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1 USO DO REVIT NA ELABORAÇÃO DE PROJETOS DE CONSTRUÇÃO CIVIL: UM ESTUDO DO IMPACTO NO ORÇAMENTO DE OBRAS USE OF REVIT IN THE PREPARATION OF CIVIL CONSTRUCTION PROJECTS: A STUDY OF THE IMPACT ON THE BUDGET Wesley Garcia Mota..........1 Delmerio Justino da Silva Neto..........2 Fabiano Fagundes..........3 Resumo: A confiabilidade de orçamentos e cronogramas em empreendimentos da construção civil tem sido um entrave à credibilidade e competitividade de inúmeras construtoras e engenheiros civis que elaboram projetos e orçamentos, especialmente no Brasil. O conceito BIM trouxe uma série de soluções para compatibilizar as distintas o projeto arquitetônico aos projetos complementares criando um modelo virtual com nível de informações que permite levantar o quantitativo de material suas características e custos para realizar-se orçamentos confiáveis e rastreáveis. Um software amplamente empregado com esse fim é o Revit Autodesk. Nesse sentido o presente artigo buscou realizar um estudo exploratório da literatura relacionada para apresentar as vantagens e desvantagens de empregar o Revit na elaboração de orçamentos. Foram verificadas algumas dificuldades com o software, mas os resultados com a implementação do conceito BIM foram claramente superiores. Palavras-chave: orçamento, Revit, modelagem BIM, engenharia civil Abstract: The reliability of budgets and schedules in construction projects has been an obstacle to the credibility and competitiveness of numerous builders and civil engineers who design projects and budgets, especially in Brazil. The BIM concept has brought a series of solutions to match the different architectural design to complementary projects creating a virtual model with information level that allows to raise the amount of material its characteristics and costs to realize reliable and traceable budgets. Software widely used for this purpose is Revit Autodesk. In this sense, the present article sought to conduct an exploratory study of related literature to present the advantages and disadvantages of using Revit in budgeting. There were some difficulties with the software, but the results with the implementation of the BIM concept were clearly superior. Keywords: Budget, Revit, BIM Modeling, Civil Engineering 1 Graduando do curso de Engenharia Civil (Unirg). Email: wesleygarcia86@hotmail.com 2 Graduando do curso de Engenharia Civil (Unirg). Email: delmeriojustino@hotmail.com 3 Docente do curso de Engenharia Civil (Unirg). Email: f.fagundes76@gmail.com 2 INTRODUÇÃO O setor da indústria de construção civil em busca de atender às exigências do mercado passou por uma verdadeira revolução nas últimas décadas, desde os procedimentos para elaboração de projetos até a execução e manutenção dos empreendimentos, através do emprego de softwares que buscam a otimização de todos as etapas. Uma fase essencial nessas diferentes fases do processo e no ciclo de vida da edificação é o levantamento de quantitativos que tradicionalmente é feita a partir da leitura do projeto e documentos relacionados como memoriais e busca manual em planilhas. Esse tipo de procedimento é suscetível a erros e acarreta na perda de precisão das planilhas orçamentárias. O emprego de softwares que automatizam o levantamento de quantitativos como o AutoDesk Revit pode minimizar a frequência desses erros, mas também eleva o custo final do projeto. A falta de alinhamento com as tecnologias que se mostram confiáveis pode ser um fator determinante para a exclusão do mercado, no setor de construção civil não é diferente. Ao se elaborar os projetos de acordo com o método convencional o levantamento de quantitativos é realizado através da leitura e interpretação da documentação da obra – nos projetos e memoriais descritivos. O profissional responsável pelo orçamento utiliza o projeto em duas dimensões (2D), impresso ou digital, para medir os elementos do projetos, os mesmos são identificados por códigos e agrupados em uma tabela. Observa-se nesse processo a possibilidade clara de equívocos e falta de repetibilidade na elaboração do orçamento pela dependência da interpretação pessoal do orçamentista e negligência de quantificar alguns itens e serviços. Como as informações, dessa maneira, estão descentralizadas é necessário consultar os diversos projetos CAD, arquivos de texto e planilhas eletrônicas tornando o processo tedioso. Vale destacar o impacto dessa lentidão e possibilidade de negligenciar alguns itens impactam também no 3 cronograma da obra. Principalmente porque o prazo de elaboração de projetos é curto e isso inviabiliza o nível de detalhamento adequado nos cronogramas. Uma solução interessante para incrementar a precisão dos orçamentos e cronogramas é a aplicação do conceito BIM e a utilização de softwares que trabalham nessa filosofia como o AutoDesk Revit. O conceito BIM – Building Information Modeling – ou modelagem da informação da construção possibilita realizar diversos tipos de análises antes, durante e após a construção estando presente em todo o ciclo de vida da construção. Nesse tipo de modelo cria-se um banco de dados com as informações da construção e todo o levantamento de quantitativos. Assim, o modelo de construção criado tem elementos que não são apenas representações geométricas, mas contém informações de composição, montagem, manutenção e operação viabilizando as análises adequadas para a gestão do tempo e de custos. Sabe-se que a elaboração do orçamento e dos cronogramas da obra influenciam na sustentabilidade de qualquer empresa que atua no setor da construção civil. Na fase inicial do projeto as estimativas de custo e tempo determinam a viabilidade do empreendimento. Durante a concorrência da obra os dados embasam o orçamento e o cronograma que podem determinar o ganho da concorrência. E, finalmente, na execução, o controle de entrada e saída de materiais e recursos bem como o andamento da obra é o que fornece os indicadores de custos, prazo e produtividade. Visto isso, nota-se que o levantamento de quantitativos deve ser o mais confiável possível e o emprego do AutoDesk Revit que possui o banco de dados compatibilizando os projetos estruturais, hidráulicos, elétricos com as ferramentas orçamentárias é uma solução interessante. Vale ressaltar, no entanto, que trata-se de um programa de elevado custo e que exige qualificação do profissional. É importante então, buscar dados que embasem a tomada de decisão quanto a usar ou não o software na elaboração dos projetos. 4 O presente artigo buscou, portanto, realizar uma revisão da literatura acerca de utilização do Revit na elaboração de orçamento e do impacto decorrente disso. 1. METODOLOGIA 1.1.Estado da arte Esta etapa compreendeu a busca das principais publicações relacionadas à elaboração de orçamento convencional e dentro do sistema BIM. A mesma se deu nos principais banco de fontes pertinentes: Google Scholar, Scielo, World Scientific Publishing, com as palavras chave em português e inglês. 1.2.Seleção de material adequado Os materiais utilizados para elaboração da revisão foram selecionados considerando a relevância do trabalho, a apresentação de dados inéditos, e a qualidade e clareza das definições. 1.3.Elaboração da revisão A partir do material levantado foi elaborada uma revisão da literatura com os seguintes itens: Método convencional de elaboração de orçamentos e cronogramas Sistema BIM e elaboração de orçamentos Estudo comparativo de orçamentos o Impacto no orçamento e cronograma o Confiabilidade 2. REVISÃO DA LITERATURA 5 2.1.Método convencional de elaboração de orçamentos e cronogramas A precisão da etapa de elaboração de cronograma nos projetos de engenharia é fundamental para garantir a qualidade do serviço e a sustentabilidade financeira da empresa. Tradicionalmente, em especialno Brasil, as extrapolações dos orçamentos e o não cumprimento de cronogramas tornou-se uma característica marcante da indústria da construção civil. Isso porque a estimativa dos custos de cada etapa em projeto envolve variáveis que muitas vezes fogem do controle do engenheiro orçamentista e os lucros dos projetos se perdem nas desorganizações financeiras. Para elaborar um orçamento o engenheiro realiza uma levantamento, do nível de dificuldade de elaboração do projeto, prazos envolvidos, preços praticados no mercado e adequação com as necessidades do cliente. Após a etapa de projeto o orçamento da execução envolve a criação de um projeto de dimensionamento do empreendimento, de maneira que se obtenha as etapas construtivas necessárias e os materiais e mão-de-obra necessárias. As etapas tão distintas ocasionam erros dada a complexidade do processo e muitas vezes esse tipo de orçamentação é preterida em relação ao sistema BIM. Honda (2016) destaca que não existe uma exatidão absoluta do orçamento, entretanto deve-se buscar uma precisão ótima por que cada pequena distorção orçamentária ocasiona o surgimento de custos imprevistos e alterações no cronograma de execução da obra. De forma tradicional esse orçamental é realizado a partir da identificação, quantificação, análise e valorização de itens variados através de um processo complexo que demanda levado nível de habilidade técnica além de atenção (MATTOS, 2006). Fica bem perceptível a necessidade do conhecimento detalhado da obra pelo orçamentista. Os desenhos, previamente elaborados, os planos e especificações da obra devem ser rigorosamente analisados e interpretados pelo engenheiro orçamentista 6 como estratégia para iniciar as tarefas com conhecimento profundo das dificuldades de cada serviço e norteando assim os custos de execução. De maneira geral um orçamento é elaborado a partir de três passos básicos (HONDA, 2016): 1) Condições de contorno: trata-se um estudo de muita relevância com impacto direto no orçamento que possibilita a identificação dos serviços constantes da obra, a magnitude da correlação entre eles além do estabelecimento de níveis de dificuldade e outras caracterizações relevantes. Ao se definir as condições de contorno o orçamentista através da leitura e interpretação de projetos com plantas, cortes, vistas, diagramas, detalhamentos e memoriais descritivos, passa a compreender o empreendimento. 2) Composição de custos: nesta etapa identifica-se os serviços, realiza-se o levantamento de quantitativos, realiza-se a diferenciação dos custos diretos e indiretos além da cotação dos preços e definição dos encargos. É uma etapa fundamental pois é neste momento que o lucro da empresa é definido e as Bonificações e Despesas Indiretas (BDI) do empreendimento são fixadas. A principal tarefa nesta etapa é o levantamento de quantitativos na qual são executados os cálculos para a quantificação dos materiais que serão utilizados na obra. Essa etapa é árdua e tediosa (dispende de muito tempo do profissional) e normalmente cada profissional elabora uma estratégia própria. Os cálculos das áreas e volumes, a interpretação do memorial descritivo e o entendimento dos detalhes da planta compõem esta etapa e, geralmente, a experiência do profissional agregam muito em termos de precisão. 3) Determinação do preço: com as informações obtidas nas etapas anteriores é possível determinar o preço sem incorrer em riscos para a empresa. 7 Olhando a elaboração de projetos é possível observar a forte interdependência entre as etapas desde a concepção do projeto até a elaboração do orçamento, de maneira que a precisão está relacionada á compilação de dados e informações em cada uma das etapas. Para elaborar o projeto, pode-se inferir os procedimentos apresentados na figura 1: Figura 1: organograma elaboração de projetos convencional. Fonte: Adpatado de SILVA e COMPARIM, 2016. O projeto arquitetônico, desenvolvido por um profissional de arquitetura a partir das orientação e necessidades do cliente é enviado aos demais profissionais que elbaoram os projetos complementares de maneira fragmentada, cada projeto complementar pode ser elaborado por um tipo de profissional diferente com suas estratégias próprias, conforme demonstrado no organograma da figura 1. Destaca-se nesse ponto os entraves da comunicação entre os profissionais já que trata-se de projetos isolados que podem ter sido elaborados ou não em softwares muitos distintos, através de estratégias distintas, empregando padrões de nomenclatura, cores e estratégias muito distintas, o que acarreta em baixo grau de detalahamento e problemas de compatibilização entre as pranchas (SILVA e COMPARIM, 2016). Projeto arquitetônico (arquiteto) Engenheiro estrutural Projeto estrutural Engenheiro eletricista Projeto elétrico Engenheiro hidrossanitário Projeto hidrossanitário Orçamentista e gerente de obras Orçaamento e cronogramas. 8 Nos projetos convencionais (2D) a sobreposição de pranchas é complexa e pode atrasar significativamente a elaboração de projetos, existe tecnologia mais eficiente na qual é possível visualiazar as pranchas integradas em três dimensões (CALLEGARI e BARTH, 2007). É com vsitas à resolução desses entraves que surgiu o conceito de compatibilização de projetos que consiste na elaboração de um modelo integrado em três dimensõoes com elevado número de informações em que a integração dos sistemas permite a identificação prévia de inconsistência entre os projetos. As ferramentas computacionais, mesmo fora do sistema BIM, são amplamente empregadas em escritórios de engenharia civil e arquitetura, geralemnte ass de Computer Aided Design (CAD), no qual o computador atua como prancheta eletrônica (Panizza, 2004 eTzorzopoulos e Formoso, 2001). Quando existe problemas na geometria digital, esses são resolvidos no próprio desenho da construção. De acordo com Rusuda e Rurshel (2004), entretanto, as ferramentas de CAD e de cálculo estrutural que embasam as determinações de quantitativo no orçamento e de cronograma apresentam restrições de comunicação entre as etapas, profissionais e limita a compatibilização entre as disciplinas de projeto. Pensando em todas essas limitações pode-se perceber que num cenário ideal o projeto traria consigo todas as informações desde a representação gráfica, numérica e textual até apresentando a realidade virtual que é onde se insere o sistema BIM (JACOSKI, 2003). Conforme destacado por Crespo e Rushel (2007) esse sistema é uma apresentação do edifício virtual na qual os objetos digitais são adequadamente representados por códigos com nível de detalhamento tal que tem-se as características do real ciclo de vida da construção. 2.2.Sistema BIM e elaboração de orçamentos 9 Conforme exposto anteriormente a falta de compatibilidade entre o projeto arquitetônico, os projetos complementares e orçamento é uma fonte de erros que levam à imprecisão dos custos, do cronograma acarretando prejuízos aos prestadores de serviços e aos clientes. Na busca por vencer tais limitações a compatibilização de projetos compreende a gerência e integração dos projetos correlatos de maneira a alcançar perfeito ajuste entre as diferentes interfaces do projetos e à obtenção dos padrões de qualidade total do empreendimento (SINDUSCON, 1995). Honda (2016) lista uma série de benefícios quando a compatibilização dos projetos é priorizada. A estratégia de compatibilização permite, por exemplo, o levantamento de possíveis falhas e conflitos no gerenciamento e na coordenação dos processos. A compatibilização consiste, então, em elaborar um modelo único em três dimensões detalhado e com os sistemas integrados. No processo de desenvolvimento de projetos além de auxiliar na identificação de possíveis falhas e conflitos contribui para a redução de retrabalhos,de custos, de prazos, na qualificação dos empreendimentos o que reflete na competitividades no mercado imobiliário (ÁVILA, 2011). O sistema BIM (Building Information Modeling) é uma estratégia de criação de projetos compatibilizados através de modelagem da informação e envolve a criação de modelos virtuais das estruturas a serem desenvolvidas baseando-se na informações da construção. Gera-se um modelo digital inteligente que parametriza todas as informações e elementos antes da etapa de execução de um empreendimento. Denominada de modelagem 3D paramétrica, a principal atividade do BIM, é um processo integrados de criação e interoperabilidade. O modelo BIM traz todas as vantagens anteriormente citadas da compatibilização de projetos e ainda permite a extração de informações operacionais e de manutenção ao longo do ciclo de vida do objeto construído. 10 Esse tipo de modelagem deriva do conceito BDS (Building Description System) ou Sistema de Descrição da Construção desenvolvido por Charles M. Eastman e colaboradores em 1974. Nesse sistema já podiam ser notados diversos conceitos do BIM, como derivação de seções, planos, isométricos e as perspectivas de uma mesma descrição de elementos. Além disso, funcionava de maneira que toda modificação no projeto deveria ser realizada uma única vez em todos os desenhos e assim, os desenhos derivados de uma disposição determinada de elementos seria automaticamente consistentes. Ainda nesse sistema observou-se a grande inovação de se analisar os quantitativos com a descrição dos objetos possibilitando a estimativa de custos e de quantidades. O emprego atual do termo BIM teve início na década de 1980 por Robert Aish num artigo no qual ele apresentou os conceitos do BIM, dentre eles a modelagem tridimensional, a geração automática de desenhos, componentes paramétricos, bancos de dados relacionais e descrição temporal das fases do processo construtivo. Uma das primeiras ferramentas BiM disponíveis no mercado foi a ArchiCAD da Graphisoft, atualmente o número de softwares é significativo (IBRAHIM; KRAWCZYK; SCHIPPOREIT, 2004). Andrade e Rushel (2009) destacam que o conceito engloba as tecnologias e os processos a serem preconizados na produção, na comunicação e na análise dos modelos de construção. A integração total permite a convergência dos esforços da equipe de elaboração de projetos e orçamentos voltada para obtenção de um modelo único da edificação. Os autores enfatizam ainda o quanto esse tipo de prática pode ser decisivo para a qualidade de todo o processo de elaboração de projetos de forma a agergar coerência e competitividade à elaboração de propostas contribuindo para redução do tempo e do custo da construção. 11 Pode-se definir o Building Information Modeling (BIM) não somente como um modelo para visualizar o espaço projetado, mas como um modelo digital elaborado com base em dados suficientemente detalhados com grande aumento de produtividade e racionalização do processo. Nesse sistema o edifício virtual é composto por objetos codificados representativos e descritivos da edificação real. A representação dos objetos é feita através de parâmetros como comprimento, largura e altura e é possível atribuir atributos parametrizáveis como finalidade, materiais, especificações e até o fabricante e preço. Assim, o objeto se comporta no edifício virtual de representando a realidade e obtém-se um orçamento adequado às especificações requeridas para cada objeto (CRESPO e RUSHEL, 2005). Ainda segundo Crespo e Rushel cada objeto pode ter um determinado número finito de parâmetros que irá resolver sua forma. Num projeto convencional esses objetos são apenas elementos gráficos como linhas, circunferências, arcos ou curvas não possibilitando agregar as informações de custos, simulações de segurança, de habitabilidade e de sustentabilidade como no conceito BIM (HONDA, 2016). E diversas estratégias podem ser adotadas para integrar da melhor maneira possível as diferentes disciplinas do projeto num sistema BIM, dentre elas pode-se destacar: a. A implementação de módulos adicionais dos projetos complementares no mesmo software do projeto arquitetônico; b. A exportação do módulo arquitetônico na forma de arquivo de dados; c. Empregar Applicaton Programming Interface – (API) no desenvolvimento de aplicações específicas. A implementação do sistema BIM conforme as estratégias supracitadas tem sido fortemente alavancada pelo desenvolvimento da tecnologia da informação permitindo o surgimento de inúmeros softwares adequados às distintas disciplinas de projeto. As 12 ferramentas de implementação são classificadas pelo Georgia institute of Technology (Atlanta, EUA) segundo Honda (2016) em ferramentas preliminares para planejamento e concepção inicial dos espaços do edifício, para estudos de massa e de viabilidade, análise ambiental preliminar e estimativa inicial de custos. São elencadas também as ferramentas de projeto arquitetônico e de projeto estrutural, as ferramentas BIM de construção, ferramentas de fabricação, análise ambiental, gerenciamento, orçamento, especificação, de gerenciamento e operação do edifício, e para projeto de sistemas prediais. Conforme estabelecido por Honda (2016)os softwares disponíveis no mercado se adequam às disciplinas de projeto segundo a representação no quadro 1. Quadro 1: Softwares de conceito BIM de acordo com as disciplinas de projeto Fase do empreendimento Ferramenta BIM Projeto conceitual Dprofiler - Beck Technologies BIM 3D Revit Architecture - Autodesk ArchiCAD – Graphisoft Vectorworks Architect - Nemetschek Bentley Architecture Gehry Digital Project Tekla Structures – Trimble Revit Structure – Autodesk CAD/TQS Bentley Structural ProSteel 3D Revit MEP – Autodesk ArchiCAD MEP Bentley – Building Electrical Systems MagiCAD DDS‐CAD Electrical Bentley Mechanical Systems BIM 4D Solibri Naviswork – Autodesk Synchro BIM 5D Solibri Vico Software BIM 6D Bentley Facilities 13 ArchiFM Rambyg Archibus Fonte: Adaptado de Honda (2016). Apesar do significativo número de softwares que permitem a implementação do sistema BIM, deve-se destacar que não se trata de um software específico para visualizar a edificação em 3D. A efetividade da das vantagens associadas ao BIM associa-se à interpretação por meio da utilização dos softwares que incorporam as metodologias de visualização 3D, de construção de edifícios virtuais através de objetos codificados aos serviços de comunicação e colaboração globais aproveitando os dados disponíveis. Além disso, o desenvolvimento teórico do BIM ainda necessita tem potencial para avançar muito principalmente no sentido de desenvolvimento de novas abordagens a serem integradas às tecnologias. Os pacotes de softwares geralmente se orientam em duas vertentes de integrar modelação BIM à análise estrutural e plataformas mais completas abrangendo planejamento de custos e manutenção (NINO, AZENHA e LOURENÇO, 2012). Nesse sentido, o software Revit Architeture da Autodesk se destacou como um dos mais empregados para a modelagem BIM. Associa-se esse fato à forte presença da Autodesk Inc., sua desenvolvedora, no mercado da construção civil. A empresa possui também o Autocad, que é amplamente empregado na geração de desenhos digitais e, como ambos seguem o mesmo layout torna-se mais fácil seu entendimento e trabalhabilidade pelos profissionais (HONDA, 2016). O conceito utilizado pelo Revit para organização dos elementos é conceito de famílias, no qual um conjunto de elementos parâmetros relacionados a um objeto gráfico. São as famílias que que controlam as configurações de tabela, elementos anotativos de representação gráfica e do sistema. A versão padrão do softwares possui famílias previamente instaladas e podem ser adaptadas às particularidades dos países de atuaçãoda Autodesk. O pacote brasileiro versão 2016, por exemplo, tem pacote de instalação em português e quatro famílias que apresentam os elementos normalmente empregados no Brasil. O projeto é elaborado de maneira compartilhada pelos diferentes profissionais envolvidos de maneira que um único modelo é compartilhados em ambiente extranet e executa-se a modelagem do edifício virtual. Os profissionais trabalham em seus ambientes isoladamente e as atualizações ocorrem sincronizadamente num banco de 14 dados central. As mesmas são sinalizadas a todos os profissionais, analisa-se e permite- se ou não as alterações, num processo de validação em grupo que permite a identificação de inconsistências entre o projeto arquitetônico e os projetos complementares. 2.3.Estudo comparativo de orçamentos Quando se busca a compatibilização de projetos é possível realizar uma extração dos quantitativos a partir dos projetos desenvolvidos em multicolaboração conforme explicitado anteriormente. Tais extrações são automatizadas pelo Revit através da ferramenta de geração de quantidades do software e exportadas em formato de texto (.txt) e, em seguida, importadas para planilhas de um outro software como o Microsoft Excel ou similares. Em comparação entre o método convencional e o levantamento de quantitativos pelo Revit 2016 Honda (2016) observou diferenças consideráveis. Para o método convencional o autor realizou a modelagem seguindo os projetos 2D, o levantamento dos materiais conforme projeto e o de quantitativo de forma manual através de uma planilha financeira da construtora em estudo. Em relação ao arquitetônico ele observou que as diferenças ocorreram principalmente no itens não unitários, ou seja, que necessitam de cálculos para volume, área, massa e as planilhas da construtora apresentaram valores superiores aos fornecidos pelo Revit. Em relação aos itens unitários como portas, torneiras, maçanetas, etc. não foram observadas variações significativas. Ao buscar desenvolver uma metodologia para orçamentação com o Revit, Fenato e colaboradores (2018) realizaram um estudo exploratório e observaram a falta de capacidade do programa em reconhecer alguns objetos, como os elementos estruturais (pilar, viga e laje), por exemplo. Isso acarreta na impossibilidade de modelar furos nas vigas para passagem de tubulações e a subtração automática da geometria da estrutura na 15 alvenaria. Os autores realizaram uma modelagem que preconiza a aplicação de objetos por camadas, ou seja, em cada etapa operacional modela-se um objeto independente e extraíram os quantitativos através do método de tabelas. Por esse método os quantitativos são extraídos segundo classes de objetos em tabelas independentes. Fenato et al (2018) observaram então que o Revit não desconta a largura das portas ao calcular o perímetro das paredes e que a área dos objetos é calculada com desconto de todos os vãos (portas, janelas...). Além disso, perceberam também a impossibilidade de identificação das esquadrias inseridas nas paredes somente pela tabela de quantitativos. Ainda conforme Fenato et al (2018) o Revit apresenta regras fixas de cálculos o que exige a identificação e compatibilização de critérios de quantificação utilizados pelo profissional que irá construir ou construtora e pelo software de modelagem. Em relação aos objetos, o Revit possui classes pré-definidas que determinam a geração das tabelas de quantitativos e o intercâmbio das informações das classes foi possibilitado pela inserção das tabelas em arquivo único. Dessa maneira os atores facilitaram a adequação dos quantitativos aos critérios da construtora. Pode-se dizer, então que a implementação do conceito BIM através do Revit é uma alternativa interessante desde que as limitações sejam superadas. Para Fenato e colaboradores deve-se empregar parâmetros calculados para a modelagem com o intuito de possibilitar a automatização do processo de extração de quantitativos propostos pelo BIM. O uso dos parâmetros calculados, entretanto, não permite-se visualizar as operações de produção do produto no modelo 3D. Por outro lado o BIM 5D permite a implementação do BIM de maneira completa através do desenvolvimento de classes de objetos que sejam unicamente voltados à modelagem das operação. Em teste para aplicação do conceito BIM através do Revit para orçamento de obras públicas Felisberto (2017) observou que através da modelagem de poucos elementos já 16 era possível obter diversos serviços associados aos elementos. Para tal, inseriu-se parâmetros de texto para facilitar a pesquisa empregando um comendo denominado Find Itens do Navisworks, em acordo com a metodologia de árvore do fatores do SINAPI. O autor verificou também um significativo aumento de precisão do quantitativo através da criação de fórmulas. Financeiramente observou-se uma correlação bastante adequada dos orçamento feito manualmente e com a integração com a tabela SINAPI. Somente em um dos testes empregados pelos autores houve uma diferença importante – atribuída a inconsistências na tabela SINAPI – mas que demonstra a eficiência de utilização da ferramenta para analisar os custos através de um orçamento detalhado partindo-se de um projeto de baixa modelagem. Da maneira com que os orçamentos são feitos, fora do conceito BIM, os componentes do projeto são apurados e transcritos manualmente, a partir dos desenhos 2D para planilhas. Dessa maneira observa-se um dificuldade enorme na busca por informações porque a transposição de dados ocorre através de distintos arquivos de texto que são fragmentados e travam a recuperação de informações. Quando se transferem dimensões geométricas e outras informações de um componente do projeto a identificação do elemento do projeto relacionadas às informações é muito difícil. Quando se busca atingir metas de custo o entendimento do que é considerado para o cálculo de quantitativos é essencial para cada um dos itens do orçamento e a busca de informações deveria, portanto, ser facilitada. A gestão da qualidade dos empreendimentos construtivo é fortemente ampliada pela utilização do conceito BIM, principalmente quando se consegue transpor os entraves apresentados pelo software como no caso do Revit. Assim, a rastreabilidade das informações, a confiabilidade das planilhas e as facilitações para o gestor do empreendimento garantem a qualidade total do projeto. 17 É importante destacar também o custo para implementação do sistema BIM empregando software Revit. Trata-se de um investimento elevado que causará impacto no patrimônio de empresas de médio e pequeno porte. Antes de tomar a decisão então, deve-se avaliar o fluxo de projetos e aprimorar-se o máximo possível o sistema próprio de elaboração de orçamentos. Observa-se também que não se trata de uma plataforma de muita clareza operacional e que ainda tem limitações, portanto, é essencial que o profissional conheça profundamente o projeto e tenha se especializado tanto na implementação do BIM quanto na manipulação do software. CONSIDERAÇÕES FINAIS A elaboração de um orçamento de projeto determina sua viabilidade, auxilia na tomada de decisão durante o empreendimento, pode acarretar vantagens competitivas num processo licitatório e, muitas vezes, determina a escolha do projeto. O mercado cada vez mais exigente demanda orçamentos otimizados e empreendimentos com cronogramas realistas, além de atendimento a padrões de qualidade. Nesse sentido a forma com que os orçamento tradicionalmente são elaborados acarreta na exposição a uma série de erros, em desperdício de materiais e não cumprimento do cronograma o que vai de encontro às exigências do mercado atual e as soluções tecnológicas auxiliam o profissional de engenharia civil a se alinhar ao mercado. Isso porque, no modo convencional, elabora-se uma planilha orçamentáriaa partir da leitura da documentação da obra que compõe os projetos e memoriais descritivos das distintas disciplinas de construção. Baseando-se no projeto bidimensional, o profissional que está elaborando o orçamento mede todos os elementos do projeto, os identifica através de códigos e os agrupa em uma tabela. Trata-se de um processo tedioso ao qual são dedicada diversas horas de trabalho e que está susceptível a uma série de erros o que 18 leva a um baixo nível de confiabilidade e padronização dos orçamentos e cronogramas de execução. Uma das soluções tecnológicas à disposição do orçamentista é o uso de softwares compatibilizados que proporcionam a automação na importação dos dados de um projeto tridimensional para uma planilha de orçamento e cronograma de execução. O Autodesk Revit é um desses softwares que se insere no modelo BIM (modelagem da informação da construção) e possibilita a criação ou extração de informações relacionadas à construção a partir de um banco de dados centralizado. Nota-se entretanto, que o software tem uma licença de alto custo, demanda a utilização de computadores potentes e profissionais com elevado nível de treinamento. Assim através deste trabalho de pesquisa verificou-se o emprego do software Autodesk Revit para os profissionais orçamentistas em diferentes empreendimentos. Verificou-se que quando se emprega o software Revit para implementação do conceito BIM a estimativa dos quantitativos que dependem de cálculo são mais precisas do que pelo método convencional. Além disso, verificou-se que quando o parâmetro orçamentário é a tabela SINAPI as diferenças são minimizadas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS HONDA, V. Y. Autodesk Revit 2016 software evaluation to quantity takeoff through building information modeling. 2016. 110 f. Trabalho de conclusão de graduação (Graduação em Engenharia Civil) – Faculdade de Engenharia do Campus de Guaratinguetá, Universidade Estadual Paulista, Guaratinguetá, 2016. SILVA, J. L.; COMPARIN, L.L. Estudo de caso: análise comparativa do orçamento e planejamento de uma residência unifamiliar utilizando as ferramentas autocad e 19 revit. 2016. 89 f. Trabalho de conclusão de graduação (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Câmpus Pato Branco, Pato Branco, 2016. VIEIRA, J. S. Revit: uma visão para orçamentação. 2018. 119 f. Trabalho de conclusão de graduação (Graduação em Engenharia Civil) – Universidade do Sul de Santa Catarina, Palhoça, 2018. CRESPO, C. .; RUSHEL, R.C. 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