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Educomunicação, Mídias e Redes Sociais
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Educomunicação, Mídias e Redes Sociais
Autoria: Tayra C. N. Aleixo
Como citar este documento: ALEIXO, Tayra C. N. Educomunicação, Mídias e Redes Sociais. Valinhos: 2017.
Sumário
Apresentação da Disciplina 03
Unidade 1: O Que É Educomunicação 05
Unidade 2: Diferença Entre TICS e Educomunicação 35
Unidade 3: A Importância da Comunicação na Educação 69
Unidade 4: A Internet que Proporciona a Todos Serem Autores e Produtores de Conteúdo 97
Unidade 5: As Redes Sociais a Favor da Aprendizagem 124
Unidade 6: Práticas Pedagógicas com a Utilização das Redes Sociais 150
Unidade 7: O Aluno dos Dias Atuais: Nativo Digital 177
Unidade 8: Mídia, Redes Sociais, Internet e o Futuro da Educação 205
2/243
3/243
Apresentação da Disciplina
A cada mídia criada, o estatuto da socie-
dade sofreu impacto. Arte, cultura, políti-
ca, entretenimento, dentre outras esferas, 
têm seu modo de funcionamento modifi-
cado com o surgimento dos meios de co-
municação (MARCONDES FILHO, 2004). E a 
educação não pode ficar imune a tais mu-
danças.
Desde o século passado, a produção é prior-
itariamente detida por um grupo pequeno 
de pessoas e/ou empresas. Nesta condição, 
a produção foi organizada com base nos in-
teresses dos anunciantes, buscando, como 
fim em si mesmo, a maximização do lucro.
Em termos políticos, os meios de comuni-
cação foram esmaecendo sua posição rígi-
da e absoluta. Exatamente por conta do 
mercado consumidor. Assumir uma postu-
ra radical ou absoluta poderia resultar em 
perda de mercado e, consequentemente, do 
lucro.
Ao longo desta disciplina, a história dos 
meios de comunicação, bem como a lógi-
ca por trás deste desenvolvimento, e final-
mente, a utilização destes meios em prol da 
educação, serão temas centrais do debate 
travado acerca destes pontos que são caros 
à sociedade contemporânea.
Neste contexto, a Educomunicação é uma 
noção que remonta aos telecursos e cur-
sos veiculados na rádio. Ou seja, desde o 
surgimento dos primeiros meios de comu-
nicação de massa, a educação já se rein-
ventava para atender a demanda crescente 
de alunos. Portanto, o tema não é tão novo 
quanto parece. 
4/243
Dentro dos limites acadêmicos, vale citar 
o Núcleo de Comunicação e Educação da 
Universidade de São Paulo (NCE/USP) como 
desenvolvimento científico seminal da Edu-
comunicação no Brasil. Em termos de curso 
superior, a Educomunicação passou assumir 
a ênfase em Comunicação Social na Univer-
sidade Federal de Campina Grande (UFCG) 
em 2009 e, dois anos mais tarde, ganha um 
curso de licenciatura na ECA/USP. 
Tal cenário acadêmico propicia a legiti-
mação da Educomunicação como campo 
científico emergente (SOARES, 2016). Por 
isso, em linhas gerais, você aprenderá sobre 
as propostas da Educomunicação no con-
texto contemporâneo da Educação, que, por 
sua vez, vem sendo fortemente influenciada 
pela mídia. A comunicação passa, portanto, 
a ser o caminho para a transformação social 
sob a perspectiva da educação emancipa-
dora. 
Fica o convite para você, aluno. Entenda 
melhor esta nova proposta de educação nos 
moldes da sociedade mediática para decidir 
o rumo dos seus estudos.
5/243
Unidade 1
O Que É Educomunicação
Objetivos
1. Introduzir o tema ao aluno, resgatan-
do brevemente a perspectiva históri-
ca na qual passa a proposição da Edu-
comunicação no Brasil e na América 
Latina;
2. Propor reflexões acerca da educação 
no contexto contemporâneo;
3. Sinalizar apontamentos de políticas 
públicas trabalhadas nas duas primei-
ras décadas do século XXI.
Unidade 1 • O Que É Educomunicação6/243
Introdução 
A educação é uma das esferas da vida hu-
mana mais presentes desde o início dos 
tempos. Sua discussão e prática remontam 
à Grécia Antiga, através da atuação sofista. 
Portanto, são milênios de desenvolvimento 
metodológico-didático.
No entanto, tanto tempo de existência não 
é, necessariamente, sinônimo de desenvol-
vimento contínuo e alinhado às tecnológi-
cas lançadas com o passar dos anos. Por isso, 
o gap metodológico tenta ser solucionado a 
partir de algumas propostas baseadas no 
conjunto de técnicas hoje disponíveis.
De outro lado, temos a mídia como pano de 
fundo das relações sociais. Como descre-
ve Castells (1942, p. 418-419), a mídia “é a 
presença de fundo quase constante, o teci-
do de nossas vidas. Vivemos com a mídia e 
pela mídia”.
Tendo em vista a penetração da mídia no 
cotidiano das pessoas, a educação passa a 
ser articulada diretamente com a comuni-
cação. Não somente por estar imersa neste 
contexto midiático, mas também por vis-
lumbrar novas possibilidades pedagógicas.
Em outras palavras, tal ponto de partida 
obedece à imersão das pessoas no ambien-
te interconectado e multimidiático atual, 
especialmente depois do surgimento e rá-
pida penetração da internet na rotina das 
pessoas. Nas palavras de Marcondes Filho 
(2004, p. 51): “A comunicação, como espa-
ço de troca de sensações, vivências, infor-
mações com o outro, hoje é ’realizada’ por 
meio de aparelhos e máquinas eletrônicas”.
Unidade 1 • O Que É Educomunicação7/243
No Brasil, o uso da internet explode a partir de meados dos anos 90. Não apenas com computa-
dores pessoais, mas também com o uso de celulares, smartphones, tablets e outros dispositivos 
tecnológicos (MARTINO, 2014).
A todo momento, as pessoas recorrem a alguma mídia para validar, buscar, comparar, conhecer, 
aprofundar, informações a respeito de outras pessoas, produtos, organizações, grupos sociais etc.
A única prova que lhes dá garantia de terem acontecido é o fato de se-
rem veiculadas pelas televisões, rádios, jornais, etc. Se não for veiculado, 
o acontecimento já não chega ao público, porque a troca pessoal de in-
formações já não acontece mais. Ninguém mais sabe das coisas a partir 
do colega de trabalho, do vizinho, do conhecido, do parente; as coisas só 
são conhecidas através dos meios de comunicação (MARCONDES FILHO, 
2004, p. 64).
No contexto da sala de aula, especialmente nas sociedades ocidentais industrializadas, a ampla 
utilização da comunicação mediada também não deixa de figurar como elemento constante-
mente presente. Ou seja, a legitimação do conhecimento é invertida: hoje, o professor não é 
mais aquela figura detentora do conhecimento, nem tão pouco representa a figura de um sábio 
Unidade 1 • O Que É Educomunicação8/243
intocável. Hoje, os meios de comunicação 
são os próprios detentores de toda informa-
ção disponível, representando a inteligência 
humana de forma ampliada, possuidora do 
poder do cálculo (LEVY, 2007).
Neste sentido, a Educomunicação reconhe-
ce a comunicação mediada como potencial 
aliada da educação e da postura cidadã no 
desenvolvimento das pessoas. Na América 
Latina, a Educomunicação surge como uma 
proposta político-pedagógico para pro-
mover a criticidade das pessoas (SOARES, 
2014).
A título de ilustração, o professor Ismar de 
Oliveira Soares (2016) traz um panorama 
geral dos eventos que abordaram o tema 
“Educomunicação”, além de apresentar 
projetos já em andamento no país e no ex-
terior, em um artigo intitulado Nos 50 anos 
da ECA-USP, a Educomunicação alcança ma-
turidade acadêmica e legitimidade política. 
Vale a leitura para aqueles interessados nos 
contornos práticos deste campo emergente 
de estudos.
Este capítulo traçará linhas gerais do pano-
rama educomunicativo no Brasil e na Amé-
rica Latina. Além disso, resgatará o debate 
de Paulo Freire (1967) para entender a cons-
trução política do brasileiro, tão inexperien-
te, em termos democráticos, e precário na 
postura cidadã. Desta forma, o texto busca-
rá legitimar o debate da Educomunicação 
na atual conjuntura, localizando o professor 
e o aluno neste novo molde pedagógico.
Unidade 1 • O Que É Educomunicação9/243
1. A relação da mídia com a edu-
cação: um breve resgate históri-
co
Neste tópico, serão articuladas noções de 
comunicação, consciência e educação. Res-
gatando o panorama histórico brasileiro,a construção crítica e política será o tema 
central para entender a proposta da Educo-
municação neste cenário.
Em primeiro lugar, Freire (1967) aproxima 
consciência e educação, colocando ambas 
em processo simultâneo de aprendizado. 
Educação seria, portanto, o caminho da 
consciência; esta, por sua vez, tomaria a pri-
meira como combustível.
Diferente de outrora, a comunicação é re-
posicionada como potencial ferramenta de 
libertação cultural. Ou seja, no debate tra-
vado pelos países latino-americanos con-
tra a invasão cultural norte-americana, a 
comunicação poderia agora ser uma ferra-
menta de emancipação cultural e não mais 
de promoção de uma única nação com pos-
tura dominadora. 
Até o lançamento da internet, a comunica-
ção era revestida por tais meios de comu-
nicação de massa de mão única, ou seja, de 
modo geral, as pessoas recebiam informa-
ções de maneira passiva, com pouco poder 
de produção. No entanto, com a internet, 
este cenário tomou rumos diferentes.
Unidade 1 • O Que É Educomunicação10/243
Sempre articulados com a política, os meios 
de comunicação de massa serviram como 
ferramenta de controle e manipulação de 
massas por governos totalitários. 
De outro modo, a utilização da comunica-
ção no início do século XX foi marcada pela 
violência ideológica. Nazismo, fascismo e 
outros governos totalitários articulavam os 
meios de comunicação de massa em prol 
dos seus próprios interesses. “Entendemos 
por ideologia o universo do saber do desti-
natário e do grupo a que pertence, os seus 
sistemas de expectativas psicológicas, suas 
atitudes mentais, a experiência por ele ad-
quirida” (ECO, 1971, p. 84). 
Imersos neste ambiente midiático, os indi-
víduos recebem a maior parte dos estímulos 
exatamente através dos meios de comuni-
cação (CASTELLS, 1942). Ou seja, o com-
partilhamento de informações e construção 
de ideias passa, em diferentes níveis, pela 
comunicação até chegarem à decodificação 
do interlocutor. 
Tanto por isso, a ideologia do grupo domi-
nante também se apropria da linguagem 
Para saber mais
O conjunto de estudos que reconheciam a trans-
missão de informações com fins de manipulação 
ficou conhecido como Teoria da Agulha Hipodér-
mica (ou Teoria da Bala Mágica), e remontam o 
início do século XX no ocidente. O nome em si, su-
gere a “aplicação” de conteúdo na pele da audiên-
cia, ou seja, sob a ótica dos estudiosos da comu-
nicação da época, o telespectador era visto como 
um sujeito passivo da manipulação midiática.
Unidade 1 • O Que É Educomunicação11/243
televisiva, radiofônica, cinematográfica, 
para propagar suas ideias e ideais. Em ou-
tros termos, pequenos grupos de pessoas e 
empresas, detendo o poder sobre os meios 
de comunicação, aproveitam para transmi-
tir mensagens manipulatórias à massa, na 
tentativa de balizar seu comportamento.
Já no cenário contemporâneo, a inserção, 
cada vez mais pulverizada da Internet, veio 
contribuir para a reviravolta da comunica-
ção: de ferramenta persuasiva de governos 
elitistas para ferramenta de libertação e 
transformação social. 
Apesar de alguns autores, como Wolton 
(2012), por exemplo, serem céticos em rela-
ção à Internet enquanto promotora do de-
senvolvimento social, existe, por outro lado, 
a constatação de que este meio interrompe 
o fluxo de mão única existente nos demais 
meios de comunicação. 
Em outras palavras, a internet permite a 
produção e filtragem autônoma do usuá-
rio - por isso, a necessidade de aprender a 
pesquisar em meio a tanta disponibilidade 
de informações. O internauta pode postar, 
Para saber mais
A título de exemplo, a sonoplastia foi criada nes-
te cenário para manipular as informações veicu-
ladas na rádio, na tentativa de produzi-las mais 
fidedignamente. Por exemplo, ao passar uma re-
portagem sobre guerra, bombas e tiros eram co-
locados no cenário sonoro da rádio para conven-
cer a audiência da veracidade e da simultaneida-
de das informações transmitidas.
Unidade 1 • O Que É Educomunicação12/243
editar, ler, interagir com o conteúdo onli-
ne. Esta nova configuração midiática, deste 
meio em específico, apresenta possibilida-
des de organização social jamais vistas. 
Vale lembrar a intrínseca relação entre or-
ganização e comunicação, nas palavras de 
Bordenave (2001, p. 15): “A comunicação 
humana é apenas uma parte de um pro-
cesso mais amplo: o processo da informa-
ção que, por sua vez, é só um aspecto de um 
processo ainda mais básico, o processo de 
organização”.
Neste cenário contemporâneo, a Internet 
abraça minorias, incrementa o terreno dos 
debates com uma polifonia jamais vista. E, 
graças à possibilidade de organização des-
sas vozes até então abafadas, a luta sobre 
os direitos pode ser travada contra aqueles 
que dizem não poder fazer nada:
Link
Benefícios da educomunicação - Conexão Futu-
ra - Canal Futura. 2015. Disponível em: <https://
www.youtube.com/watch?v=VyyRgZlpIck> 
Acesso em: 13 maio 2017.
https://www.youtube.com/watch?v=VyyRgZlpIck
https://www.youtube.com/watch?v=VyyRgZlpIck
Unidade 1 • O Que É Educomunicação13/243
A fome frente a frente à abastança e o desemprego no mundo são imorali-
dades e não fatalidades como o reacionarismo apregoa com ares de quem 
sofre por nada poder fazer. O que quero repetir, com força, é que nada jus-
tifica minimização dos seres humanos, no caso das maiorias compostas de 
minorias que não perceberam ainda que juntas seriam a maioria (FREIRE, 
1996, p. 101).
Vislumbrando este cenário, a produção e o consumo de conteúdo são libertos das amarras cul-
turais norte-americanas. Audiência e telespectador ganham liberdade de trilhar caminhos di-
ferentes neste veículo de comunicação, além de se encontrarem na posição de produtores de 
conteúdo. 
Em outras palavras, o brasileiro tem poder de criar, veicular sua cultura e consumi-la sem a ma-
nipulação intencionalmente guiada pelos interesses privados. E é, neste momento, que a edu-
cação enxerga a mídia como uma possível aliada para transformar os indivíduos em cidadãos 
engajados.
Unidade 1 • O Que É Educomunicação14/243
Por fim, corroborando com tal diagnóstico, 
Aguaded (2016) aponta o aspecto social e 
cultural promovido pela Educomunicação, 
cujo objetivo deve ser o de superar “os mol-
des mercantilistas a serviço dos poderes 
econômicos” (idem, p. 100). Apenas deste 
modo, será possível promover uma socie-
dade mais cidadã.
2. Construção da consciência 
crítica: um olhar sobre a educa-
ção histórica do brasileiro
No âmbito nacional, desde a fase do seu po-
voamento, o Brasil organizava seus homens 
sob os “cuidados” dos senhores de engenho. 
Portanto, desde o princípio, o protecionis-
mo era presente, de modo que o autogover-
no foi preterido. Em outras palavras, o pro-
cesso decisório político sempre esteve fora 
do alcance dos brasileiros, pois não houve 
a constituição de um povo, uma terra para 
ser trabalhada. No lugar disso, uma grande 
porção de terra a ser explorada remonta à 
figura do Brasil Colônia (FREIRE, 1967).
Para saber mais
Polifonia é uma noção musical ressignificada pela 
linguística. Segundo o linguista russo Mikhail 
Bakhtin, polifonia vai ao encontro da diversidade 
de vozes na organização do discurso, ou seja, o 
reconhecimento de diferentes posições enuncia-
tivas que tecem as relações ideológicas de deter-
minada época.
Unidade 1 • O Que É Educomunicação15/243
O processo crítico do brasileiro começou a ganhar sentido mais tarde, na época do Golpe Civil-
-Militar. Neste episódio, as pessoas começaram a acreditar na força da sua cidadania, reconhe-
cendo recuos em prol do avanço (FREIRE, 1967).
Não obstante, a crise de autoridade, na qual a população encontra-se imersa, também influen-
cia no comportamento das pessoas acerca do engajamento político. A título de explicação, nas 
palavras de Marcondes Filho: 
O homem do final do século é mais descrente, cínico, irônico em relação 
a qualquer tipo de autoridade e joga na mesma vala de inutilidade todos 
esses antigos personagens,que faziam parte de um mundo mítico de con-
quistas, aventuras e heróis (IDEM, 2004, p. 45).
Como solução para toda essa inexperiência democrática e ausência de autoridade, Freire (1967) 
prevê a emancipação crítica através da pedagogia. O homem construiria sua autonomia através 
da educação e, trazendo para o terreno da Educomunicação, também através dos meios de co-
municação. 
Unidade 1 • O Que É Educomunicação16/243
Ao adotar uma postura autônoma, o brasileiro negaria todo protecionismo dedicado a ele ao 
longo da história de colonização do Brasil. Nesta época da colonização do Brasil propriamen-
te dita, a descoberta das terras brasileiras significava exploração, não povoamento. Talvez por 
isso o “povo brasileiro” não foi instituído, não apresentou contornos políticos definidos (FREIRE, 
1967). Nas palavras do autor:
A nossa colonização foi, sobretudo, uma empreitada comercial. Os nossos 
colonizadores não tiveram – e dificilmente poderiam ter tido – intenção de 
criar, na terra descoberta, uma civilização. Interessava-lhes a exploração 
comercial da terra. [...] Sua intenção preponderante era realmente a de ex-
plorá-la. A de ficar “sobre” ela. Não a de ficar nela e com ela (FREIRE, 1967, 
p. 91-92).
O Brasil sofreu abusos mercantis desde muito cedo. Não foi trabalhado um discurso de amor à 
pátria na época de sua colonização (FREIRE, 1967). Mas, ainda há tempo de tomar a responsabi-
lidade sobre seu rumo e guiar seu desenvolvimento através do processo de conscientização da 
população. E, para isso, a Educomunicação se apresenta como solução.
Unidade 1 • O Que É Educomunicação17/243
Organizações não governamentais e núcle-
os de pesquisa, tanto em Educação quanto 
em Comunicação, vêm articulando o assun-
to. Existem, inclusive, esforços para pulveri-
zar, cada vez mais, a Educomunicação como 
política pública (SOARES, 2014), impulsio-
nando seu objetivo: emancipar a educação 
das pessoas através do desenvolvimento da 
competência midiática. 
Para articular este caráter político-social, 
desde 2001, os alunos de Educomunicação 
da Escola de Comunicação e Artes da Uni-
versidade de São Paulo passam parte do 
tempo imersos em Organizações Sociais 
(BENEFÍCIOS, 2015). 
Em linhas gerais, a comunicação passa ser 
entendida como corte transversal das re-
lações humanas, enquanto as tecnologias, 
suportes para novas e antigas formas de 
expressão. A Educomunicação, por sua vez, 
surge como uma forma de organizar essa 
comunicação, alinhando-a à educação. A 
Educomunicação é encarada como uma al-
Link
Todos têm direito à liberdade de expressão e à 
educação. A Educomunicação vem sendo rela-
cionada, inclusive, com a jurisdição dos Direitos 
Humanos. Para conhecer melhor este ponto de 
convergência epistemológico, baixe o livro Edu-
comunicação e Direitos Humanos, disponível em: 
<http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/
File/publi/educomunicacao/educomunica-
cao_e_direitos_humanos_2015.pdf> Acesso 
em: 4 nov. 2017.
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/educomunicacao/educomunicacao_e_direitos_humanos_2015.pdf
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/educomunicacao/educomunicacao_e_direitos_humanos_2015.pdf
http://www.crianca.mppr.mp.br/arquivos/File/publi/educomunicacao/educomunicacao_e_direitos_humanos_2015.pdf
Unidade 1 • O Que É Educomunicação18/243
ternativa, um novo caminho possível para 
estruturação da educação imersa no con-
texto midiático atual.
3. Educomunicação: o papel do 
aluno e do professor 
Para a Educomunicação, o aluno deve ser 
autônomo na construção do seu conheci-
mento, utilizando, para isso, os meios de 
comunicação para produzir conteúdo rele-
vante para sua realidade social. Todos são 
capazes de ensinar, todos estão igualmente 
em condições de aprender.
Diferente da repreensão da ação voluntária 
de outrora, hoje, o aluno deve ser convidado, 
a todo momento, para ser proativo, criativo 
em seu processo de ensino-aprendizagem.
Por outro lado, o professor deve reconhecer 
sua humilde posição neste novo cenário, 
além de alinhar seu discurso com sua prá-
tica. Nas palavras de Freire (1996, p. 103), 
este alinhamento seria “a coerência entre 
o que digo, o que escrevo e o que faço”. E 
aponta, ainda, o valor do “educador que es-
cuta aprende a difícil lição de transformar o 
seu discurso, às vezes necessário, ao aluno, 
em uma fala com ele” (IDEM, p. 113).
Vale ressaltar que a escuta, segundo o mes-
mo autor, nunca se faz autoritária. Rela-
cionando este trecho com a polifonia, an-
teriormente apontada, observe a relação 
adequada no ecossistema educativo:
Unidade 1 • O Que É Educomunicação19/243
Escutar é obviamente algo que vai mais além da possibilidade auditiva de 
cada um. Escutar, no sentido aqui discutido, significa a disponibilidade per-
manente por parte do sujeito que escuta para a abertura à fala do outro, ao 
gesto do outro, às diferenças do outro. Isto não quer dizer, evidentemente, 
que escutar exija de quem realmente escuta sua redução ao outro que fala. 
Isto não seria escuta, mas auto-anulação. A verdadeira escuta não diminui 
em mim, em nada, a capacidade de exercer o direito de discordar, de me 
opor, de me posicionar. Pelo contrário, é escutando bem que me preparo 
para melhor me colocar ou melhor me situar do ponto de vista das ideias. 
Como sujeito que se dá ao discurso do outro, sem preconceitos, o bom es-
cutador fala e diz de sua posição com desenvoltura. Precisamente porque 
escuta, sua fala discordante, em sendo afirmativa, porque escuta, jamais é 
autoritária (FREIRE, 1996, p. 119- 120).
Tal noção resgata uma das mais importantes práticas educativas: a contextualização. Freire 
(1996) foi categórico ao apontar a necessidade de estabelecer um debate centrado na realidade 
social dos alunos.
Unidade 1 • O Que É Educomunicação20/243
Mapeando seus alunos, o professor pode 
adequar a linguagem que vai utilizar para 
explicar conteúdos à turma. Dessa forma, 
o engajamento ao debate crítico se torna 
mais palpável, além de promover a aprendi-
zagem de como pensar novas situações de 
maneira autônoma.
Neste sentido, o professor toma posição de 
mediador do conhecimento. Serve, portan-
to, como guia, condutor. O aluno, por sua 
vez, ganha o protagonismo da sala de aula 
e, principalmente, assume a responsabili-
dade por sua própria educação.
Para fechar este capítulo, sobre a postura 
de ambos os agentes na sala de aula, Freire 
coloca:
Link
O programa do governo brasileiro chamado Mais 
Educação já atendia, em 2011, mais de 3 milhões 
de alunos, proporcionando, dentre outras ativida-
des optativas, ferramentas para expressão jorna-
lística e radiofônica. Acesse e saiba mais a respei-
to desta prática educomunicativa Disponível em: 
<http://portal.mec.gov.br/pnaes/195-se-
cretarias-112877938/seb-educacao-basi-
ca-2007048997/16689-saiba-mais-progra-
ma-mais-educacao> Acesso em: 4 nov. 2017.
http://portal.mec.gov.br/pnaes/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/16689-saiba-mais-programa-mais-educacao
http://portal.mec.gov.br/pnaes/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/16689-saiba-mais-programa-mais-educacao
http://portal.mec.gov.br/pnaes/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/16689-saiba-mais-programa-mais-educacao
http://portal.mec.gov.br/pnaes/195-secretarias-112877938/seb-educacao-basica-2007048997/16689-saiba-mais-programa-mais-educacao
Unidade 1 • O Que É Educomunicação21/243
O fundamental é que professor e alunos saibam que a postura deles, do 
professor e dos alunos, é dialógica, aberta, curiosa, indagadora e não apas-
sivada, enquanto fala ou enquanto ouve. O que importa é que professor e 
alunos se assumam epistemologicamente curiosos (IDEM, 1996, p. 86).
O professor tem o papel de ensinar, e não apenas transferir informações decoradas aos alunos. A 
partir do momento que o aluno aprende a pensar por si só, o professor terá cumprido sua missão.
3.1 Necessidades educativas dos profissionais contemporâneosA organização da sociedade, hoje, é pautada por profissionais cada vez mais especializados. Con-
forme aponta Pierre Levy (2012), as pessoas prestam serviços umas às outras utilizando, para 
tanto, a comunicação em algum momento da sua atividade produtiva.
Link
Assista ao documentário sobre As Formas do Saber, de Pierre Levy, pelo canal SescTV. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=3PoGmCuG_kc> Acesso em: 4 nov. 2017.
https://www.youtube.com/watch?v=3PoGmCuG_kc
Unidade 1 • O Que É Educomunicação22/243
Conforme nos aponta o mesmo autor, o 
conhecimento de determinada função é to-
talmente ultrapassado depois de 5, 10 anos. 
Faz-se necessário, portanto, a constante re-
ciclagem do profissional em atuação. Deste 
modo, cada um deve tecer seu próprio con-
hecimento, suprindo as necessidades pon-
tuais de cada momento.
Somente um indivíduo autônomo teria ca-
pacidade para adequar seu caminho educa-
tivo nesta vasta imensidão de informações 
e cursos disponíveis. São infinitas as possi-
bilidades para formação continuada e, por 
isso, aprender a pensar se torna cada vez 
mais necessário nesta época de valorização 
do conhecimento.
Unidade 1 • O Que É Educomunicação23/243
Glossário
Balizar: regrar, demarcar. 
Epistemologia: estudo dos limites de determinado conhecimento (elenco de autores, objetos de 
pesquisa, dentre outros elementos típicos da ciência).
GAP: do inglês, lacuna, hiato, vácuo.
Ideologia: conjunto de ideias expressas, explícita ou implicitamente, através de enunciados.
Multimidiático: também chamado de multitelas ou multimeios, refere-se ao conjunto de meios 
de comunicação disponíveis no cenário contemporâneo.
Questão
reflexão
?
para
24/243
Considerando toda discussão proposta neste tema, você 
acredita que a Educomunicação representa um cami-
nho de transformação social necessária para mudança 
de postura política do brasileiro?
25/243
Considerações Finais
• Considerando os moldes capitalistas da atual sociedade, a Educação não 
escapa do formato de negócios. Por isso, as dimensões culturais e sociais 
devem ser resgatadas para prática pedagógica.
• O brasileiro foi submetido ao protecionismo desde o Brasil Colônia. Tal for-
mação social impossibilitou o desenvolvimento de uma postura crítica e ci-
dadã. 
• A Educomunicação surge como caminho alternativo para trabalhar a edu-
cação articulada com os meios de comunicação, assumindo o papel central 
que esses tomam na rotina das pessoas.
• Aluno e professor devem estabelecer um debate dialógico no ecossistema 
educativo, promovendo a criticidade e polifonia dos envolvidos.
Unidade 1 • O Que É Educomunicação26/243
Referências
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https://www.youtube.com/watch?v=VyyRgZlpIck
Unidade 1 • O Que É Educomunicação27/243
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MARTINO, Luís Mauro Sá. Teoria das Mídias Digitais: linguagens, ambientes, redes. Petrópolis: 
Vozes, 2014.
SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação e Educação Midiática: vertentes históricas de aprox-
imação entre Comunicação e Educação. Revista Comunicação & Educação, São Paulo, v. 19, n. 
2, jul/dez 2014.
SOARES, Ismar de Oliveira. Nos 50 anos da ECA-USP, a Educomunicação alcança maturidade 
acadêmica e legitimidade política. Revista Comunicação & Educação, São Paulo, v.21, n. 2, jul/
dez 2016.
WOLTON, Dominique. Internet, e depois? Uma teoria crítica das novas mídias. Porto Alegre: Su-
lina, 2012.
28/243
1. Paulo Freire (1967) aproxima consciência e educação, colocando ambas 
em processo simultâneo de aprendizado. ................... seria, portanto, o cami-
nho da ...................., esta, por sua vez, tomaria a primeira como combustível. 
Assinale a alternativa que contenha as palavras que preencham corretamente as lacunas acima:
a) Consciência – educação.
b) Educação – consciência.
c) Aprendizagem – consciência.
d) Educação – aprendizagem.
e) Pedagogia – educação.
Questão 1
29/243
2. Os meios de comunicação de massa são encarados de duas formas an-
tagonicamente predominantes:
a) Como ferramenta de manipulação das massas e como ferramenta de emancipação do indi-
víduo.
b) Como ferramenta pedagógica e como invasão cultural da Alemanha.
c) Como entretenimento e como lazer.
d) Como caminho para construção da cidadania e como promoção da postura crítica.
e) Como mídia e como multimeios.
Questão 2
30/243
3. Em termos de abertura das possibilidades produtivas e de interação da 
internet, qual é o conceito utilizado para explicar o encontro de vozes no 
ambiente conectado?
a) Audição ativa.
b) Audição passiva.
c) Interconectividade.
d) Discursividade total.
e) Polifonia.
Questão 3
31/243
4. No Brasil Colônia, qual foi o modo de colonização utilizado?
a) Povoamento.
b) De pesquisa.
c) Mercantil.
d) Severa.
e) Exploração.
Questão 4
32/243
5. Para a Educomunicação, professor e alunos recebem uma reconfigu-
ração dos papéis assumidos dentro da sala de aula, ou, de maneira mais 
ampla, no ecossistema educacional. Qual seriam as características destas 
atuações?
a) O professor se mantém autoritário quanto ao conhecimento, enquanto o aluno, curioso.
b) O professor incorpora os meios de comunicação de massa na sala de aula, enquanto os alu-
nos, os interpreta.
c) O professor é como um guia, um condutor do conhecimento, enquanto o aluno, protagonis-
ta da sua própria educação.
d) O professor é inquiridor, enquanto o aluno, respondente.
e) O professor assume uma postura proativa no uso da mídia na sala, enquanto o aluno, passi-
vo no seu aprendizado.
Questão 5
33/243
Gabarito
1. Resposta: B.
Paulo Freire (1967) aproxima consciência e 
educação, colocando ambas em processo 
simultâneo de aprendizado. Educação seria, 
portanto, o caminho da consciência, esta, 
por sua vez, tomaria a primeira como com-
bustível.
2. Resposta: A.
Conforme foi discutido no texto, os meios 
de comunicação serviram como ferramenta 
de manipulação dos governos absolutistas. 
Por outro lado, a comunicação recebe uma 
nova proposição de valor ao ser alinhada 
com a liberdade de expressão e com o pro-
cesso educativo.
3. Resposta: E.
A polifonia é a noção, emprestada das artes 
musicais, para explicar o conjunto de vozes 
que tecem os textos discursivos. Na inter-
net, a polifonia pode ser descoberta através 
da luta de minorias, por exemplo, promo-
vendo o dialogismo como opção ao conflito 
e à discriminação.
4. Resposta: E.
Conforme foi discutido, o Brasil foi ampla-
mente explorado. Os colonizadores não ti-
nham a intenção de fixar moradia e desen-
volver a terra enquanto lar. Tanto por isso, as 
formas protecionistas da época impediram 
o desenvolvimento de um povo brasileiro 
politicamente ativo.
34/243
Gabarito
5. Resposta: C.
O professor, no contexto educativo con-
temporâneo, deve assumir uma postura hu-
milde. O ser humano não consegue superar 
o armazenamento de informações da má-
quina. Por outro lado, o aluno deve assumir 
a responsabilidadepor sua educação e se 
desenvolver como ser autônomo e politica-
mente ativo.
35/243
Unidade 2
Diferença Entre TICS e Educomunicação
Objetivos
1. Delimitar as fronteiras da Educomuni-
cação e das Tecnologias da Informação 
e da Comunicação (TICs);
2. Apresentar uma perspectiva geral acer-
ca das TICs com relação à vida contem-
porânea;
3. Identificar os conflitos das relações ca-
pitalistas na apropriação da tecnologia;
4. Relacionar, por fim, Educomunicação 
e as TICs, tecendo a discussão iniciada 
no primeiro capítulo.
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação36/243
Introdução
Imersa no contexto virtualizado, a vida con-
temporânea não escapa às modificações 
sofridas pela introdução da Internet no fun-
cionamento societal. Esse funcionamento 
pode ser denominado “sistema multimídia 
eletronicamente integrado”, conforme pro-
põe Castells (1999, p. 553), e impacta dire-
tamente duas dimensões básicas da vida 
humana: o tempo e o espaço.
No que tange ao tempo, Castells (1999) 
aponta duas principais características deste 
sistema: a simultaneidade e a intemporalida-
de. Enquanto a primeira refere-se à sincro-
nia, a segunda apropria-se da assincronia. 
Sincronicidade significa “ao mesmo tempo”, 
enquanto o prefixo “a” traz a ideia de tempos 
diferentes ou ausência de tempo.
Neste primeiro momento, você pode pensar 
que as tecnologias da informação e da co-
municação dizem respeito às técnicas dos 
meios de comunicação. Em outras palavras, 
o conjunto de ferramentas voltadas para 
comunicar e informar são agrupadas sob o 
domínio das TICs.
A vertente da educação que pretende re-
apropriar as TICs em prol da emancipação 
das pessoas é a Educomunicação propria-
mente dita. Deste modo, a Educomunicação 
acopla a dimensão político-social às TICs, 
promovendo a face libertadora possível 
através das tecnologias hoje disponíveis.
Conforme você verá neste capítulo, aplica-
do a uma visão marxista sobre o tema, as 
TICs podem receber duas atribuições con-
flitantes: reafirmação da classe dominante 
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação37/243
no poder e, por outro lado, a possibilidade 
do indivíduo dominar as tecnologias a seu 
favor e, com isso, desenvolver uma postura 
crítica com relação aos dominadores. A pri-
meira está mais ligada à teoria da comuni-
cação, enquanto a segunda, às possibilida-
des educativas de reapropriação das TICs.
Para tanto, o texto apresenta os dois termos 
que estão sendo utilizados para denominar 
tal tentativa no Brasil: Educomunicação e 
mídia-educação. Mas antes de adentrar 
esta discussão, o capítulo aprofundará as 
diferenças entre comunicação e educação 
para, então, relacionar ambos os campos 
com o fenômeno da virtualização observa-
da por Levy (2011), sem deixar, claro, de de-
limitar o que são as Tecnologias da Informa-
ção e Comunicação, ou simplesmente, TICs.
1. Distinções entre educação e 
comunicação
A comunicação e a educação, à primeira 
vista, parecem termos estranhos entre si. 
O primeiro guarda a responsabilidade de 
transmitir informações, zelar pelo entrete-
nimento e veicular publicidade, enquanto a 
educação concentra-se em disseminar sa-
beres (SOARES, 2000).
Cada uma dessas esferas revela uma ma-
neira própria (e bastante distinta entre si) de 
funcionamento. Tanto por isso, a tentativa 
de articular ambas as dimensões caracteri-
za um dos maiores desafios do século XXI. 
A educação, mais burocrática e legitimada 
pelas autoridades em todos os níveis, car-
rega uma formação histórica com grande 
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação38/243
peso paradigmático, engessando possíveis 
inovações (SOARES, 2000). Neste sentido, a 
instituição escolar e acadêmica esbarra nas 
limitações da sua própria forma de consti-
tuição.
Já a comunicação, fortemente vinculada 
ao mercado, possui liberdade para se rein-
ventar constantemente (SOARES, 2000), no 
mesmo ritmo das inovações tecnológicas 
digitais. Conforme aponta Sodré (2013), até 
mesmo os cursos de graduação na área da 
comunicação social possuem grande peso 
prático, com a maioria das disciplinas sendo 
mais práticas do que teóricas.
Apesar da lista de distinções, que não fin-
da nos tópicos apresentados aqui, entre um 
campo e outro, alguns autores defendem a 
integração desses dois campos. Surge, por-
tanto, um novo campo de debate, cuja inter-
discursividade figura como espinha dorsal 
das articulações teóricas (SOARES, 2000). É 
isso que você irá conferir no próximo tópico.
1.1 Vertente teórica contempo-
rânea relacionando TICs à edu-
cação
A palavra Educomunicação é um neologis-
mo da língua portuguesa. Ou seja, acopla-
ram-se as palavras educação e comunica-
ção para formar, então, uma nova, com um 
novo sentido empregado na sua utilização. 
Não obstante, o termo que vem sendo uti-
lizado como sinônimo de Educomunica-
ção também tenta trazer um novo sentido 
às palavras. A mídia-educação vem sendo 
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação39/243
trabalhada por alguns autores, no lugar de 
Educomunicação.
As palavras educação e mídia, no entanto, 
carregam fortes sentidos paradigmáticos. A 
primeira traz a ideia iluminista, resgatando 
o movimento europeu do século XVIII. Nes-
te contexto, a razão era entendida como o 
elemento emancipador do ser humano. Por 
outro lado, a mídia remete à ideia trazida 
pelo paradigma funcionalista, cujo foco é a 
função, propriamente dita, das instituições 
sociais na sociedade. 
Exatamente pela carga ideológica que am-
bas as palavras carregam, alguns autores 
preferem o termo Educomunicação. Assim 
explicou o professor Ismar de Oliveira Soa-
res, que coordena o Núcleo de Comunicação 
e Educação da USP e presidia a Associação 
Brasileira de Pesquisadores e Profissionais 
em Educomunicação (ABPEducom), em en-
trevista concedida a Net Educação em feve-
reiro de 2010.
Link
Acesse o conteúdo da entrevista com Ismar de 
Oliveira Soares concedida a Net Educação em fe-
vereiro de 2010. Disponível em: <http://netedu-
cacao.com.br/noticias/home/educomuni-
cacao-e-possivel-dialogar-com-as-midias> 
Acesso em: 4 nov. 2017.
http://neteducacao.com.br/noticias/home/educomunicacao-e-possivel-dialogar-com-as-midias
http://neteducacao.com.br/noticias/home/educomunicacao-e-possivel-dialogar-com-as-midias
http://neteducacao.com.br/noticias/home/educomunicacao-e-possivel-dialogar-com-as-midias
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação40/243
A mídia-educação, vista desta forma, pare-
ce aproximar-se mais das TICs do que a Edu-
comunicação. A Educomunicação resgata 
uma ideia intrinsecamente social, enquanto 
a palavra “mídia” sugere uma aproximação 
técnica dos meios de comunicação. 
A Educomunicação, portanto, apresenta 
sustentação em Paulo Freire e na luta con-
tra a invasão cultural em meados do século 
passado. Tanto por isso, o termo traria uma 
conotação mais ampla em termos sociais e 
culturais, que a mídia-educação.
Em contrapartida, tal perspectiva é rebati-
da pelas autoras Bévort e Belloni (2009), ao 
implicar à mídia, dimensões sociais, cultu-
rais e educacionais. Reconhecem, ainda, a 
postura insuficientemente crítica das novas 
gerações com relação à apropriação destes 
recursos mediadores.
Deste modo, Bévort e Belloni (2009) loca-
lizam a formação do cidadão competente 
como uma das missões da educação. Por-
tanto, a formação crítica do indivíduo esta-
ria intrinsecamente ligada à atividade edu-
Para saber mais
O professor Ismar de Oliveira Soares é um dos 
maiores nomes da Educomunicação no Brasil. 
Atua como professor titular sênior da Universi-
dade de São Paulo, onde coordenou, de 1996 a 
2014, o Núcleo de Comunicação e Educação da 
Escola de Comunicação e Artes. Além de toda 
atuação no campo acadêmico, também supervi-
sionou projetos educomunicativos do governo e, 
atualmente, preside a ABPEducom.
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação41/243
cativa, seja através dos meios formais ou dos caminhos alternativos, e não somente ao ponto de 
convergênciaentre comunicação e educação sob qualquer domínio.
Para efeito de construção teórica, esta disciplina preferiu adotar o termo Educomunicação. Nes-
ta perspectiva, a tecnologia revestida de potencial comunicativo cede lugar para o diálogo. O 
trecho a seguir assegura tal diagnóstico, cujo caráter comunicativo é puramente relacional:
E que é o diálogo? É uma relação horizontal de A com B. Nasce de uma ma-
triz crítica e gera criticidade (Jaspers). Nutre-se do amor, da humildade, da 
esperança, da fé, da confiança. Por isso, só o diálogo comunica. E quando 
os dois polos do diálogo se ligam assim, com amor, com esperança, com fé 
um no outro, se fazem críticos na busca de algo. Instala-se, então, uma re-
lação de simpatia entre ambos. Só aí há comunicação (FREIRE, 1967, p. 141).
Perceba que o ponto nefrálgico da discussão educomunicativa se apoia no ato comunicativo em 
si. Ou seja, no modo como as pessoas interagem e estabelecem uma relação empática umas com 
as outras.
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação42/243
Em linhas gerais, você poderá observar 
como o campo da Educomunicação vem 
sendo trabalhado nos limites acadêmicos. 
Tais características apontarão divergências 
entre Tecnologias da Informação e da Co-
municação (TICs) e a Educomunicação pro-
priamente dita.
2. Localizando as tecnologicas 
da informação e comunicação 
no processo de virtualização da 
sociedade contemporânea
A história da humanidade mostra o quão 
inventivo pode ser o homem ao criar novas 
ferramentas. Tais recursos são utilizados 
para facilitar a execução de uma ativida-
de ou ocupação. Este item se concentra no 
conjunto de ferramentas digitais caracte-
rísticas da sociedade atual.
Próprias do terreno virtual, as tecnologias da 
informação e comunicação dizem respeito 
ao conjunto de técnicas disponíveis hoje na 
contemporaneidade. As TICs podem ser, no 
contexto desta disciplina, entendidas como 
conjunto de ferramentas que estão sendo 
apropriadas pela Educomunicação. 
Vale demarcar, com maior precisão, a época 
da qual trata esta abordagem:
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação43/243
Ao final do século XX, observa-se uma verdadeira “revolução tecnológica”, 
decorrente do avanço técnico nos campos das telecomunicações e da in-
formática, colocando à disposição da sociedade possibilidades novas de 
comunicar e de produzir e difundir informação. O conjunto das chamadas 
“indústrias culturais” (rádio, cinema, televisão, impressos) vive uma muta-
ção tecnológica sem precedentes, com a digitalização que, embora longe 
de ter esgotado seus efeitos, já delineia uma nova paisagem comunicacio-
nal e informacional (BÉVORT; BELLONI, 2009, p. 1091).
Valente (2014) vai ainda mais fundo na limitação dessas tecnologias ao relacionar comunicação 
e educação. No lugar de TICs, o autor articula as TDICs, adicionando o “d” de digitais à sigla, deli-
mitando o conjunto de tecnologias (digitais) que vem sendo rapidamente apropriadas na comu-
nicação, mas não tão rapidamente na educação.
Para entender como a Educomunicação está reposicionando as TICs, serão desmembradas as 
partes desta sigla. Esclarece, em primeiro lugar, o que vem a ser tecnologia:
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação44/243
São diversas as conceituações de tecnologia. Em uma perspectiva mais 
superficial, o conceito de tecnologia pode ser aplicado a tudo aquilo que, 
não existindo na natureza, o ser humano inventa para expandir seus po-
deres, superar suas limitações físicas, tornar seu trabalho mais fácil e a 
sua vida mais agradável. Além disso, tecnologia não é apenas instrumento, 
ferramenta ou equipamento tangível. Ela pode constituir-se por elementos 
intangíveis, como procedimentos, métodos, técnicas, etc. Desta forma, ao 
falarmos em tecnologia, isso não significa, necessariamente, que estamos 
falando sobre tecnologias da informação e comunicação, embora a ten-
dência, nos dias atuais, seja a de confundir tais termos, ou ainda, tomá-los 
como sinônimos (VELOSO, 2012, p. 3).
Neste sentido, falar de tecnologias da educação pode referir-se à metodologias, práticas peda-
gógicas, dentre outros elementos intangíveis. Ou seja, discutir sobre novas formas de atuar em 
antigas áreas, como na educação, pode configurar um debate epistemológico fundamental.
No âmbito da técnica, McLuhan (1964) entende os meios de comunicação como extensões do 
homem. Neste sentido, Levy (2011) discorda do autor, pois acredita que tal perspectiva negli-
gencia a especificidade da técnica:
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação45/243
Você pode dar pedras talhadas a seus primos. Pode produzir milhares de 
bifaces. Mas lhe é impossível multiplicar suas unhas ou emprestá-las a seu 
vizinho. Mais que uma extensão do corpo, uma ferramenta é uma virtuali-
zação da ação. O martelo pode dar a ilusão de um prolongamento do bra-
ço; a roda, em troca, evidentemente não é um prolongamento da perna, 
mas sim a virtualização do andar (LEVY, 2011, p. 75).
Em outras palavras, ainda utilizando o exemplo dado pelo autor, cada martelada dada configura 
uma atualização, enquanto o martelo virtualiza a ação de martelar. Ou seja, “a ferramenta cris-
taliza o virtual” (LEVY, 2011, p. 75).
Aplicado a outro exemplo, trazido por Levy (2011), o fogo só era conhecido em sua presença ou 
ausência até o momento da criação da técnica do acendimento. Ao dominar este recurso, ele se 
torna virtual onde quer que esteja uma ferramenta de acender.
Ainda sobre a técnica, como ressalta Veloso (2012), não pode ser vista como superior ao ser hu-
mano. Ou seja, a técnica está a favor do indivíduo e das organizações, jamais o contrário. Nas 
palavras do autor: “a técnica é uma maneira de conceber a ação humana, estando inseparável do 
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação46/243
sujeito agente. Serve de índice de qualidade 
das ações humanas, definidas pelas finali-
dades que se destinam a realizar” (VELOSO, 
2012, p. 7).
No caso da Educomunicação, em contra-
partida, parece que a tecnologia precede a 
necessidade humana. Desta forma, a Edu-
comunicação estaria atribuindo novas fun-
ções para as ferramentas criadas a outros 
propósitos. Se antes a mídia foi utilizada 
para fins de manipulação política, agora ela 
está invertendo a posição de privilégio do 
usuário e emissor (este debate será apro-
fundado no próximo item).
A Internet, portanto, traz a virtualização da 
cidadania, disponível a infinitas possibili-
dades de atualização por cada indivíduo. E, 
neste momento, cada um deve tomar parte 
desta grande unidade cada vez mais unifi-
cada que é o planeta: “não é a técnica que 
move a história, mas a consciência dos in-
divíduos, que, utilizando-se da técnica, pro-
duz modificações historicamente visíveis” 
(VELOSO, 2012, p. 7).
E é, exatamente neste ponto, que Educo-
municação e as TICs convergem para trans-
formação social, para criação consciente de 
uma nova configuração da sociedade. Por 
fim, a idealização de uma sociedade mais 
cidadã, com indivíduos mais ativos, passa 
tanto pela tecnologia (meios de comunica-
ção), quanto pela educação (apreensão de 
informações pelos indivíduos). Desta ma-
neira, a Educomunicação dá apontamentos 
bem definidos de uma sociedade orientada 
pelo conhecimento.
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação47/243
2.1 A virtualidade da educação 
reside nas TICs
Se por um lado as tecnologias disponíveis 
promovem a troca de informações, por ou-
tro, a Educomunicação está preocupada 
com a qualidade dessa troca, especialmente 
no que tange ao desenvolvimento crítico e a 
atuação cidadã das pessoas. Para entender 
tal relação, faz-se necessária a introdução 
da noção de virtualização pela qual passa a 
sociedade atualmente.
Levy (2011) delineia a virtualização de di-
versos setores da vida contemporânea. 
Saúde, turismo, economia e, até mesmo, o 
modo como um texto é lido hoje através de 
aparatos tecnológicos. Estes são temas le-
vantados pelo autor no livrointitulado O que 
é o virtual?.
O hipercorpo traz inúmeras novas possi-
bilidades. De fisioculturistas até atletas de 
esportes extremos, tal fenômeno é ilustra-
do através de modificações das quais as 
grandes empresas farmacêuticas são hoje 
capazes.
O turismo, por sua vez, ganha novo status 
ao receber imenso fluxo de pessoas trans-
portadas em aviões, carros, cruzeiros, den-
tre outros meios de transporte. Nas palavras 
do autor “a aceleração das comunicações é 
Link
Aprenda mais sobre a ampla concepção que o 
virtual carrega, com Pierre Levy. Disponível em: 
<https://www.youtube.com/watch?v=s-
Myokl6YJ5U>. Acesso em: 4 nov. 2017.
https://www.youtube.com/watch?v=sMyokl6YJ5U
https://www.youtube.com/watch?v=sMyokl6YJ5U
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação48/243
contemporânea de um enorme crescimento 
da mobilidade física. Trata-se na verdade da 
mesma onda de virtualização” (LEVY, 2011, 
p. 23).
Em outras palavras, a mobilidade é uma ca-
racterística latente da sociedade contem-
porânea. Não somente através do acesso 
a smartphones, tablets e outros aparelhos, 
mas também a possibilidade de viajar lon-
gas distâncias de maneira rápida. Os meios 
de transportes encurtam distâncias antes 
intransponíveis.
No que tange à esfera econômica, as tran-
sações financeiras, hoje realizadas nos mol-
des digitais, também sofrem virtualização. 
Todo dinheiro existente no mundo virtual 
não representa todas as cédulas e moedas 
impressas. O montante virtual supera o fí-
sico. De outro modo, o cenário financeiro, 
cada vez mais próximo e conectado, assume 
uma face virtual indefinida.
Link
Para conhecer a preferência dos brasileiros pela 
plataforma mobile, acesse o relatório TIC Do-
micílios 2015. Disponível em: <http://cetic.
br/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-
-tecnologias-de-informacao-e-comunica-
cao-nos-domicilios-brasileiros-tic-domici-
lios-2015/> Acesso em: 4 nov. 2017.
http://cetic.br/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-nos-domicilios-brasileiros-tic-domicilios-2015/
http://cetic.br/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-nos-domicilios-brasileiros-tic-domicilios-2015/
http://cetic.br/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-nos-domicilios-brasileiros-tic-domicilios-2015/
http://cetic.br/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-nos-domicilios-brasileiros-tic-domicilios-2015/
http://cetic.br/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-nos-domicilios-brasileiros-tic-domicilios-2015/
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação49/243
Sobre o funcionamento do virtual nas mais diversas esferas da vida contemporânea: o virtual se-
ria uma problemática, ao passo que a atualização seria a possível resolução dessa problemática 
(LEVY, 2011).
Por exemplo, a publicação de um livro guarda a possibilidade de venda física dos seus números 
impressos. Por outro lado, cópias, resenhas, compartilhamento do seu conteúdo em redes so-
ciais, figuram como virtualidades, pois estão livres de um aqui (amarra do espaço geográfico) 
e agora (amarra do tempo). Tais virtualidades apresentam outras tantas possibilidades que, no 
espaço virtual propriamente dito, Levy (2011) chama de atualização.
Para saber mais
Nas palavras do autor Pierre Levy (2011, pp. 53), 
as finanças internacionais desenvolvem-se em estreita simbiose com as 
redes e as tecnologias de suporte digital. Elas tendem a uma espécie de 
inteligência coletiva distribuída para a qual o dinheiro e a informação pro-
gressivamente se equivalem.
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação50/243
A virtualização do conhecimento, por fim, 
apresenta incontáveis formas renovadas ou 
inovadas de atualização. O saber é constan-
temente atualizado. A cada leitura, a pessoa 
interpreta e atribui uma nova faceta para 
este conhecimento. Ou seja, a virtualidade 
disponibiliza o conhecimento de maneira 
ampla aos indivíduos que, por sua vez, irão 
atualizar este conhecimento em cada opor-
tunidade única e pontual.
Enquanto o surgimento da escrita garantiu 
a virtualização da memória, o texto con-
temporâneo, agora sustentado pelo arse-
nal de aparatos do espaço virtual, resgata 
o contexto e o sujeito de uma maneira ou-
trora negligenciada. Dessa forma, os novos 
critérios de leitura se reorganizam de modo 
a aproximar as pessoas como fazia a cultura 
oral, além de localizar sujeitos e lugares vir-
tuais como não fez a tradição escrita. Nas 
palavras do autor:
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação51/243
Pois o texto contemporâneo, alimentando correspondências on-line e 
conferências eletrônicas, correndo em redes, fluido, desterritorializado, 
mergulhado no meio oceânico do ciberespaço, esse texto dinâmico re-
constitui, mas de outro modo e numa escala infinitamente superior, a co-
presença da mensagem e de seu contexto vivo que caracteriza a comu-
nicação oral. De novo, os critérios mudam. Reaproximam-se daqueles do 
diálogo ou da conversação: pertinência em função do momento, dos lei-
tores e dos lugares virtuais; brevidade, graças à possibilidade de apontar 
imediatamente as referências; eficiência, pois prestar serviço ao leitor (e 
em particular ajudá-lo a navegar) é o melhor meio de ser reconhecido sob 
o dilúvio informacional. (LEVY, 2011, p. 39)
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação52/243
Resgatando o debate educomunicativo em detrimento da educação imersa no sistema capitalis-
ta, a Educomunicação tenta resolver o impasse denunciado por Veloso:
Para saber mais
Blogues, cada vez mais especializados, surgem e conquistam a atenção dos internautas. Isso se deve ao 
fato destes produtores de conteúdo influenciarem o processo de compra. Postando dicas, tutoriais, deta-
lhes sobre produtos e serviços em circulação na sociedade, estes experts se posicionam como interme-
diários virtuais.
Veja alguns exemplos: 
Blogue sobre moda. Disponível em: <http://thassianaves.com/> Acesso em: 4nov. 2017.
Blogue sobre investimentos. Disponível em: <https://andrebona.com.br/> Acesso em: 4 nov. 2017.
Até mesmo portais de notícias, incluem blogues em suas páginas, como o El País com a aba “Opinião”. 
Disponível em: <https://brasil.elpais.com/seccion/opinion> Acesso em: 4 nov. 2017. 
http://thassianaves.com/
https://andrebona.com.br/
https://brasil.elpais.com/seccion/opinion
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação53/243
A tendência hegemônica de uso da tecnologia no âmbito do capitalismo 
tem sido a satisfação dos interesses da classe dominante, em detrimento 
das necessidades dos trabalhadores, acentuando as expressões da questão 
social. Isso não significa, no entanto, que a tecnologia não possa ser apro-
priada de outra forma. Trata-se de um grande desafio que tem se colocado 
na atualidade, apontando para a importância da luta pela construção de 
novos usos sociais da tecnologia, voltados à satisfação das necessidades 
sociais da população como um todo, e não apenas de uma pequena mi-
noria. Mais do que uma questão meramente tecnológica, trata-se de uma 
luta política que busca colocar a serviço dos trabalhadores o produto de 
seu próprio trabalho (VELOSO, 2012, p. 11).
Em outras palavras, Veloso (2012) chama atenção ao papel contraditório da tecnologia dever-se 
às relações capitalistas, e não à tecnologia em si. Nas palavras do autor: “a tecnologia é marcada 
pela contradição, evidenciada não pelo desenvolvimento do recurso tecnológico em si, mas pelo 
próprio padrão de relações sociais capitalistas, que é contraditório” (idem, 2012, p. 22).
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação54/243
Seria, portanto, a atualização da utiliza-
ção da tecnologia que livrará o caráter de 
dominação dessa. De outro modo, a apro-
priação em vista da emancipação do indi-
víduo figura como nova possibilidade tanto 
da tecnologia, quanto da educação. E é, por 
este caminho, que a Educomunicaçãotrilha 
uma nova proposição relacional entre as di-
mensões sociais, tecnológicas e políticas na 
contemporaneidade.
Em linhas gerais, a Educomunicação adver-
te que somente a consciência trará a auto-
nomia necessária para transformação so-
cial (FREIRE, 1967), conforme você viu no 
capítulo anterior da disciplina. E a educa-
ção é o próprio caminho desse processo de 
conscientização. 
2.1.1 O desafio da exclusão di-
gital
Um dos problemas a serem superados pela 
Educomunicação, no entanto, seria a exclu-
são digital. Ou seja, toda parcela da popula-
ção que ainda não possui acesso às TICs.
Link
Para conhecer os números do relatório anual de 
mensuração do acesso à informação em escala 
mundial, do ano de 2016, acesse o link. Disponível 
em: <http://www.itu.int/en/ITU-D/Statistics/
Pages/publications/mis2016.aspx> Acesso 
em: 4 nov. 2017. Para auxiliar na leitura dos dados, 
utilize recurso de tradução em seu navegador.
http://www.itu.int/en/ITU-D/Statistics/Pages/publications/mis2016.aspx
http://www.itu.int/en/ITU-D/Statistics/Pages/publications/mis2016.aspx
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação55/243
O chamado “apagão digital” pode ser rel-
acionado com a distribuição de renda e 
níveis de escolaridade da população, es-
pecialmente em países de terceiro mundo. 
Neste sentido, a Internet é muito mais pro-
motora da desigualdade que de qualquer 
promessa emancipadora. 
No Brasil, 39% das pessoas disseram nun-
ca ter utilizado um computador na vida, 
enquanto 34% nunca acessaram a inter-
net, em qualquer suporte tecnológico (TIC 
DOMICÍLIOS, 2016).
Conforme acusa a pesquisa sobre o uso 
das TICs no Brasil (TIC DOMICÍLIOS, 2016), 
metade das casas brasileiras não possui 
computador (de mesa, portátil ou tablet). Tal 
número é diretamente proporcional à renda 
familiar e classe social dos respondentes. 
Ou seja, quanto maior a renda e mais alta a 
posição social, maior a probabilidade de ter 
um computador em casa.
O mesmo se mostra verdadeiro no que 
diz respeito ao acesso à internet, sendo a 
conexão móvel via modem ou chip 3G ou 
4G. Ou seja, 51% dos brasileiros possuem 
internet em suas casas, sendo maior a 
probabilidade de acesso em famílias com 
maior renda e classe social mais alta (TIC 
DOMICÍLIOS, 2016).
Dentre as razões apontadas, para a falta de 
internet nos domicílios, estão: percepção 
dos moradores com relação ao preço el-
evado da internet; falta de interesse dos 
moradores; falta de computador na casa; 
preocupação com privacidade e segurança; 
falta de necessidade dos moradores; falta 
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação56/243
de conhecimento para usar a internet; con-
teúdo perigoso; disponibilidade da conexão 
na região; acesso da internet em outros lu-
gares; dentre outros motivos.
Algumas razões descritas acima, apontam a 
falta de conscientização dos benefícios tra-
zidos pelas TICs no que se refere ao acesso a 
informação. Deste modo, alguns brasileiros 
negligenciam a própria construção e atu-
alização cognitiva e sua atuação enquanto 
cidadão.
A internet evidenciaria, neste sentido, as 
diferenças ao aproximar as pessoas no lugar 
de promover a alteridade. Neste sentido, o 
grande desafio do século XXI não se detém 
em tecnologizar a sociedade, mas sim de 
atribuir uma dimensão social às novas tec-
nologias de comunicação (WOLTON, 2012).
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação57/243
Glossário
Ciberespaço: espaço virtual, livres das limitações espaço-temporais.
Iluminismo: movimento europeu do século XVIII que procurou levar a razão a um novo patamar, 
promovendo a racionalidade humana através da ciência moderna.
Paradigma: forma de pensamento dominante, ou conjunto de teorias, de uma mesma época.
Semântica: sentido, significado.
Questão
reflexão
?
para
58/243
A virtualização da educação passa, na prática, por quais 
processos e ferramentas?
59/243
Considerações Finais 
• As técnicas de transmissão e interação existentes hoje são agrupadas sob o 
domínio das Tecnologias da Informação e Comunicação, ou simplesmente, 
TICs.
• A tecnologia, por configurar um corte transversal na sociedade, sustenta uma 
nova abordagem didática-metodológica no campo da educação. Tanto por 
isso, diversos caminhos alternativos são propostos com intuito de integrar as 
TICs na atuação educacional do professor e no processo autônomo do aluno.
• A Educomunicação e a mídia-educação são duas designações de uma mes-
ma proposta. No entanto, ambas guardam diferenças semânticas em sua 
formação enquanto termo.
• O fenômeno da “desintermediação” refere-se ao processo de negar auto-
ridade aos intermediários de diversas áreas de atuação. Em contrapartida, 
alguns autores resgatam, mais do que nunca, a importância destes profissio-
nais na sociedade atual, imersa num dilúvio de informações.
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação60/243
Referências 
BÉVORT, Evelyne; BELLONI, Maria Luiza. Mídia-educação: conceitos, história e perspectivas. Edu-
cação & Sociedade Campinas, vol. 30, n. 109, set./dez. 2009, p. 1081-1102.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. Atualização para 6ª edição: Jussara Simões. – (A era da 
informação: economia, sociedade e cultura; v. 1). São Paulo: Paz e Terra, 1999.
CITELLI, Adilson. Inflexões educomunicativas. Revista Comunicação & Educação, São Paulo, 
v.17, n. 1, jan/jun 2012, p. 7-12.
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1970.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 40. ed.. São Paulo: Paz e Terra, 1967.
LEVY, Pierre. O que é o virtual? 2. ed. Rio de Janeiro: Editora 34, 2011.
MCLUHAN, Marshall. Os meios de comunicação como extensão do homem. São Paulo: Editora 
Cultrix, 1964.
SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: um campo de mediações. Revista Comunicação & 
Educação, São Paulo, v.19, set/dez 2000, p. 12-24.
SODRÉ, Muniz. Antropológica do espelho: uma teoria da comunicação linear e em rede. 8. ed. 
Petrópolis: Vozes, 2013.
Unidade 2 • Diferença Entre TICS e Educomunicação61/243
VALENTE, José Armando. A comunicação e a educação baseada no uso das Tecnologias Digitais 
de Informação e Comunicação. Revista UNIFESO – Humanas e Sociais, vol. 1, n. 1, 2014, p. 141-
166.
VELOSO, Renato. Tecnologias da informação e da comunicação: desafios e perspectivas. Edição 
especial Anhanguera. São Paulo: Saraiva, 2012.
TIC DOMICÍLIOS (São Paulo). TIC Domicílios 2015: Pesquisa sobre o uso das Tecnologias de In-
formação e Comunicação nos domicílios brasileiros. 2016. Disponível em: <http://cetic.br/pub-
licacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-nos-domicili-
os-brasileiros-tic-domicilios-2015/>. Acesso em: 4 nov. 2017.
WOLTON, Dominique. Internet, e depois? Uma teoria crítica das novas mídias. 3. ed. Porto Alegre: 
Sulina, 2012.
http://cetic.br/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-nos-domicilios-brasileiros-tic-domicilios-2015/
http://cetic.br/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-nos-domicilios-brasileiros-tic-domicilios-2015/
http://cetic.br/publicacao/pesquisa-sobre-o-uso-das-tecnologias-de-informacao-e-comunicacao-nos-domicilios-brasileiros-tic-domicilios-2015/
62/243
1. A chegada da internet impacta diretamente outros meios de comunicação. 
Conforme aponta Levy (2011), a sociedade se vê imersa no fenômeno conhe-
cido por:
a) Digitalização.
b) Flexibilização.
c) Globalização.
d) Virtualização.
e) Sectarização.
Questão 1
63/243
2. Valente (2014) trabalha com uma nova sigla ao articular as novas tecnolo-
gias da informação e da comunicação no campo da educação, a:
Questão 2
a) TDIs, Tecnologias digitais da informação.
b) TDICs, Tecnologias digitais da informação e comunicação.
c) TCIVs, Tecnologias da Comunicação e Informação Virtuais.
d) TVIs, Tecnologias Virtuais da Informação.
e) TDCIs, Tecnologias Digitais da Comunicação e da Informação.
64/243
3. Quais são os paradigmas mais latentes nas palavras comunicaçãoe edu-
cação, respectivamente?
Questão 3
a) Iluminista e funcionalista.
b) Funcionalista e iluminista.
c) Sensacionalista e funcionalista.
d) Sensacionalista e iluminista.
e) Funcionalista e estruturalista.
65/243
4. Qual é o outro nome dado, por outro grupo de autores, que vem tratando a 
incorporação das TICs na educação?
Questão 4
a) Mídia-educação.
b) Educamidiatização.
c) Mídieducação.
d) Mídia educacional.
e) Educação midiatizada.
66/243
5. Qual é o nome do presidente da ABPEducom, cuja atuação como profes-
sor e pesquisador ocorre na ECA-USP?
Questão 5
a) Ismar de Oliveira Soares.
b) Maria Luiza Belloni.
c) Evelyne Bévort.
d) Pierre Levy.
e) Muniz Sodré.
67/243
Gabarito
1. Resposta: D.
A virtualização é o fenômeno pelo qual pas-
sa a sociedade contemporânea. Não que o 
virtual não existisse antes, mas atualmente 
as possibilidades são ampliadas devido à in-
ternet. Desse modo, a tecnologia sustenta a 
virtualização, enquanto sua materialidade 
perpassa pela atualização.
2. Resposta: B.
A tecnologia pode ser entendida como con-
junto de técnicas de determinada época. No 
atual momento, os recursos digitais têm to-
mado conta das tecnologias próprias da in-
formação e da comunicação. Para simplifi-
car este conceito, alguns autores, como Va-
lente (2014), têm chamado de Tecnologias 
da Informação e Comunicação, ou simples-
mente, TDICs.
3. Resposta: B.
Funcionalista e iluminista. A educação rece-
beu rótulo de emancipadora da pessoa hu-
mana quando reconhecido o poder da razão 
que viria “iluminar” o pensamento humano 
nas revoluções iluministas do século XXVIII. 
Já a comunicação pertence ao paradigma 
funcionalista ao compor o funcionamento 
tecnicista da sociedade.
4. Resposta: A.
Mídia-educação é o outro nome dado para 
o campo de estudos que vem reconhecendo 
68/243
Gabarito
as TICs como potencial aliada na reconfigu-
ração pedagógico-didática da educação.
5. Resposta: A.
O professor Ismar de Oliveira Soares é um 
dos maiores nomes da Educomunicação no 
Brasil. Atua como professor titular sênior da 
Universidade de São Paulo, onde coordenou, 
de 1996 a 2014, o Núcleo de Comunicação 
e Educação da Escola de Comunicação e Ar-
tes. Além de toda atuação no campo aca-
dêmico, também supervisionou projetos 
educomunicativos do governo e, atualmen-
te, preside a ABPEducom - Associação Bra-
sileira de Pesquisadores e Profissionais da 
Educomunicação.
69/243
Unidade 3
A Importância da Comunicação na Educação
Objetivos
1. Conhecer as teorias da comunicação que 
permitem aproximar o campo da educa-
ção de seus limites epistemológicos;
2. Articular comunicação e educação, as-
sinalando a centralidade dos meios 
na vida humana contemporânea, bem 
como localizar as novas demandas da 
escola em relação a este contexto;
3. Delinear os objetivos da Educomunica-
ção, enaltecendo a consciência e postu-
ra crítica dos indivíduos.
Unidade 3 • A Importância da Comunicação na Educação70/243
Introdução
Desde o começo do século XX, a comunica-
ção é estudada sob vários aspectos. O pa-
radigma mais utilizado para analisar fenô-
menos comunicacionais, no entanto, fixava 
a manipulação como sua máxima.
Mas, com os estudos de recepção, a função 
manipulatória da comunicação é colocada 
de lado para dar lugar à autonomia do in-
divíduo. Esse, por sua vez, escolhe o que, 
quando e onde consumir informações. Há, 
neste momento, uma mudança significa-
tiva da pergunta: o que a mídia faz com as 
pessoas para o que as pessoas fazem com a 
mídia (MARTINO, 2013). 
Neste ínterim, a comunicação ganha sta-
tus de elemento onipresente da sociedade 
contemporânea, transcendendo o entendi-
mento instrumental que até então lhe era 
conferida.
Parece haver uma comum ideia de partilha, 
tanto na educação quanto na comunicação. 
Ambas suscitam a coabitação dos atores 
sociais. Ambas também propõem, o tem-
po todo, caminhos para melhorar o conví-
vio das pessoas, fomentando autonomia e 
consciência social. Guardadas as propor-
ções, este parece ser o objetivo intrínseco 
de cada um desses campos.
Esta unidade busca traçar paralelos entre 
comunicação e educação, utilizando, para 
tanto, perspectivas teóricas do campo co-
municacional como ponto de partida. As 
práticas educomunicativas, que figuram 
em todo território nacional desde meados 
Unidade 3 • A Importância da Comunicação na Educação71/243
do século XX são, agora, organizadas e ana-
lisadas sob o crivo da comunicação.
1. A demanda por conhecimento 
na era da informação
Diferente do que se via até a segunda me-
tade do século XX, as informações, hoje, são 
passíveis de se tornarem obsoletas rapida-
mente. Antigamente, o conhecimento acer-
ca de uma profissão era passado de geração 
para geração. Atualmente, a necessidade 
de atualização é quase constante, depen-
dendo do ramo de atividade. A informática, 
por exemplo, demanda aquisição de novos 
conhecimentos de 3 em 3 anos ou menos 
(LEVY, 2011).
O conhecimento, no entanto, carrega uma 
característica central animadora com rela-
ção ao seu uso. Diferente do que acontece 
com o tempo, energia e recursos dispendi-
dos para qualquer atividade em troca de re-
muneração, o compartilhamento do conhe-
cimento não representa nenhum prejuízo 
para seu detentor (LEVY, 2011). Muito pelo 
contrário, quanto mais utilizado, maior fica.
Em termos de virtualização, conforme você 
viu na unidade anterior, o conhecimento 
sofre atualizações a cada contato individu-
al. Nas palavras do autor Pierre Levy sobre 
tal processo:
Unidade 3 • A Importância da Comunicação na Educação72/243
A atualização não é portanto uma destruição mas, ao contrário, uma pro-
dução inventiva, um ato de criação. Quando utilizo a informação, ou seja, 
quando a interpreto, ligo-a a outras informações para fazer sentido, ou, 
quando me sirvo dela para tomar uma decisão, atualizo-a. Efetuo portanto 
um ato criativo, produtivo. O conhecimento, por sua vez, é o fruto de uma 
aprendizagem, ou seja, o resultado de uma virtualização da experiência 
imediata. Em sentido inverso, este conhecimento pode ser aplicado, ou 
melhor, ser atualizado em situações diferentes daquelas da aprendizagem 
inicial. Toda aplicação efetiva de um saber é uma resolução inventiva de 
um problema, uma pequena criação (LEVY, 2011, p. 58-59).
Deste modo, a aplicação do conhecimento se torna um objetivo a ser praticado pelos alunos, 
evidenciando a autonomia atrelada às suas possíveis atualizações, conforme sugere o trecho 
acima. Em outras palavras, “a virtualidade do texto alimenta minha inteligência em ato” (LEVY, 
2011, p. 49).
Na educação, este consumo de informações deve ser encarado como matéria-prima para a cons-
trução do conhecimento. As informações, portanto, devem ser trabalhadas de forma imersiva, 
Unidade 3 • A Importância da Comunicação na Educação73/243
fazendo o aluno aplicá-las no contexto correspondente de cada um. Esta captação de informa-
ções pode ocorrer, inclusive, por meio das TDICs. Nas palavras do autor José Armando Valente:
As TDICs podem ser utilizadas na busca da informação de que o aprendiz 
necessita. Elas apresentam um dos mais eficientes recursos tanto para a 
busca, quanto para o acesso à informação, tornando possível utilizar so-
fisticados mecanismos de busca que permitem encontrar, de modo muito 
rápido, a informação existente em banco de dados ou na Web (VALENTE, 
2014, p. 145).
No entanto, esta busca por informações não significa necessariamente construção de conheci-
mento. O aluno pode passar horas e horas navegando, visitando várias páginas e tópicos que não 
fazem sentido. E é, neste ponto, que o papel do professor se faz mais necessário do que nunca. 
Em linhas gerais, considerando a vasta disposição de informações em diversos suportes comu-
nicacionais, o atual contexto da contemporaneidade ganha o título de Era da Informação ou Era 
do Conhecimento (LEVY, 2011).
Unidade 3 • A Importância da Comunicação na Educação74/243
Parte daí a necessidade de articularduas 
grandes esferas da vida humana: a comu-
nicação e a educação. Noutras palavras, 
autores e atores sociais passam a articular 
dois campos que, no primeiro momento pa-
recem distantes, mas se colidem de manei-
ra inevitável.
2. A epistemologia da comuni-
cação
Mas, para falar da importância da comuni-
cação na educação, primeiro é necessário 
explanar sobre o que é a comunicação pro-
priamente dita. Etimologicamente, o termo 
comunicação vem do latim comunicare, re-
metendo a ideia de compartilhamento, pôr 
em comum (SARMIENTO, 2013).
Por outro lado, o verbo educar vem de e-du-
cere. Diferente de compartilhar algo, edu-
car significa “tirar de dentro” (SARMIENTO, 
2013). Deste modo, a comunicação poderia 
incitar a educação, em diferentes níveis, ou 
seja, estimular as trocas sociais.
No entanto, para desenvolver esta discus-
são, os limites epistemológicos do campo 
da comunicação ainda não são bem deli-
mitados. Falta consenso sobre seu objeto 
de estudo, elenco de autores, metodolo-
gias utilizadas, dentre outros elementos da 
pesquisa científica. Em outras palavras, tal 
campo possui um estatuto ainda mal deli-
mitado (SODRÉ, 2013; RUBIM, 2004).
Unidade 3 • A Importância da Comunicação na Educação75/243
Não obstante, a comunicação é entendida 
majoritariamente através de três grandes 
perspectivas: a matemática, a linguagem e 
a biologia. A primeira engloba um dos pri-
meiros estudos da área da comunicação, 
cujo modelo teórico resultante foi a Teoria 
Matemática, dos autores Shannon e Wea-
ver, que buscavam conhecer e amenizar a 
fonte de ruídos na transmissão das mensa-
gens telefônicas e telegráficas.
A perspectiva da linguagem coloca a capa-
cidade humana de codificar e decodificar 
signos comuns. De outro modo, com base 
em determinado código, interlocutores 
podem se comunicar entre si. Esta verten-
te teórica privilegia os estudos de idiomas, 
dialetos, linguagens verbais e não verbais, 
dentre outros estudos.
Por último, a perspectiva biológica atribui à 
comunicação um papel onipresente. Desde 
a comunicação entre átomos e células, até 
a troca de sinais entre animais de mesma 
espécie é vista como fenômeno comunica-
cional.
A questão permanece, portanto, aberta. 
Mas, o próximo item se ocupa de dar alguns 
apontamentos teóricos quanto ao tema, 
bem como a articulação com a educação.
Para saber mais
Epistemologia é o estudo dos campos científicos, 
em termos de métodos, postulados, limites, den-
tre outros elementos que demarcam determina-
do ramo do saber.
Unidade 3 • A Importância da Comunicação na Educação76/243
2.1 A comunicação: perspecti-
vas e possíveis aproximações 
com a educação
Em linhas gerais, um diálogo, por exemplo, 
seria um evento próprio da comunicação. 
Interlocutores compartilhando mensagens, 
com signos verbais e não verbais presen-
tes neste ato, convidando um ao outro para 
compartilhar informações. Este, no entan-
to, não se refere ao modelo comunicacional 
praticado nas escolas.
O modelo teórico linear da comunicação, 
inscrita na relação emissor-receptor, serve 
para descrever a relação professor-aluno, 
ainda nos dias de hoje. O professor, enquan-
to emissor da mensagem, transmite conhe-
cimentos ao aluno, que o recebe passiva-
mente, sem convite para protagonizar seu 
próprio processo de aprendizagem (SAR-
MIENTO, 2013).
Este cenário foi denunciado por Paulo Freire 
(1967). A educação bancária, como propôs 
o autor, faz do professor um depositário de 
informações no aluno. Tanto por isso, a au-
tonomia do aluno é reclamada pelo autor, 
enquanto a postura autoritária do profes-
sor, também denunciada.
Tal cenário de sala de aula inibe o protago-
nismo do aluno na construção do seu pró-
prio conhecimento e, como você viu no item 
anterior, educar “vem de dentro”, e não se-
ria diferente com o processo de educar-se. 
Neste sentido, os papéis dos atores da sala 
de aula são agora revistos: 
Unidade 3 • A Importância da Comunicação na Educação77/243
Que pretende o professor senão comunicar-se? E de que modo ele conce-
be o aluno: como um receptor passivo, vaso onde se depositam regras que 
lhe serão cobradas como únicas possíveis, ou como um receptor ativo, que 
é capaz de reelaborar, de ser co-autor dos significados das mensagens? 
(BACCEGA; GUIMARÃES, 2006, p. 409).
Conforme aponta Soares (2011), existe um esforço do campo educacional de transformar seu 
modelo bancário (noção de Paulo Freire), este descrito acima, para uma educação dialógica, ba-
seada no diálogo propriamente dito. Em outras palavras, uma educação baseada na compreen-
são empática entre as partes envolvidas no processo ensino-aprendizagem.
Cada uma dessas duas esferas discutidas neste capítulo, a saber comunicação e educação, são 
onipresentes na vida humana, ambas educam e comunicam (SOARES, 2012). Ou seja, conside-
Para saber mais
Dialogicidade é um dos pilares da teoria freireana. O amor residiria justamente nesta dimensão dialógica, 
ampliando a capacidade de empatia e cidadania dos indivíduos.
Unidade 3 • A Importância da Comunicação na Educação78/243
rando as diferenças entre um campo e ou-
tro, ambos trazem também vários pontos 
convergentes. 
O modelo teórico linear da comunicação 
tentava explicar os fenômenos comunica-
cionais sob a égide do conceito de massa. 
Ou seja, os estudos desenvolvidos neste 
sentido, agrupavam as pessoas em um todo 
homogêneo, isentas da possibilidade de 
opinar e de criticar aquilo que recebiam dos 
meios de comunicação.
Tal modelo atribuía protagonismo ao papel 
do emissor. Esse, produzia e manipulava a 
mensagem de acordo com seus próprios in-
teresses. Em contrapartida, o receptor rece-
bia o conteúdo de maneira passiva. 
O paradigma funcionalista da comunicação 
foi superado pela vertente teórica chama-
da, no campo comunicacional, teoria da re-
cepção. Neste momento, os olhos dos estu-
diosos passam do emissor para o receptor, 
considerando a autonomia dos receptores 
de decidir o que consumir de informação.
Tal vertente revela uma possível aproxima-
ção teórica entre comunicação e educação. 
Para saber mais
A apropriação dos meios de comunicação de 
massa por governos totalitários (nazismo e fas-
cismo, por exemplo) estimulou a construção do 
paradigma hipodérmico da comunicação. Grande 
parte das pesquisas das duas primeiras décadas 
do século XX resgatava esta concepção.
Unidade 3 • A Importância da Comunicação na Educação79/243
Ou seja, tanto a teoria da recepção (comu-
nicação), citada acima, quanto a educação 
para os meios são revestidas do caráter crí-
tico contra as ideias hegemônicas transmi-
tidas e o tempo todo reafirmadas através 
dos meios de comunicação de massa (LO-
PES, 2011).
Enquanto a educação se ocuparia de vacinar 
a audiência contra a ideologia dos meios, a 
audiência, por sua vez, seria dotada de uma 
série de características pontuais que filtra-
riam e decodificariam tal mensagem, no 
processo de recepção propriamente dito 
(LOPES, 2011).
A teoria da recepção, em seu estado da 
arte, no entanto, ultrapassa a relação su-
jeito-meio. Os novos estudos revestem tal 
vertente com a devida importância que lhe 
cabe, reconhecendo que o processo de re-
cepção é “captado na trama de sentidos te-
cida pelas mediações que operam no coti-
diano das pessoas” (LOPES, 2011, p. 50).
Outro elemento a ser considerado nes-
ta aproximação teórica refere-se ao reco-
nhecimento da bilateralidade do processo 
de comunicação. A ideia de coenunciação 
guarda a possibilidade de fluidez da men-
sagem ao circular os sentidos no ambiente 
social (CITELLI, 2011).
Unidade 3 • A Importância da Comunicação na Educação80/243
As perspectivas citadas anteriormente po-
dem ser localizadas sob o segundo grupo de 
pesquisadores apontado por Eduardo Duar-
te (2010). O autor fez levantamento de uma 
década de estudos na área e vislumbrou três 
grandes grupos no tocante objeto de estu-
do do campo científico da comunicação: 
enquanto o primeiro localiza o fenômeno 
comunicacional exclusivamente através

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