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ARTIGO EDNA Empreendorismo ok

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FATEC-FACULDADE DE CIENCIAS ADMINISTRATIVAS E TECNOLOGIA-PORTO VELHO-RO
PSICOPEDAGOGIA
 Edna Flavia Borges Dias[footnoteRef:1] [1: ] 
TENDÊNCIAS DA EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA
 
 
TEIXEIROPOLIS-RO
 2021
1. INTRODUÇÃO 
 O impacto do empreendedorismo no mundo inteiro foi estrondoso, principalmente no que se refere às mudanças no mercado, que se tornou muito mais competitivo e amplo a partir da dinâmica influenciada pelo potencial empreendedor. 
 A primeira noção que tivemos de empreendedorismo veio com os franceses que criaram o termo empreendedorismo para diferenciar um empreendedor de um capitalista (o profissional que fornecia capital). Assim diferenciados, o empreendedor se confundia levemente com um administrador, a partir do ponto de vista econômico. A prática do empreendedorismo mostra-se cada vez mais frequente no Brasil como opção de carreira, frente às dificuldades socioeconômicas que assolam o país e reduzem as oportunidades para aqueles que querem ingressar no mercado de trabalho. No entanto, a prática do empreendedorismo convive com a falência de muitas organizações, em decorrência dos baixos níveis de educação e da desmotivação dos empresários para utilizarem ferramentas gerenciais capazes de profissionalizar suas atividades. Como um investidor, inovador e gestor, o empreendedor logo teve seu aspecto expandido no mercado de trabalho, tornando-se um profissional real, com intenções variadas e amplos planejamentos. Rumo ao sucesso de carreira, o empreendedor se fortaleceu em áreas diversas, tomando jovens e adultos numa jornada altamente inventiva e diferenciada. Antes deste progresso na carreira e no perfil empreendedor, vamos entender um pouco mais sobre o desenvolvimento do empreendedorismo e seu surgimento. O empreendedorismo se desenvolveu como um serviço de criação diferenciada e valorizada, que envolve dedicação de tempo, esforço, assumida de riscos financeiros, psicológicos e sociais, além da contribuição com as necessidades sociais e a busca pela satisfação econômica. O empreendedor surge como uma figura independente de capitalistas, sendo o profissional que trabalha com seus próprios planos e investimentos, sem o dedo de terceiros. Empreendedorismo é o principal fator promotor do desenvolvimento econômico e social de um país. Identificar oportunidades, agarrá-las e buscar os recursos para transformá-las em negócio lucrativo. Esse é o papel do empreendedor.
2. DESENVOLVIMENTO
 O empreendedorismo surge no Brasil nos anos 90, durante a abertura brasileira para a economia. Com a entrada de fornecedores estrangeiros que controlavam nossos preços, alguns setores que não conseguiam competir com produtos importados engajavam novos planos, gerenciando novos projetos e abrindo negócios e oportunidades em torno de produtos de competências variadas. Entre os caminhos do empreendedor, muitos brasileiros se envolveram ao ramo e construíram seus negócios. Savoia, Saito e Santana (2007) afirmam que mudanças tecnológicas, regulatórias e econômicas elevaram a complexidade dos serviços financeiros, e a insuficiência de conhecimento financeiro, por parte da população, comprometendo as decisões financeiras cotidianas dos indivíduos e das famílias. Neste contexto, saber administrar os recursos tornou-se algo de grande importância para manter a saúde financeira pessoal. Tais autores mencionam ainda que decisões precipitadas, recursos mal aplicados e opção por linhas de créditos não condizentes com o mercado, apresentam o grande risco de um indivíduo se tornar apenas mais um na lista de inadimplentes do mercado. De acordo com Chiavenato (2007), tomar decisões conscientes, saber onde e como aplicar os recursos próprios e determinar qual a melhor linha para tomada de crédito, são ações que podem refletir as características básicas de um empreendedor de sucesso, e assim transparecer uma educação financeira de qualidade. No que se refere ao termo sucesso para o empreendedor, o conceito pode ser bastante amplo, relativo e assumir diferentes significados.
 Brito (2016, p. 21) apresenta como obstáculo para o sucesso “a falta de planejamento no orçamento financeiro e o hábito de misturar os gastos da vida pessoal com os do empreendimento”. Dessa forma, para fins do presente estudo, sucesso é considerado a capacidade de saber administrar e planejar o orçamento financeiro, a fim de garantir o crescimento, a lucratividade e a sobrevivência do empreendimento no mercado. Na contemporaneidade, a escola tornou-se uma instituição social que “ está tão imbricada na sociedade que fica difícil imaginarmos a sua extinção, uma vez que, objetivamente, não orientamos, com o mesmo aparato, outra instituição programada para desempenhar suas funções.” SOUZA (2013, p. 38). No decorrer da história, a escola passou a agregar várias funções sociais. Segundo a autora supracitada, pela educação, o homem instrui as novas e atuais gerações de sujeitos a produzirem e reproduzirem o ato de transformação da natureza, de si e dos outros, em mutualidade, por meio do trabalho. Percebe-se, a função da escola na transmissão de conhecimentos acumulados e responsabilidade de socialização dos sujeitos. O trecho seguinte retirado da obra Educação e Sociologia, escrita por Durkheim, ilustra o papel da escola em determinados momentos das civilizações antigas: 
 A educação tem variado infinitamente, com o tempo e o meio. Nas cidades gregas e latinas, a educação conduzia o indivíduo a subordinar-se cegamente à coletividade, a tornar-se uma coisa da sociedade. Hoje, esforça-se em fazer dele personalidade autônoma. Em Atenas, procurava-se formar espíritos delicados, prudentes, sutis, embebidos de graça e harmonia, capazes de gozar o belo e os prazeres da pura especulação; em Roma, desejava-se especialmente que as crianças se tornassem homens de ação, apaixonados pela glória militar, indiferentes no que tocasse às letras e às artes. Na Idade Média, a educação era cristã, antes de tudo; na Renascença, toma caráter mais leigo, mais literário; nos dias de hoje, a ciência tende a ocupar o lugar que a arte outrora preenchia (DURKHEIM (1955, p. 27) apud SOUZA (2013, p. 30)).
 Nesse entendimento, a função da escola está ligada ao desenvolvimento do ser humano para viver em sociedade. Em SOUZA (2013, p. 48), quanto a essa função da escola esclarece: “Sua função é transmitir conhecimentos que desenvolvam as capacidades humanas e que permitam a continuidade do modelo de sociedade existente”. A compreensão do modelo de sociedade existente provoca uma análise reflexiva do papel desempenhado pela escola na sociedade atual. CURY (1995) apud SOUZA (2013), alerta que numa sociedade com interesses diferentes, a função da escola pode-se tornar ambígua. E nesse aspecto, ficamos postos às seguintes questões: O modelo de sociedade que temos é o que queremos? E qual é a função da escola na sociedade da atualidade? Conforme a legislação brasileira vigente, no âmbito da educação, a Constituição Federal define: Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Discorridas as formas de educação e a função social da escola, propõe-se direcionar o detalhamento de informações sobre a educação empreendedora. Antes, entenderemos o conceito de empreendedor como alguém que inova e propõe formas diferentes para realizar as coisas e produz ganhos reorganizando os recursos. LAVIERI (2010). Nessa definição, o empreendedor é sobretudo um inovador. Considere a prática educativa inovadora de um professor que visa o desenvolvimento social, pode ser caracterizadoesse agente como um empreendedor no contexto da atividade exercida. Esse entendimento afasta a percepção de muitas pessoas associar a habilidade empreendedora para os que se destinam a administração de negócios ou empresas, conforme DORNELAS (2001) apud CUNHA; SOARES; FONTANILLAS (2009), essa noção estava voltada exclusivamente para o aspecto econômico num perfil de pessoas que organizam empresas, pagam os empregados, planejam, dirigem e controlam as ações desenvolvidas na organização, mas sempre a serviço do capitalista. O termo educação empreendedora foi proposto por Jean Baptiste Say (1767 – 1832), economista francês influenciado pelas ideias iluministas sendo discípulo de Adam Smith. Esse tipo de educação procura despertar nos alunos a vontade de empreender. Muito já foi questionado sobre a possibilidade de ensinar alguém a ser empreendedor, agora o foco se deslocou na perspectiva como é possível educar, qual o conteúdo, metodologias e técnicas devem ser implementados na formação de habilidades empreendedoras. (LOPES, 2010). O ensino de empreendedorismo não teve origem na educação básica e escolas regulares. Historicamente, foi nos Estados Unidos, nas faculdades de administração, que se desenvolveu a orientação sobre o empreendedorismo. O primeiro curso de empreendedorismo aconteceu em Harvard sob orientação do professor Myles Mace, em 1947. No Brasil, a oferta de curso nessa área foi introduzido pelo professor Ronald Degen, em 1981. Tratava-se de uma disciplina, com foco na criação de negócios, ministrada em um curso de especialização da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas. (LAVIERI, 2010). Sobre essa primeira iniciativa de ensino de empreendedorismo no Brasil, em estudo publicado pelo próprio professor Ronald Degen conhecemos detalhes da organização do curso: 
As suas aulas iniciavam com a apresentação da dramática desigualdade de renda e da extrema pobreza de uma significativa parcela da população brasileira e desafiavam os jovens alunos, como a futura elite do país, a fazerem algo para mitigar esta situação. O objetivo do curso era propor aos alunos a ser empreenderes, a desenvolverem negócios próprios, a gerarem riqueza e, assim, contribuírem para o desenvolvimento econômico, a redução da pobreza extrema e a desigualdade social, como opção à carreira de executivo em uma grande empresa. DEGEN (2008, p. 13).
 Esta postura do professor Ronald Degen adotada nas aulas foi motivada pela situação de pobreza extrema nas favelas e uma das maiores desigualdades mundiais de renda entre ricos e pobres encontradas no Brasil quando aqui chegou, nos anos 70. (DEGEN, 2008) O ensino de empreendedorismo deve desenvolver as qualidades e habilidades necessárias a um empreendedor. De acordo com o Consórcio para a Educação Empreendedora (2004) apud LOPES; TEIXEIRA (2010), essa educação inclui as habilidades de reconhecer oportunidades, de perseguir essas oportunidades, criar novas ideias e organizar os recursos necessários, e de pensar de forma criativa e crítica. O empreendedorismo faz parte da natureza humana. Assim, todos nascemos empreendedores. Não se trata de modismo ou um novo tema, existe desde a primeira ação humana inovadora, com a intenção de melhorar a relação do homem com os outros e com a natureza. Porém, não é possível indicar certamente se uma pessoa vai ou não ser bem-sucedida como empreendedora. DOLABELA(2006). A prática docente no ensino do empreendedorismo volta-se para o acompanhamento dos alunos em suas realizações, como afirma SCHAEFER; MINELLO (2016, p. 69). 
 “Eles passam a estimular, inspirar, criar ou orientar ideias, ações concretas e colaborativas em torno das realizações dos alunos.”. Esses autores também consideram que para isso é necessário fazer uso de ambientes de colaboração, capacitações, gameficações e realização de eventos, que podem originar empresas, projetos, pesquisas, inovações, incubações, etc. Observando que a educação empreendedora busca inspirar nos alunos a vontade de empreender, outra questão a ser resolvida seria como desenvolver programas ou cursos para tal objetivo, isto é, capacitar potenciais empreendedores. FOWLER (2010). Os programas e atividades relacionados com a educação empreendedora surgem em exigência a educação para o século XXI. São iniciativas destinadas ao ensino de empreendedorismo para todas as fases da vida escolar do ser humano. “É tempo de disseminar essa educação desde o ensino fundamental, até o superior.”. A educação empreendedora pode ser empregada em todas as etapas da educação escolar. Isso foi constatado através da exemplificação de alguns programas de educação empreendedoras desenvolvidos pelas instituições de ensino brasileiras. Em resumo, o ensino de empreendedorismo deve desenvolver as qualidades e habilidades necessárias a um empreendedor. Essas habilidades estará voltadas mais para o desenvolver do ser, do que fazer empreendedor, ou seja, desenvolver um potencial presente na espécie humana o espírito empreendedor.
3. CONCLUSÃO
 
 O desenvolvimento deste estudo possibilitou analisar as observações de estudiosos no assunto sobre como deve ser a prática docente no ensino de educação empreendedora. Inclusive, entendeu-se que o empreendedorismo não pode ser ensinado, mas pode ser aprendido. Além disso pontuou sobre as possibilidades e desafios para inserção de educação empreendedora nas escolas de educação básica. Na possibilidade de desenvolver uma proposta de intervenção empreendedora inovadora que contribua para a prática educativa de educação empreendedora escolheu orientar-se pela metodologia da pedagogia empreendedora, cuidando para que o aluno fosse o centro do processo de ensino/aprendizagem em consonância com os pressupostos de concepção de ensino médio integrado à educação profissional na formação integrada do ser humano, dividido socialmente pelo trabalho entre a ação de executar e a ação de dirigir, pensar ou planejar. O principal papel da escola encontra-se na transmissão de conhecimentos reunidos historicamente com o desenvolvimento do ser humano. Nesse aspecto, a escola deve desenvolver o homem para viver criticamente em sociedade. Enquanto instituição social, cabe a escola buscar a reflexão na direção da sociedade que temos e a sociedade que queremos para as nossas futuras gerações. Por meio da análise histórica da educação humana percebeu-se o relacionamento entre educação e trabalho. Existem autores que declaram a organização da educação escolar dificultar no desenvolvimento de habilidades empreendedoras. Assim, a educação empreendedora deve ser planejada para empregar uma metodologia diferente da utilizada no ensino tradicional. Consequentemente, a postula do docente precisa ser diferente. Volta-se para o acompanhamento dos alunos em suas realizações, que perseguem na concretização dos seus sonhos. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
SAVOIA J.R.F; SAITO A.T; SANTANA F.A;Paradigmas da educação financeira no Brasil. Revista de Administração Publica, Rio de Janeiro, v. 41, n. 6, nov./dez. 2007. p. 1121-1141 . 
BRASIL. Lei. 9394, de 20 de Dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. 1996. 
DEGEN, Ronald Jean. Empreendedorismo: Uma filosofia para o desenvolvimento sustentável e a redução da pobreza. Disponível em: < https:// periodicos.ufsc.br/index.php/adm/article/view/2175-8069.2008v10n21p11>. 
 DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 12. ed. São Paulo: Cortez, 2006.
DOLABELA, F. Ensino de empreendedorismo na Educação Básica como instrumento do desenvolvimento local sustentável. A metodologia Pedagogia Empreendedora. 2005. Disponível em: 
 FOWLER,F. R. UNIFEI – Universidade Federal de Itajubá: Uma universidade empreendedora. In: LOPES, R. M. A. (Org.). Educação empreendedora: conceitos, modelos e práticas. Rio de Janeiro: Elsevier: São Paulo: SEBRAE, 2010. 
LOPES, R. M. A. Referenciais para a educação empreendedora. In: LOPES, R. M. A. (Org.). Educação empreendedora: conceitos, modelos e práticas. Rio de Janeiro: Elsevier: São Paulo: SEBRAE, 2010. 
MELLO, Ruth Espínola Soriano de. et al. Educação empreendedora na qualificação de docentes do ensino técnico e profissional: O caso do Pronatec Empreendedor. Disponível em:. Acesso em: junho de 2017. 
 SOUZA, Eliete Ramos de. A escola como instituição social revisitando a função social da escola. Londrina – PR, 2013. 
Trabalho apresentado para Fatec-RO, Faculdade de Ciências Administração e de Tecnologia para obtenção de titulo em Psicopedagogia da Educação. 
2Graduada em Pedagogia pela IAPERON-RO.

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