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152 fumantes, usuária de drogas, má nutrição, falha ou ausência de cuidados de pré-natal. mãe menor que 20 anos e maior que 40, raça negra, paciente com baixas condições socioeconômicas. materna, fetal ou obstétrica. 80% dos partos prematuros sejam espontâneos e os restantes são iatrogênicos por indicação clínica de causa inflamação/infecção, hemorragia decidual, hiperdistensão uterina e estresse O baixo peso ao nascer (menor que 2500g) é o fator de risco isolado mais importante para a mortalidade infantil. A prematuridade é um dos fatores determinantes mais importantes da mortalidade infantil. Bebês recém nascidos – quem são? É o RN que nasceu antes de fazer 37 semanas de idade gestacional considerando a última DUM ou USG precoce quando não se sabe a DUM. São classificados em: (1) Baixo peso quando menor de 2500g. (2) Muito baixo peso quando menores de 1500g. (3) Extremo baixo peso quando menores de 1000g. AULA 37 - CUIDADOS NEONATAIS – PREMATURIDADE INCIDÊNCIA A maioria dos pré-termo ocorre entre as 32 e 37 semanas (85%), sendo que apenas 5% dos partos prematuros ocorre antes das 28 semanas. A prevalência é de 10% e tem-se mantido estável nas últimas décadas mesmo com as tentativas de diminuir o nascimento de prematuros . A importância da prematuridade se dá por uma incidência muito elevada, alta morbiletalidade fetal, alto custo para manter o bebê prematuro e também por haver possibilidade de prevenção. ETIOLOGIA Estima-se que A etiopatogênese é complexa e apenas parcialmente conhecida. Os fatores mais apontados como iniciadores/desencadeadores são: FATORES DE RISCO Demográficos: Comportamentais: RISCOS PRÉ-GESTACIONAIS FATORES DE RISCO MATERNOS COM COMPLICAÇÕES OBSTÉTRICAS NASCIMENTO PREMATURO Reanimação neonatal de acordo com as normas da sociedade brasileira de pediatria (dividida em menor ou igual a 34 semanas e maiores de 34 semanas). Nascidos com menos de 1500g – 2 em cada 3 RN necessitam de manobras de reanimação e entre 34-36 semanas 2 em PARTICULARIDADES DO PREMATURO Imaturidade e fragilidade da pele, controle térmico, controle hidroeletrolítico e da função renal, acesso venoso, nutrição, imaturidade imunológica/infecção, imaturidade gastrointestinal, manejo da dor, síndrome do desconforto respiratório, apneia da prematuridade, taquipneia transitória do recém-nascido, icterícia, hemorragia intraventricular, desenvolvimento neurológico/ambiente. CONTROLE TÉRMICO A exposição ao frio aumenta a taxa de metabolismo e o consumo de oxigênio e em RNs hipoxêmicos agrava a acidose láctica. Portanto não é surpreendente que a manutenção da temperatura adequada seja um dos meios mais efetivos de reduzir a mortalidade do RN prematuro. A hipotermia do RN prematuro é motivo de grande preocupação. Além de ocorrer frequentemente, é fator de risco para pior prognóstico, aumentando a morbidade e a mortalidade neonatais. HIPOTERMIA A OMS define como faixa de normalidade a temperatura do RN de 36,6 a 37ºC e classifica a hipotermia conforme a gravidade. cada 10 RN. membranas, malformações fetais, infecções congênitas, iatrogênicas (cesárea eletiva). Gestação múltipla, anomalias do volume do líquido amniótico, sangramentos gestacionais, rotura prematura de adequado e testado, UTI de prontidão em caso de antecipação do parto. Cuidados especiais: local do nascimento – preferir locais com UTI sempre que possível, equipe treinada, material Patologias associadas: hipertensão, diabetes, colagenoses, nefropatias e outras. Malformações uterinas: útero bicorno, didelfo, septado, incompetência istmo cervical. História obstétrica: intervalo interpartal curto, antecedente de prematuro e aborto tardio. oxidativo. 153 Potencial estresse do frio (hipotermia leve): 36,0-36,4ºC. Hipotermia moderada: 32,0-35,9ºC. Hipotermia grave: menor que 32,0ºC. A OMS recomenda que todos os RN sejam mantidos em temperatura ambiente de no mínimo 25ºC. A hipotermia leva à diminuição da produção de surfactante e aumento do consumo de oxigênio e causa depleção das reservas calóricas, contribuindo para agravamento de insuficiência respiratória. Na hipotermia grave pode ocorrer hipotensão, bradicardia e algumas vezes sangramento generalizado, hemorragia pulmonar e óbito. Hipotermia logo após o nascimento ocorre em pelo menos 25% dos RN prematuros de baixo peso e atinge cerca de 50% dos RN prematuros de muito baixo peso e dos menores de 34 semanas de idade gestacional. Por que é tão frequente? Grande superfície corporal, pobreza de tecido celular subcutâneo, mecanismos deficientes de produção e dissipação de calor e pouca gordura marrom. O que fazer? Aquecimento com calor radiante, incubadora ou aquecimento lento monitorado. O mais eficaz é evitar hipotermia. Reanimação no berço aquecido, sala a 25ºC, pré-aquecer campos, trocar campos úmidos. Utilizar touca dupla e saco plástico, incubadora de transporte, manter incubadora aquecida e umidificada. Em casos que não há esses aparelhos a disposição, colocar o bebê em canguru – pele a pele com a mãe. NUTRIÇÃO E HIDRATAÇÃO Bebês prematuros têm baixa reserva, sucção e deglutição deficientes, baixa capacidade gástrica, metabolismo e excreção renal deficientes. Necessidades calóricas: 50-100cal/kg/dia na primeira semana. 100-130cal/kg/dia a partir da segunda semana. A nutrição parenteral deve ser mantida até se atingir as necessidades através da nutrição enteral. divisor de águas para sobrevivência dos prematuros extremos. Utilizar SEMPRE leite materno, de preferência cru – sai do seio da mãe e vai imediatamente para o bebê pela sonda (quando possível). Utilizar sonda orogástrica nos RNs naqueles sem maturidade de deglutição (em torno de 34 semanas). DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS Por que ocorrem? Antes de 26 semanas ocorre mínima produção de surfactante – passando do estágio canalicular para o estágio de saco terminal (vasos sanguíneos ainda muito distantes dos brônquios). A partir de 26 semanas a rede capilar começa a proliferar e permitir troca gasosa. No último estágio a membrana alvéolo-capilar termina a maturação e ocorre a alveolização. Resumindo: imaturidade estrutural (alveolização ocorre depois das 32 semanas), deficiência quantitativa e qualitativa de surfactante, instabilidade da caixa torácica, baixa reserva energética muscular, imaturidade e fragilidade dos capilares pulmonares, superfície para trocas gasosas inadequadas. Síndrome da angústia respiratória do RN: É uma doença da membrana hialina no qual os alvéolos dos pulmões do recém-nascido não permanecem abertos por causa da elevada tensão superficial resultante da produção/ação insuficiente de surfactante. Quanto menor a idade gestacional maior a prevalência. Pode apresentar dispneia, taquipneia ou evolui para bradipneia, sinais de desconforto respiratório progressivo (gemência, retração esternal, subcostal, fúrcula, batimento da asa nasal), cianose periférica ou central e apneia. É possível tratar com surfactante exógeno. Coloca-se o surfactante por dentro da cânula para diminuir a tensão superficial e conseguir ventilar o bebê. Taquipneia transitória do RN: A TTRN ou síndrome do pulmão úmido é caracterizada por um desconforto respiratório leve a moderado, geralmente de evolução benigna – com o passar das horas a criança vai melhorando, decorrente de retardo na absorção do líquido pulmonar após o nascimento. RN termo limítrofe ou prematuro tardio, principalmente parto cesárea sem trabalho de parto, filhos de mães diabéticas (a diabetes materna leva a uma diminuição na efetividade do surfactante) e asfixia perinatal. Apneia da prematuridade: É caracterizada por pausa respiratória superior a 20 segundos, ou entre 10-15 segundos se acompanhada de bradicardia, cianose ou queda de saturação de oxigênio. Geralmente causada pela imaturidade da área cerebral que controla a respiração (para respirar eu aumento as quantidades deCO2 Estimula os quimiorreceptores Ocorre o estímulo da respiração Diminui o CO2) – no prematuro o centro respiratório é insensível ao estímulo de CO2. Por isso é importante coletar PCO2 de prematuros. Muitas vezes está muito elevado e o prematuro não responde aumentando a FR pois não é sensível a esse estímulo. Ocorre mais frequentemente em bebês que nascem com menos de 34 semanas. O tratamento é com estimulantes (cafeína), suporte não invasivo (CPAP). ICTERÍCIA A imaturidade metabólica leva a níveis mais altos de bilirrubina indireta, aumentando o risco de encefalopatia (níveis de bilirrubina mais baixos para indicação de fototerapia pois mesmo em níveis mais baixos as sequelas podem ser graves no SNC). Necessidade de fototerapia mais precoce e por tempo maior pelo risco aumentado de lesão no SNC. 154 IMATURIDADE NEURONAL/RISCO DE HEMORRAGIA CEREBRAL O SNC imaturo é muito vulnerável a eventos hipóxicos e isquêmicos pois todas as estruturas são mais frágeis que o habitual. Pode ocorrer oscilação do fluxo sanguíneo e isso gera um risco aumentado de hemorragia peri-intraventricular (HPIV) e leucomalácia periventricular (LPV) – lesão que ocorre por oxigênio em baixos níveis. Apesar disso, o cérebro do bebê tem uma plasticidade bastante grande, então quando ocorre uma hemorragia, por exemplo, o local lesionado cicatriza e outra parte do cérebro assume a função do local acometido, muitas vezes evitando sequelas graves. IMATURIDADE DO SISTEMA IMUNE/INFECÇÕES Quanto menor o prematuro, maior o risco de infecção e menos exuberante o quadro clínico – muitas vezes até assintomático. Há uma deficiência quantitativa e qualitativa do sistema imunológico. Além disso a barreira (pele) é muito imatura promovendo maior ocorrência de infecções. HIPOGLICEMIA (glicemia plasmática < 40 mg/dL) Pacientes de risco: RCIU, gêmeos, filhos de mães com pré-eclâmpsia, prematuros, asfixia perinatal, hipotermia, RN de diabética. Manifestações clínicas: tremores, convulsões, apatia, recusa alimentar, apneia com bradicardia, cianose, hipotonia, hipotermia. Conduta: todo prematuro deve ficar com controle de HGT. Tratamento: bebês de 25 semanas precisam de glicose EV pois não possuem deglutição desenvolvida e não se alimentam VO. Se 34 semanas, reposição da é feita através da dieta. ATENDIMENTO INTEGRAL E MULTIDISCIPLINAR Humanização e método canguru – aumenta vínculo entre bebê e família além de ajudar o neném e evoluir de forma mais acelerada, diminuindo as chances de sequelas. O QUE PODEMOS FAZER PARA EVITAR SEQUELAS? Evitar o nascimento prematuro com assistência pré-natal adequada e identificação do risco das gestantes, cessação do tabagismo, evitar intervalo intergestacional curto, cerclagem e pessario em casos de incompetência cervical, tratamento de bacteriúria assintomática e ITU, corticoide antenatal, sulfato de magnésio para melhorar desfechos neurológicos em mães com pré-ecamplsia e nascimento com local onde haja UTI disponível. CUIDADOS PERINATAIS O parto pré-termo é um exemplo de uma situação clínica que requer articulação otimizada dos cuidados perinatais. Os resultados obtidos dependem diretamente da decisão do local do nascimento, das medidas terapêuticas/profiláticas instituídas, da via de parto e dos cuidados imediatos e continuados prestados ao recém-nascido. Fazer o preparo da família para acompanhamento em casa, evitar perda de seguimento com o ambulatório para puericultura de risco.
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