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Análise de Investimentos Professor Hamilton de Souza Pinto, MsC. 1 03 O ambiente econômico e financeiro das empresas 3.1. INTRODUÇÃO O administrador financeiro necessita conhecer a estrutura de mercado em que a empresa está inserida para melhor atuar em negociações empresariais. Nesse sentido, o administrador financeiro deve sempre analisar o contexto atual e as projeções das políticas econômicas governamentais para decidir e atuar em função da dinâmica de regulações e controles da atividade econômica nacional, que pode ser mais ou menos intensa em função de governos com tendências liberais ou não. 3.2. AS EMPRESAS NO AMBIENTE ECONÔMICO As empresas compram, vendem, prestam serviços, pagam impostos, tomam recursos emprestados, enfim, interagem com outros agentes econômicos no país e no exterior. Essas relações ocorrem sob a vigência de normas legais, fiscais e outras. As empresas, além de serem pressionadas por seus clientes, que exigem melhores produtos e/ou serviços e menores preços, são fiscalizadas por diversos órgãos governamentais. Muitas vezes, estão sujeitas a variações em suas condições de operação: demanda de seus produtos e/ou serviços, custo do dinheiro, alterações nas leis regulatórias do setor econômico de atuação, mudanças tributárias e variações na conjuntura internacional. Esse conjunto de fatores caracteriza o ambiente econômico no qual a empresa está inserida. 3.2.1. Estrutura de Mercado A atuação das empresas no ambiente econômico, o seu planejamento estratégico e suas possibilidades de sucesso dependem muito da forma como estão inseridas no ambiente econômico. Empresas com muitos concorrentes têm menores possibilidades de aumentar preços. Empresas com muitos fornecedores têm maior poder de barganha na aquisição de matérias primas e insumos. A dinâmica competitiva da concorrência, dos fornecedores, dos clientes e dos produtos e/ou serviços da própria empresa caracterizam o próprio mercado. O administrador financeiro necessita conhecer a estrutura de mercado em que sua empresa está inserida para atuar em negociações comerciais, no estabelecimento de preços de venda e de cotações de compra. Análise de Investimentos Professor Hamilton de Souza Pinto, MsC. 2 3.2.2. Políticas Econômicas O governo, cumprindo a sua função de regular e controlar a atividade econômica nacional, coloca em prática quatro instrumentos de política econômica: 1. Instrumentos de política monetária, para controlar o volume de moeda em circulação e o montante de crédito disponível; 2. Instrumentos de política fiscal, que compreende as decisões governamentais referentes à tributação das atividades empresariais; 3. Instrumentos de política cambial, para controlar a taxa de câmbio e as condições de entrada e saída de capitais externos no país; 4. Instrumentos de política de rendas, que compreende as decisões governamentais referentes ao reajuste do salário mínimo, subsídios à determinados produtos e incentivos regionais. 3.3. AS EMPRESAS NO AMBIENTE FINANCEIRO Bancos, empresas de crédito, taxa de juros, taxas de câmbio e títulos da dívida pública constituem o ambiente financeiro das empresas. O ambiente financeiro tem organização formal na grande maioria dos países, denominada sistema financeiro. 3.3.1. O Sistema Financeiro Nacional (SFN) O Sistema Financeiro Nacional (SFN) pode ser definido como o conjunto de instituições financeiras, que tem na transferência de recursos dos agentes poupadores para os agentes tomadores de recursos, sua principal função, por meio da qual financia o crescimento da economia. O principal objetivo do SFN é aproximar tomadores e aplicadores de recursos da maneira mais segura, objetiva e transparente possível. Sua estrutura oferece aos agentes econômicos segurança e rapidez nas operações de troca de recursos e alternativas variadas na destinação destes recursos, promovendo o desenvolvimento econômico equilibrado do país. A maior parte dos recursos financeiros que circula na economia está nos bancos – parte mais importante do SFN –, toda atividade da economia, obviamente, é obrigada a passar por eles. 3.3.2. Estrutura do Sistema Financeiro Nacional O SFN é constituído por um subsistema normativo e por um subsistema de intermediação, conforme figura a seguir: Análise de Investimentos Professor Hamilton de Souza Pinto, MsC. 3 3.3.2.1. O subsistema normativo O subsistema normativo é responsável pelo funcionamento do mercado financeiro e de suas instituições, fiscalizando e regulamentando suas atividades por meio, principalmente, do Conselho Monetário Nacional (CMN) e do Banco Central do Brasil (Bacen). A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) atua no controle e fiscalização do mercado de valores mobiliários (ações e debêntures). Também fazem parte desse subsistema o Banco do Brasil (BB), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a Caixa Econômica Federal (CEF), o Conselho de Recursos do SFN (CRSFN), a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) e a Secretaria de Previdência Complementar (PREVIC). Portanto, o Subsistema Normativo é o grande responsável pela elaboração das regras e normas que deverão ser cumpridas pelas demais instituições financeiras, bem como fiscalizá-las. O Conselho Monetário Nacional (CMN) é o principal responsável pela direção da política monetária, creditícia e cambial do país. Podemos entendê-lo como um Conselho de Política Econômica do país. Um dos mais importantes objetivos do conselho é estabelecer as metas de inflação e, fundar, para fins de política monetária e cambial, as condições específicas para a Análise de Investimentos Professor Hamilton de Souza Pinto, MsC. 4 negociação de contratos de derivativos, estabelecendo limites, compulsórios e definindo as próprias características dos contratos existentes e criando novos. Além disso, o conselho é responsável por todo um conjunto de atribuições específicas destacando-se: Autorização de emissão de papel-moeda; Aprovação dos orçamentos monetários preparados pelo Banco Central; Fixação de diretrizes e normas de política cambial; Disciplinar o crédito em suas modalidades e as formas das operações creditícias; Criação de limites para a remuneração das operações e serviços bancários ou financeiros; Determinação da taxa de recolhimento compulsório das instituições financeiras; Regulação sobre as operações de redesconto de liquidez; e Estabelecer ao Banco Central o monopólio de operações cambiais quando o Balanço de Pagamentos exigir. O segundo órgão mais importante do SFN é o Banco Central (Bacen), que é o órgão executivo central do sistema financeiro, sendo responsável pelo cumprimento das disposições legais sobre o funcionamento do sistema decididas no CMN. O Bacen tem, portanto, uma função de fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional. São funções do Bacen: Recolher depósitos compulsórios e redescontos de liquidez (banco dos bancos); Criar as normas, autorizações, fiscalizações e intervenções (gestor do Sistema Financeiro Nacional); Determinar da taxa Selic, o controle dos meios de pagamento preocupando-se com a liquidez no mercado e a determinação do orçamento monetário e os instrumentos da política monetária (executor da Política Monetária). Selic significa “Sistema Especial de Liquidação e de Custódia” e representa a taxa básica de juros da economia. É o principal instrumento de política monetária utilizado pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação. Ela influencia todas as taxas de juros do país, como as taxas de juros dos empréstimos, dos financiamentos e das aplicaçõesfinanceiras. Refere-se à taxa de juros apurada nas operações de empréstimos de um dia entre as instituições financeiras que utilizam títulos públicos federais como garantia. Ser o responsável pela emissão do meio circulante (moeda) e ter a preocupação com o saneamento desse meio circulante (banco emissor); Financiar o Tesouro Nacional com emissão de títulos públicos, administrando as dívidas públicas interna e externa, sendo o Gestor e Fiel Depositário das reservas internacionais do país, e sendo o representante no Sistema Financeiro Internacional; e Centralizador do Fluxo Análise de Investimentos Professor Hamilton de Souza Pinto, MsC. 5 Cambial: criador das normas, autorizações, registros e fiscalização/intervenção do mercado cambial (banqueiro do governo). A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é responsável por regular e fiscalizar o mercado de capitais e as sociedades de capital aberto do país. É, portanto, um órgão normativo do SFN voltado para o desenvolvimento, a disciplina e a fiscalização do mercado de valores mobiliários não emitidos pelo sistema financeiro e pelo Tesouro Nacional. Está vinculada ao Ministério da Fazenda e tem autonomia financeira. Sua principal função é “proteger os investidores, manter a eficiência e a ordem dos mercados e aumentar a facilidade de formação de capital por parte das empresas”. O Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional (CRSFN) tem como sua principal responsabilidade julgar os recursos das decisões relativas à aplicação de penalidades administrativas atribuídas pelo Bacen e pela CVM. Por fim, a Superintendência de Seguros Privados (SUSEP) é responsável pelo controle e fiscalização do mercado de seguros, previdência privada aberta e capitalização. A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) é responsável pelo controle e fiscalização dos planos e benefícios e das atividades das entidades de previdência privada. 3.3.2.2. O subsistema de intermediação O subsistema de intermediação é responsável pelas operações de intermediação financeira. Além disso, as instituições financeiras podem ser divididas em dois grandes tipos: bancárias ou não bancárias. Define-se uma instituição bancária aquela que pode criar moeda por meio do recebimento de depósitos à vista, por exemplo. Por outro lado, as instituições não bancárias são aquelas que não recebem depósitos à vista e trabalham com ativos não monetários como ações, letras de câmbio, certificados de depósitos bancários (CDB), debêntures etc. Essas instituições são conhecidas da população e geralmente são formadas por corretoras, bancos de investimento, financeiras, sociedades de arrendamento mercantil etc.
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