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12 - Inelegibilidade

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1. Generalidades
• Teoria tradicionalista (TSE): Não confunde elegibilidade e inelegibilidade
• A inelegibilidade impede o exercício da capacidade eleitoral passiva
• Fontes: CF e Código Eleitoral
2. Absoluta
• Impede candidatura para qualquer cargo eletivo
→ Ex.: Analfabetismo
• Análise do Art. 1º, Inciso I da Lei Complementar 64
Art. 1º São inelegíveis:
I - para qualquer cargo:
a) os inalistáveis e os analfabetos;
• O inalistável não pode exercer direitos políticos
• O analfabeto só possui a capacidade eleitoral passiva
→ Súmula 15, TSE: O exercício de cargo eletivo anterior não comprova a alfabetização
b) os membros do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que
hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos
dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do Distrito
Federal, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos
oito anos subsequentes ao término da legislatura;
• Inelegível pelo resto do mandato + 8 anos
→ Ex.: Congressista que perdeu o mandato eletivo por quebra de decoro parlamentar
c) o Governador e o Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal e o Prefeito e o Vice-Prefeito que perderem seus
cargos eletivos por infringência a dispositivo da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica
do Município, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente e nos 8 (oito) anos subsequentes ao
término do mandato para o qual tenham sido eleitos;
• Sofreram o impeachment
→ O impeachment do presidente e vice impede o exercício de qualquer função pública 
 - É um caso de Inabilitação
d) os que tenham contra sua pessoa representação julgada procedente pela Justiça Eleitoral, em decisão transitada em
julgado ou proferida por órgão colegiado, em processo de apuração de abuso do poder econômico ou político, para a eleição
na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes;
• Condenado pela Justiça Eleitoral por abuso do poder político ou econômico
→ Não precisa ter transitado em julgado
→ A inelegibilidade conta a partir da eleição, não da decisão (Súmula 19, TSE)
e) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, desde a
condenação até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da pena, pelos crimes:
1. contra a economia popular, a fé pública, a administração pública e o patrimônio público;
2. contra o patrimônio privado, o sistema financeiro, o mercado de capitais e os previstos na lei que regula a falência;
3. contra o meio ambiente e a saúde pública;
4. eleitorais, para os quais a lei comine pena privativa de liberdade;
5. de abuso de autoridade, nos casos em que houver condenação à perda do cargo ou à inabilitação para o exercício de
função pública;
6. de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores;
7. de tráfico de entorpecentes e drogas afins, racismo, tortura, terrorismo e hediondos;
8. de redução à condição análoga à de escravo;
9. contra a vida e a dignidade sexual; e
10. praticados por organização criminosa, quadrilha ou bando;
§ 4o A inelegibilidade prevista na alínea e do inciso I deste artigo não se aplica aos crimes culposos e àqueles definidos em lei
como de menor potencial ofensivo, nem aos crimes de ação penal privada.
• Após cumprimento da pena
→ Suspensão de direitos políticos é diferente de inelegibilidade
f) os que forem declarados indignos do oficialato, ou com ele incompatíveis, pelo prazo de 8 (oito) anos; 
• Militares que sofrem penas privativas de liberdade superiores a 2 anos
→ Aplicado pelo tribunal militar
g) os que tiverem suas contas relativas ao exercício de cargos ou funções públicas rejeitadas por irregularidade insanável
que configure ato doloso de improbidade administrativa, e por decisão irrecorrível do órgão competente, salvo se esta
houver sido suspensa ou anulada pelo Poder Judiciário, para as eleições que se realizarem nos 8 (oito) anos seguintes,
contados a partir da data da decisão, aplicando-se o disposto no inciso II do art. 71 da Constituição Federal, a todos os
ordenadores de despesa, sem exclusão de mandatários que houverem agido nessa condição;
• Da data da decisão
→ Órgão competente: 
 - Chefe do executivo: Poder Legislativo
 - Outros agentes públicos: Tribunal de Contas
→ O pagamento de multa não impede que a pessoa se torne inelegível
h) os detentores de cargo na administração pública direta, indireta ou fundacional, que beneficiarem a si ou a terceiros,
pelo abuso do poder econômico ou político, que forem condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
judicial colegiado, para a eleição na qual concorrem ou tenham sido diplomados, bem como para as que se realizarem nos 8
(oito) anos seguintes; 
• Pode se aplicar se a inelegibilidade por declarada pela Justiça Comum 
→ No b é só justiça eleitoral
i) os que, em estabelecimentos de crédito, financiamento ou seguro, que tenham sido ou estejam sendo objeto de processo
de liquidação judicial ou extrajudicial, hajam exercido, nos 12 (doze) meses anteriores à respectiva decretação, cargo ou
função de direção, administração ou representação, enquanto não forem exonerados de qualquer responsabilidade;
• Constitucional pelo STF e pelo STJ apesar de não trazer prazo
→ Esse tipo de estabelecimento não pode falir, sempre será liquidação
→ A lei cria uma presunção de que eles são culpados enquanto não forem exonerados
j) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, por
corrupção eleitoral, por captação ilícita de sufrágio, por doação, captação ou gastos ilícitos de recursos de campanha ou
por conduta vedada aos agentes públicos em campanhas eleitorais que impliquem cassação do registro ou do diploma, pelo
prazo de 8 (oito) anos a contar da eleição;
• Se houve cassação do registro ou do diploma
→ A pena não precisa ser essa, pode ser só uma multa, por exemplo
k) o Presidente da República, o Governador de Estado e do Distrito Federal, o Prefeito, os membros do Congresso Nacional,
das Assembleias Legislativas, da Câmara Legislativa, das Câmaras Municipais, que renunciarem a seus mandatos desde o
oferecimento de representação ou petição capaz de autorizar a abertura de processo por infringência a dispositivo da
Constituição Federal, da Constituição Estadual, da Lei Orgânica do Distrito Federal ou da Lei Orgânica do Município, para as
eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos 8 (oito) anos
subsequentes ao término da legislatura;
§ 5o A renúncia para atender à desincompatibilização com vistas a candidatura a cargo eletivo ou para assunção de
mandato não gerará a inelegibilidade prevista na alínea k, a menos que a Justiça Eleitoral reconheça fraude ao disposto
nesta Lei Complementar.
• Detém mandato eletivo e renuncía quando vê oferecida petição ou representação que pode levar à perda desse
mandato eletivo por infringência ao Ordenamento Jurídico
→ Presume-se que renunciou para evitar a cassação
l) os que forem condenados à suspensão dos direitos políticos, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão
judicial colegiado, por ato doloso de improbidade administrativa que importe lesão ao patrimônio público e enriquecimento
ilícito, desde a condenação ou o trânsito em julgado até o transcurso do prazo de 8 (oito) anos após o cumprimento da
pena;
• Após o cumprimento da pena
→ É necessário tanto o enriquecimento quanto a lesão
m) os que forem excluídos do exercício da profissão, por decisão sancionatória do órgão profissional competente, em
decorrência de infração ético-profissional, pelo prazo de 8 (oito) anos, salvo se oato houver sido anulado ou suspenso pelo
Poder Judiciário;
• Salvo se anulado pelo Judiciário
n) os que forem condenados, em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado, em razão de
terem desfeito ou simulado desfazer vínculo conjugal ou de união estável para evitar caracterização de inelegibilidade, pelo
prazo de 8 (oito) anos após a decisão que reconhecer a fraude;
• Após a decisão (já foi visto)
o) os que forem demitidos do serviço público em decorrência de processo administrativo ou judicial, pelo prazo de 8 (oito)
anos, contado da decisão, salvo se o ato houver sido suspenso ou anulado pelo Poder Judiciário;
• Demitido = Perda do cargo público por imposição de penalidade
→ Diferente de exonerado
p) a pessoa física e os dirigentes de pessoas jurídicas responsáveis por doações eleitorais tidas por ilegais por decisão
transitada em julgado ou proferida por órgão colegiado da Justiça Eleitoral, pelo prazo de 8 (oito) anos após a decisão,
observando-se o procedimento previsto no art. 22;
• Doação ilegal, pune-se o doador
→ Na alínea j pune-se quem recebeu a doação ilegal
→ Súmula 21 do TSE foi cancelada
q) os magistrados e os membros do Ministério Público que forem aposentados compulsoriamente por decisão sancionatória,
que tenham perdido o cargo por sentença ou que tenham pedido exoneração ou aposentadoria voluntária na pendência de
processo administrativo disciplinar, pelo prazo de 8 (oito) anos;
• Aposentadoria compulsória: É a sanção administrativa mais grave para magistrados e membros do MP que já são
vitalícios
• Presume-se que pediu exoneração ou aposentadoria voluntária para fugir da sanção administrativa grave
3. Relativa
• Impede candidatura para alguns cargos eletivos
→ Ex.: Reeleição para chefia do executivo
• No Legislativo, a reeleição é ilimitada
• No Executivo, só pode haver uma reeleição para período subsequente
→ Princípio republicano
Art. 14 A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos,
e, nos termos da lei, mediante: 
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os houver sucedido,
ou substituído no curso dos mandatos poderão ser reeleitos para um único período subseqüente. 
• Sucessão/Substituição 6 meses antes da eleição: Efetivo exercício de mandato eletivo
→ O TSE entende que isso só se aplica à sucessão, não à substituição
→ Se o vice sucede o prefeito em dois mandatos diferentes ele é duas vezes prefeito
 - Não pode se candidatar a prefeito na próxima eleição, pois seria prefeito 3 vezes
→ O que se proíbe são mandatos consecutivos
• O chefe do executivo reeleito não pode se candidatar a vice na eleição subsequente
→ O TSE e o TRE entendem isso, visando evitar fraude
→ O prefeito renuncia e o vice vira prefeito pela terceira vez
• Interpretava-se o § 5º apenas em Unidades Federativas próprias, até 2008
→ TSE e STF: O cargo é o mesmo, independentemente do município
→ Era o caso do prefeito itinerante/profissional
4. Incompatibilidade
• Exercício de certa função em um período proibido pela lei
→ Se a pessoa exerce tal função, deve se afastar no prazo indicado em lei 
5. Desincompatibilização
Art. 14 A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos,
e, nos termos da lei, mediante: 
§ 6º Para concorrerem a outros cargos, o Presidente da República, os Governadores de Estado e do Distrito Federal e os
Prefeitos devem renunciar aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito. 
• Desincompatibilização: Afastamento do candidato da função evitando a inelegibilidade
→ Não se aplica para vices (exceto se substitui/sucede o chefe), deputados, senador e vereador pois a
constituição não determina a desincompatibilização
 - Qualquer restrição de direito político deve vir expresso no Ordenamento Jurídico
 - Não precisa se desincompatibilizar se ele concorre à reeleição
→ Prazo: 6 meses antes do pleito
→ Só é necessária quando a lei determinar, se não determina não precisa
 - Ex.: Presidente de partido político e proprietário de emissora de rádio e televisão
 - Muito citados pelo TSE como casos que não precisam de desincompatibilização
• Regra: A desincompatibilização deve acontecer 6 meses antes da eleição
• Exceção: 4 meses antes do pleito
→ Cargo ou função de direção, administração ou representação em entidades representativas de classe,
mantidas (total ou parcialmente) por contribuições impostas pelo Poder Público ou com recursos arrecadados e
repassados pela Previdência Social.
→ Ex.: Presidente de uma associação de pescadores que recebe valor na época em que a pesca é vedada
Art. 1º São inelegíveis: 
II - para Presidente e Vice-Presidente da República:
d) os que, até 6 (seis) meses antes da eleição, tiverem competência ou interesse, direta, indireta ou eventual, no
lançamento, arrecadação ou fiscalização de impostos, taxas e contribuições de caráter obrigatório, inclusive parafiscais, ou
para aplicar multas relacionadas com essas atividades; 
I) os que, servidores públicos, estatutários ou não,»dos órgãos ou entidades da Administração direta ou indireta da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e dos Territórios, inclusive das fundações mantidas pelo Poder Público, não
se afastarem até 3 (três) meses anteriores ao pleito, garantido o direito à percepção dos seus vencimentos integrais; 
• Exceção: Art. 1º, II, l, da LC 64
→ Servidores públicos, estatutários ou não, dos órgãos ou entidades...
→ Através de licença (temporário) e remunerado integralmente
→ Só não ocorre quando o cargo é de provimento em comissão
→ Exceção da exceção: Se trabalha com tributação (auditor/tributo/fiscal) são 6 meses
IV - para Prefeito e Vice-Prefeito:
a) no que lhes for aplicável, por identidade de situações, os inelegíveis para os cargos de Presidente e Vice-Presidente da
República, Governador e Vice-Governador de Estado e do Distrito Federal, observado o prazo de 4 (quatro) meses para a
desincompatibilização;
b) os membros do Ministério Público e Defensoria Pública em exercício na Comarca, nos 4 (quatro) meses anteriores ao
pleito, sem prejuízo dos vencimentos integrais;
c) as autoridades policiais, civis ou militares, com exercício no Município, nos 4 (quatro) meses anteriores ao pleito;
• Exceção: Quem concorre para os cargos de prefeito e vice-prefeito (Art. 1º, IV)
→ 4 meses se para os outros cargos for 6 meses. 
→ MP agora tem que renunciar, prazo do servidor comum: 3 meses. 
→ No c: Se é município diverso, o prazo é de 3 meses
6. Inelegibilidade por parentesco ou reflexa
Art. 14 A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos,
e, nos termos da lei, mediante: 
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, o cônjuge e os parentes consangüíneos ou afins, até o segundo
grau ou por adoção, do Presidente da República, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Federal, de Prefeito ou
de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de mandato eletivo e candidato à
reeleição. 
• Vai até o parentesco de 2º grau e aplica-se às uniões homoafetivas
• Só ocorre para titular do cargo de chefia do poder executivo
→ Não para quem concorre a este cargo
→ Vice somente se houver substituição 6 meses antes do pleito
• Aplica-se somente à jurisdição do titular
→ Os parentes do Presidente da República não podem concorrer a nenhum cargo
→ Vai do maior para o menor: 
 - Se concorre a jurisdição maior, não importa se o parente é de uma menor
• Há hipóteses em que o parente pode concorrer:
→ O titular do cargo de chefe do executivo renuncia 6 meses antes das eleições
→ O parente já é titular de cargo eletivo e está concorrendo à reeleição
• O parente deseja concorrer à sucessão do chefe do executivo
→ O titulardeve renunciar 6 meses antes da eleição E estar em seu primeiro mandato 
 - O mandato só é relevante em caso de sucessão
→ Busca evitar a eternização da mesma casta hereditária no poder
→ Sendo eleito, se considera que está no 2º mandato, não pode concorrer à reeleição
• Havendo divórcio ou separação no curso do mandato, para fins eleitorais a relação continua a existir ao longo de
todo o mandato (SV 18 do STF)
→ O ex não está elegível
→ No outro mandato, já pode concorrer e, vencendo, este será o 1º mandato
→ Fraude: LC 64 determina que quem simular o divórcio fica inelegível por 8 anos
Súmula Vinculante 18/STF: A dissolução da sociedade ou do vínculo conjugal, no curso do mandato, não afasta a
inelegibilidade prevista no § 7º do artigo 14 da Constituição Federal.

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