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HIPERTENSAO_E_EXERCICIO

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Tema: Hipertensão e exercício 
 
1. INTRODUÇÃO 
 “Toda palavra e todo conceito, por mais claros que possam parecer, possuem 
apenas uma limitada gama de aplicabilidade”. 
Werner Karl Heisenberg 
 
Define-se hipertensão arterial sistêmica como uma doença multicausal e 
multifatorial caracterizada por elevação e manutenção de níveis elevados de pressão 
arterial do indivíduo (≥ 140/90 mmHg para pressão arterial sistólica/diastólica, quadro 
1)1, 2. A hipertensão arterial afeta, aproximadamente, 1 bilhão de pessoas no mundo e, 
no Brasil, diversos inquéritos populacionais foram realizados constatando uma 
prevalência que varia entre 22% e 44% da população nacional1. 
 A hipertensão arterial sistêmica é um dos mais importantes fatores de risco para 
o desenvolvimento de acometimentos cardiovasculares, explicando 40% das mortes por 
acidente vascular encefálico e 25% daquelas por doença arterial coronariana. Além 
disso, quanto maior a pressão arterial do indivíduo, maior a sua chance de apresentar 
infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular 
cerebral, doença renal e retinopatia1, 2. 
 A terapia medicamentosa é realizada com a administração, isolada ou 
associada, de medicamentos anti-hipertensivos1, 2. Os agentes anti-hipertensivos 
devem promover não só a redução dos níveis de pressão arterial, mas também reduzir 
os eventos cardiovasculares fatais e não fatais associados à hipertensão arterial1, 3. 
 Em um estudo realizado por Morgan e Anderson4, foi verificado que a diminuição 
da pressão arterial varia de acordo com a classe de medicamento anti-hipertensivo 
empregado. No entanto, as drogas são desenvolvidas de modo a manter uma eficaz e 
relativa redução da pressão arterial nas 24 horas subsequentes à sua administração, 
reduzindo, assim, as comorbidades associadas à doença. 
Atualmente, a terapia não medicamentosa é recomendada no tratamento da 
hipertensão arterial sistêmica de forma isolada ou associada à terapia medicamentosa1, 
 
2. Essa terapia implica mudanças do estilo de vida por meio de alterações na dieta, 
abandono do tabagismo e inclusão da prática regular de exercícios físicos1. 
 De fato, numa meta-análise, Cornelissen e Fagard5 relataram que o exercício 
aeróbico diminuiu a pressão arterial na ordem de -2/-2 mmHg para as pressões arteriais 
sistólica/diastólica em indivíduos normotensos, no entanto, essa redução foi maior em 
hipertensos, demonstrando magnitudes de redução na ordem de -7/-5 mmHg para as 
pressões arteriais sistólica/diastólica. 
 Esses valores de reduções da pressão arterial sistólica/diastólica parecem 
pequenos. No entanto, Whelton e colaboradores6 demonstraram que tais reduções 
possuem importantes implicações clínicas, uma vez que uma simples diminuição da 
pressão arterial em 2 e 5 mmHg é capaz de reduzir a incidência de acidente vascular 
cerebral, doença da artéria coronária e mortalidade total em 6%, 4% e 3% e em 14%, 
9% e 7%, respectivamente. 
 Dessa forma, verifica-se que o efeito do tratamento é de fundamental importância 
para reduzir os efeitos deletérios da hipertensão arterial sistêmica. Assim, a decisão 
terapêutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presença de 
fatores de risco, lesões de órgãos-alvo e/ou doenças cardiovasculares estabelecidas, e 
não apenas no nível de pressão arterial1 (Quadro 2). 
 Entretanto, independente dos benefícios após, durante a prática do exercício 
físico ocorre um aumento da pressão arterial. Esse aumento pode ser exacerbado ou 
não, dependendo, principalmente, do tipo e da intensidade do exercício aplicado, 
acarretando uma sobrecarga vascular, o que pode ocasionar severas consequências, 
como a ruptura de aneurismas cerebrais preexistentes, causando hemorragia 
subaracnoidea7-9 e, portanto, acidente vascular encefálico. Esse é um risco 
especialmente importante em pacientes hipertensos, pois eles possuem maiores 
chances de apresentar aneurismas em comparação aos normotensos10. 
Contudo, tanto diretrizes nacionais1 quanto internacionais11 recomendam a 
prática de exercícios aeróbicos e resistidos como parte do tratamento da hipertensão 
arterial sistêmica, desde que realizados de maneira segura, controlando a pressão 
arterial do sujeito e tomando atenção especial aos mecanismos fisiológicos, assim como 
os fatores de influência desta resposta, atenuando, dessa forma, a possibilidade de 
ocorrência dos acometimentos, de modo a aproveitar os totais benefícios da atividade. 
Todavia, os mecanismos fisiológicos de aumento, o controle e os efeitos dos exercícios 
sob a pressão arterial de hipertensos serão explanados a seguir, em seus respectivos 
 
capítulos, visando esclarecer como esta incrível ferramenta denominada exercício físico 
pode auxiliar no tratamento desta patologia. 
Quadro 1. Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no 
consultório (> 18 anos) 
Classificação 
a) Pressão Sistólica 
(mmHg) 
b) Pressão Diastólica 
(mmHg) 
c) Ótima < 120 < 80 
Normal < 130 < 85 
Limítrofe 130 – 139 85 – 89 
HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA 
Estágio 1 140 – 159 90 – 99 
Estágio 2 160 – 179 100 – 109 
Estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 
Sistólica Isolada ≥ 140 < 90 
Fonte: Modificado de VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Hipertensão 13(1), 2010. 
 
Quadro 2. Decisão terapêutica 
Categoria de Risco d) Considerar 
e) Sem Risco Adicional Tratamento não medicamentoso isolado. 
Risco Adicional Baixo 
Tratamento não medicamentoso isolado por até 6 
meses. Se não atingir a meta, associar tratamento 
medicamentoso. 
 
Risco Adicional Médio, 
Alto e Muito Alto 
Tratamento não medicamentoso + medicamentoso. 
Fonte: Modificado de VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Hipertensão 13(1), 2010. 
 
2. RESPOSTAS CARDIOVASCULARES FISIOLÓGICAS FRENTE AOS 
EXERCÍCIOS 
 Os exercícios físicos caracterizam-se por uma situação que retira o organismo 
da sua homeostase, implicando o aumento instantâneo da demanda energética da 
musculatura exercitada e, consequentemente, do organismo como um todo. Dessa 
forma, para suprir a nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas são 
necessárias e, dentre elas, as referentes à função cardiovascular durante o exercício12. 
Vale ressaltar, no entanto, que, para ocorrer essas adaptações frente aos 
exercícios, diversas características são peculiares. Entre elas, podem-se destacar o 
tipo, a intensidade, a duração e a massa muscular envolvida no exercício. 
Dessa forma, em relação ao tipo de exercício, caracterizam-se dois principais: 
aeróbicos e resistidos, dentre os quais distintas respostas cardiovasculares são 
observadas nas suas execuções. 
Os exercícios aeróbicos se caracterizam como exercícios com o envolvimento 
de grandes grupos musculares, movimentados de forma cíclica, geralmente com longa 
duração e intensidade leve a moderada, o que faz com que haja predomínio do 
metabolismo oxidativo para a produção de energia13. São exemplos clássicos desse tipo 
de exercício a caminhada, a corrida, a natação e o ciclismo. De fato, tal tipo de exercício 
foi amplamente estudado em relação à hipertensão arterial sistêmica, e seus efeitos 
benéficos estão bem comprovados. 
Nesse tipo de exercício se observa aumento da atividade nervosa simpática, que 
é desencadeada pela ativação do comando central, mecanorreceptores musculares e, 
dependendo da intensidade do exercício, metaborreceptores musculares14-16. Em 
resposta ao aumento da atividade nervosa simpática, observa-se aumento da 
frequência cardíaca, do volume sistólico e, consequentemente, do débito cardíaco. Além 
disso, a produção de metabólitos musculares promove vasodilatação na musculatura 
ativa, gerando redução da resistência vascular periférica. Assim, durante os exercícios 
aeróbicos, observa-se aumento da pressão arterial sistólica e manutenção ou redução 
da diastólica14. Essas respostas são tanto maiores quanto
maior for a intensidade, 
 
porém não se alteram com a duração do exercício. Somado a isso, quanto maior a 
massa muscular exercitada, maior é o aumento da frequência cardíaca, mas menor é o 
aumento da pressão arterial, devido à maior vasodilatação da musculatura ativa, 
gerando uma maior redução da resistência vascular periférica devido à maior produção 
de metabólitos musculares. 
Já a definição precisa de exercício resistido é bastante discutida. De forma geral, 
entende-se por exercício resistido aquele no qual a contração muscular é realizada por 
um determinado segmento corporal contra uma força que se opõe ao movimento, ou 
seja, contra uma resistência, que pode ser oferecida por equipamentos de musculação, 
pesos livres, elásticos, outros acessórios ou mesmo pelo peso do próprio corpo17, 18. 
O termo exercício resistido vem sendo utilizado na área da saúde para 
denominar o que a área de Educação Física chama de exercício de força, exercício com 
pesos, exercício localizado, exercício de resistência muscular localizada, exercício 
contra a resistência ou, ainda, musculação, o termo mais conhecido18. 
Em geral, esses exercícios podem ser realizados com movimentos que 
envolvem contração dinâmica (com movimento articular), estática (sem movimento 
articular) ou ambas17. O exercício resistido dinâmico é o mais usado no treinamento 
diário e envolve duas fases de contração: a) concêntrica, em que ocorre encurtamento 
das fibras musculares, ou seja, a força gerada pelo músculo é maior que a resistência 
oferecida e b) excêntrica, em que ocorre alongamento das fibras musculares, ou seja, a 
força gerada pelo músculo é menor que a resistência oferecida17. O exercício resistido 
estático, também chamado isométrico, se caracteriza pela contração dos músculos de 
determinado segmento corporal, sem que haja movimento articular18. Apesar de o 
exercício resistido dinâmico caracterizar-se pela presença de movimento articular, 
durante sua execução se encontram fases de isometria, cuja duração depende da 
intensidade de força gerada para a realização do movimento. Assim, os exercícios 
resistidos dinâmicos de alta intensidade possuem um componente estático ou 
isométrico importante. Da mesma forma, quando o exercício dinâmico leve a moderado 
é prolongado até a fadiga muscular concêntrica, o componente isométrico também se 
acentua. 
Apesar de o aumento da pressão arterial durante este tipo de exercício já estar 
bem definido na literatura, os mecanismos que o determinam ainda não estão totalmente 
esclarecidos, embora algumas hipóteses sejam levantadas. Nos exercícios resistidos, 
principalmente os estáticos puros e os com predominância do componente isométrico, 
o grande aumento da resistência vascular periférica, devido à compressão mecânica 
 
dos vasos sanguíneos pela contração muscular, parece ser o mecanismo mais provável 
para o aumento da pressão arterial. Além disso, nesses exercícios, o acúmulo de 
metabólitos no músculo estimula os metaborreceptores musculares, promovendo um 
grande aumento da atividade nervosa simpática15, 16, 19, o que leva à vasoconstrição 
também dos territórios inativos. Assim, a resistência vascular periférica total aumenta 
muito, o que contribui de forma expressiva para o aumento da pressão arterial. 
Por outro lado, nos exercícios resistidos dinâmicos, com predominância do 
componente isotônico, o aumento da resistência vascular periférica também ocorre, mas 
parece haver também aumento do débito cardíaco devido ao aumento da frequência 
cardíaca, uma vez que o volume sistólico quase não se altera ou mesmo diminui durante 
a fase de contração muscular20-22, pelo fato de o retorno venoso estar prejudicado pelo 
componente isométrico da contração23, mas aumenta na fase de relaxamento. Nesse 
exercício, o aumento da frequência cardíaca se deve à retirada parassimpática e, 
principalmente, ao aumento da atividade nervosa simpática para o coração. Assim, o 
aumento da pressão arterial durante o exercício resistido dinâmico parece estar 
relacionado, principalmente, ao aumento da atividade nervosa simpática, que leva ao 
aumento da frequência cardíaca, do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. 
 
3. Medida da pressão arterial durante os exercícios 
 Atualmente, a pressão arterial tem sido medida basicamente de duas formas: 
direta (punção arterial) e indireta (auscultatória, pletismográfica, tonométrica e 
oscilométrica). A medida indireta é a mais utilizada devido a sua validade (tanto em 
repouso quanto durante o exercício aeróbico), praticidade e aplicabilidade técnica, 
podendo ser realizada com o esfigmomanômetro de coluna de mercúrio, 
esfigmomanômetro aneroide (ambos por meio de um observador bem treinado, com o 
auxílio de um estetoscópio) ou aparelhos eletrônicos (REF). Para a validação desses 
equipamentos na situação de repouso, a Associação para Avanços em Instrumentação 
Médica (AAMI) e a Sociedade Britânica de Hipertensão (BHS) estabeleceram critérios 
mínimos de compatibilidade entre as medidas obtidas com os aparelhos e com o método 
direto intra-arterial e indireto auscultatório manual24, 25. Porém, mesmo na situação de 
repouso, esses critérios podem ser questionáveis, ao passo que as medidas direta e 
indireta nem sempre coincidem, podendo alguns equipamentos ser válidos em relação 
à medida direta, mas não em relação à indireta, e vice-versa14, 24. 
Quanto à medida da pressão arterial durante a realização de exercícios 
aeróbicos, nota-se que a aferição feita com o método auscultatório manual é mais 
 
precisa em estimar a pressão arterial sistólica central, ou seja, aquela pressão medida 
exatamente na saída do sangue do coração após a sístole, no arco da artéria aorta. 
Além disso, comparando-se a técnica auscultatória com a intra-arterial periférica, 
observa-se que a primeira traduz menores valores em comparação à segunda, pois, 
quanto mais distal a medida direta, maiores serão os valores de pressão arterial 
encontrados devido à somação de ondas de reflexão. No entanto, essa diferença se 
torna menor com o aumento da intensidade do exercício, assim demonstrando que a 
técnica auscultatória de medida de pressão arterial durante o exercício aeróbico é 
validada para a pressão arterial sistólica. Já em relação à pressão arterial diastólica, a 
medida auscultatória manual não possui valores tão exatos quanto os valores da 
pressão arterial central, subestimando sua aferição. Além disso, comparando-se a 
técnica auscultatória com a intra-arterial periférica, observa-se que a primeira demonstra 
erros grotescos de subestimação, e essa diferença se torna maior com o aumento da 
intensidade do exercício, demonstrando que a técnica auscultatória de medida de 
pressão arterial durante o exercício aeróbico não é validada para a pressão arterial 
diastólica. A situação é ainda mais crítica, uma vez que poucos aparelhos eletrônicos 
foram validados na situação de exercício e, mesmo os que foram, seguiram os critérios 
de repouso, que talvez não sejam adequados à situação de esforço24. 
Vale ressaltar que, como o aumento da pressão arterial sistólica é proporcional 
à intensidade do exercício aeróbico e independente da duração deste, ele pode ser 
controlado, executando-se exercícios em intensidade leve a moderada. Além disso, 
durante o exercício aeróbico, a medida indireta auscultatória da pressão arterial pode 
ser realizada no membro inativo, e os valores de pressão arterial sistólica são 
semelhantes aos medidos com a técnica intra-arterial14, 24. Dessa forma, essa medida 
indireta é válida nesta situação, sendo possível controlar o aumento da pressão arterial 
durante o exercício, medindo-a com a técnica auscultatória. 
Quanto à medida da pressão arterial durante a realização de exercícios 
resistidos, é interessante observar que os valores medidos pelo método auscultatório 
no membro não ativo durante o exercício resistido dinâmico
subestimaram em mais de 
15% os valores medidos com a técnica intra-arterial. Além disso, quando os valores 
foram medidos imediatamente após a finalização dos exercícios, eles subestimaram em 
mais de 30% os valores reais26. Desse modo, a medida auscultatória não é considerada 
válida durante o exercício resistido dinâmico. No entanto, na tentativa de se validar o 
método auscultatório durante a realização do exercício resistido, alguns renomados 
pesquisadores27 compararam dois métodos indiretos, o auscultatório com o 
pletismográfico, e também observaram valores menores no método auscultatório. Além 
 
disso, na tentativa de validar o método pletismográfico durante o exercício resistido, 
alguns estudiosos28 verificaram resultados similares de aumento (resposta) da pressão 
arterial durante o exercício resistido pelo método indireto pletismográfico comparado ao 
método direto intra-arterial. No entanto, essa técnica superestima os valores máximos 
da pressão arterial sistólica em 2,6±6,1% e subestima os valores máximos da pressão 
arterial diastólica em 8,8±5,8% atingidos durante esse tipo de exercício. 
Dessa forma, fica claro que somente o método direto de medida da pressão 
arterial é validado para a medida dos valores reais de pressão arterial atingidos durante 
o exercício resistido. 
Vale ressaltar que, como o aumento da pressão arterial sistólica e diastólica é 
proporcional à intensidade, à duração e à massa muscular envolvida no exercício 
resistido, torna-se bastante dificultoso o controle deste. Além disso, durante o exercício 
resistido, a medida indireta auscultatória e pletismográfica da pressão arterial podem 
ser realizadas no membro inativo, mas os valores de pressão arterial sistólica e 
diastólica não se equiparam aos medidos com a técnica intra-arterial28. Dessa forma, 
medidas indiretas não são validadas em tal situação, dificultando o controle do aumento 
da pressão arterial durante esse exercício. 
 
4. Riscos e benefícios dos exercícios aeróbicos na hipertensão arterial 
sistêmica 
 Vimos no Capítulo 2 que a função cardiovascular é intensificada durante a 
execução do exercício aeróbico, com o intuito de manter o aporte sanguíneo necessário 
para o músculo em atividade. Dessa forma, o débito cardíaco aumenta com 
concomitante diminuição da resistência vascular periférica. Todos esses ajustes 
culminam num aumento da pressão arterial sistólica e na manutenção ou redução da 
pressão arterial diastólica14. 
 Em vista do exposto, o aumento da pressão arterial sistólica frente ao exercício 
aeróbico pode acarretar riscos para o indivíduo hipertenso. Um deles se dá no fato da 
possibilidade de ruptura de aneurismas preexistentes7-9, o que é de suma importância 
para o indivíduo hipertenso, pois este possui maior probabilidade de apresentar esses 
aneurismas10. 
 No entanto, uma das maneiras de se controlar o aumento exacerbado da 
pressão arterial durante o exercício é medindo a pressão arterial do sujeito executante. 
Assim, como apresentado no Capítulo 3, verificamos que essa medida pode ser feita de 
 
maneira indireta, através da técnica auscultatória por intermédio de um observador 
treinado, o que remete com boa precisão à pressão arterial sistólica de dentro das 
artérias do indivíduo, apesar de também apresentar algumas limitações24. Já em relação 
à pressão arterial diastólica, os valores medidos apresentam grande variabilidade, 
sendo aceitos do ponto de vista clínico, mas não científico29. 
 Vale ressaltar, também, que existem diversos fatores inerentes ao exercício 
aeróbico que podem influenciar as respostas da pressão arterial durante sua execução, 
tais como a intensidade e a duração do exercício. Desse modo, quanto maior for a 
intensidade, maior será a necessidade de aporte sanguíneo para a musculatura 
trabalhada e, portanto, maior o aumento do débito cardíaco e, consequentemente, da 
pressão arterial sistólica. Por outro lado, a duração do exercício não altera a resposta 
das pressões arteriais durante o exercício. 
Portanto, realizando o exercício com seus devidos cuidados e controles de modo 
a evitar um aumento exacerbado da pressão arterial, o executante ganhará muitos 
benefícios, entre eles a redução dos níveis da pressão arterial por muito tempo. 
Assim, diversos estudos têm demonstrado reduções da pressão arterial tanto em 
indivíduos normotensos quanto em hipertensos após a realização de uma única sessão 
de exercício físico aeróbico11. Esse fenômeno se denomina “hipotensão pós-exercício” 
e, para que tenha importância clínica, precisa apresentar magnitude significativa e 
perdurar por várias horas do dia30. 
Dentre os mecanismos fisiológicos responsáveis por esse fenômeno descritos 
na literatura, destacam-se a redução da resistência vascular periférica31 e a redução do 
débito cardíaco32. Quando a queda se deve à redução da resistência vascular periférica, 
ela está relacionada à manutenção da vasodilatação muscular pós-exercício; por outro 
lado, quando a queda se deve à diminuição o débito cardíaco, ela está relacionada à 
redução do volume sistólico, provavelmente por diminuição da pré-carga. No entanto, 
independente do mecanismo hemodinâmico aqui apresentado, vários estudos33 têm 
relatado redução da atividade nervosa simpática pós-exercício. 
Vale ressaltar que diversos fatores podem influenciar a magnitude e a duração 
da hipotensão pós-exercício. Dentre eles, destacam-se o nível inicial da pressão arterial 
(indivíduos com maior pressão arterial inicial pré-exercício apresentam maior redução 
desta após o exercício), a intensidade do exercício (resultados ainda controversos sobre 
qual intensidade reduz mais a pressão arterial), a duração do exercício (quanto mais 
prolongado o exercício, maior é a queda da pressão arterial), a forma de realização do 
 
exercício (exercício intermitente parece ser mais efetivo em reduzir a pressão arterial 
em comparação ao realizado de maneira contínua), a massa muscular envolvida no 
exercício (exercícios realizados com uma maior massa muscular reduzem mais a 
pressão arterial), o gasto energético total (exercícios que gastam mais energia reduzem 
mais a pressão arterial), o estado de hidratação do indivíduo (a perda de água 
relacionada ao exercício pode contribuir para a redução da pressão arterial) e o fator 
genético (polimorfismos ligados ao sistema renina-angiotensina-aldosterona parecem 
exercer um papel importante)11. 
Entretanto, é importante destacar que, para apresentar benefícios durante 
grande parte da vida, o indivíduo deve manter um bom nível de aptidão física e, para 
tanto, contemplar uma rotina de treinamento físico ideal constante. Nesse sentido, 
dados epidemiológicos têm demonstrado uma relação inversa entre o nível de aptidão 
física (ou atividade física) e os níveis de pressão arterial. A redução da pressão arterial 
pela prática regular de exercícios aeróbicos em indivíduos hipertensos já está 
comprovada, sendo esperadas reduções na ordem de -7/-5 mmHg para as pressões 
arteriais sistólica/diastólica5. No entanto, é importante salientar que aproximadamente 
25% dos indivíduos hipertensos não apresentam essa resposta com o treinamento 
aeróbico devido ao seu componente genético34. 
 Em relação aos mecanismos fisiológicos de redução da pressão arterial pós-
treinamento físico aeróbico, os resultados ainda permanecem inconclusivos35, 
provavelmente pelo fato de a hipertensão arterial sistêmica ter uma etiologia multifatorial 
de modo que diversos mecanismos podem estar envolvidos no efeito hipotensor do 
treinamento físico. Assim, o Quadro 3 demonstra os principais mecanismos 
hipotensores do treinamento físico aeróbico. 
 
Quadro 3. Possíveis mecanismos fisiológicos de controle da pressão arterial após o 
treinamento físico aeróbico 
 Débito cardíaco /  Volume sistólico /  Frequência cardíaca /  Natriurese /  
Excreção urinária de sódio /  Atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona
/  Atividade do sistema cinina-calicreína /  Geração de dopamina renal /  
Resistência vascular periférica /  Atividade nervosa simpática /  Sensibilidade 
barorreflexa /  Vasodilatação /  Liberação de óxido nítrico /  Prostaciclina /  
 
Prostaglandina E /  Fator hiperpolarizante do endotélio /  Contingente vascular /  
Tamanho das arteríolas /  Número das arteríolas /  Relação parede/luz do vaso 
Fonte: Modificado de Mion Jr, D; Nobre, F; Oigman, W. Exercício físico agudo e crônico. 
In: Monitorização ambulatorial da pressão arterial, 4ª edição, 2007. 
 
Já em relação aos fatores de influência da diminuição da pressão arterial frente 
ao treinamento físico aeróbico, destacam-se a população estudada (hipertensos 
reduzem mais a pressão arterial do que normotensos), a genética (polimorfismos do 
gene da enzima conversora de angiotensina, mais especificamente os II e DD, parecem 
ser capazes de identificar aqueles hipertensos que apresentarão ou não redução da 
pressão arterial) e as características do treinamento (períodos mais longos parecem 
reduzir mais a pressão arterial em comparação a períodos mais curtos de 
treinamento)11. 
 
5. Riscos e benefícios dos exercícios resistidos na hipertensão arterial 
sistêmica 
Assim como no exercício aeróbico, a função cardiovascular é intensificada 
durante a execução do exercício resistido, com o intuito de manter o aporte sanguíneo 
necessário para o músculo em atividade. No entanto, além do aumento do débito 
cardíaco, há um aumento da resistência vascular periférica devido à compressão 
mecânica dos vasos pela musculatura exercitada, como visto no Capítulo 2. Todos 
esses ajustes culminam num aumento exacerbado tanto da pressão arterial sistólica 
quanto da diastólica23, 36. 
 Em vista do exposto, o aumento da pressão arterial sistólica e diastólica frente 
ao exercício resistido pode acarretar riscos maiores do que os ocasionados pelo 
exercício aeróbico para o indivíduo hipertenso. De fato, como discutido no capítulo 
anterior, aumentos abruptos da pressão arterial podem acarretar a ruptura de 
aneurismas preexistentes (REF), o que é de suma importância para o indivíduo 
hipertenso, que possui maior probabilidade de apresentar esses aneurismas7-9. Além 
disso, já foram relatado na literatura três casos não fatais de hemorragia subaracnoide 
durante o exercício resistido por rompimento de aneurisma anterior10. 
 Entretanto, como descrito anteriormente, uma das maneiras de se controlar o 
aumento exacerbado da pressão arterial durante o exercício é medindo a pressão 
arterial do sujeito executante, certo? Pois bem, essa informação vale para o exercício 
 
aeróbico, mas não para o resistido, uma vez que não existe uma técnica indireta de 
medida da pressão arterial validada nessa situação. No entanto, há alguns cuidados 
para atenuar a resposta da pressão arterial durante a execução desse tipo de exercício, 
entre as quais podem-se citar: realização de exercício resistido de baixa intensidade, 
pequeno número de séries, grande intervalo entre as séries, interrupção do exercício 
antes da fadiga concêntrica e fuga da manobra de Valsalva35. 
 Dessa forma, ressalta-se que existem diversos fatores inerentes tanto ao 
exercício resistido quanto ao indivíduo, que podem influenciar as respostas da pressão 
arterial durante sua execução, tais como a intensidade absoluta (quanto maior a 
intensidade de execução, maior será a pressão arterial atingida), a duração (quanto 
maior o tempo de execução, maior será o componente estático e, portanto, maior será 
a pressão arterial atingida), a fase de contração do exercício (fase concêntrica aumenta 
mais a pressão arterial do que a fase excêntrica), atingir a fadiga concêntrica (o aumento 
do componente isométrico aumenta ainda mais a pressão arterial), a massa muscular 
envolvida (quanto maior a massa muscular envolvida no exercício, maior será a pressão 
arterial atingida), o tempo de intervalo entre as séries (indivíduos hipertensos 
necessitam de intervalos maiores, de modo que a pressão arterial retorne aos valores 
pré-exercício e evite-se a somação temporal de ondas de pressão arterial, o que 
acarreta maior nível de pressão arterial atingido), o tipo de execução do exercício 
resistido (pausas entre as repetições acarretam maior nível de pressão arterial), 
realização da manobra de Valsalva (o aumento da pressão intra-abdominal acarreta 
aumento da pressão arterial), a população que realizará o exercício (hipertensos 
atingem níveis maiores de pressão arterial durante o exercício resistido em comparação 
aos normotensos) e o uso de medicamentos anti-hipertensivos (alguns medicamentos 
atenuam tanto os valores absolutos quanto a resposta da pressão arterial durante o 
exercício resistido)37. 
Contudo, realizando o exercício com seus devidos cuidados e controles de modo 
a evitar um aumento exacerbado da pressão arterial, o executante ganhará muitos 
benefícios, entre eles a redução dos níveis da pressão arterial por muito tempo, não é? 
Não necessariamente. Embora alguns estudos tenham demonstrado que 
indivíduos que se submeteram a uma única sessão de exercício resistido apresentaram 
o fenômeno da hipotensão pós-exercício38, diversos outros estudos não verificaram tal 
efeito39 e, para complicar ainda mais nosso entendimento, poucos desses estudos 
verificaram o efeito do exercício resistido sob as respostas da pressão arterial em 
 
indivíduos hipertensos40, demonstrando que os exercícios resistidos ainda não possuem 
uma importância clínica estabelecida no controle da pressão arterial. 
Dentre os mecanismos fisiológicos responsáveis pelo fenômeno de hipotensão 
pós-exercício (quando apresentado) descritos na literatura, pode-se destacar apenas a 
redução do débito cardíaco. No entanto, tanto a queda da pressão arterial por uma 
possível redução da resistência vascular periférica quanto pelo débito cardíaco está 
relacionada à hiperemia reativa, muitas vezes sendo tão acentuada que os praticantes 
podem apresentar sintomas de hipotensão como tonturas, enjoos e até desmaios41. 
Dessa forma, o único estudo existente retratando que a queda da pressão arterial se 
deve à diminuição o débito cardíaco42 verificou que ela está relacionada à redução do 
volume sistólico, causada, provavelmente, por redução da pré-carga. Sumarizando, o 
exercício resistido pode promover hipotensão pós-exercício, porém a magnitude, a 
duração e os mecanismos desse possível efeito ainda precisam ser mais bem 
analisados. 
Entretanto, como se viu no capítulo passado, é importante destacar que, para 
apresentar vários benefícios, inclusive sob a pressão arterial, durante grande parte da 
vida, o indivíduo deve manter um bom nível de aptidão física e, para tanto, deve manter 
constante uma rotina de treinamento físico ideal, correto? Sim. No entanto, embora os 
efeitos do treinamento resistido sobre o sistema musculoesquelético já estejam bem 
estabelecidos, seus efeitos sobre o sistema cardiovascular ainda são bastante 
controversos. Esse fato se deve ao escasso número de estudos acerca do assunto, 
além da grande diversidade de protocolos de treinamento utilizados. Dessa forma, uma 
meta-análise recente sobre o assunto43, que incluiu apenas nove estudos controlados e 
aleatórios, verificou queda da pressão arterial sistólica/diastólica de -3/-4 mmHg. Vale 
ressaltar que apenas três estudos eram com indivíduos hipertensos, o que impede dizer 
que essa queda possui uma importância clínica estabelecida. 
Assim, a ausência de um comprovado efeito hipotensor do treinamento resistido 
em hipertensos pode estar ligada ao fato de esse tipo de treinamento não alterar 
nenhum mecanismo fisiológico de redução da pressão arterial, tal como a atividade 
nervosa simpática. Além do mais, alguns estudos44 têm demonstrado um aumento na 
rigidez arterial após onze semanas de treinamento, o que se relaciona com um aspecto 
negativo
desse tipo de treinamento numa população acometida com uma doença 
vascular. Esse achado apresenta importantes implicações clínicas, embora seja 
necessário ser mais bem investigado. 
 
 
6. Terapias alternativas como parte do tratamento da hipertensão arterial 
sistêmica 
 Atualmente, as pessoas são frequentemente expostas a situações estressantes 
que resultam em hiperatividade simpática e mudanças cardiovasculares, como aumento 
da frequência cardíaca e da pressão arterial. Podem-se citar como exemplo de 
situações estressantes as altas cargas de trabalho às quais as pessoas estão 
submetidas, problemas de relacionamento com outras pessoas, realização de provas, 
experimentação de perdas familiares ou ainda a necessidade de falar em público45. 
Essas situações desencadeiam diversas alterações fisiológicas, principalmente sobre o 
sistema neuroendócrino, através da liberação de catecolaminas (adrenalina e 
noradrenalina) e de corticoides, alterando o estado de humor, a resposta imunológica, 
a função cardíaca e a função endotelial. Assim, o estresse assume um papel de fator de 
risco para uma série de doenças, com particular impacto no sistema cardiovascular 
(dentre elas a hipertensão arterial sistêmica), contribuindo para o desenvolvimento de 
infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral, consideradas hoje as principais 
causas de morbimortalidade cardiovascular em todo o mundo45. 
Sabe-se que a atividade física pode ser extremamente benéfica na redução do 
estresse, pois, à medida que o indivíduo se adapta aos processos hemodinâmicos e aos 
hormônios catabólicos liberados durante o exercício, o organismo é fortalecido e 
condicionado a reagir de forma mais branda quando as mesmas respostas são 
desencadeadas por um evento estressante de origem mental ou externa. Além disso, a 
prática da atividade física está associada à redução da reatividade cardiovascular em 
relação ao estresse mental, ou seja, os estímulos estressantes têm um impacto negativo 
menor sobre a saúde nos indivíduos fisicamente ativos, mais preparados para reagir a 
uma nova adaptação, como um aumento atenuado da pressão arterial frente aos 
estímulos45. 
No entanto, além do exercício físico, diversas outras formas de tratamento têm 
ganhado atenção da comunidade científica devido aos seus baixos custos e por 
apresentarem-se como métodos seguros em controlar ou até mesmo diminuir os 
sintomas de estresse e, consequentemente, a pressão arterial, sem acarretar efeitos 
colaterais indesejáveis46. Dentre algumas técnicas terapêuticas, podem-se citar: 
mudança nos hábitos alimentares, técnicas de relaxamento como massagem, 
meditação, trabalho respiratório ou yoga, além de terapias cognitivas e 
comportamentais desenvolvidas por psicólogos buscando orientar o indivíduo sobre a 
melhor forma de administrar o estresse, os fatores estressores, resolver os conflitos e 
os problemas. Em alguns casos a terapia medicamentosa pode ser necessária. 
 
O exercício físico e outras terapias alternativas como o relaxamento (yoga, por 
exemplo) representam estímulos fisiológicos opostos, sendo que o primeiro ocasiona 
um estado hipermetabólico e o segundo um estado hipometabólico durante as suas 
respectivas práticas. No entanto, ambas as condições apresentam um efeito hipotensor 
crônico46. 
Alguns estudos têm demonstrado que a yoga pode ser um potente coadjuvante 
no controle do estresse e da pressão arterial. Embora os resultados sejam pouco 
conclusivos, alguns autores46 demonstram redução aguda da pressão arterial após 20 
minutos de yoga. Essa redução perdurou por até 75 minutos pós-exercício e foi maior 
nos indivíduos hipertensos em comparação aos normotensos. 
Analisando-se outra terapia alternativa de controle de estresse e pressão arterial, 
uma meta-análise recente47 verificou nove estudos controlados e aleatórios que 
atendiam aos critérios de elegibilidade sobre a influência da meditação transcendental 
na resposta da pressão arterial de indivíduos normotensos e hipertensos. Os 
pesquisadores concluíram que essa prática é capaz de reduzir a pressão arterial dos 
indivíduos em 5 e 3 mmHg para as pressões arteriais sistólica e diastólica, 
respectivamente. No entanto, mais estudos devem ser desenvolvidos com o intuito de 
estabelecer a importância clínica desses achados. 
Ainda seguindo a linha de terapias alternativas como parte do tratamento de 
controle do estresse e da pressão arterial, alguns estudos48 verificaram a influência do 
trabalho respiratório na redução da pressão arterial de dez indivíduos hipertensos. Esse 
trabalho respiratório foi realizado durante um mês, duas vezes por semana, durante 
trinta minutos cada sessão. O “treinamento respiratório” consistia em conscientizar os 
indivíduos sobre cada musculatura ativa no trabalho respiratório, promover uma 
respiração lenta, aumentar a amplitude respiratória e reduzir a frequência respiratória. 
Contudo, os resultados apresentados foram bastante satisfatórios, sendo que os 
indivíduos diminuíram a pressão arterial sistólica/diastólica em -12/-7 mmHg após a 
intervenção. 
Entre os mecanismos fisiológicos de redução da pressão arterial frente a essas 
terapias alternativas, destaca-se redução da atividade nervosa simpática, melhora da 
sensibilidade barorreflexa e aumento da variabilidade da frequência cardíaca48. 
 
 
7. Interação medicamentosa e exercícios físicos no controle da hipertensão 
arterial sistêmica 
 Conforme visto no Capítulo 1, a terapia medicamentosa é recomendada no 
tratamento da hipertensão arterial sistêmica, ora de forma isolada, ora associada à 
terapia não medicamentosa, e essa decisão terapêutica deve ser baseada no risco 
cardiovascular, considerando-se a presença de fatores de risco, lesões de órgãos-alvo 
e/ou doenças cardiovasculares estabelecidas, e não apenas no nível de pressão arterial 
do sujeito1. 
 Existem diversas classes de medicamentos anti-hipertensivos conhecidas para 
combater a hipertensão arterial sistêmica, dentre as quais podem-se destacar: 
inibidores adrenérgicos (β-antagonistas e -antagonistas), inibidores da enzima 
conversora da angiotensina, bloqueadores de canais de cálcio diidropiridínicos e não 
diidropiridínicos, antagonistas de receptores AT1 da angiotensina II, diuréticos, 
vasodilatadores diretos e inibidor direto da renina1, 2, 49, 50. Cada uma dessas classes 
apresenta seus efeitos anti-hipertensivos agindo sobre mecanismos fisiopatológicos 
distintos da doença49, 50. Assim, como a pressão arterial depende do produto entre o 
débito cardíaco e a resistência vascular periférica, os medicamentos anti-hipertensivos 
agem reduzindo, principalmente, o débito cardíaco (β-antagonistas, bloqueadores de 
canais de cálcio não diidropiridínicos e diuréticos) ou a resistência vascular periférica 
(α-antagonistas, inibidores da enzima conversora da angiotensina, bloqueadores de 
canais de cálcio diidropiridínicos, antagonistas de receptores AT1 da angiotensina II, 
vasodilatadores diretos, inibidor direto da renina, além do efeito tardio dos β-
antagonistas)49, 50. É interessante observar que todos os medicamentos anti-
hipertensivos têm eficácia comprovada, entretanto, como a hipertensão arterial 
sistêmica é uma doença de origem multifatorial, cada paciente pode ter uma 
responsividade diferenciada aos agentes farmacológicos. Além disso, em muitos 
indivíduos, é necessária a associação de dois ou mais fármacos para o controle 
adequado da pressão arterial. Assim, a prescrição do tratamento medicamentoso no 
hipertenso deve levar em conta os fármacos que apresentam maior eficácia em cada 
paciente, devendo ser considerados os efeitos colaterais, o menor custo e a maior 
comodidade posológica1. 
 Vale destacar que, dependendo do nível de pressão arterial do paciente, as duas 
formas de tratamento (medicamentosa e não medicamentosa) são recomendadas. 
Dessa forma, muitos indivíduos hipertensos controlam
seus níveis de pressão arterial 
sob uso de tratamento farmacológico e prática de exercícios físicos, 
concomitantemente. 
 
 Assim, alguns estudos na literatura37 demonstram que algumas classes de anti-
hipertensivos são capazes de reduzir não só os valores máximos da pressão arterial 
atingidos, como também o aumento (resposta) da pressão arterial frente aos exercícios, 
atenuando, assim, o risco cardiovascular global do paciente acometido pela 
enfermidade aqui relacionada. 
 É importante salientar que além da farmacodinâmica do medicamento, que pode 
ou não intensificar sua ação nas respostas fisiológicas frente aos exercícios, alguns 
estudos51 têm demonstrado uma modificação na farmacocinética da droga por 
intermédio de modificações fisiológicas crônicas, ocasionadas pelos exercícios, no 
organismo. Assim, o nível de aptidão física do indivíduo pode alterar a absorção, o 
volume de distribuição, a depuração e a eliminação do medicamento, corroborando com 
a ideia de que, ao se tratar o indivíduo hipertenso, é necessário conhecer não somente 
a área da fisiologia do esforço, mas também algo que está em crescente ascensão no 
universo acadêmico: a farmacologia do exercício. 
8. Conclusão 
 Diante das explanações aqui apresentadas, sabe-se que a hipertensão arterial 
sistêmica é uma das principais doenças cardiovasculares e quiçá um fator de risco para 
outros acometimentos cardíacos. 
Além disso, também foi discutido que, devido aos seus comprovados benefícios 
em melhorar a aptidão física do indivíduo, e, consequentemente, reduzir os níveis de 
pressão arterial, tanto diretrizes nacionais quanto internacionais recomendam a prática 
regular de exercício físico aeróbico como parte do tratamento não medicamentoso 
dessa doença. Atualmente, os exercícios resistidos vêm ganhando destaque na 
recomendação desse tratamento, em complemento ao aeróbico, devido aos seus 
comprovados benefícios musculoesqueléticos. Já os benefícios relacionados à redução 
da pressão arterial desse tipo de exercício não estão bem esclarecidos, principalmente 
em indivíduos hipertensos, de modo que são necessários mais estudos acerca do 
assunto para se estabelecer uma importância clínica comprovada. 
De modo a se evitar uma sobrecarga vascular com severas consequências para 
seus praticantes, principalmente, indivíduos hipertensos, é necessário um controle mais 
efetivo da pressão arterial durante o exercício, o que facilmente se concretiza quando 
da realização de exercícios aeróbicos, o que se torna quase impossível quando o 
indivíduo está realizando exercícios resistidos. 
Verifica-se que não apenas os exercícios clássicos possuem um efeito 
hipotensor. Várias técnicas alternativas estão cada vez mais sendo disponibilizadas 
pelos profissionais e aceitas pela comunidade científica. Assim, atividades de 
 
relaxamento, como yoga, meditação e trabalhos de consciência respiratória, não só são 
comprovadamente úteis na redução do estresse psicológico, como também do estresse 
fisiológico ocasionado pelas tarefas cotidianas, a citar a pressão arterial elevada. 
É importante salientar que foram observados diversos mecanismos de redução 
da pressão arterial. Independente do tipo do exercício (aeróbico ou resistido) ou do tipo 
de relaxamento (yoga, meditação ou treino respiratório), a redução do débito cardíaco 
e/ou da resistência vascular periférica normalmente é acompanhada pela redução da 
atividade nervosa simpática, o que ocasiona uma melhora substancial nos parâmetros 
hemodinâmicos e neurais da doença. 
Por fim, diversos indivíduos hipertensos são tratados com medicamentos anti-
hipertensivos, o que resulta em uma melhora dos padrões cardiovasculares, evitando, 
assim, um acometimento mais prejudicial da hipertensão arterial sistêmica. É importante 
retratar que esses medicamentos podem interferir na resposta da pressão arterial frente 
aos exercícios aeróbicos e resistidos e que, além disso, o inverso é verdadeiro, uma vez 
que os efeitos fisiológicos dos exercícios podem modificar a farmacocinética do 
medicamento, alterando, por exemplo, a sua biodisponibilidade no organismo. 
 
 
 
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exercise and physical fitness level on resting pharmacokinetics. Int J Clin Pharmacol 
Ther. 2003;41(11):504-516. 
 
 
 
Exemplo de conteúdo do link 
META-ANÁLISE: Análise estatística realizada por meio da compilação de resultados de 
estudos acerca de um determinado assunto de modo a verificar o estado da arte sobre 
o referido tema. 
SUBARACNOIDE: Espaço virtual ou região anatômica entre as membranas aracnoide 
e pia-máter que envolve o encéfalo, onde se encontra o líquor. 
HOMEOSTASE: Equilíbrio dinâmico, também conhecido como estado-estável (do inglês 
steady-state), no qual as reações químicas do organismo formam produtos a partir dos 
substratos existentes, de modo que substrato e produto fiquem em constante equilíbrio. 
METABOLISMO OXIDATIVO: A partir do momento da entrada de Acetil Coenzima A na 
mitocôndria para o fornecimento de energia (ATP) por meio do Ciclo de Krebs e Cadeia 
de Transporte de Elétrons. Primordialmente, esse tipo de metabolismo, conhecido 
também como metabolismo aeróbio, está envolvido em atividades de longa duração e 
baixa intensidade. 
MECANORRECEPTORES MUSCULARES: Receptores que percebem alterações 
mecânicas da musculatura, ou seja, o movimento, ativando, dessa forma, o sistema 
nervoso central de modo a preparar o organismo para uma situação de atividade. 
METABORRECEPTORES MUSCULARES: Receptores que percebem alterações 
químicas da musculatura, ou seja, acidose ou alcalose, ativando, dessa forma, o sistema 
nervoso central de modo a preparar o organismo para uma situação de atividade. 
DÉBITO CARDÍACO: Rendimento do coração ou a quantidade de sangue ejetada num 
determinado período de tempo; pode ser entendido por meio da fórmula: DC = FC x VS, 
onde DC é o débito cardíaco, FC é a frequência cardíaca e VS é o volume sistólico. 
FADIGA MUSCULAR CONCÊNTRICA: Incapacidade de o indivíduo realizar qualquer 
tipo de contração muscular concêntrica, ou seja, aquela onde a força exercida é maior 
do que a resistência oferecida. 
PUNÇÃO ARTERIAL: Técnica de medida direta da pressão arterial por meio da qual um 
médico insere
um cateter em uma das artérias do sujeito avaliado e a pressão arterial é 
medida através de um transdutor de pressão arterial acoplado a um sistema de análise. 
AUSCULTATÓRIA: Método indireto de medida da pressão arterial que utiliza o 
esfigmomanómetro (aparelho de pressão arterial mais o manguito) para ocluir a artéria 
a ser avaliada. Além disso, com o auxílio de um estetoscópio (aparelho de ausculta), é 
possível identificar as cinco fases do som de Korotkoff. 
PLETISMOGRÁFICA: Técnica indireta de medida de pressão arterial. O manguito de 
pressão arterial é colocado no dedo. Esse manguito possui, de um lado, um emissor de 
raios infravermelhos e, de outro, uma fotocélula. Assim que o infravermelho é emitido, 
as hemácias da artéria digital (dedo) captam esse raio. As que não captarem, 
 
atravessam a artéria e chegam até a fotocélula, que as capta. Dessa forma, através do 
fluxo sanguíneo, o manguito de pressão é ajustado eletronicamente de modo a medir a 
pressão arterial do dedo. 
TONOMÉTRICA: Medida indireta da pressão arterial por meio da qual o equipamento 
mede o tônus da artéria mediante sensores mecânicos que detectam variações do 
pulso. 
OSCILOMÉTRICA: Método indireto de medida da pressão arterial pelo qual o 
equipamento afere a mesma por meio da análise das ondas de variação geradas pela 
artéria durante a deflação do manguito. 
SÍSTOLE: Contração do coração. 
HIPOTENSÃO PÓS-EXERCÍCIO: Fenômeno que se caracteriza por níveis de pressão 
arterial pós-exercício inferiores àqueles observados pré-exercício ou àqueles medidos 
em um dia controle, sem a execução de exercício físico. 
POLIMORFISMOS: Diferentes versões de certa sequência de DNA em um determinado 
local cromossômico (locus) são chamados de alelos. A coexistência de alelos múltiplos 
em um locus é chamada de polimorfismo genético. Qualquer sítio no qual existam alelos 
múltiplos como componentes estáveis da população é, por definição, polimórfico. Um 
alelo geralmente é definido como polimórfico se ele estiver presente em uma frequência 
maior que 1% na população. 
RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA: Sistema neuro-humoral, cujo produto final, 
a angiotensina II formada na circulação, tem um papel fundamental na regulação da 
homeostase cardiovascular, atuando tanto na regulação do volume sanguíneo como da 
resistência vascular. 
MANOBRA DE VALSALVA: Expiração forçada contra uma glote fechada. Ocorre 
comumente em levantamentos de peso e em outras atividades que exigem uma 
aplicação rápida e máxima de força por um curto período. 
HIPEREMIA REATIVA: Quando o suprimento sanguíneo para determinado tecido é 
bloqueado durante alguns segundos até várias horas e, em seguida, liberado. Dessa 
forma, o fluxo através dos tecidos geralmente aumenta em até sete vezes o anterior. 
MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL: Técnica de meditação que envolve o uso mental de 
sons específicos, com propriedades psicoativas, denominados mantras. A técnica 
 
permite que a mente atinja um estado de vigília tranquila sem usar o pensamento de 
maneira ativa. 
FARMACODINÂMICA: Área da farmacologia que analisa o mecanismo de ação dos 
medicamentos no corpo, como a interação da droga com o seu respectivo receptor 
bioquímico. 
FARMACOCINÉTICA: Área da farmacologia que analisa o mecanismo de ação do corpo 
sobre os medicamentos, como a biodisponibilidade, absorção e eliminação das drogas 
após a sua ingestão. 
 
 
Tema: Hipertensão e exercício 
 
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 
 
1) É considerado um fator de risco para a hipertensão arterial sistêmica: 
 
A) o uso de medicamentos, como a Venlafaxina; 
B) o uso abusivo de gorduras insaturadas; 
C) o uso abusivo de álcool; 
D) o uso abusivo de potássio. 
 
2) O exercício físico auxilia na diminuição da incidência (aparecimento de 
novos casos) de hipertensão arterial sistêmica, quando realizado, 
principalmente: 
 
A) de maneira leve; 
B) de maneira moderada; 
C) de maneira vigorosa; 
D) nenhuma das anteriores. 
 
3) É correto afirmar que são considerados fatores de influência para aumentos 
da pressão arterial durante o exercício resistido: 
 
A) a massa muscular envolvida, o intervalo entre as séries e o exercício realizado; 
B) a intensidade relativa, a intensidade absoluta e a fase de contração muscular 
analisada; 
C) a população, atingir a fadiga concêntrica e a intensidade relativa analisada; 
 
D) a população, o intervalo entre as séries e a intensidade absoluta analisada. 
 
4) Durante o exercício aeróbico, é correto afirmar que as medidas de pressão 
arterial validadas são: 
 
A) auscultatória apenas para a pressão arterial sistólica; 
B) pletismográfica apenas para a pressão arterial diastólica; 
C) intra-arterial apenas para a pressão arterial diastólica; 
D) oscilométrica apenas para a pressão arterial diastólica. 
 
5) São classes de medicamentos anti-hipertensivos: 
 
A) inibidores adrenérgicos e fibratos; 
B) inibidores da enzima conversora de angiotensina e antagonistas do receptor da 
angiotensina II; 
C) bloqueadores de canais de cálcio diidropiridínicos e inibidores de recaptação de 
serotonina; 
D) sulfonilureias e incretinas. 
 
6) O atenolol reduz o incremento da pressão arterial durante o exercício resistido 
dinâmico por meio: 
 
A) da diminuição da resistência vascular periférica; 
B) do aumento da atividade nervosa simpática; 
C) da diminuição dos ânions superóxidos; 
D) da diminuição do débito cardíaco. 
 
RESPOSTAS: 
 
1 – C 
2 – C 
3 – D 
4 – A 
5 – B 
6 – D

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