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Tema: Hipertensão e exercício 1. INTRODUÇÃO “Toda palavra e todo conceito, por mais claros que possam parecer, possuem apenas uma limitada gama de aplicabilidade”. Werner Karl Heisenberg Define-se hipertensão arterial sistêmica como uma doença multicausal e multifatorial caracterizada por elevação e manutenção de níveis elevados de pressão arterial do indivíduo (≥ 140/90 mmHg para pressão arterial sistólica/diastólica, quadro 1)1, 2. A hipertensão arterial afeta, aproximadamente, 1 bilhão de pessoas no mundo e, no Brasil, diversos inquéritos populacionais foram realizados constatando uma prevalência que varia entre 22% e 44% da população nacional1. A hipertensão arterial sistêmica é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de acometimentos cardiovasculares, explicando 40% das mortes por acidente vascular encefálico e 25% daquelas por doença arterial coronariana. Além disso, quanto maior a pressão arterial do indivíduo, maior a sua chance de apresentar infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral, doença renal e retinopatia1, 2. A terapia medicamentosa é realizada com a administração, isolada ou associada, de medicamentos anti-hipertensivos1, 2. Os agentes anti-hipertensivos devem promover não só a redução dos níveis de pressão arterial, mas também reduzir os eventos cardiovasculares fatais e não fatais associados à hipertensão arterial1, 3. Em um estudo realizado por Morgan e Anderson4, foi verificado que a diminuição da pressão arterial varia de acordo com a classe de medicamento anti-hipertensivo empregado. No entanto, as drogas são desenvolvidas de modo a manter uma eficaz e relativa redução da pressão arterial nas 24 horas subsequentes à sua administração, reduzindo, assim, as comorbidades associadas à doença. Atualmente, a terapia não medicamentosa é recomendada no tratamento da hipertensão arterial sistêmica de forma isolada ou associada à terapia medicamentosa1, 2. Essa terapia implica mudanças do estilo de vida por meio de alterações na dieta, abandono do tabagismo e inclusão da prática regular de exercícios físicos1. De fato, numa meta-análise, Cornelissen e Fagard5 relataram que o exercício aeróbico diminuiu a pressão arterial na ordem de -2/-2 mmHg para as pressões arteriais sistólica/diastólica em indivíduos normotensos, no entanto, essa redução foi maior em hipertensos, demonstrando magnitudes de redução na ordem de -7/-5 mmHg para as pressões arteriais sistólica/diastólica. Esses valores de reduções da pressão arterial sistólica/diastólica parecem pequenos. No entanto, Whelton e colaboradores6 demonstraram que tais reduções possuem importantes implicações clínicas, uma vez que uma simples diminuição da pressão arterial em 2 e 5 mmHg é capaz de reduzir a incidência de acidente vascular cerebral, doença da artéria coronária e mortalidade total em 6%, 4% e 3% e em 14%, 9% e 7%, respectivamente. Dessa forma, verifica-se que o efeito do tratamento é de fundamental importância para reduzir os efeitos deletérios da hipertensão arterial sistêmica. Assim, a decisão terapêutica deve ser baseada no risco cardiovascular considerando-se a presença de fatores de risco, lesões de órgãos-alvo e/ou doenças cardiovasculares estabelecidas, e não apenas no nível de pressão arterial1 (Quadro 2). Entretanto, independente dos benefícios após, durante a prática do exercício físico ocorre um aumento da pressão arterial. Esse aumento pode ser exacerbado ou não, dependendo, principalmente, do tipo e da intensidade do exercício aplicado, acarretando uma sobrecarga vascular, o que pode ocasionar severas consequências, como a ruptura de aneurismas cerebrais preexistentes, causando hemorragia subaracnoidea7-9 e, portanto, acidente vascular encefálico. Esse é um risco especialmente importante em pacientes hipertensos, pois eles possuem maiores chances de apresentar aneurismas em comparação aos normotensos10. Contudo, tanto diretrizes nacionais1 quanto internacionais11 recomendam a prática de exercícios aeróbicos e resistidos como parte do tratamento da hipertensão arterial sistêmica, desde que realizados de maneira segura, controlando a pressão arterial do sujeito e tomando atenção especial aos mecanismos fisiológicos, assim como os fatores de influência desta resposta, atenuando, dessa forma, a possibilidade de ocorrência dos acometimentos, de modo a aproveitar os totais benefícios da atividade. Todavia, os mecanismos fisiológicos de aumento, o controle e os efeitos dos exercícios sob a pressão arterial de hipertensos serão explanados a seguir, em seus respectivos capítulos, visando esclarecer como esta incrível ferramenta denominada exercício físico pode auxiliar no tratamento desta patologia. Quadro 1. Classificação da pressão arterial de acordo com a medida casual no consultório (> 18 anos) Classificação a) Pressão Sistólica (mmHg) b) Pressão Diastólica (mmHg) c) Ótima < 120 < 80 Normal < 130 < 85 Limítrofe 130 – 139 85 – 89 HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA Estágio 1 140 – 159 90 – 99 Estágio 2 160 – 179 100 – 109 Estágio 3 ≥ 180 ≥ 110 Sistólica Isolada ≥ 140 < 90 Fonte: Modificado de VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Hipertensão 13(1), 2010. Quadro 2. Decisão terapêutica Categoria de Risco d) Considerar e) Sem Risco Adicional Tratamento não medicamentoso isolado. Risco Adicional Baixo Tratamento não medicamentoso isolado por até 6 meses. Se não atingir a meta, associar tratamento medicamentoso. Risco Adicional Médio, Alto e Muito Alto Tratamento não medicamentoso + medicamentoso. Fonte: Modificado de VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Hipertensão 13(1), 2010. 2. RESPOSTAS CARDIOVASCULARES FISIOLÓGICAS FRENTE AOS EXERCÍCIOS Os exercícios físicos caracterizam-se por uma situação que retira o organismo da sua homeostase, implicando o aumento instantâneo da demanda energética da musculatura exercitada e, consequentemente, do organismo como um todo. Dessa forma, para suprir a nova demanda metabólica, várias adaptações fisiológicas são necessárias e, dentre elas, as referentes à função cardiovascular durante o exercício12. Vale ressaltar, no entanto, que, para ocorrer essas adaptações frente aos exercícios, diversas características são peculiares. Entre elas, podem-se destacar o tipo, a intensidade, a duração e a massa muscular envolvida no exercício. Dessa forma, em relação ao tipo de exercício, caracterizam-se dois principais: aeróbicos e resistidos, dentre os quais distintas respostas cardiovasculares são observadas nas suas execuções. Os exercícios aeróbicos se caracterizam como exercícios com o envolvimento de grandes grupos musculares, movimentados de forma cíclica, geralmente com longa duração e intensidade leve a moderada, o que faz com que haja predomínio do metabolismo oxidativo para a produção de energia13. São exemplos clássicos desse tipo de exercício a caminhada, a corrida, a natação e o ciclismo. De fato, tal tipo de exercício foi amplamente estudado em relação à hipertensão arterial sistêmica, e seus efeitos benéficos estão bem comprovados. Nesse tipo de exercício se observa aumento da atividade nervosa simpática, que é desencadeada pela ativação do comando central, mecanorreceptores musculares e, dependendo da intensidade do exercício, metaborreceptores musculares14-16. Em resposta ao aumento da atividade nervosa simpática, observa-se aumento da frequência cardíaca, do volume sistólico e, consequentemente, do débito cardíaco. Além disso, a produção de metabólitos musculares promove vasodilatação na musculatura ativa, gerando redução da resistência vascular periférica. Assim, durante os exercícios aeróbicos, observa-se aumento da pressão arterial sistólica e manutenção ou redução da diastólica14. Essas respostas são tanto maiores quanto maior for a intensidade, porém não se alteram com a duração do exercício. Somado a isso, quanto maior a massa muscular exercitada, maior é o aumento da frequência cardíaca, mas menor é o aumento da pressão arterial, devido à maior vasodilatação da musculatura ativa, gerando uma maior redução da resistência vascular periférica devido à maior produção de metabólitos musculares. Já a definição precisa de exercício resistido é bastante discutida. De forma geral, entende-se por exercício resistido aquele no qual a contração muscular é realizada por um determinado segmento corporal contra uma força que se opõe ao movimento, ou seja, contra uma resistência, que pode ser oferecida por equipamentos de musculação, pesos livres, elásticos, outros acessórios ou mesmo pelo peso do próprio corpo17, 18. O termo exercício resistido vem sendo utilizado na área da saúde para denominar o que a área de Educação Física chama de exercício de força, exercício com pesos, exercício localizado, exercício de resistência muscular localizada, exercício contra a resistência ou, ainda, musculação, o termo mais conhecido18. Em geral, esses exercícios podem ser realizados com movimentos que envolvem contração dinâmica (com movimento articular), estática (sem movimento articular) ou ambas17. O exercício resistido dinâmico é o mais usado no treinamento diário e envolve duas fases de contração: a) concêntrica, em que ocorre encurtamento das fibras musculares, ou seja, a força gerada pelo músculo é maior que a resistência oferecida e b) excêntrica, em que ocorre alongamento das fibras musculares, ou seja, a força gerada pelo músculo é menor que a resistência oferecida17. O exercício resistido estático, também chamado isométrico, se caracteriza pela contração dos músculos de determinado segmento corporal, sem que haja movimento articular18. Apesar de o exercício resistido dinâmico caracterizar-se pela presença de movimento articular, durante sua execução se encontram fases de isometria, cuja duração depende da intensidade de força gerada para a realização do movimento. Assim, os exercícios resistidos dinâmicos de alta intensidade possuem um componente estático ou isométrico importante. Da mesma forma, quando o exercício dinâmico leve a moderado é prolongado até a fadiga muscular concêntrica, o componente isométrico também se acentua. Apesar de o aumento da pressão arterial durante este tipo de exercício já estar bem definido na literatura, os mecanismos que o determinam ainda não estão totalmente esclarecidos, embora algumas hipóteses sejam levantadas. Nos exercícios resistidos, principalmente os estáticos puros e os com predominância do componente isométrico, o grande aumento da resistência vascular periférica, devido à compressão mecânica dos vasos sanguíneos pela contração muscular, parece ser o mecanismo mais provável para o aumento da pressão arterial. Além disso, nesses exercícios, o acúmulo de metabólitos no músculo estimula os metaborreceptores musculares, promovendo um grande aumento da atividade nervosa simpática15, 16, 19, o que leva à vasoconstrição também dos territórios inativos. Assim, a resistência vascular periférica total aumenta muito, o que contribui de forma expressiva para o aumento da pressão arterial. Por outro lado, nos exercícios resistidos dinâmicos, com predominância do componente isotônico, o aumento da resistência vascular periférica também ocorre, mas parece haver também aumento do débito cardíaco devido ao aumento da frequência cardíaca, uma vez que o volume sistólico quase não se altera ou mesmo diminui durante a fase de contração muscular20-22, pelo fato de o retorno venoso estar prejudicado pelo componente isométrico da contração23, mas aumenta na fase de relaxamento. Nesse exercício, o aumento da frequência cardíaca se deve à retirada parassimpática e, principalmente, ao aumento da atividade nervosa simpática para o coração. Assim, o aumento da pressão arterial durante o exercício resistido dinâmico parece estar relacionado, principalmente, ao aumento da atividade nervosa simpática, que leva ao aumento da frequência cardíaca, do débito cardíaco e da resistência vascular periférica. 3. Medida da pressão arterial durante os exercícios Atualmente, a pressão arterial tem sido medida basicamente de duas formas: direta (punção arterial) e indireta (auscultatória, pletismográfica, tonométrica e oscilométrica). A medida indireta é a mais utilizada devido a sua validade (tanto em repouso quanto durante o exercício aeróbico), praticidade e aplicabilidade técnica, podendo ser realizada com o esfigmomanômetro de coluna de mercúrio, esfigmomanômetro aneroide (ambos por meio de um observador bem treinado, com o auxílio de um estetoscópio) ou aparelhos eletrônicos (REF). Para a validação desses equipamentos na situação de repouso, a Associação para Avanços em Instrumentação Médica (AAMI) e a Sociedade Britânica de Hipertensão (BHS) estabeleceram critérios mínimos de compatibilidade entre as medidas obtidas com os aparelhos e com o método direto intra-arterial e indireto auscultatório manual24, 25. Porém, mesmo na situação de repouso, esses critérios podem ser questionáveis, ao passo que as medidas direta e indireta nem sempre coincidem, podendo alguns equipamentos ser válidos em relação à medida direta, mas não em relação à indireta, e vice-versa14, 24. Quanto à medida da pressão arterial durante a realização de exercícios aeróbicos, nota-se que a aferição feita com o método auscultatório manual é mais precisa em estimar a pressão arterial sistólica central, ou seja, aquela pressão medida exatamente na saída do sangue do coração após a sístole, no arco da artéria aorta. Além disso, comparando-se a técnica auscultatória com a intra-arterial periférica, observa-se que a primeira traduz menores valores em comparação à segunda, pois, quanto mais distal a medida direta, maiores serão os valores de pressão arterial encontrados devido à somação de ondas de reflexão. No entanto, essa diferença se torna menor com o aumento da intensidade do exercício, assim demonstrando que a técnica auscultatória de medida de pressão arterial durante o exercício aeróbico é validada para a pressão arterial sistólica. Já em relação à pressão arterial diastólica, a medida auscultatória manual não possui valores tão exatos quanto os valores da pressão arterial central, subestimando sua aferição. Além disso, comparando-se a técnica auscultatória com a intra-arterial periférica, observa-se que a primeira demonstra erros grotescos de subestimação, e essa diferença se torna maior com o aumento da intensidade do exercício, demonstrando que a técnica auscultatória de medida de pressão arterial durante o exercício aeróbico não é validada para a pressão arterial diastólica. A situação é ainda mais crítica, uma vez que poucos aparelhos eletrônicos foram validados na situação de exercício e, mesmo os que foram, seguiram os critérios de repouso, que talvez não sejam adequados à situação de esforço24. Vale ressaltar que, como o aumento da pressão arterial sistólica é proporcional à intensidade do exercício aeróbico e independente da duração deste, ele pode ser controlado, executando-se exercícios em intensidade leve a moderada. Além disso, durante o exercício aeróbico, a medida indireta auscultatória da pressão arterial pode ser realizada no membro inativo, e os valores de pressão arterial sistólica são semelhantes aos medidos com a técnica intra-arterial14, 24. Dessa forma, essa medida indireta é válida nesta situação, sendo possível controlar o aumento da pressão arterial durante o exercício, medindo-a com a técnica auscultatória. Quanto à medida da pressão arterial durante a realização de exercícios resistidos, é interessante observar que os valores medidos pelo método auscultatório no membro não ativo durante o exercício resistido dinâmico subestimaram em mais de 15% os valores medidos com a técnica intra-arterial. Além disso, quando os valores foram medidos imediatamente após a finalização dos exercícios, eles subestimaram em mais de 30% os valores reais26. Desse modo, a medida auscultatória não é considerada válida durante o exercício resistido dinâmico. No entanto, na tentativa de se validar o método auscultatório durante a realização do exercício resistido, alguns renomados pesquisadores27 compararam dois métodos indiretos, o auscultatório com o pletismográfico, e também observaram valores menores no método auscultatório. Além disso, na tentativa de validar o método pletismográfico durante o exercício resistido, alguns estudiosos28 verificaram resultados similares de aumento (resposta) da pressão arterial durante o exercício resistido pelo método indireto pletismográfico comparado ao método direto intra-arterial. No entanto, essa técnica superestima os valores máximos da pressão arterial sistólica em 2,6±6,1% e subestima os valores máximos da pressão arterial diastólica em 8,8±5,8% atingidos durante esse tipo de exercício. Dessa forma, fica claro que somente o método direto de medida da pressão arterial é validado para a medida dos valores reais de pressão arterial atingidos durante o exercício resistido. Vale ressaltar que, como o aumento da pressão arterial sistólica e diastólica é proporcional à intensidade, à duração e à massa muscular envolvida no exercício resistido, torna-se bastante dificultoso o controle deste. Além disso, durante o exercício resistido, a medida indireta auscultatória e pletismográfica da pressão arterial podem ser realizadas no membro inativo, mas os valores de pressão arterial sistólica e diastólica não se equiparam aos medidos com a técnica intra-arterial28. Dessa forma, medidas indiretas não são validadas em tal situação, dificultando o controle do aumento da pressão arterial durante esse exercício. 4. Riscos e benefícios dos exercícios aeróbicos na hipertensão arterial sistêmica Vimos no Capítulo 2 que a função cardiovascular é intensificada durante a execução do exercício aeróbico, com o intuito de manter o aporte sanguíneo necessário para o músculo em atividade. Dessa forma, o débito cardíaco aumenta com concomitante diminuição da resistência vascular periférica. Todos esses ajustes culminam num aumento da pressão arterial sistólica e na manutenção ou redução da pressão arterial diastólica14. Em vista do exposto, o aumento da pressão arterial sistólica frente ao exercício aeróbico pode acarretar riscos para o indivíduo hipertenso. Um deles se dá no fato da possibilidade de ruptura de aneurismas preexistentes7-9, o que é de suma importância para o indivíduo hipertenso, pois este possui maior probabilidade de apresentar esses aneurismas10. No entanto, uma das maneiras de se controlar o aumento exacerbado da pressão arterial durante o exercício é medindo a pressão arterial do sujeito executante. Assim, como apresentado no Capítulo 3, verificamos que essa medida pode ser feita de maneira indireta, através da técnica auscultatória por intermédio de um observador treinado, o que remete com boa precisão à pressão arterial sistólica de dentro das artérias do indivíduo, apesar de também apresentar algumas limitações24. Já em relação à pressão arterial diastólica, os valores medidos apresentam grande variabilidade, sendo aceitos do ponto de vista clínico, mas não científico29. Vale ressaltar, também, que existem diversos fatores inerentes ao exercício aeróbico que podem influenciar as respostas da pressão arterial durante sua execução, tais como a intensidade e a duração do exercício. Desse modo, quanto maior for a intensidade, maior será a necessidade de aporte sanguíneo para a musculatura trabalhada e, portanto, maior o aumento do débito cardíaco e, consequentemente, da pressão arterial sistólica. Por outro lado, a duração do exercício não altera a resposta das pressões arteriais durante o exercício. Portanto, realizando o exercício com seus devidos cuidados e controles de modo a evitar um aumento exacerbado da pressão arterial, o executante ganhará muitos benefícios, entre eles a redução dos níveis da pressão arterial por muito tempo. Assim, diversos estudos têm demonstrado reduções da pressão arterial tanto em indivíduos normotensos quanto em hipertensos após a realização de uma única sessão de exercício físico aeróbico11. Esse fenômeno se denomina “hipotensão pós-exercício” e, para que tenha importância clínica, precisa apresentar magnitude significativa e perdurar por várias horas do dia30. Dentre os mecanismos fisiológicos responsáveis por esse fenômeno descritos na literatura, destacam-se a redução da resistência vascular periférica31 e a redução do débito cardíaco32. Quando a queda se deve à redução da resistência vascular periférica, ela está relacionada à manutenção da vasodilatação muscular pós-exercício; por outro lado, quando a queda se deve à diminuição o débito cardíaco, ela está relacionada à redução do volume sistólico, provavelmente por diminuição da pré-carga. No entanto, independente do mecanismo hemodinâmico aqui apresentado, vários estudos33 têm relatado redução da atividade nervosa simpática pós-exercício. Vale ressaltar que diversos fatores podem influenciar a magnitude e a duração da hipotensão pós-exercício. Dentre eles, destacam-se o nível inicial da pressão arterial (indivíduos com maior pressão arterial inicial pré-exercício apresentam maior redução desta após o exercício), a intensidade do exercício (resultados ainda controversos sobre qual intensidade reduz mais a pressão arterial), a duração do exercício (quanto mais prolongado o exercício, maior é a queda da pressão arterial), a forma de realização do exercício (exercício intermitente parece ser mais efetivo em reduzir a pressão arterial em comparação ao realizado de maneira contínua), a massa muscular envolvida no exercício (exercícios realizados com uma maior massa muscular reduzem mais a pressão arterial), o gasto energético total (exercícios que gastam mais energia reduzem mais a pressão arterial), o estado de hidratação do indivíduo (a perda de água relacionada ao exercício pode contribuir para a redução da pressão arterial) e o fator genético (polimorfismos ligados ao sistema renina-angiotensina-aldosterona parecem exercer um papel importante)11. Entretanto, é importante destacar que, para apresentar benefícios durante grande parte da vida, o indivíduo deve manter um bom nível de aptidão física e, para tanto, contemplar uma rotina de treinamento físico ideal constante. Nesse sentido, dados epidemiológicos têm demonstrado uma relação inversa entre o nível de aptidão física (ou atividade física) e os níveis de pressão arterial. A redução da pressão arterial pela prática regular de exercícios aeróbicos em indivíduos hipertensos já está comprovada, sendo esperadas reduções na ordem de -7/-5 mmHg para as pressões arteriais sistólica/diastólica5. No entanto, é importante salientar que aproximadamente 25% dos indivíduos hipertensos não apresentam essa resposta com o treinamento aeróbico devido ao seu componente genético34. Em relação aos mecanismos fisiológicos de redução da pressão arterial pós- treinamento físico aeróbico, os resultados ainda permanecem inconclusivos35, provavelmente pelo fato de a hipertensão arterial sistêmica ter uma etiologia multifatorial de modo que diversos mecanismos podem estar envolvidos no efeito hipotensor do treinamento físico. Assim, o Quadro 3 demonstra os principais mecanismos hipotensores do treinamento físico aeróbico. Quadro 3. Possíveis mecanismos fisiológicos de controle da pressão arterial após o treinamento físico aeróbico Débito cardíaco / Volume sistólico / Frequência cardíaca / Natriurese / Excreção urinária de sódio / Atividade do sistema renina-angiotensina-aldosterona / Atividade do sistema cinina-calicreína / Geração de dopamina renal / Resistência vascular periférica / Atividade nervosa simpática / Sensibilidade barorreflexa / Vasodilatação / Liberação de óxido nítrico / Prostaciclina / Prostaglandina E / Fator hiperpolarizante do endotélio / Contingente vascular / Tamanho das arteríolas / Número das arteríolas / Relação parede/luz do vaso Fonte: Modificado de Mion Jr, D; Nobre, F; Oigman, W. Exercício físico agudo e crônico. In: Monitorização ambulatorial da pressão arterial, 4ª edição, 2007. Já em relação aos fatores de influência da diminuição da pressão arterial frente ao treinamento físico aeróbico, destacam-se a população estudada (hipertensos reduzem mais a pressão arterial do que normotensos), a genética (polimorfismos do gene da enzima conversora de angiotensina, mais especificamente os II e DD, parecem ser capazes de identificar aqueles hipertensos que apresentarão ou não redução da pressão arterial) e as características do treinamento (períodos mais longos parecem reduzir mais a pressão arterial em comparação a períodos mais curtos de treinamento)11. 5. Riscos e benefícios dos exercícios resistidos na hipertensão arterial sistêmica Assim como no exercício aeróbico, a função cardiovascular é intensificada durante a execução do exercício resistido, com o intuito de manter o aporte sanguíneo necessário para o músculo em atividade. No entanto, além do aumento do débito cardíaco, há um aumento da resistência vascular periférica devido à compressão mecânica dos vasos pela musculatura exercitada, como visto no Capítulo 2. Todos esses ajustes culminam num aumento exacerbado tanto da pressão arterial sistólica quanto da diastólica23, 36. Em vista do exposto, o aumento da pressão arterial sistólica e diastólica frente ao exercício resistido pode acarretar riscos maiores do que os ocasionados pelo exercício aeróbico para o indivíduo hipertenso. De fato, como discutido no capítulo anterior, aumentos abruptos da pressão arterial podem acarretar a ruptura de aneurismas preexistentes (REF), o que é de suma importância para o indivíduo hipertenso, que possui maior probabilidade de apresentar esses aneurismas7-9. Além disso, já foram relatado na literatura três casos não fatais de hemorragia subaracnoide durante o exercício resistido por rompimento de aneurisma anterior10. Entretanto, como descrito anteriormente, uma das maneiras de se controlar o aumento exacerbado da pressão arterial durante o exercício é medindo a pressão arterial do sujeito executante, certo? Pois bem, essa informação vale para o exercício aeróbico, mas não para o resistido, uma vez que não existe uma técnica indireta de medida da pressão arterial validada nessa situação. No entanto, há alguns cuidados para atenuar a resposta da pressão arterial durante a execução desse tipo de exercício, entre as quais podem-se citar: realização de exercício resistido de baixa intensidade, pequeno número de séries, grande intervalo entre as séries, interrupção do exercício antes da fadiga concêntrica e fuga da manobra de Valsalva35. Dessa forma, ressalta-se que existem diversos fatores inerentes tanto ao exercício resistido quanto ao indivíduo, que podem influenciar as respostas da pressão arterial durante sua execução, tais como a intensidade absoluta (quanto maior a intensidade de execução, maior será a pressão arterial atingida), a duração (quanto maior o tempo de execução, maior será o componente estático e, portanto, maior será a pressão arterial atingida), a fase de contração do exercício (fase concêntrica aumenta mais a pressão arterial do que a fase excêntrica), atingir a fadiga concêntrica (o aumento do componente isométrico aumenta ainda mais a pressão arterial), a massa muscular envolvida (quanto maior a massa muscular envolvida no exercício, maior será a pressão arterial atingida), o tempo de intervalo entre as séries (indivíduos hipertensos necessitam de intervalos maiores, de modo que a pressão arterial retorne aos valores pré-exercício e evite-se a somação temporal de ondas de pressão arterial, o que acarreta maior nível de pressão arterial atingido), o tipo de execução do exercício resistido (pausas entre as repetições acarretam maior nível de pressão arterial), realização da manobra de Valsalva (o aumento da pressão intra-abdominal acarreta aumento da pressão arterial), a população que realizará o exercício (hipertensos atingem níveis maiores de pressão arterial durante o exercício resistido em comparação aos normotensos) e o uso de medicamentos anti-hipertensivos (alguns medicamentos atenuam tanto os valores absolutos quanto a resposta da pressão arterial durante o exercício resistido)37. Contudo, realizando o exercício com seus devidos cuidados e controles de modo a evitar um aumento exacerbado da pressão arterial, o executante ganhará muitos benefícios, entre eles a redução dos níveis da pressão arterial por muito tempo, não é? Não necessariamente. Embora alguns estudos tenham demonstrado que indivíduos que se submeteram a uma única sessão de exercício resistido apresentaram o fenômeno da hipotensão pós-exercício38, diversos outros estudos não verificaram tal efeito39 e, para complicar ainda mais nosso entendimento, poucos desses estudos verificaram o efeito do exercício resistido sob as respostas da pressão arterial em indivíduos hipertensos40, demonstrando que os exercícios resistidos ainda não possuem uma importância clínica estabelecida no controle da pressão arterial. Dentre os mecanismos fisiológicos responsáveis pelo fenômeno de hipotensão pós-exercício (quando apresentado) descritos na literatura, pode-se destacar apenas a redução do débito cardíaco. No entanto, tanto a queda da pressão arterial por uma possível redução da resistência vascular periférica quanto pelo débito cardíaco está relacionada à hiperemia reativa, muitas vezes sendo tão acentuada que os praticantes podem apresentar sintomas de hipotensão como tonturas, enjoos e até desmaios41. Dessa forma, o único estudo existente retratando que a queda da pressão arterial se deve à diminuição o débito cardíaco42 verificou que ela está relacionada à redução do volume sistólico, causada, provavelmente, por redução da pré-carga. Sumarizando, o exercício resistido pode promover hipotensão pós-exercício, porém a magnitude, a duração e os mecanismos desse possível efeito ainda precisam ser mais bem analisados. Entretanto, como se viu no capítulo passado, é importante destacar que, para apresentar vários benefícios, inclusive sob a pressão arterial, durante grande parte da vida, o indivíduo deve manter um bom nível de aptidão física e, para tanto, deve manter constante uma rotina de treinamento físico ideal, correto? Sim. No entanto, embora os efeitos do treinamento resistido sobre o sistema musculoesquelético já estejam bem estabelecidos, seus efeitos sobre o sistema cardiovascular ainda são bastante controversos. Esse fato se deve ao escasso número de estudos acerca do assunto, além da grande diversidade de protocolos de treinamento utilizados. Dessa forma, uma meta-análise recente sobre o assunto43, que incluiu apenas nove estudos controlados e aleatórios, verificou queda da pressão arterial sistólica/diastólica de -3/-4 mmHg. Vale ressaltar que apenas três estudos eram com indivíduos hipertensos, o que impede dizer que essa queda possui uma importância clínica estabelecida. Assim, a ausência de um comprovado efeito hipotensor do treinamento resistido em hipertensos pode estar ligada ao fato de esse tipo de treinamento não alterar nenhum mecanismo fisiológico de redução da pressão arterial, tal como a atividade nervosa simpática. Além do mais, alguns estudos44 têm demonstrado um aumento na rigidez arterial após onze semanas de treinamento, o que se relaciona com um aspecto negativo desse tipo de treinamento numa população acometida com uma doença vascular. Esse achado apresenta importantes implicações clínicas, embora seja necessário ser mais bem investigado. 6. Terapias alternativas como parte do tratamento da hipertensão arterial sistêmica Atualmente, as pessoas são frequentemente expostas a situações estressantes que resultam em hiperatividade simpática e mudanças cardiovasculares, como aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial. Podem-se citar como exemplo de situações estressantes as altas cargas de trabalho às quais as pessoas estão submetidas, problemas de relacionamento com outras pessoas, realização de provas, experimentação de perdas familiares ou ainda a necessidade de falar em público45. Essas situações desencadeiam diversas alterações fisiológicas, principalmente sobre o sistema neuroendócrino, através da liberação de catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e de corticoides, alterando o estado de humor, a resposta imunológica, a função cardíaca e a função endotelial. Assim, o estresse assume um papel de fator de risco para uma série de doenças, com particular impacto no sistema cardiovascular (dentre elas a hipertensão arterial sistêmica), contribuindo para o desenvolvimento de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral, consideradas hoje as principais causas de morbimortalidade cardiovascular em todo o mundo45. Sabe-se que a atividade física pode ser extremamente benéfica na redução do estresse, pois, à medida que o indivíduo se adapta aos processos hemodinâmicos e aos hormônios catabólicos liberados durante o exercício, o organismo é fortalecido e condicionado a reagir de forma mais branda quando as mesmas respostas são desencadeadas por um evento estressante de origem mental ou externa. Além disso, a prática da atividade física está associada à redução da reatividade cardiovascular em relação ao estresse mental, ou seja, os estímulos estressantes têm um impacto negativo menor sobre a saúde nos indivíduos fisicamente ativos, mais preparados para reagir a uma nova adaptação, como um aumento atenuado da pressão arterial frente aos estímulos45. No entanto, além do exercício físico, diversas outras formas de tratamento têm ganhado atenção da comunidade científica devido aos seus baixos custos e por apresentarem-se como métodos seguros em controlar ou até mesmo diminuir os sintomas de estresse e, consequentemente, a pressão arterial, sem acarretar efeitos colaterais indesejáveis46. Dentre algumas técnicas terapêuticas, podem-se citar: mudança nos hábitos alimentares, técnicas de relaxamento como massagem, meditação, trabalho respiratório ou yoga, além de terapias cognitivas e comportamentais desenvolvidas por psicólogos buscando orientar o indivíduo sobre a melhor forma de administrar o estresse, os fatores estressores, resolver os conflitos e os problemas. Em alguns casos a terapia medicamentosa pode ser necessária. O exercício físico e outras terapias alternativas como o relaxamento (yoga, por exemplo) representam estímulos fisiológicos opostos, sendo que o primeiro ocasiona um estado hipermetabólico e o segundo um estado hipometabólico durante as suas respectivas práticas. No entanto, ambas as condições apresentam um efeito hipotensor crônico46. Alguns estudos têm demonstrado que a yoga pode ser um potente coadjuvante no controle do estresse e da pressão arterial. Embora os resultados sejam pouco conclusivos, alguns autores46 demonstram redução aguda da pressão arterial após 20 minutos de yoga. Essa redução perdurou por até 75 minutos pós-exercício e foi maior nos indivíduos hipertensos em comparação aos normotensos. Analisando-se outra terapia alternativa de controle de estresse e pressão arterial, uma meta-análise recente47 verificou nove estudos controlados e aleatórios que atendiam aos critérios de elegibilidade sobre a influência da meditação transcendental na resposta da pressão arterial de indivíduos normotensos e hipertensos. Os pesquisadores concluíram que essa prática é capaz de reduzir a pressão arterial dos indivíduos em 5 e 3 mmHg para as pressões arteriais sistólica e diastólica, respectivamente. No entanto, mais estudos devem ser desenvolvidos com o intuito de estabelecer a importância clínica desses achados. Ainda seguindo a linha de terapias alternativas como parte do tratamento de controle do estresse e da pressão arterial, alguns estudos48 verificaram a influência do trabalho respiratório na redução da pressão arterial de dez indivíduos hipertensos. Esse trabalho respiratório foi realizado durante um mês, duas vezes por semana, durante trinta minutos cada sessão. O “treinamento respiratório” consistia em conscientizar os indivíduos sobre cada musculatura ativa no trabalho respiratório, promover uma respiração lenta, aumentar a amplitude respiratória e reduzir a frequência respiratória. Contudo, os resultados apresentados foram bastante satisfatórios, sendo que os indivíduos diminuíram a pressão arterial sistólica/diastólica em -12/-7 mmHg após a intervenção. Entre os mecanismos fisiológicos de redução da pressão arterial frente a essas terapias alternativas, destaca-se redução da atividade nervosa simpática, melhora da sensibilidade barorreflexa e aumento da variabilidade da frequência cardíaca48. 7. Interação medicamentosa e exercícios físicos no controle da hipertensão arterial sistêmica Conforme visto no Capítulo 1, a terapia medicamentosa é recomendada no tratamento da hipertensão arterial sistêmica, ora de forma isolada, ora associada à terapia não medicamentosa, e essa decisão terapêutica deve ser baseada no risco cardiovascular, considerando-se a presença de fatores de risco, lesões de órgãos-alvo e/ou doenças cardiovasculares estabelecidas, e não apenas no nível de pressão arterial do sujeito1. Existem diversas classes de medicamentos anti-hipertensivos conhecidas para combater a hipertensão arterial sistêmica, dentre as quais podem-se destacar: inibidores adrenérgicos (β-antagonistas e -antagonistas), inibidores da enzima conversora da angiotensina, bloqueadores de canais de cálcio diidropiridínicos e não diidropiridínicos, antagonistas de receptores AT1 da angiotensina II, diuréticos, vasodilatadores diretos e inibidor direto da renina1, 2, 49, 50. Cada uma dessas classes apresenta seus efeitos anti-hipertensivos agindo sobre mecanismos fisiopatológicos distintos da doença49, 50. Assim, como a pressão arterial depende do produto entre o débito cardíaco e a resistência vascular periférica, os medicamentos anti-hipertensivos agem reduzindo, principalmente, o débito cardíaco (β-antagonistas, bloqueadores de canais de cálcio não diidropiridínicos e diuréticos) ou a resistência vascular periférica (α-antagonistas, inibidores da enzima conversora da angiotensina, bloqueadores de canais de cálcio diidropiridínicos, antagonistas de receptores AT1 da angiotensina II, vasodilatadores diretos, inibidor direto da renina, além do efeito tardio dos β- antagonistas)49, 50. É interessante observar que todos os medicamentos anti- hipertensivos têm eficácia comprovada, entretanto, como a hipertensão arterial sistêmica é uma doença de origem multifatorial, cada paciente pode ter uma responsividade diferenciada aos agentes farmacológicos. Além disso, em muitos indivíduos, é necessária a associação de dois ou mais fármacos para o controle adequado da pressão arterial. Assim, a prescrição do tratamento medicamentoso no hipertenso deve levar em conta os fármacos que apresentam maior eficácia em cada paciente, devendo ser considerados os efeitos colaterais, o menor custo e a maior comodidade posológica1. Vale destacar que, dependendo do nível de pressão arterial do paciente, as duas formas de tratamento (medicamentosa e não medicamentosa) são recomendadas. Dessa forma, muitos indivíduos hipertensos controlam seus níveis de pressão arterial sob uso de tratamento farmacológico e prática de exercícios físicos, concomitantemente. Assim, alguns estudos na literatura37 demonstram que algumas classes de anti- hipertensivos são capazes de reduzir não só os valores máximos da pressão arterial atingidos, como também o aumento (resposta) da pressão arterial frente aos exercícios, atenuando, assim, o risco cardiovascular global do paciente acometido pela enfermidade aqui relacionada. É importante salientar que além da farmacodinâmica do medicamento, que pode ou não intensificar sua ação nas respostas fisiológicas frente aos exercícios, alguns estudos51 têm demonstrado uma modificação na farmacocinética da droga por intermédio de modificações fisiológicas crônicas, ocasionadas pelos exercícios, no organismo. Assim, o nível de aptidão física do indivíduo pode alterar a absorção, o volume de distribuição, a depuração e a eliminação do medicamento, corroborando com a ideia de que, ao se tratar o indivíduo hipertenso, é necessário conhecer não somente a área da fisiologia do esforço, mas também algo que está em crescente ascensão no universo acadêmico: a farmacologia do exercício. 8. Conclusão Diante das explanações aqui apresentadas, sabe-se que a hipertensão arterial sistêmica é uma das principais doenças cardiovasculares e quiçá um fator de risco para outros acometimentos cardíacos. Além disso, também foi discutido que, devido aos seus comprovados benefícios em melhorar a aptidão física do indivíduo, e, consequentemente, reduzir os níveis de pressão arterial, tanto diretrizes nacionais quanto internacionais recomendam a prática regular de exercício físico aeróbico como parte do tratamento não medicamentoso dessa doença. Atualmente, os exercícios resistidos vêm ganhando destaque na recomendação desse tratamento, em complemento ao aeróbico, devido aos seus comprovados benefícios musculoesqueléticos. Já os benefícios relacionados à redução da pressão arterial desse tipo de exercício não estão bem esclarecidos, principalmente em indivíduos hipertensos, de modo que são necessários mais estudos acerca do assunto para se estabelecer uma importância clínica comprovada. De modo a se evitar uma sobrecarga vascular com severas consequências para seus praticantes, principalmente, indivíduos hipertensos, é necessário um controle mais efetivo da pressão arterial durante o exercício, o que facilmente se concretiza quando da realização de exercícios aeróbicos, o que se torna quase impossível quando o indivíduo está realizando exercícios resistidos. Verifica-se que não apenas os exercícios clássicos possuem um efeito hipotensor. Várias técnicas alternativas estão cada vez mais sendo disponibilizadas pelos profissionais e aceitas pela comunidade científica. Assim, atividades de relaxamento, como yoga, meditação e trabalhos de consciência respiratória, não só são comprovadamente úteis na redução do estresse psicológico, como também do estresse fisiológico ocasionado pelas tarefas cotidianas, a citar a pressão arterial elevada. É importante salientar que foram observados diversos mecanismos de redução da pressão arterial. Independente do tipo do exercício (aeróbico ou resistido) ou do tipo de relaxamento (yoga, meditação ou treino respiratório), a redução do débito cardíaco e/ou da resistência vascular periférica normalmente é acompanhada pela redução da atividade nervosa simpática, o que ocasiona uma melhora substancial nos parâmetros hemodinâmicos e neurais da doença. Por fim, diversos indivíduos hipertensos são tratados com medicamentos anti- hipertensivos, o que resulta em uma melhora dos padrões cardiovasculares, evitando, assim, um acometimento mais prejudicial da hipertensão arterial sistêmica. É importante retratar que esses medicamentos podem interferir na resposta da pressão arterial frente aos exercícios aeróbicos e resistidos e que, além disso, o inverso é verdadeiro, uma vez que os efeitos fisiológicos dos exercícios podem modificar a farmacocinética do medicamento, alterando, por exemplo, a sua biodisponibilidade no organismo. Referências bibliográficas 1. Cardiologia SB, Hipertensão SB, Nefrologia SB. VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial. Hipertensão. 2010;13(1):1-66. 2. Chobanian AV, Bakris GL, Black HR, Cushman WC, Green LA, Izzo JL, Jr., Jones DW, Materson BJ, Oparil S, Wright JT, Jr., Roccella EJ. 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HOMEOSTASE: Equilíbrio dinâmico, também conhecido como estado-estável (do inglês steady-state), no qual as reações químicas do organismo formam produtos a partir dos substratos existentes, de modo que substrato e produto fiquem em constante equilíbrio. METABOLISMO OXIDATIVO: A partir do momento da entrada de Acetil Coenzima A na mitocôndria para o fornecimento de energia (ATP) por meio do Ciclo de Krebs e Cadeia de Transporte de Elétrons. Primordialmente, esse tipo de metabolismo, conhecido também como metabolismo aeróbio, está envolvido em atividades de longa duração e baixa intensidade. MECANORRECEPTORES MUSCULARES: Receptores que percebem alterações mecânicas da musculatura, ou seja, o movimento, ativando, dessa forma, o sistema nervoso central de modo a preparar o organismo para uma situação de atividade. METABORRECEPTORES MUSCULARES: Receptores que percebem alterações químicas da musculatura, ou seja, acidose ou alcalose, ativando, dessa forma, o sistema nervoso central de modo a preparar o organismo para uma situação de atividade. DÉBITO CARDÍACO: Rendimento do coração ou a quantidade de sangue ejetada num determinado período de tempo; pode ser entendido por meio da fórmula: DC = FC x VS, onde DC é o débito cardíaco, FC é a frequência cardíaca e VS é o volume sistólico. FADIGA MUSCULAR CONCÊNTRICA: Incapacidade de o indivíduo realizar qualquer tipo de contração muscular concêntrica, ou seja, aquela onde a força exercida é maior do que a resistência oferecida. PUNÇÃO ARTERIAL: Técnica de medida direta da pressão arterial por meio da qual um médico insere um cateter em uma das artérias do sujeito avaliado e a pressão arterial é medida através de um transdutor de pressão arterial acoplado a um sistema de análise. AUSCULTATÓRIA: Método indireto de medida da pressão arterial que utiliza o esfigmomanómetro (aparelho de pressão arterial mais o manguito) para ocluir a artéria a ser avaliada. Além disso, com o auxílio de um estetoscópio (aparelho de ausculta), é possível identificar as cinco fases do som de Korotkoff. PLETISMOGRÁFICA: Técnica indireta de medida de pressão arterial. O manguito de pressão arterial é colocado no dedo. Esse manguito possui, de um lado, um emissor de raios infravermelhos e, de outro, uma fotocélula. Assim que o infravermelho é emitido, as hemácias da artéria digital (dedo) captam esse raio. As que não captarem, atravessam a artéria e chegam até a fotocélula, que as capta. Dessa forma, através do fluxo sanguíneo, o manguito de pressão é ajustado eletronicamente de modo a medir a pressão arterial do dedo. TONOMÉTRICA: Medida indireta da pressão arterial por meio da qual o equipamento mede o tônus da artéria mediante sensores mecânicos que detectam variações do pulso. OSCILOMÉTRICA: Método indireto de medida da pressão arterial pelo qual o equipamento afere a mesma por meio da análise das ondas de variação geradas pela artéria durante a deflação do manguito. SÍSTOLE: Contração do coração. HIPOTENSÃO PÓS-EXERCÍCIO: Fenômeno que se caracteriza por níveis de pressão arterial pós-exercício inferiores àqueles observados pré-exercício ou àqueles medidos em um dia controle, sem a execução de exercício físico. POLIMORFISMOS: Diferentes versões de certa sequência de DNA em um determinado local cromossômico (locus) são chamados de alelos. A coexistência de alelos múltiplos em um locus é chamada de polimorfismo genético. Qualquer sítio no qual existam alelos múltiplos como componentes estáveis da população é, por definição, polimórfico. Um alelo geralmente é definido como polimórfico se ele estiver presente em uma frequência maior que 1% na população. RENINA-ANGIOTENSINA-ALDOSTERONA: Sistema neuro-humoral, cujo produto final, a angiotensina II formada na circulação, tem um papel fundamental na regulação da homeostase cardiovascular, atuando tanto na regulação do volume sanguíneo como da resistência vascular. MANOBRA DE VALSALVA: Expiração forçada contra uma glote fechada. Ocorre comumente em levantamentos de peso e em outras atividades que exigem uma aplicação rápida e máxima de força por um curto período. HIPEREMIA REATIVA: Quando o suprimento sanguíneo para determinado tecido é bloqueado durante alguns segundos até várias horas e, em seguida, liberado. Dessa forma, o fluxo através dos tecidos geralmente aumenta em até sete vezes o anterior. MEDITAÇÃO TRANSCENDENTAL: Técnica de meditação que envolve o uso mental de sons específicos, com propriedades psicoativas, denominados mantras. A técnica permite que a mente atinja um estado de vigília tranquila sem usar o pensamento de maneira ativa. FARMACODINÂMICA: Área da farmacologia que analisa o mecanismo de ação dos medicamentos no corpo, como a interação da droga com o seu respectivo receptor bioquímico. FARMACOCINÉTICA: Área da farmacologia que analisa o mecanismo de ação do corpo sobre os medicamentos, como a biodisponibilidade, absorção e eliminação das drogas após a sua ingestão. Tema: Hipertensão e exercício EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1) É considerado um fator de risco para a hipertensão arterial sistêmica: A) o uso de medicamentos, como a Venlafaxina; B) o uso abusivo de gorduras insaturadas; C) o uso abusivo de álcool; D) o uso abusivo de potássio. 2) O exercício físico auxilia na diminuição da incidência (aparecimento de novos casos) de hipertensão arterial sistêmica, quando realizado, principalmente: A) de maneira leve; B) de maneira moderada; C) de maneira vigorosa; D) nenhuma das anteriores. 3) É correto afirmar que são considerados fatores de influência para aumentos da pressão arterial durante o exercício resistido: A) a massa muscular envolvida, o intervalo entre as séries e o exercício realizado; B) a intensidade relativa, a intensidade absoluta e a fase de contração muscular analisada; C) a população, atingir a fadiga concêntrica e a intensidade relativa analisada; D) a população, o intervalo entre as séries e a intensidade absoluta analisada. 4) Durante o exercício aeróbico, é correto afirmar que as medidas de pressão arterial validadas são: A) auscultatória apenas para a pressão arterial sistólica; B) pletismográfica apenas para a pressão arterial diastólica; C) intra-arterial apenas para a pressão arterial diastólica; D) oscilométrica apenas para a pressão arterial diastólica. 5) São classes de medicamentos anti-hipertensivos: A) inibidores adrenérgicos e fibratos; B) inibidores da enzima conversora de angiotensina e antagonistas do receptor da angiotensina II; C) bloqueadores de canais de cálcio diidropiridínicos e inibidores de recaptação de serotonina; D) sulfonilureias e incretinas. 6) O atenolol reduz o incremento da pressão arterial durante o exercício resistido dinâmico por meio: A) da diminuição da resistência vascular periférica; B) do aumento da atividade nervosa simpática; C) da diminuição dos ânions superóxidos; D) da diminuição do débito cardíaco. RESPOSTAS: 1 – C 2 – C 3 – D 4 – A 5 – B 6 – D
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