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Módulo de Antropologia Cultural de Moçambique

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Prévia do material em texto

MANUAL DO CURSO DE LICENCIATURAEM 
 
GESTÃO AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2º Ano 
 
Disciplina: ANTROPOLOGIA CULTURAL DE MOÇAMBIQUE 
 
Código:ISCED21-ANTCFE002 
 
Horas de contacto: 10 
 
Total Horas/1o Semestre: 100 
 
Créditos (SNATCA): 4 
 
Número de Temas: 10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA- ISCED 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
Direitos de autor (copyright) 
 
Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED), e 
contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução parcial ou total 
deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, 
gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Instituto 
Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED). 
 
A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos judiciais 
em vigor no País. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) 
 
Direcção Académica 
 
Rua Dr. Almeida Lacerda, No212 Ponta - Gêa 
 
Beira - Moçambique 
 
Telefone: +258 23 323501 
 
Cel: +258 823055839 
 
Fax:23323501 
 
E-mail:isced@isced.ac.mz 
 
Website:www.isced.ac.mz 
 
 
 
 
 
 
i 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
Agradecimentos 
 
O Instituto Superior de Ciências e Educação a Distância (ISCED) e o autor do presente manual 
agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual: 
 
Pela Coordenação 
 
Pelo design 
 
Financiamento e Logística 
 
 
Direcção Académica do ISCED 
 
Direcção de Qualidade e Avaliação do ISCED 
 
 
Instituto Africano de Promoção da Educação 
a Distancia (IAPED) 
 
 
Pela Revisão 
 
 
Elaborado Por: Jone Januário Mirasse, Mestre em Desenvolvimento Rural 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ii 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
Índice 
 
Visão geral 
 
Bem vindo à disciplina/Módulo de Antropologia Cultural de Moçambique------------------------1 
 
Objectivos do Módulo--------------------------------------------------------------------------------------------1 
 
Objectivos Específicos--------------------------------------------------------------------------------------------1 
 
Quem deveria estudar este Módulo?-------------------------------------------------------------------------2 
 
Como está estruturado este Módulo?------------------------------------------------------------------------2 
 
Ícones de actividade----------------------------------------------------------------------------------------------3 
 
Habilidades de estudo--------------------------------------------------------------------------------------------4 
 
Precisa de apoio?--------------------------------------------------------------------------------------------------6 
 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)--------------------------------------------------------------------------6 
 
Avaliação-------------------------------------------------------------------------------------------------------------7 
 
 
 
TEMA 1: FUNDAMENTOS DAS CIENCIAS SOCIAIS 
 
Unidade 1.1. Introdução Geral---------------------------------------------------------------------------------9 
 
Unidade 1.2. Constituição e desenvolvimento das ciências sociais----------------------------------11 
 
Unidade 1.3. Pluralidade, diversidade e interdisciplinaridade nas ciências sociais--------------16 
 
Unidade 1.4. Ruptura com senso comum------------------------------------------------------------------20 
 
 
 
TEMA 2: HISTÓRIA DO PENSAMENTO ANTROPOLÓGICO 
 
Unidade 2.1. Origem--------------------------------------------------------------------------------------------23 
 
Unidade 2.2. A curiosidade intelectual e o interesse pelo exótico-----------------------------------27 
 
Unidade 2.3. A universalização da antropologia---------------------------------------------------------29 
 
Unidade 2.4. As diferentes “cores” e campos de aplicação da antropologia----------------------33 
 
 
 
 
 
 
 
 
iii 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
TEMA 3: DESENVOLVIMENTO DA ANTROPOLOGIA 
 
Unidade 3.1. Antropologia como ciência-------------------------------------------------------------------35 
 
Unidade 3.2. A antropologia interpretativa a antropologia pós-moderna-------------------------38 
 
Unidade 3.3. Diferentes ramos da antropologia---------------------------------------------------------41 
 
 
 
TEMA 4: O CONCEITO DE ANTROPOLOGIA CULTURAL 
 
Unidade 4.1. Definições e abordagens sobre Antropologia Cultural--------------------------------46 
 
Unidade 4.2. Origem e o desenvolvimento da cultura--------------------------------------------------50 
 
Unidade 4.3. Cultura e sociedade----------------------------------------------------------------------------53 
 
Unidade 4.4. A cultura material e a cultura imaterial---------------------------------------------------56 
 
 
 
TEMA 5: TEORIAS, FACTOS E PROCESSOS NA ANTROPOLOGIA 
 
Unidade 5.1. As principais correntes antropológicas----------------------------------------------------58 
 
Unidade 5.2. Desenvolvimento histórico e principais áreas de interesse de contemporâneas-- 
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------69 
 
Unidade 5.3. As correntes antropológicas e sua operacionalização em Moçambique---------71 
 
 
 
TEMA 6: TRADIÇÃO E IDENTIDADE CULTURAL 
 
Unidade 6.1. A génese da multiplicidade cultural na metade Oriental da África Austral------74 
 
Unidade 6.2. O processo de construção do império colonial e a pluralidade cultural----------77 
 
Unidade 6.3. A antropologia na África colonial e pós-colonial----------------------------------------79 
 
Unidade 6.4. A antropologia em Moçambique colonial e pós-colonial-----------------------------83 
 
Unidade 6.5. Dinâmica aculturacional e permanência de modelos societais endógenos------86 
 
 
 
TEMA 7: CULTURA E EDUCAÇÃO EM MOÇAMBIQUE 
 
Unidade 7.1. Saberes e contextos contemporâneos de aprendizagem em Moçambique-----90 
 
 
 
 
iv 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
Unidade 7.2. O paradigma da diversidade cultural em Moçambique-------------------------------94 
 
Unidade 7.3. Os discursos da identidade nacional moçambicana: da ideologia á prática-----98 
 
Unidade 7.4. A construção do outro e a etnicização/tribalização em Moçambique-----------100 
 
 
 
TEMA 8: PARENTESCO, FAMILIA E CASAMENTOS EM MOÇAMBIQUE 
 
Unidade 8.1. Introdução ao estudo das relações de parentesco-----------------------------------104 
 
Unidade 8.2. Nomenclatura, simbologia e características do parentesco (filiação, aliança e 
residência)-------------------------------------------------------------------------------------------------------107 
 
Unidade 8.3. Crítica do parentesco: o caso macua, lobolo em Moçambique “Um velho idioma 
para novas vivências conjugais”----------------------------------------------------------------------------110 
 
 
 
TEMA 9: FAMILIA EM CONTEXTO DE MUDANÇA EM MOÇAMBIQUE 
 
Unidade 9.1. Origem e evolução histórica do conceito de família---------------------------------112 
 
Unidade 9.2. família como fenómeno cultural----------------------------------------------------------114 
 
Unidade 9.3. Novas abordagens teóricas e metodológicas no estudo da família--------------118 
 
Unidade 9.4. Estudo de caso (família em contexto de mudança em Moçambique)-----------121 
 
 
 
TEMA 10: O DOMÍNIO SIMBÓLICO 
 
Unidade10.1. O estudo dos rituais em Antropologia – os ritos de passagem------------------124 
 
Unidade 10.2. Rituais como mecanismo de reprodução social – feitiçaria----------------------126 
 
Unidade 10.3. Ciência e racionalidade – cultura, tradição e religiosidade no contexto 
sociocultural do Modelos religiosos endógenos & modelos religiosos exógenos--------------129 
 
Unidade 10.4. A emergência de sincretismos religiosos e de igrejas messiânicas em 
Moçambique----------------------------------------------------------------------------------------------------132 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
v 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
vi 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
 
Visão geral 
 
 
Bem-vindo à Disciplina/Módulo de 
Antropologia Cultural de Moçambique 
 
Objectivos do Módulo 
 
Ao terminar o estudo do módulo de Antropologia Cultural de 
Moçambique, deverá ser capaz de: identificar e interpretar 
diferentes manifestações do ser humano e fenómenos emanados 
da acção da sociedade imbuída no seu meio endógeno e também 
os sinais emitidos pelo meio exógeno. Identificar as trajectórias do 
pensamento antropológico desde a emergência da disciplina à 
actualidade; Conhecer o saber e o fazer antropológicos actuais; 
Familiarizar-se com as abordagens da noção de cultura do clássico 
ao pós-moderno; Reconhecer as linhas de homogeneidades e 
heterogeneidades do território etnográfico nacional; Apresentar 
algumas das novas questões e paradigmas da antropologia, com 
reflexos em Moçambique. 
 
 
 
 
 
 
 
 Conhecer a história da Antropologia e sua importância na vida 
humana.

 Definir Antropologia Cultural.
Objectivos 
Específicos 
Aplicar os conhecimentos da 
Antropologia Cultural paraidentificar e aplicar 
as diferentes teorias na resolução prática de fenómenos observados. 
 
 Reconhecer e interpretar tendências e novas abordagens no 
contexto das dinâmicas sociais.

 
 
 
 
 
 
 
 
1 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
 
 
Quem deveria estudar este módulo 
 
Este Módulo foi concebido para estudantes do 2º ano do curso de 
licenciatura em Gestão Ambiental do ISCED. Poderá ocorrer que, 
havendo leitores que queiram se actualizar e consolidar seus 
conhecimentos nesta disciplina, serão bem-vindos, não sendo 
necessário para tal se inscrever. Mas poderá adquirir o manual de 
acordo com os procedimentos estabelecidos pelo ISCED. 
 
 
Como está estruturado este módulo 
 
Este módulo de Antropologia Cultural, é para estudantes do 2º ano 
do curso de licenciatura em Gestão Ambiental e à semelhança dos 
restantes módulos do ISCED, está estruturado como se segue: 
Páginas introdutórias 
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, 
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer para 
melhor estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção 
com atenção antes de começar o seu estudo, como componente 
de habilidades de estudos.

 
Conteúdo desta Disciplina / módulo 
 
Este módulo está estruturado em Temas. Cada tema, por sua vez 
comporta certo número de unidades temáticas ou simplesmente 
unidades. Cada unidade temática se caracteriza por conter uma 
introdução, objectivos, conteúdos. 
 
No final de cada unidade temática ou do próprio tema, são 
incorporados antes o sumário, exercícios de auto-avaliação, só 
depois é que aparecem os exercícios de avaliação. 
 
Os exercícios de avaliação têm as seguintes características: Puros 
exercícios teóricos/Práticos, Problemas não resolvidos e 
actividades práticas, algumas incluindo estudo de caso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
Outros recursos 
 
A equipa dos académicos e pedagogos do ISCED, pensando em si, 
num cantinho, recôndito deste nosso vasto Moçambique e cheio de 
dúvidas e limitações no seu processo de aprendizagem, apresenta 
uma lista de recursos didácticos adicionais ao seu módulo para você 
explorar. Para tal o ISCED disponibiliza na biblioteca do seu centro 
de recursos mais materiais de estudos relacionados com o seu curso 
como: Livros e/ou módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste 
material físico ou electrónico disponível na biblioteca, pode ter 
acesso a Plataforma digital moodle para alargar mais ainda as 
possibilidades dos seus estudos. 
 
 
Auto-avaliação e Tarefas de avaliação 
 
Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final 
de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos exercícios 
de auto-avaliação apresentam duas características: primeiro 
apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo, 
exercícios que mostram apenas respostas. 
 
Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação 
mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de 
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras. 
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de campo 
a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de correcção 
e subsequentemente nota. Também constará do exame do fim do 
módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os exercícios de 
avaliação é uma grande vantagem. 
 
Comentários e sugestões 
 
Use este espaço para dar sugestões valiosas, sobre determinados 
aspectos, quer de natureza científica, quer de natureza didáctico-
Pedagógica, etc., sobre como deveriam ser ou estar apresentadas. 
Pode ser que graças as suas observações que, em gozo de 
confiança, classificamo-las de úteis, e no próximo módulo venham 
a ser melhoradas. 
 
 
Ícones de actividade 
 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas 
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes 
partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela 
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança 
de actividade, etc. 
 
 
 
3 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
 
 
Habilidades de estudo 
 
O principal objectivo deste campo é o de ensinar aprender a 
aprender. Aprender aprende-se. 
 
Durante a formação e desenvolvimento de competências, para 
facilitar a aprendizagem e alcançar melhores resultados, implicará 
empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os bons 
resultados apenas se conseguem com estratégias eficientes e 
eficazes. Por isso é importante saber como, onde e quando estudar. 
Apresentamos algumas sugestões com as quais esperamos que caro 
estudante possa rentabilizar o tempo dedicado aos estudos, 
procedendo como se segue: 
 
1º Praticar a leitura. Aprender a Distância exige alto domínio de 
leitura. 
 
2º Fazer leitura diagonal aos conteúdos (leitura corrida). 
 
3º Voltar a fazer leitura, desta vez para a compreensão e assimilação 
crítica dos conteúdos (ESTUDAR). 
 
4º Fazer seminário (debate em grupos), para comprovar se a sua 
aprendizagem confere ou não com a dos colegas e com o padrão. 
 
5º Fazer TC (Trabalho de Campo), algumas actividades práticas ou as 
de estudo de caso se existirem. 
 
IMPORTANTE: Em observância ao triângulo modo-espaço-tempo, 
respectivamente como, onde e quando...estudar como foi referido 
no início deste item, antes de organizar os seus momentos de estudo 
reflicta sobre o ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo 
melhor em casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à 
noite/de manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? 
Estudo melhor com música/num sítio sossegado/num sítio 
barulhento!? Preciso de intervalo em cada 30 minutos, em cada 
hora, etc. 
 
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sidoestudado durante um determinado período de tempo; Deve estudar 
cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao seguinte 
quando achar que já domina bem o anterior. 
 
 
 
 
 
 
4 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
 Privilegia-se saber bem (com profundidade) o pouco que puder ler 
 e estudar, que saber tudo superficialmente! Mas a melhor opção é 
 juntar o útil ao agradável: Saber com profundidade todos 
 conteúdos de cada tema, no módulo. 
 Dica importante: não recomendamos estudar seguidamente por 
 tempo superior a uma hora. Estudar por tempo de uma hora 
 intercalado por 10 (dez) a 15 (quinze) minutos de descanso 
 (chama-se descanso à mudança de actividades). Ou seja que 
 durante o intervalo não se continuar a tratar dos mesmos assuntos 
 das actividades obrigatórias. 
 Uma longa exposição aos estudos ou ao trabalho intelectual 
 obrigatório, pode conduzir ao efeito contrário: baixar o rendimento 
 da aprendizagem. Por que o estudante acumula um elevado 
 volume de trabalho, em termos de estudos, em pouco tempo, 
 criando interferência entre os conhecimentos, perdendo assim a 
 sequência lógica, por fim ao perceber que estuda tanto mas não 
 aprende, cai em insegurança, depressão e desespero, por se achar 
 injustamente incapaz! 
 Não estude na última da hora; quando se trate de fazer alguma 
 avaliação. Aprenda a ser estudante de facto (aquele que estuda 
 sistematicamente), não estudar apenas para responder a questões 
 de alguma avaliação, mas sim estude para a vida, sobre tudo, 
 estude pensando na sua utilidade como futuro profissional, na área 
 em que está a se formar. 
 Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que 
 matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que 
 resta, deve decidir como utilizar produtivamente, decidindo quanto 
 tempo será dedicado ao estudo e a outras actividades. 
 É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será 
 uma necessidade para o estudo das diversas matérias que 
 compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode ajudar 
 a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil identificar as 
 partes que está a estudar e Pode escrever conclusões, exemplos, 
 vantagens, definições, datas, nomes, pode também utilizar a 
 margem para colocar comentários seus relacionados com o que 
 está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a seguir 
 à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura; 
 Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado 
 não conhece ou não lhe é familiar; 
 
 
 
5 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
 
 
Precisa de apoio? 
 
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra razão, o 
material de estudos impresso, lhe pode suscitar algumas dúvidas 
como falta de clareza, alguns erros de concordância, prováveis erros 
ortográficos, falta de clareza, fraca visibilidade, páginas trocadas ou 
invertidas, etc.). Nestes casos, contacte os serviços de atendimento 
e apoio ao estudante do seu Centro de Recursos (CR), via telefone, 
sms, E-mail, se tiver tempo, escreva mesmo uma carta participando 
a preocupação. 
 
Uma das atribuições dos Gestores dos CR e seus assistentes 
(Pedagógico e Administrativo), é de monitorar e garantir a sua 
aprendizagem com qualidade e sucesso. Dai a relevância da 
comunicação no Ensino a Distância (EAD), onde o recurso as TIC´s se 
tornam incontornáveis: entre estudantes, estudante – Tutor, 
estudante – CR, etc. 
 
As sessões presenciais são um momento em que você caro 
estudante, tem a oportunidade de interagir fisicamente com staff do 
seu CR, com tutores ou com parte da equipa central do ISCED 
indigitada para acompanhar as sua sessões presenciais. Neste 
período pode apresentar dúvidas, tratar assuntos de natureza 
pedagógica e/ou administrativa. 
 
O estudo em grupo, que está estimado para ocupar cerca de 30% 
do tempo de estudos a distância, é de extrema importância, na 
medida em que permite lhe situar, em termos do grau de 
aprendizagem com relação aos outros colegas. Desta maneira ficará 
a saber se precisa de apoio ou precisa de apoiar aos colegas. 
Desenvolver hábito de debater assuntos relacionados com os 
conteúdos programáticos, constantes nos diferentes temas e 
unidade temática, no módulo. 
 
 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) 
 
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e 
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é 
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues 
duas semanas antes das sessões presenciais seguintes. 
 
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não 
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do 
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de 
campo conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da 
disciplina/módulo. 
 
Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os 
mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente. 
 
 
6 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, 
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados, 
respeitando os direitos do autor. 
 
O plágio1é uma violação do direito intelectual do(s) autor(es).Uma 
transcrição à letra de mais de 8 (oito) palavras do texto de um autor, 
sem o citar é considerada plágio. A honestidade, humildade 
científica e o respeito pelos direitos autorais devem caracterizar a 
realização dos trabalhos e seu autor (estudante do ISCED). 
 
 
Avaliação 
 
Muitos perguntam: Com é possível avaliar estudantes à distância, 
estando eles fisicamente separados e muito distantes do 
docente/tutor!? Nós dissemos: Sim é muito possível, talvez seja uma 
avaliação mais fiável e consistente. 
 
Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com 
um mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os 
conteúdos do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial 
conta com um máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A 
avaliação do estudante consta de forma detalhada do regulamento 
de avaliação. 
 
Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e 
aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de 
frequência para ir aos exames. 
 
Os exames são realizados no final da cadeira, disciplina ou módulo e 
decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no 
mínimo 75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, 
determinam a nota final com a qual o estudante conclui a cadeira. 
 
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira. 
Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois) 
trabalhos e 1 (um) (exame). 
 
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados 
como ferramentas de avaliação formativa. 
 
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em 
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de 
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as 
recomendações, a identificação das referências bibliográficas 
utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros. 
 
Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento 
de Avaliação. 
 
 
 
1
Plágio - copiar ou assinar parcial ou totalmente uma obra literária, 
propriedade intelectual de outras pessoas, sem prévia autorização. 
 
 
7 
 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
 
TEMA 1: FUNDAMENTOS DAS CIENCIAS SOCIAIS 
 
UNIDADE 1.1. Introdução Geral 
 
UNIDADE 1.2. Constituição e desenvolvimento das ciências 
sociais UNIDADE 1.3.Pluralidade, diversidade e 
interdisciplinaridade nas ciências sociais 
UNIDADE 1.4. Ruptura com senso comum 
 
 
 
UNIDADE 1.1. Introdução Geral 
 
 
IntroduçãoAs ciências sociais são um ramo da ciência que diferentemente de 
outros, se ocupa a estudar os fenómenos sociais que compenetram a 
essência do Homem. 
 
Em toda sua existência o ser humano é um ser social, no sentido de que 
ele próprio assegura a criação de laços sociais e que de forma recíproca 
depende desses laços para se constituir e completar-se 
 
 
 
 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 
 
 
 Conhecer os fundamentos da antropologia duma forma geral e cultural em 
particular;

 Acompanhar as dinâmicas sociais seus efeitos na essência do Homem;

 Identificar a importância das ciências sociais para o Homem como indivíduo e 
como grupo.

 
Desenvolvimento 
 
Muitos estudiosos Assis (2008), Batalha (2004), Nunes (2005) quando 
falam sobre o conceito de ciência, convergem na sua maioria na palavra 
conhecimento, no sentido de que, ciência é conhecimento no seu 
sentido lato, isto é, um conhecimento organizado. De acordo com 
Peirano (1986) o caracteriza a ciência não é só o modo como são os 
conteúdos dos mesmos conhecimentos ou organização dos discursos, 
proferidos na oralidade, como uma das formas de exteriorização do 
conhecimento, mas o próprio discurso científico é que possui 
características próprias. 
 
A ideia de Peirano (1986) é corroborada com Maía (2000) quando falam 
de que não se faz ciência sobre o geral, mas faz-se sim, ciência quando 
se delimita aquilo que se quer estudar, o objecto de que se pretende 
estudar. O objecto de estudo não é apenas delimitado, pode 
 
 
9 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
ser construído, pois trata-se de algo ideal, de uma representação. 
Esta delimitação é da ordem do discurso e não da experiência. 
 
Como se pode depreender no exemplo demonstrado acima, a 
delimitação é resultado da experiência humana na sua relação com os 
diferentes elementos que compõem e constituem a natureza. E 
também, os resultados das sistematizações dos discursos podem ser 
verificados em condições experimentais, como é o caso dos 
laboratórios. O que se procura verificar na essência é se o discurso que 
se fez é verdadeiro, ou seja, se o que se disse é condizente com a 
realidade. 
 
Para tal emprega-se o termo hipótese, que significa entre outras 
palavras, se é um discurso que está, assente em alguma base verdadeira 
na vida real, e esta só existe ou se confirma depois da verificação pela 
experiência -Método (NUNES 2005; ITURRA, 1987) 
 
As Ciências Sociais fazem parte do grupo de saberes intitulado Ciências 
Humanas, que apresentam métodos próprios de investigação dos 
fenómenos observados. As Ciências Sociais nos ajudam a "limpar a 
lente" para enxergarmos melhor as diferentes realidades com que o 
homem enquanto individuo e ser social convive (PEIRANO, 1986). 
 
Portanto, a ciência não é simplesmente o conhecimento organizado ou 
sistematizado das relações objectivas da natureza ou dos homens, ela 
 
é uma interpretação da realidade, que supõe uma certa bagagem 
conceitual e teórica sem a qual tudo permaneceria mudo. 
 
 
 
Sumário 
 
Nesta Unidade temática 1.1 estudamos e discutimos fundamentos 
das ciências sociais como forma de assegurar aos principiantes em 
particular e dos interessados em geral, um bom “mergulho” na área 
ou temática da antropologia cultural: 
 
1. Os contornos sobre definição da ciência 
 
2. Objecto de estudo 
 
3. Diferentes mecanismos investigativos nas ciências sociais 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Grupo 1 (com respostas) 
1. O que é ciência? 
2. Como se faz a ciência? 
3. Porquê se usam experimentos nas ciências? 
 
Respostas 
 
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1. Conhecimento 
2. Através da delimitação do discurso/objecto de estudo 
3. Para provar os factos. 
 
Grupo 2 (Respostas detalhadas) 
1. No seu sentido lato é conhecimento organizado 
2. A ciência não se faz sobre o geral, mas sim delimitando 
os discursos, aquilo que se pretende estudar 
3. Para verificar se o discurso que se fez é verdadeiro 
 
Grupo 3 (Exercícios de gabarito) 
.1. O que é um objecto de estudo? 
2. Qual é a razão de envolver o termo “ hipótese” nas ciências? 
3. O que significa afirmar: … As Ciências Sociais nos ajudam a "limpar 
a lente" para enxergarmos melhor as diferentes realidades com que o 
homem enquanto individuo e ser social convive… 
 
 
 
UNIDADE 1.2. Constituição e desenvolvimento das ciências sociais 
 
 
Introdução 
 
As ciências sociais se revestem de grande importância para o ser 
humano, como único animal pensante capaz de obter o 
pensamento científico para elaboração de uma visão crítico e 
reflexiva sobre a sociedade. 
 
 
 
 
Objectivos 

 Caracterizar a neutralidade nas ciências: 
 
 
 
específicos 

 Conhecer as diferentes fontes de conhecimento 
 
 
 
 Desenvolvimento 
 
 Batalha (2004) afirma que a prática da ciência está ligada a um 
 
 projecto que nunca é neutro e desinteressado, mas que se insere na 
 
 história e nos conflitos dos homens. Para ele a, o objectivo das ciências 
 
 sociais perpassaria em reconhecer o conhecimento como 
 
 característica do ser humano, identificar as características do senso 
 
 comum, distinguir o conhecimento científico do senso comum bem 
 
 como compreender a importância do 
 
 
11 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
pensamento científico para a elaboração de uma visão crítico-reflexiva 
da sociedade. 
 
De acordo com Gusmão (2008) e Marconi (2006) o homem é o único 
animal que vive no mundo e pensa sobre o mundo em que vive. Ao 
pensar, ele formula explicações acerca da realidade e dos fenómenos 
que o cerca. Portanto, é no ato de pensar que o homem conhece a si e 
o mundo, manifestando isso através da linguagem. 
 
Existem várias formas do homem buscar ou obter conhecimento, 
 
nomeadamente: 
 
a)O mito 
 
 O mito é uma narrativa, uma fala, que contém em si diversas 
ideias. É uma mensagem cifrada, que não é entendida 
facilmente por quem não está dentro da cultura de que o mito 
faz parte;

 O mito não é objectivo, assim como não se situa no tempo, fala 
das origens, sem, no entanto, referir-se ao contexto histórico. 
Trata de tempos fabulosos;

 Os mitos dão forma e aparência explícita a uma realidade que 
as pessoas sentem intuitivamente;

 O mito pode também transmitir, de geração a geração, uma 
espécie de conhecimento, muitas vezes sobre a origem do 
mundo, algumas sobre processos de cura, outras sobre 
interpretações de fenómenos da natureza e, ainda, sobre a 
sociedade e a relação entre os homens, através de histórias 
mitológicas. Quem não ouviu falar do mito do Cupido, que fala
 
do enamoramento? 
 
b)Conhecimento religioso 
 
 Esse tipo de conhecimento do mundo se dá a partir da 
separação entre a esfera do sagrado e do profano;

 As religiões também apresentam, de forma geral, uma narrativa 
sobrenatural para o mundo, porém, para aderir a
 
 
 
12 
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uma religião, é condição fundamental crer ou ter fé nessa 
narrativa; 
 
 Além disso, é uma parte essencial da crença religiosa a fé no fato 
de que essa narrativa sobrenatural pode proporcionar ao 
homem uma garantia de salvação, bem como prescrever 
maneiras ou técnicas de obter e conservar essa garantia, que 
são os ritos, os sacramentos e as orações.
 
 
c)Conhecimento filosófico 
 
 De modo geral, o conhecimento filosófico pode ser traduzido 
como amor à sabedoria, à busca do conhecimento.

 A filósofa Lizie Cristine da Cunha definiu o saber filosófico como 
aquele que trata de compreender a realidade, os problemas 
mais gerais do homem e sua presença no universo.

 Segundo a autora, a Filosofia interroga o próprio saber e 
transforma-o em problema.Por isso, é, sobretudo, especulativa, 
no sentido de que suas conclusões carecem de prova material 
da realidade.

 Mas, embora a concepção filosófica não ofereça soluções 
definitivas para numerosas questões formuladas pela mente, 
ela é traduzida em ideologia.

 E como tal influi directamente na vida concreta do ser 
humano, orientando sua actividade prática e intelectual.
 
 
d)Senso comum 
 
 Retomando a ideia de que as coisas por si só não têm sentido, 
sendo este atribuído a elas pelos homens, tratemos agora do 
senso comum, que é algum sentido dado colectivamente às 
coisas vividas;

 Para se orientar no mundo, o ser humano assume como certas
 
e seguras diversas coisas, situações e relações entre fatos, 
coisas e situações. 
 
13 
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 Estabelece, assim, sistemas de discursos sobre o que tem 
vivido, isto é, sistemas de conhecimento;

 Nem sempre o senso comum representa a realidade. Às vezes,
 
conceitos erróneos são formulados e adoptados por 
colectividades. 
 
Peirano (1996) citando o pensador escocês David Hume (1711-1776), 
diz que propôs um cuidado especial ao se tratar da causalidade, isto é, 
das relações de causa e efeito entre os eventos vivenciados. Adverte ele 
que o fato de um evento acontecer depois do outro não significa 
necessariamente que haja relação de causa e efeito entre eles. 
 
É o caso do cidadão fumante que, respeitoso pelas regras de convívio, 
não fuma em ambientes em que haja outras pessoas, como um ônibus. 
Ele costuma esperar seu ônibus sem acender um cigarro, pois logo o 
ônibus chegará, deixando, assim, o prazer de fumar para depois da 
viagem. Dando contribuição sobre a temática, Assis (2008) traz 
experiências começando por afirmar que se o ônibus, porém, demora a 
chegar, a falta de nicotina em seu organismo o deixará em estado de 
ansiedade que o levará a acender um cigarro. Como já se terá passado 
algum tempo de espera, o ônibus provavelmente já estará próximo e, 
assim, nosso amigo será surpreendido antes de acabar o cigarro. 
 
Como em sua experiência diária, pouco depois de acender o cigarro, é 
surpreendido com a aparição do ônibus, poderia supor que o fato de 
acender o cigarro causa a chegada do ônibus. O fenómeno observado 
por várias pessoas poderia estabelecer uma crença comum na 
causalidade entre o ato de acender o cigarro e o ônibus chegar. Aí está 
um caso de armadilha que o senso comum pode conter. 
 
Algo simples como observar coisas como esta contribuiu muito para que 
a humanidade estabelecesse mais uma diferença fundamental entre 
formas de pensamento humano, entre o senso comum e a ciência. 
 
 
 
 
 
 
14 
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Sumário 
 
Nesta Unidade temática 1.2 estudamos de uma forma geral as 
fontes de conhecimento e sua contribuição para o pensamento 
científico, focalizados em dois aspectos principais: 
 
 
1. Da prática a teoria 
 
2. As diferentes fontes de conhecimento 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Grupo 1 (com respostas) 
1. Qual é a importância do pensamento para o ser humano? 
2. Quais são os diferentes tipos de conhecimento que conhece? 
3. Porquê o mito não é objectivo? 
 
 
Respostas 
 
1.para obtenção do conhecimento científico 
 
2. Mito, religioso, filosófico, senso comum, etc. 
 
3. Porque ele não é objectivo na apresentação e localização no 
espaço e tempo dos factos 
 
 
Grupo 2 (Respostas detalhadas) 
 
1.Formular explicações acerca da realidade e dos fenómenos que o 
 
cerca 
 
2. mito, religioso, filosófico, senso comum, etc. 
 
3.Dá forma e aparência explicativa a uma realidade que as pessoas 
 
sentem intuitivamente. 
 
 
Grupo 3 (exercícios de gabarito) 
 
1. Caracteriza o mito como fonte de conhecimento 
 
2. Quais são as diferenças entre o mito e conhecimento religioso? 
 
3. O filme é uma fonte de conhecimento? 
 
 
 
 
15 
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UNIDADE 1.3. Pluralidade, diversidade e interdisciplinaridade nas 
ciências sociais 
 
 
Introdução 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objectivos 
 
específicos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
 
As ciências sociais concentram-se no ser humano como objecto de 
estudo. Daí surgem especificidades emanadas pela sua característica 
base de ser um ser social. Nesta unidade temática pretende-se que 
os estudantes demonstrem alguma flexibilidade sobre o pensamento 
e respeito pela pluralidade, diversidade e interdisciplinaridade nas 
ciências sociais. 
 
 Caracterizar a pluralidade, diversidade e multidisciplinaridade 
nas ciências sociais


 Saber interpretar os diferentes fenómenos observados no âmbito 
da pluralidade, diversidade e interdisciplinaridade nas ciências


sociais

 
 
 
Desenvolvimento 
 
Marconi (2006) advoga que ao contrário das Ciências Naturais, as 
Ciências Sociais lidam não apenas com o que se chama de realidade, 
com fatos exteriores aos homens, mas igualmente com as 
interpretações que são feitas sobre a realidade. 
 
Neste sentido, no que se refere ao objecto de estudo e, consequentemente 
ao método de investigação, as ciências sociais diferem bastante das 
ciências naturais. Peirano (1986) diz que tal diferença, aliás, suscita 
intensos debates quanto à validade e o rigor científico do conhecimento 
produzido pelas ciências sociais. Os argumentos utilizados têm como 
princípio epistemológico a dificuldade de reconhecê-las como verdadeiras 
ciências, à medida que elas tratam com eventos complexos, de difícil 
determinação, uma vez que envolvem valores e significados socialmente 
dados. Outra questão reside no fato de estar o pesquisador social, de 
alguma forma, envolvido com os fenómenos que pretende investigar 
dificultando a objectividade e a neutralidade científica (Marconi, 2006: 
Peirano 1986) 
 
De acordo com os mesmos autores, afirmam que é possível, 
percebermos, portanto, que as ciências sociais não podem ser 
enquadradas em modelos de cientificidade de outras ciências, pois 
possuem uma racionalidade e especificidades próprias, relativas ao seu 
objecto de estudo. 
 
Nessa perspectiva, tal campo de saber não comporta métodos ou 
técnicas rígidas e rigorosas, nem 
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fórmulas de aplicação imediata que garantam a obtenção de resultados 
objectivos e exactos. Assim, o que mais importa é a interpretação dos 
fenómenos, ou seja, não apenas os fatos por si só, mas a forma como 
se constituem esses fatos. O sujeito (o pesquisador) deve ser 
considerado no contexto no qual estes fatos ou fenómenos se 
apresentam, pois ele também faz parte do objecto que investiga. 
 
Assim, para que se possa interpretar, analisar, investigar nessa área do 
conhecimento, é necessário um suporte teórico que fundamente 
determinadas opções metodológicas, não podendo ser considerada 
apenas a aplicação de determinada técnica, pois isto não garante por si 
só a obtenção de resultados válidos. 
 
As áreas constitutivas das ciências sociais: Sociologia, Antropologia e 
Ciência Política. 
 
Marconi (2006) aponta que a Sociologia estuda o homem e o universo 
sociocultural, analisando as inter-relações entre os diversos fenómenos 
sociais. Neste campo de conhecimento, a vida social é analisada a partir 
de diferentes perspectivas teóricas, notadamente as que têm como 
base conceitual os estudos desenvolvidos por Émile Durkheim, Max 
Weber e Karl Marx. Gusmão (2008) diz que a partir dessas matrizes 
teóricas, estudam-se os fatos sociais, as acções sociais, as classes 
sociais, as relações sociais, as relações de trabalho, as relações 
económicas, as instituições religiosas, os movimentos sociaisetc. 
 
Assis (2008) e Gusmão (2008) afirmam que na Antropologia privilegiam-
se os aspectos culturais do comportamento de grupos e comunidades. 
Questões cruciais para o entendimento da vida em grupo, como 
alteridade, diversidade cultural, etnocentrismo, relativismo cultural são 
tratadas por essa ciência, que, em seus primórdios estudava povos e 
grupos geográfica e culturalmente distantes dos povos ocidentais. Ao 
longo de seu desenvolvimento, os antropólogos passaram a analisar 
grupos sociais relativamente próximos, buscando transformar o 
exótico, o distante, em familiar. 
 
Assim, diz Maía (2000), em sua história, a Antropologia revelou estudos 
notáveis sobre sociedades indígenas e sociedades camponesas, 
identificando suas diferentes visões de mundo, sistemas de parentesco, 
formas de classificação, cosmologias, linguagens etc. Também 
desenvolveu uma série de estudos sobre grupos sociais urbanos, 
enfatizando a diferenciação entre seus indivíduos, com base em 
critérios de raça, cor, etnia, género, orientação sexual, nacionalidade, 
regionalidade, afiliação religiosa, ideologia política, sistemas de crenças 
e valores, estilos de vida etc. 
 
De acordo com o mesmo autor, na Ciência Política analisam-se as 
questões ligadas às instituições políticas. Conceitos de poder, 
autoridade, dominação, autoridade são estudados por essa ciência. 
Analisam-se também as diferenças entre povo, nação e governo, bem 
como o papel do Estado como 
 
17 
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instituição legitimamente reconhecia como a detentora do monopólio 
da dominação e do controle de determinado território. 
 
O conhecimento científico da vida social não se baseia apenas no fato, 
mas na concepção do fato e na relação entre a concepção e o fato. Por 
estudar a acção dos homens em sociedade, de seus símbolos, sua 
linguagem, seus valores e cultura, das aspirações que os animam e das 
alterações que sofrem, as Ciências Sociais constituem ferramenta 
importante para o desenvolvimento de compreensão crítico-reflexivo 
da realidade (PEIRANO, 1986, Maía 2000) 
 
Por essa razão, cada vez mais as Ciências Sociais são utilizadas em 
diversos campos da actividade humana. Campanhas publicitárias, 
campanhas eleitorais, elaboração de políticas públicas, até mesmo a 
programação de redes de rádio e televisão levam cada vez mais em 
conta resultados de investigações sócia antropológicas, à medida que 
estas buscam entender as pessoas envolvidas em cada uma dessas 
actividades, suas crenças, valores e ideias. 
 
Com as mudanças cada vez mais rápidas e profundas dos padrões 
morais e culturais das sociedades contemporâneas, mais relevantes se 
tornam as análises que visam compreendê-las. Deslocamentos de 
pessoas e grupos motivados pelo processo de globalização da 
economia, que intensificou os fluxos migratórios em todo planeta, 
trocas culturais proporcionadas pelo estabelecimento de uma? 
sociedade em rede, novos modelos de família e conjugalidade, novas 
configurações no campo religioso, entre outros, constituem temas de 
trabalhos de cientistas sociais contemporâneos. Segundo Maía (2000) 
esses trabalhos são utilizados frequentemente como fonte de reflexão 
por governos, sociedade civil e indivíduos que buscam desenvolver sua 
capacidade de compreensão dos acontecimentos e planeamento de 
acções com vistas à actuação na vida social. 
 
Sabemos que vários problemas que nos afectam individualmente são 
compartilhados por outros tantos indivíduos, constituindo-se, por assim 
dizer, problemas sociais. Entretanto, existe uma diferença entre 
problemas sociais e problemas sociológicos. 
 
O problema social designa comummente algo que atinge um grupo, ou 
uma categoria de indivíduos, as drogas, por exemplo. Iturra (1987) diz 
que embora a classificação de um problema social possa ser subjectiva, 
afinal de contas, o que é um problema para nossa cultura pode não ser 
em outra. Em outras palavras, o problema social é uma situação que 
afecta um número significativo de pessoas e é julgada por estas ou por 
um número significativo de outras pessoas como uma fonte de 
dificuldade ou infelicidade e considerada susceptível de melhoria. 
 
Já os problemas sociológicos são o objecto de estudo da Sociologia 
enquanto ciência, a qual se debruça sobre esses para compreender 
suas características gerais. Como vimos anteriormente, a Sociologia 
estuda os fenómenos sociais, sendo 
 
18 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
eles percebidos como problemas sociais ou não, lançando mão de uma 
observação sistemática e pormenorizada das organizações e relações 
sociais (BATALHA, 2004). 
 
Maía (2000) diz que o problema sociológico é uma questão de 
conhecimento científico que se suscita e resolve no âmbito da 
sociologia. Ao contrário do que parece formular correctamente um 
problema destes constitui tarefa muito difícil, em regra só acessível a 
quem é especialista da ciência em causa e que seja dotado de uma 
imaginação viva e treinado na pesquisa. 
 
Em outras palavras, de acordo com Maía (2000) nem todas as questões 
suscitadas acerca das matérias de que se ocupam as ciências sociais 
constituem problemas científicos, mas podem ser problemas sociais. Só 
são problemas científicos as questões formuladas de tal modo que as 
respostas a elas confirmem, ampliem ou modifiquem o que se tinha por 
conhecido anteriormente. Isto significa dizer que apenas os cientistas 
estão em condições de enunciá-las e resolvê-las; que a sua formulação 
como a sua solução pressupõem um esforço metódico de pesquisa. 
 
Podemos concluir, portanto, que todo problema social pode ser um 
problema sociológico, mas nem todo problema sociológico é um 
problema social. 
 
 
 
 
Sumário 
 
Nesta Unidade temática 1.3 estudamos de uma forma aprofundada 
as questões ligadas a compreensão de uma das características básicas 
sobre as ciências sociais: 
 Pluralidade

 Diversidade

 Interdisciplinaridade 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Grupo 1 (com respostas) 
 
1. O que é um problema científico? 
 
2. Quando é que um problema individual se transforma em 
social? 
 
 
 
 
 
 
 
19 
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Respostas 
 
1. Quando a formulação obedece os procedimentos científicos 
 
2. Quando o problema é sentido também pela sociedade 
 
 
Grupo 2 (Respostas detalhadas) 
 
1.um problema é científico quando as questões são formuladas de tal 
modo que as respostas a elas confirmam, ampliam ou modificam o que 
se tinha por conhecido anteriormente. 
 
2. Se são compartilhados por outros indivíduos constituem-se assim de 
problemas sociais 
 
 
Grupo 3 (Exercícios de gabarito) 
 
1.Qual é a diferença entre um pesquisador social e o das ciências 
naturais? 
 
2. Em que se baseia o conhecimento científico da vida social? 
 
3.As ciências sociais podem ser usadas/utilizadas nas campanhas 
eleitorais? 
 
4.Qual é a diferença entre problemas sociológicas e problemas sociais? 
 
 
 
 
UNIDADE 1.4. Ruptura com senso comum 
 
 
Introdução 
 
 
 
Nesta unidade temática pretende-se que os estudantes tenham um 
grande aprofundamento sobre o senso comum e seus contornos 
evolucionistas do termo em função das dinâmicas sociais. 
 

 Aprofundar o senso comum 
 
 

 Conhecer a evolução do conceito 
 
Objectivos 

 Identificar mecanismos de aplicação na vida social 
 
 
 
específicos 
 
 
 
 
Desenvolvimento 
 
É interessante observar que linguagem e pensamento são coisas 
indissociáveis, não se pode conceber uma sem a outra. Os conceitos 
nascem nos quotidianos (senso comum) são apropriados pelo meio 
 
20 
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científico e tornam-se científicos ao romperem com esse quotidiano,com esse senso comum. O vasto conjunto de concepções geralmente 
aceitas como verdadeiras em determinado meio social recebe o nome 
de senso comum. 
 
Retomando a ideia de Francelin (2004) que as coisas por si só não têm 
sentido, sendo este atribuído a elas pelos homens, tratemos agora do 
senso comum, que é algum sentido dado colectivamente às coisas 
vividas. Para se orientar no mundo, o ser humano assume como certas 
e seguras diversas coisas, situações e relações entre factos, coisas e 
situações. Estabelece, assim, sistemas de discursos sobre o que tem 
vivido, isto é, sistemas de conhecimento. 
 
Nem sempre o senso comum representa a realidade. Às vezes, 
conceitos erróneos são formulados e adoptados por colectividades. É o 
caso do cidadão fumante que, respeitoso pelas regras de convívio, não 
fuma em ambientes em que haja outras pessoas, como um ônibus. Algo 
simples como observar coisas como esta contribuiu muito para que a 
humanidade estabelecesse mais uma diferença fundamental entre 
formas de pensamento humano, entre o senso comum e a ciência. 
 
Nesse sentido, a ciência moderna "construiu-se contra o senso 
comum", considerando-o "superficial, ilusório e falso" e a ciência pós-
moderna vem para reconhecer os valores ("virtualidades") do senso 
comum que enriquecem a "nossa relação com o mundo", ou seja, o 
senso comum também produz conhecimento, mesmo que ele seja um 
"conhecimento mistificado e mistificador". Mas, apesar disso e apesar 
de ser conservador, tem uma dimensão utópica e libertadora que pode 
ser ampliada através do diálogo com o conhecimento científico" 
(FRANCELIN , 2004) 
 
A aproximação do conhecimento do senso comum ao conhecimento 
científico com a da descrição de algumas características do próprio 
senso comum, tais como causa e intenção; prática e pragmática; 
transparência e evidência; superficialidade e abrangência; 
espontaneidade; flexibilidade; persuasão. 
 
Como boa parte dos pensadores pós-modernos, Santos (2000) não 
deixa de mencionar a influência exercida em sua obra pelo pensamento 
bachelardiano e, seguindo o pensamento deste último, diz que o 
conhecimento científico somente é possível mediante o rompimento 
com o conhecimento vulgar, com o senso comum. A ciência ", a ciência 
constrói-se, pois, contra o senso comum, e para isso dispõe de três 
actos epistemológicos fundamentais: a ruptura, a construção e a 
constatação" (Santos, 2000, p.31). 
 
De acordo com Francelin (2004) a caracterização do senso comum não 
passa, necessariamente, por critérios de verdade ou falsidade, mas 
sim pela "falta de fundamentação sistemática", ou seja, recebem e 
emitem opiniões sem saber por que e o que significam. São processos 
acríticos nos quais um indivíduo 
 
21 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
concebe um conjunto de informações como conhecimentos, sem saber 
realmente o que significam, e os utiliza na prática quotidiana como se 
fossem verdadeiros e definitivos, sendo estes últimos apenas 
"conhecimentos provisórios e parciais" (Francelin, 2004 citando Cotrim, 
2002). No meio científico, os conhecimentos também podem ser 
provisórios e parciais, podem dar lugar a novos conhecimentos que 
surgem ao longo do tempo através de novas pesquisas. 
 
Francelin (2004) afirma que a grande diferença é que no meio científico 
deve haver plena consciência de que uma pesquisa que leva a um novo 
conhecimento não é definitiva. O senso comum, portanto, descarta essa 
premissa, pois as opiniões obtidas podem ser emitidas como 
verdadeiras e definitivas. A ciência, aparentemente, busca por meio de 
seu rigor na pesquisa, no debate e crítica de opiniões, afastar-se do 
senso comum. 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
Nesta Unidade temática 1.4 estudamos de uma forma aprofundada 
as questões sobre a génese do senso comum, como um tipo de 
conhecimento popular. Ademais debruçamos as questões ligadas a 
ruptura do senso comum: 
 A génese do senso comum

 Características diferenciais entre senso comum e ciência

 Interpretação prática do senso comum 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Grupo 1 (com respostas) 
 
1.Qual é a posição da ciência moderna sobre o senso comum? 
 
2.De acordo com o conceito de senso comum, para Santos (2000) 
em que situação é possível o conhecimento científico? 
 
3.Diga uma das diferenças entre o meio científico e senso comum? 
 
 
Respostas 
 
1.A ciência moderna constitui-se contra o senso 
comum, considerando-o superficial, ilusório e falso. 
 
2.É possível mediante o rompimento com o conhecimento vulgar, com 
senso comum, e para isso dispõe de 
 
22 
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três actos epistemológicos fundamentais: a ruptura, a construção e 
a constatação. 
 
3.Pesquisa leva a um novo conhecimento e não é definitivo. Senso 
comum descarta essa premissa. 
 
 
Grupo 2 (respostas detalhadas) 
 
1.Os conceitos nascem nos quotidianos 
 
2.Para se orientar no mundo, o ser humano assume como certas e 
seguras diversas coisas, situações e relações entre factos, coisas e 
situações. 
 
 
Grupo 3 (exercícios de gabarito) 
 
1.O que é senso comum? 
 
2. Olhando pela sua génese, porque se verifica a ruptura do 
senso comum? 
 
3.O que é um sistema de conhecimento? 
 
 
 
 
 
 
 
 
TEMA 2: HISTÓRIA DO PENSAMENTO ANTROPOLÓGICO 
 
UUNIDADE 2.1. Origem 
UNIDADE 2.2. A curiosidade intelectual e o interesse pelo exótico 
UNIDADE 2.3. A universalização da antropologia 
 
UNIDADE2. 4. As diferentes “cores” e campos de aplicação 
da antropologia 
 
 
 
UNIDADE 2.1. Origem 
 
 
Introdução 
 
 
 
A antropologia faz parte das ciências sociais e como qualquer 
ciência, possui as suas características existenciais que o diferem de 
outras. Nesse sentido, serão abordados para esta unidade inicial as 
questões ligadas com a sua origem para: 
 
 
 
 
 
 
23 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Conhecer a história do surgimento 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 
 
 
Dominar as características que diferem de outras 
ciências Identificação da finalidade da antropologia 
 
 
 
Desenvolvimento 
 
O surgimento da Antropologia aconteceu devido a curiosidade do 
respeito de si mesmo, independentemente do seu nível de 
desenvolvimento cultural. De acordo com autores como Francelin 
(2004), Batalha (2004), Assis (2008), Casal (1996) e Gusmão (2008) 
falam do surgimento da antropologia, apontando que surgiu na idade 
clássica, no século V ac. com a figura de Herótodo que é considerado o 
pai da antropologia, que caracterizou minuciosamente as culturas 
circulantes. Os gregos foram os que mais reuniram informações sobre 
povos diferentes. 
 
De acordo com estes autores, até o século XVIII a antropologia pouco 
se desenvolveu. Os estudos antropológicos iniciaram-se efectivamente 
a partir de meados do século XVIII quando a antropologia passa a 
adquirir sua categoria de ciência, quando Linneu classificou os animais, 
relaciona o homem entre os primatas. 
 
Copans (1999) e Maía (2000) dizem que a Antropologia sistematizou-se 
como ciência depois que Darwin trouxe a teoria evolucionista. O 
progresso da antropologia no século X é resultado das descobertas 
anteriores relativas ao homem Franz Boas é considerado o pai da 
Antropologia Moderna, pois foi quem incentivou as pesquisas de campo 
em carácter científico (ASSIS, 2008). 
 
A antropologia vem adquirindo importância cada vez maior no mundo 
moderno, onde o isolamento cultural é quase impossível e onde os 
contactos são inevitáveis e se multiplicam, levando muitas vezes a 
situações conflituantes. Gusmão (2008) diz que a antropologia 
empenha-se na solução dessas situações, procurando minimizar os 
desequilíbrios e tensões culturais e tentando fazer com que as culturas 
atingidas sejam menos molestadas e seus valores e padrõesrespeitados. Aplica conhecimentos antropológicos, físicos e culturais na 
busca de soluções para os modernos problemas sociais, políticos e 
económicos, dos grupos simples e das sociedades civilizadas (MAÍA, 
2000). 
 
Por isso mesmo que Casal (1996) corroborando com Peirano (1995) 
afirma que a finalidade da antropologia é o fornecimento do maior 
número possível de estudos sobre grupos humanos, uma vez que cada 
um deles é o produto de uma experiência cultural particular. 
 
 
 
 
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Sumário 
 
Nesta unidade 2.1. debruçamos de forma sintética a origem 
da antropologia para melhor compreender 
 Os passos dados para a sua evolução
 Alguns dos pensadores envolvidos
 E sua finalidade
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Grupo 1 (com respostas) 
 
1.Quando surgiu a antropologia? 
 
2.Em que século ela se tornou como ciência? 
 
3.Em que século a antropologia foi estanque? 
 
Respostas 
 
1.Idade clássica, século V ac 
 
2.Meados do século XVIII 
 
3. até o século XVIII 
 
 
 
 
 
Grupo 2 (respostas detalhadas) 
 
1.Procura minimizar os desequilíbrios culturais 
 
2.Maior número de estudos de grupos humanos 
 
3.É considerado pai da antropologia moderna 
 
 
 
 
 
Grupo 3 (exercícios de gabarito) 
 
1.Qual é a importância da antropologia? 
 
2.Fala sobre o progresso da antropologia. 
 
3. Diga quem foi o precursor da sistematização? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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UNIDADE 2.2. A curiosidade intelectual e o interesse 
pelo exótico 
 
 
Introdução 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Objectivos 
específicos 
 
 
A ciência se desenvolveu porque sempre o ser humano teve 
curiosidades, vontade de saber, descobrir e interpretar os fenómenos. 
A antropologia é uma dessas ciências que pela sua curiosidade 
intelectual e o interesse pelo exótico auxilia o processo de 
conhecimento para: 
 
 
 Explicar o porque de tantas diferenças entre grupos humanos
 Explicar o homem, a sociedade e a cultura a partir de circunstâncias específicas
 Definir os paradigmas de explicação e compreensão do homem e do mundo
 
 
 
 
Desenvolvimento 
 
Ao longo da nossa disciplina, aprendemos que os homens sempre 
tiveram uma grande curiosidade acerca do porquê das diferenças 
humanas e sociais. De acordo com Francelin (2004) a busca por essa 
explicação a princípio tomou como base a aparência física: cor de pele, 
cabelo e olhos, formato dos olhos, textura dos cabelos, altura etc. 
Gradativamente, os estudiosos perceberam que o parâmetro da 
aparência física não servia para explicar a diversidade. 
 
De acordo com o mesmo autor, o critério mais relevante está no modo 
de vida, particular ou próprio de cada grupo humano. Ou seja, as 
diferenças seriam oriundas das formas encontradas pelo homem na 
busca da satisfação de suas necessidades mínimas (fisiológicas e 
psicológicas), a partir das condições dadas para a sua sobrevivência: a 
natureza, o conhecimento e o domínio do conhecimento. 
 
Consubstanciado a ideia trazida pelo Francelin (2004), Copans (1999) 
afirma que a necessidade premente de conhecer-se e conhecer os 
outros, entender e explicar o porquê de tantas diferenças entre os 
grupos humanos, ao longo dos tempos, consubstanciou os modelos 
explicativos. 
 
No quadro das ciências humanas, a maioria dos paradigmas se 
constituiu da confluência de saberes oriundos de distintas ciências. 
Cada ciência humana é composta por visões interpretativas, por meio 
das quais os estudiosos observam, analisam e explicam o homem, a 
sociedade e a cultura, a partir de circunstâncias específicas. Ou seja, a 
 
 
27 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
diversidade sociocultural é investigada por modelos explicativos 
edificados a partir de circunstâncias históricas específicas, dos 
interesses e dos objectivos envolvidos no estudo e na reflexão dos 
temas analisados (ASSIS, 2008). 
 
Na opinião do Francelin (2004), podemos afirmar que a compreensão 
do homem, da sociedade, da cultura ou da diversidade humana - suas 
manifestações, implicações, enfim, os aspectos que lhe são inerentes - 
não resultou do esforço de um único pesquisador ou grupo de 
pesquisadores, observando a mesma realidade num único lugar e numa 
época demarcada. 
 
Na verdade, o entendimento do homem enquanto ser plural resultou 
de um esforço amplo e complexo, perpassado por diversos factores, 
dentre eles, o tempo, o espaço, as peculiaridades histórico-sociais e 
cognitivas inerentes aos sujeitos que se propuseram a tal estudo. No 
entanto, de acordo com Maía (2000) e Gusmão (2008) é necessário 
frisar que ao longo do processo de construção da explicação e 
compreensão do homem e do mundo, os paradigmas (modelos 
explicativos) tanto uniram quanto separaram os homens, pois em seu 
interior sempre se encontram presentes as concepções e os ideais de 
uma época. 
 
 
Sumário 
 
Nesta unidade temática 2.2 aprendemos as questões ligadas 
com interesse e curiosidade do homem em se conhecer e 
conhecer o outro, fomentando cada vez mais a competição no 
domínio do conhecimento que permite entre outras coisas 
 O aperfeiçoamento da explicação das dinâmicas sócias
 A interpretação das diferenças observadas entre os seres 
humanos

 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Grupo 1 (Com respostas) 
 
1.Qual é o critério mais relevante no esforço do homem em buscar 
explicações de aspectos observados? 
 
2.Quais são os factores que se tomam em consideração na busca da 
compreensão do Homem? 
 
Respostas 
1.Modo de vida 
2.Tempo, espaço, peculiaridades histórico-sociais e cognitivas 
 
 
Grupo 2 (respostas detalhadas) 
1.Diferenças seriam oriundas das formas encontradas pelos homens 
 
 
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ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
 na busca de satisfação e suas necessidades mínimas 
 2.Cada ciência humana é composta de por visões interpretativas 
 3.O entendimento do homem enquanto ser plural resultou de um 
 esforço amplo e complexo 
 Grupo 3 (exercícios de gabarito) 
 1.O que é curiosidade científica? 
 2.Quais são os critérios que o homem usa na busca de explicações 
 daquilo que observa? 
 3.Qual é a necessidade do ser humano conhecer-se e conhecer a 
 outros? 
 
 
 
 
UNIDADE 2.3. A universalização da antropologia 
 
 
Introdução 
 
Ao estudar esta unidade temática, pretende-se de uma forma inicial 
conhecer os grandes pensadores universais que constituíram a base 
para os desenvolvimentos da antropologia. Daí que ao completar 
esta unidade, o estudante deverá ser capaz de: 
 
 Compreender a etnologia e sua aplicação
 Conhecer os grandes precursores da universalização da antropologia
Objectivos 
específicos 
 
 
 
Desenvolvimento 
 
De acordo com Corrêa (2010) uma tentativa de universalização do 
significado dos termos pode ser encontrada na obra do antropólogo 
francês Claude Lévi-StrauusAntropologia Estrutural. Sua proposta é a 
seguinte: 
 
A etnografia - corresponde aos primeiros estágios da pesquisa: 
observação e descrição, trabalho de campo (field-work). Uma 
monografia, que tem por objecto um grupo suficientemente restrito 
para que o autor tenha podido reunir a maior parte de sua informação 
graças a uma experiência pessoal, constitui o próprio tipo do estudo 
etnográfico. Para Copans (1999) a etnologia - representa um primeiro 
passo em direcção à síntese. Corrêa (2010) afirma que sem excluir a 
observação directa, ela tende para conclusões suficientemente 
extensas e que seja difícil funda-las exclusivamentenem conhecimento 
de primeira mão. Esta síntese pode operar-se em três direcções: 
 
 
29 
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a) Geográfica, quando se quer integrar conhecimentos relativos a 
grupos vizinhos; 
 
b) Histórica, quando se visa reconstituir o passado de uma ou várias 
populações; 
 
c) Sistemática, enfim, quando se isola, para lhe dar uma atenção 
particular, determinado tipo de técnica, de costume ou de instituição. 
 
A etnologia compreende a etnografia como seu passo preliminar, e 
constitui seu prolongamento. É o que encontramos tanto no Bureau 
ofAmericanEthnology da Smithsonian Instituion, como na 
ZeitschritftfürEthnologie ou noInstitut d`ethnologie de L`Université de 
Paris (CORRÊA,2010) 
 
Para Corrêa (2010) em toda parte onde encontramos os termos 
antropologia cultural ou social, eles estão ligados a uma segunda e 
última etapa da síntese, tomando por base as conclusões da etnografia 
e da etnologia. Nos países anglo-saxónicos, a antropologia visa um 
conhecimento global do homem, abrangendo seu objecto em toda sua 
extensão histórica e geográfica; aspirando a um conhecimento aplicável 
ao conjunto do desenvolvimento humano desde, digamos, os 
hominídeos até as raças modernas, e tendendo para conclusões, 
positivas ou negativas, mas válidas para todas as sociedades humanas, 
desde a grande cidade moderna até a menor tribo melanésia. Esta ideia 
de Corrêa (2010) é também corroborada com Maía (2000) e Assis (2008) 
pode-se, pois, dizer, neste sentido, que existe entre a antropologia e a 
etnologia a mesma relação que se definiu acima entre esta última e a 
etnografia. 
 
Por fim, Lévi-Strauss escreve: etnografia, etnologia e antropologia não 
constituem três disciplinas diferentes, ou três concepções diferentes 
dos mesmos estudos. Corrêa (2010) diz que são, de fato, três etapas ou 
três momentos de uma mesma pesquisa, e a preferência por este ou 
aquele destes termos exprime somente uma atenção predominante 
voltada para um tipo de pesquisa, que não poderia nunca ser exclusivo 
dos dois outros. 
 
i. A preferência por uma ou outra nomenclatura depende da tradição 
teórica do país. Por exemplo, o que se faz em nome da antropologia 
cultural nos EUA, na França se reconhece como Etnologia e na Grã-
Bretanha como Antropologia Social. 
 
ii. A Etnologia é definida como a ciência que estuda as heranças 
biológicas (ditas raciais), costumes e línguas da humanidade, isto é, suas 
características, suas origens, diferenças e distribuição espacial 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Sumário 
 
 
Nesta unidade 2.3 aprendemos as ideias dos 
grandes precursores da universalização da antropologia 
através da descrição sobre a: 
 
- Etnologia e etnografia e sua 
 
- Relação com a antropologia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Grupo 1 (com respostas) 
 
1.O que é a etnografia? 
 
2.O que é a etnologia? 
 
3.Quais são as 3 direcções em que a síntese se opera? 
 
Respostas 
 
 
1.Corresponde aos primeiros passos -observação 
e descrição 
 
2.Representa o primeiro passo em direcção a síntese 
 
3.Geográfica, histórica e sistemática 
 
 
 
 
 
Grupo 2 (respostas detalhadas) 
 
 
1. O termos antropologia cultural ou social, eles estão 
ligados a uma segunda e ultima etapa de síntese, tomando 
por base as conclusões da etnografia e da etnologia. 
 
 
2.A etnologia é definida como ciência que estuda 
as heranças biológicas 
 
Grupo 3 (exercícios de gabarito) 
 
 
1.Diga as semelhanças e diferenças entre a etnografia e 
a etnologia? 
 
 
2. Explica a ideia de L’evi-Strauss sobre a etnografia, 
etnologia e antropologia 
 
3.O que são heranças biológicas? 
 
 
 
 
 
 
 
32 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
 
 
UNIDADE 2.4. As diferentes “cores” e campos de 
aplicação da antropologia 
 
 
Introdução 
 
 
 
A antropologia possui diversas “facetas em termos de características 
existenciais” e seus campos de aplicação. Contido ao completar esta 
unidade, o estudante pressupõe-se que deverá ser capaz de: 
 
 Conhecer os diferentes campos da antropologia
 Identificar as suas características
 
Objectivos 
específicos 
 
 
 
Desenvolvimento 
 
De acordo com Corrêa (2010) a ciência antropológica é comummente 
dividida em duas esferas principais: a antropologia biológica (ou física) 
e antropologia cultural (ou social). Cada uma delas actua em campos de 
estudo mais ou menos independentes, pois especialistas numa área 
frequentemente consultam e cooperam com especialistas na outra 
área. 
 
 A antropologia biológica é geralmente classificada como uma 
ciência natural, enquanto a antropologia cultural é considerada 
uma ciência social. A antropologia biológica, como o nome já 
indica, dedica-se aos aspectos biológicos dos seres humanos. 
Busca conhecer as diferenças ditas raciais e étnicas, a origem e 
a evolução da humanidade.

 
Os antropólogos desta área de conhecimento estudam fósseis e 
observam o comportamento de outros primatas. 
 
 A antropologia cultural dedica-se primordialmente ao 
desenvolvimento das sociedades humanas no mundo. Estuda os 
comportamentos dos grupos humanos, as origens da religião, os 
costumes e convenções sociais, o desenvolvimento técnico e os 
relacionamentos familiares.

 
Um campo muito importante da antropologia cultural é a linguística, 
que estuda a história e a estrutura da linguagem. A linguística é 
especialmente valorizada porque os antropólogos se apoiam nela para 
observar os sistemas de comunicação e apreender a visão do mundo 
das pessoas. Através desta ciência também é possível colectar 
histórias orais do grupo estudado. História oral é constituída na 
sociedade a partir da poesia, das 
 
33 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
canções, dos mitos, provérbios e lendas populares. 
 
Ainda Corrêa (2010) afirma que a antropologia cultural e biológica 
conectam-se com outros dois campos de estudo: a arqueologia e a 
antropologia aplicada. Nas escavações, os arqueólogos encontram 
vestígios de prédios antigos, utensílios, cerâmica e outros artefactos 
pelos quais o passado de uma cultura pode ser datado e descrito 
(pesquisar Arqueologia). 
 
A antropologia aplicada, com base nas pesquisas realizadas pelos 
antropólogos, assessora os governos e outras instituições na 
formulação e implementação de políticas para grupos específicos de 
populações. Ela pode, em certa medida, ajudar governos de países em 
desenvolvimento a superarem as dificuldades que as populações destes 
países enfrentam no embate com a complexidade dos fluxos 
civilizacionais do século 21. E pode também ser usada pelos governos 
na formulação de políticas sociais, educacionais e económicas para as 
minorias étnicas no interior de suas fronteiras. O trabalho da 
antropologia aplicada é frequentemente desenvolvido por especialistas 
nos campos da economia, da história social e da psicologia (CORRêA, 
2010). 
 
Pelo fato da antropologia explorar amplo conjunto de disciplinas, 
investigando diversos aspectos em todas as sociedades humanas, ela 
deve apoiar-se nas pesquisas feitas por estas outras disciplinas para 
poder formular suas conclusões. Dentre as disciplinas mais afins 
segundo Corrêa (2010) encontramos a História, Geografia, Geologia, 
Biologia, Anatomia, Genética, Economia, Psicologia e Sociologia, 
juntamente com as disciplinas altamente especializadas como a 
linguística e a arqueologia, anteriormente mencionadas. 
 
 
 
 
Sumário 
 
Nesta unidade temática 2.4. buscou-se o aprofundamentosobre os 
grandes grupos ou tipos e características específicas da antropologia, 
procurando aglutinar em dois. De salientar que não são somente estes 
campos, diferentes autores nos remeterão a diferentes classificações, 
mas para alguns autores que compõem a lista bibliográfica consultadas 
ditam: 
 Antropologia cultural
 Antropologia biológica 
 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Grupo 1 (com respostas) 
1.O que é antropologia cultural? 
 
 
34 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
2.O que é a antropologia biológica? 
 
Respostas 
1. Estuda os comportamentos dos grupos humanos 
2.Estuda aspectos biológicos dos seres humanos 
 
 
Grupo 2 (respostas detalhadas) 
 
1.A antropologia deve apoiar-se nas pesquisas feitas por estas outras 
disciplinas para poder formular suas conclusões. 
 
Grupo 3 (exercícios de gabarito) 
1.Quais são as disciplinas afins exploradas pela antropologia? 
2.Em que momento a antropologia cultural e biológica se conectam? 
 
 
 
 
 
TEMA 3: DESENVOLVIMENTO DA ANTROPOLOGIA 
 
UNIDADE 3.1. Antropologia como ciência 
 
UNIDADE 3.2. A antropologia interpretativa a antropologia 
pós-moderna 
UNIDADE 3.3.Diferentes ramos da antropologia 
 
 
 
UNIDADE 3.1. Antropologia como ciência 
 
 
Introdução 
 
Ao estudar esta unidade temática buscar-se-á ligar as questões que 
nortearam ao surgimento da antropologia e a consideração como 
ciência. Pretende-se que ao completar esta unidade, você deverá 
ser capaz de: 
 
 Dominar os marcos de surgimento da antropologia
 Descrever os processos que ditaram a transformação ou evolução da antropologia 
como ciência

Objectivos 
específicos 
 
 
 
Desenvolvimento 
 
Segundo Gusmão (2008) a antropologia, como ciência da modernidade, 
coloca seu aparato teórico construído no passado, com possibilidade 
de, no presente, explicar e compreender os intensos movimentos 
provocados pela globalização: de um lado, os processos 
 
35 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
homogeneizantes da ordem social mundial e, de outro, contrariando tal 
tendência, a reivindicação das singularidades, apontando para a 
constituição da humanidade como una e diversa. Contudo, essa 
tradição é hoje alvo de controvérsias, na medida em que os fatos 
decorrentes da intensa transformação da realidade parecem não estar 
contidos em seus princípios explicativos. 
 
Para Gusmão (2008) nesse campo de tensão, defende-se que ora a 
trajectória da antropologia tem sido a de avaliar as diferenças sociais, 
étnicas e outras com a finalidade de proporcionar alternativas de 
intervenção sobre a realidade social de modo a não negar as diferenças; 
ora não seria a tradição antropológica suficiente para dar conta do 
contexto político das diferenças e, como tal, estaria superada em seus 
propósitos. 
 
Decorrentes do questionamento que afecta as ciências humanas de 
modo geral ainda na segunda metade do século XX, e em particular a 
antropologia, emergem outras perspectivas teóricas, dentre as quais se 
destacam os chamados estudos culturais, cuja definição se dá no 
interior das correntes ditas pós-modernas. 
 
Jordão (2004) e Gusmão (2008) comungam a ideia de que no contexto 
dos debates, a análise das relações existentes entre antropologia, 
estudos culturais e educação apresenta-se como desafio teórico da 
modernidade e como uma necessidade diante dos princípios e das 
práticas presentes na articulação entre o campo científico e o processo 
educativo na sociedade moderna. Em jogo, a busca do diálogo inter e 
transdisciplinar capaz de recuperar da modernidade o pensamento 
crítico para compreender as propriedades da vida social e resgatar a 
noção de cultura como noção crítica e engajada, ou seja, que entende 
a cultura como questão política (GUSMÃO, 2008) 
 
Ainda Gusmão (2008) avança a ideia de que a análise do lugar variável 
da antropologia, como campo disciplinar no passado e no presente, 
coloca em questão a dimensão política própria de qualquer ciência e 
não ausente da história e da prática dessa ciência nascida nos estertores 
do século XIX e no início do século XX. Na divisão de trabalho entre as 
ciências sociais, a antropologia especializou-se na descrição e na 
classificação dos grupos sociais frequentemente tidos como primitivos, 
atrasados, marginais, tribais, subdesenvolvidos ou pré-modernos, 
definidos por sua exterioridade e alteridade em relação ao mundo dos 
antropólogos, ele próprio definido pela civilização, pela ciência e pela 
técnica. 
 
A antropologia como ciência pregava, então, a preservação, a 
protecção, a transformação e a repressão como objecto de políticas 
dirigidas ao mundo do outro. Nesse sentido, a participação dos 
antropólogos e a ciência que praticam acontecem na elaboração e na 
implementação das políticas, o que, mais tarde, já no início do século 
XX, seria conhecido como uma ciência da prática ou uma ciência de 
serviço. O que está em jogo nesse tipo de ciência são as relações entre 
 
36 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
ciência e prática, até hoje, fato de constantes discussões no mundo 
científico e social. Expressiva desse tipo de prática científica e, 
posteriormente, objecto de considerações morais e políticas, como 
toda ciência praticada naquele período, inscreve-se em um campo 
particular da antropologia – a chamada antropologia “da” educação 
(GUSMÃO, 2008). 
 
 
 
 
Sumário 
 
Nesta unidade temática, procurou-se problematizar sobre o 
surgimento da antropologia como ciência como forma de chamar 
a atenção sobre os marcos históricos desse processo. Daí que o 
aprofundamento remete sempre a 
 Compreensão dos factos históricos
 Localização no espaço e no tempo 
 
 
Exercícios de AUTO-AVALIAÇÃO 
 
Grupo 1 (com respostas) 
 
1.Qual é a ideia de Gusmão (2008) sobre a dimensão da análise e lugar 
da antropologia? 
2.O que a antropologia como ciência pregava? 
 
Respostas 
 
1.Como campo disciplinar no passado e no presente coloca em 
questão a dimensão política 
 
2.A preservação, a protecção, a transformação e a repressão como 
objecto de políticas dirigidas ao mundo do outro 
 
Grupo 2 (respostas detalhadas) 
 
1. Há necessidade diante dos princípios e das práticas presentes na 
articulação entre o campo científico e o processo educativo na 
sociedade moderna 
2. Na divisão de trabalho entre as ciências sociais, a antropologia 
especializou-se na descrição e na classificação dos grupos sociais 
frequentemente tidos como primitivos, atrasados, marginais, tribais, 
subdesenvolvidos 
 
Grupo 3 (exercícios de gabarito) 
1.Quando é que a antropologia foi considerada como ciência? 
2.Quais são os desafios teóricos da modernidade? 
3.O que é a alteridade? 
 
 
 
 
 
 
 
37 
ISCED CURSO: GESTÃO AMBIENTAL; 20 Ano; Disciplina/Módulo: Antropologia Cultural de Moçambique 
 
 
 
UNIDADE 3.2. A antropologia interpretativa a 
antropologia pós-moderna 
 
 
Introdução 
 
Nesta unidade temática iremos nos concentrar em outras 
perspectivas classificatórias de antropologia como forma de ampliar o 
horizonte holístico desta temática. Por isso que o estudante ao 
completar esta unidade, você deverá ser capaz de: 
 
 Diferenciar a antropologia interpretativa da pós moderna
 Conhecer os campos de aplicação dos princípios teóricos destas duas abordagens 
Objectivos 
específicos 
 
 
 
Desenvolvimento 
 
De acordo com Jordão (2004) os primeiros sinais da abordagem 
interpretativa na antropologia datam da década de 1960, e têm a ver 
com a influência dos estudos literários e da crítica literária. Um dos 
primeiros antropólogos a popularizar a ideia de que as culturas são 
como textos literários à espera de interpretação antropológica foi 
Clifford Geertz (1973). Segundo ele, os antropólogos (ou melhor, os 
etnógrafos) são intérpretes selectivos que escolhem

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