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Um olhar sobre o Desenvolvimento Infantil

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1
UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE
DO SUL - UNIJUI
DHE - DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO
CURSO DE PSICOLOGIA
MEDICALIZAÇÃO INFANTIL
ANA PAULA FAGUNDES
Santa Rosa,
2017.
2
UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE
DO SUL - UNIJUI
DHE - DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO
CURSO DE PSICOLOGIA
MEDICALIZAÇÃO INFANTIL
ANA PAULA FAGUNDES
ORIENTADOR(A): Me. SILVIA CRISTINA SEGATTI COLOMBO
Trabalho de conclusão de curso
apresentado como requisito parcial
para conclusão do curso de
formação de Psicólogo.
Santa Rosa,
2017.
3
RESUMO
Este trabalho foi construído a partir da necessidade da reflexão e discussão do
uso de como estão sendo feitos os diagnósticos, e o uso dos medicamentos em
crianças. Com o objetivo de estudar quais seriam os principais medicamentos
utilizados, e as possíveis causas no desenvolvimento. O estudo foi realizado a
partir de pesquisa bibliográfica, onde está dividido em dois capítulos: o primeiro
voltado para o desenvolvimento infantil, trazendo um breve histórico sobre a
criança, com um olhar da psicanálise sobre a infância e o infantil, utilizando como
principais autores: Donald Winnicott, Melanie Klein, José Martins Filho, Sigmund
Freud, e Leila Mendonça. O segundo capítulo, trata da problemática da
medicalização na atualidade, trazendo como pontos principais, as mudanças na
família e na sociedade, a história do uso dos psicofármacos, diagnóstico e uso da
Ritalina. Foram utilizados como principais autores: Sigmund Freud, Leila
Mendonça, Diana Jerusalinsky, e Julieta Jerusalinsky. A partir do estudo foi
possível observar que as crianças estão cada vez mais cedo sendo
diagnosticadas com algum tipo de transtorno e fazendo uso de medicamentos
como a Ritalina.
Palavras chave: Infância, Psicofármacos, Desenvolvimento, Diagnóstico.
4
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 5
1. UM OLHAR SOBRE O DESENVOLVIMENTO INFANTIL..................................7
1.1 Breve histórico da criança.........................................................................................7
1.2 Um olhar da psicanálise sobre Infância e o infantil............................................ 11
1.3 Desenvolvimento segundo Winnicott....................................................................13
1.4 Desenvolvimento segundo Melanie Klein............................................................ 17
2. PROBLEMÁTICA DA MEDICALIZAÇÃO NA INFÂNCIA NA ATUALIDADE.22
2.1 Mudanças na Família e na Sociedade................................................................. 22
2.2 Breve Histórico do uso dos psicofármacos..........................................................27
2.3 Diagnóstico e o uso da Ritalina............................................................................. 29
CONCLUSÃO..................................................................................................................33
REFERÊNCIAS...............................................................................................................35
5
INTRODUÇÃO
Dado ao fato do uso abusivo de medicamentos em sujeitos em
desenvolvimento pretendo realizar uma pesquisa com o intuito de estudar os
efeitos, em crianças pequenas e refletir seu papel no processo de constituição
psíquica.
O objetivo geral foi estudar o uso dos medicamentos em crianças e as
possíveis consequências no seu desenvolvimento psicológico. Além disso,
pesquisar sobre o desenvolvimento infantil, a partir da visão da psicanálise,
identificar como são feitos os diagnósticos e quais os principais medicamentos
utilizados. Também, descrever as mudanças sociais e familiares, que levam ao
discurso social atual de medicar.
O estudo foi realizado a partir de pesquisa bibliográfica, utilizando para
levantamento de dados: artigos, livros, sites da Internet, entre outras fontes. A
pesquisa foi organizada em dois capítulos: o primeiro sobre o desenvolvimento
infantil, trazendo um breve histórico sobre a criança; trazendo um olhar da
psicanálise sobre a infância e o infantil; e o desenvolvimento infantil segundo
Winnicott e Melanie Klein. Para desenvolvimento do estudo foram utilizados:
Martins Filho, Sigmund Freud, Leila Mendonça, Donald Winnicott e Melanie Klein,
como principais autores.
O segundo capítulo trata da problemática da medicalização na atualidade,
trazendo as principais mudanças na família e sociedade; a história do uso dos
psicofarmacos; como são feitos os diagnósticos e o uso da Ritalina. Foram
utilizados como principais autores: Sigmund Freud, Leila Mendonça, Diana
Jerusalinsky, e Julieta Jerusalinsky.
Devido ao crescente número de crianças que cada vez mais cedo estão
fazendo uso de medicamentos, se faz necessário a discussão, reflexão e
conscientização dos responsáveis das possíveis causas, que o uso precoce de
6
medicamentos pode trazer para o desenvolvimento dessas crianças. O que
justifica a necessidade de se pesquisar melhor o assunto, visto que
considerando a formação em psicologia este tema é recorrente no cotidiano da
área.
7
1.UM OLHAR SOBRE O DESENVOLVIMENTO INFANTIL
1.1 Breve histórico da criança
Ao estudar o conceito de infância ao longo da história, percebe-se que é algo
recente. Não existiam preocupações com o brincar, cuidados com saúde e
desenvolvimento, preocupações presentes hoje neste período. Até o século XII não
havia a concepção de infância, não havendo representação ilustrativas de crianças.
Áries ressalta que “na sociedade medieval a criança a partir do momento em que
passava a agir sem solicitude de sua mãe, ingressava na sociedade dos adultos e não
se distinguia mais destes”. (1981, apud MARTINS FILHO, 2012,p.156). Ou seja, as
crianças eram consideradas neste período como adultas em miniatura,não havendo
distinção, por exemplo, nas roupas e costumes dos adultos.
O abandono de crianças está presente desde a Antiguidade. Mitos gregos como
Édipo por exemplo, Moisés, abandonado em uma cesta de vime, entre outros. Segundo
Martins Filho:
Gregos e romanos tinham pouca preocupação com o infanticídio, pois era dado ao
pai o direito de vida e morte sobre os filhos. Os gregos não matavam, como
frequentemente se diz, apenas os desvalidos, os malformados, os “defeituosos”. E,
vale ressaltar, matavam-se mais mulheres do que homens, porque os gregos eram
guerreiros. (2012, p.18)
Na Roma Antiga, o nascimento de uma criança não era apenas um fator biológico,
mas também uma aceitação paterna. De acordo com Costa (2012) ao citar Veyne (1989)
o aborto, o abandono e morte de crianças eram corriqueiras e consideradas legítimas.
A criança que o pai não levantar será exposta diante da casa ou num monturo
público; quem quiser que a recolha. Igualmente será rejeitada se o pai estiver
ausente, ou tiver ordenado à mulher grávida [...] Enjeitavam ou afogavam crianças
mal formadas (nisso não havia raiva, e sim razão, diz Sêneca: É preciso separar o
que é bom do que não pode servir para nada), ou ainda os filhos de sua filha que
“cometeu uma falta”. Entretanto, o abandono dos filhos legítimos tinha como causa
principal a miséria de uns e a política patrimonial de outros [...] Contudo mesmo os
mais ricos podiam enjeitar um filho indesejado cujo nascimento pudesse perturar
8
disposições testamentárias já estabelecidas (VEYNE, 1989 p.24, apud COSTA,
2012)
Para Martins Filho (2012), diferente dos gregos os romanos tinham no abandono,
e as vezes no infanticídio, uma forma de “resolver o problema” dos filhos indesejados.
Era frequente na época, Inocêncio III observar das janelas do palácio papal, todas as
manhãs, pescadores ao recolher as redes do rio Tigre, e entre os peixes, encontrarem
cadáveres de crianças pequenas e até mesmo bebês, corpos que eram jogados durante
a noite. A partir daí o papa pediu para que seus auxiliares, verificassem todas as manhãs
se não haviam crianças respirando, para que pudesse benze-las. Assim,surgiu a crença
de que sem a bênção do batismo, elas não poderiam entrar no Reino dos Céus, criando
assim o conceito “limbo”, lugar definido como uma caverna escura entre o purgatório e
céu (mais tarde papa Bento XVI,aboliu o conceito de limbo).
Martins Filho (2012) considera que a criança, não é e nunca foi, o elemento
considerado mais importante pela sociedade. Pelo contrário, o abandono de bebês é um
fenômeno constante na história da humanidade. O que muda segundo ele, é a
naturalidade com que tal costume foi encarado, sua insignificância social. Áries (1981
apud, Martins Filho,2012), aponta que a relação criança/infância foi sendo transformada
a partir da nova visão e condutas da Igreja Católica. A partir destas condutas novos
modelos familiares surgiram ressaltando a importância do laço sanguíneo. No século
XVIII a Igreja Católica passou a acusar de bruxaria quem matasse crianças. O
sentimento relacionado a infância surge a partir do discurso cristão do menino Jesus,
onde a criança passa ser um mediador entre o céu e a terra.
Aos poucos com o advento do cristianismo e a influência da Igreja, a violência
contra as crianças foi reduzida. Embora no centro de Roma, existia um local chamado
Coluna Lactária, local onde as famílias podiam abandonar os bebês, e outras pessoas
poderiam recolher para criar, muitas crianças não sobreviviam, e eram devoradas pelos
cães. Martins Filho (2012) ressalta que, historicamente, a piedade e a caridade só
passaram a ter destaque no século V, quando a Igreja modifica o simbolismo do
abandono das crianças. Aparece a oblata, onde o abandono das crianças nas igrejas
9
passou a ter outra conotação, os filhos eram deixados nas igrejas para adotar uma vida
religiosa abrindo mão de quaisquer bem familiar, que deveriam passar para a igreja
quando os parentes morressem.
Outra iniciativa para reduzir a morte das crianças foi a criação da roda dos
expostos. Uma caixa de madeira com uma gaveta ou um cilindro giratório, com abertura
dupla, uma para o exterior e outra para o interior da instituição. Eram deixadas em
igrejas ou órgãos públicos, onde as mães geralmente durante a noite deixavam seus
bebês, algumas com bilhetes, com informações como nome, data de nascimento. Nos
primeiros dias as crianças eram entregues a amas de leite, que deveriam apresentar
diariamente a criança para constatar que esta estava viva. Segundo Martins Filho:
Houve momentos, principalmente na Europa, em que eram pagos pequenos soldos
a essas senhoras “amamentadoras”, para que exercessem esse papel - o que, claro,
muitas vezes acabou causando problemas. Haviam pessoas que solicitavam vários
bebês para ganhar um pouco mais. Outras, no caso de a criança falecer (o que era
muito comum nos primeiros meses), usavam outros menores, emprestados, para
apresentar à instituição e receber seus estipêndios.( 2012, p.27)
Eram raras as crianças que sobreviviam, e as que chegavam até por volta dos
sete anos, tinham que aprender algum ofício para os meninos: carpintaria, marcenaria,
etc., e as meninas afazeres domésticos e preparação para o casamento. As rodas dos
expostos duraram vários séculos, a última brasileira foi a da Santa Casa de São Paulo,
extinta em 1950. (MARTINS FILHO, 2012,p.26).
Segundo Passeti, no Brasil os primeiros conceitos de crianças foram trazidos
pelos Jesuítas, onde propagam-se duas representações infantis: uma mística repleta de
fé, é o mito da criança-santa; a outra de uma criança que é o modelo de Jesus, muito
difundida pelas freiras carmelitas. Nesse contexto, os Jesuítas veem nas crianças
indígenas “o papel em blanco” que desejam escrever; antes que os adultos os
contaminem com seus maus costumes.(s/a p.3, apud HENICK e FARIA, s/a). Para Neto
(2000), a passagem da infância à puberdade era entendida como o momento onde, se
passava da inocência original da infância à idade e conhecimento do bem e do mal, em
que a criança assumiria o comportamento adulto (p.105, apud, HENICK e FARIA).
10
Para evitar que as crianças fossem “contaminadas” pelos maus hábitos dos
adultos, os Jesuítas criaram o projeto pedagógico de colonização jesuítica, “A infância é
percebida como momento oportuno para a catequese porque é também momento de
unção, iluminação e revelação [...] Momento visceral de renúncia, da cultura autóctone
das crianças indígenas” (DEL PRIORI, 1995, apud HENICK e FARIA s/a, p. 4). As
crianças que resistiam, ou não se recusavam a participar, era dito pelos Jesuítas que o
mal já habitava nelas, Os jesuítas viam a catequese como forma de “conservar a
docilidade e a obediência da criança, mais uma forma de ação que acabava por negar a
cultura indígena” (NETO, 2000, p. 106 apud, HENICK e FARIA).
Neto descreve que, mesmo com a proposta pedagógica, os Jesuítas encontravam
problemas como o abandono de crianças, órfãs e migrantes. Presenciavam por volta do
século XVIII:
[...] um estrondoso número de bebês abandonados que eram deixados pelas mães à
noite, nas ruas sujas. Muitas vezes eram devorados por cães e outros animais que
viviam nas proximidades ou vitimados pelas intempéries ou pela fome (NETO, 2000,
p. 107).
Para diminuir a situação de abandono no período Colonial, foram criadas as
Rodas dos Expostos. No entanto, a mesma não perdurou por muito tempo, por volta do
século XIX no Brasil essas instituições começaram a ser fechadas, pois passaram a ser
consideradas contrárias aos interesses do Estado. As rodas começam a “receber críticas
de médicos higienistas, que viam esta forma de assistencialismo como responsável
pelas mortes prematuras de crianças” (HENICK e FARIA, s/a). Com o fechamento
dessas instituições, as crianças passaram a viver em situação de rua, sendo vista pela
sociedade como marginais, sendo então necessária alguma providência. “Dessa forma,
caberia ao Estado implantar uma política de proteção e assistência à criança, a qual foi
estabelecida por meio do Decreto 16.272, de novembro de 1923” (NETO, 2000,p.110
apud, HENICK e FARIA, s/a).
11
As mudanças de concepção e formas de assistência às crianças abandonadas
tiveram início a partir de 1960. Neto afirma que:
No ano de 1964, o governo militar introduziu, mediante a Lei 4.513 de 1º de
dezembro de 1964, a Política Nacional do Bem - Estar Social do Menor, cabendo a
Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (FUNABEM) sua execução. Seus
objetivos eram cuidar do menor carente, abandonado e delinquente, cujos
desajustes sociais se atribuíam aos desafetos familiares ( 2000, p. 111).
Em vários Estados foram instaladas as FEBEM’s (Fundação Estadual para o Bem
Estar do Menor) que tinham com objetivo, adequar a assistência que antes era quase
exclusiva da Igreja. As crianças órfãs ou abandonadas passaram a ser encaminhadas
para essas fundações, onde esperavam por uma família que as adotasse, enquanto
recebiam cuidados das “damas de caridade”, senhoras que as cuidavam
voluntariamente. Em 1988, com a Constituição Cidadã, foram inseridos os Direitos
Internacionais da Criança. Em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) vem
garantir os direitos das crianças e adolescentes, como consta no art. 4º o qual determina
é dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público
assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos à vida, à saúde, à
alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à
dignidade, ao respeito, à liberdade, à convivência familiar e comunitária, entre outros
mais que asseguram a criança e adolescentes de ter seu desenvolvimento na
sociedade em que vive (Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8.069/1992).
Fica evidente ao estudar a história da criança ao longo dos anos, e nas diferentes
culturas, que a criança diferenciava-se do adulto apenas na estatura. Não eram
considerados cuidados diferenciados, vestimentas, espaço para brincar e se
desenvolver, assim que alcançavam uma certa idade, ou pudessem parar em pé
sozinhas, iniciavam suas atividades no trabalho para ajudarna renda familiar. A infância
como espaço de brincadeiras e aprendizagem como conhecemos hoje, é algo muito
recente na história, sendo criadas leis que punem infanticídio, maus tratos, garantindo
direitos, como educação.
1.2 Um olhar da psicanálise sobre Infância e infantil
12
Infância e infantil são termos geralmente utilizados como sinônimos, mas para a
psicanálise ganham significados diferentes. Enquanto a infância refere-se a um tempo
da realidade histórica, marcando a diferença entre criança e adulto, período das
primeiras inscrições do sujeito, o infantil refere-se a marca no psiquismo, independente
da idade do sujeito, é atemporal e está remetido a conceitos como pulsão, recalque e
inconsciente.
A infância faz parte da história da psicanálise como uma de suas marcas mais
duráveis. Freud não desenvolveu sua teoria voltada diretamente para uma clínica com
crianças, porém, ele estava voltado para ela. “Enquanto a psicologia clássica se voltava
para a transcrição ou tradução daquilo que se observava na criança, ou seja, suas
manifestações, a metapsicologia freudiana se voltava para aquilo que dessas
manifestações escapavam à tradução ou à transcrição.” ( MENDONÇA, 2013, p.54).
Freud foi atravessado por restos das manifestações das crianças que observava, ou seja,
construiu a representação da criança, não através da observação direta, mas a partir da
análise com pacientes adultos.
Mendonça, exemplifica em quais momentos Freud, marcou a infância, ao longo
de suas obras:
[...] a criança que grita (1895) permite a Freud situar o desamparo humano e a
experiência de satisfação que o encontro com o outro proporciona; a criança que
sonha (1900) possibilita-lhe consolidar, mais uma vez, que o sonho é realização de
desejo; a criança que brinca (1907) porta-se como o adulto que fantasia; a criança
que investiga e teoriza sobre sua origem (1908) aponta para Freud que o esforço de
saber dela surge das pulsões que a governa e não de uma capacidade inata de
pensar; a criança que se angustia (1909) apresenta-lhe o lugar que ela ocupa na
economia subjetiva do outro; a criança que repete situações desagradáveis (1920)
leva-o a formular que, através do jogo, ela repete o que lhe causou grande
impressão na vida, transformando a passividade em atividade [...] (MENDONÇA,
2013, p.55)
Freud nos primórdios da psicanálise, pensou ter encontrado uma criança
seduzida e traumatizada, que tempos depois, tornou-se um adulto, acreditava que estas
perturbações, tanto histéricas quanto obsessivas, apoiavam-se em experiências de
caráter sexual, vivenciadas na infância, pela qual o corpo do sujeito teria sido afetado.
13
( MENDONÇA, 2013, p.55). Assim formulou a teoria da sedução, onde a causa das
neuroses seria um acontecimento no real, de ordem sexual.
As experiências sexuais infantis que consistem na estimulação dos órgãos genitais,
em atos semelhantes ao coito, e assim por diante, devem, portanto ser consideradas,
em última análise, como os tramas que levam a uma reação histérica nos eventos da
puberdade e ao desenvolvimento de sintomas histéricos (FREUD, 1896, p. 203).
Com a fala dirigida a Fliess, “não acredito mais em minha neurótica” (1897, 1987,
p.309), Freud inicia uma desconstrução em relação a teoria do trauma. O discurso da
psicanálise passa a ter como fundamento não mais o sexual de uma realidade objetiva,
mas o sexual de uma realidade psíquica, partindo das fantasias. Não seriam mais
acontecimentos datados na infância os causadores das perturbações psíquicas, mas
uma fantasia sexual, inconsciente e infantil, derivada das primeiras relações de objeto.
(MENDONÇA, 2013, p.57).
O infantil não consiste em uma construção tardia na psicanálise, a especificidade
conceitual que contorna a ideia de infância e infantil, sempre esteve de algum modo,
presente nos trabalhos de Freud. Desde sempre o verdadeiro interesse, de Freud sobre
o relato da infância, foi o infantil recalcado. (ZAVARONI, 2007, s/p). Apesar de Freud
não ter desenvolvido sua teoria diretamente com crianças, ou ter conceitualizado de
forma direta infância e infantil, estes conceitos estiveram presentes em suas obras.
Para melhor estudar o desenvolvimento infantil serão utilizados dois autores pós
freudianos: Winnicott e Melanie Klein.
1.3 Desenvolvimento segundo Winnicott
A psicanálise, desde o início de sua instituição como método investigativo de
tratamento psíquico por Freud, sofreu diversos acréscimos e alterações, que mostram
um progresso do método. Para Freud, a ideia de progresso era plenamente aceitável,
apesar de que, em seu texto “Um estudo autobiográfico” (1925 [1924]), ele comentou
como era-lhe impossível falar disso na fase em que a psicanálise já era praticada por
outras pessoas, da mesma forma pode falar da ascensão gradativa desse método,
14
quando as atividades deste eram, ainda, exercidas apenas por ele próprio. Freud
escreveu:
Como método de tratamento é um método como muitos, embora seja, para dizer a
verdade, primus inter pares. Se não tivesse valor terapêutico não teria sido
descoberto, como o foi, em relação a pessoas doentes, e não teria continuado
desenvolvendo-se por mais de 30 anos. (Freud 1933[1932], p.154)
Donald Woods Winnicott, pediatra, psiquiatra infantil e psicanalista, pensava
como Freud: via a psicanálise como uma ciência que se desenvolve. Em Natureza
Humana, comentou que, “a teoria psicanalítica está em permanente desenvolvimento, e
deve desenvolver-se num processo natural e tanto semelhante às condições emocionais
do ser humano que esteja sendo estudado”. (1988, p.46).
No início ainda ligado às formulações freudianas, encontrava dificuldades
emocionais em seus pacientes. Dificuldades estas que pareciam ter iniciado nos
primeiros dias de vida e que não conseguiam ser explicadas pelo complexo de Édipo.
Assim, ao definir a sua teoria do amadurecimento pessoal, ou teoria do desenvolvimento
emocional do ser humano, Winnicott enfatizou que esta inclui “ a história total do
relacionamento individual da criança até seu meio ambiente específico.” (1971, p. 14).
Para Winnicott (1965), a doença psíquica, não tem o mesmo sentido de doença
dado pela psiquiatria, a qual lhe atribui um caráter hereditário ou constitucional; trata-se
de um tipo de imaturidade, uma parada no continuar-a-ser do indivíduo por defesa ou
reação contra a angústia que emerge diante de uma invasão, ou impedimento de algo
que precisava ter acontecido e não aconteceu. (1989, p.118). Deste modo, as
consequências da falha ambiental para a saúde psíquica da criança podem ser
relacionadas de acordo com o momento em que a falha acontece, na linha de evolução,
que parte da dependência absoluta rumo à independência. (1965 [1962]).
Para Winnicott, a criança nasce indefesa, com tendências para o desenvolvimento,
sendo tarefa da mãe oferecer um suporte adequado para que as condições inatas
alcancem um desenvolvimento. A sustentação ou holding protege contra a afronta
15
fisiológica. O holding deve levar em consideração a sensibilidade epidérmica da criança,
ou seja, tato, temperatura, sensibilidade auditiva, sensibilidade visual, e sensibilidade às
quedas, inclui toda a rotina de cuidados ao longo do dia e da noite. A criança
desconhece tudo o que não seja ela própria, a mãe funciona como um ego auxiliar.
(MOURA, 2008, s/p)
Segundo Moura (2008), Winnicott propõe, a “preocupação materna primária”, que
segundo o autor se dá durante os últimos meses de gestação e primeiras semanas
posteriores ao parto. Neste período a mãe adquire uma sensibilidade, capacidade
particular de se identificar com as necessidades do bebê. Moura descreve que:
Para Winnicott, o ser humano nasce, como um conjunto desorganizado de pulsões,
instintos, capacidades perceptivas e motoras, que conforme progridem o seu
desenvolvimento vai se integrando, até alcançar uma imagem unificada de si e do
mundo externo. (MOURA, 2008, s/p)
Winnicott, define a “preocupação materna primária” como:
Gradualmente, esse estadopassa a ser o de uma sensibilidade exacerbada durante
e principalmente ao final da gravidez. Sua duração é de algumas semanas após o
nascimento do bebê. Dificilmente as mães o recordam depois que o ultrapassaram.
Eu daria um passo a mais e diria que a memória das mães a esse respeito tende a
ser reprimida (WINNICOTT, 1988, p. 401)
Para descrever os conceitos de “mãe boa” e “não boa”, Moura cita que:
Winnicott diz que a “mãe boa” é a que responde a onipotência do lactante e, de certo
modo, dá-lhe sentido. O self verdadeiro começa a adquirir vida, através da força que
a mãe, ao cumprir as expressões da onipotência infantil, dá ao ego débil da criança.
A mãe que “não é boa” é incapaz de cumprir a onipotência da criança, pelo que
repentinamente deixa de responder ao gesto da mesma, em seu lugar coloca o seu
próprio gesto, cujo sentido depende da submissão ou acatamento do mesmo por
parte da criança. (MOURA, 2008, s/p)
O conceito de objeto transicional, descrito por Winnicott, recebe três usos
diferentes: um processo evolutivo, como etapa do desenvolvimento; vinculada às
angústias de separação e às defesas contra elas; representando um espaço dentro da
mente do individuo. É algo que não está definido nem dentro nem fora da criança,
16
servira para que o sujeito possa experimentar com essas situações, demarcando os
limites em relação ao externo e interno.(MOURA, 2008, s/p) O objeto transicional
funciona como uma espécie de ponte entre o mundo interno e externo.
Moura (2008) descreve que, o objeto transicional ocupa um lugar que Winnicott
chama de ilusão. O objeto transicional é conservado pela criança, ela é quem decide a
distância entre ela e tal objeto. Como estes objetos “representam” a mãe é essencial que
ela seja vivenciado como um objeto bom.
Winnicott aponta algumas características que são comuns aos objetos transicionais:
a criança afirma uma série de direitos sobre o objeto; o objeto é afetuosamente
ninado e excitadamente amado e mutilado; deve sobreviver ao ódio, ao amor, e à
agressão. É muito importante que o objeto sobreviva à agressão, possibilitando a
criança neutraliza-la, dando-lhe, posteriormente, um fim construtivo, ao notar que
esta não destrói os objetos. (MOURA, 2008, s/p)]
Sobre os objetos transicionais, Winnicott coloca:
Introduzi os termos ‘objetos transicionais’ e ‘fenômenos transicionais’ para designar a
área intermediária de experiência, entre o polegar e o ursinho, entre o erotismo oral
e a verdadeira relação de objeto, entre a atividade criativa primária e a projeção do
que já foi introjetado, entre o desconhecimento primário de dívida e o
reconhecimento desta. Por esta definição, o balbucio de um bebê e o modo como
uma criança mais velha entoa um repertório de canções e melodias enquanto se
prepara para dormir, incidem na área intermediária enquanto fenômenos
transicionais, juntamente com o uso que é dado a objetos que não fazem parte do
corpo do bebê, embora ainda não sejam plenamente reconhecidos como
pertencentes á realidade externa. (1975, p.14)
O desenvolvimento psíquico descrito por Winnicott, conta com três etapas
sucessivas, sendo elas: interação e personalização, adaptação a realidade e a
crueldade primitiva:
Para Winnicott as experiências iniciais ou diádicas são estruturantes do
psiquismo, participam da organização da personalidade e dos sintomas. O bebê
nasce em um estado de não integração. Onde os núcleos do ego estão
dispersos e, para o bebê, estes núcleos estão incluídos em uma unidade que ele
forma com o meio ambiente. A meta desta etapa é a integração dos núcleos do
ego e a personalização – adquirir a sensação de que o corpo aloja o verdadeiro
self. O objeto unificador do ego inicial não integrado da criança é a mãe e sua
atenção (holding). (MOURA, 2008, s/p.).
17
Adaptação a realidade:
A medida que o desenvolvimento progride, a criança tem um ego relativamente
integrado, e com a sensação de que o núcleo do si-próprio habita o seu corpo. Ela e
o mundo são duas coisas separadas. A etapa seguinte é conseguir alcançar uma
adaptação à realidade. Nessa etapa a mãe tem o papel de prover a criança com os
elementos da realidade com que irá construir a imagem psíquica do mundo externo.
A adaptação absoluta do meio ao bebê se torna adaptação relativa, através de um
delicado processo gradual de falhas em pequenas doses.(MOURA, 2008, s/p).
Crueldade primitiva:
Depois de a criança ter alcançado a diferenciação entre ela e o meio circundante e
se adaptar em certa medida à realidade, pela absorção de pautas objetivas dela, que
modificam suas fantasia, o último passo que deve dar é integrar em um todo as
diferentes imagens que tem de sua mãe e do mundo. Winnicott pensa que a criança
pequena tem uma cota inata de agressividade, que se exprime em determinadas
condutas auto-destrutivas. O bebê volta seu ódio sobre si mesmo para proteger o
objeto externo; (MOURA, 2008, s/p.).
Bleichmar e Bleichmar (1992), afirmam que simultaneamente a mãe que é
agredida e a mãe que cuida vão se aproximando na mente do indivíduo, que assim
adquire a capacidade de se preocupar com seu bem-estar, como objeto total. Isto
constitui o grande sucesso que, que Winnicott identifica como a última das etapas do
desenvolvimento emocional primitivo.
1.4 Desenvolvimento segundo Melanie Klein
Melanie Klein nasceu em Viena no ano de 1882 e faleceu em Londres em 1960,
psicanalista austríaca, e seguidora de Freud. Em sua teoria procurou reforçar e buscar
novos aspectos no desenvolvimento da criança. Introduziu o conceito de identificação
projetiva (associada ao ato de ‘expelir’ os sentimentos aversivos gerados pelo seio mau),
com base nas relações objetais; e outros conceitos como introjeção (é o ato de ‘buscar
em si’ os sentimentos bons gerados pelo seio bom) e a idealização (fantasia, de um seio
eterno que satisfará suas necessidades sempre). Klein partiu do princípio que desde
muito cedo a criança tem noções de bom e mau, sendo capaz de manifestar sentimentos
em relação a objetos.
18
Na teoria constituída por Klein encontramos o conceito de posição, conceito que
remete a constituição da subjetividade do bebê. Tais posições podem ser denominadas
como posição esquizo-paranóide e posição depressiva. A posição esquizo - paranóide
inicia no nascimento até os seis meses de idade, onde o desenvolvimento do eu é
determinado pelos processos de introjeção e projeção. A primeira relação objetal do
bebê ocorre com o chamado seio amado e odiado - seio bom e seio mau.
Segundo Klein (1946) a defesa primordial é a clivagem, o seio é o objeto
primordial e será dividido em seio bom e seio mau, ou em um objeto que está ausente,
como a mãe que está ausente para amamenta-lo inaugurando no bebê com isso o
processo de clivagem em sua subjetividade. Ele percebe o seio como bom porque o
amamenta e como mau porque se ausenta.
Para Klein (1946), o psiquismo se origina em um vínculo intersubjetivo, em
primeiro lugar, a relação de objeto do bebê e sua mãe, estudando as características
emocionais deste vínculo, para descobrir qual angústia predominante e as fantasias
constitutivo. Outra hipótese, é a de que angústia existe desde o começo da vida, é o
motor essencial para o desenvolvimento psíquico, ao mesmo tempo, é a origem de toda
patologia mental. O interesse de Klein está em descrever o desenvolvimento psíquico
precoce, principalmente no primeiro ano de vida, pois considera o fundamento de todo o
desenvolvimento psíquico posterior.
A posição depressiva é, para Klein o ponto crucial do desenvolvimento, pois
estabelece as bases para o equilíbrio psíquico e o controle das angústias psicóticas. A
inveja primária, outra hipótese fundamental, retoma sua ideia de que a agressão se
origina desde o início da vida, tendo uma base constitucional.
O ponto de partida é o que ela denomina de “técnica psicanalítica do jogo infantil”.
Na análise com crianças, aceita seus jogos, dramatizações, expressões verbais e
sonhos, como material igualmente significativo. Através deles, exploraas fantasias
conscientes e inconscientes da criança. Seu objetivo é explorar o inconsciente infantil,
19
interpretar as fantasias, sentimentos angústias e experiências expressas no jogo, e se
houver inibições, explorar as causas.
Para Klein (1928), a análise de crianças é completamente análoga a do adulto. A
neurose de transferência se desenvolve do mesmo modo, apenas variando a forma de
comunicação, através do jogo, para ajusta-la as possibilidades de expressão infantil.
Klein formulou duas hipóteses importantes: 1) a existência de um superego precoce, que
primeiro situa entre os dois e três anos de idade e, depois, faz retroceder até o começo
da vida psíquica; 2) a ideia do complexo de Édipo precoce, situado nos períodos
pré-genital do desenvolvimento.
Na primeira hipótese, destacou que a agressão possui papel central, tanto no
desenvolvimento psíquico precoce, como durante a vida do sujeito. Centrou seu
interesse em investigar os períodos pré verbais do desenvolvimento, aos quais atribuiu
uma grande riqueza de fantasias inconscientes.
Na segunda hipótese, Klein (1928) interessada em estudar os períodos pré
edípicos do desenvolvimento mental, logo muda o conceito de fases libidinais, ao afirmar
que, nas crianças pequenas, observa uma mescla de pulsões orais, anais e genitais que
se sobrepõem a partir das primeiras relações de objeto. Ao dizer que as pulsões orais
estão misturadas precocemente com as genitais também implica adiantar a triangulação
edípica e estágios pré genitais do desenvolvimento. Surge a ideia de complexo de Édipo
precoce, quando a sexualidade contém agressão, isto produz sentimento de culpa. As
relações de angústia, dor e culpa também se relacionam com a ideia do superego
precoce.
As pulsões agressivas pré genitais expressam-se, desde o começo da vida,
através de fantasias inconscientes, que estão dirigidas para o corpo da mãe. Nos
tratamentos de crianças neuróticas e psicóticas, Klein (1928) descreve uma grande
variedade de fantasias inconscientes. O jogo infantil é uma maneira simbólica de
elaborar fantasias e modificar a angústia. A criança procura dominar os perigos de seu
20
mundo interno, deslocando-os para o exterior e aumentando dessa forma, a importância
dos objetos externos. O jogo é como uma ponte entre a fantasia e a realidade, uma
maneira da criança produzir símbolos, necessários para o desenvolvimento mental.
Klein (1928) observou na clínica, no jogo e nas fantasias infantis, que as crianças
podiam partir em dois um objeto, dissociá-lo, separando um aspecto totalmente bom,
que projetavam em uma pessoa, de um aspecto exclusivamente mau, que situavam em
outra. Denominou-o de mecanismo de splitting, ou dissociação.
Para organizar as primeiras modalidades do funcionamento mental, opondo-se à
angústia persecutória, a angústia principal que o ego sente é a de ser atacado. É
experimentada pelo ego como uma ameaça de forças hostis que o atacam, tem origem
principalmente interna ( a pulsão de morte age como uma força destrutiva dentro do
individuo) e também, externa: a experiência traumática do parto e todas situações
posteriores que provocam frustrações.
As defesas mais arcaicas, os processos fundamentais para a construção dos
primeiros objetos externos e internos, seriam: dissociação, projeção e introjeção. A
dissociação dos objetos é acompanhada, inexoravelmente, de uma dissociação do ego.
É uma defesa necessária para proteger o ego débil de uma angústia persecutória
excessiva. Aplica-se a objetos e também a estruturas e fantasias. Serve para separar o
bom do mau, mas também o interno do externo e a realidade da fantasia.
A projeção aparece, primeiramente, ligada à pulsão de morte, cuja ameaça de
destruição interna é neutralizada, ao ser expulsa para fora do sujeito. Esta projeção de
agressão e de libido permite que se constituam os objetos parciais seio bom e seio mau.
Este conceito de projeção se enriquece com a descrição da identificação projetiva, como
mecanismo básico.
A introjeção também é um mecanismo essencial para a constituição do psiquismo,
pois é por introjeção dos primeiros objetos que se constroem os objetos internos. Isso
21
permite a formação do ego e, também, do superego. Para Klein (1928) os objetos que se
introjetam nunca são uma cópia fiel dos objetos externos, mas que estes se encontram
deformados por uma projeção das pulsões e sentimentos do sujeito.
Na teoria kleiniana, a posição depressiva é uma nova organização da vida mental,
constituindo um momento chave para o desenvolvimento e a normalidade. Durante a
elaboração da posição depressiva, o vínculo com a realidade externa se modifica.
Enquanto na posição paranóide os objetos externos são percebidos deformados pelas
projeções agressivas e libidinais, clivadas em dois mundos diferentes, agora o vínculo
com o mundo externo é, mais realista, pois aspectos bons e maus são reconhecidos
com menos distorções. Havendo uma maior discriminação entre fantasias e realidade,
assim como entre realidade externa e interna. Os sentimentos que predominam nesta
posição são a tolerância à dor psíquica e a culpa pelas fantasias agressivas para com os
objetos amados.
22
2.PROBLEMÁTICA DA MEDICALIZAÇÃO NA INFÂNCIA NA ATUALIDADE
2.1 Mudanças na Família e na Sociedade
Mendonça partindo da leitura do texto de Freud ‘O mal estar na civilização’ (1930)
considera que, a grande intenção do homem - busca da satisfação irrestrita e imediata,
cuja a efetivação vai de encontro imediato às normas estabelecidas pela cultura, que
são regidas pelo princípio da realidade. Portanto a vida em comum só se torna possível
mediante a restrição da ordem de satisfação que move o sujeito, assim para entrar na
cultura seria necessário uma certa dose de renúncia pulsional. (p.105)
Para Freud (1930), “o homem civilizado trocou uma parcela de suas
possibilidades de felicidade por uma parcela de segurança.” ( 1930;1987,p.119 apud
MENDONÇA, 2013, p.106) Mendonça considera que:
Nos tempos atuais, a afirmativa freudiana parece ter sofrido uma inversão, visto que
o homem atual tem trocado a sua segurança por uma parcela a mais de felicidade;
diga-se de passagem, uma parcela que não tem fim, pois ele quer mais, mais e mais.
Ele almeja a obtenção de prazer sem nenhuma restrição. Assim, o imperativo de
gozo parece se evidenciar cada vez mais como uma norma, o que leva ao
apagamento da alteridade, uma vez que o poder do indivíduo prevalece sobre o
poder do coletivo. (2013, p.106)
Neste sentido Mendonça (2013) questiona de que forma a cultura afetou as
famílias, especialmente a mulher, que foi segundo ela, quem mais rompeu com as
tradições, deixando de ser ‘donas de casa’ passaram a ser ‘donas da casa’; e ainda
quais seriam os efeitos disso nas crianças, já que a mulher, inserida em uma cultura que
oferece inúmeros objetos que prometem a satisfação e felicidade plena, que parecem
obter equivalência ao que antes representava um filho.
(...) na cultura contemporânea parece que o filho não é mais objeto privilegiado do
desejo de uma mulher. Assim, podemos supor que o lugar que o filho ocupa para a
mulher contemporânea e a forma como ele tem sido inscrito no desejo, somado à
precariedade da função paterna, tem rompido com toda uma configuração simbólica
23
- pai, mãe e filho - dando lugar a uma configuração no real - homem, mulher e
criança, a qual deixa em evidência um gozo, privando a criança do olhar desejante
mais consistente. (MENDONÇA, 2013, p.106)
Freud (1926), descreve que não se nasce mulher, torna-se mulher. Para Lacan
(1985), a mulher não existe; falta de um significante que a represente. A mulher na falta
de um esteio, que a deixa muito mais próximo do real, muitas vezes tenta encontra-lo na
maternidade. “Entretanto, se a maternidade não lhe dá a completude fálica1, o
investimento libidinal que surge em função dessa esperança, e que ela dispensa ao seu
bebê, é promissor ao favorecimento de uma organização psíquica”. (MENDONÇA, 2013,
p.73).Em Três Ensaios sobre a teoria da sexualidade Freud (1905) indica o lugar da
criança na subjetividade da mulher. Freud, liga maternidade e castração2, é por ter
deparado com o fato de não ter um pênis que a menina poderá deslizar da inveja em
relação ao órgão para o desejo de ter um filho. Sendo assim a maternidade seria uma
via de substituição do desejo e estaria ligada ao complexo de castração.
Para tornar-se mulher, Freud (1932) diz, que a menina precisa realizar duas
árduas tarefas, o que faz com que o desenvolvimento da menina seja mais árduo que o
do menino.
1 “Embora mantendo o caráter primário do falicismo e do monismo sexual, Lacan propôs, ao mesmo
tempo, introduzir a idéia da relação precoce com a mãe, sob a categoria de um “desejo materno”, como
tinham feito antes dele Melanie Klein e Donald Woods Winnicott, e livrar a terminologia freudiana de
qualquer equívoco centrado no paternalismo. Assim, ele revisou a doutrina clássica vienense à luz de suas
sucessivas revisões e de sua própria tópica do simbólico, do imaginário e do real. Com isso, Lacan fez do
falo (grafado como Falo) o objeto central da economia libidinal, porém um falo desligado de suas
conivências com o órgão peniano. Dentro dessa ótica, o falo é assimilado a um significante puro da
potência vital, dividindo igualmente os dois sexos e exercendo, portanto, uma função simbólica. Se o falo
não é um órgão de ninguém, nenhuma libido masculina domina a condição feminina. O poder fálico não
mais é articulado com a anatomia, e sim com o desejo que estrutura a identidade sexual, sem privilegiar
um gênero em detrimento do outro.
Na perspectiva lacaniana, a teoria freudiana, por um lado, e as teses inglesas, por outro, traduzem-se
numa mesma álgebra ternária. Na relação primordial com a mãe, a criança é “desejo do desejo materno”.
Pode identificar-se com a mãe, com o falo, com a mãe como portadora do falo, ou então apresentar-se, ela
mesma, como provida do falo”.(ROUDINESCO, 1998)
2 “Sigmund Freud, denominou Complexo de Castração o sentimento inconsciente de ameaça
experimentado pela criança quando ela constata a diferença anatômica entre os sexos”.
(ROUDINESCO,1998).
24
Sendo a mãe o primeiro objeto de amor do menino e da menina, Freud começa a
indagar como a menina encontra o caminho que a leva ao pai e, mais, como, quando e
por que ela se afasta da mãe.( MENDONÇA, 2013, p.75). Para Freud a menina teria a
tarefa de trocar de zona erógena, visto que a sua sexualidade, inicialmente, teria caráter
inteiramente masculino. Para o bom desenvolvimento da sexualidade, ela terá que não
apenas renunciar a sua sexualidade ativa, mas também mudar o objeto de amor, se
antes era a mãe, agora deverá se o pai. (MENDONÇA, 2013, p.76).
Segundo Mendonça (2013), Freud retoma a teoria da sedução para compreender,
a natureza das relações libidinais da menina com sua mãe. Antes o sedutor era o pai,
neste momento, a pessoa que seduz é a mãe.
Aqui a fantasia toca o chão da realidade, pois foi realmente a mãe quem, por suas
atividades concernentes à higiene corporal da criança, inevitavelmente estimulou e,
talvez, até mesmo despertar, pela primeira vez, sensações prazerosas nos genitais
da menina. (FREUD, 1932, p.121)
Fica claro que para a criança sobreviver necessita da mediação do olhar
desejante do Outro (função materna). Segundo Mendonça (2013), “sem essa mediação
ela encontra a morte como destino - se não a morte real, a perda da vitalidade”, (p.88)
podendo se abater e deprimir.
Winnicott para apontar a importância da função materna, desenvolve o conceito
de preocupação materna primária, caracterizado por um estado psíquico especial da
mãe, cuja sensibilidade exacerbada da mãe é o cerne e que ele se refere como ‘doença
normal’. A mãe necessita de uma salubridade tanto para desenvolver esse estado
quanto para recuperar-se à medida que o bebê não necessita mais, possibilita a
adaptação sensível da mãe às necessidades do bebê desde os primeiros momentos.
(WINNICOTT, 1958, p. 401 apud MENDONÇA, 2013, p.100).
Para Winnicott, a preocupação materna primária é a base para a organização
psíquica, criando um sentimento de confiança no bebê, o qual possibilita uma separação
do não eu a partir do eu. Favorece a criação de um espaço entre o bebê e a mãe, um
25
espaço potencial que varia conforme a vivência das experiências primitivas com sua
mãe. (MENDONÇA, 2013, p.101).
Mendonça considera que:
No mundo atual, onde tudo indica que o sujeito é movido pelo imperativo de gozo,
parece que o Outro não está podendo, junto à criança, construir um espaço potencial
que possa favorecer uma maior capacidade de simbolizar e de criar. Acredito que as
inúmeras e profundas transformações na esfera sociopolítica - econômica que o
mundo ocidental sofreu tenham contribuido com isso, afetando a criança
radicalmente. Em se tratando de um tempo em que o sujeito espera pelas palavras,
essas parecem que tardam a chegar, devido à ausência de um olhar mais
consistente e desejante sobre ele. (2013, p.102)
Mendonça (2013) aponta que antes o único destino da mulher era o casamento, e
consequentemente a maternidade; onde os papéis estariam bem estabelecidos: pai
provedor, mãe voltada para os cuidados do lar e dos filhos. Por volta do século XX, onde
a autora destaca o movimento feminista, e as mudanças nos “meios anticoncepcionais,
a legalização do divórcio, entre outros, levaram a estrutura familiar moderna a sofrer
uma transformação radical, prenunciando a constituição de uma outra ordem familiar”.
(2013, p.112).
Considerado o que deu origem a esta transformação, o movimento feminista, ao
pleitear a condição de igualdade entre homens e mulheres, propiciou que a mulher
fosse ‘para o mundo’ em busca de novos projetos identitários, deixando para trás o
posto de “rainha do lar”. Com a eficácia dos procedimentos anticoncepcionais, o que
era uma remota possibilidade para algumas mulheres tornou-se uma possibilidade
de fato. (MENDONÇA, 2013, p.113).
Outra liberdade do universo feminino que provocou mudanças de costume, o
casamento/ matrimonio passou a ser realizado mais tarde, ficando para depois do
estabelecimento profissional. “ Almejando a realização de um projeto identitário,
articulado com a sua independência financeira, as mulheres passaram a desejar a se
realizar enquanto singularidades e não mais somente como mães.” (MENDONÇA, 2013,
p.113)
Penso que no conjunto dessas transformações as crianças foram frontalmente
afetadas. Conforme indica Birman (2008), com a inserção da mulher no mundo do
trabalho, os homens não se dispuseram a dividir o seu tempo, a fim de preencherem,
26
relativamente, a ausência que se instalou no âmbito familiar. Isso significa que a
mulher foi para o mundo, o homem, que já estava no mundo, permaneceu e a
criança parece ter sido esquecida. Desta forma, segundo o autor, devido ao
imperativo de realização de desejo e o da sustentação dos projetos existenciais de
cada uma das figuras parentais, um vazio em relação às funções parentais se
constituiu e a criança ficou entregue às novas atenções especializadas como, por
exemplo, as creches e as escolas maternais. (MENDONÇA, 2013, p.116).
A partir disto Mendonça, afirma que “não é raro encontrarmos crianças
devastadas, deprimidas e debilitadas; sujeitos devastados de subjetividade, devido a
precariedade de um olhar primordial, de um olhar desejante e consistente...” (2013,
p.120).
Além das mudanças observadas nas funções parentais, e constituições
familiares, podemos observar também, uma grande mudança no papel assumido pela
medicina, e pela escola, quanto às crianças.
Nas últimas décadas a medicina obteve grandes avanços, realizando pesquisas,
desenvolvendo medicamentos e/ou para doenças que antes eram consideradas fatais.
Conforme Brzozowski e Caponi (2013), “a medicalização pode ocorrer tanto em casos
de desvios de comportamento quanto de processos naturais da vida”. Citando como
exemplos de processos naturais da vida medicalizados, “sexualidade, nascimento,desenvolvimento infantil, tensão pré menstrual (TPM), menopausa, envelhecimento e o
processo de morrer”. E como desvios “alcoolismo, loucura, homossexualidade,
hiperatividade e dificuldades de aprendizagem, problemas alimentares (obesidade e
anorexia), abuso infantil, infertilidade e transexualidade”. ( CONRAD, 1992. apud
BRZOZOWSKI e CAPONI, 2013, s/p).
Podemos considerar como desvios de comportamento qualquer conduta que
destoe do que é socialmente desejável, mas que nem sempre representa uma patologia.
É possível observar que parte dos desvios ocorridos na infância, são notados na
escola, e descobertos a partir do momento em que a criança desenvolve algum
problema de aprendizagem. Por exemplo se a criança não aprende a ler em
27
determinada idade ou apresenta dificuldade em prestar atenção em sala de aula, isso
pode ser considerado um desvio.
Os desvios da infância, dessa forma, são aqueles relacionados com a quebra de
normas e de regras impostas socialmente, como, por exemplo, a falta de atenção e a
agitação em sala de aula. (BRZOZOWISKI E CAPONI, 2013)
Neste sentido a medicina foi assumindo o papel de agente de normalização dos
desvios, e controle social, ficando responsável por comportamentos que até então eram
da esfera de outras instituições, tais como aprendizagem e criminalidade. Paralelamente
ocorrem mudanças na instituição escolar, também responsável pelo comportamento das
crianças.
2.2 Breve Histórico do uso dos psicofármacos
Segundo Bogochvol (1995) o desenvolvimento da psicofarmacologia é um dos
fatos mais marcantes da modernidade. A introdução da clorpromazina, em 1952 foi o
momento de fundação da moderna psicofarmacologia e o marco inicial de uma
revolução que afetou primeiramente a terapêutica, a clínica psiquiátrica e as
neurociências e que acabou por afetar o conjunto das ciências e a visão que o homem
tem de si mesmo. Criou-se uma onda de sucessivos avanços na psicofarmacoterapia, e
os pesquisadores continuam progredindo na direção de uma compreensão, cada vez
mais acurada da base fisiopatogênica dos transtornos mentais e seu tratamento.
No início dos anos 1950, os antidepressivos foram descobertos.Sua descoberta
foi de forma acidental, inicialmente foi utilizada para tratar pacientes tuberculosos, os
quais ficaram alegres aos serem tratados com iproniazida, que foi ineficaz contra a
tuberculose. Já que a função é interna do medicamento, seu uso tornou-se popular.
Salom (2014) retrata a função do antidepressivo: “é como ter um motorista; você
simplesmente se senta relaxado no banco de trás e deixa alguém ou algo enfrentar por
você os desafios dos sinais de trânsito, policiais, mau tempo, regras e desvios” (p.317).
28
Desde então houve uma tendência para a compreensão psicológica do
funcionamento mental e de seus transtornos, baseada principalmente na teoria
psicanalítica desenvolvida por Sigmund Freud e seguidores. Tal compreensão
psicológica manteve uma influência importante ao longo deste século, até o crescimento
dos conhecimentos em neurobiologia e o crescimento da psiquiatria clínica.
Fernandes (2007, apud Bogochvol, 1995) diz que o advento do Prozac®
(Fluoxetina) em 1988 desencadeou maior interesse e respeito sobre os psicofármacos e
os bons resultados em seu uso no tratamento das doenças mentais. Como uma das
principais consequências, a depressão passou a ser considerada, por muitos, como um
distúrbio exclusivamente bioquímico. O fato é que o uso dos inibidores seletivos da
recaptação da serotonina – ISRS, e o aumento de sua disponibilidade na fenda sináptica
trouxeram grande alívio aos sintomas depressivos. Entretanto, com a popularização
dessa droga a depressão tornou-se a doença da moda. A Fluoxetina tornou-se, então,
uma das drogas mais divulgadas e prescritas, primeiramente nos Estados Unidos e logo
em todo o mundo - tida como uma droga quase milagrosa, não só na depressão, mas
também em outras patologias, sendo receitada também por especialistas de várias
áreas, que não a psiquiatria.
De acordo com Graeff e Guimarães (2001) as drogas psicotrópicas ou psicoativas,
as quais têm como efeito principal alterar funções psicológicas, fazem parte do nosso
cotidiano. Os medicamentos antidepressivos são indicados para muitas condições
psiquiátricas, além da depressão, sendo os medicamentos mais receitados atualmente.
O uso com finalidade terapêutica não é recente. Farmacopéias tradicionais de vários
povos apresentam extratos de plantas medicinais contendo princípios psicoativos. O
desafio era o de explicar como moléculas químicas agem para produzir alterações em
funções como pensamento, estado de ânimo, percepção e emoções. De acordo com o
que diz Dal Pizzol (2006) o psicofármaco pode ser também uma droga de abuso,
causando tantos males quantos aqueles causados pelas drogas de uso ilícito tais como
dependência, síndrome da abstinência e distúrbios comportamentais.
29
Segundo Diana Jerusalinsky, o metilfenidato (Ritalina), é o psicofármaco mais
prescrito para tratar o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
De acordo com algumas estimativas, mais de 75% das prescrições de MF são para
crianças, sendo esta suposta entidade patológica diagnosticada com frequencia
quatro vezes maior em meninos do que em meninas. A produção e prescrição de MF
cresceram significativamente, nos anos 1990, principalmente nos EUA à medida que
o diagnóstico de TDA/TDAH passou a ser, segundo nossa interpretação, abusivo e
muito pouco seletivo. (2011, p.248)
Ainda para D. Jerusalinsky (2011), “em 1944, durante a Segunda Guerra Mundial,
foi pela primeira vez sintetizado”. Em 1954, foi patenteada e em 1955, o metilfenidato foi
lançado como Ritalina. E em 1960, popularizou-se indicado para o tratamento de
crianças diagnosticadas com TDAH.
Diana Jerusalinsky, para tratar do diagnóstico de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH), trás como base o DSM-IV (Manual de Diagnóstico e Estatístico
de Transtornos Mentais), o qual classifica o TDHA, como um transtorno grave, tratável
com psicoestimulantes como a Ritalina. (2011, p.247)
2.3 Diagnóstico e o uso da Ritalina
Atualmente o Brasil é o segundo maior consumidor de metilfenidato, cujo nome
comercial é Ritalina ou Concerta, ficando atrás somente dos Estados Unidos. A Ritalina é
um medicamento, que tem como princípio ativo o Cloridrato de Metilfenidato, utilizado
para combater a sonolência excessiva, com bom controle mental. Este medicamento é
um tipo de anfetamina que atua no sistema nervoso central, mantendo o estado de
alerta.
A Ritalina é indicada para tratamento do Transtono de Déficit de Atenção e
Hiperatividade (TDAH). Os principais efeitos colaterais segundo informações da bula do
medicamento, são: desconforto abdominal, náusea, azia, nervosismo e insônia no início
do tratamento, diminuição de apetite que pode resultar em perda de peso ou atraso de
30
crescimento em crianças, dor de cabeça, sonolência, tontura, alterações nos batimentos
cardíacos, febre e reações alérgicas.
De acordo com Wagner Ranña, médico psiquiatra e psicanalista, com experiência
em saúde mental da infância, em entrevista a Matuoka afirma que:
No Brasil, a rede voltada para assistência aos problemas de saúde mental da
criança e do adolescente é muito precária -- o que não é privilégio do Brasil, este
problema afeta a quase todos os países. As crianças com dificuldades de
comportamento, agitadas e irrequietas são vistas como doentes pelos profissionais
da psiquiatria biológica e da neurociência, e então eles receitam remédios. Como
consequência, temos um número elevadíssimo de crianças recebendo medicação,
mas sem se discutir se a ela é mesmo necessária ou se é a melhor forma de cuidado.
(2015, s/p)
Ranña, considera que o principal cuidado com a saúde mental da criança, é
tentar entender o sofrimento psíquico e os problemas de comportamento. Além de
considerar uma ironia que em uma sociedade da rapidez, crianças agitadas sejam
consideradas doentes (2015, s/p).Para Brzozowski e Caponi, desde o surgimento da
hiperatividade como diagnóstico, ocorreram mudanças na definição e nas características
do transtorno, “o que revela a elasticidade das categorias médicas aplicadas a condutas
previamente consideradas moralmente problemáticas”. (2013, s/p) Inicialmente o
Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), o diagnóstico era feito com
crianças muito ativas, impulsivas e distraídas, mudando para a dificuldade de manter a
atenção. (BRZOZOWSKI e CAPONI, 2015).
Diana Jerusalinsky, descreve que “estudos em animais mostraram que as droga
que se utilizam suprimem os comportamentos espontâneos e podem incrementar os
comportamentos obsessivos-compulsivos”. (2011, p. 249) Segundo a autora fica claro os
efeitos sobre o nível comportamental, já que diminui as atividades espontâneas, com
isso, tratado-se de crianças, poderiam ser “marcadas diminuições do aparecimento e
frequência dos comportamentos de exploração, da curiosidade, da socialização e do
brincar”. (D. JERUSALINSKY, 2011, p.250).
Se tratando do DSM IV, e o diagnóstico de TDAH, Diana Jerusalinsky descreve:
31
O conteúdo do diagnóstico de TDA/TDAH no DSM-IV está especificamente voltado
para a enumeração dos comportamentos “indesejáveis” das crianças, especialmente
na escola e assim justificar a administração de tratamento com fármacos para
suprimi-los, sendo estes divididos em três critérios principais: hiperatividade,
impulsividade e falta de atenção. (2011, p.251)
De acordo com J. Jerusalinsky (2016), até pouco tempo, “viver no mundo da lua”,
era algo socialmente aceitável, sendo considerado um traço normal da infância. “Nos
anos 1982, cantávamos Lindo Balão Azul, de Guilherme Arantes.” (J. JERUSALINSKY,
2016, s/p.). Na década de 80 valorizava-se o direito da crianças de brincar e fantasiar.
Freud, descreve sobre o brincar da criança e o fantasiar dos adultos (utilizando
escritor criativo como exemplo):
[...]A ocupação favorita e mais intensa da criança é o brinquedo ou os jogos. Acaso
não poderíamos dizer que ao brincar toda criança se comporta como um escritor
criativo, pois cria um mundo próprio, ou melhor, reajusta os elementos de seu mundo
de uma forma que lhe agrade? Seria errado supor que a criança não leva esse
mundo a sério; ao contrário, leva muito a sério a sua brincadeira e dispende na
mesma muita emoção. A antítese de brincar não é o que é sério, mas o que é real.
Apesar de toda a emoção com que a criança catexiza seu mundo de brinquedo, ela
o distingue perfeitamente da realidade, e gosta de ligar seus objetos e situações
imaginadas às coisas visíveis e tangíveis do mundo real. Essa conexão é tudo o que
diferencia o ‘brincar’ infantil do ‘fantasiar’”. (FREUD, 1908, p. 135).
Para Freud, “ao crescer, as pessoas param de brincar e parecem renunciar ao
prazer que obtiveram no brincar”. (1908, p.136). Considerando que na realidade nunca
renunciamos a nada, apenas trocamos uma coisa por outra.
O que parece ser uma renúncia é, na verdade, a formação de um substituto ou
sub-rodado. Da mesma forma, a criança em crescimento, quando pára de brincar, só
abdica do elo com os objetos reais; em vez d brincar, ela agora fantasia. (FREUD,
1908. p. 136).
Segundo Freud, as fantasias das pessoas adultas é mais difícil de ser observada
do que o brincar das crianças. Já que as crianças, brincam sozinhas ou estabelecem
“um sistema psíquico fechado com outras crianças”. Ao contrário, os adultos
envergonham-se de suas fantasias, escondendo-as das outras pessoas.
O brincar da criança é determinado por desejos: de fato, por um único desejo – que
auxilia o desenvolvimento, o desejo de ser grande e adulto. A criança está sempre
brincando ‘de adulto’, imitando em seus jogos aquilo que conhece da vida dos mais
32
velhos. Ela não tem motivos para ocultar esse desejo. Já com o adulto o caso é
diferente. Por um lado, sabe que dele se espera que não continue a brincar ou a
fantasiar, mas que atue no mundo real; por outro lado, alguns dos desejos que
provocaram suas fantasias são de tal gênero que é essencial ocultá-las. Assim, o
adulto envergonha-se de suas fantasias por serem infantis e proibidas. (FREUD,
1908, p. 137).
Freud considera que a fantasia se constitui em três tempos: “como o desejo utiliza
uma ocasião do presente para construir, segundo moldes do passado, um quadro do
futuro”. (1908, p. 139).
A relação entre a fantasia e o tempo é, em geral, muito importante. É como se ela
flutuasse entre três tempos – os três momentos abrangidos pela nossa ideação. O
trabalho mental vincula-se a uma impressão atual, a alguma ocasião motivadora no
presente que foi capaz de despertar um dos desejos principais do sujeito. Dali
retrocede á lembrança de uma experiência anterior (geralmente da infância) na qual
esse desejo foi realizado, criando uma situação referente ao futuro que representa a
realização do desejo. O que se cria então é um devaneio ou fantasia, que encerra
traços de sua origem a partir da ocasião que o provocou e a partir da lembrança.
Dessa forma o passado, o presente e o futuro são entrelaçados pelo fio do desejo
que une. ( FREUD, 1908, p. 138)
Outra mudança importante foi no papel da escola, inicialmente, tinha
desempenhava o papel de cuidadora das crianças. Após o inicio do capitalismo, a
sociedade necessitava de mão de obra qualificada, surgindo a necessidade de ensinar
dentro das instituições. É na escola que a maioria dos problemas são detectados, a
partir de alguma dificuldade de aprendizagem ou de comportamento.
Ao descrever sobre a escola J. Jerusalinsky considera que:
[...] a escola não é só uma instituição capaz de identificar os problemas na infância,
mas também é produtora dos seus parâmetros de normalidade. O que é normal e o
que é anormal também é uma produção discursiva, baseada em ideais e ideologias
institucionais, e apoiado nestes, os professores interpretam o comportamento de
seus alunos, assim como preenchem os formulários médicos de identificação do
TDAH. (J. JERUSALINSKY, 2016 s/p).
Neste sentido, podemos dizer que comportamentos antes considerados normais,
para os parâmetros sociais, hoje estão sendo medicados, podendo ser eles: agitação,
curiosidade, ansiedade, angústias, medos, imaginação... Enfim comportamentos antes
ditos como típicos da infância se tornaram na sociedade atual patológicos.
33
CONCLUSÃO
A partir da construção deste trabalho, pode-se considerar que a infância sofreu e
continua sofrendo modificações ao longo da história. Mudanças relacionadas as famílias
(novas constituições familiares, conquista de espaço da mulher na sociedade...), nas
instituições de ensino, e na sociedade em geral.
Podemos considerar que na sociedade atual, o filho não ocupa mais o lugar de
único desejo de uma mulher. Com as mudanças ocorridas no século XX, a mulher
passou a conquistar outros espaços na sociedade, além da casa. Tendo a possibilidade
de estudar, trabalhar fora, escolher o momento e o número de filhos que fosse de seu
desejo. Além disso com a legalização do divórcio, criou-se outra ordem familiar.
Com estas mudanças, as crianças que antes ficavam aos cuidados de suas mães,
até a idade escolar (5 a/ou 6 anos de idade), hoje estão cada vez mais cedo indo para as
escolas de educação infantil (por volta dos quatro meses). A escola além da função da
aprendizagem, parece ter ganho a função de cuidadora. É nas escolas também que se
observa um parâmetro de comparação e normatização, ou seja, se a criança não
aprende algo em determinada idade, ou se comporta diferente dos demais, pode ser
diagnosticada com algum transtorno.
Freud não desenvolveu sua teoria diretamente com crianças, apesar disto,
infância e infantil, estão presentes em sua obra, na forma de investigação a partir da fala
de pacientes adultos. Freud considerava os sonhos como uma forma de realização de
desejo, as brincadeiras que nos adultos esta presente na forma de fantasias, as
angústias presentes na infância, além das situações desagradáveis quepodem ser
representadas através do jogo.
Já Winnicott e Klein, seguidores da psicanálise, desenvolveram suas teorias
voltadas mais para o trabalho com crianças. Para Winnicott, as falhas ambientais geram
34
consequências na saúde psíquica da criança e se relacionam com o momento em que a
falha acontece, descrevendo o “Holding” e “preocupação materna primária”, como sendo
os principais cuidados desempenhados pela função materna. Klein, também desenvolve
sua teoria voltada para a o período da infância, utilizando o método do “jogo infantil”,
pois para ela é através dos jogos que a criança se expressa, explorando assim suas
fantasias, sentimentos e angústias.
A partir das leituras foi possível observar, que os diagnósticos estão sendo feitos
cada vez mais em crianças pequenas, e consequentemente, trás o uso precoce de
psicofármacos. O que pode ocasionar em uma inibição das fantasias, brincadeiras e
jogos, deixando de vivenciar esta fase de maneira subjetiva e natural.
A partir disso se faz necessário reflexões e questionamentos sobre, o que está se
fazendo com a infância e quais seriam as possíveis consequências destas crianças que
desde muito cedo fazem uso de medicamentos, impedindo que brinquem, que usem sua
imaginação, sem a chance de vivenciar sua subjetividade. Como o trabalho ainda não
está concluído, ficam em aberto para respostas, as seguintes questões: O que faz com
que pais e professores aceitem que as crianças sejam medicadas?Como profissionais
da psicologia podem intervir com estes pais e profissionais da educação?
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