Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Leonan José e Benhur Almeida – T5 ENZIMAS – RESUMO LEHNINGER São 2 os processos necessários à vida: autorreplicação e metabolismo. Sem metabolismo, não há fonte de energia para os processos vitais. Nós usamos a sacarose como fonte de energia, mas, se a reação para obtenção de energia não for catalisada, ela não acontecerá no tempo que deve acontecer. Esses catalisadores são as enzimas. A MAIORIA DAS ENZIMAS É PROTEÍNA Exceto por um pequeno grupo de moléculas de RNA, todas as enzimas são proteínas. Sua função está diretamente relacionada com sua estrutura (se mudar a estrutura, se for desnaturada, dissociada, etc., ela perde a atividade catalítica). Algumas são autossuficientes – apenas com seus aminoácidos, já exercem suas funções. Outras, precisam de um cofator, que pode ser de 2 tipos: → Um íon inorgânico → Uma coenzima orgânica (Algumas enzimas precisam dos dois para terem efeito) Essa coenzima orgânica age como carreador transitório de grupos específicos. Elas vêm das vitaminas. Coenzima ou íon (ligado à enzima) = grupo prostético. Enzima + grupo prostético = holoenzima (enzima ativa) Quando inativa = zimógeno Parte proteica da enzima = apoenzima ou apoproteína AS ENZIMAS SÃO CLASSIFICADAS SEGUNDO AS REAÇÕES QUE CATALISAM Muitas são assim: substrato + ase. Lipase, uréase, DNA- polimerase. Mas muitas têm nomes iguais e outros nomes não relacionados ao substrato, então, padronizaram tudo com o número E. C., do inglês Enzyme Commission), no qual o primeiro número indica o nome da classe e o segundo número, a subclasse da enzima, etc. Existem 6 classes de enzimas. Todas as enzimas são classificadas dentro dessas 6 classes. Classe, Nome da classe e Tipo de reação catalisada 1, OXIDORREDUTASES: Transferência de elétrons 2, TRANSFERASES: Transferência de grupos 3, HIDROLASES: Hidrólise (transferência de grupos funcionais para a água) 4, LIASES: Clivagem de C–C, C–O, C–N ou outras ligações por eliminação, rompimento de ligações duplas ou anéis, ou adição de grupos a ligações duplas. 5, ISOMERASES Transferência de grupos dentro de uma mesma molécula produzindo formas isoméricas 6, LIGASES: Formação de ligações C–C, C–S, C–O e C–N por reações de condensação acopladas à hidrólise de ATP ou cofatores similares. (Não precisa decorar essa tabela, é bom ter apenas caso precise para algo) COMO AS ENZIMAS FUNCIONAM Todas as reações no nosso corpo precisam ser catalisadas. Para isso, as reações ocorrem em bolsões das enzimas chamado de sítio ativo. A molécula que se liga ao sítio ativo e recebe a ação da enzima é chamada de substrato. AS ENZIMAS ALTERAM A VELOCIDADE DA REAÇÃO, NÃO O EQUILÍBRIO A função do catalisador é aumentar a velocidade da reação. A catálise não afeta o equilíbrio da reação. Podemos representar qualquer reação em um diagrama de coordenadas (figura acima). Esse diagrama representa a variação de energia durante a reação. Essa energia é chamada de energia livre = G. O ponto de partida para análise gráfica se chama estado fundamental. CONVENÇÃO-CHAVE: ΔG = variação de energia livre padrão (temperatura de 298 K; pressão de 1 atm; pH 7). Ou seja, independente de qual enzima e de qual substrato, para cada reação, há um ΔG. Para que a reação ocorra, as moléculas devem vencer essa barreira energética que se apresenta na frente delas (a curva do gráfico) e atingir o topo mais alto. Ao chegarem no topo, estarão num momento crítico, onde a probabilidade de ir para frente (para o ponto P) ou para trás (para o ponto S) é a mesma, isso se chama estado de transição = momento molecular transitório em que eventos (quebra/formação de ligação, etc.) tem a mesma probabilidade de ocorrer tanto para formar novamente substrato como para formar produto. A diferença entre o nível basal e o ponto mais alto do gráfico é a energia de ativação, ΔG ‡. A VELOCIDADE da reação depende dessa energia – quanto maior, mais lenta é a reação. Os catalizadores aumentam a velocidade da reação porque diminuem a energia de ativação. O papel da enzima é de acelerar a reação, mas ela não é gasta durante esse processo. Ela fica de boas. Leonan José e Benhur Almeida – T5 As reações podem ter várias etapas antes de chegar ao produto final. Tudo aquilo que é formado e consumido nessa fase transitória é chamado de intermediário da reação. Considerando que a reações podem ter várias etapas e que a altura do gráfico delimita a velocidade da reação, a velocidade final da reação é determinada pela etapa com maior energia de ativação (curva mais alta do gráfico). Essa etapa é chamada de etapa limitante da velocidade. POUCOS PRINCÍPIOS SÃO SUFICIENTES PARA EXPLICAR O PODER CATALÍTICO E A ESPECIFICIDADE DAS ENZIMAS As enzimas são catalizadoras extraordinários, conseguem diminuir a energia de ativação de substratos específicos como ninguém. Mas por quê? A explicação para isso tem duas partes. Primeiramente, sabemos que a enzima pode formar ligações covalentes transitórias com o substrato e essas ligações diminuem a energia de ativação porque são uma via alternativa de baixa energia. Segundamente, sabemos que a enzima também pode fazer ligações não covalentes. O que distingue as enzimas dos outros catalizadores é a formação do complexo ES específico. Quando esse complexo é formado, a interação entre substrato e enzima acontece por ligações não covalentes, incluindo ligações de hidrogênio e interações hidrofóbicas e iônicas. Essas interações são fracas e liberam uma quantidade de energia livre, que é chamada de energia de ligação, ΔGB = principal fonte de energia livre usada pelas enzimas para diminuir a energia de ativação. Mas como a enzimas usam essa energia da ligação não covalente? 1. As interações fracas são otimizadas quando a reação está passando pelo estado de transição (ponto mais alto do gráfico). Isso porque os sítios ativos das enzimas são complementares não ao próprio substrato, mas ao estado no qual aquele substrato se encontra – ou seja, o sítio ativo é complementar ao estado de transição pelo qual o substrato está passando 2. Essa energia livre ajuda tanto na especificidade quanto na catálise. Vamos discutir cada um desses princípios agora: 1. AS INTERAÇÕES FRACAS ENTRE ENZIMA E SUBSTRATO SÃO OTIMIZADAS NO ESTADO DE TRANSIÇÃO A primeira ideia que se teve para explicar como as enzimas utilizam a energia de ligação para diminuírem a energia de ativação foi a de que as enzimas são estruturalmente complementares a seu substrato, se encaixando no modelo chave-fechadura. Mas isso não funciona muito bem. Por exemplo, vamos imaginar um substrato na forma de um bastão. Para obter o produto (um bastão quebrado), é preciso entorta-lo até quebrar. Imagine também duas enzimas para quebrar esse bastão: 1ª) uma complementar a ele (que se encaixa perfeitamente ao bastão parado) e 2ª) outra complementar ao estado de transição (com espaço para o bastão ser entortado). O sítio ativo dessas duas “bastonases” são bolsões delimitados por imãs. Com a primeira enzima (modelo chave- fechadura), o bastão não consegue atingir o estado de transição, pois não tem espaço para dobrar. Uma enzima desse tipo impede a reação, porque deixa o substrato estabilizado ao invés de deixa-lo desestabilizado. Logo, para serem capazes de catalisar uma reação, as enzimas devem ser complementares ao estado de transição da reação (segunda enzima), ou seja, complementares ao bastão se dobrando. Isso significa que as interações ótimas entre substratos e enzimas só ocorrem no estado de transição. Para começar, o bastão se liga à “bastonase”, mas apenas uma certa quantidade das interações possíveis é feita, ou seja, o bastão está tocando apenas parte do sítio ativo. Então, é preciso usar um pouco de energia para dobrar o bastão, mas essa energia gasta será “paga” pela energia de ligação que se forma entre enzima e substrato quando obastão atinge o estado de transição, em outras palavras, quando ele se dobra, ele desprende uma energia que será usada para compensar parcialmente a energia gasta para fazê-lo se curvar. Esse pagamento resulta em diminuição na energia de ativação (a altura do gráfico diminui) e, logo, aumento na velocidade da reação. Aqui, ocorreu catálise. As interações fracas formadas apenas no estado de transição são as que mais contribuem para a catálise. 2. A ENERGIA DE LIGAÇÃO AJUDA TANTO NA CATÁLISE QUANDO NA ESPECIFICIDADE Existe uma equação que prova que a velocidade da reação e a energia de ativação (ΔG‡) são inversamente Leonan José e Benhur Almeida – T5 proporcionais. A partir dela, é possível mostrar também que a energia de ativação deve ser diminuída em 5,7 kJ/mol para acelerar uma reação. A energia que é disponibilizada pela formação de uma única ligação fraca é de 4 a 30 kJ/mol. Ou seja, temos energia de sobra para “pagar” a energia de ativação. Tendo uma grande diminuição na energia de ativação, há um grande aumento na velocidade da reação. Essa mesma energia de ligação também dá às enzimas a sua especificidade = capacidade de distinguir entre substratos e moléculas competidoras. O princípio da ligação entre enzima e substrato é que as duas façam várias interações fracas de modo a diminuir a energia de ligação. Uma vez que o sítio ativo de uma enzima tiver grupos funcionais organizados ao ponto de fazer ótimas interações fracas com um substrato, ela só vai querer se ligar àquele substrato, pois nenhuma outra molécula se ligara a ela com tamanha intensidade. É, praticamente, a especificidade do amor. Por exemplo, se um determinado substrato possui uma hidroxila, essa hidroxila vai fazer ligação de hidrogênio com um resíduo específico de ácido glutâmico de uma enzima. Qualquer molécula que não tiver um grupo hidroxila naquela determinada posição será um substrato ruim para essa enzima. Se, por acaso, alguma molécula tiver um grupo funcional extra para o qual a enzima não tenha um sítio de ligação, essa molécula automaticamente será retirada da enzima. Ou seja, a especificidade deriva das diversas interações fracas entre enzima e a molécula específica do substrato. GRUPOS CATALÍTICOS ESPECÍFICOS CONTRIBUEM PARA A CATÁLISE Já sabemos que as enzimas são ótimas catalizadoras porque diminuem a energia de ativação. Elas fazem isso realizando ligações não covalentes (formando o complexo ES e utilizando a energia de ligação), mas também são capazes de realizar ligações covalentes, pelos quais diminuem a energia de ativação utilizando vários mecanismos, incluindo I) catálise geral acidobásica, II) catálise covalente e III) catálise por íons metálicos. I) CATÁLISE GERAL ACIDOBÁSICA: a transferência de prótons é a reação mais comum em bioquímica. Geralmente, nas reações, antes que o produto seja formado, ocorre a formação de um intermediário. De um modo geral, para fazer o trânsito de prótons, as reações podem utilizar apenas água ou podem utilizar ácidos/bases. Se utilizarmos apenas água e ocorrer a troca de prótons entre o intermediário e a água mais rápido do que a quebra do intermediário, ele se estabilizará e a velocidade não será aumentada. Se utilizarmos ácidos ou bases fortes e o intermediário quebrar-se mais rápido do que a troca de prótons entre intermediário e água, a velocidade da reação será aumentada. II) CATÁLISE COVALENTE: formação de uma ligação covalente transitória entre a enzima e o substrato que possui uma energia de ativação menor do que a reação não catalisada. III) CATÁLISE POR ÍONS METÁLICOS: podem ajudar de diversas formas. Metais ligados a enzimas podem ajudar os substratos na reação ou estabilizar estados de transição carregados. Essas interações são fracas e são parecidas com aquelas envolvendo energia de ligação A maioria das enzimas combina várias estratégias de catálise para proporcionar um aumento na velocidade das reações. CINÉTICA ENZIMÁTICA Estuda a velocidade das reações para entender o mecanismo das enzimas. A CONCENTRAÇÃO DO SUBSTRATO INFLUI NA VELOCIDADE DAS REAÇÕES CATALISADAS POR ENZIMAS Um fator-chave que afeta a velocidade das reações é a concentração de substrato, [S]. Mas isso é bem complicado de se medir, uma vez que a [S] muda durante a reação. Por isso, usa-se a velocidade inicial, V0. Em baixas [S], V0 amenta junto com [S]. Em altas [S], V0 quase não se altera, pois atinge um platô que está próximo à velocidade máxima, Vmáx. A [S] na qual V0 é metade da Vmáx é o Km, a constante de Michaelis. Vmáx = as concentrações do substrato e da enzima são iguais (e não a quantidade/número, mas sim a concentração).
Compartilhar