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Estudos e cenário atual de pesquisas na área da psicologia da criatividade A criatividade começou a ser um foco maior de pesquisas após o discurso de Guilford em 1950, ao assumir a presidência da Associação Americana de Psicologia. Ele chama atenção para o fato de poucas pesquisas estarem se voltando para esta área e da necessidade destes estudos. Como esperado, houve um aumento nas produções sobre criatividade que se prolongou até os anos 1970. Este crescente interesse resultou em diversos conceitos e definições, dos quais até hoje não existe um consenso. ( Oliveira, A. & Nakano, T. 2011) As pesquisas foram muito marcadas pela evolução da ciência moderna e por influência de fatores históricos. No início as pesquisas estavam em sua maioria voltadas para o indivíduo criativo. Principalmente num contexto de Segunda Guerra, a busca era voltada pra sujeitos que possuíssem características como inventividade, liderança e flexibilidade, mas os instrumentos para medir estas características eram pouco eficientes. Guilford então começou a buscar características de personalidade, aspectos afetivos e intelectuais. ( Aspesi, C, Chagas,J & Fleith, D., 2005) A partir dos anos 1960 programas para desenvolver criatividade para promover satisfação na vida pessoal e profissional começaram a surgir. Ainda haviam muitas pesquisas com bases estatísticas e era forte a noção de que se pode ensinar a criatividade. Até os anos 70, o objetivo era delinear o perfil do indivíduo criativo e desenvolver programas e técnicas que favorecessem e incentivassem a expressão criativa, que era tão podada com o método de ensino mais conservador e voltado pra organização. Esta visão mostra que se pode aperfeiçoar a criatividade. Como na frase “Se eu tivesse oito horas para cortar uma árvore, gastaria seis afiando o meu machado” de Abraham Lincoln, havia a crença de que se pode treinar e desenvolver esta “habilidade”. Após este momento houve um período cognitivista na pesquisa da criatividade, que focou nas questões de desenvolvimento humano e contexto social. ( Aspesi, C, Chagas,J & Fleith, D., 2005).Nestes últimos 20 anos surgiram novas contribuições onde os estudiosos começaram a buscar a influência dos fatores sociais, culturais e históricos no desenvolvimento da criatividade. A visão individual deu lugar à uma visão sistêmica. Já no Brasil, a literatura sobre Psicologia da criatividade não tem contemplado muito as contribuições teóricas recentes. São utilizadas principalmente bases da teoria psicanalítica, da Gestalt, da psicologia humanista e o papel dos hemisférios cerebrais na produção criativa. ( Alencar, E.& Fleith, D., 2003). Atualmente outra visão que tem ganhado força é a da Psicologia Cultural. Segundo Glaveanu (2012) o estudo da criatividade tradicionalmente girava em torno do individual. A visão da psicologia cultural da criatividade amplia esta visão considerando os aspectos sociais e se baseia na ideia de que a mente individual é social e a cultura humana é um sistema aberto e dinâmico. Sendo assim, o criador e a criação só funcionam em um cenário de relações sociais e atividades semióticas partilhadas. Referências ALENCAR, E.M.L.S. & FLEITH, D.S. (2003). Contribuições teóricas recentes ao estudo da criatividade. Psicologia: Teoria e pesquisa, vol.19 (1), pp.001-008 ASPESI ,C. ; CHAGAS, J. ; FLEITH, D.S. A Relação entre criatividade e desenvolvimento: Uma visão sistêmica. In: DESSEN, M.A., COSTA-JUNIOR, A.L. A ciência do desenvolvimento humano: Tendências atuais e perspectivas futuras, p.210-230. Porto Alegre: Artmed, 2005. GLAVEANU, V. (2012) Creativity and culture: towards a cultural psychology of creativity in folk art. PhD tese, The London School of Economics and Political Science. OLIVEIRA, M.A. de & NAKANO,T.C . Revisão de pesquisas sobre criatividade e resiliência. Temas em Psicologia, vol. 19, nº2, p. 467-479. 2011
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