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MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO CIVIL II Profº Abrão Chiaranda Merij Definição: Argamassas são materiais de construção, com propriedades de aderência e endurecimento, obtidos a partir da mistura homogênea de um ou mais aglomerantes mais agregado miúdo (areia) e água, podendo conter ainda aditivos e adições minerais. Classificação quanto à forma de endurecimento e resistência à umidade Normalmente esta classificação é empregada de forma análoga à dada aos aglomerantes minerais que podem ser hidráulicos ou aéreos. Os primeiros necessitam da água para hidratação dos compostos básicos e após seu endurecimento ele deverá ser resistente à ação da água. Os aglomerantes aéreos dependem da exposição ao ar e não apresentam boa resistência à umidade após seu endurecimento. Argamassas hidráulicas As argamassas ditas hidráulicas são produzidas com aglomerantes hidráulicos ou estes como aglomerante principal. Seu endurecimento ocorre através de reações químicas de hidratação dos compostos básicos do aglomerante hidráulico, devendo necessariamente apresentar estabilidade frente à água após seu endurecimento. Essa característica específica define os aglomerantes como hidráulicos e enquadra as argamassas que empregam o cimento Portland como aglomerante único ou em misturas cujas características são definidas pelo comportamento do cimento Portland. Algumas argamassas mistas de cimento Portland e cal, por exemplo, por possuírem um teor elevado de cimento na sua constituição apresentam um comportamento ditado quase exclusivamente pelo cimento Portland, podendo ser classificadas como hidráulicas. Argamassas aéreas As argamassas aéreas são obtidas pelo emprego de aglomerantes que depois de endurecidos não resistem bem à umidade. Porém eles necessitam da água para a formação da pasta que será utilizada. A água também fornece a química adequada aos compostos básicos para às reações que determinarão seu endurecimento. As argamassas obtidas pelo emprego de cal hidratada terão sua resistência definida a partir da formação de carbonatos de cálcio e magnésio resultantes da reação de Carbonatação, envolvendo os hidróxidos de cálcio e magnésio e o dióxido de carbono presente no ar. Argamassas de gesso são classificadas como aéreas muito mais por sua vulnerabilidade à ação da umidade do que pela forma de endurecimento. A secagem do mineral gipsita que origina o gesso comercial adquiri características aglomerantes a partir da reincorporação da água perdida no processo de secagem. Será igualmente considerada uma argamassa aérea a argamassa mista obtida com uma quantidade de cal tão elevada a ponto de seu comportamento ser determinado pelo comportamento da cal em detrimento das características de outros aglomerantes utilizados, passando a ser considerados como aditivos. Argamassas de cimento Portland São as argamassas obtidas apenas da mistura de cimento Portland, de qualquer tipo, e agregado miúdo. Dependendo do traço e da relação água/cimento, podem apresentar elevadas resistências mecânicas. Normalmente apresentam elevada rigidez, definida por seu elevado módulo de rigidez que está diretamente relacionado a sua resistência à compressão. Sendo produzidas a partir de um aglomerante hidráulico, resistem bem à umidade, tendo uso recomendado onde esta característica é importante, como em fundações ou qualquer outra construção em contato com o solo úmido ou diretamente com água. Argamassas de revestimento externo, principalmente em climas úmidos, com frequentes períodos de chuva, em que ocorrem ventos com velocidades importantes que possam projetar a água das chuvas diretamente contra as paredes de uma edificação, devem ser produzidas com argamassas cimentícias, visando a garantia de estabilidade e durabilidade frente à umidade. Argamassas de cal É uma argamassa obtida apenas da mistura da cal e agregado miúdo. Apresentam normalmente baixa resistência mecânica com endurecimento lento. Como a cal é um aglomerante aéreo, apresentam baixa resistência à umidade. Seu emprego deve ser limitado a locais secos e bem arejados, caso contrário será fundamental a adoção de algum sistema de impermeabilização. Sua baixa resistência mecânica e baixo módulo de deformação, determina uma grande capacidade de absorver deformações. Esta característica associada a uma grande capacidade de reter água, garante a este tipo de argamassa uma grande estabilidade de volume traduzida por baixa retração, contribuindo para a minimização da ocorrência de fissuras por retração, principalmente quando empregadas em revestimentos. Argamassas mistas de cimento e cal Com a popularização do cimento Portland, este passou a ser misturado às argamassas de cal para a produção de um material intermediário entre as argamassas de cimento e as argamassas de cal, sendo obtido um material com características intermediárias. As características das argamassas mistas variam em grande amplitude dependendo da proporção entre cal e cimento Portland, estabelecida na dosagem. Nestas argamassas o cimento pode ser considerado um aditivo empregado em proporções variáveis com o intuito de acelerar o tempo de pega da mistura, permitindo o acabamento das superfícies em um prazo menor, ou para que o produto final apresente uma maior resistência à umidade, viabilizando seu emprego em algumas situações específicas. Nessas argamassas o grande destaque da cal se deve a sua grande plasticidade e capacidade de retenção de água, permitindo a obtenção de uma argamassa com grande volume de pasta, mas com uma resistência mecânica menor do que aquela esperada em argamassas de cimento Portland. Esta argamassa é hoje o material mais utilizado no assentamento de elementos de alvenaria e em seu revestimento, por estar internalizada na cultura da construção civil Argamassas de gesso São pouco utilizadas em nosso meio em função de seu elevado custo frente às alternativas convencionais. Prédios mais antigos apresentam revestimentos de paredes feitos com argamassas de gesso ou somente com pasta de gesso permitindo a execução de desenhos artísticos. O gesso, por também ser um aglomerante aéreo, apresenta baixa resistência à água, limitando seu emprego apenas a ambientes internos. Embora pouco utilizadas, as argamassas de gesso apresentam aspecto agradável, grande durabilidade e estabilidade de volume, aceitando retoques com facilidade. Argamassas poliméricas Quando o endurecimento ocorre a partir de uma reação de polimerização, estamos diante de um aglomerante polimérico obtido por síntese química. São em geral de elevado custo se comparadas às argamassas tradicionais, sendo empregadas em condições específicas principalmente em trabalhos de recuperação estrutural ou onde igualmente seja necessário um desempenho diferenciado de resistência mecânica, ou resistência química, se tratando de ambientes agressivos. Normalmente são vendidas já formuladas e prontas para o uso, embora nada impeça sua produção em obra a partir do conhecimento das características do polímero a ser usado como aglomerante. As resinas de maior rendimento como aglomerantes, tais como epóxi e poliéster, não são empregadas onde exista a presença de umidade a menos que tenham sido formuladas para algum emprego específico. Funções do Revestimento de Argamassa O revestimento de argamassa deve cumprir importantes funções: 1. Proteger os elementos de vedação da edificação da ação direta dos agentes agressivos. 2. Auxiliar nas funções de isolamento térmico e acústico, estanqueidade à água e gases. 3. Regularizar a superfície dos elementos de vedação, servindo de base regular para outro revestimento ou constituir-se no acabamento final. 4. Contribuir para a estética de vedações e fachadas. Observe que não é função do revestimento dissimular imperfeições grosseiras da base assim como desaprumo e desalinho oriundos da falta de cuidado na execução de estruturas ou paredes. Nestes casos ‘esconderna massa’ compromete seriamente o revestimento. Argamassas Chapisco Aplica-se o chapisco com a finalidade de deixar a superfície mais áspera e serve como ancoragem para o revestimento posterior, facilitando assim a aderência do emboço à superfície a ser revestida. Há quatro tipos de chapiscos mais conhecidos: Chapisco Rolado – Esse tipo de chapisco é aplicado com o rolo de textura e é adicionado à argamassa um aditivo que tem por finalidade a melhoria da aderência. Chapisco Industrializado – Esse tipo de chapisco é usado geralmente em bases de baixíssima absorção e é aplicado com rolo de textura e, algumas vezes, com uma desempenadeira dentada. Chapisco Convencional – Pode ser aplicado com uma colher de pedreiro, por lançamentos ou com o auxílio de uma peneira. Chapisco com Pedra Britada – É usada em decoração de muros e paredes externas. A argamassa utilizada é constituída por areia, cimento, pedra britada e água. Pode-se adicionar pequena quantidade de cal. Emboço O emboço, também chamado de reboco grosso, é diretamente aplicado sobre o chapisco. Depois de pronto, o emboço deve apresentar uma superfície plana e áspera para facilitar a aderência do reboco quando ele for aplicado. O emboço deve ser sarrafeado com régua. Atualmente, devido ao uso das argamassas industrializadas, o emboço faz também o papel de reboco. Assim, o seu acabamento pode ser feito com desempenadeira de feltro. A argamassa do emboço pode ser simples, só de areia e só de cimento, ou mista, com areia e cimento. Dá-se preferência às argamassas industrializadas pela maior facilidade de uso (trabalhabilidade), pela eliminação do reboco e, também, pela qualidade das materiais utilizados A espessura do emboço não deve ultrapassar 2,5 cm em áreas internas e 3 cm em áreas externas. A argamassa mista para o revestimento interno deve ter o traço de 1:2:8. Para revestimento externo, deve ter 1:2:6. Essa é uma norma padrão, que pode ser usada quando não houver orientação de um engenheiro responsável pela obra. Caso contrário, siga as instruções do engenheiro. Reboco É uma camada fina de argamassa, aplicada sobre o emboço para dar melhor aspecto à superfície de revestimento. Sua espessura fica em torno de 5mm, por isso também é conhecida como massa fina. Com o uso da argamassa industrializada, essa camada é eliminada. Revestimento em camada única Esse revestimento, também chamado “emboço único” ou “emboço paulista”, ou ainda “massa única”, é feito somente com chapisco e emboço, eliminando- se o reboco e deixando-se a superfície do emboço mais lisa para receber a pintura. Nesse caso, o emboço é desempenado, isto é, alisado com desempenadeira, podendo ficar com acabamento. A aparência final ficará mais grosseira do que quando se usa o reboco porque o emboço possui areia média na sua composição, ao passo que o reboco é feito com areia peneirada. Quando se usa o emboço único é provável também que se “gaste mais” com a pintura, para encobrir a maior aspereza da sua superfície. Por isso este sistema é utilizado nos casos em que a maior aspereza do revestimento não é tão importante (muros ou paredes de áreas de serviço externas, por exemplo) ou tão percebida, como no caso das fachadas. Para ambientes internos onde a aparência e a lisura das paredes são importantes (salas, quartos, ambientes sociais internos) é mais conveniente usar o revestimento em três camadas. O emboço único também pode ser vantajoso quando é feito com argamassas industrializadas, pois elas têm na sua composição areias de granulometria mais fina e dão um acabamento final que é equivalente ao do reboco convencional. ARGAMASSA COLANTE A argamassa colante é utilizada no assentamento de peças cerâmicas, porcelanato e pedras (mármores e granitos). Ela é normalmente composta de cimento e areia, assim como as argamassas comuns, mas recebe aditivos químicos para aumentar a aderência e a capacidade de reter água. Quando misturada em água, torna-se uma massa viscosa, plástica e aderente, com boa elasticidade e trabalhabilidade, ideal para ser utilizada nos assentamentos. O tipo da argamassa colante precisa considerar alguns pontos? Algumas variáveis determinantes para o desempenho da argamassa colante são: ambiente de aplicação (externo ou interno); variação de temperatura; tipo de superfície (parede ou piso); tipo de revestimento; tamanho das peças. São três tipos de argamassa colante mais utilizados nas obras: AC1, AC2 e AC3, sendo que todas elas são compostas por cimento, areia e aditivos. O que diferencia uma de outra é o consumo de cimento, a quantidade ou tipo de aditivo, que determina quanto a argamassa é aderente e resistente à água. Então, temos que, em termos crescentes de aderência, AC1 < AC2 < AC3 ( AC-I < AC-II < AC-III ). Você sabe o que significa quando uma argamassa colante recebe a denominação “E”? As argamassas AC1 E, AC2 E ou AC3 E apresentam maior tempo em aberto, isto é, assim que é espalhada pela superfície, ela entra em processo de secagem e endurecimento e vai perdendo seu poder de aderência; as argamassas tipo E retardam o inicio de pega e como consequência seu endurecimento. São mais caras, mas, as vezes, seu uso é necessário, quando há ventos fortes, por exemplo. São argamassas com tempo em aberto (open time) maior. https://www.escolaengenharia.com.br/tipos-de-argamassa-colante/ ONDE UTILIZAR CADA TIPO DE ARGAMASSA COLANTE? Dividindo as três argamassas colantes por aplicação, temos o seguinte: AC1 ( AC-I ): é indicada para assentamentos de peças cerâmicas em ambientes internos e térreos, podendo ser secos ou molháveis, como cozinhas e banheiros, pois resiste à umidade e temperatura habitual dessas áreas. AC2 ( AC-II ): é mais resistente a variações climáticas, como umidade, temperatura e ação do vento, podendo ser utilizada em ambientes internos ou externos e permite a aplicação em diversos tipos de revestimento em paredes, fachadas, piscinas de água fria, lajes , pisos cerâmicos industriais, entre outros. AC3 ( AC-III ): é um argamassa com maior poder de aderência, ideal para ser utilizada no assentamento de porcelanatos e revestimentos cerâmicos em ambientes mais agressivos, como piscinas de água quente, saunas, churrasqueiras e para colar grandes placas (maiores que 60x60 cm). Rejuntes Temos 3 tipos de rejuntes: cimentício, acrílico e epóxi O rejunte cimentício é o mais barato, de fácil aplicação e o mais vendido do mercado. É possível reconhecê-los na hora da compra porque geralmente eles são identificados como “rejunte para cerâmica” ou “rejunte flexível” e na embalagem também consta a informação de qual tipo ele pertence. Existem dois tipos: o tipo 1 é indicado para ambientes de tráfego não intenso e rejuntamento de áreas externas e internas e com até 20 m². Já o rejunte cimentício tipo 2 é o mais aconselhado. Ele tem mais resistência e pode ser usado em áreas internas e externas de qualquer dimensão, fachadas e até piscinas. Também é conhecido como “rejunte para porcelanato” e “rejunte polimérico”. https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Paisagismo/noticia/2018/11/15-ideias-de-areas-externas-deslumbrantes.html https://casavogue.globo.com/Arquitetura/Edificios/noticia/2020/01/14-fachadas-modernas-pelo-mundo.html https://casavogue.globo.com/Arquitetura/noticia/2018/09/9-projetos-de-piscinas-de-tirar-o-folego.html Rejunte acrílico: é o intermediário entre o cimentício e o epóxi. Ele tem um acabamento mais fino, sendo um dos preferidos dos arquitetos e designers pois resulta em um acabamento mais delicado quando comparado ao cimentício. Ele pode ser usado em áreas internas, externas, fachadas e são ideais para rejuntar porcelanatos, placas cerâmicas, azulejos… Sua aplicação também é fácil, e possui um tempo de secagem menor do que o rejunte cimentício. Por isso é importante olhar as instruções do fabricante antes de usá-lo para não estragar o produto. https://casavogue.globo.com/Interiores/Ambientes/noticia/2019/11/mix-de-azulejos-9-ideias-para-inovar-na-decoracao-do-banheiro.htmlO rejunte epóxi: é a melhor opção para ambientes onde a higiene deve ser absoluta (caso de banheiros, cozinhas e hospitais). Ele é o mais impermeável, tem textura lisa e o acabamento é muito bom. Ele pode ser aplicado em áreas internas e externas, desde que não tenha contato com raios ultravioleta, que mancham e craquelam o produto. Recomenda-se a utilização do époxi em produtos com acabamentos mais lisos, sem rugosidades. A aplicação requer cuidados especiais e mão de obra especializada, pois seca com muita facilidade e sua remoção é mais difícil. https://casavogue.globo.com/Interiores/Ambientes/noticia/2016/12/banheiros-e-lavabos-decorados-150-ideias-para-se-inspirar.html https://casavogue.globo.com/Interiores/Ambientes/noticia/2016/10/decoracao-de-cozinhas-mais-de-150-ideias-com-todos-os-estilos.html “Um fator importante e que muitas vezes é ignorado é a manutenção dos rejuntes! No caso das fachadas, por ficarem expostas à ação das intempéries, é preciso manter uma manutenção adequada, reaplicando os rejuntes em um período de 2 a 3 anos. Dependendo da situação de exposição, pode gerar grandes problemas como o descolamento de peças, com risco de acidentes graves e até fatais”, reforça Renato Sahade, engenheiro e patologista especializado em revestimentos de fachadas. Produção de Argamassas Apesar da existência de processos mecanizados para a aplicação das argamassas, o processo manual ainda é o mais utilizado nos canteiros de obras. Assim, é fundamental que as características da argamassa, seja esta produzida na obra ou industrializada, esteja compatível com a forma de aplicação. Princípios dos Métodos de Dosagem Diferentemente do concreto, para a argamassa, ainda não existe um método de dosagem consolidado, na literatura nacional. De acordo com Santos (2014, p. 32), alguns autores estudaram misturas a partir do teor ótimo de aglomerante (SELMO, 1989) e na adequação da curva granulométrica do agregado miúdo (CARNEIRO; CINCOTTO, 1999). De todo modo, observa-se, comumente, nas obras, o uso de argamassas para revestimento e assentamento com relações ligantes/agregados em volume entre 1:2,5 a 1:3,5. Assim, as transformações dos materiais em unidade de volume para unidade de massa ou vice-versa são realizadas por meio das massas específicas e unitárias dos materiais constituintes. Preparo das Argamassas O tempo de mistura influenciará na homogeneização dos materiais, além de incorporar ar na argamassa, o que pode ser potencializado, quando as argamassas utilizam aditivos. A ocorrência de bolhas de ar, na interface entre a argamassa e o substrato, pode reduzir a capacidade de aderência da argamassa, devido à redução da área de contato nessa zona de transição entre os materiais. No caso do preparo em canteiro de obras, a NBR 7200 (ABNT, 1998) prescreve, para o processo mecanizado, um tempo de mistura não inferior a 3 minutos e nem superior a 5 minutos, além de indicar, em casos excepcionais, a mistura manual até a obtenção de uma massa perfeitamente homogeneizada. Avaliação das Argamassas A resistência de aderência à tração é uma propriedade importante para caracterizar um sistema de revestimento, pois indica um parâmetro do material em uso. A NBR 13528 (ABNT, 2019a) define a resistência de aderência à tração (Ra) como a tensão máxima suportada por uma área limitada de revestimento (corpo de prova) na interface de avaliação, quando submetida a um esforço ortogonal de tração. O equipamento deve assegurar a aplicação da carga centrada e ortogonal ao plano do revestimento. TRAÇO DE ARGAMASSA: 3 PONTOS DE ATENÇÃO PARA ESCOLHA NA SUA OBRA Se você já tocou obras pequenas, provavelmente delegou a dosagem do traço das argamassas para o pedreiro ou mestre de obras, confiando na experiência prática desses profissionais. Conforme as obras aumentam de tamanho, a responsabilidade da escolha dos materiais também cresce. A opção mais comum dentro dos grandes canteiros é apelar para as argamassas industrializadas que garantem a quantidade correta de cada componente (também chamado de traço). Temos 2 principais tipos de argamassas: Argamassas Prontas ou Industrializadas: Necessitam apenas do acréscimo de água e podem ser ensacadas ou fornecidas em silos. Argamassas Dosadas em Obra: – Comuns (Cimento, Cal Hidratada e Areia): São as argamassas comuns de obra. – Argamassas com aditivos: São derivações das argamassas comuns acrescidas de aditivos para melhora de desempenho ou redução de algum dos componentes. Argamassas dosadas em obra. Essas argamassas tem várias funções numa obra de construção civil, como: Revestimento de vedações, com as camadas de chapisco, emboço e reboco; Assentamento de blocos de concreto ou cerâmico; Encunhamento das últimas fiadas de bloco; Nivelamento de superfícies pelo contrapiso; Preenchimento de vazios e ajustes como rasgos na parede; 1) Componentes A dosagem das argamassas são sempre referenciadas com relação aos volumes de seus componentes cimento : cal : areia. Cimento: exerce papel importante na aderência, na resistência mecânica da parede e na estanqueidade à água das juntas. Dica: Evite a utilização de cimentos de alto forno (CP III) ou pozolânico (CP IV). Devido à grande presença de escória de alto forno e de material pozolânico, a argamassa poderá ter elevada retração (provocando trincas) caso não haja adequada hidratação do aglomerante. Cal Hidratada: seu poder de retenção de água propicia maior potencial de acomodar movimentações, ela deixa a argamassa menos sucetível às fissuras ao custo de diminuir a resistência. Aditivos: A cal vem perdendo espaço para aditivos que além de cumprir sua função geram maior economia e eficiência no canteiro. Por esse motivo, citaremos alguns exemplos de aditivos, também é importante frisar que existem muitas outras opções de aditivos no mercado. Areia: As argamassas em geral devem utilizar areia lavada média (módulo de finura em torno de 2 a 3). Exceções: Para reboco utilizar areia peneirada. Para chapisco podemos utilizar também a areia lavada grossa. Dica: Tome cuidado com areias com excesso de finos (muito pó), eles podem prejudicar o desempenho argamassa. Água: Essa é a parte mais “complexa” da argamassa. Nas argamassas comuns o volume de água utilizado será em torno de 20% do volume dos demais materiais. Dica: Não acrescente toda a água de uma vez, deixe uma parte para o final e acrescente aos poucos até atingir a trabalhabilidade necessária. 2) Tipos de uso para argamassa e traço De modo geral, as argamassas devem ser dosadas na proporção volumétrica de 1:3 a 1:4, sendo aglomerante (cimento+cal) e agregado respectivamente. Veja alguns exemplos práticos de dosagem para usos específicos: Dica: Um saco de cimento de 50kg tem aproximadamente 36L, se o traço esta sendo trabalhado em latas (18L cada), um saco equivale a duas latas de cimento. 2.1)Argamassa para assentamento: Alvenaria de vedação: – Comum para Bloco de concreto: 1 : 0,5 : 6. – Comum para Bloco Cerâmico: 1 : 2 : 9 a 12. – Com Vedalit: 1:8 (cimento:areia), 100mL de aditivo para 50kg de cimento ou 50mL para cada lata de cimento. – Com Alvenarit: 1:8 (cimento:areia), 200mL de aditivo para 50kg de cimento ou 100mL para cada lata de cimento. – Com BotaMIX Alvenaria: 1:8, 200 a 250mL de aditivo para 50kg de cimento ou 100 a 125mL para cada lata de cimento. – Com Argaplast: 1:8 a 9, 100 a 250mL de aditivo para 50kg de cimento ou 50 a 125mL para cada lata de cimento. Dica: Nas dosagens com intervalo, “1:2:9 a 12”, por exemplo, o traço pode escolhido de acordo com a qualidade da areia. Na dúvida utilize a menor, 1:2:9. http://www.vedacit.com.br/neu/produtos.php?94 http://www.vedacit.com.br/neu/produtos.php?9 http://www.botament.com.br/site-antigo/produtos/botamix_alvenaria.html http://www.weber.com.br/impermeabilizantes/produtos/todas-as-solucoes-em-impermeabilizacao/webertec-aditivo-plastificante-quartzolit.htmlArgamassa para complementação da alvenaria (encunhamento): – Comum: 1 : 3 . – Com Expansor: 1:3, sendo a proporção em massa de aditivo igual a 1% da massa de cimento, ou seja, 250g para cada lata de cimento. – Com ViaMIX Expansivo: 1:3, sendo a proporção em massa de aditivo igual a 0,75% da massa de cimento, ou seja, 190g para cada lata de cimento. http://www.vedacit.com.br/neu/produtos.php?50 http://marquiip.com.br/aditivos/viamix-expansivo.pdf .2)Argamassa para revestimento de paredes e tetos: Caso a superfície a revestir esteja muito seca e possa absorver grande quantidade de água é recomendável umedecê-la antes. Chapisco: Utilizar cimentos tipo CP-I ou CP-II e areia grossa, com traço 1:3 Emboço:1 : 2 : 8. Camada de 1 a 2,5cm. Reboco: 1 : 2 : 9. Devemos trabalhar como a camada em torno de 1cm. Emboço e Reboco: – Com Vedalit: 1 : 6, sendo 100mL de aditivo para 50kg de cimento ou 50mL para cada lata de cimento. – Com Alvenarit: 1 : 6, sendo 200mL de aditivo para 50kg de cimento ou 100mL para cada lata de cimento. – Com Sikanol Alvenaria: Interno 1:8,Externo 1:6, 100 a 300mL de aditivo para 50kg de cimento ou 50 a 150mL para cada lata de cimento. – Com Bautech Plast C: Interno 1:8,Externo 1:6, 100mL de aditivo para 50kg de cimento ou 50mL para cada lata de cimento. – Com BotaMIX Alvenaria: Interno 1:8,Externo 1:6, 200 a 250mL de aditivo para 50kg de cimento ou 100 a 125mL para cada lata de cimento. – Com Argaplast: Interno 1:8 a 9, Externo 1:6, 100 a 250mL de aditivo para 50kg de cimento ou 50 a 125mL para cada lata de cimento. http://www.vedacit.com.br/neu/produtos.php?94 http://www.vedacit.com.br/neu/produtos.php?9 https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0CB4QFjAA&url=http://bra.sika.com/dms/getdocument.get/04d64d2b-512f-3f84-97f0-5e56a6f5b6a7/Sikanol Alvenaria.pdf&ei=D-RhVfvuLIe4ggS5oIKoAg&usg=AFQjCNGAt6fLGNznxuFeby5cYGt0tBpULg&sig2=vmqCX-LM3lkgTdNPMUTPfQ&bvm=bv.93990622,d.eXY http://www.bautechbrasil.com.br/produtos/aditivos-para-argamassas-e-concretos/bautech-plast-c http://www.botament.com.br/site-antigo/produtos/botamix_alvenaria.html http://www.weber.com.br/impermeabilizantes/produtos/todas-as-solucoes-em-impermeabilizacao/webertec-aditivo-plastificante-quartzolit.html 2.3)Argamassa de Nivelamento: Contrapiso:1:3 (cimento:areia), espessura em torno de 2,5 cm. Sustentabilidade e Inovação Cimento, areia, cal e água: essa é a fórmula que vem mantendo as cidades de pé. É com essa mistura que se costuma fabricar a argamassa que reveste e assenta as construções em alvenaria há séculos. Acontece que essa é também a fórmula do desperdício e da poluição: 3% de toda a energia consumida no planeta é utilizada para a fabricação de cimento, e cada tonelada de cimento produzida emite cerca de 900 kg de CO2 na atmosfera. Logo fica fácil ver que a construção civil precisa mudar e se adaptar à necessidade urgente de uma vida mais sustentável. Com essa busca por materiais mais sustentáveis que uma empresa brasileira se lançou no mercado, a Biomassa do Brasil, uma empresa que tenta diminuir a incidência do produtos poluidores no mercado da construção civil. https://biomassadobrasil.com.br/ A argamassa é produzida a partir da mistura de polímeros com minérios inertes (que não exigem queima), não fazendo o uso de nenhum dos componentes da argamassa tradicional – e principalmente não utiliza cimento. O produto já vem pronto, com um método de aplicação exclusivo e eficaz, para ser aplicado sobre, por exemplo, os tijolos a fim de levantar uma parede. O impacto da utilização da Biomassa numa obra é tamanho que pode ser medido não somente no âmbito ambiental como na duração da obra e também pelo bolso e o orçamento da construção: a biomassa sustentável agiliza o tempo da obra em nada menos que quatro vezes. Como se não bastasse, o consumo de água na obra se reduz inacreditavelmente em 95%. Tal variável leva a biomassa a uma realidade radical: utilizar Biomassa do Brasil significa uma economia de 40% em custos – através da economia de tempo e de mão de obra. E a embalagem e o método de aplicação são também exclusivos e inovadores: trata-se da primeira argamassa em bisnaga do mercado. Outra diferença, que também impacta no ambiente e no bolso, é o altíssimo rendimento da biomassa: para fazer dois metros quadrados de obra, enquanto a argamassa tradicional utiliza 60kg de material, o uso da biomassa utiliza somente 2kg. É por esses motivos que a Biomassa do Brasil já foi testada, validada e aprovada em mais de 3 milhões de metros quadrados no Brasil e em outros países – incluindo na construção do Parque Olímpico, no Rio de Janeiro. Rejeito de Pisos Cerâmicos em Argamassas de Revestimento O Brasil é um dos principais protagonistas no mercado mundial de revestimentos cerâmicos, ocupando a segunda posição em produção e consumo. O setor brasileiro é constituído por 93 empresas, com maior concentração nas regiões Sudeste e Sul e em expansão no Nordeste do país. Em 2015, o consumo e a produção foram de 816 milhões de m² e 899 milhões de m², respectivamente (ANFACER, 2016). Admitindo um pólo com produção anual de 180 milhões de m², e perda de 1,5% ao ano, a produção a ser descartada será de 2,7 milhões de m². Esta equivale a 40,5 mil toneladas de material por ano (SILVA JR et al., 2002). Com o intuito de reduzir o volume de resíduos provenientes da indústria de piso cerâmico, o trabalho realizado por Costa e Almeida (2008), visou a produção de argamassa para revestimento utilizando este resíduo em substituição ao agregado natural (areia de rio). O trabalho dos autores teve como objetivo a produção de argamassa com o material miúdo do piso cerâmico, misturado com os dois aglomerantes, cimento e cal. O traço unitário foi de 1:2:9, tendo como base, para a determinação da quantidade de materiais e a densidade dos respectivos aglomerantes. A partir dos resultados apresentados, observou-se que a resistência à compressão axial da argamassa reciclada ficou bem próxima da resistência da argamassa natural. Já em relação à absorção das argamassas, vê-se que o material reciclado teve uma taxa de absorção superior, indicativo da maior porosidade do revestimento em relação à argamassa convencional. Ainda assim, têm-se várias vantagens no que diz respeito à utilização de reciclados na construção civil, dentre elas, economia na aquisição de matéria-prima, redução dos impactos da extração de areia de rio e redução dos custos de gerenciamento ambiental dos resíduos. Em suma, a pesquisa mostrou que o uso do resíduo cerâmico tem alto potencial para a utilização na construção civil, tornando viável a reciclagem deste rejeito. A revolução na argamassa: os novos materiais que prometem mais sustentabilidade às obras Desde que a argamassa estabilizada foi lançada no mercado, muitos foram os avanços que proporcionaram ao material maior diversidade de aplicação e facilidade de uso. Como ela é produzida em um ambiente controlado, recebe aditivos que a tornam mais estável e conferem as características próprias para cada uso, seja em revestimentos, rejuntes ou pisos. É o caso, por exemplo, do Engineered Cement Composite (ECC), um tipo de argamassa criado em laboratório por cientistas da Universidade de Michigan. O ECC recebe um reforço de fibras sintéticas muito finas, que aumentam a capacidade de regeneração da argamassa, permitindo que ela volte à posição normal depois de ser submetida a uma força de tração de até 3% em relação à sua capacidade resistente. Mas não é só nos Estados Unidos que novidades surgem para a composição de argamassas. Aqui no Brasil, um estudo desenvolvido por pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus Ilha Solteira, e da Universidade Politécnica de Valência (UPV), na Espanha, busca reduzir o impacto ambiental causado pela produção de cimento, criando um material exclusivamente a partir de resíduos. Segundo Mauro Tashima,professor da Unesp e pesquisador do grupo de Pesquisa em Materiais Alternativos de Construção (MAC), o uso de argamassas que incorporam resíduos — também chamadas de argamassas ecológicas — em sua composição pode trazer diversos benefícios, sejam eles técnicos, econômicos, sociais e, principalmente, ambientais. O professor destaca a redução do uso de matérias-primas não renováveis, no consumo de energia e nas emissões de CO² como as principais vantagens do material. Além disso, ele reforça que as argamassas ecológicas trazem melhorias de propriedades do produto, como sua resistência e aderência ao substrato. Tashima acredita que as grandes novidades do mercado de argamassas no futuro estarão associadas ao uso de adições e aditivos na composição. "Entre as vantagens, podem ser mencionadas as melhorias das propriedades associadas à plasticidade, impermeabilidade, aderência e resistência mecânica, entre outras", diz. No entanto, o professor ainda enxerga alguns entraves para a ampla utilização dos materiais ecológicos. O principal deles está ligado ao pouco número de pesquisas sobre eles, principalmente relacionadas à durabilidade. Com poucos estudos que comprovam os benefícios da utilização de argamassas ecológicas, o mercado pode se mostrar resistente, uma vez que as decisões sobre os tipos de argamassa utilizados estão fundamentalmente ligadas aos custos dos materiais e da mão de obra para trabalhá-los. Mas segundo Tashima, "o fator ambiental ganha destaque no cenário mundial nos últimos anos devido, principalmente, aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pela ONU". http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/politica-externa/desenvolvimento-sustentavel-e-meio-ambiente/134-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel-ods#:~:text=Chegou%2Dse%20a%20um%20acordo,infraestrutura%2C%20redu%C3%A7%C3%A3o%20das%20desigualdades%2C%20cidades Isso pode ser determinante para as escolhas dos materiais de construção no futuro. Somado ao fato de que a argamassa ecológica pode trazer redução de custos, uma vez que reutiliza resíduos de outros processos e promove a economia circular, o futuro reserva novas perspectivas em que esse produto será mais sustentável. Referências • https://blogreciclos.wordpress.com/2016/06/06/rejeito-da- industria-de-piso-ceramico-usado-para-a-confeccao-de- argamassas-de-revestimento/ • https://www.concreteshow.com.br/pt/CONTEUDOS/Argamassa-a- revolucao-do-tradicional-material.html • https://labitecc.eec.ufg.br/p/28676-laboratorio-de-argamassas- revestimentos-e-construcoes-inteligentes https://blogreciclos.wordpress.com/2016/06/06/rejeito-da-industria-de-piso-ceramico-usado-para-a-confeccao-de-argamassas-de-revestimento/ https://www.concreteshow.com.br/pt/CONTEUDOS/Argamassa-a-revolucao-do-tradicional-material.html https://labitecc.eec.ufg.br/p/28676-laboratorio-de-argamassas-revestimentos-e-construcoes-inteligentes
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