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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU Curso de Pós Graduação- Strictu Sensu Arquitetura e Urbanismo CAROLINE DE ANGELIS Dimensões para projetos hoteleiros São Paulo 2010 CAROLINE DE ANGELIS Dimensões para projetos hoteleiros Dissertação apresentada à Universidade São Judas para obtenção do Título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo. ORIENTADOR: Professor Doutor Paulo de Assunção São Paulo 2010 De Angelis, Caroline Dimensões para projetos hoteleiros / Caroline de Angelis. - São Paulo, 2011. 149 f. , il. ; 30 cm Orientador: Paulo de Assunção Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São Paulo, 2011. 1. Arquitetura. 2. Indústria hoteleira - Projeto arquitetônico. I. Assunção, Paulo de. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Arquitetura e Urbanismo. IV. Título “A dinâmica da vida faz com que as coisas, os edifícios, as cidades, os ambientes sofram constantes transformações, nas quais muitas vezes o velho tem que dar lugar ao novo.” (Um século de Luz. Marisa Midori Deaecto) AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a todas as pessoas que, direta ou indiretamente, colaboraram na execução desta pesquisa e que, mesmo não citadas nesta página, merecem minha sincera gratidão. À Profº. Dr. Paulo de Assunção pela orientação e solicitude. À minha família pelos cuidados e permanente incentivo. À minha irmã, Nathália, pela compreensão e amizade. À banca formada pela Profª Drª Ana Paula Koury e Profª Drª Eneida de Almeida, pelos pertinentes comentários e sugestões. RESUMO O objeto do nosso estudo foi analisar o processo de transformação dos projetos arquitetônicos hoteleiros, na cidade de São Paulo por meio do Código de Obras. A proposta é apresentar diretrizes para o dimensionamento dos meios de hospedagem a fim de apresentar o melhor uso dos equipamentos que cada categoria disponibiliza. Procuramos tecer um foco único: o novo regulamento de classificação para os meios de hospedagem, os estudos arquitetônicos – uma visão dos arquitetos – e a ABNT NBR9050 resultado em legislações que permitem fornecer claras informações na construção de hotéis. Palavras-chaves: hotelaria / projetos arquitetônicos / Legislação ABSTRACT The main purpose of this study was to analyze the transformation process in the hotel architectural projects in the city of São Paulo through the Construction Standard. The aim is to suggest directives to dimension accommodations in order to make the best use of the equipment made available by each category. There was an attempt to amalgamate one focus: the new accommodation classification regulation, architectural studies – from the architects‟ point of view – and ABNT NBR9050 (Brazilian Association of Technical Regulations), resulting in regulations which allow the provision of clear information on hotel construction. Key words: hospitality / architectural projects / Legislation SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATURAS LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE TABELAS Introdução 23 1 O início 25 1.1 O Hotel Paris Ritz – um marco para a hotelaria 35 1.2 As maiores redes hoteleiras do mundo 37 1.3 A hotelaria no Brasil 48 2 Hotéis na cidade de São Paulo e o Código de Obras 79 3 Regras e referências no mercado hoteleiro 104 3.1 Regulamento e classificação dos Meios de Hospedagem 104 3.1.1 Hotel com estrela 104 3.1.2 Hotel com estrelas 105 3.1.3 Hotel com estrelas 105 3.1.4 Hotel com estrelas 106 3.1.5 Hotel com estrelas 106 3.2 Planejamento e projeto de hotéis 107 3.3 ABNT NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 114 Considerações finais 129 Referências Bibliográficas 131 Anexo I – Portaria nº 100 – 21/06/2011 140 LISTA DE ABREVIATURAS ABIH Associação Brasileira da Industria de Hoteis ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social FIABCI Federação Internacional das Profissões Imobiliárias FUNGETUR Fundo Geral do Turismo IHG Inter Continental Hotels Group SECOVI Sindicato da Habitação do Estado de São Paulo SUDAM Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia SUDECO Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste SUDENE Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste SUDESUL Superintendência de Desenvolvimento do Sul UH Unidade Habitacional LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Tremont House. 29 Disponível em <http://www.bc.edu/bc_org/avp/cas/fnart/fa267/tremnths.jpg> Acesso em: 23/08/2010. Figura 2 – Statler Hotel 32 Disponível em: <http://wnyheritagepress.org/photos_week_2007/statler/hotel/statler_hotel.htm> Acesso em: 23/08/2010. Figura 3 – Hyatt Regent Atlanta - 1967 34 Disponível em: <http://blog.aia.org/favorites/2007/02/103_hyatt_regency_atlanta_1967.html> Acesso em: 23/08/2010. Figura 4 – Hyatt San Francisco Atlanta - 1973 34 Disponível em: < http://www.inetours.com/Pages/SF-photos/FD/Hyatt-interior.html> Acesso em: 23/08/2010. Figura 5 – Ritz Paris 37 Disponível em: < http://www.ritzparis.com/jump_to.asp?id_target=1123&id_lang=2> Acesso em: 23/08/2010. Figura 6 – Hotel Holiday Inn – Londres 39 Disponível em: <http://www.hiexpress.com/hotels/us/en/london/lonsw/hoteldetail/photos-tours.> http://www.bc.edu/bc_org/avp/cas/fnart/fa267/tremnths.jpg http://wnyheritagepress.org/photos_week_2007/statler/hotel/statler_hotel.htm http://blog.aia.org/favorites/2007/02/103_hyatt_regency_atlanta_1967.html http://www.inetours.com/Pages/SF-photos/FD/Hyatt-interior.html http://www.ritzparis.com/jump_to.asp?id_target=1123&id_lang=2 http://www.hiexpress.com/hotels/us/en/london/lonsw/hoteldetail/photos-tours. Acesso em: 20/11/2010. Figura 7 – Hotel Galvez & SPA, Wyndham Grand Hotel – Texas 40 Disponível em: < http://www.wyndham.com/hotels/GLSHG/main.wnt> Acesso em: 20/11/2010. Figura 8 – Courtyard Philadelphia Downtown – USA 41 Disponível em: < http://www.wyndham.com/hotels/GLSHG/main.wnt> Acesso em: 20/11/2010. Figura 9 – Hotel Hilton Checkers – Los Angeles 41 Disponível em: <http://www1.hilton.com/en_US/hi/hotel/LAXCHHF/photoGallery.do> Acesso em: 20/11/2010. Figura 10 – Hotel Mercure Paris Terminus Nord –Paris 43 Disponível em: < http://www.accorhotels.com/pt-br/hotel-2761-mercure-paris-terminus-nord/index.shtml > Acesso em: 20/11/2010. Figura 11 – Comfort Inn & Suites – Califórnia 44 Disponível em: <http://www.comfortinn.com/es/hotel-lancaster-california> Acesso em: 20/11/2010. Figura 12 – Best Western Plaza Kokai Cancún – México 45 Disponível em: http://www.wyndham.com/hotels/GLSHG/main.wnt http://www.wyndham.com/hotels/GLSHG/main.wnt http://www1.hilton.com/en_US/hi/hotel/LAXCHHF/photoGallery.do http://www.accorhotels.com/pt-br/hotel-2761-mercure-paris-terminus-nord/index.shtml http://www.comfortinn.com/es/hotel-lancaster-california <http://book.bestwestern.com/bestwestern/MX/Cancun-hotels/BEST-WESTERN-Plaza- Kokai-Cancun> Acesso em: 20/11/2010. Figura 13 – Sheraton Chicago Hotel & Towers – Chicago 46 Disponível em: < http://www.starwoodhotels.com/sheraton/property> Acesso em: 20/11/2010.Figura 14 – Park Plaza Wallstreet Berlim – Alemanha 46 Disponível em: <http://www.parkplaza.com/> Acesso em: 21/11/2010. Figura 15 – Hyatt Regency San Francisco Airport – Califórnia 47 Disponível em: <http://www.hyatt.com/hyatt/hotels/gallery/photos.jsp?hotelId=2224&start=1> Acesso em: 21/11/2010. Figura 16 - Hotel Pharoux. 49 Disponível em: <http://correiogourmand.com.br/roteiros_02_turismo_02_primordios_brasil.htm> Acesso em 22/08/2010. Figura 17 – Hotel Palm 50 Fonte: CAMPOS, Eudes. A cidade de São Paulo e a era dos melhoramentos materiaes: Obras públicas e arquitetura vistas por meio de fotografias de Militão Augusto de Azevedo. Figura 18 – Anúncio do Hôtel des Voyageurs 51 Fonte: Anais do Museu Paulista: História e Cultura Material. http://book.bestwestern.com/bestwestern/MX/Cancun-hotels/BEST-WESTERN-Plaza-Kokai-Cancun/Hotel-Overview.do?iata=&promoCode=&corpID=&propertyCode=70199 http://book.bestwestern.com/bestwestern/MX/Cancun-hotels/BEST-WESTERN-Plaza-Kokai-Cancun/Hotel-Overview.do?iata=&promoCode=&corpID=&propertyCode=70199 http://www.starwoodhotels.com/sheraton/property http://www.parkplaza.com/ http://www.hyatt.com/hyatt/hotels/gallery/photos.jsp?hotelId=2224&start=1 http://correiogourmand.com.br/roteiros_02_turismo_02_primordios_brasil.htm Figura 19 – Grande Hotel 52 Fonte: A cidade da Light, 1899-1930, São Paulo, Eletropaulo, vol. 1, 1990, p.121. Figura 20 – Reconstituição gráfica da fachada principal do Grande Hotel. Vista da Rua São Bento 52 Fonte: CAMPOS, Eudes. O antigo Beco da Lapa e o Grande Hotel - Informativo AHM. Figura 21 – Reconstituição gráfica da fachada lateral do Grande Hotel. Vista da Rua Miguel Couto 52 Fonte: CAMPOS, Eudes. O antigo Beco da Lapa e o Grande Hotel - Informativo da AHM. Figura 22 – Hotel da Paz 53 Disponível em: <http://correiogourmand.com.br/roteiros_03_turismo_05_historia_primeiros_hoteis_sao_paul o.htm> Acesso em 22/08/2010. Figura 23 – Grande Hotel d´Oeste (o prédio do Hotel à esquerda) 53 Fonte: São Paulo de Piratininga: de pouso de tropas a metrópole. O Estado de São Paulo - Terceiro nome. Figura 24 – Reconstituição gráfica do Grande Hotel d´Oeste, 1887 e 1890 54 Fonte: Os primeiros hotéis da cidade de São Paulo século XIX: Império e República, Informativo do AHM. Figura 25 – Reconstituição gráfica do Grande Hotel d´Oeste, 1900. 54 Fonte: Os primeiros hotéis da cidade de São Paulo século XIX: Império e República, Informativo do AHM. http://correiogourmand.com.br/roteiros_03_turismo_05_historia_primeiros_hoteis_sao_paulo.htm http://correiogourmand.com.br/roteiros_03_turismo_05_historia_primeiros_hoteis_sao_paulo.htm Figura 26 – Hotel Brasil-Itália 54 Fonte: São Paulo de Piratininga: de pouso de tropas a metrópole. O Estado de São Paulo, Terceiro nome. Figura 27 – Grande Hotel Metropolitano. Escala 1:100 56 Fonte: Grande Hotel Metropolitano, Informativo AHM. Figura 28 – Fachada do Grande Hotel Metropolitano. Escala 1:100 56 Fonte: GrandeHotel Metropolitano, Informativo AHM. Figura 29 - Largo São Bento. 57 À direita, ao fundo, futuro Hotel Rebecchino. À esquerda, ao fundo, o Grande Hotel Paulista. À esquerda, o Hotel D’Oeste. Fonte: O centro de São Paulo há cem anos (exposição online) AHMWL. Figura 30 – Grand Hôtel de La Rotisserie Sportman 57 Fonte: Acervo de São Paulo (online) Figura 31 – Hotel São Paulo Inn 58 Fonte: Acervo de São Paulo (online) Figura 32 - Hotel Copacabana Palace 59 Fonte: Almanaque Brasil (online). Figura 33 - Andar térreo do Hotel Copacabana Palace 59 Fonte: Copacabana Palace: um hotel e sua história. Figura 34 - Hotel Esplanada. À esquerda, o Teatro Municipal. 60 À direita, o Hotel Esplanada. Fonte: Histórico demográfico do município de São Paulo (online). Figura 35 - Grande Hotel de Araxá 60 Fonte: CBF (online). Figura 36 - Grande Hotel São Pedro 61 Disponível em: <www.grandehotelsenac.com.br > Acesso em 15/06/2010. Figura 37 – Grande Hotel Ouro Preto 62 Disponível em: <http://mail.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.122/3486> Acesso em: 25/08/2010. Figura 38 – Grande Hotel Ouro Preto. (térreo, 1º andar, 2º andar, 3º andar) 62 Disponível em: <http://mail.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.122/3486> Acesso em: 25/08/2010. Figura 39 – Hotel Excelsior. 63 Fonte: Os hotéis da Metrópole. Figura 40 – Fachada norte do Park Hotel, Nova Friburgo – RJ. 65 Disponível em: < http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.123/3513> Acesso em: 25/08/2010. Figura 41 – Fachada sul do Park Hotel, Nova Friburgo – RJ 65 Disponível em: <http://www.arcoweb.com.br/artigos/roberto-segre-humanismo-tecnica-22-03-2002.html> Acesso em: 28/10/2010. http://www.grandehotelsenac.com.br/ http://mail.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.122/3486 http://mail.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.122/3486 http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/11.123/3513 http://www.arcoweb.com.br/artigos/roberto-segre-humanismo-tecnica-22-03-2002.html Figura 42 – Hotel Quitandinha 66 Disponível em: <http://www.museuhistoriconacional.com.br/images/galeria22/mh-g22a052.htm> Acesso em 15/06/2010. Figura 43 – Hotel Comodoro 67 Disponível em: <www.piratininga.org> Acesso em: 12/11/2010. Figura 44 – Hotel Tambaú 70 Disponível em: <http://www.tropicaltambau.com.br/portuguese/index.cfm> Acesso em: 12/11/2010 Figura 45 – Renaissance Hotel – São Paulo 72 Disponível em: < http://www.ruyohtake.com.br/index.html> Acesso em: 21/09/2010. Figura 46 – Unique Hotel 73 Disponível em: < http://www.ruyohtake.com.br/index.html> Acesso em: 21/09/2010. Figura 47 – Alvorada Park Hotel 74 Disponível em: < http://www.ruyohtake.com.br/index.html> Acesso em: 21/09/2010. Figura 48 – Costa do Sauipe 75 http://www.museuhistoriconacional.com.br/images/galeria22/mh-g22a052.htm http://www.piratininga.org/ http://www.tropicaltambau.com.br/portuguese/index.cfm http://www.ruyohtake.com.br/index.html http://www.ruyohtake.com.br/index.html http://www.ruyohtake.com.br/index.html Disponível em: <http://www.costadosauipeonline.com.br/> Acesso em: 21/09/2010. Figura 49 – Hotel Anhembi Holiday Inn 76 Disponível em: <http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/miguel-juliano-hotel-anhembi-11-03-2004.html> Acesso em: 03/11/2010. Figura 50 – Bourbon Joinville Business Hotel – Santa Catarina 77 Disponível em: <http://www.dorialopesfiuza.com.br/> Acesso em: 03/11/2010. Figura 51 – Hotel Excelsior 81 Fonte: Acervo Digital Rino Levi – FAU PUC Campinas Figura 52 - Planta do 7º ao 11º andar 82 Fonte: Acervo Digital Rino Levi – FAU PUC Campinas Figura 53 – Hotel Jaraguá 84 Disponível em: <http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/miguel-juliano-hotel-holiday-11-03-2004.html> Acesso em: 22/08/2010 Figura 54 – São Paulo Hilton Hotel 86 Fonte: Acervo de São Paulo (online) Figura 55 – Planta de um dos andares de apartamentos 86 http://www.costadosauipeonline.com.br/ http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/miguel-juliano-hotel-anhembi-11-03-2004.html http://www.dorialopesfiuza.com.br/ http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/miguel-juliano-hotel-holiday-11-03-2004.html Fonte: Revista Projeto e Construção Setembro de 1970 Figura 56 – Renaissance Hotel 90 Disponível em: <http://www.ruyohtake.com.br/index.html> Acesso em: 03/09/2010. Figura 57 – Planta do pavimento-tipo 91 Disponível em: <http://www.ruyohtake.com.br/index.html> Acesso em: 03/09/2010. Figura 58 – Apartamento Superior 97 Disponível em: <http://www.transamerica.com.br/default.aspx?pageid=0A69A07A49AA69AA55A5A53A4>Acesso em: 30/08/2010. Figura 59 – Apartamento Luxo 97 Disponível em: <http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A09A49AA69A0808> Acesso em: 30/08/2010. Figura 60 – Apartamento Executivo 98 Disponível em: <http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A69AA49A503A53A7> Acesso em: 30/08/2010 Figura 61 – Apartamento Golden class 98 http://www.ruyohtake.com.br/index.html http://www.ruyohtake.com.br/index.html http://www.transamerica.com.br/default.aspx?pageid=0A69A07A49AA69AA55A5A53A4 http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A09A49AA69A0808 http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A69AA49A503A53A7 Disponível em: <http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A70AA49AA69A03A55AA 69A > Acesso em: 30/08/2010. Figura 62 – Apartamento adaptado para deficiente 99 Disponível em: <http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A71AA49A7A52A306> Acesso em: 30/08/2010. Figura 63 – Suíte Alvorada 99 Disponível em: <http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A73AA49AA72AA52AA69 AA54AA69A> Acesso em: 30/08/2010. Figura 64 – Suíte Diplomata 100 Disponível em: <http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A72AA49AA71AA58A5A5 8A4> Acesso em: 30/08/2010. Figura 65 – Suíte Transamérica 100 Disponível em: <http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A17A49AA69AA56A5A56A5 > Acesso em: 30/08/2010. Figura 66 – Suíte Itamaraty 101 http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A70AA49AA69A03A55AA69A http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A70AA49AA69A03A55AA69A http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A71AA49A7A52A306 http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A73AA49AA72AA52AA69AA54AA69A http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A73AA49AA72AA52AA69AA54AA69A http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A72AA49AA71AA58A5A58A4 http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A0A72AA49AA71AA58A5A58A4 http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A17A49AA69AA56A5A56A5 http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A17A49AA69AA56A5A56A5 Disponível em: <http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A18A49A50A69AA53A9> Acesso em: 30/08/2010. Figura 67 – Suíte Presidencial 101 Disponível em: <http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A19A49AA69AA58A6A56AA 69A> Acesso em: 30/08/2010. Figura 68 – Suíte Presidencial 102 Disponível em: <http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A19A49AA69AA58A6A56AA 69A> Acesso em: 30/08/2010. Figura 69 – UH de padrão econômico 110 Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2000, p.208. Figura 70 - UH de padrão econômico 110 Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2000, p.208. Figura 71 – UH de padrão econômico 111 Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2000, p.209. Figura 72 - UH de padrão médio 111 http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A18A49A50A69AA53A9 http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A19A49AA69AA58A6A56AA69A http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A19A49AA69AA58A6A56AA69A http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A19A49AA69AA58A6A56AA69A http://www.transamerica.com.br/Default.aspx?pageid=0A69A19A49AA69AA58A6A56AA69A Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2000, p.209. Figura 73 – UH de padrão médio 112 Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2000, p.210. Figura 74 – UH de padrão médio 112 Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2000, p.210. Figura 75 – UH de padrão superior 113 Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2000, p.211. Figura 76 – UH de padrão superior 113 Fonte: ANDRADE, Nelson. Hotel: planejamento e projeto. 4. Ed., São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2000, p.211. Figura 77 - Dimensões referenciais para deslocamento de pessoa em pé 114 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 78 – Dimensões referenciais para deslocamento em cadeira de rodas 115 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 79 – Alcance manual frontal – Pessoa em pé 115 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 80 – Alcance manual frontal – Pessoa sentada 115 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 81 – Alcance manual lateral – Relação entre altura e profundidade – 116 pessoa em cadeira de rodas Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 82 – Alcance manual frontal - Pessoa em cadeira de rodas 116 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 83 – Aproximação de porta frontal 117 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 84 – Visão frontal de porta de sanitário 118 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 85 – Sinalização de vagas 119 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 86 – Sinalização de vagas 119 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 87 - Áreas de transferência para bacia sanitária 120 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 88 – Dimensões para instalação da bacia sanitária 120 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 89 – Altura da bacia sanitária – vista lateral 121 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 90 – Altura do acionamento da descarga 121 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 91 – Mictórios 122 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 92 – Boxe para pessoas com deficiência 122 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 93 – Boxe adaptado com área de manobra 123 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 94 – Boxe para chuveiro com barras vertical e horizontal 123 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 95 – Boxe para chuveiro com barra de apoio em L 124 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 96 – Perspectiva do boxe com as barras de apoio 124 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 97 – Dimensões para banheira acessível 125 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 98 – Acessórios junto ao lavatório 125 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 99 – Cabina para vestiário acessível 126 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 100 – Circulação mínima para quarto acessível 126 Fonte: ABNT NBR 9050. Figura 101 – Balcão de autoatendimento – Vista frontal 127 Fonte: ABNT NBR 9050. LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Instalações sanitárias 87 Tabela 1 – Classificação hoteleira 93 Tabela 2 – Áreas médias do hotel (m²/apto) 108 Tabela 3 – Área de serviço 10 23 Introdução O setor de serviços – de que é parte expressiva o turismo – vem crescendo significativamente nos últimos anos. Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Turismo relata que, em 2009, o Brasil recebeu 4,8 milhões de turistas estrangeiros e movimentou aproximadamente 56 milhões de voos domésticos. Grande polo de desenvolvimento desse setor, segundo a São Paulo Turismo (SPTuris), a capital de São Paulo recebe anualmente 11 milhões de visitantes, com permanência média de 3 a 5 dias. Para atender a essa demanda, existem 42 mil apartamentos, com média de ocupação no mercado hoteleiro de 62,2% e preço médio de diária de R$197,00. Esse é o cenário do mercado hoteleiro, cujo crescimento – nos últimos 20 anos – tem acompanhado as necessidades da demanda. Notável nesse período foi a chegada das redes hoteleiras internacionais, que vislumbraram amplas possibilidades em uma economia favorável para investimentos, ganharam mercado e contribuíram para padronizar a estrutura física e dosserviços prestados. Foi uma questão de tempo para que as redes hoteleiras disseminassem hotéis de diversas categorias por diferentes regiões da cidade a fim de atender clientes de perfis específicos. A vinda das redes hoteleiras internacionais estimulou não só a competitividade nos aspectos construtivos e de profissionalização como também no marketing do estabelecimento ou marca. Além desses benefícios, as grandes redes impulsionaram a modernização dos equipamentos, devido à exigência da qualidade internacional, e uma política flexível de preços e condições. Ao longo desse período, houve o cuidado de manter às características tipicamente brasileiras e paulistas, tanto na estrutura física como na profissionalização dos prestadores de serviços, visando fidelizar o maior número de clientes. Atualmente, a variedade de meios de hospedagem na cidade São Paulo, compreende desde hotéis de propriedade de grandes redes internacionais até estabelecimentos independentes de porte médio. A importância desse ramo de atividade para a economia justifica uma análise detida dos vários aspectos que a envolvem. Esta dissertação tem por objetivo analisar o processo de transformação dos projetos hoteleiros no Brasil, tomando por referência a cidade de São Paulo, e indicar as diretrizes que dimensionam categorias dos meios de hospedagem. 24 A iniciativa de discorrer sobre o tema explica-se pela experiência da autora no segmento hoteleiro e sua formação em administração nessa área. O foco da pesquisa é buscar informações que levam a correta construção das áreas funcionais, facilitando a rotina hoteleira. O primeiro capítulo versa sobre a origem e a evolução da hotelaria no mundo e no Brasil, mensurando os principais empreendimentos, suas características de funcionamento e serviços oferecidos. No fim do capítulo, listam-se as maiores redes hoteleiras do mundo com suas respectivas características e marcas. O segundo capítulo relata os critérios estabelecidos pelo Código de Obras do município de São Paulo que regram a construção de hospedarias no período de 1930 a 1990, apontando as transformações dos projetos e suas influências nas condições de uso dos equipamentos. Examina-se a uma legislação específica para o setor, até há pouco controlada pela ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis), através do regulamento e classificação de meios de hospedagem. O capítulo final analisa os pontos relevantes do novo regulamento de classificação para os meios de hospedagem, controlado pelo Ministério do Turismo, as considerações de Nelson de Andrade em Hotel- planejamento e projeto e as normas de acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos da ABNT NBR 9050. O estudo se encerra com uma conclusão que reflete todos os aspectos analisados ao longo dos capítulos anteriores. 25 1. O início Este capítulo pretende esboçar um panorama histórico dos meios de hospedagem no mundo e no Brasil, ressaltando a entrada das principais redes hoteleiras e as mudanças dos projetos arquitetônicos no decorrer dos anos. Viajar é atividade intrínseca ao ser humano, seja por sobrevivência, fuga, religião ou interesse social. Segundo Ycarim Melgaço Barbosa, “desde o período em que a Terra foi povoada por seres que praticavam caça e coleta, atividades que surgiram pelo menos desde o desenvolvimento dos primeiros instrumentos de pedra, há 2,5 milhões de anos, os seres humanos já se deslocavam” (BARBOSA, 2002, p.12). Na Idade Antiga, com a introdução da moeda concebida pelos sumérios, simplificaram-se as transações comerciais e o comércio se desenvolveu. A esse povo deve-se ainda a invenção da escrita e da roda, que permitiu uma mobilidade antes inimaginável. Os egípcios e gregos deslocavam-se pelos mares, desertos e montanhas, deixando um legado de conhecimentos e experiências. Com tantos deslocamentos e meios de transporte inadequados, começam os primeiros viajantes a conceber formas de acomodação temporária, embrião das atividades hoteleiras. No século V a.C., surgem as hospedarias, ainda precárias, ao longo das estradas, nos portos e grandes centros. Joaquim Janeiro afirma que “as hospedarias apareceram por volta do século IV a.C. e tinham como objetivo prestar serviços correspondentes às mais elementares necessidades humanas – alimentação e abrigo” (JANEIRO, 1991, p.15). Convém ressaltar que os Jogos Olímpicos da Grécia antiga atraíram muitos viajantes para as cidades que os sediavam. Os gregos providenciaram vias mais largas e adequadas para o tráfego de veículos, construindo redes de vias que davam acesso aos lugares mais procurados pelos viajantes. Os romanos também contribuíram, com veículos de transporte de vários tipos e técnicas inovadoras de construir estradas e pontes, uma vez que se deslocavam para pontos sempre mais distantes, quer já integrados ao Império, quer por integrar-se a ele. Ao lado do intuito militar ou comercial, passou a figurar também o do descanso e divertimento. Durante esse período, os nobres escolhiam as hospedarias de acordo com o luxo e os serviços cerimoniais oferecidos aos clientes. 26 Segundo Janeiro: Na antiga Roma, as hospedarias de maior qualidade eram identificadas pela denominação de mansiones; havia-as espalhadas por todo o Império. Havia também a taverna, local onde oficiais e legionários comiam e bebiam. Após a queda do Império Romano, a Europa esteve durante dezenas de anos sujeita a um risco diabólico: para poder viajar estava-se sujeito a uma autêntica aventura. No entanto, foi criada a Fundação da Ordem dos Cavaleiros Hospitalares, e com ela passou a existir segurança, criando-se uma série de hospitais e refúgios. Aí se abrigavam as cruzadas e peregrinos que se dirigiam à Terra Santa (JANEIRO,1991, p.15). Com a crise do Império Romano, as estradas deterioraram-se, infestando-se de assaltantes, risco que prejudicava as viagens e afastava das hospedarias os viajantes. Lentamente, na Idade Média, foram aparecendo as cidades feudais, fortificadas, que celebravam importantes festas religiosas e atraíam peregrinos. O período foi marcado ainda pelas Cruzadas, movimento armado para a defesa dos lugares santos da Cristandade, e as viagens de peregrinos cristãos que iam à Terra Santa, Roma, Jerusalém e Santiago de Compostela. A circulação de homens que participavam das Cruzadas e dos peregrinos propiciou naturalmente o crescimento do número de hospedarias e alojamentos ao longo das rotas. Segundo John Urry, “nos séculos XII e XIV as peregrinações haviam se tornado um amplo fenômeno servido por uma indústria crescente de redes de hospedarias para viajantes, mantidas por religiosos e por manuais de indulgência produzidos em massa. Essas peregrinações incluíam frequentemente uma mescla de devoções religiosas, cultura e prazer” (URRY, 2001, p.19). Apesar da precariedade das hospedarias e alojamentos, em 1282 foi criado o Grêmio das Hospedagens em Florença, união de empresários de alojamentos com o propósito de ajudar e defender os interesses comuns. Em 1300, no porto de Veneza, têm início as viagens anuais de peregrinos em caravanas para Jerusalém. É nesse período que o conhecido viajante Marco Polo relatou suas viagens e colaborou com seus conhecimentos sobre diferentes povos, conforme afirma Yacarim Barbosa, tendo “influenciado as viagens de Cristóvão Colombo, que chegou a confundir a ilha de São Domingos, no Caribe, aonde chegou em 1492, com as praias do Cipango (Japão), narradas muito tempo antes por Marco Polo. Marco Polo sempre foi citado como o grande viajante a manter contato com a China, sendo responsável pela introdução do macarrão e da pizza na Itália” (BARBOSA, 2002, p.27). 27 No final da Idade Média, a Revolução Mercantil e o crescimento das cidades, estimularam ainda mais o desenvolvimento das hospedarias, que passarama oferecer refeições e vinhos, cocheiras e alimentação para os cavalos, troca de parelhas e serviços de manutenção, limpeza para as charretes ou outro tipo de veículo, além dos serviços de alojamento. Em 1407, na França, foi criada a primeira lei para registro de hóspede, com a finalidade de aumentar a segurança nas hospedarias. Vladir Vieira Duarte informa que “é também desse período o costume de identificar os estabelecimentos comerciais colocando-se adornos em sua entrada. Na França, as hospedarias usavam ramos verdes de cipreste ou tecidos em mastro nessa mesma cor. Na Inglaterra, colocava-se um mastro, bem alto, pintado na cor vermelha” (DUARTE, 1996, p.9). Com o início da Idade Moderna, duas novas justificativas somam-se às já conhecidas: a ampliação dos territórios europeus e a expansão das fronteiras culturais. Surge o Grand Tour, viagens com propósitos educacionais destinadas aos jovens recém-saídos de Oxford ou de Cambridge. As hospedarias desenvolviam-se como consequência do crescimento e destino das viagens. Por volta de 1561, em busca de maior conforto para os hóspedes, a França regulamentou as tarifas das hospedarias, enquanto se editava em Londres o primeiro guia de viagens de que se tem notícias, determinando os diferentes tipos de acomodações disponíveis para viajantes a negócio ou passeio. Aproximadamente em 1659, surgem as diligências, carruagens puxadas por cavalos, como importante meio de transporte na Europa. Pelos 200 anos seguintes, esses veículos facilitaram a locomoção, garantindo um fluxo de hóspedes para as pousadas e hotéis. É no século XVIII que o Grand Tour tornou-se comum entre a elite britânica, dando ênfase não somente à instrução mas também ao lazer. As viagens duravam de seis meses a um ano e meio, e os jovens se alojavam em castelos, mansões feudais e fortalezas. É interessante destacar a importância da imprensa, que publicava relatos dessas viagens, aguçando o desejo dos leitores por conhecer novos lugares. Ycarim Barbosa relata que “as descrições dessas viagens constavam de livros ou eram publicadas nos jornais em breve se transformariam numa moda para os letrados e intelectuais. Nesse renovado gênero literário, eram enaltecidas as belezas paisagísticas, o patrimônio histórico e cultural, a gastronomia, o conforto das estalagens e hospedarias, as vias de comunicação, os melhores meios de transportes” (BARBOSA, 2002, p.35). 28 Alguns médicos do século XVIII acreditavam que banhos de determinadas águas poderiam contribuir para curar doenças. Entre 1720 e 1730 descobriu-se na Pensilvânia um manancial de águas com características térmicas e minerais, descoberta que gerou a necessidade de hotéis na região. No mesmo período, a pequena cidade de Bath, na Inglaterra, e a cidade de Spa, na Bélgica, ofereciam banhos termais. O êxito da iniciativa levou à construção de outros hotéis em diversas zonas de atrativos naturais, como quedas de Niágara, Cape May e Long Branch. Segundo Duarte, Na Inglaterra, no período de 1750 a 1820, no bojo da Revolução Industrial, as estalagens foram substituídas pelos inns, que conquistaram a reputação de serem os melhores hospedeiros daquela época. Tiveram seu desenvolvimento em Londres e arredores, onde os innkeepers diversificaram e valorizaram seus serviços, que passaram a ser vistos como alto padrão de limpeza e excelente alimentação. Na medida em que foram sendo construídas estradas de rodagem e ferrovias que ligavam os grandes centros às cidades portuárias, houve grande aumento na quantidade de hotéis, principalmente nessas cidades portuárias. Os modelos de hotéis não evoluíram fisicamente, e as novas construções mantiveram o conceito dos existentes (DUARTE, 1996, p.10). Com a Revolução Industrial, foi grande o avanço tecnológico no setor de transportes e significava a melhoria nas condições de vida dos assalariados, o que se refletiu na expansão do setor hoteleiro. Nos Estados Unidos, os albergues já eram os maiores do mundo e ofereciam os melhores serviços da época. Em 1794, inaugurou-se em Nova York o City Hotel. O prédio foi construído com a finalidade específica de hotel, com 73 quartos e 70% da área total destinadas a funções áreas sociais. Os próximos 35 anos foram uma época de ouro para a hotelaria norte-americana, uma vez que muitos foram os edifícios construídos com essa finalidade em importantes lugares, como Boston, Baltimore, Filadélfia e Nova York. O número de hotéis próximos de estações termais, mares e montanhas também foi crescente, devido às ações terapêuticas que os banhos proporcionavam. Para Yacarim Barbosa, “era o prenúncio do turismo. A água mineral ou termal como cura são exemplos disso. Surgiram hotéis para acolher a população e os médicos, que desempenham um papel de destaque, pois eram eles que convenciam as pessoas da necessidade de consumir esses novos produtos, a água e o ar, o „ar da montanha‟ ”(BARBOSA, 2002, p.44). 29 Em 1829, Boston ganha o hotel mais caro e mais inovador de até então – o Tremont House. Projetado pelo arquiteto Isaiah Rogers 1 , o hotel oferecia quartos com acomodação privada, single e double, portas com fechaduras, bacia, jarros e sabonetes para higiene pessoal nos quartos. Para caracterizar ainda mais o luxo hoteleiro, todos os hóspedes poderiam ser localizados no hotel por um mensageiro, serviço até então desconhecidos nos hotéis. O Tremont House ganhou destaque também pela sua administração, já que os funcionários eram treinados para oferecer ao hóspede o melhor atendimento. Figura 1 - Tremont House. Os primeiros anos do século XIX foram marcados pela evolução dos meios de transportes. Em 1830, consolidava-se a estrada de ferro e a locomotiva a vapor de George Stephenson. Nos anos seguintes, com a expansão da estrada de ferro, os deslocamentos tornaram-se mais fáceis, rápidos e confortáveis. Viagens que levavam semanas foram reduzidas para dias. Em 1883, aconteceu a primeira viagem do “Expresso d´Oriente”, famosa por ligar o Ocidente ao Oriente numa composição sobre trilhos que esbanjava luxo. A Wagons-Lits, empresa responsável pela linha, ampliou o negócio com a construção de hotéis de luxo no trecho que o trem percorria, uma vez que a intenção era proporcionar ao viajante o mesmo conforto e luxo 1 Arquiteto americano (1800-1869), responsável por desenvolver o protótipo para o sistema de encanamento de água. 30 dos vagões. Ainda nas décadas de 40 a 70, viu-se desenvolver o transporte marítimo turístico, que soube adaptar-se depressa a fim de trazer conforto aos viajantes. Voltando ao século XIX, é imprescindível mencionar que, em 1847, Thomas Cook 2 abre a primeira agência de viagens, tendo organizado uma excursão de trem para Leicester (Inglaterra) da qual participaram 500 pessoas. O seu diferencial era o valor reduzido das tarifas de trem, obtido junto à empresa ferroviária por conta do aumento da demanda. Cook também foi o primeiro a fazer uso das campanhas publicitárias e de marketing de massa para formar uma clientela. Com o sucesso dos negócios, a agência passou a organizar viagens para diversos lugares, com grupos cada vez maiores. Interessado na satisfação contínua dos viajantes, pôs à disposição de cada grupo um guia para conduzir aos lugares corretos. Cook não parou com suas inovações: negociava com os hotéis que estavam no itinerário dos trens e criou os cupons de hotel, com direito, além da acomodação, a café da manhã, almoço e jantar. Sua intenção era atrair clientes com as tarifas diferenciadas e com a grande comodidade de garantir reservas. As ideias de Cook deixaram um imenso legado para o que vivenciamos no turismo e nas redes hoteleiras. Tantos deslocamentos – independente da finalidade – beneficiaram, sobremaneira o mercado hoteleiro, gerando um crescimento segundo a necessidadede cada região e público. Por volta de 1884, Theodor Baur abre o Hotel Baur au Lac, em Zurique e consciente de que era preciso melhorar a mão de obra para desenvolver a hotelaria, funda a primeira escola de formação de pessoal para hotelaria em Ouchy, Lausana. Em 1889, inaugurou o Hotel Savoy, em Londres, sob administração do hoteleiro suíço César Ritz. O hotel foi considerado o primeiro de luxo europeu, com instalações elétricas e quartos suítes para banhos. Nos Estados Unidos, nesse mesmo período, à medida que se estendia a rede ferroviária, mais hotéis eram construídos nas imediações das vias. Segundo Duarte, Até o final do século XIX, o desenvolvimento hoteleiro foi muito grande, chegando a comprometer a qualidade, afetada pelo baixo número de bons hotéis no país e pela larga oferta de hotéis pequenos, sem conforto, carentes de normas de serviço, de boa alimentação e limpeza, geralmente próximos às estações ferroviárias. A grande massa da população não encontrava satisfação. No hotel modesto havia falta do conforto e nos de luxo a insatisfação vinha dos elevados preços. Essa concorrência 2 Empresário inglês (1808-1892), um dos pioneiros na utilização das campanhas de marketing para atrair clientes. 31 entre hoteleiros, nas mais diversas localidades, resultou em consideráveis desvios da tradição americana de hotéis destinados à satisfação e igualdade de tratamento (DUARTE,1996, p.12). Geraldo Castelli, ao analisar o assunto, acrescenta que, “em território europeu no fim do século XIX, homens como César Ritz, procuraram dar forma e organização aos hotéis. É bem verdade que estes se destinavam às classes abastadas. Nessa época, o importante para o hotel era o título do cliente, que valia fortunas, pois sua permanência no hotel se estendia por longos períodos” (CASTELLI, 1977, p. 32). Nesse momento, surgiram os hotéis de grande luxo, como Savoy, Ritz, Claridge, Carlton e outros, acompanhando a tendência dos trens e navios de passageiros. O Hotel Savoy, em Londres, impressionou pelas modernas técnicas de arquitetura, como a construção à prova de fogo, com estruturas de aço e concreto, luz elétrica e elevadores. Nos Estados Unidos, os navios eram embarcações luxuosas que ofereciam hospedagem, cassino e diversões aos clientes, porém as interrupções provocadas pelos vários dias de reparos de falhas mecânicas ensejaram construir hospedarias de apoio ao longo dos rios navegáveis. Por volta de 1908, na cidade americana de Búfalo, Ellsworth M. Statler inaugurava o Statler Hotel, o primeiro hotel comercial moderno a enfrentar a saturação de mercado. Entre as novidades que oferecia, contavam-se porta corta-fogo nas escadarias principais, interruptor de luz ao lado das portas de entrada nos ambientes, água corrente, banheiros privativos e espelho de corpo inteiro em todos os apartamentos e jornal matutino gratuito para os hóspedes. Statler atentou para que o projeto arquitetônico se estruturasse de modo a facilitar a prestação de serviço e limpeza. O slogan que identificava seu hotel era A room and a bath for a dollar and a half. Com tantas inovações, não demorou para que Statler criasse uma das primeiras cadeias hoteleiras: a Statler Hotel Company. 32 Figura 2 - Statler Hotel. A desfeito do sério entrave econômico representado pela Primeira Guerra Mundial, o período de 1910 a 1920, nos Estados Unidos, foi considerado a segunda época de ouro para as construções hoteleiras, que atingiu altos números de hotéis e dólares gastos. Entre os hotéis famosos construídos nessa década, importa mencionar o Hotel Pensilvânia, em Nova York, e o New Yorker, de Ralf Ritz e Stevens Hotel, em Chicago, com mais 3 mil apartamentos. Castelli afirma que, na Europa, Após a Primeira Guerra, de 1914-18, verificou-se profunda mudança. O progresso técnico mudou as estruturas sociais existentes. (...) Começou a trabalhar nas indústrias, obtendo-se direito a férias. Este fato deu surgimento a um outro, o chamado „pecado original‟ do turismo, que é a sazonalidade, ainda mais agravada com o surgimento do automóvel, que permitiu maior mobilidade (CASTELLI,1977, p.32). Em contraposição à década anterior, os anos 30 – de forte recessão econômica – foram os piores para o mercado hoteleiro, tendo 85% das propriedades ficado sob intervenção judicial. Ao fim da década, apesar dos sinais de recuperação, os investidores não se mostravam seguros com o negócio hoteleiro. A recuperação efetiva veio somente com a Segunda Guerra Mundial: 33 Milhões de norte-americanos foram para as Forças Armadas. Áreas de concentração de produção de armamento deslocaram pessoas de seus lares. Com essa atividade em força total, a demanda de apartamentos e serviços nos hotéis atingiu o máximo. Era comum ver pessoas dormindo nos lobbies dos hotéis, porque faltavam apartamentos disponíveis. Tendo perdido 50% de seu pessoal treinado, que foi requisitado pelas Forças Armadas, evidentemente os padrões de serviços também caíram. Mas a forma como o serviço foi mantido acabou por ser considerada espantosa (levando-se em conta todas as deficiências que o hotel tinha que superar em sua operação). Embora a hotelaria não fosse classificada como atividade essencial, os hoteleiros puderam sentir-se orgulhosos pela contribuição ao esforço de guerra e felizes pelos altos lucros (DUARTE, 1996, p.14). No período pós-guerra, poucas construções foram feitas e os hotéis já estabelecidos mantiveram o número de apartamentos. Joaquim Janeiro apresenta uma visão global sobre o mercado hoteleiro: É a partir do final da Segunda Guerra Mundial que se verifica no mundo a chamada “indústria turística”. O incremento qualitativo e quantitativo que se observa oferece- nos uma definição significativa: - Hotel – estabelecimento formado por um conjunto de explorações destinadas a oferecer os serviços próprios, alojamento e mesa; ou - Hotel - estabelecimento que deverá fornecer um bom serviço de alojamento, de refeições, bar, tratamento de roupa, informações turísticas e de caráter geral, instalações confortáveis, zonas coletivas que proporcionem oportunidades de convívio (JANEIRO,1991, p.17). Na década de 50, as famílias norte-americanas já viajavam em veículo próprio e preferiam a informalidade no atendimento, o que impulsionou o fortalecimento do mercado de motéis. Em 1963, havia 36 mil motéis ao longo das estradas. Dois anos mais tarde, os hoteleiros sentem a concorrência e decidem agregar os motéis à American Hotel Association, cuja sigla passa a ser AHMT. E neste mesmo período, o mercado norte-americano realizou um amplo programa de modernização, estimado em vários bilhões de dólares. As décadas de 60 e 70 foram marcadas pela construção dos hotéis Hyatt e suas inovações arquitetônicas. Os projetos de John Calvin Portman, o arquiteto responsável, evidenciavam o lobby do hotel, com altura de pés-direitos de 20 ou mais andares, elevadores de vidro, lagos internos, instalações para lazer e iluminação feérica. 34 Figura 3 - Hyatt Regent Atlanta - 1967. Figura 4 - Hyatt San Francisco Atlanta - 1973. Nas décadas seguintes, o mercado hoteleiro se desenvolveu de acordo com a demanda de cada região e as exigências dos clientes. Verifica-se grande quantidade de fusões e aquisições de hotéis, principalmente nas redes norte-americanas, europeias e asiáticas, dando origem a grandes grupos hoteleiros, os quais dominaram o mercado pela diversidade e facilidade que podiam e podem oferecer, como estruturas luxuosas e serviços padronizados. Com o propósito de ilustrar o avanço do mercado hoteleiro no final do século XX e início do século XXI, enumeraram-se as principais redes hoteleiras. 35 1.1 O Hotel Paris Ritz – um marco para a hotelaria É valido destacar o Hotel Paris Ritz 3 devido à sua grandecontribuição na história da hotelaria. Seu fundador, Cesar Ritz, iniciou aos 15 anos sua trajetória hoteleira como aprendiz de garçom. Nos anos seguintes, trabalhou em diversos hotéis e restaurantes da Europa e, aos 27 anos, assumiu o cargo de gerência e transformou o Grand National de Lucerna, na Suíça, num dos hotéis mais elegantes do Velho Mundo. Após onze anos na gerência, Ritz decidiu dirigir seu próprio bufê, e depois um pequeno hotel, porém as curtas temporadas causaram prejuízos financeiros, levando ao encerramento das atividades. Nessa época, aceitou uma proposta de gerência num hotel em Monte Carlo e conheceu o chef Auguste Escoffier, com quem desenvolveu um trabalho de excelência na prestação de serviço para a alta culinária. Em 1889, o hotel Savoy, de Londres, convidou a dupla para transformar seu restaurante num lugar de encontro socialmente aceitável, costume até então não aprovado pela alta sociedade. Ritz permaneceu nove anos no Savoy, mas durante esse período esteve envolvido com outros hotéis localizados em Roma, Frankfurt, Monte Carlo, Salsomaggiore, Wiesbaden, Biarritz, Lucerna, Mentone e Palermo. Em 1896, fundou The Ritz Hotel Syndicate Limited, com o apoio financeiro de alguns de seus clientes. Dois anos mais tarde, Ritz deixou o Savoy e desenvolveu a ideia de uma galeria de butiques dentro do Hotel Pilote, em Paris. A cada ano, aumentava o desejo de Ritz em construir seu próprio hotel em Paris, com o intuito de ser o mais bonito e moderno da cidade. Em 1º de junho de 1898, inaugurou o Ritz Paris, na Place Vendôme, com o auxílio do arquiteto Charles Mewés. O edifício que Ritz escolheu para seu hotel já contava mais de um século, e seu objetivo era preservar a aparência externa. Mewés reformou o prédio, modificando apenas quatro das seis arcadas da fachada, para obter mais espaço para carruagens. O hotel oferecia uma diversidade de amplas salas decoradas com mobiliário, tapeçarias e lustres nos estilos clássicos da decoração francesa, da época de Luís XV até o período imperial. As poltronas da sala de jantar tinham todas um pequeno gancho de metal, para que as damas pudessem pendurar as bolsas. 3 As informações citadas no capítulo são baseadas no site oficial do hotel. 36 A decoração de cada apartamento era exclusiva, com pinturas holandesas, armários embutidos e closets, móveis de luxo, abajures revestidos com seda rosa e cortinas de musselina branca que podiam ser lavadas com frequência. Nos quartos voltados para o sul, as cores utilizadas eram azul, branco e cinza e, nos quartos voltados para o norte, tonalidades de amarelo, devido à carência de luz durante o dia. Toda a estrutura física do hotel era acompanhada por atendimento 24 horas por dia, com a maior prontidão e atenção possível, por mais complexo que fosse o pedido. O sucesso do empreendimento Ritz levou um dos investidores a fundar The Ritz Hotels Developmente Company Limited, empresa que oferecia aos que hoje chamaríamos franqueados o nome, gerentes, o prestígio, a confiança e a publicidade. Em 1910, inauguravam-se o Ritz de Madri e Nova York; em seguida, em Lucerna, Buenos Aires, Mentone, Evian, Roma, Lisboa, Nápoles, Barcelona, Salsomaggiore, Montreal e Atlantic City. Em 1918, ano em que faleceu Ritz, seu hotel de Paris já contava com uma galeria de lojas luxuosas e exclusivas de Paris, já que era sua convicção que as coisas belas deveriam ficar expostas para tornar a estadia do hóspede mais prazerosa. A viúva de César, Marie Louise, vinda de família hoteleira e com conhecimento na área, assumiu o hotel. Em 1953, aos 85 anos de idade, passou a presidência a seu filho Charles, que se deparou com um hotel construído no século XVIII, com problemas de fiação e encanamentos, num período em que o perfil da clientela estava muito distante do que fora no começo do século. A modernização e redecoração eram tabu no Ritz e em 1976, falece Charles sem que o hotel tivesse passado por mudança alguma. Sua esposa, Monique, assumiu a presidência de um hotel ao qual faltava praticamente tudo, exceto a boa reputação. 37 Figura 5 - Ritz Paris. Em 1979, o Ritz Paris foi vendido, por 30 milhões de dólares, para Mohamed, Salah e Ali Al Fayed, donos do Alfayde Investment and Trust, administradora de negócios no setor bancário, de navegação, construção e petróleo. A reforma, que custou 100 milhões de dólares, não descaracterizou a construção do hotel. Todos os ambientes foram redecorados, o sistema de aquecimento substituído, os banheiros receberam novas instalações, o ar-condicionado foi instalado em todo o hotel, construíram-se piscinas, clinica médica, quadras de squash, salões para bailes, uma cozinha nova e instalações para funcionários. Surgem as suítes Chopin, Windsor, Proust e Cocteau, redecoradas para atender um público com interesse em pernoitar onde personalidades importantes e famosas se hospedaram. Os novos proprietários mantiveram o perfeccionismo de Ritz na prestação de serviço, aliando a imponência de um palácio criado para príncipes à comodidade de um lar hóspedes habituais. Neste breve panorama do processo histórico da hotelaria, examinamos a evolução do segmento seja nos aspectos físicos como no de atendimento, de acordo com a demanda e influência cultural de cada região do mundo. Focalizam-se a seguir as principais redes hoteleiras a fim de apontar um recente mercado no segmento hoteleiro. 1.2 As maiores redes hoteleiras do mundo Considerar-se-ão agora as principais redes hoteleiras para demonstrar como evoluiu o mercado nesse segmento, proporcionando forte movimentação econômica para o setor. 38 A revista americana Hotels Magazine, em junho de 2009, divulgou o ranking das 300 maiores redes hoteleiras do mundo, avaliação que considera – entre os tópicos relevantes - a quantidade de apartamentos. O maior grupo hoteleiro é o InterContinental Hotels Group 4 (IHG), empresa do Reino Unido, que possui, administra, arrenda ou franqueia, por meio de várias subsidiarias, mais de 4.186 hotéis, 619.851 apartamentos em aproximadamente 100 países ao redor do mundo. Comercializa as marcas InterContinental Hotels & Resorts, Holiday Inn Hotels & Resorts, Holiday Inn Express, Staybridge Suites, Crowne Plaza Hotels & Resorts, Hotel Indigo e Candlewood Suites. A história do IHG pode ser considerada a partir de 1777, quando William Bass deu sequência à sua carreira e à de sua família, fortalecendo o ramo de malte e cerveja na região de Burton- on-Trent, no leste de Staffordshire, Inglaterra, fundando a Bass Brewery. Em 1989, o governo britânico limitou o número de cervejarias, forçando a Bass Brewery a diversificar suas atividades e investir em pequenos hotéis. Dois anos mais tarde, comprou a marca Holiday Inn International, expandindo os negócios para a América do Norte. Em março de 1998, adquiriu a marca InterContinental, estendendo-se para o mercado de luxo. Dois anos mais tarde, a Bass Brewery vendeu seus ativos para a principal cervejeira belga, a Interbrew, mudando seu nome para Six Continents PLC. Em 2003, criou-se a razão social IHG após a Six Continents dividir-se em duas empresas: Mitchells and Butlers e InterContinental Hotels Group. A IHG lidera o ranking das 300 maiores redes hoteleiras desde 2004 e registrou em 2010 crescimento de 5,9%. 4 Disponível em: http://www.ichotelsgroup.com/h/d/6c/220/pt/home Acesso em 02/04/2010. http://www.ichotelsgroup.com/h/d/6c/220/pt/home 39 Figura 6 – Hotel Holiday Inn – Londres A segunda maior rede é a Wyndham Hotel Group 5 , fundada em Dallas, Texas, por Trammel Crow. O crescimento da empresa acelerou-se após ter-se integrado a um REIT (Real Estate Investment Trust) 6 , chamado Patriot American Hospitality (PAH). No final dos anos 90,adquiriu várias carteiras de hotéis, rebatizando-os como Wyndhans. Em 1998, para criar uma marca com serviço elitizado, adquiriu a Hotel Summerfield Corporation, que passou a chamar-se Summerfield Suites Wyndham. No mesmo ano, adquiriu a Grand Bay Hotels & Resorts, que incluía 11 hotéis de luxo. Em seguida, lançou a Wyndham Garden Hotéis, propriedades de pequeno porte localizadas nas imediações de aeroportos. A empresa também adquiriu hotéis na Europa, como o Great Eastern Hotel, de Londres. Em março de 1999, o Grupo realizou uma reestruturação, transformando-se no Wyndham Internacional. Para saldar dívidas, até 2004 teve de vender muitos de seus hotéis para o InterContinental Group. No ano seguinte, a Wyndham Internacional foi adquirida pelo Blackstone Group por aproximadamente US$ 3,24 bilhões. No decorrer de 2005, alguns hotéis foram vendidos para o Goldman Sachs Group e Columbia Sussex. A Blackstone revigorou a marca da maioria dos seus ativos, como LXR Luxury Resorts, e vendeu a Wyndham e Wyndham Garden Hotel para a Cedant e a marca Summerfield Suites para a Global Hyatt. Em agosto de 2006, todos os hotéis da Cedant 5 Disponível em: http://www.wyndham.com/main.wnt Acesso em 21/04/2010. 6 É a designação do imposto de uma empresa que investe em imóveis com o benefício de reduzir ou eliminar imposto sobre rendimento das sociedades. Os REITs são obrigados a distribuir 90% dos seus rendimentos entre os investidores. http://www.wyndham.com/main.wnt 40 tornaram-se parte da Wyndham Worldwide. No início de 2009, a Wyndham Worldwide atuava em todos os continentes com as marcas: Wyndham, Ramada, Days Inn, Super 8, Wingate by Wyndham, Baymont Inn & Suites, Microtel Inn & Suites, Hawthorn Suites, Howard Johnson, Travelodge e KnightsInn, totalizando 7.043 hotéis e 592.880 apartamentos. Figura 7 – Hotel Galvez & SPA, Wyndham Grand Hotel – Texas A terceira maior rede é a Marriott Internacional 7 , com 2.800 hotéis localizados nos Estados Unidos e outros 69 países, com as marcas Marriott Hotels & Resorts, JW Marriott Hotels & Resorts, Renaissance Hotels & Resorts, Courtyard, Marriott Executive Apartments, Residence Inn, Fairfield Inn, Marriott Conference Centers, Town Place Suites, Spring Hill Suites by Marriott e Marriott Vacation Club. A quarta rede hoteleira é a Hilton Hotel Corporation, cuja história começa em 1917 com Conrad Hilton, quando comprou seu primeiro hotel, The Mobley, em Cisco, Texas. Em 1925, ele constrói o primeiro hotel com o nome Hilton, em Dallas. Anos depois, adquiriu dois hotéis em NYC, The Roosevelt e The Plaza. Por volta de 1953, é inaugurado o primeiro Hilton na Europa: The Castellana Hilton, em Madrid. No ano seguinte, o Grupo Hilton adquire a Hotels Statler Company, a transação imobiliária mais cara até então. Em 1964, a companhia separou suas operações internacionais, conhecida como Hilton Hotels Corporation. Um ano depois, Hilton deu início ao franchising dos seus hotéis nos Estados Unidos. Em 2009, o Grupo atuava em 80 países com 10 marcas: Hilton, Conrad Hotels & Resorts, Doubletree, Embassy Suites, Hampton, Hilton Garden Inn, Hilton Grand Vacation, 7 Os dados históricos sobre a rede estão apenas disponíveis no site da empresa, que narra o início da trajetória, com a abertura de um pequeno quiosque de refresco em Washington, DC, em 1927, por J.Willard e Alice S. Marriott. 41 Home 2 Suites by Hilton, Homewood Suites e Waldorf Astoria, totalizando 3.300 hotéis da rede. Figura 8 – Courtyard Philadelphia Downtown - USA Figura 9 – Hotel Hilton Checkers – Los Angeles. 42 A Accor Group Hotels 8 ocupa o quinto lugar no ranking, com 3.983 hotéis e 478.975 quartos. O grupo iniciou sua história em 1967, com a abertura do primeiro hotel, Novotel, em Lille, França, por Gérald Pélisson e Paul Dubrule. Em 1974, inaugura o primeiro Hotel Ibis em Bordeaux. No ano seguinte, adquiriu a cadeia Mercure, considerada, na época, 3 estrelas. No início dos anos 80, continuaram com suas aquisições, como a cadeia Sofitel, de 4 estrelas, e a Jacques Borel Internacional. Em 1983, o grupo tornou-se oficialmente Accor, com 440 hotéis em 45 países diferentes. Dois anos mais tarde, a rede inaugurou o Formule 1, um hotel com conceito econômico. No mesmo ano, criaram a Academia Accor, a primeira universidade corporativa na França, destinada às atividades de serviço. Nos anos 90, adquiriram as cadeias de hotéis econômicos Motel6, EtapHotel e a Lenôtre, conhecida empresa de gastronomia. Em 2002, inauguraram o Sofitel Chicago Water Tower e outros 13 hotéis em grandes cidades. O ano de 2004 foi repleto de aquisições, como a participação de 34% no grupo Lucien Barrière, companhia europeia de cassinos, 28,9% de participação no Club Méditerrané, e participação nos Jogos Olímpicos de Atenas, apoiando as equipes francesa e australiana. Em 2005 a rede inaugurou seu 4.000º hotel, o Novotel Madrid, em Sanchinarro, Espanha. Nesse mesmo ano, a Colony Capital 9 investiu €1 bilhão na Accor com o intuito de alavancar o grupo. O resultado desse investimento apareceu no final do ano: mais de 10.000 quartos só na China com as marcas Sofitel, Novotel e Ibis. Em 2006, os investimentos continuaram em diversos países do mundo, como na Índia, com a inauguração de hotéis das marcas Sofitel, Novotel, Mercure, Ibis e Formule 1. O ano seguinte também foi de expansão, com a aquisição de 50 hotéis da marca Dorint na Alemanha, a inauguração do 300º hotel da rede na Ásia, a reconfiguração da marca Sofitel como a mais luxuosa do mercado internacional o lançamento de uma nova marca de luxo dedicada aos executivos: Pullman. A novidade da rede em 2008 foi o lançamento do programa fidelidade A│Club e o 800º Ibis Hotel em Xangai, na China. No início de 2009, a Accor e o Mastercard fizeram uma aliança estratégica da qual surgiu a da PrePay Solutions, a líder europeia em pré-programas para companhias e instituições públicas. O Grupo Accor oferece ao público, em 2009, 15 marcas da mais luxuosa até a econômica, como o Sofitel, Pullman, MGallery, Novotel, Mercure, 8 Disponível em: http://www.accor.com/en.html Acceso em 22/04/2010. 9 É uma empresa privada que se concentra em investimentos imobiliários por todo o mundo. http://www.accor.com/en.html 43 SuiteHotel, Ibis, All Seasons, Etap Hotel, Hotel F1, Motel6, Accor Thalassa, Orbis, Adago e Studio6. Figura 10 – Hotel Mercure Paris Terminus Nord – Paris Em sexto lugar no ranking das maiores redes hoteleiras focou a Choice Hotels Internacional 10 . A rede teve início nos anos 40 e foi a primeira a controlar as normas e regras nos seus hotéis. Dez anos mais tarde, os hotéis da rede foram pioneiros em oferecer telefones nos quartos. Em 1970, a rede começa a utilizar um sistema de reservas por meio de número gratuito, 800, e com serviço 24 horas. Nos anos 80, a rede inaugurou as marcas Quality Royale e Confort Inn. Em 1983, desenvolveram um sistema de reservas que uniu os centros de reservas dos hotéis dos Estados Unidos, Canadá, México, Reino Unido, Bélgica, Holanda, Itália, Alemanha e Japão com os sistemas das empresas áreas e agências de viagens. No final da década, lançaram a marca Sleep Inn. No início dos anos 90, a companhia ficou o nome do grupo em Choice Hotel Internacional. Nos anos seguintes, inauguraram a marca Rodeway Inn e Main Stay Suites. Em 1996, lançaram o primeiro sistema geográfico para identificar os pontos comerciais próximos a cada hotel da rede. Um ano mais tarde, lançaram no site da rede um espaço dedicado aos agentes de viagens. Em 2004, a rede inaugurou uma filial no México, o primeiro passo para levar seus hotéis. Um ano depois, lançou uma nova marca dehotéis de luxo, a Cambria Suites. Nesse mesmo ano, abriu seu 5.000º hotel com o Comfort Suites, em Geneva. Adquiriram a Suburban Franchise 10 Disponível em: http://www.choicehotels.com/ Acesso em 20/04/2010. http://www.accorhotels.com/pt-br/hotel-2761-mercure-paris-terminus-nord/media.shtml http://www.accorhotels.com/pt-br/hotel-2761-mercure-paris-terminus-nord/media.shtml http://www.choicehotels.com/ 44 Holding Company e sua filial Suburban Franchise Systems, acumulando 9.000 quartos somente na faixa de hotéis econômicos. Em 2009, a rede reúne 10 marcas: a Comfort Inn, Comfort Suites, Quality, Sleep Inn, Clarion, Cambria Suites, MainStay Suites, Suburban, Econo Lodge e Rodeway Inn, totalizando 5.827 hotéis com 475.000 quartos em mais de 30 países. Segundo o site da Choice Hotel Internacional, registrado em março de 2009, a rede tem 896 hotéis em construção. Figura 11 – Comfort Inn & Suites – Califórnia A sétima maior rede do mundo é a Best Western Internacional 11 , fundada em 1946 por MK Guertin, um hoteleiro com 23 anos de experiência. A cadeia começou informalmente, com cada hotel recomendando outro local de acomodação que estivesse na rota dos viajantes e turistas. Em 1962, a Best Western era a única rede que cobria todos os Estados Unidos e o Canadá. Um ano mais tarde, a rede era a maior cadeia hoteleira, com 699 hotéis e 35.201 quartos. Em 1966, a rede transferiu seu escritório central de Long Beach, Califórnia, para Phoenix, Arizona. A direção da empresa decidiu pela mudança devido à forte redução de despesas que adviria com a centralização das operações assim como pelo potencial para expandir os serviços de fidelização. Uma nova expansão dos serviços da Best Western foi anunciada. As mudanças incluíam: estabelecimento de um novo centro de reservas, oferecendo atendimento telefônico gratuito para viajantes a negócios com estadia breve, agentes de viagens e turistas em férias organizadas pelo American Express; ampliação para a Europa, Caribe e Pacífico; melhoria dos padrões do serviço de fidelização; abrindo escritórios de vendas em Washington, 11 Disponível em: http://www.bestwestern.com/ Acesso em 20/04/2010. http://www.bestwestern.com/ 45 Montreal, Phoenix e Seattle. Em 1976, a rede tinha hotéis no México, Austrália e Nova Zelândia. Em 1979, a própria rede surpreendeu-se com o imponente número de 15 milhões de hóspedes, que geraram 1 bilhão de dólares. Um ano depois, a rede tinha 19 hotéis na Dinamarca, 120 hotéis na França, 19 na Finlândia, 23 na Espanha, 19 na Suécia e 93 na Suíça. Nos anos seguintes, a rede ganhou espaço em Israel, Noruega, Portugal, Rússia, Lituânia, Japão e China. Em 2009, a rede administrava 4.000 hotéis em 80 países. Figura 12 – Best Western Plaza Kokai Cancún – México Em oitavo lugar no ranking está a Starwood Hotels & Resorts Worldwide 12 , com 942 hotéis e 284.800 quartos. A rede foi formada pela Starwood Capital, iniciada em 1991, mas somente a partir de 1995 envolvida em projetos no mercado hoteleiro, tendo adquirido ou lançado algumas marcas ao longos do anos, como o Sheraton, Four Points by Sheraton, The Luxury Collection, Meridien, Westin, Aloft Hotels, Element Hotels, W Hotel e The St.Regis. O nono lugar é da Carlson Hotels Worldwide 13 , com 6 marcas: Regent Hotels & Resorts, Radisson Hotels & Resorts, Park Plaza Hotels & Resorts, Country Inn & Suites, Park Inn e Carlson Wagonlit Travel, totalizando 1.013 hotéis com 151.077 quartos. 12 Disponível em: http://www.starwoodhotels.com/ Acesso em 21/04/2010. 13 Disponível em: http://www.carlson.com/ Acesso em 21/04/2010. http://www.starwoodhotels.com/ http://www.carlson.com/ 46 Figura 13 – Sheraton Chicago Hotel & Towers – Chicago A história da rede começou em 1938, quando Curtis L. Carlson fundou a Gold Bond Stamp Company, em Minneapolis, Minnesota. Ele sabia que o mercado de lojas de conveniências, farmácias, postos de gasolina, entre outros, poderia usar selos para distinguir seus serviços dos concorrentes. No final dos anos 60, decidiu expandir seus negócios para a indústria hoteleira. Dez anos depois, a empresa adquiriu muitas outras empresas, como T.G.I Friday´s e Radisson Hotels e, com o intenso crescimento, a empresa passou a chamar-se Carlson Companies. A diversidade de setores mantém-se até hoje, com operações de viagens, cruzeiros, hotéis, restaurantes e eventos. Figura 14 – Park Plaza Wallstreet Berlim - Alemanha 47 Em décimo lugar no ranking está a Global Hyatt Corporation 14 , em atividade desde 1957, quando inaugurou seu primeiro hotel, próximo ao aeroporto de Los Angeles. Ao longo dos anos, a empresa prosperou administrando hotéis econômicos. Em 1967, abriu a Hyatt Regency Atlanta, na Geórgia. A arquitetura desse hotel chamou a atenção do mercado hoteleiro devido à sua estrutura e à decoração do lobby do hotel. Em 1969, já funcionavam 13 hotéis Hyatt nos Estados Unidos e um Hyatt Regency em Hong Kong. Com essas inaugurações, a empresa instituiu a Hyatt International Corporation. Na década de 80, surgem as marcas Grand Hyatt, Park Hyatt e Hyatt Regency Maui Resort & Spa. Em 2009, são seis as marcas do grupo: Andaz, Hyatt Regency, Park Hyatt, Grand Hyatt, Hyatt Place e Hyatt Summerfield Suites, totalizando 365 hotéis e resorts, com 111.332 apartamentos em 45 países. Figura 15 - Hyatt Regency San Francisco Airport - Califórnia As redes hoteleiras, como as citadas acima, são empresas de grande poder aquisitivo, que investem maciçamente para manter-se ativas e atualizadas nesse mercado exigente. É relevante observar que cada empresa se distingue por traços próprios de estilo de construção, o que identifica os estabelecimentos de cada rede e facilita a fidelização dos clientes. Num mundo globalizado, não podia ser outro cenário nesse ramo da economia. 14 Disponível em: http://www.hyatt.com/hyatt/about/index.jsp Acesso em 21/04/2010. http://www.hyatt.com/hyatt/about/index.jsp 48 1.3 A hotelaria no Brasil A finalidade básica das hospedarias, desde a sua gênese, é abrigar e alimentar comodamente viajantes em trânsito, seja seu deslocamento por razões de negócios, lazer, peregrinação religiosa ou qualquer outra. A evolução dos meios de transporte sempre desempenhou papel de relevo no destino e perfil das hospedarias, especificamente em países de grande extensão territorial, como o Brasil. A atividade hoteleira no Brasil teve início no período colonial, quando os viajantes hospedavam-se nos casarões das cidades, conventos, fazendas e ranchos à beira das estradas. Em 1554, a primeira hospedaria em São Paulo foi casa do Pe. Anchieta no Planalto, que hospedava viajantes, peregrinos e religiosos. Até 1609, a hotelaria pouco evoluiu, porém não escapava da fiscalização. O Procurador da Câmara visitava as tabernas e hospedarias, identificando as que comercializavam vinhos e as caracterizava com um ramo verde na porta, o que facilitava a cobrança de impostos. Sobre a cidade do Rio de Janeiro, Trigo afirma: Em 1703, um anônimo viajante francês, de passagem pelo Rio de Janeiro, no dia 10 de julho, deixou relatado que foi obrigado a dormir a bordo de seu navio porque não havia “como em França, hospedarias nem quartos mobiliados para alugar”. Essa situação perdurou durante muito tempo. Em 1787, o cirurgião inglês John White, cansado de percorrer com outros passageiros de seu navio as ruas estreitas do Rio de Janeiro, considerou o maior incômodo não achar “café ou hotéis onde pudéssemos tomar refresco ou passar uma ou duas noites em terra”. A mesma situação ocorria em outras cidades brasileiras, como Salvador (TRIGO,2000, p.153). No Rio de Janeiro, somente no século XVIII, começam a surgir estalagens ou casas de pastos, que inicialmente ofereciam refeições e depois ampliaram seus negócios com quartos para dormir. Ana Maria Dinis Rosalini afirma que “no século XVIII é que surgiu a primeira classificação das hospedarias paulistanas. A primeira Categoria é definida como simples pouso de tropeiro, a segunda Categoria como telheiro coberto ou rancho ao lado das pastagens, a terceira Categoria é composta por venda, mistura de venda e hospedaria, a quarta Categoria abrange estalagem ou hospedarias e a quinta Categoria os hotéis”(ROSALINA, 2006, p. 20). As casas de pouso e estalagens para tropeiros e viajantes começam a aparecer no século XIX. Em São Paulo, os viajantes só podiam hospedar-se com cartas de recomendação. Nesse mesmo período, com a chegada da corte portuguesa ao Rio de Janeiro e a abertura dos portos, 49 o fluxo de estrangeiros aumentou, e provocando aumento de demanda de alojamentos, casas de pensão, hospedarias e tabernas. Na cidade de São Paulo, o número de hospedarias também crescia, mas o viajante só tinha direito a hospedar-se nelas se junto de sua bagagem trouxesse uma carta de recomendação. É interessante salientar que as hospedarias consistiam em poucos quartos pequenos, desprovidos de janelas, sem conforto e pouco limpos, eram casas de pousos destinadas a atender às necessidades simples dos viajantes. Aqueles que desejassem ficar mais bem acomodados tinham de contar com a hospitalidade oferecida por particulares. Em 1828, o Governo Imperial autorizou por Carta de Lei a construção e exploração de estradas em geral, dando início à construção de ferrovias e rodovias. Em 1835, investidores privados daqui e do exterior aceleram a construção de estradas de ferro com o intuito de facilitar as viagens entre as cidades do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Bahia. A primeira destinação da ferrovia foi transportar cargas, até então levadas em lombo de mulas. Trechos de caminho de ferro são inaugurados a partir de 1852. Ao longo dos anos, muitos estabelecimentos valeram-se da denominação hotel, a fim de elevar o padrão do local, independentemente do número de quartos ou da qualidade do serviço. Em 1842, inaugurou-se o Hotel Pharoux, com sua casa de banhos aberta ao público, no Largo do Paço, junto ao cais do porto do Rio de Janeiro. Convém salientar que toda a estrutura era importada, já que – por não estar no Brasil ainda industrializado – todos os materiais que integraram a obra – azulejos, móveis, cerâmicas – precisavam vir de fora. Figura 16 - Hotel Pharoux. 50 A partir de 1850, com a construção da estrada de ferro, a cidade de São Paulo experimenta grandes transformações econômicas, sociais e urbanas. Em 1854, muitos hotéis foram inaugurados em locais privilegiados, como o Hotel Paulistano, na rua São Bento, o Hotel do Comércio, de Hilário Magro, na rua Floriano Peixoto, o Hotel da Província, na rua do Comércio, o Hotel Universal, no Pátio do Colégio, e o Hotel Quatro Nações, transformando em Hotel da Itália e em seguida em Hotel de França. Nos fim dos anos 50, São Paulo tinha o pequeno Hotel Palm, erguido por Carlos Abraão Bresser, construção que apresentava, seguindo “indícios de que poderia constituir um dos primeiros exemplares edilícios na cidade em que se empregaram tijolos, ao menos na execução de suas paredes externas” (CAMPOS, 2009, p.24). Figura 17 - Hotel Palm. Foto de autoria de Militão Augusto de Azevedo, 1862. Carlos Abraão Bresser ergueu também um prédio, conhecido como Casa de Sotéia, que abrigava um restaurante, e onde se instalou em 1856, o Hotel do Lion d´Or, pouco tempo depois rebatizado de Hotel des Voyageurs. A edição de 1858 do Almanaque Laemmert reúne numa única referência hotéis e casas de pastos, vestígio da identidade original que havia entre esses estabelecimentos. Entre estalagens e hotéis, havia em São Paulo 195 estabelecimentos, dos quais 78 pertencentes a brasileiros. 51 Figura 18 - Anúncio do Hôtel des Voyageurs. Em 1867, com o funcionamento da estrada de ferro de Santos a Jundiaí, a facilidade de locomoção fez crescer o fluxo de comerciantes e forasteiros na Província de São Paulo, o que demandava de hotéis maiores e mais bem elaborados, coisa inédita até então, uma vez que os hotéis paulistanos ocupavam sobrados adaptados de outros uso. Os novos hotéis, Hotel Europa e Hotel do Globo, ofereciam acomodações limpas acompanhadas de boas refeições, mas o destaque desse período foi o Grande Hotel, projetado de acordo com os padrões internacionais. Inaugurado em 1º de julho de 1878, o Grande Hotel, na Rua São Bento, apresentava três luxuosos pavimentos projetados pelo arquiteto Hermann Von Puttkamer. Segundo Antônio Rodrigues Porto, “era o único hotel de luxo existente no Brasil, naquele período”, ao que acrescenta Geraldo Simões: Era um estabelecimento que não tinha igual na Corte nem nas outras capitais da província (...) Kozeritz, que conheceu a cidade em 1883, disse que era um edifício magnifico, com estilo soberbo. Candelabros a gás iluminavam o vestíbulo e por uma escada de mármore branco subia-se ao primeiro andar, onde um empregado de irrepreensível estilo e toalete, avisado pelo porteiro por uma campainha elétrica, recebia o recém-chegado (SIMÕES, 2004, p.65/66). 52 Figura 19 - Grande Hotel. Figura 10 - Reconstituição gráfica da fachada principal do Grande Hotel. Vista da Rua de São Bento. Figura 21 - Reconstituição gráfica da fachada lateral do Grande Hotel. Vista da Rua Miguel Couto. 53 Nesse mesmo período, no Rio de Janeiro, os hotéis começaram a fazer uso da eletricidade e alguns até mesmo do telefone. Por volta de 1877, o empresário Jules Martin e o engenheiro Fernando de Albuquerque lançaram um mapa turístico da Capital, em formato dobrável e de bolso, contendo as informações necessárias para os viajantes e forasteiros, como edifícios públicos, sedes de jornais, fábricas, estações de trens e bondes e o traçado das linhas, escolas, escritórios das principais companhias férreas e 4 principais hotéis: Grande Hotel, Hotel da Europa, Hotel de França e Hotel da Paz. Figura 22 - Hotel da Paz. Em 1878, o Hotel do Oeste iniciava suas atividades numa casinha térrea tradicional, com um combustor de gás na esquina. Com o passar dos anos, foi aumentando, chegando a ocupar três casas vizinhas. No período de 1885 a 1890, foi outra vez ampliado, ganhando mais um andar, porém logo em seguida, o edifício se incendiou e o hotel foi reconstruído com apenas dois pavimentos, ganhando o novo nome de Grande Hotel d´Oeste. Figura 23 - Grande Hotel d´Oeste (o prédio do Hotel à esquerda). 54 Figura 24 - Reconstituição gráfica do Grande Hotel d´Oeste, 1887 e 1890. Figura 25 - Reconstituição gráfica do Grande Hotel d´Oeste, 1900. Em 1885, o Almanaque da Província de São Paulo identificou outros hotéis na cidade: Hotel Brasil-Itália, na rua Boa Vista, Hotel Fasoli e Hotel Boa Vista, na Senador Feijó, Hotel Albion, na rua Alegre, Hotel Maragliano e Hotel das Famílias. Figura 26 - Hotel Brasil-Itália. 55 Alguns fatores, como as mudanças políticas, as campanhas em favor da abolição da escravatura e a proclamação da República, foram de extrema importância para o desenvolvimento e crescimento da hotelaria em São Paulo. Segundo Vladir Vieira Duarte, “ o grande impulso veio com a circulação dos primeiros trens da São Paulo Railway, conhecida como „Inglesa‟, a primeira ligação ferroviária entre Santos e São Paulo, posteriormente estendida até Jundiaí” (DUARTE,1996, p.17). Em 1890, o Hotel de França passou por uma expansão, ocupando vários sobrados vizinhos. O hotel era um dos mais frequentados, principalmente por artistas de teatro com mais recursos,
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