Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FOLHA DE ROSTO ORIENTATIVA PARA PROVA OBJETIVA LEIA AS ORIENTAÇÕES COM CALMA E ATENÇÃO! INSTRUÇÕES GERAIS ● Atenção ao tempo de duração da prova, que já inclui o preenchimento da folha de respostas. ● Cada uma das questões da prova objetiva está vinculada ao comando que imediatamente a antecede e contém orientação necessária para resposta. Para cada questão, existe apenas UMA resposta válida e de acordo com o gabarito. ● Faltando uma hora para o término do simulado, você receberá um e-mail para preencher o cartão-resposta, a fim de avaliar sua posição no ranking. Basta clicar no botão vermelho de PREENCHER GABARITO, que estará no e-mail, ou acessar a página de download da prova. Você deve fazer o cadastro em nossa plataforma para participar do ranking. Não se preocupe: o cadastro é grátis e muito simples de ser realizado. – Se a sua prova for estilo Certo ou Errado (CESPE/CEBRASPE): marque o campo designado com o código C, caso julgue o item CERTO; ou o campo designado com o código E, caso julgue o item ERRADO. Se optar por não responder a uma determinada questão, marque o campo “EM BRANCO”. Lembrando que, neste estilo de banca, uma resposta errada anula uma resposta certa. Obs.: Se não houver sinalização quanto à prova ser estilo Cespe/Cebraspe, apesar de ser no estilo CERTO e ERRADO, você não terá questões anuladas no cartão- resposta em caso de respostas erradas. – Se a sua prova for estilo Múltipla Escolha: marque o campo designado com a letra da alternativa escolhida (A, B, C, D ou E). É preciso responder a todas as questões, pois o sistema não permite o envio do cartão com respostas em branco. ● Uma hora após o encerramento do prazo para preencher o cartão-resposta, você receberá um e-mail com o gabarito para conferir seus acertos e erros. Caso você seja aluno da Assinatura Ilimitada, você receberá, com o gabarito, a prova completa comentada – uma vantagem exclusiva para assinantes, com acesso apenas pelo e-mail e pelo ambiente do aluno. Em caso de solicitação de recurso para alguma questão, envie para o e-mail: . Nossa ouvidoria terá até dois dias úteis para responder à solicitação. Desejamos uma excelente prova! 3 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL WALLACE FRANÇA Considerando os princípios de Direito Penal, julgue as assertivas a seguir. 1. O parâmetro de R$ 20.000,00 para incidência do princípio da insignificância nos crimes tributários federais se aplica, por analogia, aos crimes tributários estaduais. 2. Conforme enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal, é inaplicável o princípio da insignificância em relação aos crimes contra a Administração Pública. 3. Em regra, não se aplica o princípio da insignificância ao furto qualificado, salvo quando presentes circunstâncias excepcionais que recomendam a medida. 4. É necessária a edição de lei em sentido formal para a tipificação do crime contra a huma- nidade trazida pelo Estatuto de Roma, exceto se cuidando de Tratado internalizado. 5. O texto constitucional do artigo 5º, inciso XLV (“Nenhuma pena passará da pessoa do condenado”), refere-se ao princípio da individualização da pena. DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Considerando a aplicação da lei penal, julgue as assertivas a seguir. 6. Em se tratando de crimes continuados em que a continuidade delitiva ocorre sob a vigência de duas leis, sendo que uma estava vigente quando do início da continuidade e outra lei estava vigente quando da cessação da continuidade delitiva, dever-se-á ser aplicada a lei vigente ao tempo da cessação da continuidade. 7. Situação hipotética: Jorge praticou crime e na sentença condenatória houve aumento de pena porque o crime teria sido praticado durante o repouso noturno. Ocorre que durante o cumprimento da pena tal aumento de pena foi revogado pelo legislador. Assertiva: Nessa situação, a Jorge não se aplica a lei que revogou o aumento, tendo em vista que ele já estava condenado com sentença transitada em julgado. 8. As leis intermitentes possuem força ultra-ativa. 4 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 9. A norma que altera a natureza da ação penal, por não ser norma de caráter penal, não retroage nem para beneficiar o réu. 10. Situação hipotética: João, servidor público federal, em viagem oficial para a ONU em Genebra, na Suíça, foi assaltado enquanto passeava pela rua. Assertiva: Nesse caso, trata-se de aplicação extraterritorial da lei penal brasileira de forma incondicionada. ILICITUDE Considerando a ilicitude e a culpabilidade, julgue as assertivas a seguir. 11. São excludentes da ilicitude a legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito cum- primento do dever legal e o exercício regular de um direito. 12. A legítima defesa, assim como o estado de necessidade, é considerado uma dirimente. 13. O Código Penal prevê 04 (quatro) causas justificantes, mas só conceitua duas delas. 14. A agente que agir em quaisquer das excludentes somente poderá ser responsabilizado pelo excesso doloso. 15. É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 16. Conforme a teoria extremada da culpabilidade, a descriminante putativa, em qualquer hipótese, será tratada como erro de proibição indireto. 17. O Código Penal prevê uma rol taxativo de justificantes. 18. O consentimento do ofendido servirá sempre como causa supralegal de exclusão da ilicitude. 19. Quando o dissenso for elementar do tipo penal, o consentimento do ofendido servirá como causa supralegal de exclusão da tipicidade. 20. A teoria da indiciariedade apregoa que a existência do fato típico gera um presunção relativa de que também é ilícito. 5 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS CULPABILIDADE Considerando a ilicitude e a culpabilidade, julgue as assertivas a seguir. 21. São dirimentes a inimputabilidade, o erro de proibição inescusável e a inexigibilidade de conduta diversa. 22. São elementos da culpabilidade a imputabilidade penal, a potencial consciência da ilici- tude do fato e a inexigibilidade de conduta diversa. 23. Dentre os estudos atuais das teorias da culpabilidade, entende-se que o Código Penal adotou a teoria normativa pura. 24. A coação moral e física irresistível são dirimentes. 25. A legítima defesa putativa é causa excludente da ilicitude. 26. A embriaguez, culposa, isentará o agente de pena. 27. A emoção ou a paixão não excluem a imputabilidade penal. 28. O Código Penal adota, em suas causas de inimputabilidade, o critério biopsicológico. 29. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incom- pleto ou retardado, não era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 30. O Código Penal, ao tratar da inimputabilidade pela menoridade, adotou o critério cronológico. CONCURSO DE PESSOAS Considerando as disposições sobre o concurso de pessoas, julgue os itens subsecutivos. 31. No que tange ao concurso de pessoas, o Código Penal adotou a teoria monista, com exceções. 6 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 32. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. 33. Os crimes plurissubjetivos são aqueles em que o tipo penal já prevê o concurso de agentes. 34. Dentre os requisitos do concurso de agentes, pode-se citar o prévio ajuste. 35. Considerando a homogeneidade subjetiva entre os agentes, é possível o concurso de agentes quando um deles age dolosamente e o outro culposamente. DAS PENAS Considerando as disposições sobre as penas, julgue os itens subsecutivos. 36. A sanção penal pode ser de duas espécies,penas e medidas de segurança, sendo que as penas podem ser privativas de liberdade, restritivas de direito e multa. 37. Em regra, o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. 38. É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. 39. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. 40. A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea. 41. O condenado por crime contra a Administração Pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. 42. A reincidência possui relevância na progressão de regime, mas não influencia a deter- minação do regime inicial de cumprimento de pena. 7 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 43. O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas. 44. É admissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao regime aberto. 45. Em se tratando de regime aberto, a pena deverá ser cumprida em cadeia pública. CONCURSO DE CRIMES Considerando os ditames do Código Penal, principalmente no que tange ao concurso de crimes, bem como o entendimento jurisprudencial e doutrinário dominantes, julgue os itens a seguir. 46. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idên- ticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 47. Considera-se concurso formal homogêneo quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. 48. No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. 49. No concurso formal impróprio, o critério de aumento de pena aplicado será conforme a quantidade de crimes praticados. 50. A distinção entre o concurso formal próprio e o impróprio relaciona-se com o elemento subjetivo do agente, ou seja, a existência ou não de desígnios autônomos. PUNIBILIDADE À luz das causas extintivas de punibilidade, julgue o item a seguir. 51. Editado decreto de anistia, não persistirá efeitos penais primários ou secundários ao condenado. A seguir serão dadas situações hipotéticas e assertivas a serem julgadas à luz das cau- sas extintivas de punibilidade e do entendimento dos tribunais superiores. 8 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 52. Situação hipotética: Alberto, vítima de crime de ação penal privada personalíssima, no curso do processo, oferece perdão a Caio, mas não oferece a Marcelo, sendo ambos autores do crime. Assertiva: O perdão dado por Alberto a Caio deve ser estendido a Marcelo. 53. Situação hipotética: Danilo comete crime em 15/10/2015 e é condenado à pena pri- vativa de liberdade em 15/10/2017. Em 15/10/2018, entra em vigor uma lei que deixa de considerar o fato cometido por Danilo como criminoso. Assertiva: Danilo deverá ser beneficiado pela abolitio criminis, porém essa causa de extinção de punibilidade, apenas, afastará as consequência de natureza penal, mantendo-se as de natureza civis. 54. Situação hipotética: João Carlos cometeu crime em 20/11/2014 e teve sentença condenatória transitada em julgado em 20/11/2017. Em 20/11/2019, foi beneficiado por indulto presidencial. Em 20/11/2020, cometeu novo delito. Assertiva: O juiz, na análise do caso concreto, poderá atribuir a João Carlos efeitos secundários da pena do crime anteriormente agraciado por indulto. À luz do entendimento do Supremo Tribunal Federal, no tocante à aplicação do indulto humanitário, julgue o item a seguir. 55. João Carlos praticou crime contido no rol dos crimes hediondos da Lei n. 8.072/1990. Padecendo de doença grave, poderá ser beneficiado pelo indulto humanitário. CRIMES CONTRA A PESSOA A seguir será dada uma situação hipotética e uma assertiva a ser julgada à luz dos cri- mes contra a pessoa e do entendimento dos tribunais superiores. 56. Situação hipotética: João Paulo, casado com Maria Aparecida, planeja com Raul, seu primo, o homicídio de sua esposa, visando ser o único administrador da empresa em que são sócios. Posto o intento criminoso em prática, Maria Aparecida é assas- sinada por João Paulo e Raul. Assertiva: João Paulo e Raul cometeram o crime de feminicídio consumado. 9 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS À luz do entendimento do Supremo Tribunal Federal, julgue os itens a seguir. 57. Segundo o pretório excelso, é possível a compatibilidade entre privilégios e qualifica- doras no crime de homicídio, desde que aqueles sejam de natureza subjetiva e essas sejam de natureza objetiva. 58. O Direito Brasileiro, em regra, admite três hipóteses para a interrupção de gravidez. Sendo que duas estão previstas expressamente pelo Código Penal (aborto humanitário e aborto necessário) e a terceira decorre de entendimento jurisprudencial (interrupção da gravidez de fetos anencefálicos). Os dois primeiros casos afastam a antijuridicidade e o terceiro a tipicidade do delito. A seguir serão dadas situações hipotéticas e assertivas a serem julgadas à luz dos cri- mes contra a pessoa e do entendimento dos tribunais superiores. 59. Situação hipotética: Gabriel, com intenção de causar lesão em Marcelo, atinge-o com uma barra de ferro. Marcelo, decorrente da ação de Gabriel, tem lesão no braço que gera sua incapacidade para exercer atividades de natureza habitual por 38 dias. Asser- tiva: Diante do caso narrado, Gabriel cometeu crime de lesão corporal de natureza. 60. Situação hipotética: Carlos agride sua esposa, Marcela, causando na vítima lesões corporais de natureza leve. Marcela, após o acontecido, vai à delegacia da mulher noticiar o ocorrido. Assertiva: A autoridade policial deverá informar a Marcela que a ação criminal decorrente de lesão corporal no âmbito de relação doméstica é pública condicionada à representação da ofendida. 61. Situação hipotética: Patrícia Oliveira, gestante, chega ao hospital sentido fortes dores. Diante da ausência de médicos no hospital, Maria Aparecida, enfermeira, analisa o estado da paciente e os exames que carregava consigo, os quais atestavam a gravi- dez de alto risco para a gestante. Depois da prática de vários procedimentos, Maria Aparecida percebe que será inevitável um aborto, pois, do contrário, iria pôr em risco a vida de Patrícia Oliveira. Assertiva: Realizada a interrupção da gravidez, Maria Apa- recida cometeu o crime de aborto consumado, não existindo causas de exclusão dos elementos do crime. 10 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 62. Situação hipotética: Carlos Gabriel, sabidamente portador do vírus HIV, mantém rela- ção sexual desprotegida com Gabriela, sem ela ter conhecimento do estado de saúde de Carlos Gabriel. Gabriela, após realizar exames, descobre que está portando o vírus. Assertiva: Carlos Gabriel responderá por lesão corporal de natureza gravíssima. 63. Situação hipotética: Ana Paula, após ter sido demitida, encontrava-se muito triste em sua casa, pensando em cometer suicídio. Sua amiga, Marcela, chegando à residência de Ana Paula e, após conversarem, decide auxiliar sua amiga em seu desejo de tirar a própria vida, dando a ela dose de veneno suficiente para exterminar sua vida. Após ingerir o veneno dado por Marcela, Ana Paula é socorrida ao hospital por seu irmão, Márcio. Após procedimentos médicos, Ana Paula sobrevive, porém fica impossibilitada por 50 dias a executar suas ocupações habituais. Assertiva: Marcelacometeu auxílio ao suicídio na modalidade qualificada. 64. Situação hipotética: Ramon, policial militar, em seu dia de folga, teve uma discussão com Armando sobre um jogo de futebol, é alvejado e vem a óbito. Assertiva: Armando deverá responder por homicídio qualificado por ter cometido o crime contra agente de segurança pública. 65. Situação hipotética: Mariana, gestante, após chegar de uma festa, discute com seu marido, Arnaldo, o qual diz: “mulher minha não vai à festa”. Durante a discussão, Arnaldo efetua disparos de arma de fogo contra Mariana. Socorrida ao hospital, Marina não resiste aos ferimentos e falece. Assertiva: Arnaldo cometeu feminicídio consumado com causa de aumento de pena por razão de a vítima estar grávida. No momento da sentença, poderá ser exasperada a pena de 2/3 até a metade. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO A seguir será dada uma situação hipotética e uma assertiva a ser julgada à luz dos cri- mes contra o patrimônio e do entendimento dos tribunais superiores. 66. Situação hipotética: Maria Luíza aproveitando-se que João Paulo deixa o celular em cima de uma mesa, subtrai o aparelho telefônico. Após alguns minutos, Maria Luíza é capturada pela polícia, que encontra com ela o aparelho. Assertiva: Segundo a teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro no tocante à consumação do crime de furto, qual seja, ilatio, Maria Luíza não poderá ser processada por furto consumado. Julgue o item a seguir à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 11 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 67. O sinal de TV a cabo não pode ser equiparado ao conceito de energia elétrica para que se torne objeto do crime de furto. Ressaltou a suprema corte que estender ao sinal de TV a cabo a possibilidade de ser objeto do cometimento do ato delituoso seria uma ana- logia in malam partem, o que não é permitido no direito penal brasileiro. A seguir será dada uma situação hipotética e uma assertiva a ser julgada à luz dos crimes contra o patrimônio e das alterações promovidas pela Lei Anticrime (Lei n. 13.964/2019). 68. Situação hipotética: João da Silva, com o intuito de furtar um domicílio, empregou meios explosivos na prática do ato criminoso. Assertiva: João da Silva praticou furto qualificado, porém não se enquadra em crime hediondo. Por outro lado, caso João da Silva, usando do mesmo meio, cometesse o crime de roubo, seria seu ato criminoso enviado de hediondez segundo alteração promovida pelo pacote anticrime. A seguir será dada uma situação hipotética e uma assertiva a ser julgada à luz dos cri- mes contra o patrimônio. 69. Situação hipotética: Planejando furto a uma loja vizinha a sua casa, João Carlos começa a escavar no muro de sua residência até adentrar à loja pelo túnel resultado de sua escavação. Após isso, João Carlos subtrai alguns objetos e deixa a loja. Asser- tiva: De acordo com o entendimento majoritário na doutrina penal, João Carlos come- teu furto qualificado por escalada. A seguir serão dadas situações hipotéticas e assertivas a serem julgadas à luz dos cri- mes contra o patrimônio e do entendimento dos tribunais superiores. 70. Situação hipotética: Antônio Gabriel, primário, armado com um revólver calibre 38, usando de grave ameaça, subtrai um litro de uísque de um supermercado. A bebida tinha valor estimado em 100,00 reais. Assertiva: Diante do caso narrado, deverá ser reconhecida a bagatela e afastada a antijuridicidade do delito, tendo em vista o ínfimo valor da coisa furtada e a primariedade do agente. 71. Situação hipotética: Simone, ao andar na rua com sua bolsa, é sorrateiramente furtada por Carlos. Todavia, ao perceber que foi furtada, vai ao encontro de Carlos e exige que seja devolvida sua bolsa. Carlos, inconformado, pega uma barra de ferro que encon- tra na rua e ameaça Simone. Simone não resiste à ameaça e Carlos foge com a bolsa. Assertiva: Carlos cometeu o crime de roubo impróprio e não o crime de furto. 12 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 72. Situação hipotética: Carlos André, maior capaz, junta-se a Gabriel, menor, e, usando de violência, subtrai o relógio de Ana. Assertiva: Carlos André deverá responder por roubo simples, sem causa de aumento de pena, já que por ser Gabriel menor, não se enquadraria no concurso de agentes. 73. Situação hipotética: Gabriel, objetivando subtrair o celular de Caio, emprega grave ameaça contra a vítima. Caio resiste e Gabriel efetua disparo de arma de fogo contra Caio, que vem a óbito. Assertiva: Gabriel não deverá ser submetido ao Tribunal do Júri, pois o latrocínio é considerado crime essencialmente patrimonial. 74. Situação hipotética: Otávio, ex-namorado de Flávia, dispondo de fotos íntimas de sua ex-namorada, faz ameaças dizendo: “caso você não deposite 2.000,00 reais em minha conta bancária, irei divulgar suas fotos”. Assertiva: Flávia foi vítima do ato doutrinaria- mente conhecido como sextorsão, devendo a Otávio ser imputado o crime de extorsão, independentemente, do proveito financeiro. 75. Situação hipotética: Luciano, andando pela rua, encontra carteira com dinheiro e documentos pessoais de seu dono. Assertiva: Após 12 dias sem Luciano ter devolvido a carteira ao dono ou entregue à autoridade competente, estará configurado o crime de apropriação de coisa achada, o qual é entendido pela doutrina como crime a prazo. CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL A seguir serão dadas situações hipotéticas e assertivas a serem julgadas à luz dos cri- mes contra a dignidade sexual e do entendimento dos tribunais superiores. 76. Situação hipotética: Marília, 15 anos de idade, após sair de um festa, é abordada por Arnaldo que, mediante violência, força a jovem a ter conjunção. Assertiva: Arnaldo cometeu estupro, que tem causa de aumento de pena de 1/3 até a metade por ter a vítima menos de 18 anos. 77. Situação hipotética: Gabriel e Carlos, maiores e capazes, conheceram em uma festa Juliana, maior e capaz. Após conversarem, Gabriel e Carlos convidam Juliana para a casa de um deles. Chegando ao local, propõem a Juliana que tenha conjunção carnal. Diante da negativa de Juliana, empregando de violência, os dois rapazes praticam atos libidinosos com a vítima. Assertiva: Gabriel e Carlos praticam estupro consumado, o qual, nesse caso, tem causa de aumento de pena de 1/3 a 2/3 por ter sido praticado em concurso de agentes. 13 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 78. Situação hipotética: João, com o intuito de ter conjunção carnal com Lívia, a induz a ingerir bebida alcoólica. Após algumas doses de conhaque, Lívia, embriagada, porém não completamente, é levada por João ao quarto de um motel e com ela pratica conjunção carnal. Assertiva: Levando em consideração a intenção de João e a condição de Lívia que não estava totalmente sóbria, João praticou o crime de violação sexual mediante fraude. 79. Situação hipotética: Carlos, aguardando consulta médica em sala de espera, fica por alguns minutos na sala com Carla. Após observá-la por algum tempo, em busca de satisfazer sua lascívia, começa a se masturbar diante de Carla. A vítima se deses- pera e liga para polícia. Assertiva: Carlos cometeu o crime de importunação sexual, o qual depende de representação da vítima, pois é crime de ação penal pública condicionada à representação. 80. Situação hipotética: Aline, 16 anos de idade e aluna do segundo ano do ensino médio, obteve desempenho insatisfatório na disciplina de matemática. Seu professor, Alci- des, em conversa com a aluna, insinua que atribuiria melhor nota a Aline se com ela tivesse relação sexual. Assertiva: Alcides não cometeu o crime de assédio sexual, pois o professor não disfruta de ascendência em relação à aluna. 81. Situação hipotética: Joice, 13 anos de idade, namora com Raul de 18 anos. Após algu- mas conversas, decidem, em comum acordo, ter conjunção carnal. Além disso, é do conhecimento de Raul que Joice játeve conjunção carnal com outras pessoas. Asser- tiva: Raul não cometeu estupro de vulnerável, pois houve o consentimento de Joice. Além disso, Joice também já teria uma vida sexual pretérita, o que afasta a tipicidade do delito. 82. Situação hipotética: Paulo e Patrícia, casados, foram visitados por seu sobrinho, Ronaldo, de 16 anos, que passaria o final de semana com o casal. O casal, buscando satisfação de sua lascívia, chama o adolescente para seu quarto e, usando de grave ameaça, o obrigam a presenciar a conjunção carnal realizada pelo casal. Assertiva: Paulo e Patrícia cometeram o crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente. 83. Situação hipotética: Alberto, maior e capaz, ao conversar com seu primo, André, de 19 anos, comunica-o que é homossexual. André, inconformado com a notícia, em busca de dar-lhe uma lição, força Alberto a ter com ele atos libidinosos mediante violência. Assertiva: André cometeu estupro corretivo, o qual tem causa de aumento de pena de 1/3 a 2/3. 14 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 84. Situação hipotética: João Paulo e Antônio Cabral, maiores, conversando em um ponto de ônibus, combinam que quando adentrarem no ônibus vão praticar ato libidinoso contra alguém. Chegando o ônibus, os rapazes entram e avistam Gabriela, de 19 anos, e, com o intento de satisfazer suas lascívias, começam a se masturbar e ejaculam na vítima. Assertiva: João Paulo e Antônio Cabral cometeram o crime de importunação sexual. Além disso, por ter sido cometido em concurso de agentes terá causa de aumento de 1/3 até 2/3. 85. Situação hipotética: Sofia e Marcos, namorados, após alguns meses de namoro deci- dem manter conjunção carnal. Porém, Sofia deixa claro que só concorda com o ato sexual se Marcos usar preservativo. Após o início do ato, Marcos retira o preservativo, sem a anuência de Sofia e, também, sem que ela perceba. Assertiva: O ato cometido por Marcos é conhecido como stealthing pela doutrina e configura o estelionato sexual. DOS CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA A seguir serão dadas situações hipotéticas e assertivas a serem julgadas à luz dos cri- mes contra a fé pública e do entendimento dos tribunais superiores. 86. Situação hipotética: Mário fabricou em sua residência nota de cem reais em papel car- tolina que difere em vários aspectos do papel-moeda. Todavia, após fazer compras em um mercado, utiliza a nota falsa para pagamento, Maria Luíza, caixa do mercado, não percebe a falsidade da nota. Assertiva: Mário cometeu o crime de moeda falsa. 87. Situação hipotética: Mariana fabricou três notas de cinquenta reais. Após a falsifica- ção, foi a uma loja e comprou uma blusa, pagando com as notas falsas. A vendedora não percebeu a falsidade das cédulas. Assertiva: Mariana cometeu o crime de moeda falsa, porém, pelo ínfimo valor resultante da falsificação, deverá ser beneficiada pelo princípio da insignificância. 88. Situação hipotética: Cássio guarda em sua residência maquinário apto a falsificar moedas. Cássio nunca fabricou nenhuma cédula, porém está aguardando o papel para iniciar os atos de fabricação. Assertiva: Cássio cometeu o crime de petre- cho para falsificação de moeda tentado. 15 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 89. Situação hipotética: Raul, servidor público, usando de sua função, emite Car- teira Nacional de Habilitação falsa. Assertiva: Raul cometeu o crime de falsificação de documento público. Ademais, por usar da função pública, deve ter sua pena aumen- tada de 1/3. 90. Situação hipotética: Antônio, proprietário de uma padaria, após receber de um cliente uma cédula de cem reais, a reconhece como falsa. Não querendo ficar no prejuízo, repassa a cédula para um cliente de sua padaria. Assertiva: Antônio cometeu o crime de moeda falsa na modalidade privilegiada a qual tem pena de reclusão. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA A seguir serão dadas situações hipotéticas e assertivas a serem julgadas à luz dos cri- mes contra a Administração Pública e do entendimento dos tribunais superiores. 91. Situação hipotética: Ari, servidor público efetivo do INSS, analisando um pedido de uma aposentadoria, solicita a João a quantia de 5.000,00 reais para que conceda o benefício por ele requerido. João se negar a dar a quantia solicitada. Assertiva: Ari cometeu cor- rupção passiva na modalidade tentada, já que não obteve o proveito econômico. 92. Situação hipotética: João Paulo, agente do Detran, buscando vantagem indevida, retarda a emissão de documento solicitado por André. Em conversa com André, João Paulo solicita 1.000,00 reais para agilizar o procedimento. É sabido que o solici- tante atendia a todas as qualificações legais exigidas para a emissão do documento. Assertiva: João Paulo cometeu ato de corrupção denominado, na doutrina, como corrução passiva imprópria. 93. Situação hipotética: João, servidor da Receita Federal, à noite, fora de seu horário de expediente, adentra na agência da Receita Federal, após arrombar uma janela do órgão e subtrai um notebook da agência. Assertiva: João cometeu o crime de peculato furto por causa de sua razão de servidor público. 94. Situação hipotética: Mariana, estagiária do Ministério Público, após seis meses de estágio não remunerado apropria-se de notebook do órgão ministerial. Assertiva: Mariana cometeu o crime de apropriação indébita, pois não está enquadrada no con- ceito de funcionário público. 16 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 95. Situação hipotética: Caio, funcionário público responsável pela segurança noturna de órgão público, conversando ao telefone, por curto período de tempo se ausenta do local de trabalho, deixando a porta da entrada aberta. Ao regressar, percebe que falta um computador na recepção. Assertiva: Caio cometeu peculato culposo, o qual, reparado o dano do Poder Público antes da sentença irrecorrível, tem causa de diminuição de metade da pena imposta. 96. Situação hipotética: Alisson, fiscal de trânsito, após verificar que Alcides trafegava em seu carro em alta velocidade, solicita sua parada. Após Alcides parar o veículo, Alisson exige a quantia de 1.500,00 a Alcides para que não aplique multa. Assertiva: Alisson cometeu o crime de corrupção passiva. 97. Situação hipotética: Luciano, fiscal de tributos municipal, vai ao local de trabalho de Tadeu, devedor de IPTU, e, na frente de seus colegas de trabalho, emprega na cobrança meio vexatório não autorizado pela lei. Assertiva: Luciano cometeu o crime de excesso de exação consumado. 98. Situação hipotética: Arthur, servidor público, recebe para julgamento recurso adminis- trativo o qual tem competência para julgar. Quando da análise do processo, percebe que a requerente do recurso é sua ex-namorada, Paula. Buscando se vingar de Paula pelo término do relacionamento, retarda o julgamento do recurso. Assertiva: Arthur cometeu o crime de prevaricação, que é considerado crime de mão própria. 99. Situação hipotética: Carlos estava em sua residência às 22h quando bate à sua porta policiais com mandado judicial de busca e apreensão. Os policiais pedem per- missão para entrar na casa de Carlos, que não permite. Assertiva: Carlos cometeu o crime de desobediência. 100. Situação hipotética: Carlos, dirigindo em alta velocidade, é abordado por guardas de trânsito que o ameaçam de multa. Carlos oferece 2.000,00 reais aos guardas para que não o multem. Os guardas aceitam. Assertiva: Carlos cometeu o crime de corrupção ativa consumada e os guardas praticaram corrupção passiva. 17 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS GABARITO 1 E 26 E 51 E 76 E 2 E 27 C 52 C 77 C 3 C 28 E 53 C 78 C 4 E 29 E 54 C 79 E 5 E 30 C 55 E 80 E 6 C 31 C 56 E 81 E 7 E 32 C 57 C 82 E 8 C 33 C 58 C 83 C 9 E 34 E 59 E 84 E 10 E 35 E 60 E 85 C 11 C 36 C 61 E 86 E 12 E 37 C 62 C 87 E 13 C 38 C 63 C88 E 14 E 39 C 64 E 89 E 15 C 40 C 65 E 90 E 16 C 41 C 66 E 91 E 17 E 42 E 67 C 92 C 18 E 43 C 68 E 93 E 19 C 44 E 69 C 94 E 20 C 45 E 70 E 95 E 21 E 46 E 71 C 96 E 22 E 47 E 72 E 97 C 23 C 48 C 73 C 98 C 24 E 49 E 74 C 99 E 25 E 50 C 75 E 100 C https://questoes.grancursosonline.com.br 19 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO DIREITO PENAL WALLACE FRANÇA Considerando os princípios de Direito Penal, julgue as assertivas a seguir. 1. O parâmetro de R$ 20.000,00 para incidência do princípio da insignificância nos crimes tributários federais se aplica, por analogia, aos crimes tributários estaduais. Errado. Conforme entendimento do STJ, não pode ser aplicado para fins de incidência do princípio da insignificância nos crimes tributários estaduais o parâmetro de R$ 20.000,00 (vinte mil reais), estabelecido no art. 20 da Lei n. 10.522/2002, devendo ser observada a lei estadual vigente em razão da autonomia do ente federativo. 2. Conforme enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal, é inaplicável o princípio da insignificância em relação aos crimes contra a Administração Pública. Errado. Conforme a Súmula 599 do STJ (e não do STF), é inaplicável o princípio da insignificância aos crimes contra a Administração Pública. 3. Em regra, não se aplica o princípio da insignificância ao furto qualificado, salvo quando presentes circunstâncias excepcionais que recomendam a medida. Certo. Conforme entendimento do STJ, em regra, não se aplica o princípio da insignificân- cia ao furto qualificado, salvo quando presentes circunstâncias excepcionais que recomendam a medida. 4. É necessária a edição de lei em sentido formal para a tipificação do crime contra a huma- nidade trazida pelo Estatuto de Roma, exceto se cuidando de Tratado internalizado. Errado. Conforme entendimento do STJ (Informativo 659), é necessária a edição de lei em sentido formal para a tipificação do crime contra a humanidade trazida pelo Estatuto de Roma, mesmo se cuidando de Tratado internalizado. 20 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 5. O texto constitucional do artigo 5º, inciso XLV (“Nenhuma pena passará da pessoa do condenado”), refere-se ao princípio da individualização da pena. Errado. O texto constitucional se refere ao princípio da pessoalidade (intranscendência) da pena e não ao princípio da individualização da pena. DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL Considerando a aplicação da lei penal, julgue as assertivas a seguir. 6. Em se tratando de crimes continuados em que a continuidade delitiva ocorre sob a vigência de duas leis, sendo que uma estava vigente quando do início da continuidade e outra lei estava vigente quando da cessação da continuidade delitiva, dever-se-á ser aplicada a lei vigente ao tempo da cessação da continuidade. Certo. Tal assertiva é a decorrência da aplicação da Súmula 711 do STF, que aduz que a lei penal mais grave se aplica ao crime continuado ou permanente, se a sua vigência for anterior à cessação da continuidade ou permanência. 7. Situação hipotética: Jorge praticou crime e na sentença condenatória houve aumento de pena porque o crime teria sido praticado durante o repouso noturno. Ocorre que durante o cumprimento da pena tal aumento de pena foi revogado pelo legislador. Assertiva: Nessa situação, a Jorge não se aplica a lei que revogou o aumento, tendo em vista que ele já estava condenado com sentença transitada em julgado. Errado. Mesmo após a sentença condenatória transitada em julgado, aplica-se a lei mais benéfica ao condenado. Sendo que, nesse caso, quem aplica é o juiz das execuções pe- nais (Súmula 611 do STF). 8. As leis intermitentes possuem força ultra-ativa. Certo. As leis intermitentes (excepcionais ou temporárias) possuem força ultra-ativa, pois continu- am aplicáveis aos crimes praticados sob sua vigência, mesmo que revogadas. 21 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 9. A norma que altera a natureza da ação penal, por não ser norma de caráter penal, não retroage nem para beneficiar o réu. Errado. As normas que alteram a natureza da ação penal são normas híbridas e, por isso, retroa- gem se for para beneficiar o réu. 10. Situação hipotética: João, servidor público federal, em viagem oficial para a ONU em Genebra, na Suíça, foi assaltado enquanto passeava pela rua. Assertiva: Nesse caso, trata-se de aplicação extraterritorial da lei penal brasileira de forma incondicionada. Errado. Reza o artigo 7º, I, “c”, do Código Penal, que será aplicada a lei penal brasileira de for- ma incondicionada aos crimes cometidos contra a Administração Pública, por quem está a seu serviço. Dessa forma, o crime, para se tratar de extraterritorialidade incondicionada tem que ser praticado pelo funcionário público e não contra ele. ILICITUDE Considerando a ilicitude e a culpabilidade, julgue as assertivas a seguir. 11. São excludentes da ilicitude a legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito cum- primento do dever legal e o exercício regular de um direito. Certo. Conforme o artigo 23 do Código Penal, são excludentes da ilicitude a legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de um direito. 12. A legítima defesa, assim como o estado de necessidade, é considerado uma dirimente. Errado. Dirimentes são as excludentes de culpabilidade. A legítima defesa e o estado de necessi- dade são excludentes de ilicitude (justificantes). 13. O Código Penal prevê 04 (quatro) causas justificantes, mas só conceitua duas delas. Certo. 22 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS O Código Penal, em seu artigo 23, prevê como excludentes de ilicitude o estado de ne- cessidade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regu- lar de um direito, mas só conceitua, nos artigos seguintes, o estado de necessidade e a legítima defesa. 14. A agente que agir em quaisquer das excludentes somente poderá ser responsabilizado pelo excesso doloso. Errado. Conforme o art. 23, parágrafo único, do Código Penal, o agente, em qualquer das hipóte- ses deste artigo (excludentes de ilicitudes), responderá pelo excesso doloso ou culposo. 15. É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. Certo. Tal texto trata da descriminante putativa prevista no art. 20, § 1º, do Código Penal. 16. Conforme a teoria extremada da culpabilidade, a descriminante putativa, em qualquer hipótese, será tratada como erro de proibição indireto. Certo. Para a teoria limitada da culpabilidade, a descriminante putativa se subdivide em descrimi- nante putativa por erro de tipo (erro de tipo permissivo) e descriminante putativa por erro de proibição (erro de proibição indireto). Já para a teoria extremada da culpabilidade, as descriminantes putativas são sempre erro de proibição indireto. 17. O Código Penal prevê uma rol taxativo de justificantes. Errado. A doutrina entende pela possibilidade de causas supralegais de exclusão da ilicitude, a exemplo do consentimento do ofendido. 18. O consentimento do ofendido servirá sempre como causa supralegal de exclusão da ilicitude. Errado. O consentimento do ofendido pode ter três naturezas jurídicas, quais sejam: indiferente penal, causa de exclusão da tipicidade ou causa de exclusão da ilicitude. 23 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 19. Quando o dissenso for elementar do tipo penal, o consentimento do ofendido servirá como causa supralegal de exclusão da tipicidade. Certo. Quando o dissenso (não consentimento) fizer parte do tipo penal, o consentimento do ofen- dido excluirá a própria tipicidade do delito. 20. A teoria da indiciariedadeapregoa que a existência do fato típico gera um presunção relativa de que também é ilícito. Certo. A teoria da indiciariedade ou ratio cognoscendi apregoa que, comprovado o fato típico, existirá uma presunção relativa de que ele também é ilícito, podendo ser afastada a ilicitu- de com a comprovação de uma excludente. CULPABILIDADE Considerando a ilicitude e a culpabilidade, julgue as assertivas a seguir. 21. São dirimentes a inimputabilidade, o erro de proibição inescusável e a inexigibilidade de conduta diversa. Errado. As excludentes de culpabilidade também podem ser chamadas de exculpantes ou dirimentes. São excludentes de culpabilidade a inimputabilidade, o erro de proibição escusável e a inexigibilidade de conduta diversa. 22. São elementos da culpabilidade a imputabilidade penal, a potencial consciência da ilici- tude do fato e a inexigibilidade de conduta diversa. Errado. A exigibilidade de conduta diversa é um elemento da culpabilidade e a inexigibilidade de conduta diversa é uma excludente. 23. Dentre os estudos atuais das teorias da culpabilidade, entende-se que o Código Penal adotou a teoria normativa pura. Certo. O Código Penal, adotou a teoria finalista, incluindo o dolo dentro da conduta e, dessa for- ma, adotou a teoria normativa pura. 24 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 24. A coação moral e física irresistível são dirimentes. Errado. A coação moral irresistível é uma causa excludente da culpabilidade (exculpante ou diri- mente), mas a coação física irresistível é uma causa excludente da tipicidade do delito. 25. A legítima defesa putativa é causa excludente da ilicitude. Errado. A legítima defesa exclui a ilicitude, mas a legítima defesa putativa, conforme o art. 20, § 1º, do Código Penal, exclui a culpabilidade. Conforme a doutrina, se a legítima defesa putativa recair sobre pressupostos fáticos, excluirá o dolo. 26. A embriaguez, culposa, isentará o agente de pena. Errado. Conforme o art. 28, II, do Código Penal, a embriaguez, dolosa ou culposa, não excluem a imputabilidade penal. 27. A emoção ou a paixão não excluem a imputabilidade penal. Certo. Conforme o art. 28, I, do Código Penal, a emoção e a paixão não excluem a imputabilidade penal. 28. O Código Penal adota, em suas causas de inimputabilidade, o critério biopsicológico. Errado. Embora as causas de inimputabilidade da doença mental e da embriaguez fortui- ta adotem o critério biopsicológico, a inimputabilidade pela menoridade adota o critério puramente biológico. 29. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incom- pleto ou retardado, não era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. Errado. A questão mistura os textos do artigo 26 do Código Penal (inimputabilidade) com o do artigo 26, parágrafo único (semi-imputabilidade). Se o agente não era inteiramente capaz (semi-imputabilidade), ele terá redução de pena e não será isento de pena. 25 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 30. O Código Penal, ao tratar da inimputabilidade pela menoridade, adotou o critério cronológico. Certo. A inimputabilidade pela menoridade adotou o critério cronológico, etário ou biológico. CONCURSO DE PESSOAS Considerando as disposições sobre o concurso de pessoas, julgue os itens subsecutivos. 31. No que tange ao concurso de pessoas, o Código Penal adotou a teoria monista, com exceções. Certo. O Código Penal, no artigo 29, adotou a teoria monista em relação ao concur- so de pessoas, mas tal teoria é excepcionada em alguns casos, por isso, diz-se em teoria monista temperada. 32. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Certo. A assertiva está em conformidade no disposto no art. 29 do Código Penal. 33. Os crimes plurissubjetivos são aqueles em que o tipo penal já prevê o concurso de agentes. Certo. Os crimes plurissubjetivos ou de concurso necessário/obrigatório são aqueles em que o concurso está dentro do próprio crime. 34. Dentre os requisitos do concurso de agentes, pode-se citar o prévio ajuste. Errado. O requisito do concurso de agentes é o liame subjetivo (vínculo subjetivo entre os agentes) e não o prévio ajuste. 26 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 35. Considerando a homogeneidade subjetiva entre os agentes, é possível o concurso de agentes quando um deles age dolosamente e o outro culposamente. Errado. Considerando a homogeneidade subjetiva, os dois agentes devem agir dolosamente ou culposamente, não sendo possível, na configuração do concurso de agentes, que um deles aja dolosa e o outro culposamente. DAS PENAS Considerando as disposições sobre as penas, julgue os itens subsecutivos. 36. A sanção penal pode ser de duas espécies, penas e medidas de segurança, sendo que as penas podem ser privativas de liberdade, restritivas de direito e multa. Certo. A sanção penal é o gênero que se subdivide em pena ou medida de segurança e, conforme o art. 32 do Código Penal, as penas podem ser privativas de liberdade, restriti- vas de direito e multa. 37. Em regra, o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. Certo. Conforme o art. 33, § 2º, “c”, do Código Penal, o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. A questão diz em regra porque, caso as circunstâncias judiciais sejam desfavoráveis, o juiz poderá aplicar regime mais gravoso. 38. É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a pena igual ou inferior a quatro anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. Certo. Como a pena é inferior a 4 anos, o regime inicial seria o aberto, mas sendo o agente reinci- dente, o regime inicial será o semiaberto, caso as circunstâncias judiciais sejam favoráveis, caso fossem desfavoráveis, o juiz poderia aplicar o regime fechado (Súmula 269 do STJ). 27 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 39. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. Certo. Conforme o art. 33 do Código Penal, a pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção, em regime semiaberto ou aberto, salvo ne- cessidade de transferência a regime fechado. 40. A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea. Certo. Conforme a Súmula 719 do STF, a imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir exige motivação idônea. 41. O condenado por crime contra a Administração Pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. Certo. Conforme o art. 33, § 4º, do Código Penal, o condenado por crime contra a Administração Pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. 42. A reincidência possui relevância na progressão de regime, mas não influencia a deter- minação do regime inicial de cumprimento de pena. Errado. A reincidência, além de ser uma agravante, possui relevância na progressão de regimes, tendo em vista que os “quantuns” de progressão são alterados por causa da reincidência. Além disso, na determinação do regime inicial, o juiz, além da quantidade de pena, verifi- cará se o agente é reincidente para determinação do regime inicial. 43. O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obraspúblicas. Certo. Conforme o art. 34, § 3º, do Código Penal, o trabalho externo é admissível, no regime fe- chado, em serviços ou obras públicas. 28 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 44. É admissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao regime aberto. Errado. Conforme a Súmula 493 do STJ, é inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao regime aberto. 45. Em se tratando de regime aberto, a pena deverá ser cumprida em cadeia pública. Errado. O regime aberto é cumprido em casa do albergado. A cadeia pública destina-se aos presos provisórios. CONCURSO DE CRIMES Considerando os ditames do Código Penal, principalmente no que tange ao concurso de crimes, bem como o entendimento jurisprudencial e doutrinário dominantes, julgue os itens a seguir. 46. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idên- ticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. Errado. Dispõe o art. 70 do Código Penal que, quando o agente, mediante uma só ação ou omis- são, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até a metade. 47. Considera-se concurso formal homogêneo quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não. Errado. Dá-se o concurso formal homogêneo quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes idênticos. Será concurso formal heterogêneo quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes não idênticos. 48. No concurso de crimes, as penas de multa são aplicadas distinta e integralmente. 29 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS Certo. Conforme o art. 72 do Código Penal, no concurso de crimes, as penas de multa são apli- cadas distinta e integralmente. Vale ressaltar que tal regra é excepcionada jurisprudencial- mente para os casos de continuidade delitiva. 49. No concurso formal impróprio, o critério de aumento de pena aplicado será conforme a quantidade de crimes praticados. Errado. No concurso formal impróprio, ocorrerá a soma das penas e não a aplicação da causa de aumento de pena. 50. A distinção entre o concurso formal próprio e o impróprio relaciona-se com o elemento subjetivo do agente, ou seja, a existência ou não de desígnios autônomos. Certo. É justamente a existência de desígnios autônomos em relação aos resultados, embora a conduta seja única, que determinará se o concurso formal é impróprio. Nesse caso, as penas serão somadas ou, ante a inexistência de desígnios autônomos, o concurso formal será próprio (ideal) e incidirá a causa de aumento de pena. PUNIBILIDADE À luz das causas extintivas de punibilidade, julgue o item a seguir. 51. Editado decreto de anistia, não persistirá efeitos penais primários ou secundários ao condenado. Errado. Apesar de a anistia extinguir os efeitos penais primários ou secundários, a questão erra ao dizer que a anistia é resultado de decreto quando, na verdade, decorre de lei. A seguir serão dadas situações hipotéticas e assertivas a serem julgadas à luz das cau- sas extintivas de punibilidade e do entendimento dos tribunais superiores. 52. Situação hipotética: Alberto, vítima de crime de ação penal privada personalíssima, no curso do processo, oferece perdão a Caio, mas não oferece a Marcelo, sendo ambos autores do crime. Assertiva: O perdão dado por Alberto a Caio deve ser estendido a Marcelo. 30 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS Certo. Mesmo que Alberto não perdoe Marcelo, a lei estende o benefício a ele, pois o perdão con- cedido a um dos querelantes, a todos se aproveita. 53. Situação hipotética: Danilo comete crime em 15/10/2015 e é condenado à pena pri- vativa de liberdade em 15/10/2017. Em 15/10/2018, entra em vigor uma lei que deixa de considerar o fato cometido por Danilo como criminoso. Assertiva: Danilo deverá ser beneficiado pela abolitio criminis, porém essa causa de extinção de punibilidade, apenas, afastará as consequência de natureza penal, mantendo-se as de natureza civis. Certo. A abolitio criminis, realmente, afastará, apenas, as consequência penais, sejam elas primárias ou secundárias. Porém devem ser mantidos os efeitos civis, conforme o art. 2º, do Código Penal: “Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória.” (Grifos nossos) 54. Situação hipotética: João Carlos cometeu crime em 20/11/2014 e teve sentença condenatória transitada em julgado em 20/11/2017. Em 20/11/2019, foi beneficiado por indulto presidencial. Em 20/11/2020, cometeu novo delito. Assertiva: O juiz, na análise do caso concreto, poderá atribuir a João Carlos efeitos secundários da pena do crime anteriormente agraciado por indulto. Certo. O indulto é causa de extinção da punibilidade que atinge apenas os efeitos primários da pena, não atingindo, assim, efeitos secundários. Inclusive esse é o entendimento da Sú- mula 631 do STJ: O indulto extingue os efeitos primários da condenação (pretensão executória), mas não atinge os efeitos secundários, penais ou extrapenais. À luz do entendimento do Supremo Tribunal Federal, no tocante à aplicação do indulto humanitário, julgue o item a seguir. 55. João Carlos praticou crime contido no rol dos crimes hediondos da Lei n. 8.072/1990. Padecendo de doença grave, poderá ser beneficiado pelo indulto humanitário. Errado. 31 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS Apesar de a questão ter divergência no meio doutrinário, vejo que o aluno deve marcá-la de acordo com a jurisprudência do STF e com o que está contido na lei de crimes hedion- dos. Nos dois casos, não é aceito o indulto. A base legal para a não aceitação é o art. 2º, I, da Lei n. 8.072/1990 que diz: Lei n. 8.073/1990, art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecen- tes e drogas afins e o terrorismo são insuscetíveis de: I – anistia, graça e indulto. No mesmo sentido, a jurisprudência do STF: A 2ª turma do reiterou jurisprudência no sentido de não ser possível o deferimento de indulto a réu condenado por tráfico de drogas (...) A turma asseverou que o fato de a paciente estar doente ou ser acometida de deficiência visual não seria causa de extinção da punibilidade nem de suspensão de execução de pena. Afirmou que os condenados por tráfico de drogas ilícitas não poderiam ser contemplados com o indulto. (HC 118213/SP, Rel. Min. Gilmar Mendes, INFO 745). CRIMES CONTRA A PESSOA A seguir será dada uma situação hipotética e uma assertiva a ser julgada à luz dos cri- mes contra a pessoa e do entendimento dos tribunais superiores. 56. Situação hipotética: João Paulo, casado com Maria Aparecida, planeja com Raul, seu primo, o homicídio de sua esposa, visando ser o único administrador da empresa em que são sócios. Posto o intento criminoso em prática, Maria Aparecida é assas- sinada por João Paulo e Raul. Assertiva: João Paulo e Raul cometeram o crime de feminicídio consumado. Errado. Não se configura feminicídio, pois a razão do crime foi o patrimônio da vítima e não a con- dição do sexo feminino, conforme preceitua o art. 121, § 2º, VI, do Código Penal. À luz do entendimento do Supremo Tribunal Federal, julgue os itens a seguir. 57. Segundo o pretório excelso, é possível a compatibilidade entre privilégios e qualifica- doras no crime de homicídio, desde que aqueles sejam de natureza subjetiva e essas sejam de natureza objetiva. 32 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS Certo. O Supremo Tribunal Federal reconheceo chamado “homicídio qualificado-privilegiado” que acontece quando há possibilidade de compatibilidade de privilégios (natureza subjetiva) e qualificadoras de natureza objetiva, a título de exemplo: “A atual jurisprudência do Supre- mo Tribunal Federal admite a possibilidade de ocorrência de homicídio privilegiado-qualifi- cado, desde que não haja incompatibilidade entre as circunstâncias aplicáveis”. Ocorrência da hipótese quando a paciente comete o crime sob o domínio de violenta emo- ção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, mas o pratica disparando os tiros de surpresa, nas costas da vítima (CP, art. 121, § 2º, IV). A circunstância subjetiva contida no homicídio privilegiado (CP, art. 121, § 1º) convive com a circunstância qualificadora objetiva “mediante recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima” (CP, art. 121, § 2º, IV). (HC 76.196-GO, Rel. Min. Maurício Correa). Grifos nossos. 58. O Direito Brasileiro, em regra, admite três hipóteses para a interrupção de gravidez. Sendo que duas estão previstas expressamente pelo Código Penal (aborto humanitário e aborto necessário) e a terceira decorre de entendimento jurisprudencial (interrupção da gravidez de fetos anencefálicos). Os dois primeiros casos afastam a antijuridicidade e o terceiro a tipicidade do delito. Certo. Realmente, há, em regra, três hipóteses de interrupção de gravidez admitidas no Brasil. Sendo o aborto humanitário quando a gravidez resulta de estupro, o aborto necessário quando a continuação da gestação põe em risco a vida da mãe e a interrupção da gravi- dez de feto anencefálico que decorreu do entendimento do Supremo Tribunal Federal na análise da ADPF 54 (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental). Ademais, os dois primeiros casos são hipóteses específicas de exclusão da antijuridicidade, quanto ao último entendeu o STF que afasta a própria tipicidade da conduta. A seguir serão dadas situações hipotéticas e assertivas a serem julgadas à luz dos cri- mes contra a pessoa e do entendimento dos tribunais superiores. 59. Situação hipotética: Gabriel, com intenção de causar lesão em Marcelo, atinge-o com uma barra de ferro. Marcelo, decorrente da ação de Gabriel, tem lesão no braço que gera sua incapacidade para exercer atividades de natureza habitual por 38 dias. Asser- tiva: Diante do caso narrado, Gabriel cometeu crime de lesão corporal de natureza. Errado. 33 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS Gabriel cometeu o crime de lesão corporal, porém de natureza grave conforme o art. 29, § 1º, I, do Código Penal, pois a incapacidade prejudicou os afazeres habituais da vítima por mais de trintas dias. 60. Situação hipotética: Carlos agride sua esposa, Marcela, causando na vítima lesões corporais de natureza leve. Marcela, após o acontecido, vai à delegacia da mulher noticiar o ocorrido. Assertiva: A autoridade policial deverá informar a Marcela que a ação criminal decorrente de lesão corporal no âmbito de relação doméstica é pública condicionada à representação da ofendida. Errado. O enunciado da questão se amolda ao delito do art. 129, § 9º, do Código Penal que diz: CP, art. 129, § 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade. Porém, as ações penais resultantes de lesão corporal contra a mulher em âmbito de rela- ção doméstica são de natureza pública INCONDICIONADA. Esse, inclusive, é o entendi- mento da Súmula 542 do STJ: A ação penal relativa ao crime de lesão corporal resultante de violência doméstica contra a mulher é pública incondicionada. 61. Situação hipotética: Patrícia Oliveira, gestante, chega ao hospital sentido fortes dores. Diante da ausência de médicos no hospital, Maria Aparecida, enfermeira, analisa o estado da paciente e os exames que carregava consigo, os quais atestavam a gravi- dez de alto risco para a gestante. Depois da prática de vários procedimentos, Maria Aparecida percebe que será inevitável um aborto, pois, do contrário, iria pôr em risco a vida de Patrícia Oliveira. Assertiva: Realizada a interrupção da gravidez, Maria Apa- recida cometeu o crime de aborto consumado, não existindo causas de exclusão dos elementos do crime. Errado. Maria Aparecida não terá a excludente de ilicitude prevista no art. 128, I (excludente do aborto necessário), a qual afasta a ilicitude, porque não é médica. Porém, de acordo com o enunciado, seria inevitável a não interrupção da gravidez. Logo, Maria Aparecida deveria ser beneficiada com uma excludente geral de ilicitude, qual seja, o estado de necessidade. 34 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 62. Situação hipotética: Carlos Gabriel, sabidamente portador do vírus HIV, mantém rela- ção sexual desprotegida com Gabriela, sem ela ter conhecimento do estado de saúde de Carlos Gabriel. Gabriela, após realizar exames, descobre que está portando o vírus. Assertiva: Carlos Gabriel responderá por lesão corporal de natureza gravíssima. Certo. Os tribunais superiores têm entendido que, em caso de efetivo contágio do vírus HIV, ha- vendo dolo do agente, esse cometeu lesão corporal de natureza gravíssima, pois entende- -se que o vírus seria equiparado à enfermidade incurável. Dessa forma, julgou o STJ: Na hipótese de transmissão dolosa de doença incurável, a conduta deverá ser apenada com mais rigor do que o ato de contaminar outra pessoa com moléstia grave, conforme previsão clara do art. 129, § 2º, inciso II, do Código Penal. (HC 160.982/DF, Rel. Min. Laurita Vaz, STJ.) 63. Situação hipotética: Ana Paula, após ter sido demitida, encontrava-se muito triste em sua casa, pensando em cometer suicídio. Sua amiga, Marcela, chegando à residência de Ana Paula e, após conversarem, decide auxiliar sua amiga em seu desejo de tirar a própria vida, dando a ela dose de veneno suficiente para exterminar sua vida. Após ingerir o veneno dado por Marcela, Ana Paula é socorrida ao hospital por seu irmão, Márcio. Após procedimentos médicos, Ana Paula sobrevive, porém fica impossibilitada por 50 dias a executar suas ocupações habituais. Assertiva: Marcela cometeu auxílio ao suicídio na modalidade qualificada. Certo. O ato cometido por Marcela se amolda ao auxílio ao suicídio qualificado, pois resultou da tentativa de suicídio um dos resultados previstos para a lesão corporal de natureza grave (incapacidade para ocupações habituais por mais de 30 dias). Lembrado que será qualifi- cado o crime de induzimento, auxílio ou instigação a suicídio ou à automutilação quando resultar em condições que tipificam as lesões corporais de natureza grave ou gravíssima. 64. Situação hipotética: Ramon, policial militar, em seu dia de folga, teve uma discussão com Armando sobre um jogo de futebol, é alvejado e vem a óbito. Assertiva: Armando deverá responder por homicídio qualificado por ter cometido o crime contra agente de segurança pública. Errado. O crime de homicídio qualificado pela relação funcional tem ligação necessária com a atuação do cargo. Sendo assim, só acontecerá no exercício da função ou em razão dela. Na questão em apreço, o que motivou a morte de Ramon não foi ocupar um cargo de agen- te de segurança pública, mas sim um jogo de futebol. 35 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 65. Situação hipotética: Mariana, gestante, após chegar de uma festa, discute com seu marido, Arnaldo, o qual diz: “mulher minha não vai à festa”. Durante a discussão, Arnaldo efetua disparos de arma de fogo contra Mariana. Socorrida ao hospital, Marina não resiste aos ferimentos e falece. Assertiva: Arnaldo cometeu feminicídio consumado com causa de aumento de pena por razão de a vítima estar grávida. No momento da sentença, poderá ser exasperada a pena de 2/3 até a metade. Errado. Arnaldo cometeu crimecontra Mariana por razões do sexo feminino o que configura femini- cídio, porém o percentual de aumento de pena pelo fato de a vítima estar grávida varia de 1/3 até a metade e não de 2/3 até a metade como apresentado na questão. CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO A seguir será dada uma situação hipotética e uma assertiva a ser julgada à luz dos cri- mes contra o patrimônio e do entendimento dos tribunais superiores. 66. Situação hipotética: Maria Luíza aproveitando-se que João Paulo deixa o celular em cima de uma mesa, subtrai o aparelho telefônico. Após alguns minutos, Maria Luíza é capturada pela polícia, que encontra com ela o aparelho. Assertiva: Segundo a teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro no tocante à consumação do crime de furto, qual seja, ilatio, Maria Luíza não poderá ser processada por furto consumado. Errado. Ana Luíza comete sim o crime de furto consumado, tendo em vista que a teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro é a teoria da amotio/apprehensio, a qual exige que apenas haja a inversão da posse. Diferente da teoria da ilatio que exige que o objeto do delito seja deslocado para um local seguro para que aconteça a consumação. Julgue o item a seguir à luz da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal. 67. O sinal de TV a cabo não pode ser equiparado ao conceito de energia elétrica para que se torne objeto do crime de furto. Ressaltou a suprema corte que estender ao sinal de TV a cabo a possibilidade de ser objeto do cometimento do ato delituoso seria uma ana- logia in malam partem, o que não é permitido no direito penal brasileiro. Certo. A questão está de acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal que diz: 36 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS O sinal de TV a cabo não é energia, e assim, não pode ser objeto material do delito previsto no art. 155, parágrafo terceiro, do Código Penal. Daí a impossibilidade de se equiparar o desvio de sinal de TV a cabo ao delito descrito no referido dispositivo. Ademais, na esfera penal não se admite a aplicação de analogia para suprir lacunas de modo a se criar penalidade não mencionada na lei (analogia in malam partem). (HC 97261/RS, Min. Rel. Joaquim Barbosa). Cabe ressalvar, que o STJ tem entendimento contrário. Logo, para o STJ o sinal de TV a cabo é entendido como energia. A seguir será dada uma situação hipotética e uma assertiva a ser julgada à luz dos crimes contra o patrimônio e das alterações promovidas pela Lei Anticrime (Lei n. 13.964/2019). 68. Situação hipotética: João da Silva, com o intuito de furtar um domicílio, empregou meios explosivos na prática do ato criminoso. Assertiva: João da Silva praticou furto qualificado, porém não se enquadra em crime hediondo. Por outro lado, caso João da Silva, usando do mesmo meio, cometesse o crime de roubo, seria seu ato criminoso enviado de hediondez segundo alteração promovida pelo pacote anticrime. Errado. João da Silva praticou furto qualificado pelo emprego de explosivo, o qual é considerado crime hediondo após a alteração promovida pelo pacote anticrime (Art. 1º, IX, da Lei n. 8.072/1990). Cabe ressaltar que há outro erro na questão: no caso de emprego de explosivo no crime de roubo, esse não será considerado crime hediondo. Logo, o furto praticado com o emprego de explosivo é crime hediondo, mas o roubo nas mesmas circunstâncias não é. A seguir será dada uma situação hipotética e uma assertiva a ser julgada à luz dos cri- mes contra o patrimônio. 69. Situação hipotética: Planejando furto a uma loja vizinha a sua casa, João Carlos começa a escavar no muro de sua residência até adentrar à loja pelo túnel resultado de sua escavação. Após isso, João Carlos subtrai alguns objetos e deixa a loja. Asser- tiva: De acordo com o entendimento majoritário na doutrina penal, João Carlos come- teu furto qualificado por escalada. Certo. Isso mesmo! A doutrina entende que o termo escalada se refere ao uso de via anormal/não usual. Sendo o meio subterrâneo um meio anormal de entrada em uma loja, entende-se que houve escalada. 37 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS A seguir serão dadas situações hipotéticas e assertivas a serem julgadas à luz dos cri- mes contra o patrimônio e do entendimento dos tribunais superiores. 70. Situação hipotética: Antônio Gabriel, primário, armado com um revólver calibre 38, usando de grave ameaça, subtrai um litro de uísque de um supermercado. A bebida tinha valor estimado em 100,00 reais. Assertiva: Diante do caso narrado, deverá ser reconhecida a bagatela e afastada a antijuridicidade do delito, tendo em vista o ínfimo valor da coisa furtada e a primariedade do agente. Errado. O princípio da bagatela ou insignificância afasta a tipicidade da conduta. Sabendo disso já seria suficiente para assinalar o erro da questão. Além disso, é inadmissível a aplicação do princípio da bagatela/insignificância no crime de roubo, já que o crime ofende não só o patrimônio, mas também a integridade física da pessoa. Assim entende o STF: A segunda turma desta Corte afirmou entendimento no sentido de ser “inaplicável o princípio da insignificância ao delito de roubo (art. 157 do CP) por se tratar de crime complexo, no qual o tipo penal tem como elemento constitutivo o fato de que a subtração de coisa móvel alheia ocorra ‘me- diante grave ameaça ou violência à pessoa’, a demonstrar que visa proteger não só o patrimônio, mas também a integridade pessoal. (HC 95174, Rel. Min. Eros Grau). 71. Situação hipotética: Simone, ao andar na rua com sua bolsa, é sorrateiramente furtada por Carlos. Todavia, ao perceber que foi furtada, vai ao encontro de Carlos e exige que seja devolvida sua bolsa. Carlos, inconformado, pega uma barra de ferro que encon- tra na rua e ameaça Simone. Simone não resiste à ameaça e Carlos foge com a bolsa. Assertiva: Carlos cometeu o crime de roubo impróprio e não o crime de furto. Certo. O crime de roubo impróprio acontece quando o agente usa de violência ou grave ameaça após o cometimento da subtração da coisa, seja para assegurar o proveito criminoso (caso da questão) seja para garantir a impunidade do delito. 72. Situação hipotética: Carlos André, maior capaz, junta-se a Gabriel, menor, e, usando de violência, subtrai o relógio de Ana. Assertiva: Carlos André deverá responder por roubo simples, sem causa de aumento de pena, já que por ser Gabriel menor, não se enquadraria no concurso de agentes. Errado. 38 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS O Código Penal apenas exige o concurso de pessoas, não há nenhum óbice quanto à ida- de do agente que participa do crime: “A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade, se há concurso de duas ou mais pessoas”. 73. Situação hipotética: Gabriel, objetivando subtrair o celular de Caio, emprega grave ameaça contra a vítima. Caio resiste e Gabriel efetua disparo de arma de fogo contra Caio, que vem a óbito. Assertiva: Gabriel não deverá ser submetido ao Tribunal do Júri, pois o latrocínio é considerado crime essencialmente patrimonial. Certo. A competência do Tribunal do Júri guarda relação com os crimes praticados contra a vida. Por outro lado, o crime de latrocínio é entendido como crime complexo, o qual soma o homicídio (delito-meio) e o roubo (delito-fim). Logo, a essência, ou seja, o fim do crime de latrocínio, é o patrimônio. Devendo, assim, ser julgado por juiz singular. É nesse sentido a Súmula 603 do STF: "A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri." 74. Situação hipotética: Otávio, ex-namorado de Flávia, dispondo de fotos íntimas de sua ex-namorada, faz ameaças dizendo: “caso você não deposite 2.000,00 reais em minha conta bancária, irei divulgar suas fotos”. Assertiva: Flávia foi vítima do ato doutrinaria- mente conhecido como sextorsão, devendo a Otávio ser imputado o crime de extorsão, independentemente, do proveito financeiro.Certo. A doutrina entende como sextorsão: a chantagem feita por terceiro, buscando vantagem econômica, usando de material que exponha a intimidade sexual da vítima. Apesar de ter um nome próprio na doutrina, o agente responde por extorsão (art. 158 do CP). Quanto ao momento da consumação, a jurisprudência entende haver a consumação, independente- mente, da obtenção da vantagem. 75. Situação hipotética: Luciano, andando pela rua, encontra carteira com dinheiro e documentos pessoais de seu dono. Assertiva: Após 12 dias sem Luciano ter devolvido a carteira ao dono ou entregue à autoridade competente, estará configurado o crime de apropriação de coisa achada, o qual é entendido pela doutrina como crime a prazo. Errado. A questão erra quanto ao tempo de 12 dias, pois o Código Penal configura o crime após 15 dias. Realmente, entende-se que se trata de delito a prazo, já que necessita de lapso temporal para sua consumação. 39 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL A seguir serão dadas situações hipotéticas e assertivas a serem julgadas à luz dos cri- mes contra a dignidade sexual e do entendimento dos tribunais superiores. 76. Situação hipotética: Marília, 15 anos de idade, após sair de um festa, é abordada por Arnaldo que, mediante violência, força a jovem a ter conjunção. Assertiva: Arnaldo cometeu estupro, que tem causa de aumento de pena de 1/3 até a metade por ter a vítima menos de 18 anos. Errado. Arnaldo cometeu estupro qualificado e não estupro com causa de aumento de pena. Se a vítima tem mais de 14 anos e menos 18 anos na data do delito, acontecerá estupro quali- ficado por razão da idade da vítima. 77. Situação hipotética: Gabriel e Carlos, maiores e capazes, conheceram em uma festa Juliana, maior e capaz. Após conversarem, Gabriel e Carlos convidam Juliana para a casa de um deles. Chegando ao local, propõem a Juliana que tenha conjunção carnal. Diante da negativa de Juliana, empregando de violência, os dois rapazes praticam atos libidinosos com a vítima. Assertiva: Gabriel e Carlos praticam estupro consumado, o qual, nesse caso, tem causa de aumento de pena de 1/3 a 2/3 por ter sido praticado em concurso de agentes. Certo. Gabriel e Carlos praticaram estupro coletivo, o que acontece quando há concurso de agen- tes para a prática do estupro. Ademais, o estupro coletivo tem causa de aumento de pena de 1/3 a 2/3, conforme o art. 226, IV, “a”, do CP: "A pena é aumentada, de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante concurso de 2 ou mais agentes." 78. Situação hipotética: João, com o intuito de ter conjunção carnal com Lívia, a induz a ingerir bebida alcoólica. Após algumas doses de conhaque, Lívia, embriagada, porém não completamente, é levada por João ao quarto de um motel e com ela pratica conjunção carnal. Assertiva: Levando em consideração a intenção de João e a condição de Lívia que não estava totalmente sóbria, João praticou o crime de violação sexual mediante fraude. Certo. 40 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS João usou de ardil para ter conjunção carnal com Lívia, o que configura um meio de fraude em busca de seu intento criminoso. Após a ingestão de bebida alcoólica, Lívia teve sua capacidade de livre manifestação de vontade reduzida, o que configura o delito em apreço. 79. Situação hipotética: Carlos, aguardando consulta médica em sala de espera, fica por alguns minutos na sala com Carla. Após observá-la por algum tempo, em busca de satisfazer sua lascívia, começa a se masturbar diante de Carla. A vítima se deses- pera e liga para polícia. Assertiva: Carlos cometeu o crime de importunação sexual, o qual depende de representação da vítima, pois é crime de ação penal pública condicionada à representação. Errado. Carlos cometeu, realmente, o crime de importunação sexual, pois, visando atender a sua lascívia, pratica ato libidinoso sem a anuência da vítima. Porém, a questão peca ao men- cionar que a ação penal do crime mencionado como de ação penal pública condicionada, quando, na verdade, é de ação pública incondicionada, conforme o art. 225, do CP: "Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação penal pública incondicionada." Topograficamente, o crime de importunação sexual encontra-se no capítulo I. 80. Situação hipotética: Aline, 16 anos de idade e aluna do segundo ano do ensino médio, obteve desempenho insatisfatório na disciplina de matemática. Seu professor, Alci- des, em conversa com a aluna, insinua que atribuiria melhor nota a Aline se com ela tivesse relação sexual. Assertiva: Alcides não cometeu o crime de assédio sexual, pois o professor não disfruta de ascendência em relação à aluna. Errado. Em recente julgado, entendeu o STJ que o professor seria sujeito ativo do crime de assédio sexual. Apesar de doutrinariamente controverso o entendimento nesse caso, aconselho que seja levada em consideração o entendimento jurisprudencial, por exemplo, cito jul- gado do STJ: Ademais, é notório o propósito do legislador de punir aquele que se prevalece da condição de professor para obter vantagem de natureza sexual. Nenhuma outra profissão suscita tamanha reverência e vulnerabilidade quanto a que envolve a relação aluno-mestre, que alcança, por ve- zes, autoridade paternal – dentro de uma visão mais tradicional do ensino. (...) motivo pelo qual a “ascendência” constante do tipo penal do art. 216-A do Código Penal não pode se limitar à ideia de relação empregatícia entre as partes. (REsp 1.759.135-SP, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. Acd. Min. Rogério Schietti). 41 www.grancursosonline.com.br Direito Penal SIMULADO PREPARATÓRIO PARA CONCURSOS 81. Situação hipotética: Joice, 13 anos de idade, namora com Raul de 18 anos. Após algu- mas conversas, decidem, em comum acordo, ter conjunção carnal. Além disso, é do conhecimento de Raul que Joice já teve conjunção carnal com outras pessoas. Asser- tiva: Raul não cometeu estupro de vulnerável, pois houve o consentimento de Joice. Além disso, Joice também já teria uma vida sexual pretérita, o que afasta a tipicidade do delito. Errado. O caput do artigo 217-A, ao tipificar o estupro de vulnerável, é claro quanto ao fator limite para a configuração do delito, qual seja, ser a vítima menor de 14 anos, pois presume-se a violência. Acontecendo isso, não importa se houve ou não consentimento, se a vítima tinha ou não vida sexual anterior. Inclusive é entendimento sumulado pelo STJ na Súmula 593: O crime de estupro de vulnerável se configura com a conjunção carnal ou prática de ato libidinoso com menor de 14 anos, sendo irrelevante eventual consentimento da vítima para a prática do ato, sua experiência sexual anterior ou existência de relacionamento amoroso com o agente. 82. Situação hipotética: Paulo e Patrícia, casados, foram visitados por seu sobrinho, Ronaldo, de 16 anos, que passaria o final de semana com o casal. O casal, buscando satisfação de sua lascívia, chama o adolescente para seu quarto e, usando de grave ameaça, o obrigam a presenciar a conjunção carnal realizada pelo casal. Assertiva: Paulo e Patrícia cometeram o crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente. Errado. O crime de satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente exige que o sujeito passivo do delito seja menor de 14 anos. No caso em apreço, por ter o adolescen- te mais de 14 anos, configura o crime constrangimento ilegal, que diz: CP, art. 146. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda. 83. Situação hipotética: Alberto, maior e capaz, ao conversar com seu primo, André, de 19 anos, comunica-o que é homossexual. André, inconformado com a notícia, em busca de dar-lhe uma lição, força Alberto a ter
Compartilhar