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Estudo Dirigido – Farmacognosia Aplicada 1. Qual a diferença entre um medicamento fitoterápico e um produto tradicional fitoterápico? Resposta: O medicamento fitoterápico consiste no medicamento que é obtido exclusivamente de matérias primas vegetais e não possuem substâncias ativas isoladas, além disso, deve apresentar os estudos científicos, principalmente os realizados durante as três fases dos testes clínicos, comprovando assim, a sua segurança e efetividade. Já o produto tradicional fitoterápico apresenta algumas similaridades com o medicamento fitoterápico, como por exemplo, o fato de ser obtido exclusivamente de matérias primas vegetais e de acordo com a RDC Nº 26, de 13 de maio de 2014, também não deve possuir substâncias ativas isoladas ou altamente purificadas. O que difere os dois, é o fato de o produto tradicional fitoterápico comprovar a sua efetividade e segurança através de estudos de seu uso tradicional por pelo menos trinta anos, diferente do medicamento fitoterápico que comprova através de testes clínicos. 2. Defina farmacoetnologia. Qual a sua importância? Resposta: Farmacoetnologia baseia-se no conhecimento popular relacionado à sistemas tradicionais de medicina, que pode ser definida como as formas de utilização das drogas ou plantas medicinais através do tempo, sendo assim, dispõe de fatores históricos e tradicionais em diferentes populações, sendo de extrema importância para produção de novas drogas para o tratamento de diversas doenças através de estudos voltados para a descoberta de novos fármacos de origem natural. 3. Descreva os passos do método etnofarmacológico. Resposta: O estudo etnofarmacológico é indispensável quando se trata em encontrar um novo medicamento, e baseia-se nos seguintes passos: 1º O primeiro passo consiste na coleta e análise de dados etnofarmacológico; 2º Identificar a botânica, incluindo depósito de material-testemunha em herbário; 3º Realizar pesquisa bibliográfica em bancos de dados em química e biologia em geral e/ou plantas medicinais em particular; 4º Realizar análise química preliminar para detectar classes de compostos presentes na parte da planta; 5º Realizar estudo farmacológico abrangente e toxicológico pré-clínico de frações padronizadas; 6º Realizar fracionamento químicos por métodos diversos; 7º Elucidação das estruturas das substâncias ativas isoladas e/ou obtenção de derivados que orientam a farmacotécnica e o controle de qualidade. 4. Como a farmacoetnologia pode contribuir para o desenvolvimento de novos fármacos? Resposta: A farmacoetnologia pode contribuir devido ao fato de ser uma estratégia de investigação de plantas medicinais e sua abordagem consiste em combinar informações junto às comunidades tradicionais com estudos químicos e farmacológicos, partindo de especulações como, “esta planta serve para dor de cabeça, esta é para dor de estômago”. Através desses estudos é possível identificar as atividades farmacológicas e as substancias ativas que são responsáveis pelo efeito terapêutico apresentado, buscando assim entendimento sobre as dinâmicas do conhecimento tradicional como a dose utilizada, posologia, obtendo assim novas formas de tratamento, melhorando a resposta terapêutica, proporcionando fármacos mais eficazes e menos tóxicos. 5. Quais fatores podem interferir no desenvolvimento e na composição química do vegetal? Como ocorre essa interferência? Resposta: Diversos fatores podem interferir na composição química do vegetal, principalmente condições ambientais, sendo eles: ➢ LUZ: A falta de luminosidade e o excesso dela podem ser prejudiciais processo de fotossíntese e outros fenômenos fisiológicos, como a produção e armazenamento de princípio ativo e na composição de metabólitos secundários, como terpenóides, glicosídeos cianogênicos e alcaloides. ➢ RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA: Interfere de forma aumentando a concentração de compostos fenólicos, e a biossíntese de alcaloides como flavonoides, taninos e antocianinas que atuam absorvendo raios UV-B. ➢ DISPONIBILIDADE DE ÁGUA: O estresse hídrico afeta principalmente os fatores fisiológicos que variam desde a fotossíntese, até o crescimento e síntese de metabolitos secundários, como, glicosídeos cianogênicos, glucosionolatos, alguns terpenóides, antocianinas e alcaloides, provocando o aumento dos mesmos. Diferente do estresse hídrico, a chuva contínua pode ocasionar a perda de substâncias hidrossolúveis das folhas e raízes por lixiviação, isto ocorre em algumas plantas produtoras de alcaloides, glicosídeos e óleos voláteis. ➢ SOLO: A grande maioria das plantas desenvolvem-se melhor em solo fértil, leve e arejado, com pH entre 6,0 e 6,5. Além disso, é necessário que ocorra manejo correto do solo, onde o manejo deve ser realizado com fontes orgânicas de nitrogênio, fósforo e potássio, visando o controle de pragas, a manutenção da fertilidade e na produtividade ➢ ALTITUDE E LATITUDE: A altitude também interfere no desenvolvimento e produção de metabolitos secundários nas plantas, além disso, devido ao fato da altitude provocar diminuição da temperatura e luz. Outro fator contribuinte na produção de metabólitos é a latitude. ➢ Outros fatores ambientais que podem interferir na composição química vegetal é a poluição atmosférica, nutrientes, além da temperatura. 6. Qual a importância do cultivo de plantas medicinais? Resposta: O cultivo das plantas medicinais é de extrema importância devido ao fato de o cultivo interferir na preservação de espécies nativas, proporcionando o acesso a espécies exóticas e resgatando o conhecimento de gerações anteriores. Além disso, é possível evitar problemas encontrados nas espécies comercializadas, como falsificação, presença de resíduos agroquímicos, presença de elementos como fuligem, partes de insetos, assegurando a qualidade da matéria-prima vegetal garantindo o seu efeito terapêutico, trazendo benefícios na prevenção e cura de doenças. 7. Quais os cuidados que devemos ter durante e após a colheita? Resposta: Para garantir a qualidade fitoquímica e farmacológica da matéria-prima vegetal é necessário observar diversos fatores durante a colheita, como fatores intrínsecos e externos. Nos aspectos intrínsecos é possível destacar a variabilidade genética, a idade e o desenvolvimento da planta. Nos fatores externos, destacam-se a época do plantio, o local de cultivo, o manejo de fertilidade do solo, incidência de pragas, etc. Após a realização da colheita, a planta pode perder qualidade durante as próximas etapas, a secagem por exemplo pode comprometer os princípios ativos e ocasionar a proliferação de microrganismos, por isso, faz-se necessário que ocorra uma secagem de forma rápida para estabilizar a matéria-prima, que após ser seca, deverá ser embalada e armazenada de maneira correta. 8. Qual o objetivo da secagem e como pode ser realizada? Resposta: A secagem tem como objetivo evitar a degradação de componentes químicos importantes, garantir a qualidade do princípio ativo, além de evitar a proliferação de microrganismos, já que os mesmos necessitam de água para exercerem suas atividades. Esse processo pode ser realizado de forma natural, onde deve ser realizado à sombra e em locais bem arejados, com o intuito de evitar poeira, ataque de insetos e outros animais. A secagem a luz do sol não é aconselhada, pois, ocorre fotodecomposição, degradando os compostos químicos e alterando também as características organolépticas da matéria-prima vegetal. A forma artificial deve ser realizada em estufas ou secadores com temperatura controlada, geralmente entre 40°C a 60°C, e é indicado preferencialmente para secagem de plantas em grandes quantidades. 9. Como deve ser a embalagem das drogas vegetais? Resposta: O uso deembalagens inadequadas está entre as principais causas de contaminação biológica e perca de qualidade da matéria-prima vegetal, por isso, é importante que as embalagens sejam resistentes às mudanças de temperaturas, luz e umidade que favorecem a presença de fungos, bactérias e enzimas. Além disso, as embalagens devem estar devidamente dentro dos parâmetros da ANVISA, sendo identificadas, contendo o nome popular da espécie, o nome científico, o número do lote, a data da colheita e o prazo de validade. 10. Qual a importância do estudo farmacobotânico? Resposta: O estudo farmacobotânico baseia-se na junção da botânica, farmacologia e fitoquímica, que juntas enriquecem os conhecimentos sobre as matérias-primas vegetais, contribuindo assim, para a construção de conhecimentos morfológicos, especificações físico químicas, além da identificação botânica. 11. Como podemos escrever os nomes científicos? Quais as regras básicas? Resposta: A maneira de escrever os nomes científicos é estabelecida pelo Código de Nomenclatura Botânica, devem sempre ser escritos em latim, o primeiro termo identificando o gênero, com letra maiúscula, o segundo, identificando a espécie, com letra minúscula. Devem ser escritos em itálico ou sublinhados quando escritos à mão. 12. Qual a importância do nome científico de uma planta? Resposta: A nomenclatura científica da planta se faz importante devido ao fato de muitas espécies apresentarem o mesmo nome popular, e também a utilização do mesmo pode levar a não autenticação do ponto de vista medicinal. Além disso, o nome científico está ligado às características de cada planta 13. Qual o mecanismo de ação dos curares? Resposta: Os curares possuem propriedades paralisantes, atuam bloqueando a contração muscular através da junção neuromuscular, agindo como antagonista da acetilcolina, que impedem a ligação desta aos receptores nicotínicos localizados na porção pós-sináptica da junção, se expressando como paralisia muscular flácida ou por fraqueza muscular generalizada. 14. Qual a importância farmacológica e os efeitos indesejáveis dos curares? Resposta: Os curares apresentam várias utilizações na medicina, isso é o que os fazem tão importantes. São empregados como bloqueadores neuromusculares, relaxantes musculares. Seu uso também pode ser indicado nas Unidades de Terapia Intensiva, por exemplo, em situações como intubação traqueal, pressão intracraniana elevada, controle das convulsões, reaquecimento pós operatório com tumores, além de serem usados também como anestésicos em grandes cirurgias, principalmente abdominais. Seus efeitos indesejáveis consistem no bloqueio ganglionar que ocasiona diminuição da pressão arterial e consequentemente provoca uma taquicardia. Também surgem efeitos como liberação de histamina, broncoconstricção, secreção brônquica e salivação excessiva. 15. Como podemos caracterizar, extrair e dosear os curares? Resposta: Durante a extração o material vegetal deve está na forma de pó com solução aquosa e ácido diluído, deve ser neutralizada utilizando um solvente orgânico, sendo precipitados com adição da solução de carbonato de sódio e amônia. Posteriormente é submetida a cromatografia em camada delgada (CCD) onde é empregado o reagente iodo platinado na cor marrom, e a cromatografia líquida de alta eficiência, cromatografia a gás e volumetria. Referências: 1- NETO-GLOBBO, L; LOPES. P, N. Plantas medicinas: fatores de influência no conteúdo de metabólitos secundários. São Paulo, 2007. Disponível em <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100- 40422007000200026> Acesso em: 07 de outubro de 2020. 2- ALBUQUERQUE, P, U; HANAZAKI, N. As pesquisas etnodirigidas na descoberta de novos fármacos de interesse médico e farmacêutico. 2006. Disponível em <https://www.scielo.br/pdf/rbfar/v16s0/a15v16s0.pdf>. Acesso em: 07 de outubro de 2020.
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