Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ÉTICA NO DIREITO ÉTICA NO DIREITO BELO HORIZONTE / MG ÉTICA NO DIREITO O advogado, como qualquer outro profissional, está submetido às normas de conduta profissional, tendo em vista à necessidade de uma postura ilibada, digna, decorosa, correta, independente, leal e verdadeira para que a própria classe de advogados seja vista como tal, dando-lhe credibilidade e respeito dos que dela precisam, além de se evitar as sanções estabelecidas. (Francisca Jamile Pinto de Mesquita) ÉTICA NO DIREITO SUMÁRIO 1 CONCEITOS E PRINCÍPIOS BASILARES ........................................ 5 2 DIVISÃO DA ÉTICA ........................................................................... 8 2.1 Descrição ou prescrição como fundamento classificatório. ......... 9 2.2 Éticas naturalistas e não-naturalistas .......................................... 9 2.3 Éticas cognitivistas e não-cognitivistas ........................................ 9 2.4 Éticas de motivos e éticas de fins.............................................. 10 2.5 Éticas de bens e de fins ............................................................ 10 2.6 Éticas materiais e éticas formais ............................................... 10 2.7 Éticas Substancialistas e Procedimentalistas ............................ 11 2.8 Éticas teleológicas e deontológicas ........................................... 12 2.9 Éticas da intenção e éticas da responsabilidade ....................... 12 2.10 Éticas de máximos e éticas de mínimos ................................ 13 3 ÉTICA GREGA: GRANDES FILÓSOFOS E OS ENTENDIMENTOS DE ÉTICA ......................................................................................................... 14 3.1 Ética para Sócrates ................................................................... 14 3.2 Ética para Platão. ...................................................................... 16 3.3 Ética para Aristóteles ................................................................. 19 3.4 Ética para Estoicos .................................................................... 23 3.5 Ética para Peter Singer ............................................................. 25 4 A Crise Ética na Modernidade ......................................................... 26 4.1.1 A NOÇÃO ÉTICA MODERNA: A ÉTICA E A MORAL ......... 28 5 ÉTICA PROFISSIONAL ................................................................... 30 6 O DIREITO E A SOCIEDADE .......................................................... 33 7 OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS ................................................. 33 8 SIGILO PROFISSIONAL .................................................................. 38 8.1.1 CARACTERÍSTICAS DO SIGILO PROFISSIONAL ............ 40 8.2 CONFIABILIDADE..................................................................... 40 8.3 PESSOALIDADE ....................................................................... 41 8.3.1 OUTRAS CARACTERÍSTICAS AS QUAIS DEVEM SER ACRESCIDAS E SOMADAS AO TRIPÉ BÁSICO..................................... 42 ÉTICA NO DIREITO 9 O ADOGADO E A RELAÇÃO COM O CLIENTE ............................. 46 9.1 PRAZO DO MANDATO ............................................................. 46 10 CONFLITO DE INTERESSES ...................................................... 49 10.1 RISCOS DA DEMANDA/CAUSA/PROCESSO ...................... 49 11 DIREITOS DO ADVOGADO ......................................................... 50 11.1 HIERARQUIA ENTRE ADVOGADO, MAGISTRADO E PROMOTOR 50 11.2 EXERCÍCIO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL ............... 50 11.3 INVIOLABILIDADE ................................................................. 51 11.4 COMUNICAÇÃO RESERVADA COM SEUS CLIENTES PRESOS 51 11.5 PRISÃO EM FLAGRANTE ..................................................... 52 11.6 PRISÃO EM SALA DE ESTADO MAIOR ............................... 53 11.7 DIREITO AO INGRESSO LIVRE ........................................... 53 12 BIBLIOGRAFIA ............................................................................. 65 ÉTICA NO DIREITO 1 CONCEITOS E PRINCÍPIOS BASILARES A Ética, de uma forma geral, pode ser tratada como um estudo dos costumes e da conduta humana, de acordo com a época e o local (Alyssion Rachid). Fonte: margaridats.blogspot.com.br A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. Em primeiro lugar, não podemos discutir ética sem antes estabelecermos algumas definições preliminares sobre o termo, sobre do que trata está área de conhecimento. Etimologicamente, o termo ética vem do grego derivado da palavra ethos, que diz respeito aos costumes, a conduta moral e aos hábitos dos homens em sociedade. Baseados nisso, podemos dizer que ética é uma parte da filosofia que lida com a compreensão das noções e dos princípios que sustentam as bases da moralidade social e da vida individual. Trata-se de uma reflexão sobre o agir e o valor das ações humanas em sociedade. É uma área da Filosofia que trata dos ideais e valores que devem ou deveriam existir na convivência humana. No dizer de Boff (2003, p.11) “Ética é um conjunto de valores e princípios, de inspirações e indicações que valem para todos, pois estão ancorados na nossa própria humanidade”. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora ÉTICA NO DIREITO não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social. A existência humana é permeada de questionamentos de cunho ético, que na maioria das vezes requerem respostas imediatas: Posso abortar? Devo denunciar quem tentou me subornar? Posso contaminar meus semelhantes com o vírus da AIDS? Essas questões de existência fatual existem, simplesmente, e de uma realidade normativa – aquilo que deve ser. Na tentativa de transformar “aquilo que é” “naquilo que deve ser” o homem se caracteriza como um ser moral. É refletindo acerca dessas questões que Sousa (2005) nos afirma que O homem é um ser que possui um senso ético e uma consciência moral. Isso quer dizer que constantemente ele avalia suas ações para saber se são boas ou más, certas ou erradas, justas ou injustas. Além disso, faz juízos de valor sobre o modo de ser e de agir dos demais seres humanos. Nesse sentido, é possível que a ética ilumina a consciência humana, sustenta e dirige as ações do homem, norteando sua conduta individual e social (p. 27-28). Diante disso, podemos afirmar que a ética se preocupa diretamente com o comportamento do homem em sociedade, julgando como certa ou como errada as ações humanas. Nas palavras de Valls (1987, p. 7) “a ética pode ser o estudo das ações e costumes e pode ser a própria realização de um tipo de comportamento”. Parafraseando Vásquez (2006) a ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética serve para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis materiais, está relacionada com o sentimento de justiça social. Segundo Vásquez (2006, p. 18), “ética é a teoria ou ciência do comportamento moral dos homens em sociedade. Ou seja, é a ciência de uma forma específica do comportamento humano”. A ética é construída por uma sociedade com base nos valores históricos e culturais. É uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. A ética se preocupa, [...] com as formas humanas de resolver as contradições entre necessidade e possibilidade, entretempo e eternidade, ÉTICA NO DIREITO entre indivíduo e o social, entre o econômico e o moral, entre o corporal e o psíquico, entre o natural e o cultural entre a inteligência e a vontade (VALLS, 1987, p. 56). Pedimos licença para tecer um breve comentário sobre esta assertiva, uma vez que neste ponto é possível refletir que, sobre o uso da inteligência em relação aos preceitos éticos, o nosso agir passa pelo crivo da razão filosófica, o que pode nos levar ao controle de nossas vontades; sendo estas reveladas pelo controle de nosso instinto, caprichos e/ou desejos. Esse agir individual poderá incidir sobre o coletivo uma vez que cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por exemplo, sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético. Em outro país, esta atitude pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. Aproveitando o exemplo, a ética na área de pesquisas biológicas é denominada bioética. Além dos princípios gerais que norteiam as relações sociais, existe também a ética de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, podemos citar: ética médica, ética de trabalho, ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética jornalística, ética na política, etc. Uma pessoa que não segue a ética da sociedade a qual pertence é chamado de antiético, assim como o ato praticado. Dessa forma, é possível afirmar que a ética também é o respeito aos costumes gerais de uma determinada sociedade ou grupo. Os valores éticos podem se transformar. Assim como a sociedade se transforma. Nesse sentido, o que há tempos atrás era considerado errado hoje pode ser aceito. Desse modo, uma determinada ação só seria errada apenas enquanto ela não fosse o tipo de comportamento vigente (VALLS, 1987). A ética pode ser vista como uma reflexão acerca da influência que o código moral estabelecido exerce sobre a nossa subjetividade, e acerca de como lidamos com essas prescrições de conduta, se aceitamos de forma integral ou não esses valores normativos. Dessa forma, até que ponto nós damos o efetivo valor a tais valores. Poderíamos então sintetizar essa breve reflexão afirmando que o julgamento ético é sempre uma decisão subjetivo- pessoal do indivíduo baseado nos costumes sociais vigentes em um determinado grupo social, época e lugar. ÉTICA NO DIREITO De acordo com Chauí (2008), a filosofia moral ou a disciplina denominada ética nasce quando se passa a indagar o que são, de onde vêm e o que valem os costumes. Isto é, nasce quando também se busca compreender o caráter de cada pessoa, isto é, o senso moral e consciência moral individual. Assim, podemos dizer que o Senso Moral é a maneira como avaliamos nossa situação e a dos outros segundo ideais como o de justiça, injustiça, bom e mal. Para concluir essa sessão, podemos dizer que a ética, é uma reflexão filosófica, puramente racional, sobre a moral. Assim, procura justificá-la e fundamentá-la, encontrando as regras que, efetivamente, são importantes e podem ser entendidas como uma boa conduta a nível mundial e aplicável a todos os sujeitos, o que faz com que a ética seja de caráter universal, por oposto ao caráter restrito da moral, visto que esta pertence a indivíduos, comunidades e/ou sociedades, variando de pessoa para pessoa, de comunidade para comunidade, de sociedade para sociedade. O objeto de estudo da ética é, portanto, o que guia a ação: os motivos, as causas, os princípios, as máximas, as circunstâncias; mas também analisa as consequências dessas ações. Desta forma, é possível afirmarmos que violar um princípio ético exige coragem individual e que a ética, por sua vez, sofre mudanças sociais porque o indivíduo se propõe mudar um costume coletivo, o que por vez, pode influenciar outros indivíduos a agir sob a mesma conduta, causando (ou não) com isso, as mudanças de hábito/costumes/morais na sociedade na qual o indivíduo está inserido. A ética não se identifica com nenhum código moral, mas isso não significa que ela seja neutra diante dos diferentes códigos, pois ela é crítica dos costumes morais. 2 DIVISÃO DA ÉTICA Variedade de enfoques na ética tem sua origem na diversidade dos métodos filosóficos empregados para entender o fenômeno moral ou pela contraposição a teorias éticas anteriores. Desses confrontos surgem várias classificações. Respondem a diversos modos lógicos de entender o moral, ÉTICA NO DIREITO destacando mais um aspecto do fenômeno moral. Por isso, cada uma delas, corresponde a uma vertente do fenômeno total da moralidade. As classificações ajudam a se aproximar da lógica da ação moral. 2.1 Descrição ou prescrição como fundamento classificatório. Durante algumas décadas esteve difundida a classificação entre éticas normativas e descritivas. Alguns filósofos morais descrevem como as pessoas se comportam de fato em relação a assuntos morais, outros apontam para o modo como as pessoas devem comportar-se. O primeiro considera a moral como um fenômeno a ser descrito e explicado e o segundo como um conteúdo a ser recomendado. Hoje essa distinção é criticada, porque a dimensão normativa faz essencialmente parte da moral, embora diferentemente sob o ponto de vista cotidiano imediato ou sobre a perspectiva da filosofia moral que explica e fundamenta o fenômeno moral. 2.2 Éticas naturalistas e não-naturalistas Esta classificação foi proposta por Moore com o objetivo de mostrar que a moral não se identifica com fenômenos naturais que afetam a vida humana. Daí que éticas que reduzem a moral ao prazeroso ou a busca da felicidade seriam naturalistas, enquanto que aquelas que concebem a moral como um âmbito autônomo, irredutível a outros fenômenos, seriam éticas não naturalistas. 2.3 Éticas cognitivistas e não-cognitivistas Diz respeito à possibilidade de enunciados morais suscetíveis de verdade ou falsidade. Assim as primeiras consideram a moral como mais um âmbito do conhecimento cujos enunciados podem ser verdadeiros ou falsos. As não cognitivistas negam que se possa falar de verdade ou falsidade com respeito à moral, concebendo-a como algo alheio ao conhecimento. Hoje o cognitivismo moral aparece sob outra forma em que a questão não é a verdade ou falsidade de enunciados morais, mas a possibilidade de argumentar ÉTICA NO DIREITO racionalmente para chegar a normas morais. A questão não é lógica, mas dialógica. Este é o caso da ética do discurso. 2.4 Éticas de motivos e éticas de fins Ambas encaram a natureza humana como uma pauta para a conduta, mas chegam a ela por caminhos diferentes. A ética de motivos realiza a investigação empírica das causas das ações. Pretende ver quais motivos efetivamente determinam a conduta humana. O bem ou o fim moral responde a aspirações afetivas. Desta vertente é o epicurismo e o utilitarismo. O problema desta ética é o subjetivismo dos motivos como fundamentação da moral. A ética dos fins supera este problema, investigando não tanto o que motiva, mas em que consiste o aperfeiçoamento e a plenitude humana, porque nisto reside o bem do ser humano. Assim o acesso à natureza não é empírico, como é o caso da primeira, mas tentará chegar à essência do ser humano. Nesta linha estão os gregos e os medievais. O positivo é a sua objetividade, mas o problema são as diferentes interpretações da essência humana. 2.5 Éticas de bens e de fins As éticas de bens consideram que o bem moral consiste na realização de um fim subjetivo, isto é, na obtenção de um bem desejado. Algumas priorizam o conjunto dos bens sensíveis, outras fazem uma seleção. As éticas de fins defendem que o bem moral reside no cumprimento de um fim objetivo independente do desejo do sujeito. Este fim pode ser o aperfeiçoamento do indivíduo ou da sociedade. 2.6 Éticas materiais e éticas formais Classificação procede de Kant. Aséticas materiais afirmam que o critério de moralidade para avaliar ações, são os enunciados com conteúdo, pois existem bens e valores moralmente determinados. Aqui o fundamento da moral é definido pela ontologia, teologia, sociologia ou psicologia empírica, mas não a partir da própria moralidade. A fundamentação proposta por Kant foi uma ÉTICA NO DIREITO revolução em relação a esse modo de fundar a moral, pois aposta na autonomia e não na heteronomia. As éticas formais dizem que o bem moral não depende de um conteúdo, mas da forma de alguns comandos. Normas que assumem determinada forma são válidas, porque assumem a forma da razão. Essa forma evidencia-se quando se adota a perspectiva da igualdade (em um mundo de pessoas empiricamente desiguais) e da universalidade (em um mundo com indivíduos, dotadas de preferências subjetivas). A vontade que adota essas perspectivas atua autonomamente, racionalmente e humanamente, pois cria um mundo humano (moral, jurídico, político, religioso) em meio a um mundo empírico. Ela é a base da moralidade. 2.7 Éticas Substancialistas e Procedimentalistas As éticas procedimentais (Habermas, Appel, Kohlberg) seguem o formalismo de Kant, substituindo alguns elementos criticáveis. Defendem que a ética não tem como tarefa recomendar conteúdos morais concretos, mas apenas descobrir procedimentos que possam legitimar ou deslegitimar normas procedentes da vida cotidiana. O procedimento básico é a racionalidade prática no sentido kantiano, isto é, o ponto de vista de uma vontade racional universalizável. O que a razão propõe como obrigatório não pode identificar-se com o que de fato se deseja ou o que subjetivamente convém, mas o que qualquer pessoa desejaria adotar na perspectiva da igualdade e da universalidade, porque este é o ponto de vista moral. Uma limitação do formalismo kantiano era a concepção monológica da razão. Os procedimentalistas propõem uma visão dialógica da razão. Isso aparece na ética de Rawls, na ética do discurso e na teoria de Kohlberg. As éticas substancialistas afirmam que é impossível falar de normas sem ter como pano de fundo uma concepção partilhada do que é uma vida moralmente boa. Para eles, a principal questão, no âmbito da moral, não são as normas morais justas, mas os fins, os bens, as virtudes comunitariamente vividas num contexto vital concreto. Eles criticam os procedimentalistas por não serem capazes de criar laços de coesão social e de terem uma visão abstrata e vazia. ÉTICA NO DIREITO 2.8 Éticas teleológicas e deontológicas Alguns distinguem entre éticas que prestam atenção às consequências, identificadas com as teleológicas (teleos designa em grego o fim), e éticas que não as levam em consideração, pois estão centradas no dever, sendo denominadas de deontológicas (deón em grego é dever). Mas essa distinção não é mais útil, porque nenhuma teoria ética hoje desconsidera as consequências. Teleológica é uma ética que sustenta que o que é correto só pode ser definido a partir das consequências que uma dada ação produz. Isso se dá por que para esse tipo de teoria ética, só podemos afirmar o que é correto se antes definirmos o bem a ser alcançado. Seguindo Frankena, Rawls propõe outra definição mais adequada. Éticas teleológicas ocupam-se em discernir o que é o bem não moral antes de determinar o dever, considerando moralmente boa a maximização do bem não moral. Éticas deontológicas definem o âmbito do dever antes de se ocupar do bem, só considerando bom o que é adequado ao dever. Apesar das duas teorias, teleológica e deontológica, terem concepções diferentes, isso não quer dizer que as duas são contrárias em tudo. Em muitos casos as duas possuem a mesma opinião a cerca de uma determinada ação. O que vai diferenciar são as justificativas que as duas encontram para se opor a esta ação. 2.9 Éticas da intenção e éticas da responsabilidade A distinção foi introduzida por Max Weber no seu trabalho sobre a Política como vocação. Para o político apresentam-se duas atitudes possíveis: seguir a ética absoluta incondicionada ou a ética da responsabilidade. Para a primeira, importam a convicção interna, a pureza de intenção, a correção da religião. A segunda, ao contrário, atende aos efeitos das ações pelos quais assume a responsabilidade. O eticista da convicção ou da intenção fundamenta a sua ação na convicção do racionalismo cósmico-ético. O eticista da responsabilidade se apoia na justificação dos meios pelo fim. O principal defeito da ética da ÉTICA NO DIREITO intenção é o mal não desejado como consequência da ação bem intencionada, enquanto que o da ética da responsabilidade é o mal aceito como meio para o fim. Weber propõe que as duas devem complementar-se. 2.10 Éticas de máximos e éticas de mínimos Muitos autores propõem a distinção entre o justo e o bom dentro do fenômeno global da moralidade. Os dois se complementam, pois não posso definir o justo sem ter alguma ideia de vida boa, nem posso esboçar um ideal de felicidade sem considerar os elementos da justiça. Apesar disso é importante distingui-los, porque justo é aquilo que é exigível de todos, tendo presente interesses universalizáveis. A justiça refere-se ao que é exigível no fenômeno moral, além de ser exigível para qualquer ser racional que queira pensar moralmente. Portanto justo é aquilo que satisfaz os interesses universalizáveis atingidos por um diálogo entre todos os afetados em condições de simetria. Ao contrário, quando falamos que algo é bom ou que proporciona felicidade não podemos exigir que qualquer ser racional o considere como bom, porque essa é uma opção subjetiva. Por isso ganha espaço hoje a distinção entre éticas de mínimos (éticas da justiça) e éticas de máximos (éticas de felicidade). As primeiras ocupam-se da dimensão universalizável do fenômeno moral, isto é, daqueles deveres exigíveis de qualquer ser racional, identificada com as exigências mínimas. As éticas de felicidade oferecem ideais de vida boa, possíveis de hierarquização, para atingir a maior felicidade. Trata-se de éticas de máximos que aconselham modelos morais que dependem de uma opção subjetiva, não sendo exigíveis para qualquer ser racional. Nesse campo existe um pluralismo axiológico de modelos (axios = valor). ÉTICA NO DIREITO 3 ÉTICA GREGA: GRANDES FILÓSOFOS E OS ENTENDIMENTOS DE ÉTICA Fonte: portalconscienciapolitica.com.br A ética pode ser entendida como um estudo ou uma reflexão sobre ações, costumes ou comportamentos. É de extrema importância destacar que a ética está diretamente ligada aos hábitos e costumes, e esses mudam de acordo com o tempo e a localização. Sendo assim, o que é considerado ético hoje, pode não o ser amanhã e o que é considerado certo em determinado país ou localidade, pode não o ser em outro. Álvaro Valls (2000) traz assim, uma definição mais abrangente de ética, onde a entende como hábitos e comportamentos aceitos em determinado espaço de tempo e em determinada localidade de acordo com os costumes vigentes, enquanto considerados morais pela maioria da sociedade, deixando clara a condição situacional da ética. 3.1 Ética para Sócrates Fonte:dannybia.com ÉTICA NO DIREITO Os grandes pensadores da ética buscaram uma universalização dos princípios éticos. No entanto, a grande diversidade de costumes e culturas, torna difícil essa universalidade. Alguns pensadores se destacaram, conforme mostra Valls (2000) e não podem deixar de serem citados no estudo da ética. Na Grécia antiga, entre os anos de 500 e 300 a.C., aproximadamente, pode-se encontrar inúmeras reflexões acerca da ética que são de extrema importância não somente para aquele tempo, mas para todo o fundamento do pensamento sobre a ética até os dias de hoje. Dentre eles, encontra-se o grego Sócrates que viveu entre470 e 399 a.C. e que se destaca por ter desafiado a cidade-estado, questionando as leis, mesmo obedecendo-as, fazendo com que o conservadorismo grego o condenasse a beber veneno. Apesar de não ter deixado nada escrito, seus ensinamentos podem ser observados por intermédio dos seus discípulos, dentre eles Platão em seus diálogos. Séculos depois, Sócrates foi chamado de fundador da moral, pela tentativa de compreensão da justiça através da sua convicção pessoal. Valls (2000) aborda moral como sinônimo. Para muitos, Sócrates de ética, com pequeno destaque para a interiorização das normas. Platão, que viveu entre 427 e 347 a.C., discípulo de Sócrates, acreditava que todos os homens estavam em busca da felicidade, no entanto, sempre se questionava, onde estaria esse bem supremo. Ética para Sócrates basta saber o que é bondade para que se seja bom. Na época de Sócrates era uma noção perfeitamente coerente com o pensamento, ainda que não com a prática da sociedade grega. Para Sócrates pode ser atribuída à origem da ética (ou filosofia moral), tendo como ponto de partida a consciência do agente moral, “É sujeito ético ou moral somente aquele que sabe o que faz, conhece as causas e os fins de sua ação, o significado de suas intenções e de suas atitudes e a essência dos valores morais”. Sócrates afirma que apenas o ignorante é vicioso ou incapaz de virtude, pois quem sabe o que é bem não poderá deixar de agir virtuosamente. Sócrates não foi somente o bom; procurou também a ciência do ser bom, a ética, à filosofia moral, a partir de princípios gerais absolutos, tendo como fim da ação a felicidade. ÉTICA NO DIREITO A ética para Sócrates reside no conhecimento e na felicidade. Aquele que comete o mal crê praticar algo que o leve à felicidade, por ter seu juízo enganado por meros "achismos”. Por isso é preciso, antes, conhecer a si mesmo. Depois disso valorizar acerca do bem e do mal. A felicidade, para ele, não se resumia a bens materiais, riquezas, conforto ou status perante os demais homens. Sua ética é, portanto, teleológica, a forma da moral é fundamentalmente finalista como todas as éticas antigas. Bom é o que atende aos fins do homem, em especial ao seu desejo de felicidade. A moral é, portanto, um bem viver em vista de uma hierarquia de faculdades do homem, a felicidade procurada se ordena de tal maneira a fazer prevalecer a do espírito. No caso de Sócrates este espírito resulta em certa rigidez, por causa do sem sentido das coisas materiais e da necessidade do purificar a alma de delitos anteriores. O comportamento quase ascético de Sócrates é resultado desta sua moral com base no dualismo órfico (dogmas, mistérios, princípios e poemas filosóficos atribuídos a Orfeu). 3.2 Ética para Platão. Platão parecia acreditar em uma vida após a morte, demonstrando em seus diálogos à espera da felicidade especialmente depois da morte. Ele acreditava que esta vida devia servir de contemplação de ideias, dentre elas, a principal, a ideia do bem. Segundo João Mattar (2004), Platão teve outra importância, fundando o que pode ser considerada a primeira universidade da história da humanidade ao fundar sua Academia. Suas obras são descritas em diálogos e cartas. Fonte:profselione.blogspot.com.br ÉTICA NO DIREITO Como Sócrates, Platão também teve seus discípulos, dentre eles, Aristóteles, que viveu entre 384 e 322 a.C., pensador que analisava depoimentos sobre a vida das pessoas e das diferentes cidades gregas. Também compara o ser e o bem, relevando as diversidades de ambos e enfatizando que cada substância terá o seu ser em busca do seu bem, para que o homem atinja a felicidade. Mas Aristóteles compreende que o homem não necessita de um único bem supremo; em sua complexidade, necessita de vários bens, de diversos tipos, formando um conjunto. Segundo Álvaro Valls (2000). Platão propõe uma ética transcendente, dado que o fundamento de sua proposta ética não é a realidade empírica do mundo, nem mesmo as condutas humanas ou as relações humanas, mas sim o mundo inteligível. O filósofo centra suas indagações na Ideia perfeita, boa e justa que organiza a sociedade e dirige a conduta humana. As Ideias formam a realidade platônica e são os modelos segundo os quais os homens tem seus valores, leis, moral. Conforme o conhecimento das ideias, das essências, o homem obtém os princípios éticos que governam o mundo social. O uso reto da razão é entendido como o meio de alcançar os valores verdadeiros que devem ser seguidos pelos homens. No mito da caverna, o filósofo expõe a condição de ignorância na qual se encontra o homem ao lidar com o conhecimento das aparências. Somente pelo conhecimento racional o homem pode elevar-se até as Ideias, até o Ser e conhecer a verdade das coisas. Isto se dá através do método dialético, o qual elimina as aparências e encontra as essências, a verdade no conhecimento das coisas. Este método filosófico tem por finalidade libertar os homens da ignorância e levá-los ao conhecimento de ideia em ideia, até alcançar o conhecimento da Ideia Suprema: o Bem. As outras ideias participam desta e devem sua existência a esta. O Bem ilumina o ser com verdade, permitindo que seja conhecido, assim como o Sol ilumina os objetos e permite que sejam vistos – nota-se aqui a analogia entre Bem e Sol apresentada no mito da caverna. Existem diversas ideias e é devido à participação nestas, mesmo que enquanto cópia imperfeita, que se fez possível o mundo sensível. Ao contemplar a ideia do Bem, o homem ÉTICA NO DIREITO passa a sofrer as exigências do Ser, isto é, suas ações devem ser pautadas conforme a ideia contemplada. A alma humana – de suma relevância para a ética platônica- é tripartite, isto é, forma-se pela inteligência, pela irascibilidade e pela concupiscência. Tal como as partes da cidade ideal, cada uma das partes da alma possui suas funções específicas que não podem ser exercidas por nenhuma das outras partes. Cada uma das partes da cidade e, por analogia, cada uma das partes da alma, possui uma função própria a qual pode ser executada com excelência ou não, e, ao executá-la com excelência, sua virtude própria é exercida. A virtude é definida, pois, como capacidade de realizar a tarefa que lhe é inerente. No caso do governante da cidade e da alma racional, a virtude inerente aos mesmos é a sabedoria; no caso dos guerreiros e da parte irascível da alma, a virtude que lhes é própria é a coragem; por fim, no caso da parte concupiscente da alma e dos produtores de bens da cidade, a virtude própria é temperança. Dada a posição de cada classe, pode-se definir a justiça como cada parte fazendo o que lhe compete, conforme suas aptidões. Portanto, ao estabelecer uma relação de analogia entre a sociedade e indivíduo, Platão define o conceito de justiça – o qual seria também concebido como princípio de equilíbrio do indivíduo e da sociedade – e o liga ao conceito de virtude. O sentimento de justiça é, pois, a virtude maior cujo valor ético guia as condutas dos homens. Para que esta virtude seja alcançada, o homem deve buscar o bem em si mesmo, porque ele realiza o ideal de justiça, tanto com relação ao bem individual quanto social. A ética platônica ocupa-se com o correto modo de agir e sua relação com o alcance da felicidade. Contudo, o discurso ético apresentado na República acerca da felicidade relaciona esta com o conceito de justiça. O problema da justiça enquadra-se no âmbito político, o qual tem estreita relação com o campo da ética: é deste modo que surge a tese central de que só o justo é feliz. No diálogo República, buscando a constituição da cidade ideal, surge o problema cerne acerca da definição da justiça para que se pudesse, posteriormente, definir o que é a justiça tanto no indivíduo quanto no Estado. Há, pois, um paralelo entre Estado e indivíduo a fimde que se encontre a definição de justiça. ÉTICA NO DIREITO Para Platão, a sociedade seria como algo orgânico e bem integrado, como uma unidade construída por vários elementos independentes, embora integrados. A cidade forma-se por três classes, como já apontamos, e cada classe possui sua função específica. Deve-se notar que tais funções são determinadas conforme as aptidões naturais de cada membro da cidade. O objetivo desta divisão é mostrar com mais clareza como ocorre o mesmo na alma humana. A finalidade da cidade justa e boa é, então, propiciar a felicidade do indivíduo ao viabilizar a prática de suas virtudes, de suas aptidões específicas. Devemos ter em mente que a virtude correspondente a cada classe da cidade e a cada parte da alma humana deve ser ensinada visando a realização do ideal da polis. Esta educação embasa-se no método dialético ascendente, o qual liberta o homem dos sentidos e o eleva até o mundo inteligível, até o ponto mais claro do Ser, a ideia do Bem. Após contemplar o Bem diretamente, o filósofo deve retornar à cidade que lhe propiciou educação de modo a guiar os outros cidadãos da ignorância ao conhecimento racional. As ideias – das quais se originam as cópias sensíveis – são, pois, existentes em si e por si, são realidades universais, eternas, imutáveis. Por tais motivos, são os modelos a serem seguidos, são paradigmas para a construção da cidade ideal e para a educação moral, política e espiritual do homem. Além do mais, são ordenadoras do cosmos. Fica evidente que a proposta de Platão se liga, principalmente, às ideias de Justiça e do Bem-este último é o supremo valor que sustenta a justiça com relação à organização política e à conduta individual. O equilíbrio entre as três partes componentes da alma e da cidade gera equilíbrio, harmonia e leva à felicidade. Assim, Platão busca por definições gerais, universais, imutáveis, eternas, existentes por si mesmas: as Ideias. Como veremos adiante, tal busca é oposta à busca aristotélica pela virtude ligada à aplicabilidade desta. 3.3 Ética para Aristóteles Aristóteles afirma que os homens têm o seu ser no viver, no sentir e na razão, sendo esses os fatores que definirão os melhores bens para cada um. Aristóteles valoriza a vontade humana, apregoando que o homem necessita ÉTICA NO DIREITO converter seu esforço em bons hábitos, de acordo com a razão, sendo esse esforço voluntário. Fonte:filosofiaemvideo.com.br Aristóteles desenvolve a teoria da virtude que, segundo João Mattar (2004), tem como uma das principais funções morais o cultivo de traços de caráter, sendo estas, características que as pessoas já possuem, bastando externá-las através de suas atitudes no dia-a-dia. Aristóteles ainda considerava virtuosa a pessoa que conseguisse, através da sabedoria prática adquirida pela experiência individual, o equilíbrio entre o vício do excesso e da escassez. No final do século XVIII, volta-se a destacar a análise da subjetividade com o pensador alemão Kant que viveu entre 1724 e 1804, na busca de uma ética universal, na igualdade entre os homens. Sua filosofia, segundo Álvaro Valls (2000), se chama filosofia transcendental, por buscar no próprio homem o conhecimento verdadeiro e o agir livre. Para a igualdade fundamental, Kant necessitaria chegar a uma moral única, racional. Conforme demonstra Valls (2000, p. 20) “Se a moral é a racionalidade do sujeito, esse deve agir de acordo com o dever e somente por respeito ao dever: porque é dever, eis o único motivo válido da ação moral”. A ética aristotélica, em oposição à ética de seu mestre, é imanente, tendo suas bases na realidade empírica do mundo, no questionamento acerca das condutas humanas e na organização social. As exigências com relação à vida na polis e a realidade do homem formam o conteúdo das ideias, e são ÉTICA NO DIREITO ambas as responsáveis pela escolha dos valores, pela moralidade e pelas leis, pela definição das condutas dos homens. Sua teoria ética era realista, empirista em contrapartida à visão idealista e racionalista de Platão. A ética aristotélica inicia-se com o estabelecimento da noção de felicidade. Neste sentido, pode ser considerada eudemonista por buscar o que é o bem agir em escala humana, o agir segundo a virtude – diferentemente de Platão, que buscava a essência das ideias de felicidade e da ideia do Bem sem relacioná-las diretamente à prática. A felicidade é definida como uma certa atividade da alma que vai de acordo com uma perfeita virtude. Partindo dessa definição, faz-se necessário um estudo sobre o que é uma virtude perfeita e, assim, faz-se necessário, também, o estudo da natureza da virtude moral. A virtude é definida pelo Estagirita como hábito ou disposição racional constante, sendo a virtude o hábito torna o homem bom e o capacita na boa execução de sua função. Esta definição se mostra oposta à de Platão: a virtude é definida como capacidade de realizar uma função determinada, inerente a alguma parte da alma humana ou da cidade ideal. A virtude moral é consistida por uma mediedade relativa a nós e o filósofo define- a como disposição – já que não podem ser nem faculdades nem paixões – para agir de forma deliberada, sendo que a disposição está de acordo com a reta razão. Após estabelecer a virtude moral como uma disposição – héxis – ou seja, como se dá o comportamento do homem com relação às emoções, há ainda a necessidade de que a diferença específica entre virtude moral e virtude intelectual seja explicitada. O Estagirita, em contrapartida às visões de Sócrates e Platão, atribui um papel importante dos sentimentos no âmbito ético, pois esta parte emocional da alma também é responsável na formação das virtudes, quando em conformidade com a parte racional. O que distingue as duas espécies de virtude é a mediania. A virtude intelectual é adquirida através do ensino, e assim, necessita de experiência e tempo. A virtude moral é adquirida, por sua vez, como resultado do hábito. O hábito determina nosso comportamento como bom ou ruim. É devido ao hábito que tomamos a justa-medida com relação à nós. Logo, a mediania é imposta pela razão com relação às emoções e é relativa às circunstâncias nas quais a ação se produz. ÉTICA NO DIREITO Nenhuma das virtudes morais surge nos homens por natureza – ao contrário da visão inatista platônica – porque o que é por natureza não pode ser alterado pelo hábito, a natureza nos capacita em receber tais virtudes e esta capacidade em recebêlas é aperfeiçoada pelo hábito. Virtudes e artes são adquiridas pelo exercício, ou seja, a prática das virtudes é um pré-requisito para que se possa adquiri-las. Sem a prática, não há a possibilidade de o homem ser bom, de ser virtuoso. Neste ponto da exposição aristotélica, podemos notar outra oposição com relação à ética platônica: conforme esta, o homem só pode ser bom e virtuoso ao contemplar a ideia do Bem – o que aponta para a diferença entre as concepções idealistas/racionalistas apresentadas por Platão e as concepções realistas/empiristas expostas pelo peripatético. Aristóteles critica a identificação feita por seu mestre entre virtude e conhecimento, de modo que conhecer a essência da Justiça implicaria em ser justo, haja vista que são identificados. Assim, o conhecimento da ideia do Bem seria a condição para o bem agir, e a virtude consistiria em somente um tipo de conhecimento teórico, conforme a crítica feita pelo Estagirita. Este afirma que a razão não é a única a atuar na determinação da boa conduta, devendo-se levar em conta os sentimentos por auxiliarem na formação das virtudes, além do fato de que as virtudes implicam uma atividade racional. Como vimos, as virtudes morais são vistas como produto do hábito, consequentemente não são tomadas como inatas – como o fizeram Sócrates e Platão. Ao consideraras virtudes morais como adquiridas, há uma implicação de que o homem é causa de suas próprias ações, responsável por seu caráter – por esse motivo a ação precede e prevalece sobre a disposição – o que refuta a ideia platônica de que o homem que age mal, o faz por ignorância, pois o mal é a ausência do bem. Está na natureza das virtudes a possibilidade de serem destruídas pela carência ou pelo excesso e cabe à mediania preservar as virtudes morais e também diferenciá-las das virtudes naturais. Pode-se notar, pois, que a ideia de justa-medida preconiza que qualquer virtude é destruída pelos extremos: a virtude é o equilíbrio entre o sentir em excesso e a apatia. Portanto, fica evidente que a virtude busca pela harmonia – e esta é dada pela razão entre as emoções extremas. O meio-termo é experimentar as emoções certas no ÉTICA NO DIREITO momento certo e em relação às pessoas certas e objetos certos, de maneira certa. Isso é a mediania, é a excelência moral, a qual diverge da noção platônica de excelência moral, que seria cada parte da alma exercer sua tarefa própria da melhor maneira possível, com excelência para exercer sua respectiva virtude. 3.4 Ética para Estoicos O estoicismo é uma filosofia essencialmente ética orientada para a virtude, diferente do epicurismo que é orientado para hedonismo buscando a felicidade através do prazer. O estoicismo foi representado, a princípio, por três importantes pensadores; Zenão de Cítio (336 – 264 a.C.), Cleanto de Assos (280 – 210 a.C.) e Sêneca (4 ou 2 até 65 d. C.). Fonte: metaeticasite.wordpress.com Para os Estoicos, todas as coisas corpóreas são semelhantes aos seres vivos, o Sopro divino está presente em tudo, e é esse Sopro que faz com as partes que compõem um corpo se tornem independentes. Assim sendo, na visão Estoica, o Universo é uma junção de todas as coisas unidas pelo Sopro Ígneo (alma), e a razão Universal (os logos) seria a alma comum, que a tudo penetra e organiza. Assim, tanto na natureza, como na vida humana, não haveria lugar para o caos nem para a desordem, pois isso estaria contrariando os logos. Dessa observação Estoica, surge então a física proposta por eles que trata o mundo como um ser vivo, um animal sábio e totalmente racional, e ÉTICA NO DIREITO ainda, inserida ao seu corpo ciclos de surgimento e desaparecimento – ensinando ao homem que há coisas que não estão em seu domínio ou poder. Todavia, dependem de causas exteriores a ele e se encadeiam de maneira necessária e racional. Acompanhando essa premissa, nos encontramos sujeitos à predeterminação de tudo, pois somente a predeterminação pode explicar a ordem perfeita das coisas. A organização e a cosmobiologia estoica lembra o modelo aristotélico, onde a Terra estava no centro do universo e que os céus tinham os seus movimentos imutáveis, seguindo fino arranjo do cosmos. O estoicismo pondera também que, a vocação do homem era bem aproveitada quando o talento do mesmo se encontrava com a necessidade do mundo, ou seja, o homem já estava predeterminado, o que lhe restava, consequentemente, era encontrar a necessidade do mundo para se encaixar a ela com seu talento. A ética estoica adota o lema de “seguir a natureza”, corroborando com a visão da física. Segui-la, portanto, é o mais coerente a se fazer, pois a predeterminação considera a direção a ser seguida. Já a virtude moral é o acordo do homem com a sua intrínseca natureza, quando esse caminha no sentido correto, conforme o supramencionado, em conjunto com a prática e com a prudência, sua vida é bem empregada e aproveitada em todos os sentidos. Contudo, quando o homem contraria sua predeterminação, transtorno esse que é causado por suas paixões, que são oriundas, também de meios externos, a sua vida não será bem usufruída e, nem trará resultados positivos. Para Sêneca, o corpo humano é um mal necessário, uma prisão, uma passagem. Por conseguinte, enganam-se aqueles que vivem para o corpo e não para a alma, pois ela (a alma) é eterna, ao passo que o corpo é transitório. Não é difícil repararmos no trecho acima os detalhes plantonistas da reminiscência da alma. Visivelmente, tanto Sêneca como alguns preceitos estoicos, têm em sua natureza elementos da filosofia clássica. Abaixo uma simples sintetização da filosofia desse grande pensador para entendermos melhor o pensamento estoico. O homem é um ser corpóreo e espiritual. O corpo é uma prisão para a alma e devemos, portanto, livrarmo-nos o máximo possível da influência deste (os desejos carnais) sobre ela (a alma); ÉTICA NO DIREITO a) A razão é parte do espírito divino imerso no corpo humano; b) Para Sêneca, Júpiter é o único Deus; c) A pessoa é composta de corpo e alma; assim, essa palavra atinge para ele um elevado teor ético, contrariamente a toda a filosofia anterior na qual significava, meramente, aparência. 3.5 Ética para Peter Singer Outro autor que aborda a ética de forma abrangente, é Peter Singer (2002) que traz questões de natureza prática como a igualdade para as mulheres, o aborto, a eutanásia e utiliza, indiferentemente, as palavras ética e moral. Fonte:edmarciuscarvalho.blogspot.com.br Afirma que, para alguns, a ética pode ser vista como uma série de proibições ligadas ao sexo e para outros, pode ser confundida como algo bonito na teoria, mas que não funciona na prática. Segundo o autor (2002), isso acontece porque as pessoas acreditam que a ética é um conjunto de normas simples e breves como: não matar, não mentir, mas na vida real acontecem coisas inusitadas e complexas. Daí, surge a concepção consequencialista, em que uma ação será ética ou não, dependendo das consequências que o ato acarretar. ÉTICA NO DIREITO 4 A Crise Ética na Modernidade Fonte: imscoachingdecarreira.com.br A ética moderna traz à tona o conceito de que os seres humanos sempre devem ser o fim de uma ação e nunca um meio para alcançar determinado interesse, pois o homem é visto no centro e tudo está ao seu serviço. Essa é uma ideia defendida por Kant, um dos principais filósofos da modernidade, que acreditava na ideia de que o homem é um ser egoísta, destrutivo, ambicioso, cruel e agressivo. As crises históricas determinam as mudanças que acontecem e mudam a realidade da sociedade de forma radical. É uma questão bastante relevante para filosofia, visto que o desenvolvimento da história e as suas crises cabem a filosofia, ela não pode ficar estática a situações vividas pelo homem moderno. A função da filosofia é elucidar o homem em seu ser total. A ética tornou-se uma problemática fundamental no ocidente do século XX. Durante os anos 50 e 60 chegou-se a utilizar o termo reabilitação ética. A mentalidade técnico-científica se tornou cada vez mais dominante na civilização ocidental, menosprezando a ética e a reduzindo apenas aos problemas individuais. A ética não faz parte do âmbito racional, pois racionalidade é ligada a ciência, e tudo que não é pertencente a ciência é resultado do livre arbítrio de cada um. A ética está no centro da vida humana, pois a tarefa fundamental e primordial do homem é a construção do seu eu. ÉTICA NO DIREITO Fonte: dialogospoliticos.wordpress.com O problema se faz presente, sobretudo, no pensamento europeu, ainda por uma oposição que vem desde Kant, com um enorme empecilho a qualquer ontologia. Não se faz mais uma teoria do mundo. A filosofia virou apenas uma teoria do nosso conhecimento do mundo. Enquanto não suplantarmos a dicotomia entre ser humano e mundo, entre sujeito e objeto, entre teoria e realidade, que é a legado deixado pela modernidade, ainda majoritária no pensamento atual, nós não teremos saídas. Teremos saídas, no máximo que não são capazes de dizer o que devemos fazer frente às questões que cada um deve enfrentar. A questão fundamental da filosofia hojeé voltar a ser uma teoria da realidade, é voltar a falar do legítimo. A partir dos valores, em primeiro lugar, ontológicos, podese perguntar o que a realidade pode dizer enquanto exigência ética. Fonte: iped.com.br ÉTICA NO DIREITO Podemos pensar em uma ótica de entender a ética da vida coletiva. E uma ideia fundamental que se destaca como uma ética alternativa é aquela onde o homem não é em primeiro lugar só indivíduo, mas um ser fundamentalmente de relações e que só conquista o seu ser através do outro. Somente uma sociedade que pudesse ser articulada de tal maneira, onde cada ser humano possa ser respeitado e respeitar os outros, seria uma sociedade capaz de criar condições para realização do ser humano. Esta é a ideia do reconhecimento mútuo, da dignidade igual de todos os seres humanos. É um princípio ético fundamental para organizar a vida coletiva. Isto é, não há seres humanos especiais e a eles não se destinam os bens da Terra. Mas todos os seres humanos são portadores da mesma igualdade. É por isso que a participação, naquilo que é comum, e nas decisões da vida coletiva, é um direito fundamental de cada um, uma vez que cada um é igual. 4.1.1 A NOÇÃO ÉTICA MODERNA: A ÉTICA E A MORAL Fonte: taringa.net Ética não se constitui em um catálogo de valores particulares e alheios à prática dos grupos sociais, das sociedades e das áreas do saber. Para Chauí (2003), a ética moderna trata de um determinado coletivo, como ele se desenvolveu e como age. Já, a moral – um dos objetos da ética – é um ÉTICA NO DIREITO conjunto de regras gerais de uma sociedade que, ao ser introjetada pelas pessoas, torna-se uma questão de consciência individual. Ser moral significa se adequar e viver de acordo com as normas de uma determinada sociedade. Ser imoral significa conhecer as normas e não as seguir. O indivíduo considerado amoral é o que não segue as normas sociais por desconhecê-las ou não compreender os seus valores. A ética, entretanto, está acima da moral: ela analisa e critica a moral, embora com ela se relacione. A moral diz respeito aos conceitos abstratos de certo e errado para cada consciência, enquanto a ética procura resolver os dilemas dos grupos por meio da reflexão e do debate social acerca da ação concreta desta ou daquela comunidade. A ética, portanto, relaciona-se com o Direito, com a Justiça, com a Política, com as Leis e com as práticas científicas e profissionais. Ser ético significa viver coerentemente com uma linha ética, aproximando o que penso daquilo que faço, buscando o benefício e a qualidade de vida de todos, da humanidade. A finalidade da ética é orientar a prática. Fonte: conceptoseticaymoral.blogspot.com.br Ao discutir a existência ética, Chauí trata da diferenciação entre senso e consciência moral. Para a autora, nossos sentimentos e ações, assim como nossas dúvidas acerca da correção de uma determinada decisão, exprimem nosso senso moral. O julgamento (razão) sobre a decisão a tomar se dá por ÉTICA NO DIREITO meio de nossa consciência moral, posta em ação pelo senso moral. O senso e a consciência moral, desta forma, relacionam-se aos valores (justiça, integridade, generosidade; etc.), aos sentimentos gerados pelos valores (vergonha, culpa, admiração, raiva, dúvida, etc.), bem como às decisões tomadas (ações e suas consequências individuais e coletivas). Portanto, o senso moral e a consciência moral não são dados pela natureza: são indissociáveis da cultura, são escolhas das pessoas que vivem numa determinada cultura ou grupo. Para Chauí (2003, p.9), os conteúdos dos valores podem variar, mas sempre estão ligados a um valor mais profundo: o BEM. Por meio de nosso juízo de valor é que definimos comportamentos como BONS ou MAUS. Nosso juízo ético de valor fundamenta-se em normas que determinam o que deve ser feito, quais obrigações, intenções e ações são corretas ou incorretas. 5 ÉTICA PROFISSIONAL A ética do advogado é um segmento da ética geral, que vai definir a conduta do profissional perante os colegas, partes no processo, magistrados, promotores e a sociedade em geral. Cuidado, o Código de Ética e Disciplina não é uma lei, diferentemente do Estatuto da OAB (Lei 8.906/94), mas é um Regramento Especial, com força normativa de natureza infralegal. O Conselho Federal da OAB, ao assentar e compor o Código de Ética, alinhou-se a princípios gerais que formam a consciência profissional do advogado e representam obrigações, que devem se pautar os profissionais em suas condutas. Os principais princípios norteadores são: Ser fiel à verdade para poder servir à justiça como um de seus elementos essenciais; Pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo respeito às leis, fazendo com que o Ordenamento Jurídico seja interpretado com retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e às exigências do bem comum; ÉTICA NO DIREITO Lutar sem receio pelo primado da justiça; Proceder com lealdade e boa-fé, em suas relações profissionais e em todos os atos do seu ofício; Empenhar-se na defesa das causas confiadas ao seu patrocínio, dando ao constituinte o amparo do Direito, e proporcionando-lhe a realização prática de seus legítimos interesses; Comportar-se nesse mister, com independência e altivez, defendendo com o mesmo denodo humildes e poderosos; Exercer a advocacia com o indispensável senso profissional, mas também com desprendimento, jamais permitindo que o anseio de ganho material sobreleve a finalidade social do seu trabalho; Aprimorar-se no culto dos princípios éticos e no domínio da ciência jurídica, de modo a tornar-se merecedor da confiança e da sociedade como um todo, pelos atributos intelectuais e pela probidade pessoal; ÉTICA NO DIREITO Agir, em suma, com a dignidade e a correção dos profissionais que honram e engrandecem a sua classe. Abaixo você verá de forma esquematizada alguns princípios éticos importantes a serem considerados pelos profissionais em direito: ADVOGADO deve Não deve ter receio Responsável, se praticar algum ato Tornar-se merecedor de respeito Contribuir para o prestígio Da classe Da advocacia Manter indepe ndênci a em qualqu er circuns tancia De recorrer a impopularidade De desagradar O magistrado A qualquer autoridade Com dolo Ou culpa Lide temer ária Obriga-se a cumprir rigorosamente os deveres consignados no CED Ocorre quando o advogado se une ao seu cliente para lesar a parte contrária, alterando a verdade dos fatos. ÉTICA NO DIREITO 6 O DIREITO E A SOCIEDADE O direito, como conhecemos hoje, está diretamente ligado ao Estado e, por conseguinte, ao capitalismo. Nesse sentido, um advogado ao se deparar com um cliente alvo de alguma injustiça, recorre aos parâmetros legais para resolver o problema, esse, enquanto um profissional do direito é treinado para não vislumbrar outra forma de justiça, atuando de forma que seu cliente veja a situação de igual maneira. Dessa forma, o advogado, enquanto profissional, não consegue lutar por justiça quando essa ultrapassa os quadrantes da legalidade. (KHALIL, 2014) As mesmas premissas valem para os demais profissionais do direito, cujas condutas terminarão, queiram eles ou não, saibam disso ou não, por reforçar essa forma social de lidar com conflitos, na qual toda justiça possível é aquela que puder ser alcançada sob os parâmetros da lei. (KHALIL, 2014) Assim, ainda segundo a linha de pensamento de ..., não é possível pensar a ética jurídica de maneira isolada, pois faz parte de uma estrutura social. Então, o advogado, que aparentemente tem sua essencialidade em assegurar “o bom manejo das ferramentas dadas pelo sistema jurídico para equacionar uma ruptura da ordem” (KHALIL, 2014) na verdade tem seu aval social de formas de solucionar os conflitos,limitada pela dinâmica do capital. Portanto, pensar ética no direito é também pensar o que é ética para o estado e para a sociedade capitalista com todas as suas contradições. 7 OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais princípios da moral individual, social e profissional. Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce. ÉTICA NO DIREITO Parágrafo único. São deveres do advogado: I – Preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade; II – Atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé; III – Velar por sua reputação pessoal e profissional; IV – Empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional; V – Contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; ÉTICA NO DIREITO VI – Estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios; VII – Aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial; VIII – Abster-se de: ÉTICA NO DIREITO a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; (Cuidado, pode configurar crime, art. 332 do CP – Tráfico de Influência ou art. 357 – Exploração de Prestígio). ÉTICA NO DIREITO b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia, em que também atue; c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho, manifestamente, duvidoso; d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana; e) entender-se, diretamente, com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste. IX – Pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos seus direitos individuais, coletivos e difusos, no âmbito da comunidade. ÉTICA NO DIREITO Art. 3º O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as desigualdades para o encontro de soluções justas, e que a lei é um instrumento para garantir a igualdade de todos. Art. 4º O advogado vinculado ao cliente ou constituinte, mediante relação empregatícia ou por contrato de prestação permanente de serviços, integrante de departamento jurídico, ou órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e independência. Parágrafo único. É legítima a recusa, pelo advogado, do patrocínio de pretensão concernente à lei ou direito que também lhe seja aplicável, ou contrarie expressa orientação sua, manifestada anteriormente. Art. 5º O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização. Art. 6º É defeso ao advogado expor os fatos em Juízo falseando deliberadamente a verdade ou estribando-se na má-fé. Art. 7º É vedado o oferecimento de serviços profissionais que impliquem, direta ou indiretamente, inculcação ou captação de clientela. Algumas características inerentes à profissão de advogado, devem ser lembrados. Existe um tripé, básico, que é a estrutura da relação entre advogado e o cliente. 8 SIGILO PROFISSIONAL O Sigilo Profissional, caso seja quebrado, poderá configurar até mesmo um ilícito penal, conforme se depreende do art. 154 do CP. ÉTICA NO DIREITO Violação do segredo profissional Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa de um conto a dez contos de réis. Parágrafo único - Somente se procede mediante representação. Mas o que vem a ser sigilo profissional? Nada mais é que, todas as informações obtidas através do cliente, este profissional deve guardar segredo, pois são sigilosas. Talvez não se tenha compreendido, num primeiro momento, o tamanho do alcance e a proteção que tem o advogado, no que tange ao sigilo profissional. O advogado, caso seja intimado a depor em juízo ou numa delegacia qualquer, estará amparado pelo estrito cumprimento do dever legal, quando permanece calado, não podendo a ele ser imputado o delito previsto no art. 342 do Codex Legal, que é o Falso Testemunho. O sigilo profissional além de ser um dever do advogado é um direito também, senão vejamos: ÉTICA NO DIREITO XIX - recusar-se a depor como testemunha em processo no qual funcionou ou deva funcionar, ou sobre fato relacionado com pessoa de quem seja ou foi advogado, mesmo quando autorizado ou solicitado pelo constituinte, bem como sobre fato que constitua sigilo profissional; 8.1.1 CARACTERÍSTICAS DO SIGILO PROFISSIONAL A sua violação, sem justa causa, constitui infração disciplinar, passível de sanção de censura; Abrange fatos obtidos através do advogado em razão da função desempenhada; Deve ser acatado e respeitado pelo advogado, também, no exercício da função de conciliador, mediador ou árbitro. É considerado de Ordem Pública, pois prescinde de qualquer solicitação de sua observação, a ser realizada pelo cliente. 8.2 CONFIABILIDADE Ao tratarmos de confiabilidade, devemos entender não apenas como a confiança que o cliente deve ter para com o advogado, mas também o advogado para com o cliente, pois trata-se de uma confiança recíproca. ÉTICA NO DIREITO Essa confiança, ab initio, vem com a consulta, a qual todo advogado deve ser remunerado, no valor mínimo que a tabela da OAB do seu estado ou DF trará. Caso essa confiança não ocorra por parte do advogado, deve este profissional externar tal impressão e, caso não tenha sido assinado o contrato, deverá este advogado recusar o cliente. Caso já tenha sido assinado o referido contrato, deverá este profissional substabelecer os poderes os quais lhe foram outorgados ou a eles renunciar. Esses elementos que compõe o tripé estão relacionados, todavia o sigilo profissional vem em capítulo próprio no código de Ética e Disciplina, e deve o operador debruçar-se com mais empenho. 8.3 PESSOALIDADE Para que se estabeleça a relação cliente-advogado, é preciso que haja necessariamente o contato pessoal. O advogado lida com valores essenciais da pessoa humana, tais como a liberdade, o patrimônio, a família, a honra etc. Portanto, para que o cliente possa confiar efetivamente nele, revelando- lhe todos os seus problemas e temores, é fundamental que exista um contato reservado, capaz de preservar o necessário sigilo profissional. (Lincoln Biela de Souza Vale Junior). ÉTICA NO DIREITO 8.3.1 OUTRAS CARACTERÍSTICAS AS QUAIS DEVEM SER ACRESCIDAS E SOMADAS AO TRIPÉ BÁSICO Independência Exclusividade Não mercantilização Independência Trata-se de uma característica inerente à profissão de advogado, a qual o profissional tem o dever de preservar, seja ele advogado particular, com contrato temporário ou permanente, seja de algum setor jurídico de alguma empresa. Exclusividade Entende-se por exclusividade, a proibição de divulgação de serviços advocatícios, concomitantemente ou juntamente com outra (s) atividade (s), ou qualquer que seja o vínculo, muito comumente encontrado com o setor imobiliário. ÉTICA NO DIREITO Não mercantilização Significa dizer que é defeso ao advogado a adoção de características inerentes ao comércio no exercício da profissão. Percebe-se, então, que é proibido ao profissional praticar condutas que resultem, direta ou indiretamente, na captaçãoirregular ou excessiva de clientes. Como por exemplo: ÉTICA NO DIREITO “Se eu perder sua causa, eu devolvo seu dinheiro”. Resumo dos princípios: Pessoalidade Confiabilidade Sigilo Profissional Não Mercantilização Exclusividade O Código de Ética e Disciplina estabelece deveres e abstenções ao advogado, estabelecendo princípios basilares, mas aponta o advogado como sendo, também, defensor dos direitos humanos, sobretudo do Estado Democrático de Direito, bem como, ainda, indispensável à Administração da Justiça (trazido na própria CF/88 - Art. 133. O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações, no exercício da profissão, nos limites da lei). ÉTICA NO DIREITO TABELA DE DEVERES E ABSTENÇÕES DEVERES ABSTENÇÕES Preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade; Utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente Atuar com destemor, independência, honestidade, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé; Patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia, em que também atue; Velar por sua reputação pessoal e profissional; Vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso; Empenhar-se, permanentemente, em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional; Emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana; Contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; Entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste. Estimular a conciliação entre os litigantes, prevenindo, sempre que possível, a instauração de litígios; Aconselhar o cliente a não ingressar em aventura judicial; ÉTICA NO DIREITO 9 O ADOGADO E A RELAÇÃO COM O CLIENTE O advogado postula em juízo ou fora dele, mas para isso deve ter uma procuração, pois a procuração é o instrumento do mandato. Para que o advogado possa atuar m nome do cliente, para fazer prova deste mandato, é por meio da procuração. Há casos em que o advogado precisará de procuração com poderes especiais, como p. ex., na área cível, fazer acordos, e na área criminal, p. ex., para apresentar queixa-crime. É bem verdade e é possível que o advogado atue sem procuração, pois o Estatuto permite ao causídico, em caso de urgência, atuar sem a mesma, pelo prazo de quinze dias, prorrogável por mais 15 dias. Neste caso, a declaração por parte do advogado possui presunção de veracidade. Por fim, cumpre-se destacar que a procuração outorga poderes, de forma individual, podendo o advogado substabelecer com reservas, para atuar, conjuntamente ou separadamente, com algum colega. 9.1 PRAZO DO MANDATO Não há prazo para o mandato que, geralmente, se extingue com o término da causa ou quando o advogado renuncie aos poderes, mas deverá e continuará a responder no processo, durante os 10 (dez) dias seguintes, após a notificação da renúncia. É possível atuar em processo em que a parte já tenha advogado constituído? Já que estamos falando de ética, pois bem, não é nada ético que se faça isso, mas há casos urgentes ou medidas judiciais inadiáveis, aí sim, nesse caso, tudo bem. Quando um cliente lhe procura, às vezes, insatisfeito com a atuação de algum colega, cuidado! Cuidado, não é mandado e sim mandato! ÉTICA NO DIREITO Geralmente, não é culpa do advogado e sim do sistema, que todos nós sabemos que é falho e extremamente moroso. Eu, p. ex., atuo, exclusivamente, na área criminal. Quando residi na Comarca de Luís Eduardo Magalhães, no extremo oeste da Bahia, fui convidado a lecionar em uma instituição da cidade, e era muito comum acontecer clientes me procurarem, alegando que o advogado não estava fazendo nada, que o processo não andava... Caso você aceite pegar causa do tipo, saiba que o próximo advogado, que o cliente irá falar mal será você!! Por isso, sugiro que explique ao cliente, de forma extremamente cristalina e honesta. Nesta mesma comarca, também tive alguns casos em que o processo não andava, e um colega não teve esta visão de ética e, simplesmente, colocou uma procuração no processo, sem nem mesmo o cliente me comunicar (revogação do contrato) e ignorou o contrato que tínhamos. E o que nos resta a fazer? Apenas executar o contrato de honorários e lamentar a conduta deste colega, pois este feriu, por completo, o princípio do coleguismo. A renúncia por parte do advogado é questão íntima e pessoal, não devendo ser expressada na comunicação, sobretudo ao juízo. Por isso, por mais que o cliente tenha deixado de honrar com o pagamento, jamais poderá colocar tal motivo em sua comunicação de renúncia aos poderes. ÉTICA NO DIREITO Salienta-se que em algumas hipóteses a renúncia deve ser uma obrigação e não opção, quando p. ex., o cliente perde a confiança no advogado. Em algumas situações já ouvi de cliente assim: “Mas dr., um outro advogado me disse isso...”. Isto depois de assinado o contrato e já atuando na causa. Bom, o que sugiro a fazer é: chamar o seu cliente e conversar com ele para saber se ainda há confiança no trabalho; do contrário, renuncie. Mas, lembre-se: a vontade do cliente em querer revogar o contrato não retira seu direito de receber NA INTEGRALIDADE os honorários acordados, bem como eventual verba honorária de sucumbência, calculada de forma proporcional ao trabalho, efetivamente prestado. TABELA RENÚNCIA X REVOGAÇÃO RENÚNCIA REVOGAÇÃO É um direito exclusivo do advogado; É um direito exclusivo do cliente; SOMENTE DE FORMA EXPRESSA Poderá ser: expressa (por meio de notificação) ou tácita (quando constitui outro advogado). Permanece sendo obrigado pelos próximos 10 dias, após a notificação Não desobriga o cliente do pagamento das verbas honorárias contratadas. No substabelecimento, o advogado transfere os poderes que a ele foram conferidos. Este substabelecimento pode ser com ou sem reserva. Com reserva, o advogado que substabelece continuará com os poderes principais sobre a causa, podendo limitar os poderes conferidos ao colega que irá CUIDADO: Existe uma diferença gritante entre renúncia e substabelecimento. Renúncia, o advogado simplesmente abre mão dos poderes a ele conferidos. ÉTICA NO DIREITO substabelecer. Já no substabelecimento sem reserva de poderes, o advogado, o qual substabelece, não possuirá mais poderes sobre a causa. 10 CONFLITO DE INTERESSES É possível que o advogado represente várias partes em um único processo, p. ex., num inventário. E no decorrer do processo comece a surgir conflito de interesses entre as partes. O que o advogado deve fazer nesse caso específico? Deve analisar com cautela e optar por um dos mandatos, renunciando aos demais. 10.1 RISCOS DA DEMANDA/CAUSA/PROCESSO É imprescindível que o advogado alerte ao cliente os eventuais riscos da demanda. Na área criminal, p. ex, sugiro que nunca, jamais, diga ao seu cliente que você conseguirá isso ou aquilo. Diversas vezes já tive casos semelhantes com resultados diversos. Por isso, nunca diga ao seu cliente que irá conseguir tirá-lo da cadeia. É comum assistirmos aos noticiários casos de advogados que tiveram suas vidas ceifadas, geralmente, atuantes na área criminal. ÉTICA NO DIREITO Por outro lado, você não é obrigado a atuar com outro advogado, por que o cliente assim deseja ou fazer o que ele quer, até por que o profissional aqui é você. 11 DIREITOS DO ADVOGADO Os direitos do advogado não devem ser vistos como privilégios e sim como prerrogativas para o exercício de sua função, que, como sabemos, é indispensável à administração da justiça, como dispõe nossa Carta Magna. Vamos tratarde forma isolada de cada direito/prerrogativa do advogado, sendo que todos estão dispostos no art. 6º - 7º-A do Estatuto da OAB e previsto também no Regulamento Geral. 11.1 HIERARQUIA ENTRE ADVOGADO, MAGISTRADO E PROMOTOR Não há hierarquia nem subordinação entre advogados, magistrados e membros do Ministério Público, devendo todos tratar-se com consideração e respeito recíprocos. E ainda, as autoridades, os servidores públicos e os serventuários da justiça devem dispensar ao advogado, no exercício da profissão, tratamento compatível com a dignidade da advocacia e condições adequadas a seu desempenho. 11.2 EXERCÍCIO EM TODO TERRITÓRIO NACIONAL É um direito do advogado exercer, com liberdade, a profissão em todo o território nacional, desde que, evidentemente, observados todos os requisitos inerentes ao exercício da mesma e às qualificações necessárias. CUIDADO: Além da principal, o advogado deve promover a inscrição suplementar nos Conselhos Seccionais, em cujos territórios passar a exercer, habitualmente, a profissão considerando-se habitualidade a intervenção judicial que exceder de cinco causas por ano. ÉTICA NO DIREITO No caso de mudança efetiva de domicílio profissional para outra unidade federativa, deve o advogado requerer a transferência de sua inscrição para o Conselho Seccional correspondente. 11.3 INVIOLABILIDADE A inviolabilidade abrange tanto o escritório profissional ou local de trabalho, bem como de seus instrumentos de trabalho, de sua correspondência escrita, eletrônica, telefônica e telemática, desde que relativas ao exercício da advocacia. Perceba-se que esta inviolabilidade não está adstrita, limitada ao seu escritório, mas também a todos seus instrumentos de trabalho, bem como correspondências, etc. 11.4 COMUNICAÇÃO RESERVADA COM SEUS CLIENTES PRESOS É direito do advogado comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente, mesmo sem procuração, quando estes se acharem presos, detidos ou recolhidos em estabelecimentos civis ou militares, ainda que considerados incomunicáveis. ÉTICA NO DIREITO Por algumas vezes, já tive essa prerrogativa violada, mas em todas não tinha nenhuma necessidade de estar de forma reservada ou iria tratar de algum assunto sigiloso, mas não se deve abrir mão, negociar qualquer prerrogativa que nós temos. 11.5 PRISÃO EM FLAGRANTE É direito do advogado ter a presença de representante da OAB, quando preso em flagrante, por motivo ligado ao exercício da advocacia, para lavratura ÉTICA NO DIREITO do auto respectivo, sob pena de nulidade e, nos demais casos, a comunicação expressa à seccional da OAB. Cuidado: a presença do representante da OAB é apenas e, exclusivamente, para quando o advogado estiver no exercício da advocacia. Do contrário deverá apenas a OAB ser comunicada. 11.6 PRISÃO EM SALA DE ESTADO MAIOR O advogado tem o direito de não ser recolhido preso, antes de sentença transitada em julgado, senão em sala de Estado Maior, com instalações e comodidades condignas, e, na sua falta, em prisão domiciliar; (Vide ADIN 1.127-8). O Estatuto confere ao advogado o direito de permanecer recolhido em sala de Estado Maior, até o trânsito em julgado da sentença que o condenar. Cuidado: não se deve confundir prisão especial com sala de Estado Maior, pois sala de Estado Maior são aquelas destinadas aos oficiais militares e autoridades. Anteriormente, tínhamos a expressão “assim reconhecidas pela OAB”, todavia, a ADIM, de número supra, foi a responsável pelo reconhecimento do Supremo Tribunal Federal de sua inconstitucionalidade. Portanto, o advogado tem o direito de permanecer em sala de Estado Maior, com instalações dignas, mas não é necessário o reconhecimento desta eventual sala pela Ordem dos Advogados. 11.7 DIREITO AO INGRESSO LIVRE Tal prerrogativa consolida o preceito de que não deve existir hierarquia com autoridades. Todavia, é imprescindível que o advogado saiba que esta prerrogativa não o faz afastar-se das regras básicas de respeito e demais regramentos éticos. http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1597992 http://portal.stf.jus.br/processos/detalhe.asp?incidente=1597992 ÉTICA NO DIREITO Mas, é direito do advogado ingressar livremente: a) nas salas de sessões dos tribunais, mesmo além dos chancelos que separam a parte reservada aos magistrados; b) nas salas e dependências de audiências, secretarias, cartórios, ofícios de justiça, serviços notariais e de registro, e, no caso de delegacias e prisões, mesmo fora da hora de expediente e independentemente da presença de seus titulares; c) em qualquer edifício ou recinto em que funcione repartição judicial ou outro serviço público onde o advogado deva praticar ato ou colher prova ou informação útil ao exercício da atividade profissional, dentro do expediente ou fora dele, e ser atendido, desde que se ache presente qualquer servidor ou empregado; d) em qualquer assembleia ou reunião de que participe ou possa participar o seu cliente, ou perante a qual este deva comparecer, desde que munido de poderes especiais; VII - permanecer sentado ou em pé e retirar-se de quaisquer locais indicados no inciso anterior, independentemente de licença; VIII - dirigir-se diretamente aos magistrados nas salas e gabinetes de trabalho, independentemente de horário previamente marcado ou outra condição, observando-se a ordem de chegada; ÉTICA NO DIREITO IX - sustentar oralmente as razões de qualquer recurso ou processo, nas sessões de julgamento, após o voto do relator, em instância judicial ou administrativa, pelo prazo de quinze minutos, salvo se prazo maior for concedido; (Vide ADIN 1.127-8) (Vide ADIN 1.105-7) X - usar da palavra, pela ordem, em qualquer juízo ou tribunal, mediante intervenção sumária, para esclarecer equívoco ou dúvida surgida em relação a fatos, documentos ou afirmações que influam no julgamento, bem como para replicar acusação ou censura que lhe forem feitas; ÉTICA NO DIREITO XI - reclamar, verbalmente ou por escrito, perante qualquer juízo, tribunal ou autoridade, contra a inobservância de preceito de lei, regulamento ou regimento; XII - falar, sentado ou em pé, em juízo, tribunal ou órgão de deliberação coletiva da Administração Pública ou do Poder Legislativo; XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estejam sujeitos a sigilo, assegurada a obtenção de cópias, podendo tomar apontamentos; XIII - examinar, em qualquer órgão dos Poderes Judiciário e Legislativo, ou da Administração Pública em geral, autos de processos findos ou em andamento, mesmo sem procuração, quando não estiverem sujeitos a sigilo ou segredo de justiça, assegurada a obtenção de cópias, com possibilidade de tomar apontamentos; ÉTICA NO DIREITO XIV - examinar em qualquer repartição policial, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de inquérito, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos; XIV - examinar, em qualquer instituição responsável por conduzir investigação, mesmo sem procuração, autos de flagrante e de investigações de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos à autoridade, podendo copiar peças e tomar apontamentos, em meio físico ou digital; Lembre-se É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. (SUMULA VINCULANTE nº 11) XV - ter vista dos processos judiciais ou administrativos de qualquer natureza, em cartório ou na repartição competente,
Compartilhar