Hegel propõe a denominada Filosofia do Dever, ou seja, de ser como processo, como movimento, como vir-a-ser; A verdade para Hegel deixa de ser um fato para ser um resultado do desenvolvimento do espírito; O espírito seria submetido a três subclassificações: Subjetivo – contempla as vontade subjetivas (emoção, desejo, imaginação...) Objetivo – expressão da vontade coletiva; Absoluto – terminado o seu trabalho, transforma-se em uma nova tese, materializando-se na cultura; Conforme mencionado anteriormente, Hegel defende que a história é um processo cujo motor interno é a contradição; Para Hegel é necessário haver na dimensão humana um elemento ordenador, que ponha permanentemente o projeto racional em exercício. Esse elemento é o Estado. O Estado seria uma das mais altas sínteses do espírito objetivo, sendo a sociedade um intermediário entre a família e o Estado; O Estado sintetiza numa realidade coletiva a totalidade dos interesses contraditórios (entre indivíduos), sintetizando as divergências entre diversas famílias; Bebendo do princípio de universalidade de Kant, Hegel defende a necessidade de reconhecer a soberania do Estado, sendo este, por conseguinte, a única organização capaz de controlar a sociedade, agindo em prol da garantia do bem coletivo; De acordo com Hegel, o Estado, através do direito, seria o exercício da universalidade; O Estado é o reino da eticidade, é o centro gerador da normatividade, ou seja, dele partem leis cujo objeto-objetivo é a perpetuação da liberdade como o mundo governado pela razão. Somente o Estado assegura ao sujeito a possibilidade da liberdade e da igualdade, já que as leis são necessariamente racionais e universais ; Só há liberdade sob o império da lei, sendo esta um produto cultural pertencente ao espírito do momento. Assim, a Filosofia do Direito hegeliana busca interpretar e construir o presente.
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