Buscar

GEOGRAFIA - Agraria - Revolução Verde e modernização no Brasil

Prévia do material em texto

Geografia 
Professores: 
Willian Gonçalves (21) 983911154
Isabella Fagundes (21) 965935946
A REVOLUÇÃO VERDE E O SURGIMENTO DA AGRICULTURA MODERNA
Ao longo do século XX, a produção agrícola de muitos países se tornou maior graças a um processo de
modernização que incluiu o uso de técnicas avançadas. As bases desse tipo de agricultura começaram a ser
pensadas em 1935 onde, percebendo que a Europa caminhava para uma nova grande guerra, as grandes
corporações americanas projetaram a chamada “Revolução Verde”, que seria um programa com objetivo de
aumentar a produtividade agrícola mundial, através de pesquisas na genética vegetal para multiplicar as
sementes e adequá-las a diversos tipos de solo, climas, pragas e doenças, além de aprimorar e modernizar as
técnicas agrícolas.
Isso seria obtido através de pesquisas no ramo da biotecnologia (manipulação genética para criar
sementes mais residentes e adequadas às condições de diferentes climas e solos, por
exemplo), química (correção dos solos, fertilizantes e defensivos para o combate às doenças e pragas) e
maquinário (tratores, colheitadeira e semeadeiras). Contudo, a realidade é que a “Revolução Verde” visava
principalmente aumentar o consumo dessas tecnologias produzidas pelas indústrias. E era na comercialização
desses produtos que consistia o real interesse das corporações. Logo, a Revolução Verde foi uma porta para a
expansão e fortalecimento dessas corporações no seu processo de transnacionalização.
O programa foi iniciado em 1943 e permaneceu em caráter experimental até 1965, quando o grupo
americano Rockfeller patrocinou projetos no próprio EUA, México, Filipinas e Brasil – com menor intensidade.
Houve intervenção no processo de produção, na infraestrutura relativa a sementes, adubos, equipamentos e no
controle dos produtores através de políticas de assistência técnica e crédito rural. Esse processo, que começou
patrocinado pelas empresas, foi sendo paulatinamente passado para o poder público, até que este ficou
totalmente responsável pelo custeio e manutenção, pois manter investimentos em pesquisas não é interessante
para os empresários – já que apesar de serem fundamentais, não são economicamente lucrativas, pelo alto custo
e demora nos resultados.
O PAPEL DO ESTADO
Com o fim da 2ª Guerra Mundial, o cenário estava propício e as corporações transnacionais
aproveitaram para alavancar seus investimentos, investindo no fornecimento de máquinas e insumos modernos,
na comercialização mundial e nas indústrias de transformação, além de financiarem os países que aderissem ao
processo. No Brasil, o governo brasileiro, por influência da Fundação Rockfeller, mostrou que já tinha
assumido a responsabilidade de acelerar o processo no país, e criou na década de 50 a ABCAR (Associação
Brasileira de Crédito e Assistência Rural, com o objetivo de orientar e estimular a implantação de novas
técnicas de cultivo entre os produtores rurais. Isso mostra claramente que os interesses das companhias foram
assimilados como objetivos nacionais pelos países em desenvolvimento, inclusive o Brasil.
Começava aí o grande processo de industrialização da agricultura, que viria em substituição da
agricultura autônoma – que funcionava de maneira rudimentar e com menor capacidade produtiva. É fácil
visualizar isso dentro das medidas tomadas pelo governo brasileiro de Juscelino Kubitscheck na década de 50,
quando a indústria americana recebeu muitos incentivos e instalou subsidiárias no país – o que acabaria por
agravar a concentração fundiária -, e dentre estas estavam todas as fornecedoras de insumos agrícolas que nos
abasteciam, atendendo assim ao principal pré-requisito do novo modelo, que é ter uma indústria química,
mecânica e biotecnológica forte e voltada para a agricultura. É a indústria mecânica a responsável pela
produção de máquinas: arados, tratores, colheitadeiras; a química deve produzir adubos e fertilizantes; e a
biotecnológica fica responsável por melhor as propriedades das sementes e dos solos.
A partir de 1965, a grande difusão da Revolução Verde, a mudança na política de exportação de cereais
norte-americana e a internacionalização da pesquisa causaram uma rearticulação da produção alimentar no
mundo. O presidente americano Lindon Johnson mudou a política econômica do país e começou a exportar
cereais em grande escala, o que deu um grande impulso na Revolução Verde. Nessa estratégia comercial,
https://www.proenem.com.br/enem/quimica/
https://www.proenem.com.br/enem/quimica/
https://www.proenem.com.br/enem/quimica/
chamada “modernização tecnológica”, os países que aderiram à revolução eram induzidos a usar as máquinas e
insumos modernos – o chamado “pacote tecnológico”. Já a internacionalização da pesquisa ocorreu através da
criação de diversos centros internacionais de pesquisa, localizados estrategicamente ao redor do planeta, e com
atuação acima das fronteiras nacionais. Esses centros se tornaram a vanguarda mundial da modernização
agrícola, e passaram a exercer influência sobre órgãos nacionais, como acontece com a Embrapa.
Criada em 1971, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) promoveu o
desenvolvimento de pesquisas voltadas para produtos que se destinassem ao mercado externo, como o caso da
soja, laranja, algodão, cana-de-açúcar e gado – deixando de lado produtos voltados para o mercado interno,
como a mandioca. Ela é o principal dos elementos que o Estado teve de criar para atender aos requisitos
impostos pelo “modelo” criado pelas transnacionais. De acordo com esse modelo, o Estado deve fornecer
condições favoráveis à produção, tais como: incentivos fiscais (isenção de impostos e redução de taxas); crédito
rural aos pequenos agricultores (o que, porém, só é dado a quem apresenta garantias de pagamento e projetos de
modernização de sua produção, usando os insumos modernos); assistência técnica e extensão rural (que visa o
controle da articulação dos produtores rurais, consistindo na oferta de terras, introdução de novas culturas, de
técnicas de cultivo, manuseio do solo e também a orientação alimentar e foi implantada por meio da Embrater,
em 1966.
A Embrater (Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural) atua diretamente nas
faculdades de modo a formar técnicos aptos a utilizar os produtos da indústria, e estes são os responsáveis por
convencer os produtores a utilizar esses insumos), e o mais importante, deve investir maciçamente em
pesquisas biotecnológicas, químicas e mecânicas de modo a otimizar a quantidade e qualidade produtiva – e é
aí que está incluída a Embrapa. Além desses, o Estado deve pôr à disposição uma boa infraestrutura de
transportes, por meio de rodovias e ferrovias, de modo a interligar o campo e a lavoura até os principais portos
para facilitar o escoamento da produção, além de promover a melhora nos serviços de telecomunicação.
Sofrendo grandes pressões por parte das indústrias transnacionais americanas de insumos que aqui
haviam se instalado, o Estado tinha que criar uma legislação adequada para viabilizar as mudanças na
agricultura, e a solução encontrada para agregar os produtos da indústria até o campo foi a criação do Estatuto
da Terra. Este documento dividia as propriedades rurais em três categorias gerais: minifúndio, latifúndio e
empresa rural. O minifúndio e o latifúndio se diferem apenas em relação ao tamanho, mas ambos seriam
improdutivos, seja por seu tamanho diminuto ou pelo uso especulativo da terra. Assim, não exerceriam uma
função social, o que os tornaria aptos a serem desapropriados para a reforma agrária. A empresa rural, por sua
vez, seria aquela que exploraria econômica e racionalmente o imóvel, ou seja, usaria todos os insumos,
produtos e maquinário fornecido pela indústria moderna,e ficaria livre de ser usada para assentamentos.
A AGRICULTURA MODERNA DO BRASIL
Quando se pensa em modernização do campo,
logo fazemos uma associação com a agroindústria,
levando-se a crer que esse processo só traz benefícios,
esquecendo-se que a agroindústria é apenas uma parte
desse processo. Isso porque o agronegócio brasileiro
gera 30% do nosso PIB, empregando 38% da mão de
obra e sendo responsável por 36% das nossas
importações.
O esquema anterior exemplifica o funcionamento da cadeia de produção do agronegócio. Tomemos
como exemplo o suco de laranja: os insumos seriam os produtos das indústrias da biotecnologia, da química e
de maquinários que serão utilizados na plantação de laranja representada pela agropecuária; a produção é o que
se vende para indústria de processamento, que a transforma em suco de laranja; que então é exportada
(distribuição) e chega ao consumidor final.
O Brasil é o maior exportador de carne bovina e de aves; maior produtor e exportador de suco de
laranja; no açúcar temos 40% do mercado mundial; na soja somos o segundo maior produtor e exportador só
perdendo para os EUA; a produção de algodão cresce com a expansão da cultura pelo cerrado devido a
condições climáticas favoráveis. Esses são exemplos do sucesso do agronegócio brasileiro, que foi conquistado
https://www.proenem.com.br/enem/quimica/
em meio a problemas externos (como os subsídios por parte dos concorrentes aos seus produtores, o que deixa
nossos produtos menos competitivos; e a pesada taxação aos nossos produtos em mercados como o dos EUA e
da Europa) e internos (como problema de vigilância sanitária; infraestruturas inadequadas, que dificultam o
escoamento da produção; e a pesada carga tributária, que encarece os produtos).
Ademais, o Brasil é um dos poucos países do mundo em que ainda há uma grande quantidade de terras
agricultáveis não utilizadas para produção – aproximadamente 106 milhões de hectares, localizados em sua
maioria na área do bioma Cerrado.
IMPACTOS DECORRENTES DA MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA
A dinâmica territorial observada pelo processo de modernização mostra o agravamento das questões
ambientais, inchamento das cidades, concentração da terra e da renda, intensificação das lutas sociais, inclusão
e/ou exclusão de segmentos sociais e de lugares no processo agrícola. Desta forma, põe-se em marcha um
modelo de exploração capitalizada, dotada de meios e técnicas que asseguram a eficácia e rentabilidade de
produção. Os agrotóxicos surgem neste período da chamada “moderna agricultura”, trazendo inúmeros
problemas que afetam o meio ambiente, a qualidade de vida e o processo de produção, colocando em risco a
continuidade do mesmo. Na estratégia de acumulação e expansão do capitalismo, a agricultura familiar coloca-
se na dependência da busca da produção e da produtividade, atrelando-se, muitas vezes, ao complexo
agroindustrial com profundas mudanças econômicas, sociais e culturais. Portanto, é comum o uso da expressão
“modernização conservadora” para se referir ao processo ocorrido no Brasil, já que o aumento da tecnologia e
da produtividade não foi, de modo geral, acompanhado de melhora nas condições de vida da população rural –
tampouco de uma prática respeitosa em relação ao meio ambiente.
PROBLEMAS DO AVANÇO DA MODERNIZAÇÃO
A tecnologia utilizada é agressiva e mantém a lavoura sob dependência do sistema industrial que lhe é
exógeno. No caso brasileiro, a situação agrava-se na medida em que a tecnologia foi desenvolvida para
realidades ecológicas e sociais dos países desenvolvidos e foi introduzida aqui sem considerar-se essa
diversidade. O resultado é, portanto, maior dependência e menor eficiência do que poderíamos ter;
O custo dessa agricultura é muito alto, beneficiando os grupos já capitalizados e excluindo os demais. O
custo ainda é muito grande do ponto de vista energético, já que há grande utilização de recursos não renováveis;
A agricultura industrial é monopolista. De um lado se monopoliza a produção por parte de grandes
proprietários rurais beneficiados pela disponibilidade de capital; e do outro se monopoliza a tecnologia por
parte de grandes grupos empresariais. Nota-se que o monopólio produtivo agrava os desequilíbrios sociais e o
monopólio técnico mantém a dependência do país às importações elevadas e confere aos detentores da
tecnologia um poder econômico e político sobre o Brasil;
Há um grande domínio da pesquisa e o seu direcionamento para a manutenção do modelo agrícola
vigente. Isso inviabiliza a descoberta e aprimoração de soluções e técnicas mais adaptadas à realidade brasileira
e menos agressivas ao ecossistema.
PRODUTOS TRANSGÊNICOS
São organismos que, mediante técnicas de engenharia genética, contêm materiais genéticos de outros
organismos. A geração de transgênicos busca criar características novas ou melhoradas relativamente ao
organismo original. Resultados na área de transgenia já são alcançados desde a década de 1970, na qual foi
desenvolvida a técnica do DNA recombinante.
O objetivo, segundo a corrente de cientistas que defende sua comercialização, é equacionar problemas
na agricultura, criando espécies mais resistentes, aumentando a produtividade e minimizando, por
consequência, a incidência da fome em países subdesenvolvidos. Do outro lado estão os ambientalistas e a
corrente de cientistas que não concordam com esses argumentos e ainda acusam a indústria patrocinadora dos
transgênicos de não ter providenciado testes suficientes para comprovar, ou não, os possíveis perigos causados
pela manipulação genética dos alimentos na saúde das pessoas e no meio ambiente.
No ano de 2000, a Organização Mundial do Comércio assinou o Protocolo de Biossegurança em
Montreal, Canadá. Esse documento define a disciplina do comércio internacional de produtos transgênicos,
https://www.proenem.com.br/enem/
exigindo de alguns países provas suficientes sobre a segurança para o meio ambiente e para a saúde humana.
Até então, a produção de transgênicos não seguia essas regras.
PRODUTOS ORGÂNICOS
Todo alimento orgânico é um produto sem agrotóxicos. Atualmente, muitos orgânicos são produzidos
dentro do modelo da agroecologia, que consiste num sistema de produção agrícola que busca manejar de forma
equilibrada o solo e demais recursos naturais (água, plantas, animais, insetos etc.), conservando-os a longo
prazo e mantendo a harmonia desses elementos entre si e com os seres humanos. Os principais entraves para a
difusão de alimentos orgânicos incluem o custo mais elevado ao consumidor final e a produção que ainda é
realizada em escala inferior à dos alimentos convencionais. Por outro lado, o incentivo à produção orgânica e,
principalmente, ao modelo da agroecologia, tende a não apenas produzir alimentos mais saudáveis, mas
também promover maior sustentabilidade e melhorar a relação homem-natureza. Nesse sentido, cabe citar
alguns dos princípios da agroecologia:
• O solo é considerado um organismo vivo e deve ser revolvido o mínimo possível;
• Uso de adubos orgânicos de baixa solubilidade;
• Controle com medidas preventivas e produtos naturais;
• O controle de ervas daninhas é preventivo: manual e mecânico (roçadas). Além disso, o mato faz parte
do sistema, pois pode ser usado como cobertura do solo e abrigo de insetos;
• Teor de nitrato na planta é baixo;
• Promover a sustentabilidade e proteger as futuras gerações;
• Prevenir a erosão do solo e proteger a qualidade da água;
• Rejeitar alimentos com agrotóxicos;
• Melhorar a saúde dos agricultores e aumentar a renda dos pequenos agricultores;
• Ajudar a preservar pequenas propriedades e incentivar a agricultura familiar;
• Prevenir gastos futuros e promover a biodiversidade;
• Contribuir para acabar com envenenamento por pesticidas de milhares de agricultores.
Fonte do texto: https://www.proenem.com.br/enem/geografia/revolucao-verde/https://www.proenem.com.br/enem/geografia/revolucao-verde/
	Geografia
	A REVOLUÇÃO VERDE E O SURGIMENTO DA AGRICULTURA MODERNA
	O PAPEL DO ESTADO
	A AGRICULTURA MODERNA DO BRASIL
	IMPACTOS DECORRENTES DA MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA BRASILEIRA
	PROBLEMAS DO AVANÇO DA MODERNIZAÇÃO
	PRODUTOS TRANSGÊNICOS
	PRODUTOS ORGÂNICOS

Continue navegando