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ÉTICA NO DIREITO - IPEMIG

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ÉTICA NO DIREITO 
 
ÉTICA NO DIREITO 
BELO HORIZONTE / MG 
ÉTICA NO DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O advogado, como qualquer outro profissional, está submetido às 
normas de conduta profissional, tendo em vista à necessidade de 
uma postura ilibada, digna, decorosa, correta, independente, leal e 
verdadeira para que a própria classe de advogados seja vista como 
tal, dando-lhe credibilidade e respeito dos que dela precisam, além de 
se evitar as sanções estabelecidas. (Francisca Jamile Pinto de 
Mesquita) 
 
 
ÉTICA NO DIREITO 
SUMÁRIO 
1 CONCEITOS E PRINCÍPIOS BASILARES ........................................ 5 
2 DIVISÃO DA ÉTICA ........................................................................... 8 
2.1 Descrição ou prescrição como fundamento classificatório. ......... 9 
2.2 Éticas naturalistas e não-naturalistas .......................................... 9 
2.3 Éticas cognitivistas e não-cognitivistas ........................................ 9 
2.4 Éticas de motivos e éticas de fins.............................................. 10 
2.5 Éticas de bens e de fins ............................................................ 10 
2.6 Éticas materiais e éticas formais ............................................... 10 
2.7 Éticas Substancialistas e Procedimentalistas ............................ 11 
2.8 Éticas teleológicas e deontológicas ........................................... 12 
2.9 Éticas da intenção e éticas da responsabilidade ....................... 12 
2.10 Éticas de máximos e éticas de mínimos ................................ 13 
3 ÉTICA GREGA: GRANDES FILÓSOFOS E OS ENTENDIMENTOS 
DE ÉTICA ......................................................................................................... 14 
3.1 Ética para Sócrates ................................................................... 14 
3.2 Ética para Platão. ...................................................................... 16 
3.3 Ética para Aristóteles ................................................................. 19 
3.4 Ética para Estoicos .................................................................... 23 
3.5 Ética para Peter Singer ............................................................. 25 
4 A Crise Ética na Modernidade ......................................................... 26 
4.1.1 A NOÇÃO ÉTICA MODERNA: A ÉTICA E A MORAL ......... 28 
5 ÉTICA PROFISSIONAL ................................................................... 30 
6 O DIREITO E A SOCIEDADE .......................................................... 33 
7 OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ................................................. 33 
8 SIGILO PROFISSIONAL .................................................................. 38 
8.1.1 CARACTERÍSTICAS DO SIGILO PROFISSIONAL ............ 40 
8.2 CONFIABILIDADE..................................................................... 40 
8.3 PESSOALIDADE ....................................................................... 41 
8.3.1 OUTRAS CARACTERÍSTICAS AS QUAIS DEVEM SER 
ACRESCIDAS E SOMADAS AO TRIPÉ BÁSICO..................................... 42 
ÉTICA NO DIREITO 
9 O ADOGADO E A RELAÇÃO COM O CLIENTE ............................. 46 
9.1 PRAZO DO MANDATO ............................................................. 46 
10 CONFLITO DE INTERESSES ...................................................... 49 
10.1 RISCOS DA DEMANDA/CAUSA/PROCESSO ...................... 49 
11 DIREITOS DO ADVOGADO ......................................................... 50 
11.1 HIERARQUIA ENTRE ADVOGADO, MAGISTRADO E 
PROMOTOR 50 
11.2 EXERCÍCIO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL ............... 50 
11.3 INVIOLABILIDADE ................................................................. 51 
11.4 COMUNICAÇÃO RESERVADA COM SEUS CLIENTES 
PRESOS 51 
11.5 PRISÃO EM FLAGRANTE ..................................................... 52 
11.6 PRISÃO EM SALA DE ESTADO MAIOR ............................... 53 
11.7 DIREITO AO INGRESSO LIVRE ........................................... 53 
12 BIBLIOGRAFIA ............................................................................. 65 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÉTICA NO DIREITO 
1 CONCEITOS E PRINCÍPIOS BASILARES 
A Ética, de uma forma geral, pode ser tratada como um estudo dos 
costumes e da conduta humana, de acordo com a época e o local (Alyssion 
Rachid). 
 
Fonte: margaridats.blogspot.com.br 
 A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos 
e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os 
valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. 
 Em primeiro lugar, não podemos discutir ética sem antes 
estabelecermos algumas definições preliminares sobre o termo, sobre do que 
trata está área de conhecimento. Etimologicamente, o termo ética vem do 
grego derivado da palavra ethos, que diz respeito aos costumes, a conduta 
moral e aos hábitos dos homens em sociedade. 
Baseados nisso, podemos dizer que ética é uma parte da filosofia que 
lida com a compreensão das noções e dos princípios que sustentam as bases 
da moralidade social e da vida individual. Trata-se de uma reflexão sobre o agir 
e o valor das ações humanas em sociedade. É uma área da Filosofia que trata 
dos ideais e valores que devem ou deveriam existir na convivência humana. No 
dizer de Boff (2003, p.11) “Ética é um conjunto de valores e princípios, de 
inspirações e indicações que valem para todos, pois estão ancorados na nossa 
própria humanidade”. 
A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, 
possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora 
ÉTICA NO DIREITO 
não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de 
justiça social. 
A existência humana é permeada de questionamentos de cunho ético, 
que na maioria das vezes requerem respostas imediatas: Posso abortar? Devo 
denunciar quem tentou me subornar? Posso contaminar meus semelhantes 
com o vírus da AIDS? Essas questões de existência fatual existem, 
simplesmente, e de uma realidade normativa – aquilo que deve ser. Na 
tentativa de transformar “aquilo que é” “naquilo que deve ser” o homem se 
caracteriza como um ser moral. É refletindo acerca dessas questões que 
Sousa (2005) nos afirma que 
O homem é um ser que possui um senso ético e uma consciência moral. 
Isso quer dizer que constantemente ele avalia suas ações para saber se são 
boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. Além disso, faz juízos de 
valor sobre o modo de ser e de agir dos demais seres humanos. Nesse 
sentido, é possível que a ética ilumina a consciência humana, sustenta e dirige 
as ações do homem, norteando sua conduta individual e social (p. 27-28). 
Diante disso, podemos afirmar que a ética se preocupa diretamente com 
o comportamento do homem em sociedade, julgando como certa ou como 
errada as ações humanas. Nas palavras de Valls (1987, p. 7) “a ética pode ser 
o estudo das ações e costumes e pode ser a própria realização de um tipo de 
comportamento”. 
Parafraseando Vásquez (2006) a ética é um conjunto de valores morais 
e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para 
que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém 
saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com 
as leis materiais, está relacionada com o sentimento de justiça social. Segundo 
Vásquez (2006, p. 18), “ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos 
homens em sociedade. Ou seja, é a ciência de uma forma específica do 
comportamento humano”. 
A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos 
e culturais. É uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma 
sociedade e seus grupos. 
A ética se preocupa, [...] com as formas humanas de resolver as 
contradições entre necessidade e possibilidade, entretempo e eternidade, 
ÉTICA NO DIREITO 
entre indivíduo e o social, entre o econômico e o moral, entre o corporal e o 
psíquico, entre o natural e o cultural entre a inteligência e a vontade (VALLS, 
1987, p. 56). 
Pedimos licença para tecer um breve comentário sobre esta assertiva, 
uma vez que neste ponto é possível refletir que, sobre o uso da inteligência em 
relação aos preceitos éticos, o nosso agir passa pelo crivo da razão filosófica, o 
que pode nos levar ao controle de nossas vontades; sendo estas reveladas 
pelo controle de nosso instinto, caprichos e/ou desejos. Esse agir individual 
poderá incidir sobre o coletivo uma vez que cada sociedade e cada grupo 
possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por exemplo, sacrificar 
animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude 
pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Aproveitando o exemplo, 
a ética na área de pesquisas biológicas é denominada bioética. 
Além dos princípios gerais que norteiam as relações sociais, existe 
também a ética de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, 
podemos citar: ética médica, ética de trabalho, ética empresarial, ética 
educacional, ética nos esportes, ética jornalística, ética na política, etc. Uma 
pessoa que não segue a ética da sociedade a qual pertence é chamado de 
antiético, assim como o ato praticado. Dessa forma, é possível afirmar que a 
ética também é o respeito aos costumes gerais de uma determinada sociedade 
ou grupo. 
Os valores éticos podem se transformar. Assim como a sociedade se 
transforma. Nesse sentido, o que há tempos atrás era considerado errado hoje 
pode ser aceito. Desse modo, uma determinada ação só seria errada apenas 
enquanto ela não fosse o tipo de comportamento vigente (VALLS, 1987). 
A ética pode ser vista como uma reflexão acerca da influência que o 
código moral estabelecido exerce sobre a nossa subjetividade, e acerca de 
como lidamos com essas prescrições de conduta, se aceitamos de forma 
integral ou não esses valores normativos. Dessa forma, até que ponto nós 
damos o efetivo valor a tais valores. Poderíamos então sintetizar essa breve 
reflexão afirmando que o julgamento ético é sempre uma decisão subjetivo-
pessoal do indivíduo baseado nos costumes sociais vigentes em um 
determinado grupo social, época e lugar. 
ÉTICA NO DIREITO 
De acordo com Chauí (2008), a filosofia moral ou a disciplina 
denominada ética nasce quando se passa a indagar o que são, de onde vêm e 
o que valem os costumes. Isto é, nasce quando também se busca 
compreender o caráter de cada pessoa, isto é, o senso moral e consciência 
moral individual. Assim, podemos dizer que o Senso Moral é a maneira como 
avaliamos nossa situação e a dos outros segundo ideais como o de justiça, 
injustiça, bom e mal. 
Para concluir essa sessão, podemos dizer que a ética, é uma reflexão 
filosófica, puramente racional, sobre a moral. Assim, procura justificá-la e 
fundamentá-la, encontrando as regras que, efetivamente, são importantes e 
podem ser entendidas como uma boa conduta a nível mundial e aplicável a 
todos os sujeitos, o que faz com que a ética seja de caráter universal, por 
oposto ao caráter restrito da moral, visto que esta pertence a indivíduos, 
comunidades e/ou sociedades, variando de pessoa para pessoa, de 
comunidade para comunidade, de sociedade para sociedade. O objeto de 
estudo da ética é, portanto, o que guia a ação: os motivos, as causas, os 
princípios, as máximas, as circunstâncias; mas também analisa as 
consequências dessas ações. 
Desta forma, é possível afirmarmos que violar um princípio ético exige 
coragem individual e que a ética, por sua vez, sofre mudanças sociais porque o 
indivíduo se propõe mudar um costume coletivo, o que por vez, pode 
influenciar outros indivíduos a agir sob a mesma conduta, causando (ou não) 
com isso, as mudanças de hábito/costumes/morais na sociedade na qual o 
indivíduo está inserido. 
 A ética não se identifica com nenhum código moral, mas isso não 
significa que ela seja neutra diante dos diferentes códigos, pois ela é crítica dos 
costumes morais. 
2 DIVISÃO DA ÉTICA 
Variedade de enfoques na ética tem sua origem na diversidade dos 
métodos filosóficos empregados para entender o fenômeno moral ou pela 
contraposição a teorias éticas anteriores. Desses confrontos surgem várias 
classificações. Respondem a diversos modos lógicos de entender o moral, 
ÉTICA NO DIREITO 
destacando mais um aspecto do fenômeno moral. Por isso, cada uma delas, 
corresponde a uma vertente do fenômeno total da moralidade. As 
classificações ajudam a se aproximar da lógica da ação moral. 
2.1 Descrição ou prescrição como fundamento classificatório. 
Durante algumas décadas esteve difundida a classificação entre éticas 
normativas e descritivas. Alguns filósofos morais descrevem como as pessoas 
se comportam de fato em relação a assuntos morais, outros apontam para o 
modo como as pessoas devem comportar-se. O primeiro considera a moral 
como um fenômeno a ser descrito e explicado e o segundo como um conteúdo 
a ser recomendado. Hoje essa distinção é criticada, porque a dimensão 
normativa faz essencialmente parte da moral, embora diferentemente sob o 
ponto de vista cotidiano imediato ou sobre a perspectiva da filosofia moral que 
explica e fundamenta o fenômeno moral. 
2.2 Éticas naturalistas e não-naturalistas 
Esta classificação foi proposta por Moore com o objetivo de mostrar que 
a moral não se identifica com fenômenos naturais que afetam a vida humana. 
Daí que éticas que reduzem a moral ao prazeroso ou a busca da felicidade 
seriam naturalistas, enquanto que aquelas que concebem a moral como um 
âmbito autônomo, irredutível a outros fenômenos, seriam éticas não 
naturalistas. 
2.3 Éticas cognitivistas e não-cognitivistas 
Diz respeito à possibilidade de enunciados morais suscetíveis de 
verdade ou falsidade. Assim as primeiras consideram a moral como mais um 
âmbito do conhecimento cujos enunciados podem ser verdadeiros ou falsos. As 
não cognitivistas negam que se possa falar de verdade ou falsidade com 
respeito à moral, concebendo-a como algo alheio ao conhecimento. Hoje o 
cognitivismo moral aparece sob outra forma em que a questão não é a verdade 
ou falsidade de enunciados morais, mas a possibilidade de argumentar 
ÉTICA NO DIREITO 
racionalmente para chegar a normas morais. A questão não é lógica, mas 
dialógica. Este é o caso da ética do discurso. 
2.4 Éticas de motivos e éticas de fins 
Ambas encaram a natureza humana como uma pauta para a conduta, 
mas chegam a ela por caminhos diferentes. A ética de motivos realiza a 
investigação empírica das causas das ações. Pretende ver quais motivos 
efetivamente determinam a conduta humana. O bem ou o fim moral responde a 
aspirações afetivas. Desta vertente é o epicurismo e o utilitarismo. O problema 
desta ética é o subjetivismo dos motivos como fundamentação da moral. A 
ética dos fins supera este problema, investigando não tanto o que motiva, mas 
em que consiste o aperfeiçoamento e a plenitude humana, porque nisto reside 
o bem do ser humano. Assim o acesso à natureza não é empírico, como é o 
caso da primeira, mas tentará chegar à essência do ser humano. Nesta linha 
estão os gregos e os medievais. O positivo é a sua objetividade, mas o 
problema são as diferentes interpretações da essência humana. 
2.5 Éticas de bens e de fins 
As éticas de bens consideram que o bem moral consiste na realização 
de um fim subjetivo, isto é, na obtenção de um bem desejado. Algumas 
priorizam o conjunto dos bens sensíveis, outras fazem uma seleção. As éticas 
de fins defendem que o bem moral reside no cumprimento de um fim objetivo 
independente do desejo do sujeito. 
Este fim pode ser o aperfeiçoamento do indivíduo ou da sociedade. 
2.6 Éticas materiais e éticas formais 
Classificação procede de Kant. Aséticas materiais afirmam que o critério 
de moralidade para avaliar ações, são os enunciados com conteúdo, pois 
existem bens e valores moralmente determinados. Aqui o fundamento da moral 
é definido pela ontologia, teologia, sociologia ou psicologia empírica, mas não a 
partir da própria moralidade. A fundamentação proposta por Kant foi uma 
ÉTICA NO DIREITO 
revolução em relação a esse modo de fundar a moral, pois aposta na 
autonomia e não na heteronomia. 
As éticas formais dizem que o bem moral não depende de um conteúdo, 
mas da forma de alguns comandos. Normas que assumem determinada forma 
são válidas, porque assumem a forma da razão. Essa forma evidencia-se 
quando se adota a perspectiva da igualdade (em um mundo de pessoas 
empiricamente desiguais) e da universalidade (em um mundo com indivíduos, 
dotadas de preferências subjetivas). A vontade que adota essas perspectivas 
atua autonomamente, racionalmente e humanamente, pois cria um mundo 
humano (moral, jurídico, político, religioso) em meio a um mundo empírico. Ela 
é a base da moralidade. 
2.7 Éticas Substancialistas e Procedimentalistas 
As éticas procedimentais (Habermas, Appel, Kohlberg) seguem o 
formalismo de Kant, substituindo alguns elementos criticáveis. Defendem que a 
ética não tem como tarefa recomendar conteúdos morais concretos, mas 
apenas descobrir procedimentos que possam legitimar ou deslegitimar normas 
procedentes da vida cotidiana. O procedimento básico é a racionalidade prática 
no sentido kantiano, isto é, o ponto de vista de uma vontade racional 
universalizável. O que a razão propõe como obrigatório não pode identificar-se 
com o que de fato se deseja ou o que subjetivamente convém, mas o que 
qualquer pessoa desejaria adotar na perspectiva da igualdade e da 
universalidade, porque este é o ponto de vista moral. 
Uma limitação do formalismo kantiano era a concepção monológica da 
razão. Os procedimentalistas propõem uma visão dialógica da razão. Isso 
aparece na ética de Rawls, na ética do discurso e na teoria de Kohlberg. 
As éticas substancialistas afirmam que é impossível falar de normas sem 
ter como pano de fundo uma concepção partilhada do que é uma vida 
moralmente boa. Para eles, a principal questão, no âmbito da moral, não são 
as normas morais justas, mas os fins, os bens, as virtudes comunitariamente 
vividas num contexto vital concreto. Eles criticam os procedimentalistas por não 
serem capazes de criar laços de coesão social e de terem uma visão abstrata e 
vazia. 
ÉTICA NO DIREITO 
2.8 Éticas teleológicas e deontológicas 
Alguns distinguem entre éticas que prestam atenção às consequências, 
identificadas com as teleológicas (teleos designa em grego o fim), e éticas que 
não as levam em consideração, pois estão centradas no dever, sendo 
denominadas de deontológicas (deón em grego é dever). Mas essa distinção 
não é mais útil, porque nenhuma teoria ética hoje desconsidera as 
consequências. 
Teleológica é uma ética que sustenta que o que é correto só pode ser 
definido a partir das consequências que uma dada ação produz. Isso se dá por 
que para esse tipo de teoria ética, só podemos afirmar o que é correto se antes 
definirmos o bem a ser alcançado. 
Seguindo Frankena, Rawls propõe outra definição mais adequada. 
Éticas teleológicas ocupam-se em discernir o que é o bem não moral antes de 
determinar o dever, considerando moralmente boa a maximização do bem não 
moral. Éticas deontológicas definem o âmbito do dever antes de se ocupar do 
bem, só considerando bom o que é adequado ao dever. 
Apesar das duas teorias, teleológica e deontológica, terem concepções 
diferentes, isso não quer dizer que as duas são contrárias em tudo. Em muitos 
casos as duas possuem a mesma opinião a cerca de uma determinada ação. O 
que vai diferenciar são as justificativas que as duas encontram para se opor a 
esta ação. 
2.9 Éticas da intenção e éticas da responsabilidade 
A distinção foi introduzida por Max Weber no seu trabalho sobre a 
Política como vocação. Para o político apresentam-se duas atitudes possíveis: 
seguir a ética absoluta incondicionada ou a ética da responsabilidade. Para a 
primeira, importam a convicção interna, a pureza de intenção, a correção da 
religião. A segunda, ao contrário, atende aos efeitos das ações pelos quais 
assume a responsabilidade. 
O eticista da convicção ou da intenção fundamenta a sua ação na 
convicção do racionalismo cósmico-ético. O eticista da responsabilidade se 
apoia na justificação dos meios pelo fim. O principal defeito da ética da 
ÉTICA NO DIREITO 
intenção é o mal não desejado como consequência da ação bem intencionada, 
enquanto que o da ética da responsabilidade é o mal aceito como meio para o 
fim. Weber propõe que as duas devem complementar-se. 
2.10 Éticas de máximos e éticas de mínimos 
Muitos autores propõem a distinção entre o justo e o bom dentro do 
fenômeno global da moralidade. Os dois se complementam, pois não posso 
definir o justo sem ter alguma ideia de vida boa, nem posso esboçar um ideal 
de felicidade sem considerar os elementos da justiça. Apesar disso é 
importante distingui-los, porque justo é aquilo que é exigível de todos, tendo 
presente interesses universalizáveis. A justiça refere-se ao que é exigível no 
fenômeno moral, além de ser exigível para qualquer ser racional que queira 
pensar moralmente. Portanto justo é aquilo que satisfaz os interesses 
universalizáveis atingidos por um diálogo entre todos os afetados em condições 
de simetria. 
Ao contrário, quando falamos que algo é bom ou que proporciona 
felicidade não podemos exigir que qualquer ser racional o considere como 
bom, porque essa é uma opção subjetiva. Por isso ganha espaço hoje a 
distinção entre éticas de mínimos (éticas da justiça) e éticas de máximos 
(éticas de felicidade). As primeiras ocupam-se da dimensão universalizável do 
fenômeno moral, isto é, daqueles deveres exigíveis de qualquer ser racional, 
identificada com as exigências mínimas. As éticas de felicidade oferecem 
ideais de vida boa, possíveis de hierarquização, para atingir a maior felicidade. 
Trata-se de éticas de máximos que aconselham modelos morais que 
dependem de uma opção subjetiva, não sendo exigíveis para qualquer ser 
racional. 
Nesse campo existe um pluralismo axiológico de modelos (axios = 
valor). 
ÉTICA NO DIREITO 
3 ÉTICA GREGA: GRANDES FILÓSOFOS E OS ENTENDIMENTOS DE 
ÉTICA 
 
Fonte: portalconscienciapolitica.com.br 
A ética pode ser entendida como um estudo ou uma reflexão sobre 
ações, costumes ou comportamentos. 
 É de extrema importância destacar que a ética está diretamente ligada 
aos hábitos e costumes, e esses mudam de acordo com o tempo e a 
localização. Sendo assim, o que é considerado ético hoje, pode não o ser 
amanhã e o que é considerado certo em determinado país ou localidade, pode 
não o ser em outro. Álvaro Valls (2000) traz assim, uma definição mais 
abrangente de ética, onde a entende como hábitos e comportamentos aceitos 
em determinado espaço de tempo e em determinada localidade de acordo com 
os costumes vigentes, enquanto considerados morais pela maioria da 
sociedade, deixando clara a condição situacional da ética. 
3.1 Ética para Sócrates 
 
Fonte:dannybia.com 
ÉTICA NO DIREITO 
Os grandes pensadores da ética buscaram uma universalização dos 
princípios éticos. No entanto, a grande diversidade de costumes e culturas, 
torna difícil essa universalidade. 
Alguns pensadores se destacaram, conforme mostra Valls (2000) e não 
podem deixar de serem citados no estudo da ética. Na Grécia antiga, entre os 
anos de 500 e 300 a.C., aproximadamente, pode-se encontrar inúmeras 
reflexões acerca da ética que são de extrema importância não somente para 
aquele tempo, mas para todo o fundamento do pensamento sobre a ética até 
os dias de hoje. 
 Dentre eles, encontra-se o grego Sócrates que viveu entre470 e 399 
a.C. e que se destaca por ter desafiado a cidade-estado, questionando as leis, 
mesmo obedecendo-as, fazendo com que o conservadorismo grego o 
condenasse a beber veneno. Apesar de não ter deixado nada escrito, seus 
ensinamentos podem ser observados por intermédio dos seus discípulos, 
dentre eles Platão em seus diálogos. Séculos depois, Sócrates foi chamado de 
fundador da moral, pela tentativa de compreensão da justiça através da sua 
convicção pessoal. Valls (2000) aborda moral como sinônimo. Para muitos, 
Sócrates de ética, com pequeno destaque para a interiorização das normas. 
Platão, que viveu entre 427 e 347 a.C., discípulo de Sócrates, acreditava que 
todos os homens estavam em busca da felicidade, no entanto, sempre se 
questionava, onde estaria esse bem supremo. 
Ética para Sócrates basta saber o que é bondade para que se seja bom. 
Na época de Sócrates era uma noção perfeitamente coerente com o 
pensamento, ainda que não com a prática da sociedade grega. Para Sócrates 
pode ser atribuída à origem da ética (ou filosofia moral), tendo como ponto de 
partida a consciência do agente moral, “É sujeito ético ou moral somente 
aquele que sabe o que faz, conhece as causas e os fins de sua ação, o 
significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos valores 
morais”. Sócrates afirma que apenas o ignorante é vicioso ou incapaz de 
virtude, pois quem sabe o que é bem não poderá deixar de agir virtuosamente. 
Sócrates não foi somente o bom; procurou também a ciência do ser bom, a 
ética, à filosofia moral, a partir de princípios gerais absolutos, tendo como fim 
da ação a felicidade. 
ÉTICA NO DIREITO 
A ética para Sócrates reside no conhecimento e na felicidade. Aquele 
que comete o mal crê praticar algo que o leve à felicidade, por ter seu juízo 
enganado por meros "achismos”. Por isso é preciso, antes, conhecer a si 
mesmo. Depois disso valorizar acerca do bem e do mal. A felicidade, para ele, 
não se resumia a bens materiais, riquezas, conforto ou status perante os 
demais homens. Sua ética é, portanto, teleológica, a forma da moral é 
fundamentalmente finalista como todas as éticas antigas. Bom é o que atende 
aos fins do homem, em especial ao seu desejo de felicidade. A moral é, 
portanto, um bem viver em vista de uma hierarquia de faculdades do homem, a 
felicidade procurada se ordena de tal maneira a fazer prevalecer a do espírito. 
No caso de Sócrates este espírito resulta em certa rigidez, por causa do sem 
sentido das coisas materiais e da necessidade do purificar a alma de delitos 
anteriores. O comportamento quase ascético de Sócrates é resultado desta sua 
moral com base no dualismo órfico (dogmas, mistérios, princípios e poemas 
filosóficos atribuídos a Orfeu). 
3.2 Ética para Platão. 
Platão parecia acreditar em uma vida após a morte, demonstrando em 
seus diálogos à espera da felicidade especialmente depois da morte. Ele 
acreditava que esta vida devia servir de contemplação de ideias, dentre elas, a 
principal, a ideia do bem. Segundo João Mattar (2004), Platão teve outra 
importância, fundando o que pode ser considerada a primeira universidade da 
história da humanidade ao fundar sua Academia. Suas obras são descritas em 
diálogos e cartas. 
 
 
Fonte:profselione.blogspot.com.br 
ÉTICA NO DIREITO 
Como Sócrates, Platão também teve seus discípulos, dentre eles, 
Aristóteles, que viveu entre 384 e 322 a.C., pensador que analisava 
depoimentos sobre a vida das pessoas e das diferentes cidades gregas. 
Também compara o ser e o bem, relevando as diversidades de ambos e 
enfatizando que cada substância terá o seu ser em busca do seu bem, para 
que o homem atinja a felicidade. Mas Aristóteles compreende que o homem 
não necessita de um único bem supremo; em sua complexidade, necessita de 
vários bens, de diversos tipos, formando um conjunto. 
Segundo Álvaro Valls (2000). 
Platão propõe uma ética transcendente, dado que o fundamento de sua 
proposta ética não é a realidade empírica do mundo, nem mesmo as condutas 
humanas ou as relações humanas, mas sim o mundo inteligível. O filósofo 
centra suas indagações na Ideia perfeita, boa e justa que organiza a sociedade 
e dirige a conduta humana. As Ideias formam a realidade platônica e são os 
modelos segundo os quais os homens tem seus valores, leis, moral. Conforme 
o conhecimento das ideias, das essências, o homem obtém os princípios éticos 
que governam o mundo social. 
O uso reto da razão é entendido como o meio de alcançar os valores 
verdadeiros que devem ser seguidos pelos homens. No mito da caverna, o 
filósofo expõe a condição de ignorância na qual se encontra o homem ao lidar 
com o conhecimento das aparências. Somente pelo conhecimento racional o 
homem pode elevar-se até as Ideias, até o Ser e conhecer a verdade das 
coisas. Isto se dá através do método dialético, o qual elimina as aparências e 
encontra as essências, a verdade no conhecimento das coisas. Este método 
filosófico tem por finalidade libertar os homens da ignorância e levá-los ao 
conhecimento de ideia em ideia, até alcançar o conhecimento da Ideia 
Suprema: o Bem. As outras ideias participam desta e devem sua existência a 
esta. 
O Bem ilumina o ser com verdade, permitindo que seja conhecido, assim 
como o Sol ilumina os objetos e permite que sejam vistos – nota-se aqui a 
analogia entre Bem e Sol apresentada no mito da caverna. Existem diversas 
ideias e é devido à participação nestas, mesmo que enquanto cópia imperfeita, 
que se fez possível o mundo sensível. Ao contemplar a ideia do Bem, o homem 
ÉTICA NO DIREITO 
passa a sofrer as exigências do Ser, isto é, suas ações devem ser pautadas 
conforme a ideia contemplada. 
A alma humana – de suma relevância para a ética platônica- é tripartite, 
isto é, forma-se pela inteligência, pela irascibilidade e pela concupiscência. Tal 
como as partes da cidade ideal, cada uma das partes da alma possui suas 
funções específicas que não podem ser exercidas por nenhuma das outras 
partes. Cada uma das partes da cidade e, por analogia, cada uma das partes 
da alma, possui uma função própria a qual pode ser executada com excelência 
ou não, e, ao executá-la com excelência, sua virtude própria é exercida. 
A virtude é definida, pois, como capacidade de realizar a tarefa que lhe é 
inerente. No caso do governante da cidade e da alma racional, a virtude 
inerente aos mesmos é a sabedoria; no caso dos guerreiros e da parte irascível 
da alma, a virtude que lhes é própria é a coragem; por fim, no caso da parte 
concupiscente da alma e dos produtores de bens da cidade, a virtude própria é 
temperança. Dada a posição de cada classe, pode-se definir a justiça como 
cada parte fazendo o que lhe compete, conforme suas aptidões. Portanto, ao 
estabelecer uma relação de analogia entre a sociedade e indivíduo, Platão 
define o conceito de justiça – o qual seria também concebido como princípio de 
equilíbrio do indivíduo e da sociedade – e o liga ao conceito de virtude. 
O sentimento de justiça é, pois, a virtude maior cujo valor ético guia as 
condutas dos homens. Para que esta virtude seja alcançada, o homem deve 
buscar o bem em si mesmo, porque ele realiza o ideal de justiça, tanto com 
relação ao bem individual quanto social. 
A ética platônica ocupa-se com o correto modo de agir e sua relação 
com o alcance da felicidade. Contudo, o discurso ético apresentado na 
República acerca da felicidade relaciona esta com o conceito de justiça. O 
problema da justiça enquadra-se no âmbito político, o qual tem estreita relação 
com o campo da ética: é deste modo que surge a tese central de que só o justo 
é feliz. No diálogo República, buscando a constituição da cidade ideal, surge o 
problema cerne acerca da definição da justiça para que se pudesse, 
posteriormente, definir o que é a justiça tanto no indivíduo quanto no Estado. 
Há, pois, um paralelo entre Estado e indivíduo a fimde que se encontre a 
definição de justiça. 
ÉTICA NO DIREITO 
Para Platão, a sociedade seria como algo orgânico e bem integrado, 
como uma unidade construída por vários elementos independentes, embora 
integrados. A cidade forma-se por três classes, como já apontamos, e cada 
classe possui sua função específica. Deve-se notar que tais funções são 
determinadas conforme as aptidões naturais de cada membro da cidade. O 
objetivo desta divisão é mostrar com mais clareza como ocorre o mesmo na 
alma humana. A finalidade da cidade justa e boa é, então, propiciar a felicidade 
do indivíduo ao viabilizar a prática de suas virtudes, de suas aptidões 
específicas. 
Devemos ter em mente que a virtude correspondente a cada classe da 
cidade e a cada parte da alma humana deve ser ensinada visando a realização 
do ideal da polis. Esta educação embasa-se no método dialético ascendente, o 
qual liberta o homem dos sentidos e o eleva até o mundo inteligível, até o ponto 
mais claro do Ser, a ideia do Bem. Após contemplar o Bem diretamente, o 
filósofo deve retornar à cidade que lhe propiciou educação de modo a guiar os 
outros cidadãos da ignorância ao conhecimento racional. 
As ideias – das quais se originam as cópias sensíveis – são, pois, 
existentes em si e por si, são realidades universais, eternas, imutáveis. Por tais 
motivos, são os modelos a serem seguidos, são paradigmas para a construção 
da cidade ideal e para a educação moral, política e espiritual do homem. Além 
do mais, são ordenadoras do cosmos. 
Fica evidente que a proposta de Platão se liga, principalmente, às ideias 
de Justiça e do Bem-este último é o supremo valor que sustenta a justiça com 
relação à organização política e à conduta individual. O equilíbrio entre as três 
partes componentes da alma e da cidade gera equilíbrio, harmonia e leva à 
felicidade. Assim, Platão busca por definições gerais, universais, imutáveis, 
eternas, existentes por si mesmas: as Ideias. Como veremos adiante, tal busca 
é oposta à busca aristotélica pela virtude ligada à aplicabilidade desta. 
3.3 Ética para Aristóteles 
Aristóteles afirma que os homens têm o seu ser no viver, no sentir e na 
razão, sendo esses os fatores que definirão os melhores bens para cada um. 
Aristóteles valoriza a vontade humana, apregoando que o homem necessita 
ÉTICA NO DIREITO 
converter seu esforço em bons hábitos, de acordo com a razão, sendo esse 
esforço voluntário. 
 
 
Fonte:filosofiaemvideo.com.br 
Aristóteles desenvolve a teoria da virtude que, segundo João Mattar 
(2004), tem como uma das principais funções morais o cultivo de traços de 
caráter, sendo estas, características que as pessoas já possuem, bastando 
externá-las através de suas atitudes no dia-a-dia. Aristóteles ainda considerava 
virtuosa a pessoa que conseguisse, através da sabedoria prática adquirida pela 
experiência individual, o equilíbrio entre o vício do excesso e da escassez. 
No final do século XVIII, volta-se a destacar a análise da subjetividade 
com o pensador alemão Kant que viveu entre 1724 e 1804, na busca de uma 
ética universal, na igualdade entre os homens. Sua filosofia, segundo Álvaro 
Valls (2000), se chama filosofia transcendental, por buscar no próprio homem o 
conhecimento verdadeiro e o agir livre. Para a igualdade fundamental, Kant 
necessitaria chegar a uma moral única, racional. Conforme demonstra Valls 
(2000, p. 20) “Se a moral é a racionalidade do sujeito, esse deve agir de acordo 
com o dever e somente por respeito ao dever: porque é dever, eis o único 
motivo válido da ação moral”. 
A ética aristotélica, em oposição à ética de seu mestre, é imanente, 
tendo suas bases na realidade empírica do mundo, no questionamento acerca 
das condutas humanas e na organização social. As exigências com relação à 
vida na polis e a realidade do homem formam o conteúdo das ideias, e são 
ÉTICA NO DIREITO 
ambas as responsáveis pela escolha dos valores, pela moralidade e pelas leis, 
pela definição das condutas dos homens. Sua teoria ética era realista, 
empirista em contrapartida à visão idealista e racionalista de Platão. 
A ética aristotélica inicia-se com o estabelecimento da noção de 
felicidade. Neste sentido, pode ser considerada eudemonista por buscar o que 
é o bem agir em escala humana, o agir segundo a virtude – diferentemente de 
Platão, que buscava a essência das ideias de felicidade e da ideia do Bem sem 
relacioná-las diretamente à prática. A felicidade é definida como uma certa 
atividade da alma que vai de acordo com uma perfeita virtude. Partindo dessa 
definição, faz-se necessário um estudo sobre o que é uma virtude perfeita e, 
assim, faz-se necessário, também, o estudo da natureza da virtude moral. 
A virtude é definida pelo Estagirita como hábito ou disposição racional 
constante, sendo a virtude o hábito torna o homem bom e o capacita na boa 
execução de sua função. Esta definição se mostra oposta à de Platão: a virtude 
é definida como capacidade de realizar uma função determinada, inerente a 
alguma parte da alma humana ou da cidade ideal. 
A virtude moral é consistida por uma mediedade relativa a nós e o 
filósofo define- a como disposição – já que não podem ser nem faculdades nem 
paixões – para agir de forma deliberada, sendo que a disposição está de 
acordo com a reta razão. Após estabelecer a virtude moral como uma 
disposição – héxis – ou seja, como se dá o comportamento do homem com 
relação às emoções, há ainda a necessidade de que a diferença específica 
entre virtude moral e virtude intelectual seja explicitada. 
O Estagirita, em contrapartida às visões de Sócrates e Platão, atribui um 
papel importante dos sentimentos no âmbito ético, pois esta parte emocional da 
alma também é responsável na formação das virtudes, quando em 
conformidade com a parte racional. 
O que distingue as duas espécies de virtude é a mediania. A virtude 
intelectual é adquirida através do ensino, e assim, necessita de experiência e 
tempo. A virtude moral é adquirida, por sua vez, como resultado do hábito. O 
hábito determina nosso comportamento como bom ou ruim. É devido ao hábito 
que tomamos a justa-medida com relação à nós. Logo, a mediania é imposta 
pela razão com relação às emoções e é relativa às circunstâncias nas quais a 
ação se produz. 
ÉTICA NO DIREITO 
Nenhuma das virtudes morais surge nos homens por natureza – ao 
contrário da visão inatista platônica – porque o que é por natureza não pode 
ser alterado pelo hábito, a natureza nos capacita em receber tais virtudes e 
esta capacidade em recebêlas é aperfeiçoada pelo hábito. Virtudes e artes são 
adquiridas pelo exercício, ou seja, a prática das virtudes é um pré-requisito 
para que se possa adquiri-las. Sem a prática, não há a possibilidade de o 
homem ser bom, de ser virtuoso. 
Neste ponto da exposição aristotélica, podemos notar outra oposição 
com relação à ética platônica: conforme esta, o homem só pode ser bom e 
virtuoso ao contemplar a ideia do Bem – o que aponta para a diferença entre as 
concepções idealistas/racionalistas apresentadas por Platão e as concepções 
realistas/empiristas expostas pelo peripatético. Aristóteles critica a identificação 
feita por seu mestre entre virtude e conhecimento, de modo que conhecer a 
essência da Justiça implicaria em ser justo, haja vista que são identificados. 
Assim, o conhecimento da ideia do Bem seria a condição para o bem agir, e a 
virtude consistiria em somente um tipo de conhecimento teórico, conforme a 
crítica feita pelo Estagirita. Este afirma que a razão não é a única a atuar na 
determinação da boa conduta, devendo-se levar em conta os sentimentos por 
auxiliarem na formação das virtudes, além do fato de que as virtudes implicam 
uma atividade racional. 
Como vimos, as virtudes morais são vistas como produto do hábito, 
consequentemente não são tomadas como inatas – como o fizeram Sócrates e 
Platão. Ao consideraras virtudes morais como adquiridas, há uma implicação 
de que o homem é causa de suas próprias ações, responsável por seu caráter 
– por esse motivo a ação precede e prevalece sobre a disposição – o que 
refuta a ideia platônica de que o homem que age mal, o faz por ignorância, pois 
o mal é a ausência do bem. 
Está na natureza das virtudes a possibilidade de serem destruídas pela 
carência ou pelo excesso e cabe à mediania preservar as virtudes morais e 
também diferenciá-las das virtudes naturais. Pode-se notar, pois, que a ideia de 
justa-medida preconiza que qualquer virtude é destruída pelos extremos: a 
virtude é o equilíbrio entre o sentir em excesso e a apatia. Portanto, fica 
evidente que a virtude busca pela harmonia – e esta é dada pela razão entre as 
emoções extremas. O meio-termo é experimentar as emoções certas no 
ÉTICA NO DIREITO 
momento certo e em relação às pessoas certas e objetos certos, de maneira 
certa. Isso é a mediania, é a excelência moral, a qual diverge da noção 
platônica de excelência moral, que seria cada parte da alma exercer sua tarefa 
própria da melhor maneira possível, com excelência para exercer sua 
respectiva virtude. 
3.4 Ética para Estoicos 
O estoicismo é uma filosofia essencialmente ética orientada para a 
virtude, diferente do epicurismo que é orientado para hedonismo buscando a 
felicidade através do prazer. O estoicismo foi representado, a princípio, por 
três importantes pensadores; Zenão de Cítio (336 – 264 a.C.), Cleanto de 
Assos (280 – 210 a.C.) e Sêneca (4 ou 2 até 65 d. C.). 
 
 
Fonte: metaeticasite.wordpress.com 
Para os Estoicos, todas as coisas corpóreas são semelhantes aos seres 
vivos, o Sopro divino está presente em tudo, e é esse Sopro que faz com as 
partes que compõem um corpo se tornem independentes. Assim sendo, na 
visão Estoica, o Universo é uma junção de todas as coisas unidas pelo Sopro 
Ígneo (alma), e a razão Universal (os logos) seria a alma comum, que a tudo 
penetra e organiza. Assim, tanto na natureza, como na vida humana, não 
haveria lugar para o caos nem para a desordem, pois isso estaria contrariando 
os logos. 
Dessa observação Estoica, surge então a física proposta por eles que 
trata o mundo como um ser vivo, um animal sábio e totalmente racional, e 
ÉTICA NO DIREITO 
ainda, inserida ao seu corpo ciclos de surgimento e desaparecimento – 
ensinando ao homem que há coisas que não estão em seu domínio ou poder. 
Todavia, dependem de causas exteriores a ele e se encadeiam de maneira 
necessária e racional. Acompanhando essa premissa, nos encontramos 
sujeitos à predeterminação de tudo, pois somente a predeterminação pode 
explicar a ordem perfeita das coisas. A organização e a cosmobiologia estoica 
lembra o modelo aristotélico, onde a Terra estava no centro do universo e que 
os céus tinham os seus movimentos imutáveis, seguindo fino arranjo do 
cosmos. O estoicismo pondera também que, a vocação do homem era bem 
aproveitada quando o talento do mesmo se encontrava com a necessidade do 
mundo, ou seja, o homem já estava predeterminado, o que lhe restava, 
consequentemente, era encontrar a necessidade do mundo para se encaixar a 
ela com seu talento. 
A ética estoica adota o lema de “seguir a natureza”, corroborando com a 
visão da física. Segui-la, portanto, é o mais coerente a se fazer, pois a 
predeterminação considera a direção a ser seguida. Já a virtude moral é o 
acordo do homem com a sua intrínseca natureza, quando esse caminha no 
sentido correto, conforme o supramencionado, em conjunto com a prática e 
com a prudência, sua vida é bem empregada e aproveitada em todos os 
sentidos. Contudo, quando o homem contraria sua predeterminação, transtorno 
esse que é causado por suas paixões, que são oriundas, também de meios 
externos, a sua vida não será bem usufruída e, nem trará resultados positivos. 
Para Sêneca, o corpo humano é um mal necessário, uma prisão, uma 
passagem. Por conseguinte, enganam-se aqueles que vivem para o corpo e 
não para a alma, pois ela (a alma) é eterna, ao passo que o corpo é transitório. 
Não é difícil repararmos no trecho acima os detalhes plantonistas da 
reminiscência da alma. Visivelmente, tanto Sêneca como alguns preceitos 
estoicos, têm em sua natureza elementos da filosofia clássica. 
Abaixo uma simples sintetização da filosofia desse grande pensador 
para entendermos melhor o pensamento estoico. 
O homem é um ser corpóreo e espiritual. O corpo é uma prisão para a 
alma e devemos, portanto, livrarmo-nos o máximo possível da influência deste 
(os desejos carnais) sobre ela (a alma); 
ÉTICA NO DIREITO 
a) A razão é parte do espírito divino imerso no corpo humano; 
b) Para Sêneca, Júpiter é o único Deus; 
c) A pessoa é composta de corpo e alma; assim, essa palavra atinge 
para ele um elevado teor ético, contrariamente a toda a filosofia 
anterior na qual significava, meramente, aparência. 
3.5 Ética para Peter Singer 
Outro autor que aborda a ética de forma abrangente, é Peter Singer 
(2002) que traz questões de natureza prática como a igualdade para as 
mulheres, o aborto, a eutanásia e utiliza, indiferentemente, as palavras ética e 
moral. 
 
 
Fonte:edmarciuscarvalho.blogspot.com.br 
Afirma que, para alguns, a ética pode ser vista como uma série de 
proibições ligadas ao sexo e para outros, pode ser confundida como algo 
bonito na teoria, mas que não funciona na prática. Segundo o autor (2002), isso 
acontece porque as pessoas acreditam que a ética é um conjunto de normas 
simples e breves como: não matar, não mentir, mas na vida real acontecem 
coisas inusitadas e complexas. Daí, surge a concepção consequencialista, em 
que uma ação será ética ou não, dependendo das consequências que o ato 
acarretar. 
ÉTICA NO DIREITO 
4 A Crise Ética na Modernidade 
 
Fonte: imscoachingdecarreira.com.br 
A ética moderna traz à tona o conceito de que os seres humanos 
sempre devem ser o fim de uma ação e nunca um meio para alcançar 
determinado interesse, pois o homem é visto no centro e tudo está ao seu 
serviço. Essa é uma ideia defendida por Kant, um dos principais filósofos da 
modernidade, que acreditava na ideia de que o homem é um ser egoísta, 
destrutivo, ambicioso, cruel e agressivo. 
As crises históricas determinam as mudanças que acontecem e mudam 
a realidade da sociedade de forma radical. É uma questão bastante relevante 
para filosofia, visto que o desenvolvimento da história e as suas crises cabem a 
filosofia, ela não pode ficar estática a situações vividas pelo homem moderno. 
A função da filosofia é elucidar o homem em seu ser total. 
A ética tornou-se uma problemática fundamental no ocidente do século 
XX. Durante os anos 50 e 60 chegou-se a utilizar o termo reabilitação ética. 
A mentalidade técnico-científica se tornou cada vez mais dominante na 
civilização ocidental, menosprezando a ética e a reduzindo apenas aos 
problemas individuais. A ética não faz parte do âmbito racional, pois 
racionalidade é ligada a ciência, e tudo que não é pertencente a ciência é 
resultado do livre arbítrio de cada um. A ética está no centro da vida humana, 
pois a tarefa fundamental e primordial do homem é a construção do seu eu. 
 
ÉTICA NO DIREITO 
 
Fonte: dialogospoliticos.wordpress.com 
O problema se faz presente, sobretudo, no pensamento europeu, ainda 
por uma oposição que vem desde Kant, com um enorme empecilho a qualquer 
ontologia. Não se faz mais uma teoria do mundo. A filosofia virou apenas uma 
teoria do nosso conhecimento do mundo. Enquanto não suplantarmos a 
dicotomia entre ser humano e mundo, entre sujeito e objeto, entre teoria e 
realidade, que é a legado deixado pela modernidade, ainda majoritária no 
pensamento atual, nós não teremos saídas. Teremos saídas, no máximo que 
não são capazes de dizer o que devemos fazer frente às questões que cada 
um deve enfrentar. 
 A questão fundamental da filosofia hojeé voltar a ser uma teoria da 
realidade, é voltar a falar do legítimo. A partir dos valores, em primeiro lugar, 
ontológicos, podese perguntar o que a realidade pode dizer enquanto exigência 
ética. 
 
Fonte: iped.com.br 
ÉTICA NO DIREITO 
Podemos pensar em uma ótica de entender a ética da vida coletiva. E 
uma ideia fundamental que se destaca como uma ética alternativa é aquela 
onde o homem não é em primeiro lugar só indivíduo, mas um ser 
fundamentalmente de relações e que só conquista o seu ser através do outro. 
 Somente uma sociedade que pudesse ser articulada de tal maneira, 
onde cada ser humano possa ser respeitado e respeitar os outros, seria uma 
sociedade capaz de criar condições para realização do ser humano. Esta é a 
ideia do reconhecimento mútuo, da dignidade igual de todos os seres 
humanos. É um princípio ético fundamental para organizar a vida coletiva. Isto 
é, não há seres humanos especiais e a eles não se destinam os bens da Terra. 
Mas todos os seres humanos são portadores da mesma igualdade. É por isso 
que a participação, naquilo que é comum, e nas decisões da vida coletiva, é 
um direito fundamental de cada um, uma vez que cada um é igual. 
4.1.1 A NOÇÃO ÉTICA MODERNA: A ÉTICA E A MORAL 
 
Fonte: taringa.net 
Ética não se constitui em um catálogo de valores particulares e alheios à 
prática dos grupos sociais, das sociedades e das áreas do saber. Para Chauí 
(2003), a ética moderna trata de um determinado coletivo, como ele se 
desenvolveu e como age. Já, a moral – um dos objetos da ética – é um 
ÉTICA NO DIREITO 
conjunto de regras gerais de uma sociedade que, ao ser introjetada pelas 
pessoas, torna-se uma questão de consciência individual. 
Ser moral significa se adequar e viver de acordo com as normas de uma 
determinada sociedade. Ser imoral significa conhecer as normas e não as 
seguir. 
O indivíduo considerado amoral é o que não segue as normas sociais 
por desconhecê-las ou não compreender os seus valores. A ética, entretanto, 
está acima da moral: ela analisa e critica a moral, embora com ela se relacione. 
A moral diz respeito aos conceitos abstratos de certo e errado para cada 
consciência, enquanto a ética procura resolver os dilemas dos grupos por meio 
da reflexão e do debate social acerca da ação concreta desta ou daquela 
comunidade. A ética, portanto, relaciona-se com o Direito, com a Justiça, com a 
Política, com as Leis e com as práticas científicas e profissionais. 
Ser ético significa viver coerentemente com uma linha ética, 
aproximando o que penso daquilo que faço, buscando o benefício e a 
qualidade de vida de todos, da humanidade. A finalidade da ética é orientar a 
prática. 
 
 
Fonte: conceptoseticaymoral.blogspot.com.br 
Ao discutir a existência ética, Chauí trata da diferenciação entre senso e 
consciência moral. Para a autora, nossos sentimentos e ações, assim como 
nossas dúvidas acerca da correção de uma determinada decisão, exprimem 
nosso senso moral. O julgamento (razão) sobre a decisão a tomar se dá por 
ÉTICA NO DIREITO 
meio de nossa consciência moral, posta em ação pelo senso moral. O senso e 
a consciência moral, desta forma, relacionam-se aos valores (justiça, 
integridade, generosidade; etc.), aos sentimentos gerados pelos valores 
(vergonha, culpa, admiração, raiva, dúvida, etc.), bem como às decisões 
tomadas (ações e suas consequências individuais e coletivas). Portanto, o 
senso moral e a consciência moral não são dados pela natureza: são 
indissociáveis da cultura, são escolhas das pessoas que vivem numa 
determinada cultura ou grupo. 
 Para Chauí (2003, p.9), os conteúdos dos valores podem variar, mas 
sempre estão ligados a um valor mais profundo: o BEM. Por meio de nosso 
juízo de valor é que definimos comportamentos como BONS ou MAUS. 
Nosso juízo ético de valor fundamenta-se em normas que determinam o 
que deve ser feito, quais obrigações, intenções e ações são corretas ou 
incorretas. 
5 ÉTICA PROFISSIONAL 
A ética do advogado é um segmento da ética geral, que vai definir a 
conduta do profissional perante os colegas, partes no processo, magistrados, 
promotores e a sociedade em geral. 
Cuidado, o Código de Ética e Disciplina não é uma lei, diferentemente do 
Estatuto da OAB (Lei 8.906/94), mas é um Regramento Especial, com força 
normativa de natureza infralegal. 
O Conselho Federal da OAB, ao assentar e compor o Código de Ética, 
alinhou-se a princípios gerais que formam a consciência profissional do 
advogado e representam obrigações, que devem se pautar os profissionais em 
suas condutas. 
Os principais princípios norteadores são: 
 Ser fiel à verdade para poder servir à justiça como um de seus 
elementos essenciais; 
 Pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo respeito às leis, 
fazendo com que o Ordenamento Jurídico seja interpretado com 
retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e às 
exigências do bem comum; 
ÉTICA NO DIREITO 
 Lutar sem receio pelo primado da justiça; 
 Proceder com lealdade e boa-fé, em suas relações profissionais e em 
todos os atos do seu ofício; 
 Empenhar-se na defesa das causas confiadas ao seu patrocínio, 
dando ao constituinte o amparo do Direito, e proporcionando-lhe a 
realização prática de seus legítimos interesses; 
 Comportar-se nesse mister, com independência e altivez, defendendo 
com o mesmo denodo humildes e poderosos; 
 Exercer a advocacia com o indispensável senso profissional, mas 
também com desprendimento, jamais permitindo que o anseio de 
ganho material sobreleve a finalidade social do seu trabalho; 
 
 
 Aprimorar-se no culto dos princípios éticos e no domínio da ciência 
jurídica, de modo a tornar-se merecedor da confiança e da sociedade 
como um todo, pelos atributos intelectuais e pela probidade pessoal; 
 
ÉTICA NO DIREITO 
 
 Agir, em suma, com a dignidade e a correção dos profissionais que 
honram e engrandecem a sua classe. 
Abaixo você verá de forma esquematizada alguns princípios éticos 
importantes a serem considerados pelos profissionais em direito: 
 
ADVOGADO 
deve 
Não deve ter receio 
Responsável, se praticar algum ato 
Tornar-se merecedor de respeito Contribuir para o 
prestígio 
Da classe Da advocacia 
Manter 
indepe
ndênci
a em 
qualqu
er 
circuns
tancia 
De recorrer a impopularidade De desagradar 
O magistrado A qualquer autoridade 
Com dolo Ou culpa 
Lide 
temer
ária 
Obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres 
consignados no CED 
Ocorre quando o advogado se une ao seu cliente para lesar 
a parte contrária, alterando a verdade dos fatos. 
ÉTICA NO DIREITO 
6 O DIREITO E A SOCIEDADE 
O direito, como conhecemos hoje, está diretamente ligado ao Estado e, 
por conseguinte, ao capitalismo. Nesse sentido, um advogado ao se deparar 
com um cliente alvo de alguma injustiça, recorre aos parâmetros legais para 
resolver o problema, esse, enquanto um profissional do direito é treinado para 
não vislumbrar outra forma de justiça, atuando de forma que seu cliente veja a 
situação de igual maneira. Dessa forma, o advogado, enquanto profissional, 
não consegue lutar por justiça quando essa ultrapassa os quadrantes da 
legalidade. (KHALIL, 2014) 
 
As mesmas premissas valem para os demais profissionais do direito, 
cujas condutas terminarão, queiram eles ou não, saibam disso ou 
não, por reforçar essa forma social de lidar com conflitos, na qual 
toda justiça possível é aquela que puder ser alcançada sob os 
parâmetros da lei. (KHALIL, 2014) 
 
Assim, ainda segundo a linha de pensamento de ..., não é possível 
pensar a ética jurídica de maneira isolada, pois faz parte de uma estrutura 
social. Então, o advogado, que aparentemente tem sua essencialidade em 
assegurar “o bom manejo das ferramentas dadas pelo sistema jurídico para 
equacionar uma ruptura da ordem” (KHALIL, 2014) na verdade tem seu aval 
social de formas de solucionar os conflitos,limitada pela dinâmica do capital. 
Portanto, pensar ética no direito é também pensar o que é ética para o estado 
e para a sociedade capitalista com todas as suas contradições. 
7 OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os 
preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e 
com os demais princípios da moral individual, social e profissional. 
Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é 
defensor do Estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade 
pública, da Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério 
Privado à elevada função pública que exerce. 
ÉTICA NO DIREITO 
Parágrafo único. São deveres do advogado: 
I – Preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, 
zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade; 
II – Atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, 
lealdade, dignidade e boa-fé; 
III – Velar por sua reputação pessoal e profissional; 
IV – Empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e 
profissional; 
 
 
V – Contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; 
ÉTICA NO DIREITO 
 
VI – Estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que 
possível, a instauração de litígios; 
 
VII – Aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial; 
VIII – Abster-se de: 
ÉTICA NO DIREITO 
 
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; (Cuidado, 
pode configurar crime, art. 332 do CP – Tráfico de Influência ou art. 357 – 
Exploração de Prestígio). 
 
 
 
ÉTICA NO DIREITO 
b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia, em 
que também atue; 
 
c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho, manifestamente, 
duvidoso; 
d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade 
e a dignidade da pessoa humana; 
e) entender-se, diretamente, com a parte adversa que tenha patrono 
constituído, sem o assentimento deste. 
 
 
IX – Pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos 
seus direitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito da comunidade. 
 
ÉTICA NO DIREITO 
Art. 3º O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar 
as desigualdades para o encontro de soluções justas, e que a lei é um 
instrumento para garantir a igualdade de todos. 
 
Art. 4º O advogado vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação 
empregatícia ou por contrato de prestação permanente de serviços, integrante 
de departamento jurídico, ou órgão de assessoria jurídica, público ou privado, 
deve zelar pela sua liberdade e independência. 
Parágrafo único. É legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de 
pretensão concernente à lei ou direito que também lhe seja aplicável, ou 
contrarie expressa orientação sua, manifestada anteriormente. 
 
Art. 5º O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de 
mercantilização. 
Art. 6º É defeso ao advogado expor os fatos em Juízo falseando 
deliberadamente a verdade ou estribando-se na má-fé. 
Art. 7º É vedado o oferecimento de serviços profissionais que impliquem, direta 
ou indiretamente, inculcação ou captação de clientela. 
Algumas características inerentes à profissão de advogado, devem ser 
lembrados. 
Existe um tripé, básico, que é a estrutura da relação entre advogado e o 
cliente. 
8 SIGILO PROFISSIONAL 
O Sigilo Profissional, caso seja quebrado, poderá configurar até mesmo 
um ilícito penal, conforme se depreende do art. 154 do CP. 
ÉTICA NO DIREITO 
 
Violação do segredo profissional 
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em 
razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir 
dano a outrem: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa de um conto a dez contos 
de réis. 
Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. 
 Mas o que vem a ser sigilo profissional? 
Nada mais é que, todas as informações obtidas através do cliente, este 
profissional deve guardar segredo, pois são sigilosas. 
Talvez não se tenha compreendido, num primeiro momento, o tamanho 
do alcance e a proteção que tem o advogado, no que tange ao sigilo 
profissional. O advogado, caso seja intimado a depor em juízo ou numa 
delegacia qualquer, estará amparado pelo estrito cumprimento do dever legal, 
quando permanece calado, não podendo a ele ser imputado o delito previsto no 
art. 342 do Codex Legal, que é o Falso Testemunho. 
O sigilo profissional além de ser um dever do advogado é um direito 
também, senão vejamos: 
ÉTICA NO DIREITO 
XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou 
deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi 
advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como 
sobre fato que constitua sigilo profissional; 
8.1.1 CARACTERÍSTICAS DO SIGILO PROFISSIONAL 
 A sua violação, sem justa causa, constitui infração disciplinar, passível 
de sanção de censura; 
 Abrange fatos obtidos através do advogado em razão da função 
desempenhada; 
 Deve ser acatado e respeitado pelo advogado, também, no exercício 
da função de conciliador, mediador ou árbitro. 
 É considerado de Ordem Pública, pois prescinde de qualquer 
solicitação de sua observação, a ser realizada pelo cliente. 
8.2 CONFIABILIDADE 
Ao tratarmos de confiabilidade, devemos entender não apenas como a 
confiança que o cliente deve ter para com o advogado, mas também o 
advogado para com o cliente, pois trata-se de uma confiança recíproca. 
 
ÉTICA NO DIREITO 
Essa confiança, ab initio, vem com a consulta, a qual todo advogado 
deve ser remunerado, no valor mínimo que a tabela da OAB do seu estado ou 
DF trará. 
Caso essa confiança não ocorra por parte do advogado, deve este 
profissional externar tal impressão e, caso não tenha sido assinado o contrato, 
deverá este advogado recusar o cliente. Caso já tenha sido assinado o referido 
contrato, deverá este profissional substabelecer os poderes os quais lhe foram 
outorgados ou a eles renunciar. 
Esses elementos que compõe o tripé estão relacionados, todavia o sigilo 
profissional vem em capítulo próprio no código de Ética e Disciplina, e deve o 
operador debruçar-se com mais empenho. 
8.3 PESSOALIDADE 
Para que se estabeleça a relação cliente-advogado, é preciso que haja 
necessariamente o contato pessoal. O advogado lida com valores essenciais 
da pessoa humana, tais como a liberdade, o patrimônio, a família, a honra etc. 
 
 
Portanto, para que o cliente possa confiar efetivamente nele, revelando-
lhe todos os seus problemas e temores, é fundamental que exista um contato 
reservado, capaz de preservar o necessário sigilo profissional. (Lincoln Biela de 
Souza Vale Junior). 
ÉTICA NO DIREITO 
8.3.1 OUTRAS CARACTERÍSTICAS AS QUAIS DEVEM SER ACRESCIDAS 
E SOMADAS AO TRIPÉ BÁSICO 
 Independência 
 Exclusividade 
 Não mercantilização 
 
Independência 
 
Trata-se de uma característica inerente à profissão de advogado, a qual 
o profissional tem o dever de preservar, seja ele advogado particular, com 
contrato temporário ou permanente, seja de algum setor jurídico de alguma 
empresa. 
 
 
 
Exclusividade 
 
Entende-se por exclusividade, a proibição de divulgação de serviços 
advocatícios, concomitantemente ou juntamente com outra (s) atividade (s), ou 
qualquer que seja o vínculo, muito comumente encontrado com o setor 
imobiliário. 
ÉTICA NO DIREITO 
 
 
Não mercantilização 
 
Significa dizer que é defeso ao advogado a adoção de características 
inerentes ao comércio no exercício da profissão. Percebe-se, então, que é 
proibido ao profissional praticar condutas que resultem, direta ou indiretamente, 
na captaçãoirregular ou excessiva de clientes. Como por exemplo: 
ÉTICA NO DIREITO 
“Se eu perder sua causa, 
eu devolvo seu dinheiro”. 
Resumo dos princípios: 
 
 Pessoalidade 
 Confiabilidade 
 Sigilo Profissional 
 Não Mercantilização 
 Exclusividade 
 
O Código de Ética e Disciplina estabelece deveres e abstenções ao 
advogado, estabelecendo princípios basilares, mas aponta o advogado como 
sendo, também, defensor dos direitos humanos, sobretudo do Estado 
Democrático de Direito, bem como, ainda, indispensável à Administração da 
Justiça (trazido na própria CF/88 - Art. 133. O advogado é indispensável à 
administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações, no 
exercício da profissão, nos limites da lei). 
 
ÉTICA NO DIREITO 
TABELA DE DEVERES E ABSTENÇÕES 
 
DEVERES ABSTENÇÕES 
Preservar, em sua conduta, a honra, a 
nobreza e a dignidade da profissão, 
zelando pelo seu caráter de 
essencialidade e indispensabilidade; 
Utilizar de influência indevida, em seu 
benefício ou do cliente 
Atuar com destemor, independência, 
honestidade, decoro, veracidade, 
lealdade, dignidade e boa-fé; 
Patrocinar interesses ligados a outras 
atividades estranhas à advocacia, em 
que também atue; 
Velar por sua reputação pessoal e 
profissional; 
Vincular o seu nome a 
empreendimentos de cunho 
manifestamente duvidoso; 
Empenhar-se, permanentemente, em 
seu aperfeiçoamento pessoal e 
profissional; 
Emprestar concurso aos que atentem 
contra a ética, a moral, a honestidade 
e a dignidade da pessoa humana; 
Contribuir para o aprimoramento das 
instituições, do Direito e das leis; 
Entender-se diretamente com a parte 
adversa que tenha patrono 
constituído, sem o assentimento 
deste. 
Estimular a conciliação entre os 
litigantes, prevenindo, sempre que 
possível, a instauração de litígios; 
 
Aconselhar o cliente a não ingressar 
em aventura judicial; 
 
 
ÉTICA NO DIREITO 
9 O ADOGADO E A RELAÇÃO COM O CLIENTE 
O advogado postula em juízo ou fora dele, mas para isso deve ter uma 
procuração, pois a procuração é o instrumento do mandato. Para que o 
advogado possa atuar m nome do cliente, para fazer prova deste mandato, é 
por meio da procuração. 
 
 
 
Há casos em que o advogado precisará de procuração com poderes 
especiais, como p. ex., na área cível, fazer acordos, e na área criminal, p. ex., 
para apresentar queixa-crime. 
É bem verdade e é possível que o advogado atue sem procuração, pois 
o Estatuto permite ao causídico, em caso de urgência, atuar sem a mesma, 
pelo prazo de quinze dias, prorrogável por mais 15 dias. 
Neste caso, a declaração por parte do advogado possui presunção de 
veracidade. Por fim, cumpre-se destacar que a procuração outorga poderes, de 
forma individual, podendo o advogado substabelecer com reservas, para atuar, 
conjuntamente ou separadamente, com algum colega. 
9.1 PRAZO DO MANDATO 
Não há prazo para o mandato que, geralmente, se extingue com o 
término da causa ou quando o advogado renuncie aos poderes, mas deverá e 
continuará a responder no processo, durante os 10 (dez) dias seguintes, após 
a notificação da renúncia. 
É possível atuar em processo em que a parte já tenha advogado 
constituído? Já que estamos falando de ética, pois bem, não é nada ético que 
se faça isso, mas há casos urgentes ou medidas judiciais inadiáveis, aí sim, 
nesse caso, tudo bem. 
Quando um cliente lhe procura, às vezes, insatisfeito com a atuação de 
algum colega, cuidado! 
Cuidado, não é mandado e sim mandato! 
 
ÉTICA NO DIREITO 
 
Geralmente, não é culpa do advogado e sim do sistema, que todos nós 
sabemos que é falho e extremamente moroso. 
Eu, p. ex., atuo, exclusivamente, na área criminal. Quando residi na 
Comarca de Luís Eduardo Magalhães, no extremo oeste da Bahia, fui 
convidado a lecionar em uma instituição da cidade, e era muito comum 
acontecer clientes me procurarem, alegando que o advogado não estava 
fazendo nada, que o processo não andava... 
Caso você aceite pegar causa do tipo, saiba que o próximo advogado, 
que o cliente irá falar mal será você!! 
Por isso, sugiro que explique ao cliente, de forma extremamente 
cristalina e honesta. 
Nesta mesma comarca, também tive alguns casos em que o processo 
não andava, e um colega não teve esta visão de ética e, simplesmente, 
colocou uma procuração no processo, sem nem mesmo o cliente me 
comunicar (revogação do contrato) e ignorou o contrato que tínhamos. 
E o que nos resta a fazer? Apenas executar o contrato de honorários e 
lamentar a conduta deste colega, pois este feriu, por completo, o princípio do 
coleguismo. 
A renúncia por parte do advogado é questão íntima e pessoal, não 
devendo ser expressada na comunicação, sobretudo ao juízo. Por isso, por 
mais que o cliente tenha deixado de honrar com o pagamento, jamais poderá 
colocar tal motivo em sua comunicação de renúncia aos poderes. 
ÉTICA NO DIREITO 
Salienta-se que em algumas hipóteses a renúncia deve ser uma 
obrigação e não opção, quando p. ex., o cliente perde a confiança no 
advogado. 
Em algumas situações já ouvi de cliente assim: “Mas dr., um outro 
advogado me disse isso...”. Isto depois de assinado o contrato e já atuando na 
causa. 
Bom, o que sugiro a fazer é: chamar o seu cliente e conversar com ele 
para saber se ainda há confiança no trabalho; do contrário, renuncie. 
Mas, lembre-se: a vontade do cliente em querer revogar o contrato não 
retira seu direito de receber NA INTEGRALIDADE os honorários acordados, 
bem como eventual verba honorária de sucumbência, calculada de forma 
proporcional ao trabalho, efetivamente prestado. 
 
TABELA RENÚNCIA X REVOGAÇÃO 
RENÚNCIA REVOGAÇÃO 
É um direito exclusivo do advogado; É um direito exclusivo do cliente; 
SOMENTE DE FORMA EXPRESSA Poderá ser: expressa (por meio de 
notificação) ou tácita (quando constitui 
outro advogado). 
Permanece sendo obrigado pelos 
próximos 10 dias, após a notificação 
Não desobriga o cliente do 
pagamento das verbas honorárias 
contratadas. 
 
 
 
 
 
No substabelecimento, o advogado transfere os poderes que a ele foram 
conferidos. Este substabelecimento pode ser com ou sem reserva. Com 
reserva, o advogado que substabelece continuará com os poderes principais 
sobre a causa, podendo limitar os poderes conferidos ao colega que irá 
CUIDADO: Existe uma diferença gritante entre renúncia e 
substabelecimento. Renúncia, o advogado simplesmente abre 
mão dos poderes a ele conferidos. 
 
ÉTICA NO DIREITO 
substabelecer. Já no substabelecimento sem reserva de poderes, o advogado, 
o qual substabelece, não possuirá mais poderes sobre a causa. 
10 CONFLITO DE INTERESSES 
É possível que o advogado represente várias partes em um único 
processo, p. ex., num inventário. E no decorrer do processo comece a surgir 
conflito de interesses entre as partes. O que o advogado deve fazer nesse caso 
específico? Deve analisar com cautela e optar por um dos mandatos, 
renunciando aos demais. 
 
 
10.1 RISCOS DA DEMANDA/CAUSA/PROCESSO 
É imprescindível que o advogado alerte ao cliente os eventuais riscos da 
demanda. Na área criminal, p. ex, sugiro que nunca, jamais, diga ao seu cliente 
que você conseguirá isso ou aquilo. Diversas vezes já tive casos semelhantes 
com resultados diversos. Por isso, nunca diga ao seu cliente que irá conseguir 
tirá-lo da cadeia. É comum assistirmos aos noticiários casos de advogados que 
tiveram suas vidas ceifadas, geralmente, atuantes na área criminal. 
 
ÉTICA NO DIREITO 
Por outro lado, você não é obrigado a atuar com outro advogado, por 
que o cliente assim deseja ou fazer o que ele quer, até por que o profissional 
aqui é você. 
11 DIREITOS DO ADVOGADO 
Os direitos do advogado não devem ser vistos como privilégios e sim 
como prerrogativas para o exercício de sua função, que, como sabemos, é 
indispensável à administração da justiça, como dispõe nossa Carta Magna. 
Vamos tratarde forma isolada de cada direito/prerrogativa do advogado, 
sendo que todos estão dispostos no art. 6º - 7º-A do Estatuto da OAB e 
previsto também no Regulamento Geral. 
11.1 HIERARQUIA ENTRE ADVOGADO, MAGISTRADO E PROMOTOR 
Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e 
membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e 
respeito recíprocos. 
E ainda, as autoridades, os servidores públicos e os serventuários da 
justiça devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento 
compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu 
desempenho. 
11.2 EXERCÍCIO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL 
É um direito do advogado exercer, com liberdade, a profissão em todo o 
território nacional, desde que, evidentemente, observados todos os requisitos 
inerentes ao exercício da mesma e às qualificações necessárias. 
 
 
 
 
 
CUIDADO: Além da principal, o advogado deve promover a 
inscrição suplementar nos Conselhos Seccionais, em cujos 
territórios passar a exercer, habitualmente, a profissão 
considerando-se habitualidade a intervenção judicial que 
exceder de cinco causas por ano. 
 
ÉTICA NO DIREITO 
No caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra unidade 
federativa, deve o advogado requerer a transferência de sua inscrição para o 
Conselho Seccional correspondente. 
11.3 INVIOLABILIDADE 
A inviolabilidade abrange tanto o escritório profissional ou local de 
trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência 
escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da 
advocacia. 
Perceba-se que esta inviolabilidade não está adstrita, limitada ao seu 
escritório, mas também a todos seus instrumentos de trabalho, bem como 
correspondências, etc. 
 
11.4 COMUNICAÇÃO RESERVADA COM SEUS CLIENTES PRESOS 
É direito do advogado comunicar-se com seus clientes, pessoal e 
reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, 
detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que 
considerados incomunicáveis. 
 
ÉTICA NO DIREITO 
Por algumas vezes, já tive essa prerrogativa violada, mas em todas não 
tinha nenhuma necessidade de estar de forma reservada ou iria tratar de algum 
assunto sigiloso, mas não se deve abrir mão, negociar qualquer prerrogativa 
que nós temos. 
 
11.5 PRISÃO EM FLAGRANTE 
 
É direito do advogado ter a presença de representante da OAB, quando 
preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura 
ÉTICA NO DIREITO 
do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação 
expressa à seccional da OAB. 
Cuidado: a presença do representante da OAB é apenas e, 
exclusivamente, para quando o advogado estiver no exercício da advocacia. 
Do contrário deverá apenas a OAB ser comunicada. 
11.6 PRISÃO EM SALA DE ESTADO MAIOR 
O advogado tem o direito de não ser recolhido preso, antes de sentença 
transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e 
comodidades condignas, e, na sua falta, em prisão domiciliar; (Vide ADIN 
1.127-8). 
O Estatuto confere ao advogado o direito de permanecer recolhido em 
sala de Estado Maior, até o trânsito em julgado da sentença que o condenar. 
Cuidado: não se deve confundir prisão especial com sala de Estado 
Maior, pois sala de Estado Maior são aquelas destinadas aos oficiais militares e 
autoridades. 
Anteriormente, tínhamos a expressão “assim reconhecidas pela OAB”, 
todavia, a ADIM, de número supra, foi a responsável pelo reconhecimento do 
Supremo Tribunal Federal de sua inconstitucionalidade. 
Portanto, o advogado tem o direito de permanecer em sala de Estado 
Maior, com instalações dignas, mas não é necessário o reconhecimento desta 
eventual sala pela Ordem dos Advogados. 
11.7 DIREITO AO INGRESSO LIVRE 
Tal prerrogativa consolida o preceito de que não deve existir hierarquia 
com autoridades. 
Todavia, é imprescindível que o advogado saiba que esta prerrogativa 
não o faz afastar-se das regras básicas de respeito e demais regramentos 
éticos. 
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1597992
http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1597992
ÉTICA NO DIREITO 
 
Mas, é direito do advogado ingressar livremente: 
a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos chancelos que 
separam a parte reservada aos magistrados; 
b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios 
de justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e 
prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da 
presença de seus titulares; 
c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou 
outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher 
prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro 
do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache 
presente qualquer servidor ou empregado; 
d) em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou possa 
participar o seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, 
desde que munido de poderes especiais; 
VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados 
no inciso anterior, independentemente de licença; 
VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, 
independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, 
observando-se a ordem de chegada; 
ÉTICA NO DIREITO 
 
 
IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas 
sessões de julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou 
administrativa, pelo prazo de quinze minutos, salvo se prazo maior for 
concedido; (Vide ADIN 1.127-8) (Vide ADIN 1.105-7) 
X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante 
intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a 
fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para 
replicar acusação ou censura que lhe forem feitas; 
 
 
ÉTICA NO DIREITO 
XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou 
autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou 
regimento; 
 
XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação 
coletiva da Administração Pública ou do Poder Legislativo; 
XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da 
Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, 
mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a 
obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos; 
XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da 
Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, 
mesmo sem procuração, quando não estiverem sujeitos a sigilo ou segredo de 
justiça, assegurada a obtenção de cópias, com possibilidade de tomar 
apontamentos; 
ÉTICA NO DIREITO 
 
 
XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos 
de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à 
autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos; 
XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, 
mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer 
natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo 
copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; 
 
Lembre-se 
 
É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo 
aos elementos de prova que, já documentados em procedimento 
investigatório realizado por órgão com competência de polícia 
judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. (SUMULA 
VINCULANTE nº 11) 
 
XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, 
em cartório ou na repartição competente,

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