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Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-3678-3 9 7 8 8 5 3 8 7 3 6 7 8 3 Contabilidade de Custos José laudelino azzolin tatiane antonovz Contabilidade de Custos Co n ta bi li d a d e d e Cu st o s Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br José Laudelino Azzolin Tatiane Antonovz Contabilidade de Custos IESDE BRASIL S/A Curitiba 2013 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ _______________________________________________________________________________ A998c Azzolin, José Laudelino Contabilidade de custos / José Laudelino Azzolin, Tatiane Antonovz. - 1. ed. - Curi- tiba, PR : IESDE BRASIL S/A, 2013. 264 p. : il. ; 24cm. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-3678-3 1. Contabilidade. I. Antonovz, Tatiane. II. Inteligência Educacional e Sistemas de Ensino.III. Título. 13-01187 CDD: 657 CDU: 657 _______________________________________________________________________________ 17/05/2013 17/05/2013 © 2008 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE BRASIL S/A Imagem da capa: Shutterstock IESDE BRASIL S/A Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br Todos os direitos reservados. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br José Laudelino Azzolin Tatiane Antonovz Mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Especia- lista em Metodologia do Ensino Superior pela Escola de Administração Fazendária (Esaf ). Es- pecialista em Administração Tributária pela Esaf. Bacharel em Ciências Econômicas pela Fun- dação de Estudos de Ciências Sociais (Fesp). Professor universitário e auditor. Mestre em Contabilidade pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Bacharel em Ciên- cias Contábeis pela UFPR. Desempenhou fun- ções de analista contábil na empresa Exxon- Mobil e Kraft Foods. Atua como professora na Faculdade Estácio de Curitiba, nas matérias de Laboratório Contábil, Auditoria, Perícia, Custos e Contabilidade Básica. Atua também como coordenadora-adjunta na Faculdade Estácio de Curitiba. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br su m ár io su m ár io su m ár io su m ár io Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos 11 11 | Introdução 11 | História e evolução da Contabilidade de Custos 15 | A Contabilidade: financeira X gerencial 16 | Contabilidade de Custos 19 | Terminologia em custos 21 | Terminologia comum para as Contabilidades Financeira e de Custos 22 | Esquema básico da Contabilidade de Custos 24 | Campo de aplicação 25 | Conclusão Esquema básico da contabilidade de custos 39 39 | Introdução 39 | Contabilidade Financeira e de Custos 42 | Contabilidade de Custos 46 | Etapas do processo produtivo Materiais como componentes de custos 53 53 | Introdução 53 | Processo de fabricação 55 | Elementos do custo dos materiais 56 | Métodos de controle dos inventários 57 | Estoques 59 | Critérios de avaliação dos estoques 64 | Outros métodos de avaliação dos estoques 67 | Curva ABC 68 | Conclusão Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Mão de obra como componente de custos 83 83 | Introdução 83 | Apontadoria e folha de pagamento 86 | Os custos da mão de obra 89 | Confronto entre empregado e empregador 90 | Preparação da folha de pagamento 91 | Composição dos encargos – para uma empresa de grande porte 96 | Composição dos encargos – para uma empresa de pequeno porte 100 | Composição dos encargos – para empresas enquadradas no sistema simplificado 103 | Exemplos de cálculos de custos de mão de obra 105 | Conclusão Custos indiretos de fabricação 117 117 | Introdução 117 | Composição dos custos indiretos de fabricação 120 | Estabelecimento de critérios de rateio Custeio por ordem ou encomenda 137 137 | Introdução 138 | Ordem de produção versus produção por processo 142 | Natureza da contabilidade de ordem de produção 143 | Características da contabilidade da ordem de produção 144 | Formulário da ordem de produção 144 | Contabilização do material 145 | Contabilização da mão de obra 146 | Avaliação dos produtos em processo Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br su m ár io su m ár io su m ár io su m ár io Produção por processo ou em série 157 157 | Introdução 157 | Controle de custos por processo 158 | Comparação entre custos por ordem e processo 161 | Determinação do custo de produção 164 | Equivalência de produção 167 | Perdas ou estragos 168 | Conclusão Custo-padrão 181 181 | Introdução 181 | Custo-padrão 184 | As vantagens do custo-padrão 186 | O estabelecimento dos padrões 191 | Análise das variações 196 | Conclusão Custeio por atividade (CBA ou ABC) 209 209 | Introdução 209 | Os novos paradigmas 212 | ABB/ABM/ABC 223 | Conclusão Análise do custo, volume e lucro 237 237 | Introdução 237 | Custeio direto e por absorção 243 | A análise do ponto de equilíbrio 249 | Margem de segurança 251 | Limitações à análise 254 | Conclusão Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Apresentação C ontabilidade de C ustos O registro de informações sobre as transações comerciais existe desde a época em que as pessoas se utilizavam do sistema de trocas e, segundo historiadores, existem evidências de registros contábeis há milhares de anos, re- montando às antigas civilizações. O indicador de sucesso de um empreendimento era facil- mente medido: o empresário deveria ganhar mais dinheiro com as vendas do que com os valores que pagava aos fornecedores. Com o advento das indústrias, a partir do século XVIII, porém, surgiu a necessidade de uma apuração mais detalhada do balanço e da demonstração do resultado, ensejando, então o surgimento da Contabilidade de Custos e dos sistemas de custeio. Nos países desenvolvidos, novas práticas admi- nistrativas, aliadas aos processos de análises de custos, vêm sendo adotadas nas últimas décadas, despertando a conscientização dos empreen- dedores para a importância da otimização dos índices de produtividade, da diminuição e até eliminação dos desperdícios, redução dos esto- ques e contínuo aperfeiçoamento dos proces- sos de produção. Hoje, o processo contábil, sob a ótica gerencial, deve dar respostas com mais rapidez, maior segurança, mais confiabilidade do que antiga- mente, porque se vive em um mundo onde as decisões nas áreas empresariais, econômicas e administrativas, são tomadas em consonância com a “globalização da economia”. Este livro apresenta tópicos teóricos e práticos da contabilidade contemporânea, com o obje- tivo principal de colaborar para o desenvolvi- mento das práticas contábeis relacionadas com assuntos ligados à indústria. Foram elaborados capítulos para a discussão de assuntos de extrema atualidade e importância Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br para os profissionais e estudantes da área contábil, como os sistemas de custeio por ordem, em série, padrão e com base nas atividades. Inclui um capítulo sobre a relação do custo, do volume e do lucro, com a finalidade de proceder à análise do resultado econômico e da decom- posição do custo e a importância de promover a análise do break-even, calcular a margemde segurança e a renda marginal. A Contabilidade de Custos, entendida como gerencial, ao trabalhar diretamente com a tomada de decisão, cria a necessidade de ser concebida sob uma abordagem sistêmica para solucionar os problemas ligados à decisão. Por isso, é indispensável que o responsável pela geração das informações utilize e domine certos conhecimentos originados em outras áreas, tais como a Economia, a Matemática e a Estatística, pois, só assim, será possível gerar informações relevantes que envolvem custos. Apresentação C ontabilidade de C ustos Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 11 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Introdução Este capítulo apresenta a história, a evolução e algumas das principais particularidades da Contabilidade de Custos. Sublinha a ideia de que a Con- tabilidade de Custos prepara informações diferentes para atender a necessi- dades gerenciais diferentes. Concebida como um sistema de informações para a gestão, a Contabi- lidade de Custos é uma ferramenta que ajuda a encontrar respostas a um grande número de questões que se apresentam no dia a dia de qualquer empresa. Por isso, o capítulo evidencia a terminologia básica e o esquema básico da Contabilidade de Custos e descreve seu campo de atuação. História e evolução da Contabilidade de Custos Para a compreensão da história da Contabilidade de Custos é necessário dividir a evolução dos sistemas de produção em duas etapas: Sistema familiar, de corporações ou doméstico. Sistema de produção fabril. Iniciada na Idade Média e prolongando-se até o final do século XVI, os sistemas de produção eram conhecidos como “familiar”, “de corporações” ou “doméstico”. Nesse sistema, a maioria das necessidades das pessoas era atendida pelos membros da sua família e seus agregados, apropriado a centros urbanos restritos, a condições de concorrência limitada e a uma evolução tecnológica ainda incipiente, que não requeriam sofisticados artifícios contábeis para registro das operações realizadas ou apuração dos resultados obtidos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 12 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos A maior parte do que um indivíduo necessitava era provido pela própria fa- mília que, além de produzir alimentos nas grandes extensões territoriais, cons- truía habitações, cortava madeira para aquecimento, preparava os alimentos e fabricava os móveis e artefatos domésticos, criava animais para alimentação da carne e vestuário e desenvolvia, enfim, todas as atividades consideradas essen- ciais para a sobrevivência. Se algo faltasse, essa necessidade era suprida através de trocas com vizinhos ou de compras em primitivos e raros postos de vendas. Acompanhando o aumento da população, o sistema produtivo foi gra- dualmente se modificando, tornando-se menos simples e limitado e mais complexo. Chegou a época dos artesãos, na qual o sistema de produção predomi- nante ficou conhecido como “Sistema das Corporações”, porque os artesãos se uniam em corporações para se defender de dificuldades econômicas oriundas de competição ou decorrentes de doenças e da velhice. Nesse sis- tema, um mestre artesão constituía-se em uma célula básica. Ele possuía uns poucos ajudantes ou aprendizes, e suas atividades visavam ao atendimento das necessidades de um mercado local ainda muito limitado. O mestre artesão, proprietário e contratador dos recursos que utilizava, dono do próprio negócio, não vendia o seu trabalho; vendia um produto ou serviço final, sendo, de certa forma, independente. Com o crescimento dos mercados e das cidades e com a evolução da tec- nologia, novos modelos de sistema produtivo começaram a disputar a hege- monia do sistema corporativo. Surgia, então, um novo personagem: o intermediário. Ele negociava as encomendas e entregava aos artesões as matérias-primas necessárias. A crescente limitação das responsabilidades e da independência do mestre artesão acarretou em uma nova forma dominante de organização econô- mica: o sistema doméstico. No sistema doméstico, que prevaleceu até o final do século XVI, as atribui- ções e a independência do artesão tornaram-se cada vez menos relevantes. Ele orientava a produção em sua casa, com seus ajudantes e com ferramen- tas de sua propriedade, mas já não mantinha contatos com o cliente final de seus produtos e nem era dono das matérias-primas que utilizava. Acontecia, em consequência, a segunda etapa do desenvolvimento dos modelos produtivos ocidentais iniciada no século XVII, com a crescente Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 13 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos predominância do chamado sistema de produção fabril. Nesse sistema, o in- termediário, investindo-se no status de um verdadeiro empreendedor, per- cebeu que o sistema de produção doméstico não era bastante ágil e nem bastante produtivo para atender a demanda crescente dos populosos cen- tros urbanos em franco desenvolvimento e passou a introduzir mudanças radicais na estrutura da organização produtiva. Como empreendedor, levantava os capitais necessários e inventou a fá- brica, tirando o artesão e seus ajudantes de casa, transformando-os em assa- lariados e colocando-os para trabalhar em instalações e com equipamentos de sua propriedade. O mestre artesão, independente e bem conceituado na sociedade, transformou-se em feitor ou supervisor de fábrica. Mesmo assim, até a Revolução Industrial, verificada no século XVIII, só existia a Contabilidade Financeira que, desenvolvida na era mercantilista, “foi estruturada para servir às empresas comerciais que apenas compravam e revendiam mercadorias.” (MARTINS, 1998, p. 19). Apurava-se o resultado de suas operações com mercadorias na seguinte disposição: Estoques iniciais (+) Compras (–) Estoques Finais (=) Custo das Mercadorias Vendidas Confrontando esse montante com as receitas obtidas por meio das vendas dos produtos, chegava-se ao lucro bruto: Vendas (–) Custo das Mercadorias Vendidas (=) Lucro Bruto Do Lucro Bruto, extraíam-se as despesas necessárias à venda dos produ- tos, ao financiamento das operações e à manutenção da empresa: Lucro Bruto (–) Despesas com Vendas (comerciais), Financeiras, Gerais e Administrativas (=) Lucro ou perda Como se observa, as formas de registros contábeis eram uma simples rou- pagem, pois os ganhos e perdas financeiros da humanidade sempre foram, Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 14 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos de alguma forma, anotados, mesmo em civilizações anteriores à Ociden- tal. A Contabilidade em forma rudimentar já existia há milhares de anos como demonstram, por exemplo, os blocos de pedra gravados por an- tigas civilizações, que trazem registros identificados pelos especialistas como dados contábeis. Assim, a Contabilidade Financeira foi estruturada para atender aos obje- tivos a serem alcançados pela empresa mercantil, em que a administração e o controle assumiam feição tipicamente financeira e ficavam sensivelmente simplificados pela dupla função básica de comprar e vender. Como resultado dessa estrutura, a Contabilidade Financeira, também chamada de Contabilidade Geral, visava indicar a natureza e a situação do capital investido em uma empresa (balanço) e relatar as modificações resul- tantes das atividades operacionais (demonstração de lucros e perdas). Essa estrutura vigora ainda hoje, tanto que se subordina a rígidos padrões, mais ou menos universais, para que as informações geradaspor essa contabili- dade possam ser interpretadas por qualquer pessoa externa à organização. Esses padrões são fixados pelos postulados, princípios e convenções con- tábeis, expressos em leis, reconhecidos pelas entidades de classe, analistas de mercado e outros interessados. Os métodos de registrar os dados evoluíram ao longo do tempo, acompa- nhando o crescimento das transações econômicas e recebendo um impulso notável através das “partidas dobradas” inventadas por um frade veneziano chamado Luca Pacioli, no século XV. Apesar desse avanço e dos aperfeiçoamentos, os procedimentos básicos da chamada Contabilidade Geral, embora satisfatória para a maioria dos fins externos à empresa, não atendia às necessidades administrativas da nova célula produtiva – a indústria – cuja gerência financeira revelava aspectos mais complexos a cada dia. As indústrias, à medida que se expandiam, diversificavam a sua produção e experimentavam uma competição crescente, reclamando informações que a Contabilidade Geral, apesar de sua ininterrupta evolução, não podia gerar. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 15 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Com a Revolução Industrial, a administração dos negócios começou a reclamar uma Contabilidade de Custos. A Contabilidade: financeira X gerencial Segundo Campiglia (1993, p. 397-398), “[...] considerando que a contabi- lidade financeira (ou fiscal, ou societária, ou geral) é rígida, não permitindo fugir dos princípios e convenções contábeis”, e que para administrar um ne- gócio ou empresa são necessárias informações consoantes com as necessi- dades de quem vai tomar decisões gerenciais diferentes, de negócio para negócio, de empresa para empresa, de uma época para outra, então é neces- sário criar uma sistemática de tratamento das informações e um conjunto de relatórios que facilitam a gestão dos negócios. A Contabilidade Financeira, por refletir, em grande parte, o feitio assu- mido na época mercantilista, não se mostrava totalmente eficaz, principal- mente porque o Fisco já começava a espreitar por sobre os ombros dos con- tadores, esquadrinhando os seus lançamentos e regulamentando a forma de calcular os valores sujeitos à tributação, o que se verifica até hoje. Surge, então, a Contabilidade Gerencial. Nos relatórios gerenciais, as informações estão dispostas de forma dife- rente das demonstrações contábeis financeiras e, além disso, não são segui- dos rigidamente os princípios e as convenções contábeis (exceto o princípio da competência, ou seja, o do confronto das despesas e receitas com os pe- ríodos contábeis), de acordo com os exemplos a seguir. 1.º exemplo: da disposição diferente das informações Na Contabilidade Financeira, da receita com vendas do mês são deduzi- dos os Custos da Mercadoria Vendida (ou dos serviços prestados), resultando dessa subtração o Lucro Bruto. No tratamento gerencial, por sua vez, da receita com vendas podem ser de- duzidos os Custos Variáveis de Produção. O resultado dessa subtração é a Margem de Contribuição. Essa informação permite saber quanto se apura (de margem) nas vendas, para absorver os custos e despesas fixas e resultando, afinal, o lucro. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 16 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Assim, diversamente da Contabilidade Gerencial, na Contabilidade Fi- nanceira, os Custos da Mercadoria Vendida são integrais, ou seja, computam tanto os Custos Variáveis como os gastos indiretos de fabricação fixos. 2.º exemplo: a não observância do Princípio do Custo de Aquisição ou Formação como Base de Valor Na Contabilidade Financeira, o custo da mercadoria vendida é o custo da formação computando, normalmente, o custo médio ponderado do esto- que de onde foi baixada aquela mercadoria, atendendo o Princípio Contábil do Custo de Aquisição ou de Formação. No tratamento gerencial, o custo variável que entra no cálculo da margem pode ser o custo de reposição, que certamente é diferente do custo médio (variável) da mercadoria estocada, de onde são baixados os itens vendidos no mês. 3.º exemplo: a não observância do Princípio da Entidade e da Objetividade Na Contabilidade Financeira, as receitas e custos de uma empresa são se- parados totalmente das receitas e custos de outra empresa do mesmo grupo empresarial e, mais ainda, uma empresa não transfere para outra parte de suas despesas, a menos que haja documento oficial (nota fiscal de serviços, por exemplo) de uma cobrando da outra empresa. Os exemplos descritos mostram que a Contabilidade é única para qual- quer empresa. Toda a parte conceitual e as técnicas aplicadas não se alteram. As empresas, no entanto, têm diversos objetivos: a mercancia, a industriali- zação ou a prestação de serviços, exigindo, em consequência, que a Conta- bilidade se adapte à atividade desenvolvida pela empresa. Contabilidade de Custos Uma indústria é estruturada em unidades, departamentos ou centros de custo, fabricando, simultaneamente, produtos diferenciados em um ambien- te cada vez mais competitivo. Por isso, a atividade industrial exigia o desen- volvimento de uma Contabilidade voltada para dentro, para as necessidades administrativas internas, e não uma Contabilidade voltada para fora, somen- te para atender as necessidades externas (governo, acionistas, banqueiros, fornecedores etc.). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 17 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Dessa maneira, diversas fórmulas foram se estabelecendo para determi- nar esses valores e, com base dessas fórmulas, surgiram métodos cada vez mais criteriosos para a avaliação de inventários. A maioria dos historiadores considera que a adoção de critérios de avaliação de inventário foi o marco inicial da Contabilidade de Custos propriamente dita. Por isso é comum ouvir- -se dizer que a origem do estudo dos custos empresariais está associada à avaliação dos estoques, procedimento que tem finalidade externa, porém, uma utilização expressiva de valia gerencial. Antes do advento da Contabilidade de Custos, certamente existiam alguns tipos de avaliação de estoques; contudo, a empresa fabril da segunda etapa da nossa história, muito mais complexa, de propriedade diluída por um número crescente de sócios e submetida aos rigores crescentes do Fisco, não podia se contentar com procedimentos primitivos e parciais de atribui- ção de valores aos estoques. Nas empresas industriais não se pode assumir que existem apenas esto- ques daquilo que é comprado pronto (matérias-primas e material indireto) e, em decorrência, é necessário admitir que, para a adequada apuração dos resultados de cada período, existem outros estoques: o estoque de produtos em elaboração e o estoque de produtos acabados. A avaliação desses estoques exige a apuração e a consolidação dos gastos envolvidos na produção dos bens estocados. É necessário apurar os montan- tes de materiais, da mão de obra e de gastos gerais de fabricação aplicados na produção de cada um desses bens. Para a definição dos valores descritos, há necessidade de um sistema de re- gistro e acompanhamento, da apropriação e rateio de gastos, como também complexos lançamentos contábeis e controles paralelos denominados de extra- oficiais. Assim, a Contabilidade de Custos, como um complexo e coerente con- junto de técnicas e de procedimentos, começou a tomar forma. Seguindo o exemplo da Contabilidade Geral, a Contabilidade de Custos não nasceu completa, porém, entrou em processo evolutivo de constante aperfeiçoamento que se verifica até os dias de hoje, estando, pois em cons- tante formação. Atualmente, a Contabilidade de Custos, em todas as atividades empresa- riais, reflete sua utilidade como instrumento gerencial do planejamento e do controle e, principalmente,na tomada de decisões. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 18 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos A Contabilidade de Custos abrange sofisticados avanços como os de méto- dos quantitativos e modelos de decisão, produtividade e padrões de desempe- nho, conceitos de ciências comportamentais, contabilidade de recursos huma- nos, teoria da curva do aprendizado e conceitos avançados de marketing. As empresas comerciais ou de serviços têm, modernamente, se empenhado na utilização dos mecanismos da Contabilidade de Custos, pois ela fornece à administração grande número de dados para a tomada de decisões diárias, bem como informações essenciais para as decisões de longo prazo. A natureza do moderno mundo empresarial é tal que todas as empresas, quer sejam grandes ou pequenas, industriais ou não, públicas ou privadas, quer objetivem lucro ou não, exigem uma ampla variedade de dados de custos para a tomada de decisões operacionais diárias. A competição global não figurava em nossos dicionários antes dos anos 1980. O novo cenário competitivo aumentou o valor das informações sobre o desempenho da empresa. A competição, os progressos tecnológicos, a divul- gação mais fácil das informações, as novas formas de fazer negócios em uma empresa de classe mundial mudaram radicalmente as regras de mercado. Existe um novo e competitivo cenário que afeta significativamente os sistemas convencionais de custo. O processo de substituição tecnológi- ca vem se acelerando rapidamente. Produtos que demoravam anos para serem desenvolvidos e permaneciam também por longos anos no merca- do, hoje, com o auxílio do processo de automação, nascem e são substituí- dos no curto prazo, com custo menor e qualidade melhor. O professor Lopes de Sá (IOB, 1998) afirma que a empresa não pode mais conservar somente seu destaque de teor jurídico e econômico, ela requer hoje uma visão maior, uma visão social e humana, precisando ser vista como uma célula social. A competição internacional, no período de 1965 a 1973, de acordo com Harvey (1994), foi intensificada à medida que a Europa Ocidental e, princi- palmente, o Japão, seguidos de uma gama de países recém-industrializados, desafiaram a hegemonia dos Estados Unidos. Nessa época predominavam as ideias de Ford e de Keynes. O Fordismo, que dá ênfase à necessidade de se conquistar mercados atra- vés da redução de custos, perdurou mais de meio século, até o fim da década de 1960, em um longo período de prosperidade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 19 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos No Fordismo é possível observar que as empresas estão organizadas dentro de linhas funcionais e a premissa é a de que a experiência e a ho- mogeneidade de tarefas resultam na eficiência, obtendo-se, em decorrência, uma economia de escala. Taylor1, ao estudar essa eficiência, segundo Montana e Charnov (1998, p. 232) “[...] acreditava que só haveria prosperidade econômica com a otimi- zação da produtividade do trabalhador, que, por sua vez, só seria alcançada se os trabalhadores se tornassem mais eficientes”. Por outro lado, Keynes2, em seus estudos, deu ênfase aos grandes agregados e a assuntos macroeconômicos. Ele admitia que o “sistema” poderia ser controlado pelo Governo e que as perturbações da atividade poderiam ser atenuadas e corrigidas pela interferência do Estado. A especialização, porém, exigia cada vez mais uma forte tendência ascen- dente dos salários que acabava por superar a evolução da produtividade e, de acordo com Tavares (1994, p. 23), “[...] reduzia a taxa de lucro e as possibi- lidades de acumulação a médio prazo”. Terminologia em custos De acordo com Martins (1998, p. 24), “[...] produzir é transformar os meios econômicos em produtos ou serviços possíveis de serem consumidos ou utilizados”. O custo dessa transformação ou de produção é o total de custos incorridos em determinado período, esteja ou não inteiramente acabada. Da obra de Mar- tins (1998) é possível extrair, sumariamente, diversas definições de custos. Custo da produção acabada: é o total dos custos contidos na produ- ção acabada no período, abrangendo também os custos de produtos que estavam em elaboração no início do período e foram concluídos dentro do período. Custos primários: são os custos elementares ou diretos, ou seja, o valor da mão de obra direta e do material direto empregado na fabricação. Custo de transformação: é o total dos custos de produção exceto os de matéria-prima, material secundário e de embalagem. São custos 1 Frederick W. Taylor (1856-1915) foi, e é, considerado o pai da administração científica. 2 John Maynard Keynes (1883- 1946), economista inglês, é autor da obra Teoria Geral do Emprego do Juro e da Moeda, de 1936. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 20 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos necessários à transformação dos produtos (mão de obra indireta, ma- terial de consumo, energia elétrica, combustível etc.). Além dessas definições, os custos podem ser classificados da seguinte maneira: Quanto à sua incidência no produto: Diretos – são os custos que podem ser facilmente identificados dire- tamente com o produto, sem necessidade de se efetuar um rateio. Indiretos – são os custos que não podem ser apropriados diretamen- te ao produto e, por isso, necessitam de um critério de rateio, que é atribuição de custos a departamentos ou a produtos calculada sobre uma base determinada para sua alocação. Quanto à sua relação com a quantidade produzida: Custos variáveis – são os que variam diretamente com as quantida- des produzidas: a matéria-prima. Custos fixos – são aqueles que não se alteram com o volume de pro- dução. Em consequência, quanto maior a produção, menor será a par- cela do custo fixo a ser atribuído a cada unidade: aluguel da fábrica. Custos semifixos ou semivariáveis – são os que variam de acordo com a produção não guardando, porém, relação direta: a energia elé- trica que possui uma parcela relativa ao potencial de consumo instala- do e outra vinculada ao consumo efetivo. Além da produção, a Administração de Custos se envolve também com a distribuição e administração Os gastos com a distribuição não são atribuídos aos produtos justamente porque se formam no setor comercial da empresa e incidem sobre o produ- to acabado e vendido, como comissões. Em decorrência, são atribuídos ao período, pois são efetuados, após a fabricação, com a venda e expedição do produto. Esses gastos são absorvidos em cada período, à medida que vão acontecendo e são designados de despesas. Também são atribuídos ao período os gastos gerados a partir das ações que asseguram o funcionamento contínuo da empresa: despesas com a ad- ministração, que devem ser mantidas sem dependência direta da relação básica custo/volume/lucro. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 21 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Gastos do período possuem, em decorrência, caráter financeiro e, como tal, têm mais afinidade direta com o resultado econômico geral da empresa. Conceituando melhor: os gastos da empresa empregados para produzir um produto são chamados de custos (matéria-prima, mão de obra direta, Custos Indiretos de Fabricação); gastos que ocorrem após a fabricação, por não se relacionarem com os setores produtivos, são chamados de despesas. Terminologia comum para as Contabilidades Financeira e de Custos Com a finalidade de padronizar a linguagem entre os estudiosos e usuá- rios da Contabilidade, há necessidade de expor uma terminologia básica. Contabilidade, para Bierman Jr. (apud LEONE, 1995, p. 3), “[...] é a lin- guagem do negócio e assim o seu principal meio de comunicação.”Gasto decorre da compra de um produto ou serviço qualquer, geran- do, em consequência, um sacrifício financeiro para a empresa (desem- bolso), sacrifício esse representado pela entrega ou promessa de en- trega de ativos, normalmente dinheiro (MARTINS, 1998, p. 25). Desembolso é o pagamento resultante da aquisição de bens ou ser- viços e pode ocorrer antes, durante ou depois da entrega dos bens ou serviços comprados, portanto, pode haver ou não defasagem em relação ao momento do gasto (MARTINS, 1998, p. 25). Investimento é o gasto ativado (classificado no ativo) em função de sua vida útil ou de benefícios atribuíveis a período(s) futuro(s), tam- bém denominado de bens de uso. Todos os desembolsos havidos pela aquisição de bens ou serviços (gastos) que são classificados nos es- toques, portanto no Ativo, para baixa ou amortização quando de sua venda, seu consumo, desaparecimento ou de sua desvalorização são chamados de investimentos. (MARTINS, 1998, p. 25). Custo é um gasto relativo à aquisição de um bem ou serviço utilizado (consumido) na produção de outros bens ou serviços, por exemplo, a depreciação de uma máquina que é utilizada no processo de fabri- cação de bens ou serviços. É o reconhecimento do custo de desgaste dessa máquina que está classificada como investimento. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 22 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Despesa é um gasto ocorrido em um determinado período e que é lan- çado pela Contabilidade nesse mesmo período, para fins de apuração do resultado da empresa, obtenção de receitas. Assim, a despesa é lançada diretamente na demonstração de resultados de um período e significa, no momento de sua ocorrência, uma redução da riqueza da empresa. Perda decorre de um bem ou serviço que foi consumido de forma anor- mal e involuntária. São exemplos de perdas: desfalque no caixa, perdas por inundações, greves ou incêndios, perda de veículos em desastre etc. A perda difere da despesa porque enquanto na despesa ocorre o consumo para obtenção de receita, a perda não está relacionada à ge- ração de receita. Ganho é um lucro não relacionado à atividade operacional da empre- sa, como, a venda de um bem por valor superior ao saldo registrado na Contabilidade (chamado ganho de capital), ganhos com a variação cambial etc. Prejuízo é o resultado negativo de uma transação ou de um conjunto de transações de um período, o resultado negativo da soma das recei- tas menos as despesas do período em questão, ou seja, as despesas suplantaram as receitas desse período. Esquema básico da Contabilidade de Custos O objetivo básico da Contabilidade de Custos é classificar, agrupar, apro- priar e controlar os custos para determinar os valores do estoque e do custo do produto vendido. Por isso, é importante identificar as diversas etapas para apuração dos valores de custos unitários de produção, que são: separação dos custos e despesas; apropriação dos custos diretos; apropriação dos custos indiretos; cálculo do Custo Unitário e determinação do CPV e Estoque final. Na etapa de separação de Custos e Despesas é imprescindível o perfeito entendimento da diferenciação do que é custo e do que são despesas, pois as despesas são contabilizadas diretamente no resultado, passando portanto, a serem apresentadas no Demonstrativo do Resultado do Exercício. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 23 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Na apropriação dos custos é necessário que os Custos Diretos (matéria- -prima e mão de obra direta) sejam atribuídos a cada um dos produtos ela- borados pela empresa. Outros custos considerados diretos, desde que possí- vel, também devem ter apropriação direta aos produtos. Relativamente à apropriação dos custos indiretos, que são aqueles sobre os quais se aplica um critério de rateio, deve-se atentar ao Princípio de Causa e Efeito. O Princípio da Causa e Efeito ordena que o agente causador da consumação ocorrida, correspondente a determinada variação patrimonial qualitativa, seja debitado pelo respectivo valor. Em outras palavras, os custos devem ser atribuídos a quem competem, num linguajar mais descuidado: quem causou o custo deve arcar com ele. Finalmente, podem ser apontados os custos totais de produção, que, dividindo-se pelas quantidades produzidas, resultará nos custos unitários. Após o cálculo dos custos unitários, multiplicando-se pela quantidade ven- dida obtém-se o CPV (Custo dos Produtos Vendidos). Esses mesmos valores unitários multiplicados pelas quantidades remanescentes resultará no valor do Estoque Final. Portanto, o custo de um produto é determinado pela soma dos elemen- tos de custos. Para transformar as matérias-primas em produtos são neces- sários outros esforços, como o trabalho de pessoas, que despendem Mão de Obra Direta (MOD), a utilização de instalações físicas, as máquinas, a energia elétrica, os materiais auxiliares, os lubrificantes, a água e gastos com a manu- tenção e reparos de máquinas etc. O quadro sinótico a seguir demonstra a equação do custo do produto: Custo do produto Custo das matérias-primas aplicadas Custo de transformação (MOD e outros) Como os custos de transformação são compostos de dois tipos de custos, pode-se também afirmar que são três os fatores de custos que compõem o produto final: Custo do produto Custo das matérias-primas Mão de obra Outros custos de fabricação Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 24 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Para a maioria dos autores, os custos de matéria-prima e mão de obra direta são chamados de Custos Primários. Os outros custos são chamados de gastos gerais de fabricação ou gastos gerais de produção. São também chamados de custos indiretos de fabrica- ção e podem ser classificados em três categorias: Materiais indiretos – lubrificantes, materiais de limpeza, materiais de manutenção e de reparos etc. Mão de obra indireta – salários de supervisores de máquinas e de pessoas, almoxarifes, vigias, mecânicos de manutenção etc. Outros custos de produção – aluguel, energia elétrica, água, depre- ciação de equipamentos e máquinas, seguros, impostos etc. Campo de aplicação Até recentemente, a Contabilidade de Custos ou Contabilidade Industrial era um ramo da Contabilidade aplicada às empresas industriais. Dessa ma- neira, o campo de aplicação da Contabilidade de Custos abrangia o patrimô- nio das empresas industriais. Empresa industrial é aquela cuja atividade característica se concentra na modificação de matéria-prima em produtos, seja por transformação, benefi- ciamento, montagem, restauração ou recondicionamento. Para transformar a matéria-prima, as indústrias de transformação se uti- lizam de processos mecânico, térmico ou químico. Exemplos: indústrias de móveis que fabricam mesas, dormitórios, cadeiras etc.; indústrias siderúrgi- cas que transformam minérios de ferro em lingotes; indústrias petrolíferas que produzem gasolina, óleo, gás, parafina etc. A atividade industrial de beneficiamento é a operação que visa modificar, aperfeiçoar e até mesmo dar uma melhor aparência ao produto sem que haja transformação. Exemplo: empresas beneficiadoras de arroz que apenas retiram as cascas e impurezas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 25 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos O produto final das indústrias de montagem de peças resulta da monta- gem de peças produzidas normalmente pelas indústrias de transformação. Exemplos: indústrias automobilísticas, de rádios, de aparelhos de televisão, de relógios etc. Indústrias de restauração ou recondicionamento são aquelas cuja ativi- dade se concentra na recuperação de produtos usadosou mesmo deteriora- dos. Exemplo: recauchutadoras de pneus etc. Atualmente, porém, a Contabilidade de Custos é bem mais abrangente, pois está voltada para o cálculo e a interpretação dos custos dos bens fabri- cados ou comercializados ou dos serviços prestados pelas empresas. A Contabilidade de Custos, cuja função inicial era fornecer elementos para avaliação dos estoques e apuração do resultado, passou, nas últimas décadas, a prestar duas funções muito importantes na Contabilidade Geren- cial: a utilização dos dados de custos para auxílio ao controle e para tomada de decisões e, na esfera administrativa, o fornecimento de informações para o estabelecimento de padrões, orçamentos ou previsões e, a seguir, acompa- nhar o efetivamente acontecido com os valores previstos. Conclusão Estudar os custos de uma empresa é tarefa indispensável a uma boa ad- ministração. Hoje, não se concebe a existência de empresas que desconhe- çam os custos dos seus produtos, a relação destes com outros setores em- presariais, e a possibilidade de se efetuar redução dos custos sem alteração do produto ou da sua qualidade. Não se pode mais afirmar que a Contabilidade de Custos seja um ramo da Contabilidade voltado às empresas industriais, tanto que era denominada de Contabilidade Industrial. Os sistemas de custos mais evoluídos são utiliza- dos tanto nas indústrias como nas empresas mercantis, agrícolas, pecuárias, bancárias, de prestação de serviços etc. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 26 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos A história da Contabilidade (GESBANHA, 2007) Período Medieval Na Itália, em 1202, foi publicado o livro Liber Abaci , de Leonardo Pisano. Estudavam-se, na época, técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio etc., tornando o homem mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros. Se os súmeros-babilônios plantaram a semente da Contabilidade e os egípcios a regaram, foram os italianos que fizeram o cultivo e a colheita. Foi um período importante na história do mundo, especialmente na histó- ria da Contabilidade, denominado “Era Técnica” , devido às grandes invenções, como moinho de vento, aperfeiçoamento da bússola etc., que abriram novos horizontes aos navegadores, como Marco Pólo e outros. A indústria artesanal proliferou com o surgimento de novas técnicas no sis- tema de mineração e metalurgia. O comércio exterior incrementou-se por in- termédio dos venezianos, surgindo, como consequência das necessidades da época, o livro-caixa, que recebia registros de recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já se utilizavam, de forma rudimentar, o débito e o crédito, oriundos das relações entre direitos e obrigações, e referindo-se, inicialmente, a pessoas. O aperfeiçoamento e o crescimento da Contabilidade foram a conse- quência natural das necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O processo de produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital, alterando-se as relações de trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao trabalho assalariado, tornando os registros mais complexos. No século X, apareceram as primeiras corporações na Itália, transformando e fortalecendo a sociedade burguesa. No final do século XIII apareceu pela primeira vez a conta “Capital”, re- presentando o valor dos recursos injetados nas companhias pela família proprietária. Ampliando seus conhecimentos Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 27 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos O método das partidas dobradas teve sua origem na Itália, embora não se possa precisar em que região. O seu aparecimento implicou a adoção de outros livros que tornassem mais analítica a Contabilidade, surgindo, então, o Livro da Contabilidade de Custos. No início do século XIV, já se encontravam registros explicitados de custos comerciais e industriais, nas suas diversas fases: custo de aquisição; custo de transporte e dos tributos; juros sobre o capital, referente ao período transcor- rido entre a aquisição, o transporte e o beneficiamento; mão de obra direta agregada; armazenamento; tingimento etc., o que representava uma apro- priação bastante analítica para a época. A escrita já se fazia no moldes de hoje, considerando, em separado, gastos com matérias-primas, mão de obra direta a ser agregada e custos indiretos de fabricação. Os custos eram contabilizados por fases separadamente, até que fossem transferidos ao exercício industrial. Período Moderno O período moderno foi a fase da pré-ciência. Devem ser citados três even- tos importantes que ocorreram neste período: em 1493, os turcos tomam Constantinopla, o que fez com que grandes sábios bizantinos emigrassem, principalmente para a Itália; em 1492, é descoberta a América e, em 1500, o Brasil, o que representa- va um enorme potencial de riquezas para alguns países europeus; em 1517, ocorreu a reforma religiosa; os protestan- tes, perseguidos na Europa, emigram para as Amé- ricas, onde se radicaram e iniciaram nova vida. A Contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava. O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli, con- temporâneo de Leonardo da Vinci, que viveu na Tos- cana, no século XV, marca o início da fase moderna da Contabilidade. Pacioli foi matemático, teólogo, contabilista entre outras profissões. Deixou muitas obras, destacando-se a Frei Luca Pacioli. Escreveu Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas), pu- blicado em 1494, enfatizan- do que a teoria contábil do débito e do crédito corres- ponde à teoria dos núme- ros positivos e negativos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 28 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Summa de Arithmética, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá, impressa em Veneza, na qual está inserido o seu tratado sobre Contabilidade e Escrituração. Pacioli, apesar de ser considerado o pai da Contabilidade, não foi o criador das partidas dobradas. O método já era utilizado na Itália, principalmente na Toscana, desde o século XIV. O tratado destacava, inicialmente, o necessário ao bom comerciante. A seguir conceituava inventário e como fazê-lo. Discorria sobre livros mercantis: memorial, diário e razão, e sobre a autenticação deles; sobre registros de ope- rações: aquisições, permutas, sociedades etc.; sobre contas em geral: como abrir e como encerrar; contas de armazenamento; lucros e perdas, que na época, eram “Pro” e “Dano “; sobre correções de erros; sobre arquivamento de contas e documentos etc. Sobre o método das partidas dobradas, Frei Luca Pacioli expôs a termino- logia adotada: “Per “, mediante o qual se reconhece o devedor; “A “, pelo qual se reconhece o credor. Acrescentou que, primeiro deve vir o devedor e, depois, o credor, prática que se usa até hoje. A obra de Pacioli não só sistematizou a Contabilidade, como também abriu precedente para que novas obras pudessem ser escritas sobre o assunto. Período Científico O período científico apresenta, nos seus primórdios, dois grandes auto- res consagrados: Francesco Villa, escritor milanês, contabilista público, que, com sua obra La Contabilità Applicatta alle administrazioni Private e Plubbli- che, inicia a nova fase; e Fábio Bésta, escritor veneziano. Os estudos envolvendo a Contabilidade fizeram surgir três escolas do pen- samento contábil: a primeira, chefiada por Francisco Villa, foi a Escola Lombar- da; a segunda, a Escola Toscana, chefiada por Giusepe Cerboni; e a terceira, a Escola Veneziana, por Fábio Bésta. Embora o século XVII tivesse sido o berço da era científica e Pascal já ti- vesse inventado a calculadora, a ciência da Contabilidade ainda se confundia Este materialé parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 29 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos com a ciência da Administração, e o patrimônio se definia como um direito, segundo postulados jurídicos. Nessa época, na Itália, a Contabilidade já chegara à universidade. A Conta- bilidade começou a ser lecionada com a aula de comércio da corte, em 1809. A obra de Francesco Villa foi escrita para participar de um concurso sobre Contabilidade, promovido pelo governo da Áustria, que reconquistara a Lombardia, terra natal do autor. Além do prêmio, Villa teve o cargo de pro- fessor universitário. Francisco Villa extrapolou os conceitos tradicionais de Contabilidade, segundo os quais escrituração e a guarda de livros poderiam ser feitas por qualquer pessoa inteligente. Para ele, a Contabilidade implicava conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis e as práticas que regem a matéria administrada, ou seja, o patrimônio. Era o pensamento patrimonialista. Foi o início da fase científica da Contabilidade. Fábio Bésta, seguidor de Francesco Villa, superou o mestre em seus ensi- namentos. Demonstrou o elemento fundamental da conta, o valor, e chegou muito perto de definir patrimônio como objeto da Contabilidade. Foi Vicenzo Mazi, seguidor de Fábio Bésta, quem pela primeira vez, em 1923, definiu patrimônio como objeto da Contabilidade. O enquadramento da Conta- bilidade como elemento fundamental da equação aziendalista, teve, sobretudo, o mérito incontestável de chamar atenção para o fato de que a Contabilidade é muito mais do que mero registro; é um instrumento básico de gestão. Os defeitos da escola europeia tiveram como base o peso excessivo da teoria, sem demonstrações práticas, sem pesquisas fundamentais: a ex- ploração teórica das contas e o uso exagerado das partidas dobradas, in- viabilizando, em alguns casos, a flexibilidade necessária, principalmente, na Contabilidade Gerencial, preocupando-se demais em demonstrar que a Contabilidade era uma ciência em vez de dar vazão a pesquisa séria de campo e de grupo. A partir de 1920, aproximadamente, inicia-se a fase de predominância nor- te-americana dentro da Contabilidade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 30 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Atividades de aplicação 1. No quadro a seguir verifique os diversos eventos anunciados por uma indústria do setor moveleiro (móveis de madeireira) e: a) na coluna A, classifique-os em: Custos (C) Despesas (D) Investimentos (I) b) na coluna B, responda com “sim” ou “não” se houve desembolso. c) na coluna C, somente para os gastos que corresponderem a cus- tos, responda se é: Matéria-prima – MP Material secundário – MS Material de embalagem – ME Mão de obra direta – MO Custos Indiretos de Fabricação – CIF Gastos A B C 1 Compra, a prazo, de 1 000m3 de madeira. C Sim MP 2 Compra, à vista, de 50 folhas de lixa aplicadas diretamente na produção. 3 Transferência de 20m3 de madeira do almoxarifado para a produção. 4 Pagamento de conta de luz do setor de vendas. 5 Pagamento de conta de água referente ao consumo da fábrica. 6 Pagamento de conta de água referente à Administração. 7 Pagamento de salários e encargos do pessoal da fábrica. 8 Apropriação dos encargos sociais referentes ao pessoal do setor de vendas. 9 Apropriação da folha de pagamentos referente ao pessoal da produção. 10 Compra, a prazo, de lubrificantes para uso imediato nas máquinas da fábrica. 11 Compra, à vista, de 300kg de sacos plásticos para embalar parafusos e porcas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 31 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos 12 Transferência para a produção de 10kg de sacos plásticos para embalagem. 13 Depreciação da máquina de escrever do setor administrativo. 14 Depreciação das máquinas da fábrica. 15 Pagamento de fretes e carretos de produtos vendidos. 16 Pagamento de juros de mora sobre duplicatas. 17 Pagamento no Banco, de taxas referentes a talões de cheques. 18 Compra de uma tela a óleo da pintora Sonia Geni, à vista. 19 Apropriação para a fábrica de parte dos honorários da diretoria. 20 Pagamento de refeições do pessoal da área de vendas. 2. Leia o texto a seguir: Os elementos básicos do custo industrial são: os materiais, a mão de obra e os Custos Indiretos de Fabricação. Os materiais utilizados na fabricação podem ser classificados em: Matérias-primas – são os materiais principais e essenciais que entram em maior quantidade na fabricação do produto. Materiais secundários – são os materiais que entram em menor quan- tidade na fabricação do produto. Esses materiais são aplicados juntamente com a matéria-prima, complementando-a ou até mesmo dando o acabamen- to necessário ao produto. Materiais de embalagens – são os materiais destinados a acondicionar ou embalar os produtos, antes que eles saiam da área de produção. Com base no texto, responda: a) Quantos e quais são os elementos básicos do custo industrial? b) Cite dois exemplos de matérias-primas e o tipo de indústrias e onde são aplicadas. c) Cite três exemplos de materiais secundários e o tipo de empresas que as aplicam. 3. Na relação de custos a seguir estão incluídos todos os gastos gerais de fabricação do mês de janeiro 2002 ocorridos na empresa Indústria Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 32 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Madeireira Ltda.: seguro contra incêndio incorrido R$2.100,00; impos- to predial R$2.400,00; iluminação do prédio R$2.100,00; depreciação do edifício R$2.400,00; mão de obra direta R$2.400,00; mão de obra indireta R$2.100,00; matéria-prima R$3.850,00. Com base nessas informações, qual é o valor dos gastos gerais de fa- bricação e dos custos diretos na conta Produtos em Processo? 4. A Cia. Delta possui os seguintes saldos em determinado período contábil: Matéria-prima: R$1.000,00; Mão de obra direta: R$500,00; Salários referentes à administração: R$400,00; Manutenção da fábrica: R$80,00; Energia elétrica consumida pelas máquinas da fábrica, medida globalmente: R$220,00; Aluguel do prédio administrativo: R$50,00; Depreciação da fábrica: R$100,00; Materiais indiretos consumidos no processo produtivo: R$350,00; Seguros da fábrica: R$120,00; Mão de obra relativa aos supervisores das máquinas: R$700,00. Determine os valores dos custos diretos, dos custos indiretos de fabri- cação e do custo de produção. 5. Dos itens listados a seguir, quais devem ser contabilizados como despesas? a) Matéria-prima, mão de obra, salários da administração. b) Honorários da diretoria, material direto, telefone. c) Seguros da área de produção e material direto. d) Matéria-prima, seguros da fábrica e fretes. e) Honorários da diretoria e fretes nas vendas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 33 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Referências BRASIL. Lei n 6.404, de 15 de Dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol. htm>. Acesso em: 16 jan. 2012. BRASIL. Lei n 11.638 de Dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <www.planalto.gov. br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 5 jan. 2012. BRASIL. Lei 11.941 de 27 de Maio de 2009. Altera a legislação tributária fede- ral relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários [...]. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm>.Acesso em: 5 jan. 2012. CAMPIGLIA, Américo Oswaldo; CAMPIGLIA, Oswaldo Roberto P. Controles de Gestão: controladoria financeira das empresas. São Paulo: Atlas, 1993. CAMPIGLIA, Américo Oswaldo; CAMPIGLIA, Oswaldo Roberto P. Controles de Gestão: controladoria financeira das empresas. São Paulo: Atlas, 1994. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa. 3. ed. Curitiba: Positivo, 2004. FIPECAFI – Cultura contábil, Atuarial e Financeira. Perguntas e respostas – nova lei das S/A – Lei 11.638/07. Disponível em: <www.cfc.fipecafi.org/faq/faq.pd>. Acesso em: 16 jan. 2012. GESBANHA S/A. A História da Contabilidade. Disponível em: <www.gesbanha. pt/contab/conthis/cont_his.htm>. Acesso em: 10 nov. 2007. HARVEY, David. Condição Pós-Moderna. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1994. IOB – Informações Objetivas, Temática Contábil e Balanços – agosto de 1998 – n. 32. IOB – Informações Objetivas, Temática Contábil e Balanços, Bol 38/99- TC/Bal. LEONE, George S. G. Curso de Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1997. ______. Custos: planejamento, implantação e controle. São Paulo: Atlas, 1982. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 34 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos ______. Custos: um enfoque administrativo. 11 ed. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1995. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1998. ______. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. MONTANA, Patrick J.; CHARNOV, Bruce H. Administração. São Paulo: Saraiva, 1998. ROBERTO, Marcus. Pert COM. Disponível em: <www.administradores.com.br/arti- gos/pert_cpm/14392>. Acesso em: 20 abr. 2008. SPÍNOLA, Keli Cristina Pedrozo; RODRIGUES, Érica Regina; GERA, Wéberson de Carvalho Quirino Caetano e. A História da Contabilidade. Disponível em: <www. classecontabil.com.br/print_art.php?id=1232>. Acesso em: 10 nov. 2007. TAVARES, Hermes Magalhães. 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C N MO Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 35 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos 10 Compra, a prazo, de lubrificantes para uso imediato nas máquinas da fábrica. C N CIF 11 Compra, à vista, de 300kg de sacos plásticos para embalar parafusos e porcas. C S MS 12 Transferência para a produção de 10kg de sacos plásticos para embalagem. C N ME 13 Depreciação da máquina de escrever do setor administrativo. D N 14 Depreciação das máquinas da fábrica. C N CIF 15 Pagamento fretes e carretos de produtos vendidos. D S 16 Pagamento juros de mora sobre duplicatas. D S 17 Pagamento, no banco, taxas referente a talões de cheques. D S 18 Compra de uma tela a óleo da pintora Sonia Geni, à vista. I S 19 Apropriação para a fábrica de parte dos honorários da diretoria. C N CIF 20 Pagamento, refeições do pessoal da área de vendas. D S 2. a) Os elementos básicos do custo industrial são os materiais (matéria- -prima e secundários), a mão de obra direta e os Custos Indiretos de Fabricação. b) 1.º exemplo: a madeira é matéria-prima para as empresas fabricantes de móveis. 2.º exemplo: o algodão é matéria-prima para os fabricantes de tecido que, por sua vez, é matéria-prima para as indústrias de confecção de roupas. c) Para fabricar móveis que usa a madeira como matéria-prima, há neces- sidade de utilização materiais secundários, a saber: parafusos, pregos, cola, tinta. 3. Gastos gerais de fabricação (R$) Seguros contra incêndio 2.100,00 Imposto predial 2.400,00 Iluminação do prédio 2.100,00 Depreciação do edifício 2.400,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 36 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Gastos gerais de fabricação (R$) Mão de obra indireta 2.100,00 Total 11.100,00 Custos diretos (R$) Mão de obra direta 2.400,00 Matéria-prima 3.850,00 Total 6.250,00 4. Custos diretos (R$) Matéria-prima 1.000,00 Mão de obra direta 500,00 Total 1.500,00 Custos Indiretos de Fabricação (R$) Manutenção da fábrica 80,00 Energia elétrica das máquinas 220,00 Depreciação da fábrica 100,00 Materiais indiretos 350,00 Seguros da fábrica 120,00 Mão de obra dos supervisores 700,00 Total 1.570,00 Custo da produção (R$) Custos diretos 1.500,00 Custos Indiretos de Fabricação 1.570,00 Custos da produção 3.070,00 5. Item A: a matéria-prima e a mão de obra são custos. Logo, questão prejudicada. Item B: material direto é custo. Logo, questão prejudicada. Item C: tanto seguros da fábrica como material direto são custos. Logo, questão prejudicada. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 37 Introdução à Contabilidade de Custos e aos conceitos de custos Idem D: matéria-prima e seguros da fábrica são custos. Logo, questão prejudicada. Item E: honorários da diretoria e fretes nas vendas são despesas. Assim, esta é a resposta correta. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 39 Esquema básico da contabilidade de custos Introdução Desde o início do século XVIII houve um fenômeno que acabou por modificar a economia do mundo inteiro. Neste momento, especificamente na Inglaterra, começavam a ocorrer mudanças que iriam substituir todo o processo de esforço humano pelo trabalho das máquinas, substituindo o tra- balho manual pelo industrial. Dessa forma, houve a mudança da economia, antes baseada no modo rural e que começou a se transformar rapidamente em uma economia urbana e que tinha a ampla utilização de máquinas. Já no século XIX, o processo iniciado no século anterior foi finalmente denominado de Revolução Industrial, esse processo teve como marco o termo Marxismo criado por Engels e Marx. A partir desse momento, a mudança do trabalho artesanal e simplificado para a forma industrial alavancou o início dos cálculos dos custos da produção. Contabilidade Financeira e de Custos A Contabilidade Financeira registra, de forma geral, todos os fatos ocorridos em uma determinada entidade. Além disso, uma das principais preocupações dessa contabilidade é com a materialização da captação de recursos e sua transformação em fatores produtivos. Além disso, a contabi- lidade Financeira ou Geral é aquela que deverá obrigatoriamente seguir os preceitos dos Princípios de Contabilidade, bem como as exigências legais e societárias. Já a contabilidade de custos tem em sua natureza a finalidade gerencial, incorporando em seus conceitos os princípios de economia, administração e outras ciências que permitem o auxílio à tomada de decisão. Dessa forma a contabilidade financeira seria a base para a contabi- lidade de custos que é essencial para a tomada de decisões, ou seja, é fer- ramenta obrigatória para a contabilidade gerencial, que é o processo de Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 40 Esquema básicoda contabilidade de custos identificar, mensurar, acumular, analisar, preparar, interpretar e comunicar informações que auxiliem os gestores a atingir os objetivos organizacionais. Assim segue um comparativo entre os dois tipos de contabilidade: Quadro 1 – Comparativo entre a Contabilidade Gerencial e a Financeira Contabilidade Gerencial Contabilidade Financeira Objetivos Facilitar o planejamento, controle, avaliação de desempenho e tomada de decisões pelos usuários internos (sócios e gestores). Facilitar a análise financeira dos usuários externos. Usuários primários Gestores da organização em vários níveis. Usuários externos, como inves- tidores e agências governamen- tais, mas também gestores das organizações. Liberdade de escolha Sem restrições, exceto custos em relação a benefícios das melhores definições gerenciais. Regida pelos princípios de Contabilidade geralmente aceitos. Implicações compor- tamentais Preocupação com a influên- cia que as mensurações e os relatórios exercerão sobre o comportamento cotidiano dos gestores. Preocupação em mensurar e comunicar fenômenos econômi- cos. As considerações comporta- mentais são secundárias, embora a compensação dos executivos baseada em relatos possa ter impacto em seu comportamento. Enfoque de tempo Orientação para o futuro: uso formal de orçamentos, bem como de registros históricos. Exemplo: o orçamento de 20X2 comparado com o desempenho real de 20X1. Orientação para o passado: avaliação histórica. Exemplo: o Desempenho real de 20X2 com- parado com o desempenho real de 20X1. Horizonte de tempo Flexível, com uma variação que vai de horas a 10 ou 15 anos. Menos flexível: geralmente um ano ou um trimestre. Relatórios Detalhado; preocupam-se com detalhes de partes da entidade, produtos, departamentos, territórios etc. Resumidos, preocupam-se pri- meiramente com a entidade como um todo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 41 Esquema básico da contabilidade de custos Contabilidade Gerencial Contabilidade Financeira Tipos de relatórios Orçamentos, relatórios de de- sempenho, de custos e outros não rotineiros para facilitar a to- mada de decisões, elaborados de forma detalhada, com espe- cificidades de partes da enti- dade, como produtos, departa- mentos etc. e liberdade quanto à forma de elaboração. BP, DRE, DLPA (DMPL), DFC e DVA, conforme os moldes legais, elaborados de forma resumida, preocupando-se precipuamente com a entidade como um todo. Delineamento das atividades Campo de ação se define com menor precisão. Uso mais in- tenso de disciplinas como eco- nomia, ciências de decisão e comportamentais. Campo de ação se define com maior precisão. Menor uso de disciplinas afins. Bases de mensuração Várias bases (moeda corrente, estrangeira – moeda forte, medidas físicas etc.). Moeda corrente. Arcabouço técnico e teórico Ciência Contábil, Economia, Finanças, Estatística, pesquisa operacional e comportamental etc. Ciência Contábil. Assim, observa-se que a diferença entre a Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial pode ser analisada em diversos aspectos. No que diz respeito aos objetivos, a contabilidade gerencial, mediante informações fornecidas pela contabilidade de custos, permite o planejamento e auxilia no processo de tomada de decisão dos usuários internos representados pelos gestores, já a contabilidade financeira facilita a análise financeira dos usuários externos, que podem ser representados por investidores, governo, entre outros. Além disso, são observados os aspectos com relação à liberdade que a Contabilidade Gerencial possui, apenas limitada por aspectos relativos ao custo para obtenção da informação, enquanto a Contabilidade Financei- ra precisa obedecer aos Princípios de Contabilidade. O aspecto gerencial também tem implicação na questão comportamental, uma vez que se ocupa da observação desses aspectos com relação aos gerentes, enquanto a Con- tabilidade Financeira apenas observa questões comportamentais de forma secundária, dando ênfase aos fenômenos econômicos. Uma vez que a Contabilidade de Custos permite que sejam feitas inferências ao futuro, a Contabilidade Gerencial também tem esse foco, permitindo a ampla utilização de orçamentos. A Contabilidade Financeira, (P A D O VE ZE , 2 01 0. A da pt ad o. ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 42 Esquema básico da contabilidade de custos por sua vez, observa o aspecto histórico das informações, ou seja, passado, comparando o desempenho de um período com o período passado. No caso da Contabilidade Financeira os relatórios são aqueles apresentados por lei, como por exemplo, Balanço Patrimonial. Demonstração do Resultado do Exercício entre outras que são utilizadas para as decisões, em sua maioria, dos usuários externos. Já na Contabilidade Gerencial existem relatórios mais detalhados e voltados para as necessidades dos usuários internos, como por exemplo, orçamentos, relatórios de desempenhos e outros que sirvam de apoio na tomada de decisão. A Contabilidade Gerencial utiliza os aspectos da Contabilidade de Custos, que se favorece de vários tipos de ciências para sua plena atuação, com o uso de disciplinas de economia, ciências da decisão e outras, contrastando com a Contabilidade Financeira, que tem um campo de atuação preciso e sem utilização de várias disciplinas. As bases de mensuração na Contabilidade Gerencial são várias, uma vez que para a tomada de decisão podem ser usadas diversas moedas para comparação, o que não ocorre na Contabilidade Financeira, que utilizada, obrigatoriamente, a moeda corrente do país, ou seja, o real. Por fim, a base da Contabilidade Gerencial, conforme explanados anteriormente, é a Conta- bilidade de Custos, além da Ciência Contábil, Economia, Finanças e outras. Em contrapartida, a Contabilidade Financeira tem como principal base a Ciência Contábil e suas regras. Dessa forma foi possível diferenciar a Contabilidade Gerencial da Contabilidade Financeira e apresentar como a Contabilidade de Custos está inserida nesse contexto. Contabilidade de Custos Pode-se dizer que a contabilidade de custos é uma parte da ciência contábil que se dedica ao estudo dos gastos efetuados para a obtenção de um bem de venda ou consumo, podendo este ser na forma de produto, mercadoria ou serviço. A contabilidade de custos é o ramo da função financeira responsável pela acumulação, organização, análise e interpretação dos custos dos produtos e serviços, bem como componentes da organização, do plano operacional e das atividades necessárias para a determinação do lucro. Além disso, Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 43 Esquema básico da contabilidade de custos pode-se afirmar, em relação à contabilidade de custos, que esta controla as operações e auxilia o administrador no processo de tomada de decisão. Para Megliorini (2002), os custos devem ser determinados a fim de atingir como principais objetivos a determinação do lucro, o controle das operações e a tomada de decisões. Objetivos da contabilidade de custos Nascida durante a Revolução Industrial (séculos XVIII e XIX), a Contabili- dade de Custos teve sua origem na necessidade da avaliação dos estoques das empresas industriais (MARTINS, 2003). Com a revolução industrial, as primeiras fábricas começaram a pôr em prática alguns dos conceitos que são universais e utilizados até os dias atuais. Essas máquinas exigiam que existisse uma nova forma de gerenciar os negó- cios, devido à produção em larga escala, que impulsionava a sociedade e era impulsionada pela concorrência. Inicialmente, os comerciantes apuravam o resultado do exercício, ou seja, o quanto havia sobrado de suas vendas, quando as comparavam com o Custo das Mercadorias Vendidas (CMV), o que gerava o lucrobruto. Desse valor, eram deduzidas as demais despesas. Tal raciocínio ainda é utilizado atualmente pelos contadores. A seguir, o cálculo do resultado de maneira simplificada. Cálculo do resultado (+) Receita com Vendas (–) Custo das mercadorias vendidas (=) Lucro bruto (–) despesas administrativas (–) despesas financeiras (=) Lucro/Prejuízo Na atividade comercial, o CMV tinha fácil identificação, pois seu valor era composto pelo valor pago pela mercadoria, mais os tributos não compen- sáveis, mais fretes e seguros. No caso de variação de estoque, é possível a utilização da seguinte fórmula que auxilia no encontro do CMV: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 44 Esquema básico da contabilidade de custos CMV = EI + C– EF FIM Tal fórmula evidencia a apuração do estoque, sendo que EI é o Estoque Inicial de Mercadorias; C representa as compras durante o período em que o CMV está sendo apurado e, finalmente, EF designa o Estoque final de mer- cadorias do período. Assim é possível, de forma simples, apurar o Custo das Mercadorias do período. Já no segmento industrial, tal sistemática simplificada não pode ser utili- zada, uma vez que, para o cálculo do custo, é preciso considerar que o fabri- cante compra os materiais, transforma-os, paga a mão de obra que trabalha em sua elaboração e ainda consome outros recursos, como por exemplo: água, energia elétrica, entre outros, na obtenção desse bem para a venda final. Dessa forma, a partir da Revolução Industrial, a Contabilidade de Custos evoluiu, passando a gerar informações não só para controle, mas também para o planejamento e tomada de decisão. De forma resumida os principais objetivos da contabilidade de custos são: Possibilidade de avaliação dos estoques, para que seja atendida a legislação comercial e fiscal; Demonstrar o custo do produto vendido (CPV) ou da Mercadoria Vendida (CMV) ou do Serviço Prestado (CSP); Servir de auxílio ao processo de tomada de decisão, aliado da contabi- lidade gerencial; Servir como base para que sejam preparados orçamentos e projeções. A contabilidade de custos é necessária em todos os setores produtivos em que se deseja conhecer o custo de determinado produto ou serviço, para que, com isso, sejam tomadas inúmeras decisões. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 45 Esquema básico da contabilidade de custos Ciclo Básico da Contabilidade de Custos Para que a contabilidade de custos cumpra a sua função, que é apurar o valor final de determinado produto ou serviço, é necessário que sejam segui- dos alguns passos: 1.º Passo – A separação entre custos e despesas, sendo necessário co- nhecer a diferença entre ambos. No caso do primeiro conceito – custos – são gastos que ocorrem dentro da fábrica ou que estão envolvidos na presta- ção de um determinado serviço ou para a obtenção de determinada receita. Como exemplos de custos, é possível apontar os gastos com matéria-prima, mão de obra e custos indiretos de fabricação. Já o conceito de despesa apresenta gastos necessários à obtenção de re- ceita, mas que não ocorrem durante o processo produtivo ou a prestação de serviços. Como exemplo de despesas é possível apontar os gastos com ener- gia elétrica da parte administrativa assim, como o material de expediente, fretes utilizados na entrega de produtos, entre outros que não ocorrem no processo fabril ou de prestação de serviços. Para que seja feito o uso eficiente do sistema de custeio que será esco- lhido é necessário fazer a apropriação dos custos diretos. A separação dos custos nessas duas categorias é necessária para que seja evitada ao máximo a arbitrariedade dos custos indiretos de fabricação. 2.º Passo – Apropriação dos custos diretos que, em sua grande maioria, são os custos relativos à matéria-prima e mão de obra, além de outros que forem individualizados, como por exemplo, o caso das embalagens. 3.º Passo – A apropriação (rateio) dos custos indiretos fabricação. Essa apropriação apresenta um componente que é conhecido como arbitrarie- dade e deve-se aos processos feitos para o rateio dos custos indiretos, que nem sempre são claros ou possuem uma base científica ou ainda justificável que possa ser utilizada. Por mais que seja impossível evitar essa arbitrariedade na distribuição dos custos indiretos de fabricação é extremamente necessário que o gestor conheça a fundo todo o processo produtivo para a diminuição ao máximo da subjetividade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 46 Esquema básico da contabilidade de custos (M EG LI O RI N I, 20 02 ; M A RT IN S, 2 00 3. A da pt ad o. ) CUSTOS RATEIO PRODUTO A PRODUTO B PRODUTO C DESPESAS RESULTADO INDIRETOS DIRETOS ESTOQUES CUSTO PRODUTOS VENDIDOS VENDAS Figura 1 – Esquema básico da Contabilidade de custos. É necessário lembrar que os custos e despesas incorridos num mesmo período só irão para a conta de Resultado desse período caso toda a produção elaborada seja vendida e não haja estoques iniciais e finais. Etapas do processo produtivo As etapas do processo produtivo seguem diferentes raciocínios de acordo com atividade, seja ela de industrialização ou de prestação de serviço, e também dependem muito do tipo de produto que está sendo fabricado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 47 Esquema básico da contabilidade de custos De maneira genérica pode-se afirmar que os principais componentes envolvidos no processo produtivo são: os materiais, a mão de obra e os custos indiretos de fabricação. No caso dos materiais diretos podem existir duas divisões: Matéria-prima – substância bruta e principal que entra na composi- ção de um produto de forma preponderante em relação aos outros componentes. Pode-se exemplificar como matéria-prima a madeira utilizada para a fabricação de móveis, o tecido em uma indústria de confecções. Materiais secundários – são aqueles aplicados na produção em meno- res quantidades, se comparados à matéria-prima. Eles são adiciona- dos ao produto juntamente com a matéria-prima, complementando-a ou ainda fazendo parte do acabamento. Nessa categoria entram, por exemplo, o verniz para o caso de uma indústria moveleira, ovos, açúcar e sal no caso da fabricação de bolos ou biscoitos. Materiais auxiliares – são todos os materiais necessários ao processo de fabricação, mas que não entram na composição do produto. Se for considerada a indústria de produção de móveis temos como exemplo lixas e pincéis, já para a fabricação de pães e bolos podem ser conside- radas as formas, a manteiga, entre outros. Materiais de embalagens – são aqueles materiais utilizados para acon- dicionar os produtos, como plásticos ou papéis. Em uma primeira etapa no processo produtivo serão aplicados os mate- riais que são os componentes necessários para o início da produção. Já na segunda etapa do processo de produção é necessário considerar a mão de obra, que será o esforço necessário para a transformação da maté- ria-prima no produto final. Também deverão ser considerados como gastos com mão de obra os benefícios como cestas básicas, vale-transporte, além de vale-refeição, previdência social, FGTS entre outros. A mão de obra pode ser direta ou indireta, sendo que a segunda catego- ria deverá ser atribuída aos produtos mediante o uso de rateios, uma vez que esses funcionários não podem ser alocados de forma objetiva aos produtos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 48 Esquema básico da contabilidade de custos Existe também a ocorrência dos gastos gerais de produção, que são co- nhecidos como custos indiretos de fabricação, entram nessa categoria o seguro, depreciação, energia elétrica entre outros. Dependendo do tipo do processo industrial,podem existir várias etapas antes da conclusão do processo produtivo, que podem incluir áreas de corte, moldagem, pintura e outras. Exemplo de processo produtivo: indústria cerâmica No caso da indústria cerâmica o processo inicia com a preparação da massa, que seria caracterizada como matéria-prima. Em uma segunda etapa entraria a prensagem e preparação dessa massa para que sejam moldadas as peças. Após isso é feita a secagem das peças que estão prontas para passar pela esmaltação. Posteriormente existe a queima da peça, e é nesse momento que a peça adquire qualidades como resistência e baixa absorção, ocorrendo a determinação da cor das peças. Depois disso é feita a escolha das peças, separando aquelas que estão em perfeito estado daquelas que possuem eventuais defeitos. Então há a prepa- ração dos esmaltes e tintas que servirão para impermeabilizar e aumentar a resistência ao desgaste. O controle de qualidade estará presente durante todas as etapas do processo produtivo, sendo que na fase final os produtos estão liberados para a expedição. A última etapa é a expedição, em que é realizado o controle físico de produtos acabados, havendo a transferência dos produtos de dentro do estoque para facilitar a operação de separação, o armazenamento e embarque para a venda dos produtos para o mercado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 49 Esquema básico da contabilidade de custos Trabalhando o filme Tempos Modernos (SOUSA, Rainer. Adaptado.) No estudo da Revolução Industrial, vários historiadores salientam que tal experiência foi responsável por uma profunda transformação nas formas de se organizar as relações de trabalho. Em linhas gerais, procura-se destacar que a figura do artesão foi substituída pela do operário, que vendia a sua força de trabalho em troca de uma determinada compensação monetária. Nessa nova configuração, o trabalhador fabril não tinha mais noção de quanto era o valor da riqueza produzida por sua força de trabalho. Segundo a teoria dos pensadores Karl Marx e Friendrich Engels, o operário recebia um salário que era insignificante se comparado ao valor da riqueza produzida por ele ao longo de um único mês de trabalho. Dessa forma, estava necessaria- mente submetido a uma lógica de exploração sistemática. Para que tal desconhecimento fosse viável, segundo esses dois mesmos teóricos, a especialização do trabalho era um pressuposto indispensável. Sob tal vigência, o operário desconhecia o valor do seu trabalho no momento em que desempenhava uma função isolada do processo global de fabricação de um determinado bem material. Com isso, ele não sabia quantificar em dinheiro o valor que sua contribuição influía na concepção de uma mercadoria industrializada. Assistindo a uma parte do filme “Tempos Modernos”, de 1936, é possível ver a inadaptabilidade de Chaplin ao ritmo da esteira. Simboliza a submissão do homem ao ritmo imposto pela máquina. Ao mesmo tempo, no momento em que ele sai do ambiente de trabalho reproduzindo o mesmo movimento realizado na esteira fabril, mostra como a especialização do trabalho impõe uma repetição que anula completamente o significado do trabalho em sua vida. Em outros termos, o homem se transforma em uma mera extensão da máquina. Mesmo sendo bastante cômicas as situações encenadas em “Tempos Mo- dernos”, podemos ver que o riso provocado no filme está atrelado a uma forte e consciente mensagem que desafiou a lógica do trabalho industrial. Ampliando seus conhecimentos Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 50 Esquema básico da contabilidade de custos Atividades de aplicação 1. Qual fato pode ser considerado o marco do início da contabilidade de custos? 2. Como pode ser definida a contabilidade de custos? 3. Quais os principais objetivos da contabilidade de custos? 4. Qual é o ciclo básico da contabilidade de custos? 5. Quais os principais elementos envolvidos no processo produtivo? Referências MARTINS, Eliseu, Contabilidade de Custos. 1945 . - 9. ed. - São Paulo: Atlas, 2003. MEGLIORINI, Evandir. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 2002. PADOVEZE. Clóvis Luis. Contabilidade Gerencial: um enfoque em Sistema de Informação Contábil. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2010. PORTOBELLO. Disponível em: <www.portobello.com.br/pt_BR/empresa/116562>. Acesso em: 23 set. 2012. SOUSA, Rainer. Trabalhando o Filme Tempos Modernos. Disponível em: <http:// educador.brasilescola.com/estrategias-ensino/trabalhado-filme-tempos-moder- nos.htM>. Acesso em: 4 out. 2012. Gabarito 1. A Revolução Industrial. 2. Pode-se dizer que a contabilidade de custos é uma parte da ciência contábil que se dedica ao estudo dos gastos efetuados para a obtenção de um bem de venda ou consumo, podendo este ser na forma de produto, mercadoria ou serviço. 3. Possibilidade de avaliação dos estoques, para que sejam atendidas a legislação comercial e a fiscal; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 51 Esquema básico da contabilidade de custos Demonstrar o custo do produto vendido (CPV) ou da Mercadoria Vendida (CMV) ou do Serviço Prestado (CSP); Servir de auxílio ao processo de tomada de decisão, aliado da contabi- lidade gerencial; Servir como base para que sejam preparados orçamentos e projeções. 4. Separação entre custos e despesas; Apropriação dos custos diretos; apropriação ou rateio dos custos indiretos. 5. Materiais, mão de obra e custos indiretos de fabricação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 53 Materiais como componentes de custos Introdução Os custos devem refletir a empresa e, dessa maneira, quanto mais estru- turada ela for, melhores serão os resultados obtidos. Hoje, o administrador apura custos para atingir dois objetivos: atender às normas e exigências legais, tanto societárias como tribu- tárias; conhecer os custos para a tomada correta de decisões e exercer o controle. Um dos aspectos mais complexos para o administrador prende-se à apu- ração e determinação dos custos dos materiais que permanecem nos esto- ques, não só por ser um ativo significativo, mas também pelo fato de que sua determinação por um ou outro valor tem reflexo direto na apuração do resultado do exercício. Para o correto entendimento dos custos relativos a materiais, o capítulo descreve, inicialmente, o processo de fabricação com a finalidade de demonstrar os elementos que compõem o custo dos materiais. Materiais são classificados no ativo de uma empresa. Decorre, em conse- quência, a necessidade de estabelecer critérios de avaliação dos materiais. Esses materiais podem estar em seu estado natural, ou compondo os pro- dutos que estão em elaboração ou, ainda, agregados aos produtos acaba- dos. Por isso, o capítulo apresenta os critérios de avaliação dos estoques. Processo de fabricação Processo de fabricação compreende as atividades, tarefas, etapas ou fases necessárias para a obtenção dos produtos, incluindo todas as ativida- des operacionais através dos equipamentos e dos utensílios necessários à Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 54 Materiais como componentes de custos execução das atividades e tarefas. Por exemplo, ao fazer um bolo, a estrutura do produto estará representada pelos ingredientes e o processo de fabrica- ção é o modo de preparar. O processo de fabricação é também denominado roteiro de fabricação, ou seja, o conjunto de roteiros de fabricação representa o processo de fabri- cação de um produto ou parte do produto. A avaliação dos roteiros de fabricação, para uma grande maioria de empresas e produtos, tem como base o tempo despendido em cada um dos processos ou fasesde produção. Podemos ter também em alguns casos, como medida de avaliação dos roteiros, o volume processado de matéria- -prima ou do produto. A engenharia da fábrica fornece os dados físicos e quantidades possíveis que são obtidos no sistema de processo de fabricação; o sistema de fabri- cação é totalmente integrado com o sistema de estrutura do produto. Em linhas gerais, cada produto, conjunto, subconjunto, parte ou peça constante da estrutura do pro duto tem associado a ele um roteiro de produção, apre- sentando todos os passos necessários, assim como, tempo para todas as ati- vidades produtivas, sejam de mão de obra direta e dos equipamentos utili- zados nos processos. Dentro de uma cadeia produtiva, um produto fabricado por uma empresa poderá ser matéria-prima para outra empresa. O parafuso, por exemplo, é um produto da siderurgia, porém, matéria-prima para o setor moveleiro. A figura fornece um exemplo completo da cadeia produtiva de um setor têxtil. Do algodão se produz o fio. W ik ip éd ia . W ik ip éd ia . O agricultor utilizando tecnologia (gastos de capital) e trabalho produz algodão. W ik ip éd ia . A economia clássica elege três principais recursos, ou meios de produção: a terra, o capital e o traba- lho. Da terra é extraída a matéria-prima para iniciar o ciclo de produção. D ig ita l J ui ce . Figura 1 – Cadeia produtiva. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 55 Materiais como componentes de custos Para o agricultor, o algodão é um produto, porém, para um fabricante do produto “tecidos” o algodão é uma matéria-prima. Já o tecido é matéria- -prima para o fabricante do produto “jeans”, com se vê na figura 2. Os fios de algodão se transformam em tecido e o tecido em roupa. Is to ck ph ot o. Co re l I m ag e Ba nk . Figura 2 – Confecção de tecido e roupas. Elementos do custo dos materiais O material é um dos fatores básicos na formação do custo de produção, constituindo-se no único elemento concreto que pode ser fisicamente reco- nhecido no produto acabado, uma vez que os demais (mão de obra e indire- tos) nele se incorporam como elementos financeiros. São elementos constitutivos do custo dos materiais aqueles normalmente identificados pela documentação de compra: embalagem, transporte, seguro e impostos não recuperáveis. Pode-se, em decorrência, afirmar que a regra básica é “[...] que todos os gastos incorridos para a colocação do ativo em condições de uso ou em condições de venda incorporam o valor desse mesmo ativo” (MARTINS, 2003, p. 126). Se os impostos forem recuperáveis eles serão deduzidos da aquisição dos materiais para serem lançados em contas específicas relativas a direi- tos a recuperar. A palavra materiais, portanto, envolve qualquer produto diretamente identificável com o novo produto que será elaborado e que se torne parte integrante deste. Algumas definições, se fazem necessárias. Insumos são todos os materiais necessários no processo de produção de bens e serviços. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 56 Materiais como componentes de custos Suprimentos são todos os materiais necessários ao preenchimento das condições de funcionamento das instalações e equipamentos. Produtos são o resultado da transformação de bens e serviços em outros bens e serviços. Mercadorias são bens adquiridos pela empresa, para revenda, sem transformação. Métodos de controle dos inventários Existem dois métodos de controle de inventários: Sistema de custo simplificado – Inventário Periódico. Sistema de custo unitário – Inventário Permanente. Sistema de custo simplificado – Inventário Periódico A fórmula técnica para se obter o custo simplificado é Custo das Mercadorias Vendidas = Mercadorias Disponíveis para a Venda – Estoque Final CMV = MDV – EF Mercadorias Disponíveis para a Venda são: Estoque Inicial + compras + fretes e carretos + seguros + impostos não recuperáveis + transferências de filiais Nesse sistema, a determinação do resultado das operações dependerá sempre do levantamento do valor do estoque existente ao final de determi- nado período. O inventário de mercadorias existentes em estoque no final do exercício, para as empresas que se utilizam do sistema de custo simplificado, será a única informação que se terá para definir o Estoque Final. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 57 Materiais como componentes de custos Será indispensável, portanto, que ele seja um retrato fidelíssimo do saldo real do estoque e deverá, evidentemente, preceder ao levantamento do Balanço Patrimonial. Esse inventário é efetuado através da contagem física dos elementos que compõem o estoque de mercadorias no final de cada período administrativo ou período contábil. Sistema de custo unitário – Inventário Permanente É o sistema que se realiza através do inventário permanente de merca- dorias, ou seja, registrando as mercadorias toda vez que houver entrada e dando baixa da mercadoria toda vez que ela é vendida. Dessa forma, após cada operação de venda e sua contabilização, tem-se tanto a Receita de Vendas como o Custo das Mercadorias Vendidas com seus valores atualizados e acumulados, refletindo o valor exato do estoque. É evidente que, controlando fisicamente os componentes do estoque a cada nova entrada, em decorrência das mutações de preços, haverá também uma alteração no valor daqueles estoques que estiverem registrados. As entradas e as saídas constituem em si mesmas operações distintas que requerem registro e controle eficazes. Os efeitos opostos desse duplo movimento incidem por sua vez sobre os estoques de materiais, imprimindo-lhes uma variação constante. Essa dinâmica impõe à administração a necessidade de manter um registro confiável dos materiais disponíveis, seja para efeito de inventário, seja para a evidência pronta das disponibilidades de atendimentos dos consumos da empresa. Estoques Os estoques representam um dos ativos mais importantes do capital circulante, ou capital de giro, e da posição financeira da maioria das empresas. Somente com a correta determinação no início e no fim do período contábil é que se consegue apurar adequadamente o lucro do Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 58 Materiais como componentes de custos período. Os estoques estão ligados às principais áreas de operação das empresas e envolvem problemas de administração, controle, contabilização e principalmente de avaliação. Em uma indústria existem inúmeros itens de estoques. Os usualmente utilizados são os seguintes: Produtos acabados – representam aqueles produtos já terminados e oriundos da própria produção da empresa e disponíveis para venda. Estão estocados na fábrica, em depósitos, em filiais ou ainda com terceiros em consignação. Produtos em elaboração – representam o valor das matérias-primas já requisitadas e que estão em processo de transformação mais os outros custos diretos e indiretos relativos à produção não concluída na data do balanço. Matérias-primas – são constituídas dos materiais mais importantes e essenciais que sofrem transformação no processo produtivo. Nor- malmente representam um valor significativo em relação ao total dos custos de produção. Materiais de acondicionamento e embalagem – referem-se a todos os itens de estoque que se destinam à embalagem do produto ou ao seu acondicionamento. Materiais auxiliares – são os materiais que têm como características não terem uma representação significativa no valor global do custo de produção e a dificuldade de ser identificados fisicamente no produto. Materiais de manutenção e suprimentos gerais – são os materiais para manutenção de máquinas, equipamentos, edifícios etc. Importação em andamento – engloba os custos já incorridos,relati- vos a importações em andamento e às próprias mercadorias em trân- sito, quando a condição de compra é FOB (Free On Board), no ponto de embarque, pelo exportador. Adiantamentos a fornecedores – são os adiantamentos financeiros efetuados pela empresa a fornecedores, vinculados a compras especí- ficas de materiais que serão incorporados aos estoques quando ocor- rer seu efetivo recebimento. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 59 Materiais como componentes de custos Almoxarifado – engloba todos os itens de estoque de consumo geral, podendo incluir produtos de alimentação do pessoal, materiais de escritório, ou seja, itens que são comprados em grande quantidade e que serão consumidos no decorrer de determinado período. Provisão para redução ao valor de mercado – destina-se a registrar, diminuído os estoques, o valor dos itens de estoques que estiverem a um custo superior ao valor de mercado. Provisão para perdas em estoques – destina-se, também reduzindo seu valor, a registrar as perdas conhecidas e calculadas por estimativa, relativas a estoques morosos ou obsoletos e as diferenças entre a quantidade contabilizada e a existente fisicamente. Podemos também ter materiais indiretos comprados e requisitados para utilização no processo fabril, sem, contudo, fazerem parte do produto, ou seja, não constam da estrutura do produto. São materiais necessários para auxiliar o processo produtivo, tanto para utilização pelo pessoal envolvido nos processos e atividades industriais como para os equipa mentos utilizados nos processos diretos e nas atividades indiretas. Por exemplo, materiais consumidos para conservação e manutenção dos equipamentos, mate- riais consumidos para conservação e manutenção dos imóveis, materiais indiretos consumidos utilizados pelo pessoal envolvido nas operações e atividades industriais. Critérios de avaliação dos estoques Segundo a Lei das S/A (Lei 6.404/76)1, Art. 183. No balanço, os elementos do ativo serão avaliados segundo os seguintes critérios: [...] II. os direitos que tiverem por objeto mercadorias e produtos do comércio da companhia, assim como matérias-primas, produtos em fabricação e bens em almoxarifado, pelo custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-la ao valor de mercado, quando este for inferior. [...] O custo dos estoques de produtos em processo e acabados na data do balanço deve ser feito pelo “custeio real por absorção”, ou seja, deve incluir: os custos dos materiais utilizados na produção e determinados pela aquisição ou pelo custo médio das aquisições; 1 A Lei das Sociedades por Ações instituiu, dentre outras coisas, a classificação de contas e os critérios de ava- liação de ativos e passivos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 60 Materiais como componentes de custos 2 A legislação tributária brasileira admite que os es- toques sejam avaliados so- mente pelo preço específico, do custo médio ponderado móvel ou a dos bens adquiri- dos mais recentemente (FIFO ou PEPS). os custos da mão de obra direta incluindo salários do pessoal que tra- balha diretamente na fabricação do produto, adicionados dos respec- tivos encargos sociais, trabalhistas e previdenciários; os gastos gerais de fabricação, ou custos indiretos de fabricação, in- cluindo todos os demais custos incorridos na produção (inspeção, ma- nutenção, almoxarifado, supervisão, administração da fábrica, depre- ciação, energia, seguros etc.). Na nota fiscal que documenta a aquisição de materiais são identificados diversos itens de custo. É possível, porém, que custos de embalagem, transporte e seguro não constem na nota fiscal. Todos esses custos devem integrar o valor de aquisição. No caso de importações de materiais, devem ser adicionados ao custo da aquisição o imposto de importação, os custos alfandegários e outras taxas. Relativamente aos tributos, são necessárias as seguintes considerações: ICMS, PIS e COFINS – se esses tributos não forem recuperáveis, deve- rão integrar o custo de aquisição. Contudo, se forem fiscalmente recuperáveis não deverão fazer parte dos estoques e sim de uma conta que represente um direito a recuperar. IPI – se esse imposto não for fiscalmente recuperável, deverá integrar o custo do produto; se recuperável fiscalmente, não integrará o custo e será lançado em conta que represente um direito a recuperar. II – o Imposto de Importação, por não ser recuperável, faz parte do custo do material. Todo o material transferido do almoxarifado para a fabricação deve ser baixado pelo respectivo custo, isto é, pelo valor que prevaleceu na sua entrada. Na prática, porém, observa-se que os preços não são constantes, mas sujeitos a contínuas variações através de altas e baixas resultantes do jogo de mercado, em que atuam os mais variados fatores da oferta e procura, da inflação etc. É oportuno lembrar que, pelas suas características, a administração de custos está inserida na Contabilidade Gerencial, permitindo-se, em decor- rência, desviar-se dos princípios que regem a Contabilidade Financeira2. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 61 Materiais como componentes de custos Dois métodos existem, geralmente, para resolver as dificuldades decor- rentes da variação de preços do material (CAMPIGLIA, 1994, p. 71-74): método do esgotamento progressivo dos lotes individuais; método do preço médio. Método de esgotamento progressivo O método do esgotamento consiste em manter separados os lotes de materiais de preços diferentes, imputando a saída a cada um, segundo a su- cessão cronológica das entradas e a identidade dos preços corresponden- tes. A sucessão cronológica pode ser progressiva ou regressiva, isto é, impu- tar as saídas aos primeiros lotes entrados ou aos últimos da série, como se vê na figura 3. Saída progressiva Entradas Saída regressiva 3 ago. 30kg a R$300,00 20 ago. 150kg a R$320,00 12 set. 150kg a R$350,00 Figura 3 – Representação de saídas progressivas e regressivas. Se 30 quilos de material são transferidos para a fabricação, o preço unitá- rio de esgotamento poderá ser de R$300,00 ou R$350,00, conforme o método escolhido. Pelo regressivo, até o esgotamento de cada lote individual, os preços unitários para as saídas serão de R$350,00, R$320,00 e R$300,00, sucessiva- mente. Progressivamente, a sequência dos diferentes preços será invertida. Tais métodos são conhecidos por seus nomes de origem americana: FIFO - first in first out ou PEPS – primeiro que entra, primeiro que sai; LIFO - last in first out ou UEPS – último que entra, primeiro que sai. Sobre a oportunidade ou conveniência de se optar por um ou por outro método, a decisão há que ser ponderada sobre os respectivos efeitos diante da conjuntura dos preços e, paralelamente, em face da incidência do método na formação e na apuração do lucro do exercício. O LIFO é realístico no sen- tido de que permite apurar custos de produção em conformidade com os preços correntes, pois o valor da matéria-prima integrada no produto está Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 62 Materiais como componentes de custos sempre mais próximo dos preços atuais e mais concordante com o problema da permanente reposição dos estoques. Em regime inflacionário, esse método é mais recomendável. Obviamente, invertendo-se a conjuntura e se os preços forem descendentes, o FIFO pro- duzirá melhores resultados, visto que os lotes ascendentes são os de preço unitário mais elevado. Custo médio móvel e custo médio ponderado de final do período O método do preço médio móvel de custeamento das requisições con- siste em se apurar a média ponderada dos preços de custo das quantidades de cada lote individual que entram na formação do saldo único do material,determinando um novo custo médio depois de cada compra. Pelo método de custo médio ponderado de final de período, os materiais entregues à produção durante um mês são custeados ao custo unitário médio ponderado (valor total dividido pelo total de unidades) no fim do mês anterior. Como os custos unitários médios ponderados no fim do mês precedente estão disponíveis, durante o mês corrente, para o custeio das requisições, esse método pode ser utilizado tanto com o sistema de inventário permanente como o de inventário periódico. O método do custo médio é o mais utilizado no Brasil, evitando o con- trole de custos por lotes de compras, como nos métodos anteriores. Esse método foge dos extremos, dando como custo de aquisição um valor médio das compras, como se observa na tabela 1. Tabela 1 – Apropriação do valor médio dos estoques Descrição Quantidade Unit. (R$) Total (R$) Custo médio (R$) Aquisição 30 300,00 9.000,00 Aquisição 150 320,00 48.000,00 Aquisição 150 350,00 52.500,00 Totais 330 109.500,00 331,82 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 63 Materiais como componentes de custos Cada unidade saída do estoque será baixada pelo valor de R$331,82, desprezando-se os preços de R$300,00, R$320,00 e R$350,00 de cada lote componente. Tanto o custo das saídas como o Estoque Final terão os valores médios ponderados das compras. Comparação dos três métodos A sucessão cronológica, progressiva ou regressiva, ou o método de custo médio ponderado de final de período, conduzem a um resultado distinto. Considerando os mesmos dados de entradas de produto antes apresen- tado, imagine-se que no dia 13 de setembro sejam vendidas 80 unidades do produto em questão. Se for utilizado o critério de saída progressiva (PEPS), os custos a serem atribuídos aos produtos são os que constam da tabela 2. Tabela 2 – Atribuição de custos pelo critério de saída progressiva Data Entradas Saídas Saldos Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$) Total (R$) 3 ago. 30 300,00 9.000,00 30 300,00 9.000,00 20 ago. 150 320,00 48.000,00 30 300,00 57.000,00 150 320,00 12 set. 150 350,00 52.500,00 30 300,00 109.500,00150 320,00 150 350,00 13 set. 30 300,00 25.000,00 100 320,00 84.500,00 50 320,00 150 350,00 Como se constata, as unidades que primeiro saem serão as que primeiro entraram. Para uma venda de 80 unidades, conforme o previsto dá-se a saída primeiramente do primeiro lote (30 unidades a R$300,00) e a seguir para complementar as 80 vendidas, dá-se a saída de parte do segundo lote (50 unidades a R$320,00). Assim, os materiais que ficam em estoque são avaliados pelos custos das últimas aquisições. Se for utilizado o critério de saída regressiva (UEPS), os custos a serem atribuídos aos produtos são os que constam da tabela 3. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 64 Materiais como componentes de custos Tabela 3 – Atribuição de custos pelo critério de saída regressiva Data Entradas Saídas Saldos Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$) Total (R$) 3 ago. 30 300,00 9.000,00 30 300,00 9.000,00 20 ago. 150 320,00 48.000,00 30 300,00 57.000,00 150 320,00 12 set. 150 350,00 52.500,00 30 300,00 109.500,00150 320,00 150 350,00 13 set. 80 350,00 28.000,00 30 300,00 81.500,00150 320,00 70 350,00 Como se constata, as unidades que primeiro saem serão as que entraram por último. Para uma venda de 80 unidades, conforme o previsto dá-se a saída pri- meiramente do último lote (80 unidades a R$350,00). Assim, os materiais que ficam em estoque são avaliados pelos custos das primeiras aquisições. Se for utilizado custo médio ponderado (CMP), os custos a serem atribuí- dos aos produtos são os que constam da tabela 4. Tabela 4 – Atribuição de custos pelo critério do custo médio ponderado Data Entradas Saídas Saldos Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$) Total (R$) Quant. Un. (R$) Total (R$) 3 ago. 30 300,00 9.000,00 30 300,00 9.000,00 20 ago. 150 320,00 48.000,00 180 317,00 57.000,00 12 set. 150 350,00 52.500,00 330 332,00 109.500,00 13 set. 80 332,00 26.545,00 250 332,00 82.955,00 À medida que as unidades forem adquiridas vão sendo somadas às que existem e é apropriado o custo médio ponderado. As unidades que saem receberão esse custo médio. De outro lado, os materiais que ficam em estoque são avaliados pelos custos médios ponderados. Outros métodos de avaliação dos estoques Os três métodos apresentados são os mais analisados pela literatura contábil-financeira, sendo que o PEPS e o CMP são os mais utilizados pelas empresas brasileiras. Existem, porém, outros métodos para a avaliação de materiais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 65 Materiais como componentes de custos Preço de venda a varejo É uma avaliação pelos valores de entrada, na mesma linha de custo pela média ponderada móvel, apesar de os controles serem a preços de venda. O método, de acordo com Martins (2003, p. 179), também chamado de “valor de mercado”, consiste na apuração do total do estoque a preços de venda, quer através de contagem física ou de controle permanente, valorizando os preços unitários de venda, que são convertidos a valores de entrada mediante a sua multiplicação por quociente médio do custo com relação aos preços de venda a varejo para o período corrente. Essa forma de avaliação representa avaliar os estoques finais aos preços aproximados de custo, pois dos estoques valorizados a preços de venda elimina-se, por totais, a margem de lucro, como se observa na tabela 5. Tabela 5 – Atribuição de custos pelo critério do preço de venda a varejo Data Histórico Quantidade Preço custo Preço venda 12 jan. Estoque inicial 20 R$400,00 R$700,00 3 jan. Aquisições 20 R$600,00 R$900,00 Totais R$1.000,00 R$1.600,00 O custo representa 62,5% do preço de venda: R$1.000,00 = 0,625 R$1.600,00 Dessa maneira, supondo-se uma venda de 10 unidades ao preço de venda de R$400,00, o valor dos estoques será o constante da tabela 6. Tabela 6 – Estoques a preços de custo e a preços de venda Mercadorias Disponíveis para a Venda (MDV) R$1.600,00 (–) Saída por vendas, a preço de venda R$400,00 (=) Estoque Final a preço de venda R$1.200,00 Estoque Final a preço de custo (R$1.200,00 . 0,625) R$750,00 As empresas que possuem controle permanente de estoques têm a sis- temática facilitada por possuírem saldos disponíveis a qualquer momento, sendo as compras registradas a preço de venda, devendo-se, todavia, con- trolar, permanentemente, as remarcações ocorridas nos preços de venda. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 66 Materiais como componentes de custos O método é inadequado àquelas empresas que possuírem percentuais de lucros significativamente diferenciados. Valor de mercado – NIFO Como se viu, o método UEPS (LIFO) é o que mais se aproxima do preço de mercado, pois toma como base o preço da última compra. Embora não admitido pela legislação do Imposto de Renda, em épocas inflacionárias é aquele que mais se aproxima da realidade. O método ideal, porém, sobretudo em economia inflacionária, é o custo a valores de reposição ou NIFO (next in, first out), ou seja, o valor do próximo produto a ser adquirido é aquele que servirá de base para a avaliação dos estoques. Esse método já está sendo amplamente utilizado pelas empresas pecuá- rias, de produção agrícola e de extração mineral. Como a prática já era cor- rente, a Lei das Sociedades Anônimas (art. 183 §4.º), previu essa possibilida- de ao dispor que “os estoques de mercadorias fungíveis destinadas à venda poderão ser avaliados pelo valor de mercado quando esse for o costume mercantil aceito pela técnica contábil3”. O Regulamento do Imposto de Renda (RIR), artigo 2974 (Decreto 3000/99), também se reporta ao assuntoao indicar que “os estoques dos produtos agrícolas, animais e extrativos poderão ser avaliados aos preços correntes de mercado.” Custo específico Significa valorizar cada unidade do estoque ao preço efetivamente pago para cada item especificamente determinado. É usado quando for possível identificar o preço específico de cada unidade, mediante identificação física. Esse critério só é aplicável em alguns casos, em que a quantidade, o valor ou a própria característica da mercadoria ou material o permitam, como no caso de revenda de automóveis. 3 Fungível é uma expressão utilizada para identificar pro- dutos agrícolas, animais e extrativos. 4 Regulamento do Imposto de Renda - RIR, é um conjun- to de leis, decretos, portarias e outros atos normativos que são compilados e sistemati- zados em coletâneas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 67 Materiais como componentes de custos Custo arbitrado De acordo com a legislação fiscal (RIR), somente as empresas que pos- suírem sistema integrado de escrituração poderão avaliar os estoques de produtos em elaboração e produtos elaborados pelo custo de produção por elas apurados. As empresas que não atenderem aos requisitos mínimos para que sua contabilidade seja considerada integrada (plano de contas que segregue os custos de produção, manutenção de inventário permanente, apuração mensal do custeio, dentre outros), terão de avaliar seus estoques com base em critério arbitrado: produtos acabados, por 70% do maior preço de venda do ano. produtos em processo, por 80% do valor dos produtos acabados, apu- rados na forma descrita anteriormente (0,80 . 0,70), ou por 150% do custo das matérias-primas, pelos seus maiores valores pagos. Esse critério é arbitrário e sua imposição, pelo Fisco, objetiva penalizar as empresas que não possuem Contabilidade de Custos adequada, levando- -as a supervalorizar os estoques, gerando maior lucro e maior incidência de Imposto de Renda. Curva ABC O controle dos estoques pode ser feito por meio da classificação dos itens armazenados, destacando os de elevado valor em relação aos demais, apli- cando-se, em decorrência, a classificação ABC. A classificação, ou gráfico de Paretto5, é uma teoria amplamente utilizada na administração e em outras áreas que prega que 20% dos itens são importantes e vitais e os outros 80% são indispensáveis, mas não precisam de tanta atenção. Não existe rigor matemático na definição das classes A, B e C, sendo con- veniente ressaltar que as empresas podem adotar outras formas de classifi- cação, mais adequadas às suas necessidades. 5 Vilfredo Paretto nasceu na Itália em 1848. Dedicou-se ao estudo do comportamento social e da economia polí- tica, atuou como professor na Suíça e produziu vários livros. Foi mentor da chama- da Sociologia Mecanicista, ao definir o sistema social como “um mecanismo produto de forças integradoras e desin- tegradoras em equilíbrio”. Em um estudo, publicado em 1897, Paretto mostra que a distribuição da riqueza não se dava de maneira uniforme, havendo grande concentra- ção de riqueza nas mãos de uma pequena parcela da po- pulação. Ele chegou inclusive a quantificar essa concentra- ção, afirmando que 80% da riqueza estaria concentrada em 20% da população. Esse fenômeno veio posterior- mente a ser chamado de “Regra 80/20”. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 68 Materiais como componentes de custos A curva ABC, no caso de administração de estoques, apresenta resultados da demanda de cada item nas seguintes áreas: Giro no estoque. Proporção sobre o faturamento no período. Margem de lucro obtida. Os itens são classificados como: Classe A – são aqueles produtos cujos estoques apresentam elevado valor relativo de maior importância, valor ou quantidade, correspon- dendo a 20% do total e, portanto, merecem um controle mais rigoroso que os demais. Os inventários podem ser mais frequentes, mensais, semanais ou diários. Classe B – em valores não são tão representativos como os estoques dos itens A, porém, possuem importância, quantidade ou valor intermediá- rio, correspondendo a 30% do total. Podem ser inventariados em uma fre quência menor: mensalmente, trimestralmente ou semestralmente. Classe C – representam estoques que são bastante numerosos em ter mos de itens, porém, pouco representativos em termos de valor. Costuma-se somente inventariá-los no momento do levantamento do balanço. Os parâmetros acima não são uma regra matematicamente fixa, pois podem variar de organização para organização nos percentuais descritos. Conclusão Com o início da era industrial, a administração dos negócios começou a reclamar uma Contabilidade de Custos. A indústria, à medida que se expandia, diversificava a sua produção e experimentava competição crescente, reclamava informações que a Contabilidade Geral, apesar de sua ininterrupta evolução, não podia gerar. Não demorou para que fórmulas fossem estabelecidas para determinar valores dos bens e, como base dessas fórmulas, surgiram métodos cada vez mais criteriosos para a avaliação de inventários. Segundo a maioria dos his- toriadores, foi na necessidade de se atribuir valores aos estoques que teve Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 69 Materiais como componentes de custos início a Contabilidade de Custos propriamente dita, sendo comum ouvir-se dizer que a origem do estudo dos custos empresariais está associada à ava- liação dos estoques. Nas empresas industriais não se pode assumir que existem apenas esto- ques daquilo que é comprado pronto, como a matéria-prima, sendo forçoso admitir que, para a adequada apuração dos resultados de cada período, exis- tem ao menos outros dois estoques: o estoque de produtos em elaboração e o estoque de produtos acabados. As informações geradas pelo controle e avaliação dos estoques devem propiciar aos usuários base segura para as suas decisões, pela compreensão do estado em que se encontra a empresa, seu desempenho, sua evolução, riscos e oportunidades que oferece. Ampliando seus conhecimentos 1 O texto está redigido em português de Portugal Just-in-Time1 (CEV, 2007) O método O Just-in-Time surgiu no Japão, no princípio dos anos 1950, sendo o seu desenvolvimento creditado à Toyota Motor Company, a qual procurava um sis- tema de gestão que pudesse coordenar a produção com a procura específica de diferentes modelos de veículos com o mínimo atraso. Quando a Toyota decidiu entrar em pleno fabrico de carros, depois da Segunda Guerra Mundial, com pouca variedade de modelos de veículos, era necessário bastante flexibilidade para fabricar pequenos lotes com níveis de qualidade comparáveis aos conseguidos pelos fabricantes norte-americanos. Essa filosofia de produzir apenas o que o mercado solicitava passou a ser adoptada pelos restantes fabricantes japoneses e, a partir dos anos 1970, os veículos por eles produzidos assumiram uma posição bastante competitiva. Dessa forma, o Just-in-Time tornou-se muito mais que uma técnica de gestão da produção, sendo considerado como uma completa filosofia a qual inclui aspectos de gestão de materiais, gestão da qualidade, organização física dos meios produtivos, engenharia de produto, organização do trabalho e gestão Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 70 Materiais como componentes de custos de recursos humanos. O sistema característico do Just-in-Time de “puxar” a produção a partir da procura, produzindo em cada momento somente os produtos necessários, nas quantidades necessárias e no momento necessário, ficou conhecido como o método Kanban. Esse nome é dado aos “cartões” utilizados para autorizar a produção e a movimentação de materiais, ao longo do processo produtivo. Embora se pense que o sucessodo sistema de gestão Just-in-Time seja intrínseco às características culturais do povo japonês, cada vez mais empresas americanas e europeias se têm convencido que essa filosofia é composta de práticas que podem ser aplicadas em qualquer parte do mundo. Filosofia Just-in-Time Para a filosofia Just-in-Time, em cada etapa do processo produzem-se somente os produtos necessários para a fase posterior, na quantidade e no momento exacto. Isso não significa transferir os stocks do consumidor para o fornecedor ou do posto de trabalho a jusante para o posto de trabalho a montante. A sua meta final é a eliminação total dos stocks, ao mesmo tempo que se atinge um nível de qualidade superior. Tradicionalmente os stocks são considerados úteis por protegerem o sistema produtivo de perturbações que podem ocasionar a interrupção dos fluxos de produção (roturas de produtos). Se o conceito Just-in-Time for aplicado em todas as etapas do processo produtivo, não deverão existir stocks nem espaços de armazenagem, eliminando-se os custos de armazenamento e inventário. Serão de esperar também ganhos de produtividade, aumento da qualidade e maior capacidade de adaptação a novas condições. Podemos, dessa forma, dizer que o sistema Just-in-Time tem como prin- cipal objectivo a melhoria contínua do processo produtivo, através de um mecanismo de redução de stocks, os quais tendem, muitas vezes, a camu- flar problemas. Dessa forma, as metas colocadas pelo Just-in-Time em relação aos vários problemas da produção são: zero stock; zero roturas de stock; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 71 Materiais como componentes de custos zero defeitos; zero tempo de preparação (setup) e movimentação; zero papéis. Características do Just-in-Time Um sistema de produção que adopta a filosofia Just-in-Time deve ter deter- minadas características, as quais formam aspectos coerentes com os princí- pios do Just-in-Time. Entre várias características realçamos as seguintes: o sistema Just-in-Time não se adapta perfeitamente à produção de mui- tos produtos diferentes, pois, em geral, isso requer extrema flexibilidade do sistema produtivo, em dimensões que não são possíveis de obter com a filosofia Just-in-Time; o layout do processo de produção deve ser celular, dividindo-se os com- ponentes produzidos em famílias com determinada gama de operações de produção, montando-se, dessa forma, pequenas linhas de produção (células) de modo a tornar o processo mais eficiente, reduzindo-se a movimentação e o tempo consumido com a preparação das máquinas e equipamentos; a gestão da linha de produção coloca ênfase na autonomia dos encar- regados e no balanceamento da linha, na não aceitação de erros, para- lisando-se a linha, se for necessário, até que os erros sejam eliminados; a produção deve basear-se em grupos de trabalho, em que trabalha- dores multifuncionais iniciam e terminam um ou mais tipos de pro- dutos, que serão utilizados pelo grupo seguinte; para que o sistema funcione é indispensável que todos os produtos que fluem de um grupo para o outro sejam perfeitos e os erros sejam imediatamente segregados (os erros são facilmente detectados quando se trabalha com pequenas quantidades). a responsabilidade pela qualidade é transferida para a produção e é dada ênfase ao controle da qualidade na fonte, adoptando os princípios de controle da qualidade total (a redução de stock e a resolução de pro- blemas de qualidade formam um ciclo positivo de melhoria contínua); assim, a responsabilidade pela qualidade está na fonte de produção. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 72 Materiais como componentes de custos é dada muito ênfase na redução dos tempos do processo, como forma de conseguir flexibilidade, visto que os tempos consumidos com actividades que não acrescentam valor ao produto devem ser eliminados, enquanto os tempos consumidos com actividades que geram valor ao produto devem ser utilizados de forma a maximizar a qualidade dos produtos produzidos. o fornecimento de materiais no sistema Just-in-Time deve ser uma ex- tensão dos princípios aplicados dentro da fábrica, tendo por objectivos o fornecimento de lotes de pequenas dimensões, recebimentos fre- quentes e confiáveis, lead times curtos e altos níveis de qualidade. O planeamento da produção do sistema Just-in-Time deve garantir uma carga de trabalho diária estável, que possibilite o estabelecimento de um fluxo contínuo dos materiais. O sistema de programação e controle de pro- dução está baseado no uso de “cartões” (denominado método Kanban) para a transmissão de informações entre os diversos centros produtivos. O Just-in-Time possui também algumas características de carácter social relacionadas com a valorização do factor humano. Os grandes responsáveis pelo êxito ou pelo fracasso da implementação de um sistema Just-in-Time são, em última análise, os responsáveis departamentais e sectoriais. A eles cabe a missão de reduzir distâncias hierárquicas e criar um clima de participação efectiva de todos, assegurando o cumprimento dos objectivos em causa. Sem o interesse das pessoas, nenhum sistema, seja ele qual for, funciona. Vantagens do Just-in-Time As vantagens do sistema de gestão Just-in-Time podem ser mostradas atra- vés da análise da sua contribuição nos principais critérios competitivos. Custos – dados os custos dos equipamentos, materiais e mão de obra, o Just-in-Time procura que eles sejam reduzidos ao essencialmente ne- cessário. As características do sistema Just-in-Time, o planeamento e a responsabilidade dos encarregados da produção pela melhoria do pro- cesso produtivo favorecem a redução dos desperdícios. Existe também uma redução significativa dos tempos de preparação (setup), além da redução dos tempos de movimentação. Qualidade – o Just-in-Time evita que os defeitos fluam ao longo do pro- cesso produtivo. O único nível aceitável de defeitos é zero, motivando Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 73 Materiais como componentes de custos a procura das causas dos problemas e das soluções que eliminem es- sas mesmas causas. Os colaboradores são treinados em todas as tarefas que executem, incluindo a verificação da qualidade (sabem, portanto, o que é um produto com qualidade e como produzi-lo). Também, se um lote inteiro for produzido com peças defeituosas, o tamanho reduzido dos lotes minimizará os produtos afectados. Flexibilidade – o sistema Just-in-Time aumenta a flexibilidade de resposta do sistema pela redução dos tempos envolvidos no processo e a flexibili- dade dos trabalhadores contribui para que o sistema produtivo seja mais flexível em relação às variações dos produtos. Através da manutenção de níveis de stocks muito baixos (ou nulos), um modelo de produto pode ser mudado sem que se origine muitos componentes obsoletos. Fiabilidade – a fiabilidade das entregas é aumentada através da ênfase na manutenção preventiva e da flexibilidade dos trabalhadores, o que torna o processo produtivo mais robusto. As regras do Kanban e o prin- cípio da visibilidade permitem identificar rapidamente os problemas que poderiam comprometer a fiabilidade, permitindo a sua imediata resolução. Também o baixo nível de stocks e a redução dos tempos per- mitem que o ciclo de produção seja curto e o fluxo veloz. Limitações do Just-in-Time As principais limitações do Just-in-Time estão ligadas à flexibilidade do sistema produtivo, no que se refere à variedade dos produtos oferecidos ao mercado e à variação da procura a curto prazo. O sistema Just-in-Time requer que a procura seja estável a curto prazo para que se consiga um balancea- mento adequado dos recursos, possibilitando um fluxo de materiais contínuo e suave. Caso a procura seja muito instável, há a necessidade de manutenção de stocks de produtosacabados a um nível tal que permita que a procura efec- tivamente sentida pelo sistema produtivo tenha certa estabilidade. Como o método Kanban prevê a manutenção de certo stock de com- ponentes entre os centros de produção, se houver uma variedade muito grande de produtos e componentes o fluxo de cada um não será contínuo, mas sim intermitente, gerando stocks elevados no processo produtivo para cada item. Isso contraria uma série de princípios do Just-in-Time, comprome- tendo a sua aplicação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 74 Materiais como componentes de custos Outro problema resultante da grande variedade de produtos seria a con- sequente complexidade das gamas de produção. O princípio geral de trans- formação do processo produtivo numa linha contínua de fabricação e monta- gem de produtos fica prejudicado se um conjunto de gamas de produção não poder ser estabelecido. Também a redução do stock pode aumentar o risco de interrupção da produção em função de problemas de gestão de mão de obra, por exemplo, greves tanto na fábrica como nos fornecedores. Just-in-Time em Portugal Portugal é um dos países europeus que possui uma percentagem eleva- díssima de PME (Pequenas e Médias Empresas) a caracterizar o seu poten- cial empresarial. Por princípio uma pequena ou média empresa, possui uma estrutura organizacional relativamente simples, podendo pensar-se que seria mais fácil simplificar e flexibilizar os sistemas de produção. Na realidade, ainda, não é o que acontece. Falar em Just-in-Time, em Kanban e Qualidade Total ainda tem algo de místico e de pouco definido. Conhecem- -se alguns impedimentos para levar a cabo programas de melhoria dos siste- mas de produção, como: muitas pequenas empresas do tipo familiar que possuem um sistema produtivo e uma orgânica de funcionamento perfeitamente enraizada em formas convencionais de redução de custos; falta de informação em relação ao baixo investimento inerente a pro- gramas de simplificação do tipo Just-in-Time; associa-se esse tipo de sistemas de produção unicamente a linhas de montagem, quando os objectivos de melhoria contínua, simplifica- ção, sincronização, deveriam estar latentes em qualquer negócio ou sistema produtivo; muitas empresas acham que o Just-in-Time e programas de simplifica- ção apenas se adaptam às empresas japonesas devido à mentalidade do seu povo se envolverem nos problemas da empresa de forma di- ferente relativamente ao empenho demonstrado pelos trabalhadores portugueses em geral. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 75 Materiais como componentes de custos Como se nota, existem ainda alguns entraves na realidade industrial por- tuguesa que dificultam a simplificação dos sistemas produtivos e a aplicabili- dade do Just-in-Time. A tendência que paira em Portugal é a de modernizar a sua indústria, na qual as empresas se apetrecham com meios mais sofisticados de produção. A pergunta que fica em suspenso é: será que as empresas portuguesas deveriam fazer um esforço de simplificação e flexibilização dos sistemas produtivos actuais para se munirem depois de meios tecnológicos mais avançados? Atividades de aplicação 1. O estoque da Cia Alfa em 1.º de novembro de X2 era composto de 100 pares de sapatos, com custo unitário de R$20,00, totalizando R$2.000,00. As operações realizadas durante o mês de novembro de X2 foram as seguintes: Data Operação Quant. Un. (R$) Total (R$) 10 nov. compra 50 18,00 900,00 11 nov. venda 30 13 nov. venda 80 18 nov. compra 20 21,00 420,00 25 nov. venda 55 Qual é a quantidade de sapatos existentes no dia 30 de novembro e qual o seu valor se o critério de avaliação for o PEPS? 2. (INEP) – O quadro abaixo apresenta um controle de entradas e saídas do estoque de uma fábrica que deseja fazer uma avaliação do custo desses estoques. Dia Entradas no estoque Saídas do estoque Quantidade Preço unitário Quantidade Preço unitário 1.º mar. 10 R$150,00 10 mar. 30 R$120,00 30 mar. 20 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 76 Materiais como componentes de custos Utilizando os métodos de custo médio, PEPS (primeiro a entrar e pri- meiro a sair) e UEPS (último a entrar e primeiro a sair), qual será o valor do estoque ao final da movimentação, em reais? 3. (INEP) – A Chuveiros Elétricos Ltda. revende chuveiros de diversos fa- bricantes nacionais e internacionais. A diretoria financeira deseja es- timar o valor do seu estoque ao final do primeiro ano de atividade. A tabela a seguir mostra a movimentação do estoque durante este ano. 1.º trimestre 2.º trimestre 3.º trimestre 4.º trimestre Unidades Custo unitário Unidades Custo unitário Unidades Custo unitário Unidades Custo unitário Saldo inicial (=) 0 50 50 100 Compras (+) 200 R$10,00 160 R$12,00 200 R$14,00 100 R$14,00 Vendas (–) 150 160 150 150 Saldo final (=) 50 50 100 50 Por ser o primeiro ano, existe a possibilidade de escolha do sistema de contabilização a ser utilizado. Dois sistemas estão em estudo: PEPS (o primeiro a entrar é o primeiro a sair do estoque) e UEPS (o último a en- trar é o primeiro a sair). A diretoria deseja minimizar o saldo da conta de estoques ao final do ano. Qual sistema contábil deve ser utilizado para se atingir esse objetivo? 4. (INEP) – Analise a situação do estoque da Empresa de Transportes de Cargas Gersontrans Ltda., apresentada no quadro a seguir. Itens Custo unitário Estoque em 1/1/2001 0 R$0,00 Entrada no estoque em 20/1/2001 100 R$10,00 Entrada no estoque em 25/1/2001 150 R$12,00 Saída do estoque em 30/1/2001 150 Quais os valores, em reais, do estoque dessa empresa respectivamente pelos processos PEPS (primeiro a entrar primeiro a sair) e UEPS (último a entrar primeiro a sair) ao final do mês de janeiro de 2001, considerando o Estoque Inicial nulo? Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 77 Materiais como componentes de custos 5. No final do exercício de 1994, a Cia. Beta apresentava os seguintes valores: Estoque Inicial R$12.000,00 Compras do exercício R$63.000,00 Estoque Final R$7.000,00 Utilizando o sistema periódico, calcule o Custo dos Produtos Vendidos. 6. A empresa Delta, que controla seus estoques por meio de Inventário Periódico, apresentou o seguinte movimento de mercadorias no mês de julho de 2000: 01/07 – Estoque Inicial de R$5.000,00 05/07 – Compra de R$15.000,00 (a prazo) 10/07 – Venda de R$30.000,00 (à vista) 15/07 – Compra de R$26.000,00 (a prazo) 20/07 – Venda de R$20.000,00 (a prazo) 30/07 – Compra de R$8.000,00 (a prazo) 31/07 – Estoque Final de mercadorias = R$28.000,00. Calcule: a) Custo do Produto Vendido (CPV). b) Lucro Bruto obtido nas operações. Referências BRASIL. Decreto n 3000, de 26 de Março de 1999. Regulamenta a tributação, fiscalização, arrecadação e administração do Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/ d3000.htm>. Acesso em: 25 jan. 2012. BRASIL. Lei n 6.404, de 15 de Dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol. htm>. Acesso em: 16 jan. 2012. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 78 Materiais como componentes de custos BRASIL. Lei n 11.638 de Dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <www.planalto.gov. br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 5 jan. 2012. BRASIL. Lei 11.941 de 27 de Maio de 2009. Altera a legislação tributária fede- ral relativa aoparcelamento ordinário de débitos tributários [...]. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm>. Acesso em: 5 jan. 2012. CAMPIGLIA, Américo Oswaldo; CAMPIGLIA, Oswaldo Roberto P. Controles de Gestão: controladoria financeira das empresas. São Paulo: Atlas, 1993. ______. Controles de Gestão: controladoria financeira das empresas. São Paulo: Atlas, 1994. CEV – Consultores em Engenharia de Valor. Just-in-Time. Disponível em: <www. cev.pt/servicos/Ginformacao/jit.htm>. Acesso em: 29 nov. 2007. FIPECAFI – Cultura contábil, Atuarial e Financeira. Perguntas e respostas – nova lei das S/A – Lei 11.638/07. Disponível em: <www.cfc.fipecafi.org/faq/faq.pdf>. Acesso em: 16. Jan. 2012. INEP. Provas, Gabaritos, Padrões de Resposta do Provão e Tabelas de Especi- ficação de Habilidades e Conteúdos – Curso de Administração. Disponível em: <www.inep.gov.br/superior/provao/gab_prov_pad_res/administracao.htm>. Acesso em: 10 nov. 2007. KOLIVER, Olívio. Tópicos Especiais de Custos. Belo Horizonte: Fundação Viscon- dede Cairu, 2003. Apostila Didática. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. ROBERTO, Marcus. Pert COM. Disponível em: <www.administradores.com.br/arti- gos/pert_cpm/14392>. Acesso em: 20 abr. 2008. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 79 Materiais como componentes de custos Gabarito 1. Inicialmente, há necessidade de promover a contagem física para determinar a quantidade de produtos que restam em Estoque Final. Produtos disponíveis para a venda montaram em 170 unidades (Estoque Inicial + Compras). Dessa quantidade foram vendidas 165 unidades, restando, em consequência, 5 pares em estoque: Produtos disponíveis para a venda em novembro Estoque Inicial 100 Compra dia 10 50 Compra dia 18 20 Total disponível 170 Produtos vendidos Venda do dia 11 30 Venda do dia 13 80 Venda do dia 25 55 Total de vendas 165 Estoque Final 5 O passo seguinte é determinar o valor desse estoque. Como a empresa adota o critério PEPS (Primeiro que entra, primeiro que sai), significa que os primeiros pares que entraram, a partir do Estoque Inicial, foram os primeiros a serem vendidos. Assim, permanecem os últimos que entraram a um custo de R$21,00/un. O Estoque Final monta, portanto, em R$105,00 (5un . R$21,00). 2. Inicialmente, há necessidade de promover a contagem física para de- terminar a quantidade de produtos que restam em Estoque Final. Pro- dutos disponíveis para a venda montaram em 40 unidades compradas durante o período. Dessa quantidade foram vendidas 20 unidades, restando, em consequência, 20 unidades em estoque. Para determinar o custo médio há necessidade de se calcular a média ponderada das entradas e, após, dividir pela quantidade adquirida: [(10 . R$150,00) + (30 . R$120,00)] / 40 = R$127,50 por unidade. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 80 Materiais como componentes de custos Como restaram 20 unidades em estoque, o valor dos estoques monta R$2.550,00 (R$127,50 . 20 unidades) Para determinar o PEPS, basta raciocinar que as primeiras unidades que entraram foram as que primeiro saíram. Assim, o Estoque Final monta em R$2.400,00 (R$120,00 . 20 unidades). Para calcular o UEPS há necessidade de realizar mais uma operação. Como as que primeiro que saem são as últimas que entraram, as 20 unidades que saíram correspondem ao lote das 30 que entraram no dia 10/03. Assim, as unidades que permanecem em estoque são 10 unidades das entradas do dia 10/03 e as 10 unidades das entradas do dia 1/03. Dessa maneira o Estoque Final será de R$2.700,00, ou seja (10 . R$150,00) + (10 . R$120,00). 3. Existem 50 unidades do produto em Estoque Final no último dia do 4.º trimestre. Se for adotado o PEPS, as unidades que permanecem em estoque são as da última aquisição, ou seja, a um custo de R$14,00 a unidade. As- sim, o Estoque Final será de R$700,00 (50un . R$14,00). Se for adotado o UEPS, as unidades que permanecem em estoque são as das primeiras aquisições. Isto é, as 50 unidades em estoque serão avaliadas pelo custo das primeiras que entraram. O Estoque Final, por- tanto, é de R$500,00 (50 un . R$10,00). Dessa maneira, a minimização do custo do Estoque Final será alcançada com a utilização do UEPS. 4. Restam 100 unidades em estoque. Para determinar o PEPS, basta raciocinar que as primeiras unidades que entraram foram as que primeiro saíram. Assim, o Estoque Final monta em R$1.200,00 (100 un . R$12,00). Para determinar o UEPS, basta raciocinar que as últimas unidades que entraram foram as que primeiro saíram. Assim, o Estoque Final monta em R$1.000,00 (100 un . R$10,00). 5. A equação que determina a apuração do Custo dos Produtos Vendidos quando se utiliza o inventário periódico é: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 81 Materiais como componentes de custos CPV = EI + C – EF CPV = R$12.000,00 + R$63.000,00 – R$7.000,00 = R$68.000,00 6. a) A equação que determina a apuração do Custo dos Produtos Vendi- dos quando se utiliza o inventário periódico é: CPV = EI + C – EF Assim, o CPV é: Estoque Inicial R$5.000,00 (+) Compras R$49.000,00 (15.000,00 + 26.000,00 + 8.000,00) (–) Estoque Final R$28.000,00 (=) CPV R$26.000,00 b) O Lucro Bruto (LB) é o resultante da aplicação da fórmula a seguir: Receita Bruta de Vendas – Custo dos Produtos Vendidos Assim, o LB é: Receita Bruta de Vendas R$50.000,00 (30.000,00 + 20.000,00) (–) CPV R$26.000,00 (=) Lucro Bruto R$24.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 83 Mão de obra como componente de custos Introdução A mão de obra direta e os materiais aplicados na fabricação de um produto classificados de custos diretos são denominados custos primários. A mão de obra direta corresponde aos esforços produtivos do pessoal relacionado à fabricação dos produtos. Assim, somente a remuneração dos trabalhadores que atuam diretamente na transformação da matéria-prima em produto é que pode ser classificada como mão de obra direta ou, sim- plesmente, MOD. Nem toda a remuneração desses trabalhadores pode ser tratada como custo direto, sem antes se analisar o trabalho deles e o controle exercido sobre as horas trabalhadas. Tão somente o tempo trabalhado e apontado no produto será considerado custo direto. Há necessidade também de serem considerados os gastos associados aos encargos trabalhistas, sociais e previdenciários que incidem sobre a folha de pagamento desses trabalhadores. Este capítulo tem como objetivo apresentar os tópicos relativos aos gastos denominados de MOD na sua plenitude. Apontadoria e folha de pagamento A mão de obra é o segundo componente básico do custo apresentando- -se, do ponto de vista financeiro, como remuneração do trabalho humano. Considerando o trabalho como sendo um produto do esforço humano, fica fácil compreender o que representa na atividade de produção, bem como a natural complexidade de suas implicações que tornam a adminis- tração salarial e a administração do pessoal dois assuntos de elevada impor- tância na organização e no funcionamento da empresa e, assim, no processo Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 84 Mão de obra como componente de custos de controle e apropriação do respectivo custo. Esse processo, de acordo com Campiglia e Campiglia (1993, p. 81), tem as seguintes finalidades: A medida do tempo; O estudo de tempos e de movimentos; O controle do custo; A preparação da folha de pagamento; A administração do pessoal; As relações da mão de obra com os problemas de engenharia, do planejamento e do controle de produção; As relaçõeshumanas, a segurança e a higiene do trabalho. A mão de obra assenta-se nos seguintes fatores: Econômicos: salários; encargos incidentes sobre salários. Técnicos: tempos; movimentos; rendimento ou eficiência; segurança e higiene. Humanos: comportamento; relações; assistência e previdência social. O orçamento de mão de obra decorre dos planos de produção e é por meio dele que se fixam as quantidades de trabalhadores, as respectivas categorias e, dentro de certos limites, o custo salarial previsto, tomando-se por base os preços da mão de obra que vigoram no mercado em cada momento. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 85 Mão de obra como componente de custos A apontadoria é a expressão que identifica o controle do tempo do trabalho e ela deve apontar: Número de horas ordinárias; Número de horas extraordinárias; Valor de horas ordinárias e extraordinárias; Salário total em horas ordinárias; Salário total em horas extraordinárias; Acréscimos legais. Descontos: previdência social; vales de alimentação, refeição, transporte etc.; imposto de renda retido na fonte; antecipações; outros. Valor líquido a pagar. Leone (1995, cap. 4) afirma que a “[...] mão de obra se constitui em um dos custos mais importantes para determinadas empresas, exigindo controle apurado e análise constante”. Sob a óptica contábil, é preciso separar os gastos com mão de obra de acordo com as classificações a seguir: segundo a função orgânica principal; segundo a atividade departamental, ou centro de custos; segundo a relação direta ou indireta com os produtos elaborados. A função orgânica principal compreende duas grandes categorias: a vinculada à produção, direta ou indiretamente; a relativa à venda e administração geral. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 86 Mão de obra como componente de custos Por essa função, os gastos de mão de obra relativos à produção serão atribuídos aos produtos elaborados enquanto que os referentes a vendas e administração serão tratados como despesas do período; A atividade departamental, ou centro de custos, tem o objetivo de facilitar o controle sobre os custos. Os supervisores dos centros são responsáveis pelos custos incorridos e pelo desempenho da mão de obra dentro dos seus departamentos. É necessário evidenciar a relação direta ou indireta com os produtos elaborados. Direta é a mão de obra relativa ao pessoal que trabalha diretamente sobre o produto em fabricação, sendo possível a averiguação de qual o tempo despendido e de quem executou o trabalho. Já indireta pressupõe-se necessária a utilização de critérios de rateio ou estimativa. Em qualquer das classificações em que se enquadre, a mão de obra que é usada para transformar matérias-primas em produtos acabados não pode ser armazenada e não se torna, de forma demonstrável, uma parte do produto. Dessa maneira, as funções envolvidas na aquisição e administração da mão de obra, são importantes e imprescindíveis. Os custos da mão de obra Os encargos sociais vigentes no Brasil são altos até mesmo compara- dos com outros países da América Latina. Férias, por exemplo: no México, o período de férias é de seis dias anuais, adicionando-se dois dias a cada ano até chegar a 12 dias. Depois disso, aumentam-se dois dias a cada cinco anos, chegando-se, aos 30 anos de serviço a 22 dias de férias. No Chile são 15 dias até 10 anos na mesma empresa. Depois disso, adiciona-se um dia a cada três anos. No Brasil são 30 dias, mais 10 dias pagos em dinheiro, por determinação constitucional, que introduziu o terço de férias. (CF, 1988, art. 7.º, XVII) Ou seja, em 10 anos, uma empresa chilena paga 150 dias a título de férias enquanto que uma empresa brasileira paga 400 dias. Significa dizer que uma empresa que tem necessidade de mão de obra oriunda do trabalho de 1 200 trabalhadores, precisa de um sobressalente de outros 100 trabalhadores para substituições no período de férias. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 87 Mão de obra como componente de custos Não é necessária muita ginástica para mostrar que os encargos sociais brasi- leiros são altos e, sobretudo, rígidos. Eles decorrem de leis que, embora tenham trazido avanços, não permitem a livre negociação, o que inibe a troca de ganhos reais por produtividade. A Constituição Federal (CF) e a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) estabelecem um grande conjunto de direitos a serem respeita- dos por todas as empresas para a contratação legal de seus empregados. Ocorre que nenhum desses direitos é negociável entre empregados e empregadores. Mesmo que as partes desejem, a lei não permite negociá-los. De acordo com a Constituição (1988, art. 7.º, XIII), a duração do trabalho normal não poderá ser superior a oito horas diárias e 44 semanais, faculta- da a compensação de horários e a redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho. Desse dispositivo resulta a seguinte distri- buição horária: Oito horas diárias, de segunda a sexta e quatro horas aos sábados, per- fazendo 44 horas semanais. Sete horas e 20 minutos de segunda a sábado. Mediante acordo escrito: oito horas e 40 minutos diários, de segunda a sexta; nove horas diárias de segunda a quinta e oito horas na sexta. As horas que excederem a descrição acima serão remuneradas com, no mínimo, em 50% a da normal (CF, 1988, art. 7.º, XVI). Casos há, porém, citando- -se como exemplo os trabalhadores que laboram na construção de estradas, em que o valor da hora extra atinge a 200%, ou seja, a hora normal é acrescida em mais duas vezes, em decorrência de convenção de trabalho em vigor. É oportuno acrescentar a incidência do adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas (CLT, 1995, pastas 1 e 2, arts. 73 e 189 - 193), o adicional de remuneração para trabalho noturno e toda uma gama de outros benefícios chamados de indiretos: vale-transporte, vale-cre- che, vale-refeição etc. Existem acordos coletivos de trabalho que possuem mais de uma centena de cláusulas instituidoras dos chamados salários indiretos e que acrescentam inúmeras licenças as já instituídas pela CF e a outras já definidas pela legislação infraconstitucional. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 88 Mão de obra como componente de custos A literatura, principalmente a relativa aos projetos existentes no Sebrae, apontam diversos percentuais de encargos previdenciários e sociais. A seguir é transcrita uma tabela elaborada por Pastore (2005), referente ao setor in- dustrial, determinando o percentual de encargos que incide sobre o salário. Na elaboração da tabela, Pastore leva em consideração que as despesas de contratação e descontratação e a metodologia de cálculo se baseia no total de dias efetivamente trabalhados. Quando se retiram 52 domingos, 26 dias de férias (porque 4 caem nos domingos) e 12 feriados, os 365 dias de ano se transformam em 275 dias efetivamente trabalhados. A legislação, porém, tem uma série de dispositivos que requerem a remuneração de vários tempos não trabalhados. Os resultados são apresentados na tabela 1. Tabela 1 – Encargos sociais e trabalhistas incidentes sobre salários A - Obrigações sociais Previdência Social 20,00 FGTS1 8,50 Salário educação 2,50 Acidentes de trabalho (média) 2,00 Sesi/Sesc/Sest 1,50 Senai/Senac/Senat 1,00 Sebrae 0,60 Incra 0,20 Subtotal A 36,30 B - Tempo não trabalhado 1 Repouso semanal remunerado 18,91 Férias 9,45 Feriados 4,36 Abono de férias 3,64 Aviso prévio 1,32 Auxílio enfermidade 0,55 Subtotal B 38,23 C - Tempo não trabalhado 2 13.º salário 10,91 Despesa rescisão contratual 3,21 Subtotal C 14,12 D - Reflexo dos anteriores Incidência de A sobre B 13,88 Incidência do FGTS sobre13.º salário 0,93 Subtotal D 14,81 Total geral 103,46 (P A ST O RE , 2 00 5)1 A alíquota do FGTS é de 8% sobre a remuneração paga ou devida a cada tra- balhador, durante o mês. No período de outubro/2001 até setembro/2006 era cobrado um adicional de 0,5% refe- rente á contribuição social, instituída pela Lei Comple- mentar nº 110/2001. No caso da tabela apresentada, mantivemos o calculo consi- derando 8,5% apenas a titulo de exemplificação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 89 Mão de obra como componente de custos Uma empresa que contrata trabalhadores horistas pagando R$1.000,00 por mês tem um custo geral de R$2.030,46 (R$1.000,00 + 103,46%). Trata- -se de despesas com as quais as empresas têm de arcar na sua totalidade. Nenhuma pode ser ignorada ou negociada, tendo, assim, natureza tributária. São todas compulsórias. Não há o que discutir (PASTORE, 2005). Confronto entre empregado e empregador Além dos gastos antes descritos, segundo dados publicados no mês de julho de 1995 pela revista Veja (p. 33), o Brasil tem 1,7 milhão ações trabalhis- tas; o Japão, que possui uma força de trabalho quase do mesmo tamanho, tem apenas mil. Quando se mistura um quadro legal inflexível, a interferência da Justiça do Trabalho, o peso dos encargos sociais e um clima de confrontação entre empregados e empregadores, é fácil entender porque muitas empresas só contratam legalmente quando sentem segurança em poder vender – e por um preço compensador – o que vai ser produzido. Segundo a revista Veja (1995, p. 33) [...] as grandes empresas, privadas e estatais, não cumprem boa parte da legislação em função de um cálculo de custo e benefício. Sabem que podem deixar de pagar horas extras, por exemplo, porque, no futuro, apenas uma minoria de funcionários – em geral 20% – tentará recuperar seus direitos. Com isso, não há problema de entregar uma bolada a um antigo funcionário de vez em quando, pois se ganhou muito deixando de pagar os mesmos direitos aos empregados da empresa inteira. O trabalhador, por sua vez, não reivindica as horas extras na Justiça enquanto está trabalhando para não desagradar a chefia ou ser demitido. Conta a favor das empresas, ainda, o fator tempo: a ação, quanto a créditos resultantes das relações de trabalho prescreve em dois anos e o recebimento de valores retroage somente aos cinco últimos anos (CF, art. 7.º, XXIX, “a”). Ao contrário das grandes, que montam enormes departamentos de pessoal, jurídico e de Recursos Humanos e podem transferir aos custos de produção e nos preços dos bens e serviços o peso dos encargos trabalhistas, as pequenas, as médias e as micro empresas, porém, têm enormes dificuldades para arcar com esses gastos e desincumbir-se da carga de burocracia por elas geradas. De acordo com Pastore (2005, p. 13), Os dados da RAIS de 2001 mostraram haver no Brasil 5 574 779 empresas registradas. Destas, 5 277 308 eram micro empresas. Ou seja, o Brasil é uma nação continental e, ao mesmo tempo, um país das “formiguinhas” produtivas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 90 Mão de obra como componente de custos Cerca de 95% das empresas existentes no Brasil são microempresas. A grande maioria é composta de empresas de faturamento baixo e incerto. Raramente são exportadoras. Mais raramente ainda produzem para grupos de alta renda. Elas se concentram no pequeno comércio, pequenos serviços e pequenas indústrias. Como tal, elas têm enormes dificuldades para seguir a atual legislação trabalhista e estão impedidas de negociar cláusulas diferentes com seus empregados. Há que se acrescentar, ainda, as despesas decorrentes da negociação entre as partes e integrantes dos acordos e convenções coletivas. Preparação da folha de pagamento As empresas são obrigadas a preparar a folha de pagamento da remune- ração paga, devida ou creditada aos seus funcionários e a discriminar os fatos geradores de todas as contribuições, o montante das quantias descontadas, as contribuições da empresa e os totais recolhidos (RPS, 1999, art. 225, I e II). A contabilização da folha de pagamento deverá ser efetuada com obser- vância dos procedimentos descritos a seguir (IOB, 1999, BOL 38/99). Atendimento ao regime de competência. Classificação contábil dos gastos com pessoal. Relativamente ao regime de competência, convém observar que, normal- mente, os salários são pagos até o 5.º dia útil do mês subsequente ao de refe- rência. Porém, sua contabilização deve ocorrer sempre no mês de referência, ainda que o pagamento ocorra no mês seguinte, ou seja, deve ser observado o regime de competência. Para Iudícibus et al. (1994, p. 173), todos os gastos relativos à mão de obra devem ser atribuídos aos custos dos 11 meses. O exemplo oferecido é o das férias coletivas. As empresas que têm política de paralisar anualmente suas atividades em face de férias coletivas deverão registrar mensalmente uma provisão nos 11 meses anteriores para cobrir custos estimados do mês de férias coletivas. Os gastos com pessoal são classificados como despesas operacionais, quando se referirem às áreas comerciais e administrativas e como custos de produção, quando referentes ao pessoal que trabalha nas empresas indus- triais ou de prestação de serviços. Em cada grupo são utilizados subgrupos específicos para cada conta: salários, gratificações, férias, 13.º salário, Previ- dência Social, FGTS etc. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 91 Mão de obra como componente de custos Composição dos encargos – para uma empresa de grande porte Como a preocupação maior, para as finalidades a que o presente capítulo se destina, é a contabilização dos custos de mão de obra e, em decorrência, a elaboração e transmissão de relatórios destinados à gerência de produção, deixa-se de lado a análise relativa às funções de gestão de pessoal, aponta- doria e elaboração da folha de pagamento para poder efetuar os cálculos dos encargos e, principalmente, sua contabilização. Dessa maneira, não é demais repetir que para o cálculo dos encargos torna-se necessário informar que os mesmos incidem sobre a remuneração percebida pelo trabalhador. Remuneração é a composição econômica proveniente do somatório dos adicionais ou vantagens legais, convencionadas ou acordadas: salário, comissões ou percentagens, gorjetas, gratificações ajustadas, abonos pagos pelo empregador, ajudas de custo e diárias de viagem, quando excederem a 50% do salário percebido e não sujeitas a prestação de contas, adicionais de insalubridade ou periculosidade, prêmios, salário in natura que a empresa esteja fornecendo por força contratual ou consuetudinária e quaisquer parcelas que são pagas habitualmente. O salário é estipulado, normalmente, baseando-se por unidade de tempo: hora, dia, semana, quinzena ou mês. O salário, como se viu, raramente é constante, a despeito de uma base ou razão fixa que lhe serve de medida. Quando se quer estabelecer um padrão ou avaliar a mão de obra, é indispensável levar em conta as variações que podem incidir sobre a base, segundo a duração do trabalho diário ou a ocor- rência dos acréscimos adicionais antes enunciados. Embora a empresa remunere o funcionário correspondentemente a 12 meses, como lembrado por Pastore (2005, p. 14), na verdade, ele não traba- lha os 365 dias do ano. Os dias não trabalhados são remunerados, tornando- -se um encargo adicional para a empresa, pois ocorre o gasto e não há a con- traprestação de serviços, de acordo com o exemplo apresentado por Martins (2003, p. 135-141). Os dias que o funcionário não trabalha, mas recebe, são os descritos na tabela 2. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 92 Mão de obra como componente de custos Tabela 2 – Número de horas trabalhadas no ano Númerode dias no ano 365 Repousos semanais remunerados –48 Feriados e dias santificados –12 Férias –30 Faltas abonadas –3 Número de dias trabalhados 272 Jornada diária 7,3333 Número máximo de horas no ano 1 994,66 Além das explicações já anunciadas na elaboração da tabela 2, convém acrescer que as empresas têm várias outras despesas com eventos específicos e que também decorrem de imposição legal, tais como os adicionais de in- salubridade, periculosidade, ausências para alistamento militar, alistamento eleitoral, licenças para casamento, doação de sangue, luto em família e outras, denominadas de faltas abonadas. Considerando um salário de R$10,00 por hora, o valor da remuneração anual de um trabalhador será a constante da tabela 3. Tabela 3 – Valor da remuneração anual Salários Número de horas à disposição 1 944,66 Valor da hora trabalhada R$10,00 Total de salários R$19.446,60 Repouso semanal remunerado Número de dias em repouso 48 Jornada diária 7,33 Número de horas em repouso 352 Valor da hora trabalhada R$10,00 Total do repouso semanal remunerado R$3.519,98 Feriados e dias santificados Número de dias feriados 12 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 93 Mão de obra como componente de custos Jornada diária 7,33 Número de horas em repouso 88 Valor da hora trabalhada R$10,00 Total da remuneração dos feriados R$880,00 13.º salário 13.º salário em dias 30 Jornada diária 7,33 13.º salário em horas 220 Valor da hora trabalhada R$10,00 Total da remuneração do 13.º salário R$2.200,00 Férias Número de dias em férias 30 Jornada diária 7,33 Férias em horas 220 Valor da hora trabalhada R$10,00 Total da remuneração das férias R$2.199,99 Faltas abonadas (ociosidade etc.) Número de dias abonados 3 Jornada diária 7,33 Dias abonados em horas 22 Valor da hora trabalhada R$10,00 Total da remuneração dos dias abonados R$220,00 Adicional de férias 1/3 do salário R$733,33 O total da remuneração anual é demonstrado na tabela 4. Tabela 4 – Remuneração anual Salários R$19.446,60 Repouso semanal R$3.519,98 Feriados e dias santificados R$880,00 13.º salário R$2.200,00 Férias R$2.199,99 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 94 Mão de obra como componente de custos Faltas abonadas R$220,00 Adicional de férias R$733,33 Total da remuneração R$29.199,90 Além dessa remuneração, tanto o Governo Federal como outras entidades arrecadam contribuições que oneram os salários; algumas suportadas pelo empregado, como contribuição sindical, Imposto de Renda na fonte e contribuição ao INSS segundo aplicação de alíquotas progressivas. Como o objetivo do presente é a determinação do custo da mão de obra, interessa descrever os encargos suportados pelo empregador, como se vê na tabela 5. Tabela 5 – % de encargos incidentes sobre salários Encargos previdenciários e de terceiros Previdência Social 20,00% Salário educação 2,50% Seguro de Trabalho (de 1% a 3%) 2,00% Sesi (Sesc) 1,50% Senai (Senac) 1,00% Sebrae 0,60% Incra 0,20% 27,80% FGTS 8,00% Total 35,80% Assim, sobre o total da remuneração se aplica o percentual dos encargos previdenciários e de terceiros, resultando na remuneração anual total que pode ser vista na tabela 6. Tabela 6 – Total da remuneração com encargos Total da remuneração R$29.199,90 (+) 35,80% de encargos R$10.453,56 Total da remuneração com encargos R$39.653,46 Se fizer a divisão da remuneração anual pela quantidade de horas trabalhadas obterá o valor total de remuneração de uma hora que, no exemplo corrente, Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 95 Mão de obra como componente de custos será de R$19,88 (R$40.091,46 / R$1.994,66). Ou seja: o valor dos encargos que deverá se acrescido ao do salário corresponderá a 98,8%. Outros encargos podem surgir para a empresa que não foram considera- dos no percentual de 98,8%. O funcionário poderá receber um abono correspondente à negociação de suas férias: dos 30 dias a que faz jus goza 20 e trabalha 10 dias ou até 20, recebendo uma remuneração relativa aos 10 dias trabalhados. Na maioria dos casos o trabalhador é dispensado com aviso prévio de duas horas de trabalho por dia, durante 25 dias. Tem-se, portanto, 50 horas não remuneradas (2h . 25 dias) que correspondem a seis dias não trabalhados (50 horas mês/8 horas dia). Na hipótese de dispensa sem justa causa incide, ainda, o pagamento de 50% do valor do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Em aditamento à remuneração normal, as empresas pagam um adi- cional pelas horas que excederem as 44 semanais. A Justiça do Trabalho tem considerado que o tempo de locomoção do funcionário, quando realizado por veículo pertencente ao empregador, é considerado como horário normal de trabalho (horário in itinere). Durante a produção pode ocorrer desperdício de tempo, como falta temporária de materiais, estrangulamentos da produção, fatores cli- máticos, desarranjos de máquinas etc. A partir dessas constatações fica clara a necessidade de analisar as carac- terísticas de cada empresa. As atividades de estudo de tempos e movimentos estão normalmente incluídas na função da engenharia industrial. Os engenheiros de estudo de tempos e movimentos são responsáveis pelo estabelecimento de salários- -tarefas cooperando com o departamento de pessoal e da contabilidade. Contabilmente, porém, é possível adotar os seguintes critérios para apropriar os custos decorrentes do aviso prévio, horas extras e tempo ocioso etc.: Se for possível mensurar com precisão a que produto pertencem os gastos, atribuir-se aqueles gastos diretamente àquele produto. As horas extras, por exemplo, que são despendidas e podem ser Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 96 Mão de obra como componente de custos atribuídas aos produtos que estão sendo fabricados no momento da sua ocorrência. Considerar como custos indiretos de produção, pois dificilmente será possível identificá-los com serviços específicos. Alternativamente, tecnicamente e possível serão excluídos inteira- mente do custo dos produtos sendo, então, tratados como despesas do período. Composição dos encargos – para uma empresa de pequeno porte Em termos de mão de obra é possível distinguir uma categoria de empresas que podem ser menos oneradas com encargos sociais, a partir das seguintes constatações, entre outras: Existência de poucos funcionários e baixa rotatividade. Inocorrência de absenteísmo, e normalidade de frequência e assi- duidade. Desnecessidade de substituição, em caso de férias (outro funcionário, da própria empresa, sem prejuízo da execução de suas próprias atividades, consegue realizar, cumulativamente o serviço do funcionário ausente). Inexistência ou incidência diminuta de licenças para tratamento de saúde e outras licenças. Baixa incidência de horas extras. Tome-se, por exemplo, uma empresa que trabalhe na área de consultoria. Para fins de cálculos, destaque-se um desses consultores, oferecendo o seguinte sumário: Contrato mensal de trabalho de oito horas por dia de segunda a sexta- -feira, perfazendo 40 horas semanais. Remuneração mensal de R$1.751,00. Base de cálculo para o desconto previdenciário da parte do empregado: R$832,66, à alíquota de 10%. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 97 Mão de obra como componente de custos Imposto de Renda retido na fonte, já calculado, com a aplicação da tabela progressiva: R$177,91. Contribuição do empregado para plano de saúde: R$100,00. Durante suas férias não haverá necessidade de substituição, pois: gozará 20 dias de férias e trabalhará 10, percebendo o abono correspondente. suas atividades, durante os vinte dias de ausência, serão exercidas por outros consultoresexistentes na própria empresa. Essa circuns- tância exigirá trabalho extraordinário de duas horas de consultor por dia de ausência. As horas extras são remuneradas em 100%. Alimentação terceirizada. Serão fornecidos 22 vales refeição ao mês a um custo unitário de R$4,00. Contabilização do custo da mão de obra A partir dos dados acima enumerados, contabiliza-se a folha de paga- mentos pelo regime de competência, considerando a ocorrência dos custos no período do fato gerador e pagamento em período seguinte (foram des- considerados os centavos ou efetuou-se arredondamentos). Os números que estão entre parênteses representam a partida em determinada conta e, ao mesmo tempo, contrapartida em outra conta. (1) Mão de obra (2) Salário a pagar (3) INSS a pagar (2) R$1.751,00 (3) R$83,27 R$1.751,00 (1) R$83,27 (2) (3) R$486,78 (4) R$100,00 R$486,78 (1) (6) R$140,08 (5) R$177,91 (7) R$145,92 (8) R$48,64 (9) R$40,57 (10) R$13,52 (11) R$11,67 (12) R$3,89 (13) R$88,00 (14) R$48,64 (14) R$16,21 (15) R$49,74 (16) R$13,83 (17) R$3,98 (T) R$2.862,47 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 98 Mão de obra como componente de custos (4) Plano de saúde a pagar (5) IRRF a pagar (6) FGTS a pagar R$100,00 (2) R$177,91 (2) R$140,08 (1) (7) Prov. pgto 13.° sal. (8) Prov. pgto 1/3férias (9) Prov. pgto INSS 13.° R$145,92 (1) R$48,64 (1) R$40,57 (1) (10) Prov. pgto INSS 1/3 (11) Prov. pgto FGTS 13°. (12) Prov. pgto FGTS 1/3 R$13,52 (1) R$11,67 (1) R$13,89 (1) (13) Alimentação a pagar (14) Prov. pgto a bon. férias (15) Prov. pgto hrs extra 3 R$88,00 (1) R$48,64 (1) R$49,74 (1) R$16,21 (1) (16) Prov. pgto INSS hrs. extra (17) Prov. pgto FGTS hrs. extra R$13,83 (1) R$3,98 (1) Notas explicativas e memória de cálculo da mão de obra Conta 1 – essa conta é a síntese do custo da mão de obra que totalizou, ao final, R$2.862,47 correspondentes às contrapartidas das obrigações relativas a salários. Assim, um salário mensal contratual de R$1.751,00 gera encargos sociais e trabalhistas no valor de R$1.111,47, ou seja, de 63,48%. Conta 2 – o contrato de trabalho do consultor prevê salário mensal bruto de R$1.751,00. Desse valor, porém, deduz-se sua contribuição previdenciária R$83,27 (10% sobre R$832,66), sua contribuição ao pla- no de saúde no valor de R$100,00 e o Imposto de Renda de R$177,91, retido da fonte, segundo a tabela progressiva. Assim, seu salário líqui- do será de R$1.389,82. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 99 Mão de obra como componente de custos Conta 3 – essa conta sintetiza as contrapartidas da contribuição previ- denciária descontada do empregado (R$83,00) e a devida pela empresa de R$486,78 (27,8% de R$1.751,00). Conta 4 – essa conta representa as obrigações da empresa com o pla- no de saúde. Conta 5 – essa conta sintetiza o débito que a empresa possui junto à Receita Federal a partir dos descontos que realizou dos salários dos empregados. Conta 6 – representa a contribuição da empresa para com o Fundo de Garantia (8% de R$1.751,00). Conta 7 – o 13.º salário corresponde ao valor de um salário mensal, representado, em cada mês, 1/12 do valor anual (R$1.751,00/12 = R$145,92). Conta 8 – um terço do salário mensal é R$583,67 (R$1.751,00/3). Esse valor rateado em 12 meses representa R$48,64 por mês. Conta 9 – sobre o 13.º salário incidem os encargos sociais (27,8% de R$145,92 = R$40,57). Conta 10 – sobre o terço de férias incidem os encargos sociais (27,8% de R$48,64 = R$13,52). Conta 11 – sobre o 13.º salário incide FGTS (8% de R$145,92 = R$11,67). Conta 12 – sobre o terço de férias incide FGTS (8% de R$48,64 = R$3,89). Conta 13 – a empresa fornece vale alimentação que adquire junto a empresas especializadas montando em uma obrigação de R$88,00 (22 dias . R$4,00 ao dia). Conta 14 – como é facultado converter 1/3 do período de férias, todos os meses há necessidade de provisional 1/12 do abono de fé- rias (R$1.751,00/12/3 = R$48,64). Sobre o abono incide um terço de férias (R$48,64/3 = R$16,21). Sobre o abono de férias não incidem encargos e FGTS. Conta 15 – durante as férias de um consultor os demais exercem, cumu- lativamente, as atividades do ausente. Há, todavia, necessidade do de- senvolvimento de duas horas extraordinárias por dia, com acréscimo de 100%. Serão 15 dias úteis vezes duas horas por dias perfazendo Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 100 Mão de obra como componente de custos 30 horas. O consultor do qual estamos projetando os custos recebe R$1.751,00 por mês. Como trabalha, em média, 22 dias no mês e oito horas por dia, trabalha 176 horas por mês. R$1.751,00 dividido por 176 horas resulta em R$9,95 a hora. Como existe a adição de 100%, o cus- to da hora extraordinária é de R$19,90 que multiplicado por 30 horas perfaz R$596,93 no ano. Como o exemplo envolve um mês, há neces- sidade de calcular 1/12 desse valor (R$596,93/12 = R$49,74). Conta 16 – incidem encargos sobre as horas extras (27,8% sobre R$49,74 = R$13,83). Conta 17 – incide FGTS sobre as horas extras (8% de R$49,74 = R$3,98). Composição dos encargos – para empresas enquadradas no sistema simplificado Relativamente aos encargos previdenciários, a Lei Complementar Federal 123, de 14 de dezembro de 2006, instituiu tratamento diferenciado às micro- empresas e empresas de pequeno porte. Por essa lei, consideram-se microempresas ou empresas de pequeno porte, a sociedade empresária, a sociedade simples e o empresário que: Art 3.º [...] I - no caso da microempresa, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta igual ou inferior a R$360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); e(Redação dada pela Lei Complementar nº 139, de 2011 II - no caso das empresa de pequeno porte, aufira, em cada ano-calendário, receita bruta superior a R$360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e igual ou inferior a R$3.600.000,00 (três milhões e seiscentos mil reais). (Redação dada pela Lei Complementar nº 139, de 2011) Para as finalidades da lei, considera-se receita bruta o produto da venda de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços pres- tados e o resultado nas operações em conta alheia, não incluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos. O tratamento diferenciado de que trata a lei em questão corresponde a um regime especial unificado de arrecadação de tributos e contribuições devidos pelas microempresas e empresas de pequeno porte – Simples Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 101 Mão de obra como componente de custos Nacional – permitindo que as empresas enquadradas recolham, em docu- mento único, entre outros, os seguintes impostos e contribuições: Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (substituição parcial). Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL. Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PIS/PASEP. Contribuição para Financiamento da Seguridade Social – COFINS. Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI. Contribuição para a Seguridade Social (INSS), a cargo da pessoa jurídica. As contribuições destinadas ao Sesc, Sesi, Senai, Senac, Sebrae, Salá- rio-educação e contribuição sindical patronal. Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e Sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermuni- cipal e de Comunicação; Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS). Dessa forma, a empresa recolherá a título de previdência social em sua GPS, apenas o valor descontado de seus empregados, estando, portanto, excluídos da obrigação de recolhimento a contribuição patronal de 20% sobre a folha de pagamento, 20% sobre a remuneração pagaou creditada aos empresários e autônomos, seguro acidente de trabalho e terceiros (Senai, Sesc, Sebrae etc.). Para fins de esclarecimento, o Simples poderá incluir o ICMS e o ISS, desde que a unidade federada ou o município em que esteja estabelecida a empresa venha a ele aderir mediante convênio. Resumindo, o Simples é um sistema integrado de pagamento de impos- tos e contribuições das microempresas e das empresas de pequeno porte e representa um sistema de tributação que substitui impostos e contribuições federais por um único imposto para micros e pequenas empresas. Leis Federais e Instruções Normativas da Secretaria da Receita Federal regulamentam as faixas de receita bruta e os percentuais de enquadramento das micro e pequenas empresas1. Desde 2011, o limite para enquadramento como microempresa é de um faturamento de R$360.000,00 anuais. Já em relação à de pequeno porte o limite é de R$3,6 milhões anuais. 1 As alterações de faixas e va- lores são constantes. É neces- sário, por isso, que as tabelas sejam sempre revistas a partir da edição das citadas Instru- ções Normativas da Receita Federal e de novas leis que têm sido editadas. As tabelas que estão sendo apresentadas referem-se às instituídas pela Lei Complementar nº 139, de 2011. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 102 Mão de obra como componente de custos As taxas referentes aos diversos tributos da União são variáveis e são apli- cadas sobre a receita bruta auferida pelas empresas enquadradas atendendo uma faixa de faturamento. A tabela 7 apresenta os percentuais devidos por uma Microempresa – ME e a tabela 8 apresenta os percentuais exigi- dos pelas Empresas de Pequeno Porte – EPP. Tabela 7 – Faixa de faturamento para as Microempresas – ME Faixa da receita bruta % aplicável Até R$180.000,00 4,00% De R$180.000,01 a R$360.000,00 5,47% Tabela 8 – Faixa de faturamento para as Empresas de Pequeno Porte – EPP Faixa da receita bruta % aplicável De R$360.000,01 a R$540.000,00 6,84% De R$540.001,01 a R$720.000,00 7,54% De R$720.001,01 a R$900.000,00 7,60% De R$900.000,01 a R$1.080.000,00 8,28% De R$1.080.000,01 a R$1.260.000,00 8,36% De R$1.260.000,01 a R$1.440.000,00 8,45% De R$1.440.000,00 a R$1.620.000,00 9,03% De R$1.620.000,01 a R$1.800.000,00 9,12% De R$1.800.000,01 a R$ 1.980.000,00 9,95% De R$1.980.000,01 a R$2.160.000,00 10,04% De R$2.160.00,01 a R$ 2.340.000,00 10,13% De R$2.340.000,01 a R$2.520.000,00 10,23% De R$2.520.000,01 a R$2.700.000,00 10,32% De R$2.700.000,01 a R$2.880.000,00 11,23% De R$2.880.000,01 a R$3.060.000,00 11,32% De R$3.060.000,01 a R$3.240.000,00 11,42% De R$3.240.000,01 a R$3.420.000,00 11,51% De R$3.420.000,01 a R$3.600.000,00 11,61% Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 103 Mão de obra como componente de custos Os percentuais referidos nas tabelas valem para as empresas mercantis. Se a empresa for industrial, a alíquota (taxa) correspondente deverá ser acres- cida de 0,5%, a título de IPI. A taxa deverá ser majorada em 50% se 30% ou mais da receita bruta da empresa for proveniente de prestação de serviços. Assim, por exemplo, se a empresa da faixa correspondente ao faturamento de até R$180.000,00 for industrial, a taxa será de 4,5% (4,0% mais 0,5%). Se não for exclusivamente industrial a taxa será de 6% (4,0% mais 50%). Exemplos de cálculos de custos de mão de obra Para apurar o custo da mão de obra, como se viu, é necessário calcular os encargos sociais e previdenciários. São encargos sociais as contribuições para com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e as contribuições para terceiros (Sesi, Sebrae, Senai etc.). São encargos trabalhistas os valores relativos a férias, ao 13.º salário, ao descanso semanal remunerado etc. Os exemplos que serão apresentados a seguir referem-se apenas aos encargos sociais e trabalhistas básicos, não se levando em consideração, portanto, os diversos benefícios concedidos ao trabalhador como vale-transporte, vale-refeição etc. Os cálculos para o Descanso Semanal Remunerado (DSR) serão realizados sobre uma jornada semanal de 44 horas de trabalho, o que equivale a um dia por semana, correspondente a 1/6 da remuneração prevista para 50 semanas por ano, divididas por 12 meses. Não estão inclusas também as provisões para aviso prévio e auxílio-doença. 1.º exemplo: cálculo sobre salário de um mensalista de uma empresa não optante do simples. 13.º salário 8,33% Férias 11% INSS 20,00% SAT/até 3,00% Salário educação 2,50% Incra/Senai/Sebrae 3,30% FGTS 8,00% FGTS/Provisão de multa – Rescisão 4,00% Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 104 Mão de obra como componente de custos Total previdenciário 40,80% Previdenciário sem 13.º e férias 7,93% Total 68,17% Conclui-se, em decorrência, que a cada R$1.000,00 de salário que um trabalhador recebe devem ser adicionados R$681,17 a título de encargos. O valor da mão de obra, portanto, será de R$1.681,17, se a empresa não for optante do Simples. 2.º exemplo: cálculo sobre salário de um mensalista de uma empresa optante do Simples. 13.º salário 8,33% Férias 11,11% INSS 0,00% SAT/até 0,00% Salário educação 0,00% Incra/Senai/Sebrae 0,00% FGTS 8,00% FGTS/Provisão de multa – Rescisão 4,00% Total previdenciário 12,00% Previdenciário sem 13.º e férias 2,33% Total 33,77% Conclui-se, em decorrência, que a cada R$1.000,00 de salário que um trabalhador recebe devem ser adicionados R$337,70 a título de encargos. O valor da mão de obra, portanto, será de R$1.337,70, se a empresa for optante do Simples. 3.º exemplo: cálculo sobre salário de um horista de uma empresa não optante do Simples. 13.º salário 9,75% Férias 13,00% Descanso Semanal Remunerado 16,99% INSS 20,00% SAT/até 3,00% Salário educação 2,50% Incra/Senai/Sebrae 3,30% FGTS 8,00% FGTS/Provisão de multa – Rescisão 4,00% Total previdenciário 40,80% Previdenciário sem 13.º e férias 16,21% Total 96,75% Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 105 Mão de obra como componente de custos Como se observa essa hipótese exige o cálculo do Descanso Semanal Remunerado (DSR) e se pode concluir que a cada R$10,00 de salário que um trabalhador recebe devem ser adicionados R$9,68 a título de encargos. O valor da mão de obra, portanto, será de R$19,68 se a empresa não for optante do Simples. 4.º exemplo: Cálculo sobre salário de um horista de uma empresa optante do Simples 13.º salário 9,75% Férias 13,00% Descanso Semanal Remunerado 16,99% INSS 0,00% SAT/até 0,00% Salário educação 0,00% Incra/Senai/Sebrae 0,00% FGTS 8,00% FGTS/provisão de multa – Rescisão 4,00% Total Previdenciário 12,00% Previdenciário sem 13.º e férias 4,77% Total 56,51% Nessa hipótese também deve ser acrescido o DSR e a conclusão é a de que a cada R$10,00 de salário que um trabalhador recebe devem ser adicio- nados R$5,65 a título de encargos. O valor da mão de obra, portanto, será de R$15,65 se a empresa for optante do Simples. Conclusão A Mão de obra Direta (MOD) corresponde aos esforços dos trabalhadores relacionados à produção de bens e serviços. Refere-se, portanto, ao pessoal que trabalha diretamente na produção. As empresas recebem dos seus funcionários uma contribuição produtiva durante o tempo de trabalho, pagando por ela, além do tempo trabalhado, o tempo não trabalhado e as obrigações de caráter social (Previdência, FGTS, salário educação, acidentes de trabalho etc.). Em decorrência, na análise dos custos da mão de obra direta devem ser considerados, obrigatoriamente, os encargos sociais e trabalhistas incidentes sobre os salários que, como se viu, no Brasil, em muitos casos, ultrapassa o valor do salário contratado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br106 Mão de obra como componente de custos Ampliando seus conhecimentos As profissões do futuro (PASTORE, 1994) Hoje estou em Washington visitando o Centro de Estatísticas do Trabalho, onde tenho vários encontros com técnicos do Departamento de Projeções Ocupacionais. São profissionais que dominam uma metodologia poderosa e que permite saber quais serão as oportunidades de trabalho para os america- nos no ano de 2005. O meu interesse é aprender essa metodologia e tentar “aclimatizá-la” no Brasil. Dados desse tipo são fundamentais para o planejamento educacional. Escrevi este artigo antes de viajar. Fiz-o como um mero exercício de especu- lação. Quais serão as ocupações mais demandadas daqui a 10 anos no Brasil? Em que setores? Aí vão algumas ideias baseadas nas seguintes hipóteses: (1) a economia brasileira se mantém estável; (2) os investimentos de capitais nacio- nais e estrangeiros no setor produtivo chegarão a uns US$ 40 bilhões por ano; (3) o custo médio de um emprego ficará em torno de US$25.000. Esse Brasil deverá gerar uns 20 milhões de novas posições de trabalho até o ano 2005. A oferta será maior no setor de comércio e serviços que absorverá uns 62% da força de trabalho: a indústria responderá por 22% e agropecuária 16%. Portanto, dos 20 milhões de posições a serem criadas, 12,4 serão no comércio e serviços; 4,4 na indústria; e 3,2 na agricultura. Dentro do comércio e serviços, o que promete crescer mais são as profissões nos campos da saúde, educação, hospedagem, alimentação, lazer, seguros, administração, corretagem imobiliária, compra e venda – em especial, via telefone, TV, fax e modem e uma forte procura por profissionais ligados ao comércio internacional. Todos os autores de obras de custos dão especial valor à temática mão de obra direta. A complementação dos estudos relativos a esse tema pode ser realizada estudando o capítulo 10 de Contabilidade de Custos do professor Eliseu Martins, 9 ed. São Paulo: Atlas, 2003. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 107 Mão de obra como componente de custos Deverá crescer a demanda por administradores, técnicos e profissionais liberais diminuindo, porém, a necessidade por chefes intermediários e pes- soal de apoio administrativo de baixa qualificação (datilógrafos, telefonistas, serviços gerais). No campo da informática crescerá a procura por cientistas, engenheiros e analistas de sistema e demais profissões ligadas ao uso do computador como instrumento de diversificação de produção, melhoria da qualidade, aumento da produtividade e atendimento à educação e saúde. Haverá um decréscimo de demanda para programadores e processadores de texto, gráficos e cálculos, pois com a sofisticação dos software, o usuário fará tudo sozinho. No setor financeiro, espera-se um grande declínio dos profissionais que hoje operam as agências bancárias, pois estas tenderão a desaparecer. Isso envolve caixas, atendentes, telefonistas, pessoal, auxiliar de administração e até mesmo pro- fissionais de venda. Todos eles serão rapidamente substituídos pelo banco eletrô- nico e pelos “cartões inteligentes” que tomam decisões pelos clientes. Aumentará demanda pelos profissionais altamente qualificados que sustentam a retaguarda dos bancos: administradores, analistas, estrategistas, relações públicas etc. De um modo geral, tenderão a aumentar as profissões que envolvam con- tato com outras pessoas – agentes de viagens e de seguros, recepcionistas de hotel, garçons, mâitres, professores, advogados, assistentes sociais, enfermei- ros, paramédicos e profissionais que trabalham com crianças e velhos. Na indústria, o subsetor mais promissor será a construção civil e pesada, voltada para a infraestrutura. O restante do setor deverá aumentar muito a sua produtividade, gerando poucos empregos em relação ao capital inves- tido. Antecipa-se um declínio da demanda para a maioria das profissões de baixa qualificação e um aumento de procura por técnicos eletrônicos, ele- tricistas, encanadores, mecânicos, frezadores, marceneiros e outros, todavia, deslocados para a manutenção de equipamentos de produção e administra- ção, assim como aparelhos de uso doméstico. Na agropecuária, pesca e mineração haverá forte decréscimo de oportu- nidades de trabalho, exceto para os profissionais que lidam com jardinagem, ornamentação e proteção ambiental, inclusive de animais. O futuro exigirá profissionais competentes, multifuncionais, alertas, curiosos que precisarão ter passado por uma educação que lhes tenha Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 108 Mão de obra como componente de custos equipado com lógica de raciocínio, compreensão dos processos, capacidade de transferir conhecimentos, prontidão para antecipar e resolver problemas, conhecimento de línguas, habilidade para tratar pessoas e trabalhar em equipe. Ou seja, um tipo de educação que dá às pessoas as condições de aprenderem continuamente. Tudo isso ainda é mera especulação. Os que desejam dados mais robus- tos terão de esperar a minha volta... e, daqui alguns anos, a implantação no Brasil da metodologia das projeções ocupacionais. Mas uma coisa é certa. No mundo do futuro, haverá muito poucas oportunidades para a mão de obra desqualificada. Atividades de aplicação 1. Determinar, sem considerar as contribuições sociais e trabalhistas, o valor das contas de Provisão para 13.º salário e Provisão para Férias, no dia 30 de novembro do ano de X1, considerando-se um empregado admitido em 1.º de maio de X1, com um salário mensal de R$1.500,00 que sofre reajuste no início de cada trimestre civil, na base de 3% em cada um deles. 2. Calcular o custo total, por hora, do salário de trabalhador contratado por R$50,00/hora, considerando os seguintes dados: mês de 220 horas; dias de duração do ano – 365 dias; domingos – 52 dias; feriados e dias santificados – 8 dias; faltas abonadas – 5 dias; férias – 30 dias; 13.º salário; FGTS – 8%; Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 109 Mão de obra como componente de custos INSS e terceiros – 25,2%; Seguro de Acidente de Trabalho – 2%. 3. Uma empresa reajusta os salários em 5% nas datas 01/01 e 01/07 de cada ano para os empregados que possuírem seis meses de serviço. Qual será o valor a ser pago a título de 13.º salário e de férias incluindo o abono de 1/3, a um empregado desligado em 10/07/X2, se ele foi admitido em salário de R$1.000,00 em 18/05/X1 e se foram pagos os direitos que lhes eram devidos em 31/12/X1? 4. As informações e dados de determinado mês colhidas na Cia ALFA são os seguintes: 1. No setor de produção trabalham quatro pessoas. 2. As horas médias trabalhadas, por pessoa, são de 240 horas por mês. 3. O valor da folha de pagamento mensal monta em R$800,00. 4. Os percentuais de encargos sociais e trabalhistas incidentes sobre a folha são os seguintes: INSS – 23%; FGTS – 8%; 13.º salário – 14%; férias – 14%; faltas abonadas – 6%. Elabore o orçamento da folha de pagamento e o custo de uma hora de trabalho para determinado mês. 5. Com os dados da atividade 4, calcule o custo de mão de obra direta que deve ser atribuído para a fabricação de uma mesa informando-se que o tempo gasto na fabricação da cadeira é de 10 minutos. 6. Verifique os dados a seguir: Encargos sobre salários Encargos adicionais INSS 20,0% Descanso semanal remunerado 52 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 110 Mão de obra como componente de custos Encargos sobre salários Encargos adicionais Salário educação 2,5% Feriados e dias santificados 11 Incra 0,2% Faltas abonadas 03 Senai 1,0% Férias (20 dias - domingos) 18 Sesi 1,5% (=) dias não trabalhados 84 Sebrae 0,6% Acidente trabalho 2,0% Total dias do ano 365 SUBTOTAL 27,8% Dias não trabalhados84 FGTS 8,0% (=) dias trabalhados 281 TOTAL 35,8% Considere as informações abaixo: a) 220 horas de trabalho por mês; b) pagamento de 13.º salário; c) pagamento de 1/3 de férias; d) negociação de 10 dias de férias. Determine qual o percentual de encargos incidente sobre um salário de R$1,00 a hora. Referências BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho – Legislação Trabalhista. Curitiba: Cenofisco, 1995. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil – CF, promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constitui- cao/Constituicao.htm>. Acesso em: 12 abr. 2008 BRASIL. Decreto n 3.048, de 06 de Maio de 1999. Aprova o Regulamento da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov. br/ccivil_03/decreto/D3048.htm>. Acesso em: 12 abr. 2008. BRASIL. Lei n 6.404, de 15 de Dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol. htm>. Acesso em: 16 jan. 2012. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 111 Mão de obra como componente de custos BRASIL. Lei n 11.638 de Dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <www.planalto.gov. br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 5 jan. 2012. BRASIL. Lei 11.941 de 27 de Maio de 2009. Altera a legislação tributária fede- ral relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários [...]. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm>. Acesso em: 5 jan. 2012. BRASIL. Lei Complementar nº 123, de 14 de Dezembro de 2006. Institui o Estatuto Nacional da Mcroempresa e da Empresa de Pequeno Porte; [...]. Dispo- nível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp123.htm>. Acesso em: 16 jan. 2012. BRASIL. Lei Complementar nº 139, de 10 de Novembro de 2011. Altera dis- positivos da Lei Complementar nº 123, de 14 de Dezembro de 2006, e dá outras providências. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LCP/Lcp139. htm#art2>. Acesso em 16 jan. 2012. CAMPIGLIA, Américo Oswaldo; CAMPIGLIA, Oswaldo Roberto P. Controles de Gestão: controladoria financeira das empresas. São Paulo: Atlas, 1993. CAMPIGLIA, Américo Oswaldo; CAMPIGLIA. Controles de Gestão: controladoria financeira das empresas. São Paulo: Atlas, 1994. FIPECAFI – Cultura contábil, Atuarial e Financeira. Perguntas e Respostas – nova lei das S/A – Lei 11.638/07. Disponível em: <www.cfc.fipecafi.org/faq/faq.pd >. Acesso em: 16 jan. 2012. IOB – Informações Objetivas, Temática Contábil e Balanços, Bol 38/99 - TC/ Bal. IUDÍCIBUS, Sérgio. MARTINS, Eliseu: GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de Conta- bilidade das Sociedades por Ações: aplicável às demais sociedades. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994. ______. Manual da Contabilidade das Sociedades por Ações. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1995. ______. Manual da Contabilidade das Sociedades por Ações. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2000. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 112 Mão de obra como componente de custos LEONE, George S. G. Custos: um enfoque administrativo. 11. ed. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1995. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003 PASTORE, José. As Profissões do Futuro. 1994. Disponível em: <www.josepasto- re.com.br/artigos/em/em_005.htm>. Acesso em: 6 dez. 2007. ______. Perspectivas e problemas do emprego no Brasil. In: Seminário Brasil- Canadá: desafios para a criação de empregos. Brasília, mar/2005. Disponível em: <www.cebri.org.br/pdf/232_pdf.pdf>. Acesso em: 12 abr. 2008. REVISTA Veja. Editora Abril. 1.ª semana de julho de 1995. ROBERTO, Marcus. Pert COM. Disponível em: <www.administradores.com.br/arti- gos/pert_cpm/14392>. Acesso em: 20 abr. 2008. Gabarito 1. Salário em 30/11/X1 R$1.500,00 . 1,03 . 1,03 R$1.591,35 Provisão para 13% (7/12) . R$1.591,35 R$928,29 Provisão de férias R$928,29 + (1/3 . R$928,29) R$1.237,72 2. 11 meses . 220h . R$50,00 R$121.000,00 13.º salário R$11.000,00 Férias: 220h . R$50,00 R$11.000,00 1/3 de abono de férias R$3.666,67 Subtotal R$146.666,67 FGTS 8% R$11.733,33 INSS 25,2% R$36.960,00 SAT 2% R$2.933,33 Total anual R$198.293,33 Total de dias no ano 365 dias (–) domingos (52 – 4 referente férias) (48 dias) (–) feriados (8 dias) (–) faltas abonadas (5 dias) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 113 Mão de obra como componente de custos (–) férias (30 dias) (=) dias trabalhados 274 dias Jornada de trabalho (220h/30 dias) 7,33h Número de horas trabalhadas (274 dias x 7,33h) 2.009,33h Custo total da hora (R$198.293,33/2 009h) R$98,69 3. Salário em 10/07/X2 R$100,00 . 1,05 . 1,05 R$1.102,50 Valor 13.º salário 6/12 . R$1.102,50 R$551,25 Valor das férias 14/12 . R$1.102,50 + 1/3 R$1.714,57 4. Cálculo orçado da folha: Valor da folha R$800,00 Encargos sobre a folha – 65% R$520,00 Total da folha R$1.320,00 Número de horas trabalhadas (240 . 4) 960h Custo/hora trabalhada R$1.320,00/960h R$1,38 5. Custo da mão de obra direta para fabricação de uma cadeira Custo/hora (60 minutos) R$1,38 Custo minuto (R$1,38/60) R$0,023 Custo MOD da cadeira (10min . 0,023) R$0,23 6. 12 meses . 220h . R$1,00 R$2.640,00 13.º salário R$220,00 Férias: 22h . R$1,00 R$220,00 Negociação de 10 dias férias 220h/1/3 . 1 R$73,33 1/3 de abono de férias R$73,33 Subtotal R$3.226,67 INSS 20% R$645,33 Salário educação 2,5% R$80,67 Incra 0,2% R$6,45 Senai 1,0% R$32,27 Sesi 1,5% R$48,40 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 114 Mão de obra como componente de custos Sebrae 0,60% R$19,36 Acidente trabalho 2,0% R$64,53 FGTS 8% R$258,13 Total anual R$4.381,81 Total de dias no ano 365 dias Descanso semanal remunerado 52 dias Feriados e dias santificados 11 dias Faltas abonadas 3 dias Férias (20 dias – domingos) 18 dias (=) dias trabalhados 281 dias Jornada de trabalho (220h/30 dias) 7,33h Número de horas trabalhadas (281 dias . 7,33h) 2 060,67h Custo total da hora (R$4.381,81 / 2 060,67h) R$2,13 Os encargos montam em 113% Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 117 Custos indiretos de fabricação Introdução Para Ferreira (2007, pg. 62) “[...] a contabilização dos custos indiretos de fabricação é um dos instrumentos gerenciais fundamentais em uma empresa que fabrique dois ou mais produtos.” Já Megliorini (2002) afirma que com a redução gradativa da mão de obra direta e com a substituição por atividades automatizadas, tais custos vêm aumentando a sua participação nos custos totais e, por consequência, no custo dos produtos. Dessa forma esses custos merecem destaque e um estudo mais aprofundado, para que seu impacto possa ser corretamente mensurado. A palavra mensurar significa detalhar algum processo, definir algo com detalhes. Em contabilidade mensurar está relacionado à definição do valor de algo. Composição dos custos indiretos de fabricação Os custos indiretos, segundo Padoveze (2003), têm como característica básica o caráter genérico e não específico aos produtos finais, sendo que sua relação com os produtos finais existe, mas de forma indireta. O autor cita como exemplos de custos indiretos os gastos com gerências ou diretorias da fábrica, pois essas pessoas trabalham genericamente para todos os produtos da fábrica, e não especificamente para um produto da empresa. Megliorini(2002) subdivide os Custos Indiretos de Fabricação (CIF) em três grupos: a) Materiais indiretos – são materiais auxiliares empregados no proces- so produtivo, podem ser aqueles que não integram fisicamente os produtos ou que não têm medição de consumo nos produtos. Padoveze (2003) cita que os materiais indiretos podem se dividir em duas categorias: os utilizados Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 118 Custos indiretos de fabricação pelos equipamentos e os utilizados pelo pessoal envolvido nas operações e atividades econômicas. O primeiro tipo engloba os materiais consumidos para a conservação e manutenção dos equipamentos como por exemplo, materiais de limpeza, conservação, peças de reposição. Existem ainda, nesta categoria, os materiais consumidos para a conservação e manutenção dos imóveis, como tintas, pequenas reformas, entre outros. Os materiais consu- midos para a utilização dos equipamentos, por sua vez, são representados por combustíveis, lubrificantes, entre outros, e por fim, existem os materiais consumidos para auxílio às operações dos equipamentos, como por exem- plo, moldes, dispositivos, ferramentas, produtos químicos. A outra categoria de materiais indiretos, que são aqueles utilizados pelo pessoal envolvido nas operações e atividades industriais, são os materiais de expediente, represen- tados por papéis e materiais de escritório, e os materiais para higiene e se- gurança, como óculos, capacetes, materiais higiênicos e de limpeza; A seguir um quadro que sintetiza o tipo de indústria e os exemplos mais comuns de materiais indiretos. Quadro 1 – Indústria e produtos finais e principais materiais indiretos Açúcar e álcool Óleo combustível, lenha, bagaço; Móveis de madeira Álcool, tiner, produtos químicos, martelos, serras e ferramentas; Tecidos Agulhas, ar comprimido, lançadeiras, espuladeiras; Confecções Agulhas, tesouras, modelos, medidores; Rodas de aço Óleo de corte, ferramentas, produtos de tratamento térmico, moldes, ferramentas; Pneus Moldes, ferramentas; Veículos Dispositivos, ferramentas de montagem; Louças Combustíveis, moldes, modelos. b) Mão de obra indireta – é aquela que não trabalha diretamente na transformação da matéria-prima, ou que não pode ser identificada a determinado produto. Segundo Padoveze (2003) a mão de obra indireta é caracterizada por não ser exclusiva de um produto ou mais produtos finais e por trabalhar para determinadas atividades de apoio à fabrica. Os esforços de trabalho, mesmo que direcionados a um produto, não podem ser considerados repetitivos. Assim os profissionais, que são considerados como mão de obra indireta, trabalham para as atividades dos setores e para (P A D O VE ZE , 2 00 3. A da pt ad o. ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 119 Custos indiretos de fabricação departamentos de apoio à produção e não de forma direta para os produtos finais. A seguir um quadro que evidencia os principais departamentos indiretos e os profissionais que atuam nesses departamentos e que são configurados como mão de obra indireta. Quadro 2– Setores/Departamentos de apoio à fábrica e tipos de mão de obra indireta Setor/Departamento Mão de obra indireta Diretoria/gerência industrial Diretores, gerentes, chefes, assessores, secretarias, escri- turários; Engenharia de produto Engenheiros, desenhistas, projetistas, arquivistas, mode- listas; Engenharia da fábrica Engenheiros, processistas, cronometristas; Planejamento e controle da produção Planejadores, administradores, controladores, aponta- dores de tempo; Suprimentos Compradores, engenheiros de desenvolvimento de for- necedores; Estoques Escriturários, movimentadores de carga, motoristas, empilhadeiristas; Controle de qualidade Auditores de qualidade, auditores de normas ISO; Manutenção Mantenedores de máquinas, pedreiros, eletricistas, enca- nadores; Ferramentas e modelação Ferramenteiros, modeladores. c) Outros custos indiretos – todo e qualquer outro custo indireto ocorrido na fábrica e que não possam ser identificados aos produtos. Exemplos: energia elétrica, água, aluguéis, arrendamento de equipamentos industriais, serviços prestados por terceiros. Depreciação A depreciação é um componente bastante analisado no que diz respeito à contabilidade de custos. Segundo Padoveze (2003), alguns autores tendem a classificar os gastos com depreciação, amortização e exaustão como gastos indiretos ou custos indiretos de fabricação. Entretanto o autor ressalta que com o atual ambiente tecnológico das indústrias há grande possibilidade de se classificar boa parte da depreciação como um custo direto, sendo que esse fato está ligado aos equipamentos industriais, uma vez que a depre- ciação de prédios e veículos tende a ser de utilização genérica. Assim dois fatores que possibilitam a contabilização como fator direto são: (P A D O VE ZE , 2 00 3. A da pt ad o. ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 120 Custos indiretos de fabricação Equipamentos utilizados exclusivamente para determinados produtos. Dessa forma, máquinas que trabalham para um só produto terão sua depreciação totalmente alocada de forma direta para aquele determinado produto. Medição acurada do tempo gasto dos diversos equipamentos que trabalham para todos os produtos. Se o tempo for identificado na transformação das matérias-primas e dos componentes de cada produto, a depreciação poderá ser atribuída de forma direta. Assim a depreciação, em condições tecnológicas avançadas, pode ser atribuída de forma direta aos produtos. Porém a depreciação dos demais ativos permanentes utilizados pela fábrica, conforme Padoveze (2003, p. 53) será classificada como indireta, sendo que esta compreende principalmente os valores relativos à depreciação de: Prédios industriais; Instalações industriais; Máquinas e equipamentos industriais de utilização genérica Móveis e utensílios dos setores industriais diretos e de apoio à produ- ção; Veículos e equipamentos de transporte e movimentação de materiais a serviço à área industrial; Equipamentos de computação das atividades diretas e de apoio à pro- dução. Estabelecimento de critérios de rateio A dificuldade de estabelecimento de um critério de rateio para os custos indiretos existe na definição de qual critério utilizar, uma vez que esse pro- cesso é subjetivo e pode ser até arbitrário. Alguns produtos podem ficar com valores super ou subavaliados, dependendo do critério utilizado. Para Ferreira (2007, p. 64) “A apropriação dos custos indiretos de fabrica- ção dos diversos produtos constitui um dos principais aspectos estratégicos para uma empresa.” O autor ainda afirma que a apropriações feitas de forma inadequada podem prejudicar o comportamento de vendas ou até reduzir Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 121 Custos indiretos de fabricação sua participação no mercado. Um exemplo ilustrativo, utilizando um critério de rateio pode ser acompanhado no exercício a seguir. Exemplo A Industrial Canarinho industrializa os produtos ALFA e BETA, apresen- tando em Março/2010, os seguintes gastos: Depreciação fábrica $65.000,00 Salário dos operários da fábrica $110.000,00 Matéria-prima consumida $530.000,00 Seguro da fábrica $25.000,00 Seguro prédio administrativo $15.000,00 Honorários da diretoria $50.000,00 Manutenção da fábrica $35.000,00 Correios e telégrafos $5.000,00 Comissão s/vendas $10.000,00 Juros s/ financiamento $15.000,00 Despesas c/ veículos vendedores $12.000,00 Energia elétrica fábrica $40.000,00 Material de consumo escritório $25.000,00 Frete venda $15.000,00 $952.000,00 Dados adicionais O consumo de matéria-prima é controlado por meio de requisição, estando assim distribuída: Produto alfa - $300.000,00 Produto beta- $230.000,00 Total = $530.000,00 A mão de obra utilizada na fábrica, cujo controle se realiza por meio de cartões de apontamento, determina os seguintes valores neste mês: Mão de Obra Indireta (MOI) - $30.000,00 Mão de Obra Direta (MOD) - $80.000,00, sendo alocado a cada produto os valores: alfa $45.000,00 e produto beta $35.000,00. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 122 Custos indiretos de fabricação Passo a passo: 1) Efetuar a separação entre custos de produção e despesas: neste primeiro item, serão separados os custos e despesas, conforme conceitos já vistos. Custos – Gastos totais ocorridos durante o processo produtivo Depreciação fábrica $65.000,00 Salário dos operários da fábrica $110.000,00 Matéria-prima consumida $530.000,00 Seguro da fábrica $25.000,00 Manutenção fábrica $35.000,00 Energia elétrica fábrica $40.000,00 TOTAL $805.000,00 Despesas – Gastos ocorridos depois ou que não estão envolvidos no processo produtivo. Lembrando que as despesas não deverão ser rateadas. Seguro prédio administrativo $15.000,00 Honorários da diretoria $50.000,00 Correios e telégrafos $5.000,00 Comissão s/vendas $10.000,00 Juros s/ financiamento $15.000,00 Despesas c/ veículos vendedores $12.000,00 Material de consumo escritório $25.000,00 Frete venda $15.000,00 TOTAL $147.000,00 2) Efetuar a apropriação dos custos diretos: após a separação dos custos e despesas, deverá ser feita a apropriação dos custos diretos, que são aqueles que de alguma forma são identificados aos produtos. Para que um custo seja considerado direto é preciso que, como no exem- plo, este seja indicado de alguma forma, aqui no caso a matéria-prima foi distribuída aos produtos Alfa e Beta por meio de requisição do almoxarifado, ou seja, à medida que foi consumida, já foi alocada ao respectivo produto. O mesmo processo ocorreu para a mão de obra direta que foi alocada por meio de apontamento aos dois produtos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 123 Custos indiretos de fabricação Matéria-Prima produto alfa $300.000,00 Mão de Obra Produto alfa $45.000,00 Total custos diretos produto alfa $345.000,00 Matéria-Prima produto beta $230.000,00 Mão de obra Produto beta $35.000,00 Total custos diretos produto beta $265.000,00 3) Efetuar a apropriação dos custos Indiretos, pelo critério da proporcio- nalidade do custo direto, aos produtos alfa e beta. Aqui entra o critério de rateio escolhido, neste caso, o custo direto (Maté- ria-prima e mão de obra) Cálculo do valor total dos custos diretos: Custos Diretos Alfa $345.000,00 Custos Diretos Beta $265.000,00 Total $610.000,00 Cálculo da proporcionalidade de cada produto: Custos Diretos Alfa – $345.000,00/610.000,00 = 57% (valor aproximado) Custos Diretos Beta – $265.000,00/610.000,00 = 43% (valor aproximado) 4) Efetuar a contabilização dos custos. Custos indiretos a serem rateados: Depreciação fábrica $65.000,00 Salário dos operários da fábrica $30.000,00 Seguro da fábrica $25.000,00 Manutenção fábrica $35.000,00 Energia elétrica fábrica $40.000,00 Total a ratear $195.000,00 Cálculo da proporcionalidade de cada produto: Custos Indiretos Alfa – $195.000 * 57% = $111.150,00 Custos Indiretos Beta – $195.000 * 43% = $83.850,00 (dos $110.000,00 originais, 80.000,00 já foram identificados) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 124 Custos indiretos de fabricação Tabela 1 – Apuração dos Custos – Critério dos Custos Diretos Produtos Matéria-prima Mão de Obra Direta Custos Indiretos de produção Total dos Custos Produto Alfa $300.000,00 $45.000,00 57% $456.150,00 $111.150,00 Produto Beta $230.000,00 $35.000,00 43% $348.850,00 $83.850,00 Totais $530.000,00 $80.000,00 $195.000,00 $805.000,00 Conforme observado, todos os custos foram atribuídos aos produtos, sendo que o produto Alfa por este critério custou $456.150,00 e o Beta $348.850,00. Para que seja entendida a subjetividade da escolha de um critério de ava- liação, supondo que no mesmo exercício, fosse escolhido como critério de rateio o numero de horas trabalhadas em cada produto, sendo este valor determinado por um mapa de apuração das horas trabalhadas, ficando da seguinte forma: Horas trabalhadas para o produto Alfa – 50 horas Horas trabalhadas para o produto Beta – 30 horas Qual seria o novo valor dos custos? Cálculo do valor total: Horas trabalhadas produto Alfa 50 horas Horas trabalhadas produto Beta 30 horas Total 80 horas Cálculo da proporcionalidade de cada produto – horas trabalhadas: Horas trabalhadas produto Alfa – 50 horas = 63% (valor aproximado) Horas trabalhadas produto Beta – 30 horas/80 = 37% (valor aproximado) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 125 Custos indiretos de fabricação Cálculo da proporcionalidade de cada produto: Custos Indiretos Alfa – $195.000 * 63% = $122.850,00 Custos Indiretos Beta – $195.000 * 37% = $72.150,00 Tabela 2 – Apuração dos custos – Critério das horas trabalhadas Produtos Matéria-prima Mão de Obra Direta Custos Indiretos de produção Total dos Custos Produto Alfa $300.000,00 $45.000,00 63% $467.850,00 $122.850,00 Produto Beta $230.000,00 $35.000,00 37% $337.150,00 $72.150,00 Totais $530.000,00 $80.000,00 $195.000,00 $805.000,00 Ao observar os dois critérios de rateio, é possível concluir que o valor final total dos custos é o mesmo, porém os produtos têm seu custo alterado a cada critério escolhido, o que indica a subjetividade existente na escolha do critério de rateio. Quando o critério de rateio era o de custos diretos (matéria-prima e mão de obra) o produto Alfa havia custado $456.150,00 e o Beta $348.850,00. Já no critério das horas trabalhadas o Alfa custou $467.850,00 e o Beta $337.150,00. As mudanças nos valores aqui não foram tão significativas, porém poderiam influenciar alguma decisão a ser tomada em relação a esses produtos. E no caso de mudanças significativas, poderiam alterar a produção como um todo. Algumas bases de rateio comumente utilizadas Como visto no exemplo anterior, qualquer base que seja utilizada como critério de rateio permitirá que se obtenha o valor do custo do produto. Porém, segundo afirma Megliorini (2002) a escolha desse critério precisa ter coerência para que os resultados obtidos não sejam distorcidos, sendo que o critério a ser empregado deverá ser escolhido com base em uma relação lógica e adequada a cada tipo de negócio. No caso da utilização de bases Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 126 Custos indiretos de fabricação incorretas de custo, ou que não sejam corretamente justificadas, o valor final do produto poderá ficar prejudicado, sendo subavaliado ou superavaliado, não refletindo, assim, a realidade. As seguintes bases podem ser utilizadas: a) No caso de aluguel, depreciação e impostos prediais, pode ser utilizada a área ocupada pelos departamentos na fábrica; b) Para o rateio dos custos indiretos do departamento de administração da fábrica, pode ser utilizado o número de funcionários que ali traba- lham; c) Para a energia elétrica pode ser utilizada potência instalada; d) No departamento de almoxarifado, as requisições de materiais podem ser utilizadas como base de rateio dos custos. Além desses, podem ser utilizados outros critérios, porém uma vez definidos pelo profissional de custos, estes deverão ser mantidos, evitando flutuações nos custos dos períodos de um período para o outro, o que acaba também com a possibilidade de comparações, criando confusão para quem analisará o comportamento desses custos (MEGLIORINI, 2002). A seguir uma lista das bases mais comuns utilizadas para o rateio dos custos: Quadro 3 – Bases de rateio comumente utilizadas Custos Base de Rateio Aluguel de fábrica ÁreaForça de luz Área Depreciação Máquinas $ Seguros Máquinas $ Manutenção N.o de Máquinas Superintendência Empregados MOI Horas de MOD Materiais indiretos Produção Assim, conforme visto no quadro 3, pode ser usada para calcular o custo da parcela do aluguel da fábrica, a área que cada máquina que produz um determinado produto ocupa. Para seguros, por exemplo, pode ser conside- rado o número de máquinas seguradas e que são utilizadas para fabricar aquele determinado produto. (M EG LI O RI N I, 20 02 . A da pt ad o. ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 127 Custos indiretos de fabricação Ampliando seus conhecimentos Custos diretos e indiretos - apuração Júlio César Zanluca Custos diretos É aquele que pode ser identificado e diretamente apropriado a cada tipo de obra a ser custeado, no momento de sua ocorrência, isto é, está ligado diretamente a cada tipo de bem ou função de custo. É aquele que pode ser atribuído (ou identificado) direto a um produto, linha de produto, centro de custo ou departamento. Não necessita de rateios para ser atribuído ao objeto custeado. Ou ainda, são aqueles diretamente incluídos no cálculo dos produtos. Exemplos de custos diretos: -Matérias-primas usadas na fabricação do produto; -Mão de obra direta; -Serviços subcontratados e aplicados diretamente nos produtos ou serviços. Os custos diretos tem a propriedade de ser perfeitamente mensuráveis de maneira objetiva. Os custos são qualificados aos portadores finais (produtos), individualmente considerados. Os custos diretos constituem todos aqueles elementos de custo indivi- dualizáveis com respeito ao produto ou serviço, isto é, se identificam ime- diatamente com a produção dos mesmos, mantendo uma correspondência proporcional. Um mero ato de medição é necessário para determinar esses custos. Apropriação dos custos diretos Para conhecer o consumo de materiais, basta a empresa manter um sistema de requisições, de modo a saber sempre para qual produto foi utilizado o material retirado do Almoxarifado. Para conhecer o consumo de mão de obra direta é preciso que a empresa mantenha um sistema de apontamentos, por meio do qual se verifica quais os operários que trabalham em cada produto (ou serviço) no período (dia, semana, mês) e por quanto tempo (minutos, horas). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 128 Custos indiretos de fabricação Nas empresas de serviços, normalmente se faz o acompanhamento da ordem de serviço, anotando os custos alocados diretamente (mão de obra, materiais aplicados e serviços subcontratados). Custos indiretos Indireto é o custo que não se pode apropriar diretamente a cada tipo de bem ou função de custo no momento de sua ocorrência. Os custos indiretos são apropriados aos portadores finais mediante o emprego de critérios pre- determinados e vinculados a causas correlatas, como mão de obra indireta, rateada por horas/homem da mão de obra direta, gastos com energia, com base em horas/máquinas utilizadas etc. Atribui-se parcelas de custos a cada tipo de bem ou função por meio de critérios de rateio. É um custo comum a diferentes tipos de bens, sem que se possa separar a parcela referente a cada um, no momento de sua ocorrência. Ou ainda, pode ser entendido como aquele custo que não pode ser atribuído (ou identificado) diretamente a um produto, linha de produto, centro de custo ou departamento. Necessita de taxas/critérios de rateio ou parâmetros para atribuição ao objeto custeado. São aqueles que apenas mediante aproximação podem ser atribuídos aos produtos por algum critério de rateio. Exemplos: 1. Mão de obra indireta – é representada pelo trabalho nos departamentos auxiliares nas indústrias ou prestadores de serviços e que não são mensuráveis em nenhum produto ou serviço executado, como a mão de obra de super- visores, controle de qualidade etc. 2. Materiais indiretos – são materiais empregados nas atividades auxiliares de produção, ou cujo relacionamento com o produto é irrelevante. São eles: graxas e lubrificantes, lixas etc. 3. Outros custos indiretos – são os custos que dizem respeito à existência do setor fabril ou de prestação de serviços, como depreciação, seguros, manu- tenção de equipamentos etc. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 129 Custos indiretos de fabricação Atividades de aplicação 1. Explique o seu entendimento em relação aos custos indiretos. Dê exemplos. 2. Pode-se afirmar que é aconselhável manter ou mudar a base de rateio na mensuração dos custos indiretos, mesmo sendo mantida há muito tempo? 3. Calcular o custo dos produtos, considerando quatro possíveis bases de rateio para os custos indiretos: a) Mão de obra direta b) Matéria-prima c) Custos diretos d) Tempo de fabricação Reproduza a tabela quatro vezes e indique qual a base utilizada. Valores: Contas Produtos Total A B C Mão de obra direta $750.000 $125.000 $1.800.000 $2.675.000 Matéria-prima $890.000 $300.000 $5.000.000 $6.190.000 Total custo direto Custos Indiretos de Fabricação $720.000 Custo total Tempo de fabricação 200h 40h 500h 740h Obs.: utilizar valores aproximados (sem casas decimais) para o calculo das proporções (%). 4. A empresa Industrial apresentou em determinado período os seguintes gastos para a produção dos seus três produtos A, B e C. Comissão de vendedores $100.000,00 Salário fábrica $140.000,00 Matéria-prima consumida $400.000,00 Salário da administração $120.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 130 Custos indiretos de fabricação Depreciação fábrica $85.000,00 Honorários da diretoria $50.000,00 Manutenção escritório $35.000,00 Material de expediente $5.000,00 Manutenção fábrica $30.000,00 Juros s/ financiamento $30.000,00 Embalagem diversas produção $15.000,00 Energia elétrica fábrica $55.000,00 Uniformes e equipamentos fábrica $40.000,00 Frete de venda $12.000,00 TOTAL $1.117.000,00 O consumo de matéria-prima é controlado por meio de requisição, estando assim distribuída: Produto A $180.000,00 Produto B $95.000,00 Produto C $125.000,00 Quanto à mão de obra, pelos apontamentos da empresa, constataram-se os seguintes valores: Mão de Obra Indireta (MOI) - $20.000,00 Mão de Obra Direta (MOD) - $120.000,00, assim distribuídos: Produto A $48.000,00, produto B $27.000,00, e produto C $45.000,00. Venda de sua produção por $1.378.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 131 Custos indiretos de fabricação Pede-se: a) Efetuar a separação entre custos de produção e despesas; b) Efetuar a apropriação dos custos diretos por produto; c) Efetuar a apropriação dos custos indiretos aos produtos, obser- vando os seguintes critérios: Proporcional ao custo direto dos pro- dutos e proporcional à mão de obra direta alocada aos produtos. Obs: utilizar valores aproximados (sem casas decimais) para o cál- culo das proporções (%). d) Efetuar a contabilização dos custos nos dois critérios de rateio. Referências FERREIRA, José Antonio Stark. Contabilidade de Custos. São Paulo: Pearson Edu- cation do Brasil, 2007. MEGLIORINI, Evandir. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 2002. PADOVEZE, Clóvis Luís. Curso Básico Gerencial de Custos. Para cursos de Ad- ministração de empresas, Economia e Engenharia. São Paulo: PioneiraThomson Learning, 2003. RIBEIRO, Osni de Moura. Contabilidade de Custos Fácil. São Paulo: Saraiva, 1997. ZANLUCA, Júlio César. Custos Diretos e Indiretos – Apuração. Disponível em: <www.portaldecontabilidade.com.br/guia/custos_direitos.htm>. Acesso em: 25 set. 2012. Gabarito 1. São aqueles custos que tem difícil alocação, ou também aqueles que beneficiam mais de um produto ao mesmo tempo, como por exemplo, a depreciação,o aluguel, a energia elétrica e outros que não podem ser identificados de forma objetiva no produto. 2. É desaconselhável mudar a base de rateio dos custos, uma vez que ela será utilizada para futuras comparações, e se ela for mudada não será possível comparar dois períodos por eles não terem uma base em comum. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 132 Custos indiretos de fabricação 3. a) Critério: Mão de Obra Direta - MOD Contas Produtos Total A B C Mão de obra direta $750.000,00 $125.000,00 $1.800.000,00 $2.675.000,00 Matéria-prima $890.000,00 $300.000,00 $5.000.000,00 $6.190.000,00 Total custo direto $1.640.000,00 $425.000,00 $6.800.000,00 $8.865.000,00 % MOD 28% 5% 67% 100% Custos Indiretos de Fabricação $201.600,00 $36.000,00 $482.400,00 $720.000,00 Custo total $1.841.600,00 $461.000,00 $7.282.400,00 $9.585.000,00 Tempo de fabricação 200h 40h 500h 740h b) Critério: Matéria-prima - MP Contas Produtos Total A B C Mão de obra direta $750.000,00 $125.000,00 $1.800.000,00 $2.675.000,00 Matéria-prima $890.000,00 $300.000,00 $5.000.000,00 $6.190.000,00 Total custo direto $1.640.000,00 $425.000,00 $6.800.000,00 $8.865.000,00 % MP 14% 5% 81% 100% Custos Indiretos de Fabricação $100.800,00 $36.000,00 $583.200,00 $720.000,00 Custo total $1.740.800,00 $461.000,00 $7.383.200,00 $9.585.000,00 Tempo de fabricação 200h 40h 500h 740h c) Critério: Custos Diretos Contas Produtos Total A B C Mão de obra direta $750.000,00 $125.000,00 $1.800.000,00 $2.675.000,00 Matéria-prima $890.000,00 $300.000,00 $5.000.000,00 $6.190.000,00 Total custo direto $1.640.000,00 $425.000,00 $6.800.000,00 $8.865.000,00 % custos diretos 18% 5% 77% 100% Custos Indiretos de Fabricação $129.600,00 $36.000,00 $554.400,00 $720.000,00 Custo total $1.769.600,00 $461.000,00 $7.354.400,00 $9.585.000,00 Tempo de fabricação 200h 40h 500h 740h Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 133 Custos indiretos de fabricação d) Critério: Tempo de fabricação Contas Produtos Total A B C Mão de obra direta R$750.000,00 R$125.000,00 R$1.800.000,00 R$2.675.000,00 Matéria-prima R$890.000,00 R$300.000,00 R$5.000.000,00 R$6.190.000,00 Total custo direto R$1.640.000,00 R$425.000,00 R$6.800.000,00 R$8.865.000,00 % tempo de fab. 27% 5% 68% 100% Custos Indiretos de Fabricação R$194.400,00 R$36.000,00 R$489.600,00 R$720.000,00 Custo total R$1.834.400,00 R$461.000,00 R$7.289.600,00 9.585.000,00 Tempo de fabricação 200h 40h 500h 740h 4. a) Efetuar a separação entre custos de produção e despesas; Salário fábrica $140.000,00 Matéria-prima consumida $400.000,00 Depreciação fábrica $85.000,00 Manutenção fábrica $30.000,00 Embalagem diversas produção $15.000,00 Energia elétrica fábrica $55.000,00 Uniformes e equipamentos fábrica $40.000,00 Custos $765.000,00 Comissão de vendedores $100.000,00 Salário da administração $120.000,00 Honorários da diretoria $50.000,00 Manutenção escritório $35.000,00 Material de expediente $5.000,00 Juros s/ financiamento $30.000,00 Frete de venda $12.000,00 Despesas $352.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 134 Custos indiretos de fabricação b) Efetuar a apropriação dos custos diretos; Contas Produtos Total A B C Matéria-prima $180.000,00 $95.000,00 $125.000,00 $400.000,00 Mão de obra direta $48.000,00 $27.000,00 $45.000,00 $120.000,00 Total custo direto $228.000,00 $122.000,00 $170.000,00 $520.000,00 c) Efetuar a apropriação dos custos indiretos aos produtos, observan- do os seguintes critérios: Mão de obra indireta $20.000,00 Depreciação fábrica $85.000,00 Manutenção fábrica $30.000,00 Embalagem diversas produção $15.000,00 Energia elétrica fábrica $55.000,00 Uniformes e equipamentos fábrica $40.000,00 Custos Indiretos $245.000,00 Proporcional ao custo direto dos produtos Contas Produtos Total A B C Total custo direto $228.000,00 $122.000,00 $170.000,00 $520.000,00 % Custo direto 44% 23% 33% 100% Custos indiretos $107.800,00 $56.350,00 $80.850,00 $245.000,00 Proporcional à mão de obra direta alocada aos produtos. Contas Produtos Total A B C Mão de obra direta $48.000,00 $27.000,00 $45.000,00 $120.000,00 % MOD 40% 22% 38% 100% Custos indiretos $98.000,00 $53 900,00 $93.100,00 $245.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 135 Custos indiretos de fabricação d) Efetuar a contabilização dos custos nos dois critérios de rateio. Proporcional ao custo direto dos produtos Contas Produtos Total A B C Matéria-prima $180.000,00 $95.000,00 $125.000,00 $400.000,00 Mão de obra direta $48.000,00 $27.000,00 $45.000,00 $120.000,00 Custos indiretos $107.800,00 $56.350,00 $80.850,00 $245.000,00 TOTAL $335.800,00 $178.350,00 $250.850,00 $765.000,00 Proporcional à mão de obra direta alocada aos produtos. Contas Produtos Total A B C Matéria-prima $180.000,00 $95.000,00 $125.000,00 $400.000,00 Mão de obra direta $48.000,00 $27.000,00 $45.000,00 $120.000,00 Custos indiretos $98.000,00 $53 900,00 $93.100,00 $245.000,00 TOTAL $326.000,00 $175.900,00 $263.100,00 $765.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 137 Custeio por ordem ou encomenda Introdução Segundo Padoveze (2003) os sistemas de acumulação compreendem instrumentos, critérios e sistemas que servem para o registro, guarda e acumulação de informações de uma forma lógica e coerente com os produtos e sistemas produtivos utilizados pela empresa, de forma que estes permitam a utilização das informações geradas nos cálculos efetuados por meio de métodos de custeamento dentro das formas de custeio utilizadas. Segundo Megliorini (2002) os sistemas de custos são classificados em função dos seguintes critérios listados: a) natureza do processo produtivo; b) tipo de custo usado. O autor ainda afirma que, de acordo com a natureza de cada processo produtivo, o sistema de custos é definido segundo a forma pela qual o pro- duto acabado é fabricado, sendo que existem duas principais formas de clas- sificação para eles, conforme segue: a) por ordem de produção; b) por processo de produção. Assim, para Padoveze (2003) o custeio por ordem é aquele em que o refe- rencial escolhido para o armazenamento de informações é uma autorização para a fabricação de determinada unidade de produto ou serviço ou ainda um lote de produto. O autor evidencia que a autorização de produção pode ter vários nomes como, por exemplo, ordem de produção, ordem de serviço, ordem de trabalho, entre outros, sendo o mais comum ordem de produção. A utilização do sistema por ordem de produção é mais adequada quando a empresa utilizar um processo produtivo que não seja repetitivo, em que cada produto ou grupo de produtos sejam diferentes entre si. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 138 Custeio por ordem ou encomenda Padoveze (2003) afirma que o sistema por ordem é utilizado por empresas que fabricam produtos por encomenda ou que prestam serviços personalizados, sendo que quando é recebida a encomenda é aberta uma ordem de produção. O autor cita que um exemplo de fácil compreensão para a utilização da ordem de produção é a atividade de serviços de concessionárias. No momen- to em que o veículo chega para um reparo ou revisão, de forma imediata, é aberta uma ordem específica para aquele determinado veículo, sendo que todos os gastos, materiais utilizados e horas de trabalho dos diversos setores da concessionária em que o carro passou serão anotados e acumulados na ordem, obtendo-se, assim, o custo do serviço prestado. Entretanto o sistema de ordem de produção também é utilizado para produtos seriados, como cita Padoveze(2003) no caso de montadoras de veículos e tratores. Neste exemplo, a empresa decide fazer um lote de deter- minado produto, sendo que é aberta uma ordem para aquele lote, e todos os gastos para aquele lote serão anotados e reconhecidos em uma ordem de produção. Já Martins (2003) cita como exemplos as indústrias pesadas, aquelas que fabricam equipamentos especiais, as indústrias de móveis, construção civil. O autor ainda cita algumas empresas que prestam serviços e que trabalham com esse sistema de custeio, como por exemplo, escritórios de planejamento, auditoria, consultoria e de engenharia. Ordem de produção versus produção por processo O sistema de custos por ordem de produção é constantemente apresen- tado juntamente com o sistema de produção por processo ou conhecido como produção contínua, que pode ser caracterizado, conforme Padoveze (2003), como um sistema que tem como referencial a acumulação por setor da empresa, por onde passam os materiais e componentes e são executados os processos de transformação dos materiais em produtos finais. As empresas que produzem produtos iguais e de forma contínua são aquelas que utilizam o sistema de produção contínua ou por processo. Megliorini (2002) ressalta que esse sistema é aquele no qual cada elemento do custo é acumulado separadamente, segundo ordens específicas Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 139 Custeio por ordem ou encomenda relacionadas à produção, emitidas pelo Setor de Programação e Controle de Produção (PCP). As ordens de produção são emitidas para o início da execução do serviço e nenhum trabalho poderá ser iniciado sem que ele seja devidamente autorizado pela correspondente emissão de uma ordem de produção (OP). Como exemplo de produção contínua é possível citar as indústrias de cimento, químicas, petroquímicas, de açúcar (MARTINS, 2003). Dessa forma, conforme o quadro a seguir é possível traçar um paralelo entre esses dois tipos de indústrias. Quadro 1 – Diferenciação entre a produção por ordem e a produção por processo Característica analisada Produção por ordem específica Produção por processo Desenvolvimento de produto Especificação do cliente Especificação do fabricante Contratação do fornecimento Seleção subjetiva (concorrên- cia) Seleção objetiva (amostra) Produção Limitada pelo cliente Planejada pelo fabricante Dimensão da produção Número de peças contratadas Número de peças do período Mercado Poucos compradores Muitos compradores Vendas Procura do cliente Procura do cliente ou oferta de fabricante Produto Sob medida Seriado Necessidade do produto Específica do cliente Global do mercado Local de produção Na fábrica ou no campo Na fábrica Estoque de matéria-prima Temporário e específico Permanente, geral para vários produtos Estoque de produtos Indesejável Necessário Prazos de produção Geralmente, médios ou longos Geralmente curtos Conforme Bruni e Famá (2011) em relação ao desenvolvimento do produto é possível verificar que no caso da produção por ordem, ela terá como requisito necessário a especificação do cliente, o que na produção por processo é feito pelo fabricante, uma vez que são produtos fabricados em grande escala. No caso da contratação do fornecimento, a produção por ordem possui um caráter subjetivo com relação à concorrência, o que é feito de forma objetiva na produção por processo, uma vez que no caso da produção por processo não existem critérios ideais para a escolha de um fornecedor, pois os produtos são exclusivos. (F O N SE CA ; R AV EN A E G A LL O RO ;1 99 2 ap ud B RU N I; FA M Á , 2 01 1. A da pt ad o. ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 140 Custeio por ordem ou encomenda No sistema de produção por ordem a produção é limitada pelo cliente, uma vez que este irá requisitar determinadas qualidades em um produto, e já na produção por processo o que ocorre é o planejamento da produção pelo fabricante, uma vez que este é quem dirá quantos e quais característi- cas os produtos em série terão. Por ser um produto, geralmente sob encomenda, aqueles que são produzidos por ordem de produção tem poucos compradores e aqueles que passam pela produção em processo, ou seja, que são fabricados em série possuem muitos compradores (BRUNI; FAMÁ, 2011). Os autores ainda evidenciam que as vendas dos produtos produzidos sob o sistema de ordem de produção são feitas de acordo com a procura do cliente, uma vez que é esse quem deverá demonstrar o desejo e as expli- cações de determinado produto, já no caso da produção por processo ou contínua isso ocorre de acordo com a vontade do cliente, que vai até uma loja, por exemplo, em busca de um produto. Outra diferença marcante nos dois processos produtivos é o fato de a produção por ordem ser feita sob medida, uma vez que é direcionada a clientes especiais, que desenvolvem o desejo ou a necessidade daquele determinado produto; já no caso da produção por processo a produção é seriada, uma vez que os produtos são produzidos em grandes quantidades. Ainda segundo Bruni e Famá (2011) a elaboração dos produtos feitos sob ordem de produção ocorre na fábrica ou ainda no campo enquanto a produção por processo é exclusiva na fábrica. Quanto ao estoque de matéria- -prima no caso da produção por ordem, este tem seu controle feito de forma temporária e específica e, no caso da produção feita de forma contínua, esse processo é permanente para vários produtos em geral, isso faz com que o estoque de produtos no primeiro caso seja indesejável, até porque os produtos requerem características especiais o que pode ser prejudicado por um estoque muito grande de determinada matéria prima, o que é extremamente necessário na produção por processo que sempre irá requerer um estoque considerável de matéria-prima. Por fim, no que diz respeito aos prazos de produção, devido ao tipo de especificidade do produto ou serviço produzido por ordem de produção, eles são médios ou longos e no caso da produção por processo tem o seu prazo de elaboração geralmente curto. O procedimento utilizado nesse sistema é provavelmente a mais antiga forma de apuração de custos que se conhece. Esse tipo de custeamento atende às necessidades de controle de inventário e de desenvolvimento Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 141 Custeio por ordem ou encomenda da experiência dos custos, atendendo aos requisitos do sistema de serviços por contrato. É útil para o controle de inventário, porque acompanha o fluxo físico do material; é útil na experiência de custos, porque reúne todos os custos ocorridos em um único documento e é útil nos serviços por contrato porque, uma vez encerrada a OP, servirá de indicação dos lucros ou prejuízos gerados por esse contrato, além de servir de referências para OP’s futuras com o mesmo formato. Além desses aspectos observados anteriormente é possível ainda elencar outras características, com relação ao comportamento dos custos observado no modo de produção por ordem e por processo, conforme na planilha a seguir. Quadro 2 – Diferenciação entre a produção por ordem e a produção por processo – aspectos de custos Características analisadas Produção por ordem específica Produção por processo Acumulação dos custos Por ordem de produção Por departamento e, em seguida, aos produtos Apuração dos custos unitários Custos específico por ordem de produção ou lote de produtos Custo médio por unidade produzida no período Requisição de materiais Indica-se o número de ordem de produção Indica-se o departamento e/ ou código do produto Período de apuração dos custos finais Início e término da produção ou abertura e fechamento da ordem de produção Início e término do período contábil Custo unitário Subsídio para preços em ativi- dade futuras Compara custo médio em dife-rentes períodos para conhecer as causas das variações Forma de custeamento Predeterminada ou real Padrão ou real Gráfico da produção Quantidade Tempo Quantidade Tempo Racionalização no tempo Menor Maior Na produção por ordem, a acumulação de custos acontece por ordem de produção com a utilização do formulário próprio para tal. Já na produção (F O N SE CA ; R AV EN A e G A LL O RO ; 1 99 2 ap ud B RU N I; FA M Á , 2 01 1. A da pt ad o. ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 142 Custeio por ordem ou encomenda por processo essa etapa é revelada através do reconhecimento dos custos por departamento e, em seguida, estes são reconhecidos aos produtos. Assim para a apropriação dos custos unitários, Bruni e Famá (2011) relatam que no custo por ordem isso irá acontecer por custo específico, ordem de produção ou ainda lote de produtos, o que ocorre na produção por processo pelo custo médio da unidade produzida. Já com relação à requisição de materiais, no caso do custo por ordem, ela é elaborada com a indicação do número de ordem da produção, que no custo por processo é feito mediante a identificação do departamento ou código do produto. No período de apuração dos custos finais na produção por ordem ela será elaborada no início e término da produção ou ainda de acordo com a abertura e fechamento da ordem de produção. Já no custo por processo este termina e é finalizado de acordo com o período contábil. Em relação ao custo unitário com o uso do custo por ordem de produção existe o subsídio, ou seja, a base para a tomada de decisões com relação a preços em ativida- des futuras. No custo por processo, por sua vez, é comparado o custo médio em diferentes períodos para que sejam conhecidas as causas das variações. As formas de custeamento possíveis no processo de produção por ordem podem ser predeterminadas ou reais, no caso da primeira os custos são esta- belecidos antes de sua ocorrência, sendo que esse tipo de custeio é utilizado quando a empresa deseja conhecer a realidade e comparar com seu custo real. Já no custeamento por processo é utilizado o custo-padrão ou ainda o real. Em relação ao tempo de elaboração do produto, no caso da produção por ordem a produção corre em picos, sendo que algumas etapas são mais rápidas que outras e no custeamento por processo o tempo empregado é contínuo. Por fim, a racionalização do produto é menor no caso da produção por ordem até porque os produtos possuem características diferentes e es- peciais e maior racionalização no custeamento uma vez que os produtos são padronizados (BRUNI; FAMÁ, 2011). Natureza da contabilidade de ordem de produção Na contabilização dos custos das ordens de produção, cada elemento do custo é coletado separadamente para cada trabalho desenvolvido na fábrica. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 143 Custeio por ordem ou encomenda O sistema de ordem de produção raramente é usado nas indústrias de produção em massa, mas é muito usado por ferramentarias ou estamparias ou ainda por empresas onde a quantidade produzida é pequena e por aquelas prestadoras de serviços, possuindo característica de personalização em suas atividades principais (MEGLIORINI 2002). Características da contabilidade da ordem de produção De acordo com Megliorini (2002) as principais características da produção por ordem são: a) As OP’s são emitidas e seu custo é mantido para cada lote de produto manufaturado. Essas ordens são controladas por meio da conta de Produtos em Processo, separando-se os custos diretos dos indiretos. b) Os Gastos Gerais de Fabricação (GGF’s ou CIF’s) são lançados inicial- mente às contas departamentais e posteriormente aplicados a cada OP concluída. A conta de Produtos em Processo de Elaboração é usada para registrar os custos, os produtos manufaturados e o inventário dos produtos em processo. A distinção entre custos diretos e indiretos é muito mais enfatizada nesse sistema do que no sistema de processo de fabricação. No entanto, o sistema de ordens de produção apresenta algumas desvan- tagens, tais como: a) o seu custo administrativo é muito elevado. É um sistema bastante dis- pendioso porque exige considerável trabalho burocrático para o registro das informações nas OP’s. b) um controle ostensivo e permanente é necessário para verificar se o material e a mão de obra foram corretamente lançados na OP. c) quando um embarque parcial é efetuado antes de se completar a OP, é necessário estimar os custos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 144 Custeio por ordem ou encomenda Formulário da ordem de produção O formulário da OP é o item mais importante deste sistema. Basicamente, esse formulário fornece o registro do material direto, mão de obra direta e uma estimativa dos gastos gerais de fabricação para cada trabalho executado durante o período de produção. Embora esse formulário necessite de adaptações de acordo com cada tipo de empresa, podem ser indicadas as informações mínimas necessárias que este deverá conter: – número da ordem de produção; – descrição do produto a ser manufaturado; – data da emissão, término previsto e término efetivo; – seção para registrar o material direto; – seção para registrar a mão de obra direta; – estimativa de gastos gerais de fabricação; – sumário dos custos. Os custos incorridos devem sempre ser suportados por documentos, tais como requisição do almoxarifado, cartões de tempo etc., que devem sempre indicar o número da OP que o custo deve ser aplicado. Os custos indiretos são geralmente estimados como uma porcentagem do material direto, mão de obra direta etc. As OP’s podem ser controladas por meio de uma ou várias contas de Pro- dução em Elaboração dependendo do grau de controle requerido pela admi- nistração. Normalmente, são duas ou três contas diferentes de produção em andamento para evidenciar as diversas etapas do processo contabilmente (MEGLIORINI, 2002). Contabilização do material Megliorini (2002) ainda afirma que a requisição de material representa o primeiro documento de suporte na contabilização. Deverá indicar se o material solicitado será aplicado direta ou indiretamente e qual o número da OP em que o material será aplicado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 145 Custeio por ordem ou encomenda As requisições são emitidas e enviadas ao almoxarifado e, posteriormente, lançadas no registro de estoques e arquivadas, obedecendo-se à sequência da OP. Ao final do mês (ou de um período) são preparados sumários, debitando-se Material em Processo de Elaboração e creditando-se Estoque de Material Direto. Quando ocorrer o caso de o material ser devolvido ao almoxarifado, deverá também ser emitido um documento suportando o seu retorno ao estoque. A conta de Material em Processo de Elaboração deverá ser resumida tendo como suporte as OP’s em processo de fabricação. Quando o produto é concluído na fase de fabricação, a conta de Material em Processo é creditada e debita-se a conta de Produtos Acabados. Ao final de um determinado período contábil, o saldo da conta de Material em Processo de Elaboração deve ser igual ao custo do Material dos Produtos em Fase de Elaboração lançados nas OP’s. Contabilização da mão de obra O primeiro documento de suporte da contabilização da mão de obra é o cartão de controle de tempo. Esse cartão indica se a mão de obra é direta ou indireta. A mão de obra direta deve, sempre, identificar-se com um determinado trabalho ou OP. Os cartões de controle de tempo devem ser colocados em ordem, diariamente, por número de OP e, periodicamente, resumidos para efeito dos lançamentos contábeis, debitando-se Mão de obra em Processo e creditando-se Salários a Pagar. Posteriormente, um lançamento creditando-seMão de obra em Processo e debitando-se Produtos Acabados é efetuado quando o trabalho é con- cluído. O saldo da conta de Mão de obra em Processo, no final de um determinado período, deverá corresponder ao custo da mão de obra lançada à conta de produtos ainda em processo. A mão de obra indireta é debitada como Gasto Geral de Fabricação dentro da conta de Mão de Obra Indireta (MEGLIRIONI, 2002). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 146 Custeio por ordem ou encomenda Contabilização dos gastos gerais de fabricação Ainda para Megliorini (2002) a apropriação dos Gastos Gerais de Fabri- cação por OP é um pouco mais complexa do que a apropriação do material direto e da mão de obra direta implicando, normalmente, quatro etapas: a) acumulação das despesas atuais de manufatura, em total ou por departamento, o que significa efetuar os lançamentos referentes à mão de obra indireta, despesas de manutenção, depreciação, seguros, aluguel, energia elétrica telefone etc.; b) distribuição dos custos dos departamentos auxiliares, de apoio ou de serviços aos departamentos de produção, implicando, em primeiro, acumular todas as despesas dos departamentos auxiliares, de apoio ou de serviços para, posteriormente, seguindo critérios racionais de prestação de serviço, efetuar as alocações por departamentos de produção; c) aplicação dos gastos de manufatura às OP’s com base em taxas prede- terminadas, o que implica, muitas vezes, a utilização de uma taxa padrão, determinada de maneira prévia; d) apuração da diferença entre o gasto real e o aplicado por meio de taxas predeterminadas, verificando-se as razões da diferença encontrada. A apropriação dessa diferença pode ser realizada proporcionalmente às OP’s encerradas dentro do mês e as que ainda estão em processo, o que, de acordo com o volume de OP’s, pode implicar em trabalho adicional considerável. Muitas empresas preferem apropriar esta diferença diretamente em Receitas ou Despesas. Avaliação dos produtos em processo O valor dos produtos em processo de elaboração ao final do período contábil representa o saldo total do Material em Processo, Mão de Obra em processo e Gastos Gerais de Fabricação em Processo. Esses totais podem ser verificados pela soma dos custos lançados nas diversas OP’s, que se encontram ainda em processo de fabricação (MEGLIORINI, 2002). O fluxo dos custos no custeio por ordem acontece da seguinte forma: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 147 Custeio por ordem ou encomenda Pedido de venda Ordem de produção Requisição de Materiais Tempo de MOD Taxas de CIF Com as ordens de produção é iniciada a produção ou a prestação do serviço Os custos de fabricação são acumulados em um registro de custos Figura 1 – Fluxo dos custos no custeio por ordem de produção. Pode-se notar que o processo de registro dos custos é iniciado com o pedido de venda, que gerará a OP e que depois levará ao início da produção ou a prestação do serviço. Assim que os materiais são requisitados, é conta- bilizado o tempo de MOD e as taxas de CIF ou Gastos Gerais de fabricação, desse modo os custos são acumulados em um registro de custo, e no final do período aqueles produtos que ainda estão em produção serão valorados pela soma destes três elementos. Ampliando seus conhecimentos (M EG LI O RI N I, 20 02 ; M A RT IN S, 2 00 3. Ad ap ta do .) Custeio por ordem na indústria madeireira: um estudo de caso (GALLON; SALAMONI; COSTA, 2005) [...] 2.1.1 – Sistema de custeio por ordem Martins (2003) destaca que existem dois fatores que determinam o tipo de custeio, se por ordem ou por processo (contínuo): A forma de a empresa trabalhar e a conveniência contábil administrativa. Quanto à forma, principal responsável pela distinção, basta lembrar que se a empresa trabalha produ- zindo produtos iguais de forma contínua (um ou vários), fundamentalmente para estoque, isto é, para venda, terá já caracterizada sua natureza. Produz-se atendendo a encomendas dos clientes ou, então, produz também para venda posterior, mas de acordo com determinações internas especiais, não de forma contínua, já terá incluído entre as de produção por ordem. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 148 Custeio por ordem ou encomenda Backer e Jacobsen (1984) sustentam a ideia de que um sistema de contabilidade de custos por ordens de produção é mais apropriado quando a produção consiste em ordens especiais ou projetos, em vez de produtos padronizados e quadros de produção repetidos e contínuos. Sabendo o que a empresa produz, e de que forma é feito o encaminha- mento dentro da produção, assim saberemos que sistema a empresa estará apta a utilizar. Porém, Leone (2000), na sua citação a seguir, deixa bem claro que não se deve generalizar, deve-se sim analisar detalhadamente o processo produtivo da empresa. Chamar o sistema de “Custos por OP” não significa que o sistema somente se destina a acumular os custos de produção. Observe que é um termo genérico que deseja envolver todos os sistemas de acumulação de custos que se baseiam nos mesmos procedimentos do sistema de ordens de fabricação adotados por qualquer empresa industrial que trabalhe sob o regime de encomendas específicas dos clientes, em que os produtos são dife- renciados ou que são fabricados em lotes específicos. O sistema de acumulação de custos por ordem ou encomenda é aplicado à empresa cujo sistema produtivo for descontínuo, produzindo bens e serviços não padronizados e, geralmente, sob encomenda específica dos seus clientes. Como quase toda ordem de produção é diferente de algum modo, é razo- ável supor que os custos de produção de cada ordem sejam diferentes e que esses custos podem e devem ser agrupados separadamente, segundo Backer e Jacobsen (1984). Definido o método, sendo ele de produção por ordem ou encomenda, abre-se uma Ordem de Produção (OP) e aloca todos os custos da referida encomenda, e essa conta será fechada ao término da produção. Com relação à ordem de produção Martins (2003) contribui afirmando que os custos são acumulados numa conta específica para cada ordem e encomenda. Essa conta só para de receber custos quando a ordem estiver encerrada. Se terminar um período contábil e o produto estiver ainda em processo não há encerramento, permanecendo os custos até então incorridos na forma de bens em elaboração, no ativo, quando a ordem for encerrada, será transferido para o estoque de produtos acabados ou para Custo dos Produtos Vendidos, conforme a situação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 149 Custeio por ordem ou encomenda Padoveze (2003) defende que o custeamento por ordem nasceu funda- mentado na necessidade de mensuração dos custos reais para fins de inven- tário e apuração dos resultados. Segundo Medeiros (1999), as empresas que normalmente utilizam o método de custeio por ordem de produção ou por encomenda trabalham com produtos ou serviços especiais, como segue: − a maioria das indústrias pesadas; − fabricantes de equipamentos especiais; − algumas fábricas de móveis; − estaleiros que fabricam navios por encomenda; − empresas de construção civil que executam obras diferentes; − oficinas gráficas que atendem as encomendas de clientes; − empresas de auditoria, consultoria, engenharia etc. As características básicas do sistema de custeio por ordem de produção conforme descrito por Leone (2000) são: − custos apropriados diretamente a cada encomenda; − produtos não guardam semelhanças entre si; − custos reais são determinados pelo tipo de produto; − a apuração do custo total de produção é feita considerando a encomenda como um todo, quer do produto final ou determinado componente, não considerando o produto individualizado (custo unitário);− os estoques de matéria-prima, produtos em processos e produtos aca- bados, são reduzidos ou inexistentes, isto é, as quantidades produzidas são limitadas aos pedidos dos clientes; − existem datas previstas para o início e término da produção; − períodos contábeis podem ser extrapolados. Todo sistema de custeio tem suas vantagens e desvantagens. Dessa forma, Medeiros (1994) apresenta as seguintes vantagens do sistema por ordem: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 150 Custeio por ordem ou encomenda − as Ordens de Serviços (OS) prontas servem como base para futuras OS, desde que sejam iguais ou semelhantes; − permite a identificação dos produtos de maior e menor lucro; − o acompanhamento do lançamento proporciona ao administrador um controle que independe do levantamento físico de seus estoques; − fornece ao departamento financeiro, meios para estabelecer as épocas mais apropriadas para receber as parcelas de receitas dos clientes, de acordo com o andamento da ordem. E as seguintes desvantagens: − há elevadas despesas com acompanhamento do sistema, devido ao trabalho pormenorizado; − o conhecimento do custo total somente é possível ao término da OS. Segundo Martins (2003), quando há danificações de matérias-primas ou outros materiais diretos ou também indiretos, quando da elaboração de determinadas ordens, dois procedimentos podem ser utilizados: apropriação à ordem que está sendo elaborada ou concentração dentro dos custos indiretos para rateio à produção do período. Claro está que essas formas de tratamento são adotáveis para perdas dentro de certa normalidade, pois, se são perdas de grande valor e anormais, devem ser consideradas como do período. Martins comenta ainda que comumente ocorre a danificação de uma ordem inteira ou pelo menos em estado adiantado de fabricação. Do ponto de vista contábil, o procedimento mais correto é a baixa direta para perdas do período, sem a acumulação aos novos custos de reelaboração da ordem. O conservadorismo assim o recomenda, exceto se for imaterial o valor. Do ponto de vista administrativo, interessa, todavia, um relatório onde seja deduzido esse montante perdido do resultado obtido na encomenda (ou ordem). Nada impede que nos relatórios internos seja feito esse adendo aos relatórios ema- nados diretamente da Contabilidade. Diante do que foi apresentado, entende-se que para a obtenção do custo do produto acabado, os custos necessitam estar acumulados por ordem. [...] Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 151 Custeio por ordem ou encomenda Atividades de aplicação Com os dados a seguir responda aos exercícios propostos 1 a 3 (MARTINS, 2003. Adaptado): A Indústria de Móveis Pica-Pau produz móveis para escritório sob enco- menda. No início de determinado mês, recebeu, de clientes diferentes, três pedidos de orçamento para possíveis encomendas de mesas para computa- dor: 160 grandes, 92 médias e 95 pequenas. É normal haver perda de algumas unidades no processo de produção, por isso, a empresa pretende iniciar as ordens com as seguintes quantidades: 165, 95 e 98, respectivamente. Sua estimativa de custos foi a seguinte, para essas quantidades: I. Matéria-prima: Produtos $ Grandes 4.950,00 Médias 2.375,00 Pequenas 1.764,00 II. Tempo de produção requerido por unidade de produto: Produtos Tempo de MOD Tempo de Máquina Grandes 1,4 hmod 1,8 hm Médias 1,0 hmod 1,4 hm Pequenas 1,0 hmod 1,0 hm III. Outros custos: Custos Fixo $ Variável Supervisão de Produção 2.250,00 Depreciação de equipa- mentos 1.600,00 Energia elétrica $ 2/horas-máquina Mão de obra direta $ 10/hora de MOD Outros 14.150,00 $ 8/horas-máquina Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 152 Custeio por ordem ou encomenda 1. Qual o custo da encomenda das mesas para computador grandes, rateando todos os custos indiretos à base de horas-máquina? 2. Qual o custo da encomenda das mesas para computador médias, rateando todos os custos indiretos à base de horas-máquina? 3. Qual o custo da encomenda das mesas para computador pequenas, rateando todos os custos indiretos à base de horas-máquina? 4. Para que tipo de empresa o custo por ordem de produção é o mais utilizado? 5. Qual é o item mais importante para o custeio por ordem de produção? Referências BRUNI, Adriano Leal; FAMÁ, Rubens. Gestão de Custos e Formação de Preços. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2011. 5. impr. GALLON. Alessandra Vasconcelos; SALAMONI, Franciane Luiza; COSTA, Magnus Amaral da. Custeio por Ordem na Indústria Madeireira: um estudo de caso. Nov. 2005. Disponível em: <www.intercostos.org/documentos/custos_29.pdf>. Acesso em: 30 out. 2012. MEGLIORINI, Evandir. Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 2002. MARTINS, Eliseu, Contabilidade de Custos. 1945. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. PADOVEZE, Clóvis Luís. Curso Básico Gerencial de Custos. Para cursos de Admi- nistração de empresas, Economia e Engenharia. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003. Gabarito Base para o cálculo Grandes Médias Pequenas MP total/un. 30,00 25,00 18,00 Energia 2,00 2,00 2,00 Mão de obra direta 10,00 10,00 10,00 Outros custos variáveis 8,00 8,00 8,00 Custos fixos 18.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 153 Custeio por ordem ou encomenda Grandes Médias Pequenas Total Unidades 165 95 98 358 Tempo MOD 1,4 1 1 3,4 Horas MOD total 231 95 98 424 Proporção hora MOD 54,48% 22,41% 23,11% 100% Tempo máquina 1,8 1,4 1 4,2 Horas máq. Total 297 133 98 528 Proporção hora máq. 56,25% 25,19% 18,56% 100% 1. Base: horas-máquina Grandes Total Un. Matéria-prima 165 30,00 4.950,00 Hmod Mão de obra direta 10,00 231 2.310,00 Hmaq Energia elétrica 2,00 297 594,00 Hmaq Outros custos vari- áveis 8,00 297 2.376,00 % hora-máq. Custos fixos 18.000,00 56,25% 10.125,00 Custo da encomenda 20.355,00 2. Base: horas-máquina Médias Total Un. Matéria-prima 95 25,00 2.375,00 Hmod Mão de obra direta 10,00 95 950,00 Hmaq Energia elétrica 2,00 133 266,00 Hmaq Outros custos vari- áveis 8,00 133 1.064,00 % hora-máq. Custos fixos 18.000,00 25,19% 4.534,20 Custo da encomenda 9.189,20 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 154 Custeio por ordem ou encomenda 3. Base: horas-máquina Pequenas Total Un. Matéria-prima 98 18,00 1.764,00 Hmod Mão de obra direta 10,00 98 980,00 Hmaq Energia elétrica 2,00 98 196,00 Hmaq Outros custos vari- áveis 8,00 98 784,00 % hora-máq. Custos fixos 18.000,00 18,56% 3.340,80 Custo da encomenda 7.064,80 4. A utilização do sistema por ordem de produção é mais adequada quando a empresa utilizar um processo produtivo que não seja repetitivo, em que cada produto ou grupo de produtos sejam diferentes entre si. 5. O formulário de Ordem de Produção, que fornece o registro do material direto, mão de obra direta e uma estimativa dos gastos gerais de fabricação para cada trabalho executado durante o perí- odo de produção. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 157 Produção por processo ou em série Introdução A natureza do processo de produção exige que os sistemas de informa- ções contábeis das indústrias sejam projetadas para acumular dados deta- lhados sobre custos realizados com o processo produtivo. É necessário, em decorrência, que as empresas industriais possuam um sistema de Contabili- dade de Custos que mostre os custos incorridos e onde e como esses custos foram usados. Na produção denominada produção por processo, ou contínua, ou em série, ou em massa, asempresas produzem uma saída contínua de produto ou produtos homogêneos. Essas empresas podem produzir um único produto, como o automóvel, ou muitos produtos diferentes, como refrigerantes ou artigos farmacêuticos. Dessa maneira, a produção por processo se assenta na produção conti- nuada, e a empresa produz e oferece seus produtos ao mercado. Diferente- mente da produção por ordem, onde a produção depende da solicitação ou encomenda de um cliente, na produção por processo a empresa produz e coloca os produtos à disposição dos clientes. Nesse sistema, geralmente, as fábricas são constituídas em departamentos ou centros de custos e a produção pode ser vista como uma sequência de fases ou operações, em cada departamento, nos quais são aplicados matéria- -prima, mão de obra e outros custos de fabricação, originando-se, ao final, o produto terminado. O custeamento final é o resultado de uma multiplicação de um custo unitário pelo número de quantidades produzidas ou pelo número de unidades equivalentes produzidas. Controle de custos por processo No tipo de produção por processo, produtos relativamente padronizados são elaborados para estoque e não para clientes específicos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 158 Produção por processo ou em série Tal sistema, de acordo com Leone (1995, p. 167), é adotado quando os produtos não podem ser identificados no processo produtivo. Muitas empresas utilizam os dois sistemas de custeamento: por ordem e por processo. Por exemplo: em uma fábrica de transformadores onde o produto é elaborado segundo especificações do cliente, o custeamento por ordem de produção é adotado na acumulação de custos dos transfor- madores e de muitos de seus componentes; o custeamento por processo será empregado para a acumulação dos custos de pequenos componentes que serão utilizados na montagem do transformador e também vendidos no mercado. Comparação entre custos por ordem e processo O sistema de custo por processo é empregado em fábricas cuja produção é contínua e padronizada; o sistema de custo por ordem é aplicado em indús- trias que recebem pedidos específicos dos clientes. Os custos de produção no processo são registrados por fases de fabrica- ção; na ordem, os custos serão acumulados por produto, segundo cartões denominados de Ordem de Produção (OP). A acumulação de custos no processo, uma vez que coincide com o período contábil, frequentemente exige avaliação dos estoques em produção para a determinação do custo; na ordem, não havendo essa estreita dependência do período contábil, os custos são determinados apenas pela acumulação dos custos já existentes nas OPs. Seguindo o fenômeno americano da produção em massa e o aper- feiçoamento tecnológico que reduziram o tempo de transformação da matéria-prima em produtos acabados, a engenharia se obrigou a rotinizar e padronizar as operações de produção tanto do homem como da máquina, surgindo o processo. Taylor1 acreditava que o trabalho podia ser científico se os passos que cada trabalhador dava fossem padronizados. Nas primeiras décadas deste século, Taylor decidiu que havia uma maneira melhor (padrão) de realizar cada tarefa, uma ferramenta melhor (padrão) para utilizar nessa tarefa e um tempo estipulado (padrão) no qual esta podia ser completada. 1 Frederick Winslow Taylor (1856-1915), criador do siste- ma denominado de tayloris- mo “que recomenda a adoção de métodos e normas visan- do à maximização do rendi- mento da mão de obra, com base numa análise minuciosa de cada tarefa a ser executa- da.” (FERREIRA, 2004) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 159 Produção por processo ou em série Além disso, se a produção em massa exigiu a padronização de máquinas, produtos e processos, o mercado sempre crescente exigiu uma padronização correspondente de dinheiro e mesmo de preços. Ao final do século XIX, com cada vez mais modificações feitas na fábrica, os custos humanos da especialização multiplicaram-se de acordo. Os críticos do industrialismo afirmaram que o trabalho altamente especializado e repeti- tivo desumanizava progressivamente o trabalhador. Pela época em que Ford2 começou a fabricar o modelo T, em 1908, eram necessárias 7 882 tarefas espe- cializadas para completar uma unidade. Em sua biografia, Ford registrou que dessas 7 882 tarefas especializadas, 949 exigiam homens fortes, fisicamente hábeis e praticamente perfeitos; 3 338 tarefas precisavam de homens de força física apenas comuns, a maioria do restante podia ser realizada por mulheres ou crianças crescidas e, continuava friamente, verificamos que 670 tarefas podiam ser preenchidas por homens sem pernas, 2 637 por homens com uma perna só, duas por homens sem braços, 715 por homem com um braço só e 10 por homens cegos. “Em suma, a tarefa especializada não exigia um homem in- teiro, mas apenas uma parte. Nunca foi apresentada uma prova mais vívida de quanto a superespecialização pode ser brutalizante.” (TOFLER, 1992, p. 59-66). Processo é, pois, um elemento da organização estrutural da empresa, no qual se realiza um trabalho específico, bastante especializado e repetido. Departamentos, centros de custos, centro de responsabilidade, função e operação são algumas outras denominações usadas para descrever um processo. São exemplos de processo: Montagem e submontagem. Usinagem. Lixamento. Pintura. Polimento. Limpeza a jato de areia. Acabamento. 2 Henry Ford (1863/1947) foi um empreendedor estadu- nidense que fundou a Ford Motor Company e foi o pri- meiro empresário a aplicar a montagem em série de forma a produzir em massa auto- móveis em menos tempo, e a um preço menor. Disponí- vel em: <http://pt.wikipedia. org/wiki/Henry_Ford>. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 160 Produção por processo ou em série Qualquer um dos processos pode ser usado na fabricação de diversos produtos, como também qualquer produto pode exigir o processamento por meio de diversos processos. Na Contabilidade de Custos por processo, a característica é o agrupa- mento dos custos para um período de tempo, conforme o processo. Os custos, diretos e indiretos, são acumulados nas contas próprias durante o período e, ao final, são classificados por departamento ou processo. O total de cada processo é dividido pelas quantidades de produtos fabricados em cada processo, obtendo-se o custo médio unitário do período. Vejamos o exemplo trazido por Leone (1982, p. 285), apresentando o fluxo básico de produção de uma lanterna que é produzida através de vários processos de fabricação e de montagem: Fornecedores Fabricação Componentes Tampa Corpo Contato de suporte da lâmpada Cabeça Contato de suporte da lâm- pada; lâmpada e vidro com a cabeça Operador com o corpo Contato com a tampa Montagem (L EO N E, 1 98 2, p . 2 86 ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 161 Produção por processo ou em série Determinação do custo de produção Pode-se dizer que existem duas formas de fabricação do produto industrial: Fabricação simples – quando é necessária apenas uma fase de transformação. Dessa forma, o produto é produzido em um único centro produtivo. Fabricação complexa – quando, para a fabricação de um produto, é necessário executar diversas etapas no processo fabril. Entre essas formas, Campiglia (1994, p. 160) destaca que as seguintes hipóteses podem ocorrer para a apropriação dos custos: um único processo e um único produto; um único processo e dois ou mais produtos; diversos processos e um produto. Um único processo e um único produto O custo médio unitário quando se tratar de um único processo e um único produto é o somatório dos custos de materiais diretos, mais a mão de obra direta, mais os custos indiretos,dividido pelo volume produzido. Custo Médio Unitário = MD + MOD + CIF Volume produzido Por exemplo: admitindo-se que uma fábrica tenha produzido em determinado mês 50 000 unidades de um certo produto, que ao final desse mês todas as unidades estivessem concluídas e que tenham ocorrido os seguintes custos: materiais, R$30.000,00; mão de obra direta, R$15.000,00; CIFs, R$21.000,00, a demonstração do custo seria muito simples. Custos de produção Custo total (R$) Qde. produzida Custo unitário (R$) Materiais 30.000,00 50 000 0,60 Mão de obra direta 15.000,00 50 000 0,30 Custos indiretos 21.000,00 50 000 0,42 Total de custos aplicados 66.000,00 50 000 1,32 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 162 Produção por processo ou em série Um único processo e dois ou mais produtos O custo médio unitário, quando se tratar de um único processo e de dois ou mais produtos, é o somatório dos custos de materiais diretos, mais a mão de obra direta, mais os custos indiretos rateados proporcionalmente, de cada um dos produtos produzidos, divididos pelo volume de produtos produzidos. Como exemplo, suponha-se que de um único processo surjam os produtos 1 e 2. A apuração do custo médio unitário será obtida pela apli- cação das seguinte fórmulas. Custo Médio Unitário do produto 1 = MD1 + MOD1 + CIF (proporcional) Volume de 1 produzido Custo Médio Unitário do produto 2 = MD2 + MOD2 + CIF (proporcional) Volume de 2 produzido Admitindo-se, por exemplo, que uma olaria tenha fabricado 1 000 tijolos de quatro furos e 1 000 tijolos de dois furos. Os custos de produção são os de matéria-prima (barro) que monta em R$50,00, a mão de obra direta que totaliza R$20,00 e os custos indiretos de fabricação que resultam em R$10,00. Sabendo-se que o tijolo de quatro furos consome 60% do material direto e o de dois furos, 40%, a demonstração do custo seria a seguinte: Componente de custo Valor total Tijolos de 4 furos (60%) Tijolos de 2 furos (40%) Material direto R$50,00 R$30,00 R$20,00 Mão de obra R$20,00 R$12,00 R$8,00 CIFs R$10,00 R$6,00 R$4,00 Total R$80,00 R$48,00 R$32,00 Quant. produz. – ÷1 000 ÷ 1 000 Custo unitário – R$0,048 R$0,032 Diversos processos e um produto O custo médio unitário, quando se tratar de diversos processos e um produto, é o somatório dos custos de materiais diretos, mais a mão de obra direta, mais os custos indiretos, dividido pela soma dos volumes de produtos produzidos em cada um dos processos: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 163 Produção por processo ou em série Processo A = MD + MO + CIF Volume produzido Processo B = MD + MO + CIF Volume produzido Processo C = MD + MO + CIF Volume produzido Admitindo-se, por exemplo, que uma cimenteira apure o custo de produ- ção de cada tonelada de cimento fabricado em três departamentos com a seguinte estrutura: Processo “A” – Material: 700 toneladas de calcário a R$2,00/t; MOD, R$300,00; CIF, R$200,00; Processo “B” – Material: 10 toneladas de gesso a R$3,00/t, MOD, R$100,00; CIF, R$100,00; Processo “C” – MOD, R$100,00; CIF, R$150,00. O custo do quilograma de cimento (não considerados outros insumos e considerando como quebra a quantidade de gesso agregada) seria assim demonstrado: Componentes Centro A (R$) Centro B (R$) Centro C (R$) Kg fabric. Custo kg (R$) Transporte – 1.720,00 1.950,00 – 0 Material 1.400,00 30,00 – – Mão de obra 300,00 100,00 150,00 – CIF 20,00 100,00 150,00 – Total 1.720,00 1.950,00 2.250,00 700 3,21 Como os custos são atribuídos ao processo, e em dados momentos é necessário determinar o valor da produção que está em andamento, a difi- culdade resulta no fato de que a produção inacabada pode estar localizada dentro de qualquer um ou de todos os processos de produção. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 164 Produção por processo ou em série Equivalência de produção Quando ficam produtos em processamento ao final do período, é necessá- rio determinar-se em que estágio de fabricação se encontram essas unidades. O passo inicial é definir uma unidade equivalente. Exemplos simples de unidades equivalentes: dois copos que estão com água pela metade, formam uma unidade equivalente. oito alunos que fazem metade dos créditos requeridos por uma insti- tuição, equivalem a quatro alunos de tempo integral. As estimativas do estágio de fabricação do produto são feitas, geralmente, pelas pessoas que estão diretamente ligadas na fabricação do produto. Bom exemplo da equivalência da produção é oferecido pela Pecuária. Marion (1990, p. 190) oferece o seguinte desenvolvimento de equivalência de produção: Inventário de vacas grávidas Equivalentes de produção Tempo de prenhez N.º de matrizes Multiplicador Unidades equivalentes 1 mês completo 420 1/9 46,67 2 meses incompletos 395 2/9 87,78 3 meses incompletos 390 3/9 130 4 meses incompletos 420 4/9 186,67 5 meses incompletos 400 5/9 222,22 6 meses incompletos 380 6/9 253,33 7 meses incompletos 410 7/9 318,87 8 meses incompletos 405 8/9 360 9 meses incompletos 380 9/9 380 Total 3 600 – 1 985,54 (M A RI O N , 1 99 0, p . 1 90 . A da pt ad o. ) Existem 3 600 bezerros a nascer, armazenados no ventre das matrizes e que correspondem a 1 986 unidades inteiras de bezerros. Um problema que normalmente ocorre nas indústrias de produção con- tínua, segundo Martins (1998, p. 175): Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 165 Produção por processo ou em série [...] e que costuma dificultar e às vezes até impedir os cálculos unitários nas fases intermediárias é a não existência de condições para se conhecer os volumes físicos transferidos de um para outro departamento. Sem o conhecimento dessas quantidades não é possível trabalhar-se com custos unitários. Às vezes é preferível não se fazer custos do que tê-los de forma irregular; a crença em números não necessariamente verdadeiros é por demais perigosa. Na indústria, de acordo com exemplo trazido de Leone (1982, p. 291), considere-se a fabricação de cadeiras, onde são produzidos, separadamente, assentos e estruturas metálicas. As cadeiras obedecem ao seguinte modelo: existem duas partes distintas, fabricadas separadamente: a parte inferior (assento e pernas) denominadas de assentos e a parte superior denominada de encosto. No início do mês de setembro, 50 assentos já se encontravam concluídos, faltando fabricar os encostos, podendo-se afirmar que 50% das cadeiras estavam concluídas. A contabilidade informa que na conta denominada de produção em andamento, envolvendo material, mão de obra e Custos Indiretos de Fabricação, está registrada a importância de R$450,00. 50 cadeiras (LE O N E, 1 98 2, p . 2 92 -3 01 . Ad ap ta do .) No final do mês de setembro, a fábrica informa que saíram do processo 800 cadeiras prontas e a contabilidade registra como gastos de produção (MP, MOD E CIF) R$16.750,00. Informa-se, também, que outros 80 assentos já se en- contram concluídos, ou seja, existem 80 cadeiras concluídas pela metade. Para a determinação do custo unitário será necessário, preliminarmente, considerar que: incluídas entre as 800 cadeiras prontas estavam as 50 unidades que, no início do mês se encontravam prontas pela metade; essas 50 cadeiras haviam consumido gastos de produção relativos ao mês de agosto; existiam outras 80 cadeiras concluídas pela metade ao final do mês que haviam consumido gastos de produção relativos ao mês de setembro. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 166 Produção por processo ou em série Para determinar o custo unitário de cada cadeira é necessário determinar o custo unitário de produção do processo em setembro. Esse custo unitário, por sua vez, somenteserá achado se for determinado o trabalho efetivo do mês de setembro, em termos de cadeiras, isto é: qual é a produção equivalente, pois existem cadeiras semiprontas no início do mês, iniciadas e acabadas durante o mês e semiprontas ao final do mês. A equivalência da produção do mês de setembro será: Unidades Saldo de agosto Setembro Saldo para outubro 50 unidades parte acabadas no início de setembro equivalem a 25 25 0 Das 800 unidades saídas em setembro, 50 foram parcialmente fabricadas em agosto (800-50) 0 750 0 80 unidades iniciadas em setembro serão concluídas somente em outubro 0 40 40 Trabalho realmente executado em setembro, ou unidades equivalentes 815 Por outro lado, verifica-se a seguinte totalização de custos de produção: Do mês de agosto R$450,00 Do mês de setembro R$16.300,00 Τotal R$16.750,00 Dividindo-se os custos de agosto pelas unidades parcialmente concluídas em agosto (50 unidades concluídas pela metade = 25), tem-se: Custo de agosto = R$450,00 = R$18,00 por unidade 25 unid. equivalentes Dividindo-se os custos de setembro pelas unidades equivalentes de se- tembro, tem-se: Custo de setembro = R$16.300,00 = R$20,00 por unidade 815 unid. equivalentes Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 167 Produção por processo ou em série Com base nesses custos unitários será possível determinar o valor das unidades acabadas e do estoque final em fabricação (neste exemplo será utilizado o critério PEPS). Em setembro houve o processamento de 880 unidades das quais: 50 vieram parcialmente processadas do mês anterior.; 750 foram iniciadas e concluídas no curso do mês; 80 foram parcialmente processadas no mês e passaram para o mês seguinte. Essas 880 unidades processadas em setembro, parcial ou totalmente, compõem-se dos seguintes lotes: Período N.º unidades Custos atribuídos Produzidas em ago. e set. 50 50% do custo de ago. 50% do custo de set. 25 . R$18,00 25 . R$20,00 R$450,00 R$500,00 Produzidas em set. totalmente 750 custo total setembro 750 . R$20,00 R$15.000,00 Parcialmente processadas em setembro 80 50% do custo set. 80 . 0,50 . R$20,00 R$800,00 Da mesma maneira que as 50 cadeiras que compunham o lote de produtos em processamento no início de setembro receberam custos de agosto e de setembro, as 80 unidades em processamento ao final do mês recebem custos desse mês e receberão custos do mês de outubro. Perdas ou estragos A qualidade tem-se tornado um fator cada vez mais importante na men- suração da satisfação do cliente. As empresas que implantam sistemas de qualidade focalizam sua atenção ao conceito de aperfeiçoamento contínuo que é aplicável aos produtos e às suas características. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 168 Produção por processo ou em série A qualidade tem sido vista e se tornado em um fator cada vez mais impor- tante na mensuração da satisfação do cliente. Quando os clientes compram produtos sem qualidade têm a tendência de mudar de marca. Sem controle de qualidade, a fabricação de produtos de baixa qualidade representa custos, pois produtos danificados, por não atenderem às espe- cificações ou que não possam ser processados são considerados perdas na produção. A mensuração do custo das perdas na produção e dos custos de sua redução (custos com o treinamento e qualificação) permite que o gestor possa tomar decisões sobre o aperfeiçoamento da qualidade e redução de custos. Quando houver perdas ou estragos de quaisquer componentes de custo, dois procedimentos poderão ser utilizados: todos os custos decorrentes das perdas ou estragos serão atribuídos às unidades remanescentes. Essa forma é recomendável quando as perdas e estragos se situarem em padrões normais e previstos; todos os custos decorrentes das perdas ou estragos serão atribuídos ao período. Essa forma é adotável para as perdas anormais e de grande valor. Assim, os valores decorrentes das perdas ficam fora do processo e são lançados diretamente ao resultado. Conclusão Quanto à natureza do processo produtivo, os sistemas de custeio podem ser classificados em produção por ordem e produção por processo ou por série. Custeio por ordem de produção é característico de empresas que produzem sob encomenda, sejam estas unitárias ou em lotes. O sistema de custeio por processo adapta-se a empresas que possuem um sistema de produção contínua, com processos consecutivos para produção de produtos padronizados: eletrodomésticos, produtos químicos, produtos hospitalares etc. No sistema de custeio por processo, primeiramente chega-se aos custos por processo ou departamento, para posteriormente distribuí-los aos produtos que passam por esses processos. Com isso, o cerne desse sistema passa a ser os centros de custo e não mais o produto elaborado através de uma ordem de produção. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 169 Produção por processo ou em série Ampliando seus conhecimentos Gestão de custos (PRADO, 2001) Um pouco de história! Poderíamos dizer que a origem dos sistemas de custeios pode ter se inicia- do na necessidade do homem em contar e identificar as suas necessidades de sobrevivência. Supõe-se que sua origem remonta à Florença, cidade que desde o século XII se distinguiu pela fabricação de tecidos. A ilustre família dos Médicis, por exemplo, que originalmente se dedicaram aos bancos, excurcionaram logo na indústria têxtil, comprando lã em bruto e vendendo tecidos acabados, que eram produzidos por confeccionadores individuais em seus próprios domicílios. Como cada fase dessa produção era realizada por diferentes famílias, os Médicis usaram o método de registros de custos separados por processo individual. Sistemas de custos ao longo do tempo Século XVIII – Renascença: Pouco desenvolvido, devido à maior ênfase dada ao comércio do que à produção. Exceções são identificadas a par- tir de 1577, onde empresas mineradoras da Áustria mostravam em seus registros contábeis a acumulação de custos de materiais, mão de obra e certos gastos que eram lançados em uma conta chamada “Fundição” e logo em seguida se creditavam a produtos acabados. Século XIX – Somente nesse século a contabilidade de custo evoluiu, devido à necessidade de incorporar em cifras aos custos totais os gastos de fabricação. O fato curioso que dificultava a contabilidade de custos era a divulgação de conhecimento de processo de fabricação, muitas vezes considerado como segredo industrial, e era reduzido o número de contadores que tinham visão geral sobre o tema. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 170 Produção por processo ou em série 1900-1925 – Com o advento da Revolução Industrial, mais e mais jus- tificava-se a criação de técnicas de apuração de custos. Surge, então, a técnica de “Custos Diretos”, pois a indústria já começava a dominar a técnica de produção em série. 1919 – Fundada nos Estados Unidos a “National Association of Cost Accountant”, cujos boletins informativos começaram a moldar os profis- sionais e professores a partir de então. 1925-1950 – Controles Estatísticos - Custos Standard criado pelos alemães. 1950-1980 – As empresas começaram a se interessar pelos problemas dos custos, ao compreender o significativo papel que estes desempe- nhavam na mensuração da eficiência fabril. Começam a surgir várias técnicas de apuração de custos. 1980-2000 – Era da informação. Com o desenvolvimento da microinformá- tica e a internet, as empresas começaram a ter poder de processamentos para obter mais rapidamente respostas para suas análises de custos. 2000-... – Aprimoramento dos sistemas ERP, desenvolvimento da ideia de negócios na internet através de B2B, B2C e outras siglas mais. Tipos de sistemas de custos Sistema de custo histórico O sistemade custeamento baseado em custos históricos ou atuais pode ser definido como um sistema no qual os custos são registrados e sumariados tais como ocorrem. Em consequência, nesse sistema os custos somente são determinados após o término das operações de manufatura ou da execução dos serviços prestados pela empresa. Sistema de custo predeterminado Como o próprio nome sugere, os custos predeterminados são os custos estabelecidos com antecedência sobre as operações de produção. Em um sistema baseado em custos predeterminados, material, mão de obra e gastos gerais de fabricação são contabilizados nas bases de preço, uso, e volume previstos. Os custos predeterminados são usados quando a gerência está interessada, primeiramente, em conhecer quais deveriam ser os custos, para depois compará-los com os custos reais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 171 Produção por processo ou em série Sistema de custos por ordem de produção O sistema de custo por ordem de produção é o sistema de custeamento no qual cada elemento do custo é acumulado separadamente, segundo ordens específicas de produção, emitidas pela seção de fabricação. As ordens de produção são emitidas para início da execução do serviço e nenhum trabalho poderá ser iniciado sem que ele seja devidamente autorizado pela correspondente emissão de uma ordem de produção. Sistema de custos por processo O sistema de custo por processo é usado invariavelmente na contabilidade dos custos de uma produção em massa. Usualmente, em tais operações, todos os produtos são fabricados para estoque; uma unidade de produção é idên- tica à outra; os produtos são movimentados no processo de produção conti- nuadamente e todos os procedimentos da fábrica são padronizados. Nessas condições a identificação de qualquer custo específico não é relevante. O custo por processo é caracterizado pela acumulação dos custos de produção em cada uma das etapas do processo contínuo de fabricação de produtos homogêneos. Os custos médios, acumulados durante uma etapa, são transferidos para etapas seguintes. As alocações são necessárias somente quando um material ou produto é dividido em dois ou mais subprodutos. Sistema de custo-padrão O termo custo-padrão possui diversos significados e implicações. Algumas peculiaridades desse termo são expostas a seguir: Todos os custos-padrão são custos predeterminados. Todavia, nem todos os custos preparados antes das operações são incluídos na categoria de custo- -padrão. Os custos-padrão são estabelecidos por um processo científico, uti- lizando-se a experiência passada e presente. Daí o processo de determinação dos custos-padrão, geralmente, incluírem: a) uma seleção cuidadosa do material; b) estudos de tempo e motivação das operações; c) um estudo de engenharia do equipamento e das operações de manufatura. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 172 Produção por processo ou em série Sistema de custo direto O conceito de custeio direto envolve a classificação dos custos de manufatura em fixos e variáveis, com a subsequente apropriação dos custos variáveis aos custos do produto, sendo os custos fixos diretamente lançados a lucros e perdas no período em que ocorreram. Definindo-se de uma outra forma, é o conceito da contabilização dos custos de manufatura, segundo o qual somente os custos que foram consequência da produção devem ser computados nos custos unitários. Sistema de custo por absorção É a técnica de custo que procura calcular o custo dos produtos vendidos (Contábil), esta técnica apropria aos produtos custos: a) Diretos. b) Indiretos. Os custos diretos são alocados diretamente aos produtos, com base em planilhas com registro do consumo de cada produto. Custos diretos são aqueles diretamente relacionados com a execução do serviço ou elaboração da produção. Os CIFs (principal e auxiliar) são apropriados aos produtos com base em critérios de rateio. Para alocar os custos indiretos inicia-se com a alocação dos Centros de Custos auxiliares e depois com os principais. No custeio por absorção as despesas administrativas e comerciais não são apropriadas aos produtos. Sistema de Custos UEP – Unidades de Esforços de Produção Técnica de custo que é semelhante ao custeio por absorção no que se refere aos elementos de custeios considerados. É adequada à finalidade contábil de apuração de custos de estoque e vendas, pois mantém segregadas do custo do produto as despesas de admi- nistração e vendas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 173 Produção por processo ou em série Assim como no custo por absorção, o UEP apropria nos produtos todos os custos: diretos e indiretos. O UEP não se aplica ao custo de instituições financeiras e empresas comerciais. Sistema de Custo ABC – Atividade O pressuposto básico é que os recursos das empresas são consumidos pelas atividades desenvolvidas; os produtos, por sua vez, consomem atividades. Recursos: são fatores de produção consumidos na empresa, como: pessoal, materiais, computadores, telefone etc. Corresponde às cate- gorias de despesas ou contas(na visão contábil). Fatores de consumo de recursos: são os parâmetros usados para custear as atividades, como: horas de trabalho, tempo de uso de telefone etc. Atividades: são conjuntos de tarefas relacionadas, podendo ser execu- tadas em mais de uma área funcional. As atividades consomem recur- sos na empresa. Sistema Target Costing (Custo-Alvo) Target Costing (custo-alvo a atingir ou custo projetado) é uma ferramenta da gestão de custo para redução do custo durante todo o ciclo de vida de um produto, que também pode ser usada para reduzir investimentos com dese- nho, produção e distribuição do produto. O custo-alvo é o custo máximo de manufatura de um determinado produto – um custo que permitirá o retorno esperado dentro de um certo nicho do mercado e, também, que o produto ganhe uma certa porção do mercado. O custo-alvo pode ser computado, tomando-se o preço de mercado esperado dentro do nicho apropriado e subtraindo desse preço a esperada margem nas vendas. O custo-alvo não é ferramenta para o controle do dia a dia. Em vez disso, é uma ferramenta de planejamento de custos que focaliza o controle das espe- cificações do desenho e as técnicas de produção, contribuindo, assim, para a meta de entregar um produto competitivo ao mercado. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 174 Produção por processo ou em série Atividades de aplicação 1. A Cia. Ômega fabrica maçanetas para portas. O produto passa por dois centros de custos. O centro Alfa tinha 5 500 maçanetas em processa- mento em 1.º de julho e 2 500 em processamento no dia 31 de julho. Durante o mês, 6 000 maçanetas foram transferidas para o centro Beta para processamento adicional. Não existem unidades completadas em estoque no final do mês. Pede-se: a) Calcular o número de maçanetas iniciadas em processamento adi- cional durante o mês de julho. b) Preparar uma demonstração de quantidades para o centro Alfa. 2. Supondo-se que existam duas unidades de um produto sendo fabri- cadas. Uma delas está com 90% dos trabalhos já executados e a outra com 10%. Qual é a produção equivalente e qual o grau médio de aca- bamento da produção em andamento? 3. A Cia. Gama possui os seguintes dados e informações, em unidades (CASHIN, 1982, p. 95): Produtos em processo em 1.º de janeiro de X1 (100% completadas quanto a MP+MOD+custo) 4 000 Unidades iniciadas e em processamento 46 000 50 000 Unidades transferidas para outro centro 36 000 Unidades completadas e em estoque 8 000 Unidades ainda em processamento (com MP de 100% e MOD+CIF de 33%) 6 000 50 000 Pede-se para calcular as unidades equivalentes para a Cia. Gama. 4. Uma empresa apresentou os seguintes dados aofinal de determinado período: Estoque de produtos em elaboração R$194.600,00 Custo de transformação unitário R$62,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 175 Produção por processo ou em série Considerando que a empresa possui uma linha de produção por processo, sendo seu custeamento efetuado por departamentalização e, ainda, que o estoque de produtos em elaboração registra 2 500 unidades em fase de fabricação. 5. As seguintes informações foram extraídas da contabilidade da Cia. Celta (CASHIN, 1982, p. 48): Unidades tranferidas para o centro “B” 80 000 Unidade completadas e ainda em estoque 4 000 Produção em processo (10 000 unidades): Relativamente à matéria-prima 100% completadas Relativamente à MOD e CIF 60% completadas Pede-se para, com os dados acima, determinar a produção equivalente. 6. Na Indústria Ocular a matéria-prima (metal, plásticos e acessórios) é adicionada no início do processamento e a mão de obra direta e os Custos Indiretos de Fabricação ocorrem uniformemente durante o processamento. Durante o mês de abril ocorreram os seguintes custos: MP, R$9.000,00; MOD, R$7.000,00; CIF, R$4.000,00 e deu-se início à fabricação de 10 000 óculos dos quais 8 000 foram inteiramente acabados e 2 000 estavam 50% acabados no final do mês. Pede-se para apurar o custo de fabricação dos óculos totalmente aca- bados e o custo dos óculos em processamento no mês de abril. Referências BRASIL. Lei n 6.404, de 15 de Dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol. htm>. Acesso em: 16 jan. 2012. BRASIL. Lei n 11.638 de Dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <www.planalto.gov. br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 5 jan. 2012. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 176 Produção por processo ou em série BRASIL. Lei 11.941 de 27 de Maio de 2009. Altera a legislação tributária fede- ral relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários [...]. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm>. Acesso em: 5 jan. 2012. CAMPIGLIA, Américo Oswaldo; CAMPIGLIA, Oswaldo Roberto P. Controles de Gestão: controladoria financeira das empresas. São Paulo: Atlas, 1993. ______. Controles de Gestão: controladoria financeira das empresas. São Paulo: Atlas, 1994. CASHIN, James A.; POLIMENI, Ralph S. Contabilidade de Custos. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1982. FIPECAFI – Cultura contábil, Atuarial e Financeira. Perguntas e respostas – nova lei das S/A – Lei 11.638/07. Disponível em: <www.cfc.fipecafi.org/faq/faq.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2012. LEONE, George S. G. Curso de Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1997. ______. Custos: planejamento, implantação e controle. São Paulo: Atlas, 1982. ______. Custos: um enfoque administrativo. 11 ed. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1995. MAHER, Michael. Contabilidade de Custos: criando valor para a administração. São Paulo: Atlas, 2001. MARION, José Carlos. Contabilidade Rural. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1990. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 6. ed. São Paulo: Atlas, 1998. PRADO, Lauro Jorge do. Gestão de Custos. 2001. Disponível em: <http://lauro- prado.tripod.com/ezine/id12.html>. Acesso em: 20 fev. 2008. ROBERTO, Marcus. Pert COM. Disponível em: <www.administradores.com.br/arti- gos/pert_cpm/14392>. Acesso em: 20 abr. 2008. TOFLER, Alvin. A Terceira Onda. 18 ed. Rio de Janeiro: Record, 1992. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 177 Produção por processo ou em série Gabarito 1. EI + X = UT + UC + EF Onde: EI = Estoque Inicial de unidades em processamento. X = Número de unidades iniciadas em processamento. UT = Unidades Transferidas UC = Unidades Completadas. EF = Estoque Final de unidades em processamento. Número de maçanetas: 5 500 + X = 6 000 + 0 + 2 500 X = 8 500 – 5 500 X = 3 000 Onde X = número de unidades iniciadas em processamento. Demonstração das quantidades: Unidades em processamento no final do período é igual a 5 500 + 3 000 – 6 000 = 2 500. 2. a) Uma unidade inteira, pois: 1 unidade . 0,90 = 0,9 1 unidade . 0,10 = 0,1 Unidades equivalentes = 1,0 b) O grau médio de execução é de 50%, 1 unidade inteira de 2 unidades semiacabadas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 178 Produção por processo ou em série 3. Unidades MP MOD+CIF Unidades completadas Transferidas para outro centro 36 000 36 000 Em estoque 8 000 8 000 Produtos em processamento Materiais (6 000 com 100%) 6 000 MOD + CIF (6 000 com 33%) 2 000 Equivalentes de produção 50 000 46 000 4. Estoque Final de produtos em fase de fabricação: 2 500 unidades. Material direto aplicados 100% MOD aplicada 70% Custos Indiretos de Fabricação apontados 70% Custo de transformação de 70%: (R$62,00 . 70) / 100 = R$43,40, consi- derando que 100% é R$62,00. Assim, o custo de transformação para as unidades 70% em fase de fabricação será: (2 500 . R$43,40) = R$108.500,00. Retirando, portanto, do custo dos estoques (R$194.600,00) os cus- tos com MOD + CIF, teremos que o valor da MP igual a R$86.100,00 (R$194.600,00 – R$108.500,00). Já o custo unitário com matéria-prima é de R$34,44 (R$86.100,00/2 500). Assim, o custo do produto acabado é: Custo de matérias-primas R$34,44 (+) custo de transformação unitário R$62,00 Total R$96,44 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 179 Produção por processo ou em série 5. Unidades MP MOD+CIF Unidades completadas Transferidas para o Centro “B” 80 000 80 000 Completadas em estoque 4 000 4 000 Produção em processo MP (10 000 . 100%) 10 000 MOD e CIF (10 000 . 60%) 6 000 Total 94 000 90 000 6. Cálculo das unidades equivalentes Unidades em fabricação 10 000 Equivalentes 8 000 und . 100% acabadas 8 000 2 000 und . 50% acabadas 1 000 Unidades equivalentes 9 000 Custo unitário da MP (R$9.000,00/9 000 un.) RS1,00 Custo unitário da MOD (R$7.000,00/9 000 un.) R$0,78 Custo unitário do CIF (R$4.000,00/9 000 un.) R$0,44 Custo de uma unidade inteiramente acabada R$2,22 Custo de uma unidade 50% acabada (R$2,22 . 50%) R$1,11 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 181 Custo-padrão Introdução Uma das melhores armas para exercer o controle dos custos é o custo- -padrão que é fixado com base em condições ideais de qualidade de mate- riais, de mão de obra e de equipamento, bem como no volume de produ- ção e é determinado com fundamento em desempenhos desses itens. O custo-padrão é uma arma de controle e pode também representar uma arma psicológica para a melhoria de desempenho do pessoal. A fixação do custo-padrão é tarefa de muitas pessoas e de muitos setores, principalmente da engenharia da produção, de custos e da área financeira, pois há necessidade de determinação de quantidades físicas, de horas de mão de obra, de horas/máquina, de materiais, de energia etc. e a transformação destas em reais. É um custo planejado para determinado período, analisando cada fator de produção em condições normais de fabricação. Custo-padrão Constata-se que há unanimidade em definir e reconhecer o custo-padrão como uma medida de eficiência, pois ele fornece oportunidade de controle e avaliação de desempenho no sentido de buscar o curso esperado, através das análisesdas variações identificadas. Padoveze (1996, p. 263), afirma que “[...] custo-padrão é uma técnica para avaliar e substituir a utilização do custo real.” No mesmo sentido, Iudícibus (1986, p. 190), ensina que “custo-padrão é um sistema de custeamento de produtos e tem filosofia de controle das operações da empresa”. Segundo Martins (2003, p. 316), existem diversos tipos de custo-padrão, ele prefere, porém, embasar-se somente em dois tipos de custo-padrão: custo- -padrão ideal e custo-padrão corrente. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 182 Custo-padrão O custo-padrão ideal, nascido na tentativa de se fabricar um custo em laboratório, está quase em desuso, pois seu uso é restrito por servir apenas para comparações realizadas anualmente, a fim de determinar quanto se evoluiu de um ano para outro. O custo-padrão corrente é mais válido e prático, pois diz respeito ao valor que a empresa fixa como custo de produção para o próximo período para um determinado produto ou serviço. Buscam-se padrões de custos e produ- ção que, mesmo calculados cientificamente, consideram as eventuais condi- ções de imperfeições ambientais, empresariais e de mercado. O custo-padrão corrente fixa um valor de custo para determinado pro- duto ou serviço, levando em conta as diferenças entre qualidade de mate- riais, equipamentos, mão de obra etc. e é usado como meta a ser atingida para o próximo período. O custo-padrão corrente analisa os resultados de estudos teóricos, de pesquisas e de testes práticos, levando em conta os fatores de produção que a empresa realmente tem à sua disposição. Ao contrário do custo-padrão ideal, que usa períodos de longo prazo, o custo-padrão corrente é uma ferramenta de curto e médio prazo, ou seja, ele fixa um montante que a empresa deverá se empenhar para alcançar no período seguinte. É oportuno acrescentar mais um tipo: o custo-padrão estimado. O custo-pa- drão estimado parte de uma hipótese que analisa apenas os aspectos práticos, deixando de apontar defeitos ou ineficiência que poderiam ser consertados por ele, sendo assim, menos eficiente que o custo-padrão corrente, pois este é mais elaborado, unindo para estudo os aspectos teóricos e práticos da produção. Custo estimado ou custo orçado O cálculo do custo-padrão é feito antes do processo produtivo, basean- do-se nos custos de produção de períodos anteriores, para assim, se obter um padrão de gastos com materiais, mão de obra e gastos indiretos. Quanto mais detalhado o padrão de custo de cada elemento, melhores serão os re- sultados obtidos. Ao se calcular o custo-padrão, deve-se observar, também, as sobras de materiais estragados ou defeituosos, elementos integrantes dos custos da empresa. Custo estimado ou orçado são expressões que possuem o mesmo signifi- cado. Usam-se essas duas expressões para significar a mesma coisa, isto é, o Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 183 Custo-padrão custo orçado é aquele planejado que, em muitos casos é baseado na média dos custos passados, ajustada às mudanças futuras previstas. O custo-padrão pré-calculado com base em alguma experiência de custo médio efetivo de produção passada, ajustada às mudanças das condições econômicas, é o que se imagina que um produto ou a operação de um pro- cesso irá efetivamente custar. Assim, custo estimado é a expressão que reflete a importância que a empresa imagina que um produto ou a operação de um processo por um período de tempo irá efetivamente custar. Baseia-se, quase sempre, em alguma experiência de custo médio efetivo de produção já realizada, ajustada às mudanças das condições econômicas, da eficiência, incluindo margem para perdas, sucateamento e ineficiências previsíveis. Nos cálculos do custo-padrão deve-se levar em consideração: a determinação do volume da produção, a partir da estimativa de ven- das e da determinação da política de estoque; a determinação do período do custo-padrão em decorrência de possí- veis reflexos de inflação e de sazonalidade; a fixação dos padrões a partir dos conhecimentos específicos dos setores envolvidos; o padrão das matérias-primas levando em consideração o plano de uso dos materiais, tanto em quantidade como em qualidade, para a confecção dos produtos finais; o padrão da mão de obra direta envolvendo estudos sobre sua utiliza- ção no passado; a estimativa dos itens de custos indiretos sujeitos a rateios, isto é, os que não podem ser atribuídos diretamente aos produtos. O orçamento empresarial tem por base a projeção de fatores opera- cionais para o período que virá, exercendo-se sobre tais projeções as ati- vidades de controle. Segundo Tung (1994, p. 324), o orçamento empresarial tem como base os fatores operacionais que estão por vir. Custo-padrão não se diferencia do custo orçado, pois ambos representam custo futuro estimado. Há, porém, uma diferença no grau de refinamento dos dois sistemas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 184 Custo-padrão O custo estimado ou orçado pode ser elaborado de forma global, sem grandes preparativos; o custo-padrão, por sua vez, obedece a um processo criterioso de elaboração e análise, capaz de fornecer as informações neces- sárias, de conformidade com as exigências e sistemática da administração fabril e financeira. Os padrões contábeis, segundo Backer (1984, p. 212), são custos “cientifi- camente” predeterminados que proporcionam uma base para a medição do desempenho efetivo e não necessitam ser incorporados ao sistema contábil. Segundo Leone (1995, p. 226) existem dois métodos básicos de fabri- cação: “produção sob encomenda ou ordem e produção em massa ou em série”. Os custos-padrão podem ser empregados tanto em um como em outro método de fabricação. O custo-padrão é calculado antes da realização da atividade e estabele- cido através de métodos racionais que utilizam a projeção e a experimenta- ção, implicando em uma cuidadosa seleção dos materiais a serem utilizados, no estudo dos tempos e movimentos para a determinação da mão de obra e no estudo dos equipamentos, ferramentas e instalações que permitam a determinação da capacidade prática ou normal do parque fabril. O custo-padrão, quando fixado corretamente, é considerado o verdadeiro custo de produção. A diferença entre o custo que foi realizado e o padrão é chamada de variação de custo e mesmo que esta seja favorável, isto é, quando o custo real for inferior ao padrão, o administrador deve analisá-la, pois esse desvio causará má orientação dos negócios da entidade. As vantagens do custo-padrão A grande finalidade do custo-padrão é o controle dos custos, tendo como objetivo o de fixar uma base de comparação entre o que ocorreu de custo e o que deveria ter ocorrido. O custo-padrão não elimina o real, nem diminui sua tarefa, aliás, a implantação do padrão só pode ser bem-sucedida onde já exista um bom sistema de custo real. Outra grande finalidade do custo- -padrão, decorrente da adoção de qualquer base de comparação fixada para efeito de controle, é o efeito psicológico sobre o pessoal. Esse efeito pode ser positivo ou negativo. O estabelecimento de um custo-padrão para Backer (1984, p. 213), oferece as seguintes vantagens: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 185 Custo-padrão Os padrões de custo podem ser um instrumento importante para a avaliação do desempenho de todas as pessoas e de todos os setores da entidade, pois, quando os padrões forem realistas e atingíveis, e utilizados apropriadamente, podem incentivar os indivíduos a desem- penhar com maior eficiência e eficácia as suas atividades, partindo-se do pressuposto de que as pessoas desempenham melhor uma tarefa quando sabem o que se espera delas. De outro lado, as demonstrações e análises das variações permitemaos administradores operar segundo o “princípio da exceção”. Em uma macro- -organização os altos níveis da administração não podem ter um conheci- mento profundo dos problemas e possibilidades de aperfeiçoamento das diversas funções desempenhadas por toda a empresa, por isso, o estabe- lecimento de um sistema de controle e de focalização da atenção sobre as situações que estão fora de linha e o custo-padrão se apresenta como um instrumento eficaz para o controle das atividades da empresa. As variações em relação ao padrão levam os gestores a adotar programas de redução de custos, objetivo principal do custo-padrão, por focalizarem a atenção sobre as áreas que estão fora das normas. Esses programas podem incluir o aperfeiçoamento de métodos, melhor recrutamento e seleção de pessoas e de materiais, programas de treinamento, melhoria na qualidade dos produtos e corretos investimentos em meios de produção. O custo-padrão é útil aos gestores da empresa no estabelecimento dos planos, pois o próprio processo de estabelecimento do padrão requer cuidadoso planejamento nas diversas áreas: da estrutura organizacional, da atribuição de responsabilidade e das normas de procedimento para a avaliação de desempenho. O custo-padrão é útil nas tomadas de decisão, especialmente se o padrão de custo dos produtos for separado segundo os elementos de custos fixos e variáveis e se os custos de materiais e de mão de obra se basearem nos níveis esperados de preços durante um grande período. O custo-padrão pode resultar em uma redução dos trabalhos burocrá- ticos e de escritório, pois, com esse sistema, no final do período, todos os itens da mesma espécie precisam apenas ser multiplicados uma só vez pelo custo-padrão. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 186 Custo-padrão O estabelecimento dos padrões Mundialmente, as técnicas orçamentárias começaram a ser difundidas na década de 1920 do século XX, principalmente na crise ocorrida nos Estados Unidos em 1929, tendo essa ferramenta se revelado extremamente poderosa para épocas difíceis. No Brasil, o processo orçamentário foi difundido no serviço público com a edição da Lei 4.320, de 17 de março de 1964. Na iniciativa privada, os pontos de partida de técnicas mais modernas de orçamento iniciam-se em 1972 com a regulamentação dos princípios e normas de contabilidade e, ainda, com a publicação da Lei das Sociedades Anônimas em 1976 (Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976). Define-se processo orçamentário como uma técnica de planejar, coor- denar, controlar e avaliar as operações de uma empresa por meio de relató- rio e demonstrações realizados com esse fim, de acordo com os objetivos, através de uma projeção para o futuro baseada em variáveis previamente analisadas e avaliadas. O custo-padrão é levantado com base em dados reais e não somente em estudos teóricos. Assim, o custo-padrão é fixado para: matéria-prima e outros materiais; mão de obra; custos indiretos de produção. Os padrões são fixados em quantidade física e em valores, a partir dos dados e das informações e oriundos das diversas unidades da fábrica, nota- damente da Engenharia de Produção. Cabe ao departamento de custos, após o recebimento dos dados físicos, a transformação dos dados e informações em moeda e, posteriormente, a compa- ração com o custo efetivo (histórico) para a apuração das variações e análise. Custo-padrão da matéria-prima O custo-padrão do material compreende dois elementos: quantidade e preço. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 187 Custo-padrão Os padrões de quantidade dos materiais devem incluir as matérias- -primas e outros materiais (engradados, caixas, embalagens etc). A quan- tidade, normalmente determinada pela engenharia, deve ser compatível com o desempenho e a qualidade do produto. Para os departamentos onde ocorre mistura de materiais, há necessidade de estabelecerem-se fórmulas-padrão de dosagem. Os padrões de custo dos materiais exigem a existência de procedimentos adequados de planejamento, controle e o uso de materiais cujo desenho, qualidade e especificação sejam padronizados. As tolerâncias para estragos, perdas e refugos devem ser incluídas no cus- to-padrão dos produtos, desde que a quantidade seja considerada normal e inevitável. A tolerância-padrão é estabelecida pela engenharia com base em experiência da empresa ou do ramo setorial, sendo as mais comuns: fumaça em fundição; aparas de torno, de esmeril em uma metalúrgica; evaporação em um processo químico; refugos em operação de montagem. Um tratamento de custos mais refinado implica em acrescentar os custos de fretes, manuseio, inspeção, recepção e armazenamento. O padrão de preço da matéria-prima a ser usado pode ser com base nos preços médios de passado recente, ou nos preços atuais, ou nos preços esperados. O custo real, de seu lado, será também em função dessas duas variá- veis: quantidade real consumida de matéria-prima e o preço real pago pela matéria-prima. As variações são calculadas por meio de duas fórmulas: Variação de preço = (PR – PP) . QR Variação da quantidade = (QR – QP) . PP Onde: PR = Preço Real PP = Preço-Padrão QR = Quantidade Real QP = Quantidade-Padrão Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 188 Custo-padrão O gráfico a seguir apresenta essas variáveis. Variação de preço Custo-Padrão 0 Preço PR PP Variação conjunta Variação de quantidade Quantidade QP QR O retângulo formado pelos lados QR/QP e PR/PP é uma variação conjunta, que corresponde a uma diferença influenciada em parte pela variação de preço e em parte pela variação da quantidade. Em termos de responsabilidade, a variação de preço é cometida ao departamento de compras e a de quantidade ao departamento de produção. Custo-padrão da mão de obra O custo-padrão da mão de obra, assim como o da matéria-prima, também é baseado em dois elementos: a quantidade de horas (produção-padrão) e o preço da hora (salário-hora), conhecido como taxa-padrão. A tolerância-padrão da produção deve basear-se em uma determinação do que representa um bom e atingível nível de desempenho, utilizando-se, para isso, estudos de tempo e movimento, levando-se em consideração os efeitos dos roteiros de produção, da disposição das máquinas e dos apoios mecânicos aos operários. As médias de desempenho passado são frequentemente usadas como padrões de tempo, especialmente quando se inicia um sistema de custo- -padrão. No entanto, essas médias não são científicas e esse critério deve ser gradativamente substituído por padrões baseados em estudos de engenha- ria, como a produção experimental. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 189 Custo-padrão Por exemplo: em muitos casos, no lançamento de um novo produto, tais experimentos são indispensáveis para estimar o custo deste com o objetivo de se determinar o seu preço de venda. O estabelecimento de padrões da hora-salário requer um conhecimento das operações a serem executadas, da qualidade da mão de obra desejada e da taxa média horária que se pretende pagar, ou que, em decorrência de contratos coletivos etc., se é obrigado a pagar. Da mesma maneira que a matéria-prima, o custo real será calculado em função de duas variáveis: o tempo real de fabricação e o salário realmente pago aos operários. Nessas condições, as variações de mão de obra são de dois tipos: variação da taxa e variação da eficiência. A variação da taxa diz respeito à diferença entre aquilo que a empresa estava prevendo pagar como salário-hora ao empregado e o que realmente foi pago. A variação da eficiência diz respeito à diferença entre o tempo previamente es- tipulado para a fabricação e aquele que foi consumido na realidade. Os cálculos dessas variações são efetuados de acordocom a seguinte fórmula: Variação da taxa = (TR – TP) . HR Variação da quantidade = (HR – HP) . TP Onde: TR = Taxa Salarial Real TP = Taxa Salarial-Padrão HR = Horas Reais HP = Horas-Padrão Em termos de responsabilidade, a variação da taxa é atribuída a quem estabeleceu os salários-hora e a variação da eficiência é da responsabilidade do departamento de produção. Custo-padrão de Custos Indiretos de Fabricação Os custos indiretos podem ser variáveis ou fixos. Para a parte variável desses custos, estabelecem-se e usam-se os padrões da mesma maneira que Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 190 Custo-padrão para a mão de obra direta e para matéria-prima, pois esses custos consis- tem em mão de obra indireta, água, energia elétrica, em relação aos quais podem ser determinados padrões de consumo para uma determinada quantidade de produção. Dificuldade maior é a determinação e o uso de um custo-padrão em rela- ção aos elementos fixos dos custos indiretos de produção. Os custos fixos de produção consistem, principalmente, nos custos absor- vidos das máquinas, ferramentas e instalações, cujo montante independe do nível de produção. Calcula-se a taxa de absorção da seguinte maneira: Taxa de absorção = CIFs orçados Base de volume A base de volume pode ser qualquer um dos itens relacionados a seguir, dependendo do tipo de produto e do processo de fabricação: produção estimada em unidades; valor estimado de matéria-prima; valor estimado da mão de obra direta; valor dos custos diretos de produção (MP + MOD); horas estimadas de mão de obra direta; horas estimadas de máquinas. Como vários fatores influenciam o padrão dos CIFs e as consequentes variações, surgem três tipos de variação de CIF: a variação de orçamento, a variação de volume e a variação da eficiência. Da mesma maneira que as variações verificadas em MP e MOD, as di- ferenças surgidas quanto à absorção dos CIFs são de responsabilidade de diversas pessoas. A variação de orçamento é da responsabilidade de quem o preparou. A variação da eficiência de CIF é a variação de eficiência de mão de obra direta, traduzida em termos de absorção do custo indireto. A variação do volume representa o custo da capacidade não produtiva da fábrica, ou seja, a capaci- dade colocada à disposição e não utilizada. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 191 Custo-padrão As fórmulas para o cálculo dessas variações são as seguintes: CIF Real – CIF Padrão = Variação Total de CIF (HO – HR) . Taxa de absorção = Variação de volume (HR – HP) . Taxa de absorção = Variação de eficiência Onde: HO = Horas Orçadas HR = Horas Reais HP = Horas-Padrão A representação gráfica dessas fórmulas é a seguinte: R$ de CIFs Variação orçamentária Variação volume Variação eficiência Horas de MOD CIF real CIF orçado CIF aplicado HP HR HO Capacidade da fábrica V a r i a ç ã o C I F Análise das variações Após a obtenção dos valores dos custos reais, faz-se a sua comparação com o padrão para se analisar e medir as diferenças que precisam ser anali- sadas, a fim de se adotar as medidas tendentes e efetuar as correções. No estudo comparativo e analítico do custo-padrão em confronto com os custos realmente suportados, as diferenças verificadas são chamadas de variações de custo. A partir dos exemplos trazidos por Cashin (1982, p. 172), podemos anali- sar as variações ocorridas com matéria-prima, mão de obra direta e Custos Indiretos de Fabricação. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 192 Custo-padrão Variação da matéria-prima A variação da matéria-prima, como foi visto, contém dois componentes: variação de preço e variação da quantidade. A variação de preço entre o custo-padrão e o custo real incorrido, na maioria das vezes está sujeita a forças externas, por alterações nos preços praticadas pelo mercado. Como se viu, as equações referentes à matéria-prima são: Variação de preço = (PR – PP) . QR Variação da quantidade = (QR – QP) . PP Exemplo de variação da matéria-prima: Custo-padrão unitário para matéria-prima, R$8,00 Compras, 6 000 unidades de MP a R$8,20/u Início de fabricação de 4 000 unidades. Ao final constata-se: Variação no preço: de R$8,00 para R$8,20 Variação na quantidade: 4 200 ao invés de 4 000 Verificadas essas hipóteses, constata-se que: VP = (R$8,20 – R$8,00) . 6 000u = R$1.200,00, desfavorável VQ = (4 000u – 4 200u) . R$8,00 = R$1.600,00, favorável Variação da mão de obra A variação da mão de obra, a exemplo da matéria-prima, contém dois componentes: variação de taxa e variação da quantidade. A variação de taxa é a diferença entre a taxa-padrão e a taxa real paga. Essa variação na maior parte das vezes está sujeita a forças externas (con- venções coletivas, por exemplo) sobre as quais a administração da empresa tem pouco controle. A variação da quantidade é a diferença entre o número- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 193 Custo-padrão -padrão de horas permitidas e o consumo real. A variação em questão está sujeita ao controle gerencial. Como se viu, as equações são: Variação da taxa = (TR – TP) . HR Variação da quantidade = (HR – HP) . TP Exemplo da variação da mão de obra: Horas Reais, 5 000 Horas-Padrão, 5 200 Taxa Real, R$4,10/h Taxa Padrão, R$4,20/h Verificadas essas hipóteses, teremos: VT = (R$4,10 – R$4,20) . 5 000 horas = R$500,00, favorável VQ = (5 000h – 5 200h) . R$4,20 = R$840,00, favorável Variação dos Custos Indiretos de Fabricação A variação dos Custos Indiretos de Fabricação contém três compo- nentes: variação total de CIFs, que corresponde à produção em excesso ou abaixo da capacidade normal estimada; variação de volume, quando o CIF real é excessivo ou está abaixo do CIF padrão; variação de eficiência, quando as horas reais trabalhadas são diferentes das horas-padrão para a produção alcançada. Na ocorrência das variações de CIFs é possível determinar o responsável pela variação. Assim, a variação controlável é de responsabilidade do supervisor de cada departamento. Como a variação de volume indica a capacidade disponível e não utilizada, a responsabilidade recai sobre a alta administração. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 194 Custo-padrão Por analisar os custos variáveis, a variação de gasto é de responsabilidade do chefe de departamento de quem se espera a manutenção dos custos reais dentro dos limites orçamentários. A variação da capacidade indica os Custos Indiretos de Fabricação subabsor vidos porque as horas reais são inferiores às horas normais que serviam de base para a determinação da taxa de Custos Indiretos de Fabricação. A responsabilidade é da alta administração. A variação de eficiência reflete a variação da mão de obra dos custos fixos e variáveis quando o custo ou as horas de mão de obra são usados como base para aplicar os Custos Indiretos de Fabricação. Como se viu, as equações são: CIF real – CIF padrão = Variação total de CIF (HO – HR) . Taxa de liquidação = Variação de volume (HR – HP) . Taxa de liquidação = Variação de eficiência Para identificar as causas das variações de CIF utilizam-se diversos métodos: Exemplo da variação de CIFs pelo método das duas varianças: Nesse método, a variação líquida dos Custos Indiretos de Fabricação é analisada em termos de variação controlável e variação de volume. Horas reais de mão de obra direta, 5 000 Horas-padrão, 5 200 Capacidade normal, 6 000 Custos Indiretos de Fabricação reais, R$29.500,00 Custos Indiretos de Fabricação orçados para a capacidade normal: Custos Total (R$) Taxa Variáveis 12.000,00 R$2,00 (12.000/6 000) Fixos 18.000,00 R$3,00 (18.000/6 000) Totais 30.000,00 R$5,00 Este material é parte integrantedo acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 195 Custo-padrão Constatadas essas hipóteses, teremos: 1. Variação controlável Custos Indiretos de Fabricação reais R$29.500,00 Orçado ao real Fixo R$18.000,00 Variável (5 200 . R$2,00) R$10.400,00 R$28.400,00 Variação controlável (desfavorável) R$1.100,00 2. Variação de volume Orçado ao padrão R$28.400,00 Padrão . padrão (5 200 . 5 000) 26 000 Variação de volume (desfavorável) R$2.400,00 Exemplo da variação de CIFs pelo método das três varianças: Nesse método, a partir dos dados do exemplo citado no método das duas varianças, há necessidade de envolver o cálculo das variáveis de gasto, de capacidade e de eficiência. 1. Variação de gasto Custos Indiretos de Fabricação reais R$29.500,00 Orçado ao real Fixo R$18.000,00 Variável (5 000 . R$2,00) R$10.000,00 R$28.000,00 Variação controlável (desfavorável) R$1.500,00 2. Variação da capacidade Orçado ao real R$28.000,00 (–) horas reais à taxa padrão (5 000 . R$5,00) R$25.000,00 (=) Variação de capacidade (desfavorável) R$3.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 196 Custo-padrão 3. Variação da eficiência Horas reais à taxa padrão R$25.000,00 (–) Horas-padrão à taxa padrão (5 200 . R$5,00) R$26.000,00 (=) Variação de eficiência (favorável) R$1.000,00 Exemplo da variação de CIFs pelo método das quatro varianças: Nesse método, a partir dos dados do exemplo citado nos métodos ante- riores se relacionam somente as variações de eficiência. As variações de gasto de R$1.500,00 e de capacidade, R$3.000,00. 1. Eficiência variável Horas reais à taxa variável (5 000 . R$2,00) R$10.000,00 (–) horas-padrão à taxa variável (5 200 . R$2,00) R$10.400,00 (=) variação de eficiência variável (favorável) R$400,00 2. Eficiência fixa Horas reais à taxa fixa (5 000 . R$3,00) R$15.000,00 (–) Horas-padrão à taxa fixa (5 200 . R$3,00) R$15.600,00 (=) Variação de eficiência fixa (favorável) R$600,00 Conclusão Estudando e observando as conceituações e as especificações do custo-pa- drão, verifica-se que ele pode ser utilizado para diversas metas ou objetivos. O principal objetivo dos padrões é medir diferenças entre o que os custos são e o que os custos deveriam ser, para propósitos de controle de custos, objetivo que está ligado aos conceitos de contabilidade empresarial. O significado básico da utilização do custo-padrão é a busca de se operar com valores cientificamente calculados que permitam determinar e contro- lar os padrões de preços dos recursos e respectivas quantidades para o custo dos produtos e, a seguir, assegurar que os resultados reais fiquem próximos desses padrões. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 197 Custo-padrão O custo real tem validade apenas no sentido de que, após a análise de suas variações, em cima de um custo-padrão, se identificam as causas do porquê das variações e, através delas, se permitam corrigir os rumos atuais. Para o dia a dia, o custo-padrão representa muito mais utilidade que o custo real. Ampliando seus conhecimentos Custos e Produtividade (PEDROSA, 2005) A contabilidade, tradicionalmente e por sua própria natureza, registra fatos históricos que são reportados em uma determinada data ou em uma determinada época. Para determinar o dispêndio com a produção e medir-lhe a eficiência (ou ineficiência), aplica-se a contabilidade de custos. Entretanto, o custo histórico é uma medida ineficiente, visto que só apura quando termi- nada a produção. Com isso, podemos dizer que o custo histórico incorpora (e esconde) todos os fenômenos ocorridos na produção. Serve apenas para dar uma ideia de quanto custou determinado produto, geralmente por um custo médio. E quando se calcula a média de alguma coisa, também incluímos a média dos erros, dos desperdícios e das ineficiências. Nada disso torna inválidos os custos históricos. É preciso, porém, associá- -los a alguma medida comparativa que evidencie de que forma está sendo conduzido o processo de fabricação. A medida comparativa por excelência é o custo-padrão. Registrando e comparando os dois, poderemos chegar a uma análise que evidencie as variações ocorridas – positivas ou negativas. O custo padrão é uma avaliação de quanto um determinado produto deverá custar, mantidas as condições vigentes. Mas, para que seja eficiente em sua função, o custo-padrão deverá ser associado ao orçamento da empresa quanto ao volume e valor da produção planejada. Dessa análise poderemos extrair sub- sídios para melhorar o gerenciamento dos custos de produção, e, com isso, melhorar a rentabilidade dos investimentos. Essas considerações passam pela produtividade. Aqui podemos conside- rar a produtividade como sendo o resultado do aproveitamento ótimo dos recursos humanos, materiais e técnicos. Ou seja, mão de obra, materiais e equipamentos. A produtividade fornece a medida da utilização dos recursos disponíveis. Pode-se dizer que é um meio de melhorar o nível da economia de Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 198 Custo-padrão um país. Aumentando nossa capacidade de produzir, utilizando os mesmos recursos, melhorando métodos e processos de trabalho e reduzindo o custos de produção, chegaremos ao barateamento do preço de venda, aumento da produção, melhores salários, melhor poder aquisitivo, e, por consequência, ao fortalecimento da economia. O custo-padrão é um método adequado e eficiente, não apenas para con- trolar, mas também para informar sobre diversos aspectos da produção, como a utilização de matérias-primas e refugos produzidos; emprego da mão de obra; qualidade do produto; adequação do fluxo do processo; utilização das instalações e equipamentos; tempo ocioso de mão de obra e equipamentos etc. Mas, será necessário estabelecer os padrões baseados em critérios que sejam adequados. Ou seja, em critérios técnicos, nunca em critérios subjeti- vos. Assim, deverá estar baseado no estudo do projeto, dos métodos e dos processos de produção. Será melhor se esse estudo começar a ser feito simul- taneamente com o projeto do produto. Serão estabelecidos os padrões para materiais, mão de obra, tempo de operação e gastos gerais de fabricação (ou despesas indiretas de fabricação). O padrão de materiais é uma consequência da quantidade-padrão e do preço-padrão. O padrão de quantidade é estabelecido com base nas especi- ficações do projeto do produto, e, se necessário, por análises químicas e me- cânicas, e testadas através de produção-piloto. Já o preço-padrão depende muito das condições do mercado, sendo influenciado por greves, maior ou menor disponibilidade, estabilidade da moeda e outros fatores econômicos. Leva-se em conta eventuais oportunidades envolvendo as quantidades eco- nômicas, métodos e frequência de entrega e condições mais ou menos vanta- josas oferecidas pelos fornecedores. O padrão de mão de obra é resultante do salário-padrão e do tempo de operação (ou tempo-padrão). Sofre a influência do método de operação mais ou menos adequado (o que é determinado pela área técnica). Deve incluir es- tudos sobre os equipamentos utilizados na produção; controle sobre a quan- tidade e qualidade dos materiais usados e tempo a ser aplicado em cada ope- ração. A área técnica contribui com essas informações, que servirão de base para o estabelecimento do padrão de mão de obra. O tempo-padrão depende do grau de eficiência da mão de obra. Pode ser influenciado pelo arranjo físico da fábrica, pela entrega dos materiais nos locais necessários e no tempo determinado, por um eficiente sistema de Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 199 Custo-padrão programação da produção, pela padronização das operações, pela frequência das paradas, pelo treinamento da mão de obra e outros fatores. Um bomestudo de tempos e movimentos e o balanceamento da linha de produção (ou de montagem) poderão auxiliar na determinação do tempo-padrão. O salário-padrão é muito influenciado pela conjuntura econômica, pelos acordos salariais, pela forma de remuneração da mão de obra (horista, diarista, mensalista, tarefa etc.), pela tecnologia utilizada, pela automação, pelos direitos trabalhistas etc. A remuneração por tarefa possibilita maior eficiência da mão de obra, consequência de maior estabilidade de custo em relação a cada tarefa. O operário sente-se estimulado a trabalhar mais, produzindo mais, a um custo estável. Isso geralmente não ocorre nos casos de remuneração horária, diária, mensal etc. Os gastos gerais de fabricação (custos indiretos) têm um comportamento em tudo diferente dos materiais e da mão de obra. Para estes últimos há uma certa facilidade em se calcular um padrão. Porém, para os custos indiretos, como consequência da variedade qualitativa e da alternância do consumo, torna-se necessário adotar critérios rigorosos para sua correta apropriação aos custos de produção. A contabilidade de custos utiliza as taxas de absor- ção, de acordo com a atividade e o volume que se deseja atingir. Para isso considera-se o total dos gastos gerais de fabricação e uma base de volume adequada ao caso, que poderá ser a produção planejada, o valor das matérias- -primas, valor da mão de obra direta, valor do custo primário (materiais + mão de obra), horas previstas de mão de obra direta, horas/máquina etc. A base de volume depende muito do produto e do processo de fabricação e para sua determinação deve-se aplicar o bom senso. A fixação dos custos-padrão não é o fim: é apenas o início de todo um sistema. As variações ocorridas serão objeto de uma análise profunda, se realmente quisermos controlar melhor a atividade. Essas variações deverão ser relatadas, explicando se houve desperdício de material ou deficiência de mão de obra e dos meios de produção, falhas na programação da produção ou na aquisição de materiais, ou erros na determinação dos custos históricos e padrão etc. Os relatórios poderão ser emitidos no nível de detalhamento necessário, como por tipo de produto, por operação, por departamento de produção, por turno, por divisão etc. A análise das variações poderá esclarecer as ineficiências, que podem estar relacionadas com o desempenho dos centros de custo. Assim, veremos as variações no custo-padrão e suas causas mais comuns. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 200 Custo-padrão As variações de materiais podem ser de preço e de quantidade. A área de materiais geralmente é responsável pelas variações de preço, enquanto as variações de quantidade são da fabricação. As variações de quantidade são apuradas multiplicando-se a diferença entre quantidades real e padrão pelo preço-padrão. As causas poderão ser a qualidade inferior, utilização deficiente ou mesmo alteração no funcionamento dos equipamentos. As compras podem ter sido feitas em desacordo com as especificações de qualidade; ou os materiais podem ter sido mal utilizados, ocasionando desperdícios; ou alterações nos métodos de fabricação ou nos produtos podem ter provocado as variações detectadas. As variações de mão de obra poderão ser de salário ou de eficiência. As variações de salário resultam da multiplicação da diferença entre salário real e padrão pelo tempo-padrão. Essas variações podem ser consequência de alterações nos níveis salariais, emprego de mão de obra mais cara (em operações onde estava prevista mão de obra mais barata) ou uma produção emergencial, impondo custos mais elevados de mão de obra. As variações de eficiência são o resultado da multiplicação da diferença entre tempo real e padrão pelo salário-padrão. Suas causas podem ser a seleção, treinamento ou transferência de operários ou a própria variação da quantidade de materiais. No caso de produção inicial, geralmente consome-se mais tempo. As operações repetitivas e o tempo farão com que a mão de obra adquira maior destreza, assim como melhores métodos poderão ser adotados. As ineficiências também poderão indicar operários não qualificados, sugerindo correções. Materiais fora das especificações também poderão acarretar variações de quantidade. Os gastos gerais de fabricação, ou Despesas Indiretas de Fabricação (DIF), também apresentam variações, que podem ser de eficiência, de volume e de orçamento. A variação de eficiência de DIF representa a variação de eficiência de mão de obra direta aplicada à absorção dos custos indiretos. É calculada pela multiplicação da diferença entre os tempos real e padrão pela taxa de absorção. As causas são as mesmas que afetaram a eficiência da mão de obra. A varia- ção de volume é representada pela multiplicação da diferença entre os tempos real e orçado pela taxa de absorção. Suas causas podem ser falta de pedidos de clientes, falta de material, problemas de mão de obra ou com equipamentos. A variação de orçamento é a diferença entre as DIFs reais e orçadas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 201 Custo-padrão Os custos-padrão, para que sejam realmente efetivos, necessitam ser contabilizados. Existem vários métodos de contabilização. Em geral, cada empresa adota o seu método particular, de modo a informar aquilo que é necessário para sua gestão. Porém, tudo isso significa fazer os lançamentos, a débito e a crédito, de uma ou mais contas, dos custos-padrão e dos custos históricos. Os saldos de ambas as contas serão comparados, evidenciando as variações. As contas de produtos em elaboração podem ser debitadas pelo custo real e creditadas, transferindo-se para o estoque de produtos acabados, pelo custo-padrão. As diferenças são transferidas para a conta de variações de custo. O encerramento destas se processará nas contas de resultados. Este é o sentido da contabilização: registrar e destacar os custos tal como ocorrem, ressaltando as diferenças e permitindo analisar as causas dessas variações. Fica aqui um instrumento eficaz para a gestão dos custos e aperfeiçoamento da produtividade e da lucratividade. Caberá à administração tomar a iniciativa. Em matéria de contabilidade e custos, já tem muito pano para as mangas. Atividades de aplicação 1. A Cia. Alfa estimou os seguintes custos para o próximo mês: Matéria-prima R$700.000,00 Mão de obra direta R$380.000,00 Depreciação de máquinas R$21.800,00 Seguros do imóvel industrial R$8.200,00 Mão de obra indireta R$120.000,00 Aluguel da fábrica R$10.000,00 Materiais indiretos R$80.000,00 O número de horas/máquina estimado para o período é de 12 000 e estão previstas a produção de 5 000 unidades. Pede-se para calcular qual é a taxa de absorção por hora/máquina. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 202 Custo-padrão 2. A Indústria Celta estima os seguintes dados e custos para o período de X2: Seguro do parque fabril R$8.200,00 Mão de obra indireta R$120.000,00 Aluguel da fábrica R$10.000,00 Materiais indiretos R$80.000,00 Total de Custos Indiretos de Fabricação R$240.000,00 Número de horas/máquina estimado para o período 12 000 Quantidade estimada de produção 5 000 un. Ao terminar o período de X2, constatou-se que os gastos montaram em R$210.000,00 e o número efetivo de horas/máquina foi de 10 000 horas. Pede-se para determinar a variação de capacidade de máquinas em relação aos Custos Indiretos de Fabricação. 3. Considere as seguintes alternativas: I – Custos variáveis são os que, em um período, não têm seu montante determinado em função de oscilação na atividade. II – Na apropriação dos custos indiretos se faz necessária a utili- zação de esquemas especiais de alocação, tais como base de rateio, estimativas etc. III – A margem de contribuição unitária corresponde à diferença entre os custose despesas variáveis e os custos de despesas fixos de cada período. IV – O ponto de equilíbrio será obtido quando a soma dos custos e des- pesas fixos totalizarem valor igual ao das receitas totais. V – O custo-padrão representa um custo predeterminado que objetiva o exercício do controle. Agora, responda: a) Somente as afirmativas II e III estão corretas. b) Somente as afirmativas II e IV estão corretas. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 203 Custo-padrão c) Somente as afirmativas II e V estão corretas. d) Somente as afirmativas I e V estão corretas. e) Somente a afirmativa V está correta. 4. As seguintes informações sobre Custos Indiretos de Fabricação foram fornecidas pela Cia. Gama: Custos Indiretos de Fabricação aplicados R$240.000,00 Custos Indiretos de Fabricação reais R$257.000,00 Custos Indiretos de Fabricação Orçados R$246.000,00 Pede-se para determinar a variação do preço dos Custos Indiretos de Fabricação fixos e a variação do volume de produção. 5. A Cia. Ômega possui os seguintes dados para determinação das varia- ções ocorridas entre o custo-padrão e o custo real: Custo padrão da MOD: Taxa horária = R$100,00 / h . tempo padrão de 6 horas. Total = R$600,00 / peça Custo real ocorrido: Taxa horária = R$150,00 / h . tempo real de 8 horas. Total = R$1.200,00 / peça Pede-se para calcular a variação total unitária, a variação da taxa e da eficiência da MOD. Referências BACKER, Morton; JACOBSEN, Lyle E. Contabilidade de Custos: uma abordagem gerencial. Tradução de: José Carlos Marion e Mussoline Orru. 2. ed. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1984. BRASIL. Lei n 6.404, de 15 de Dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol. htm>. Acesso em: 16 jan. 2012. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 204 Custo-padrão BRASIL. Lei n 11.638 de Dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <www.planalto.gov. br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 5 jan. 2012. BRASIL. Lei 11.941 de 27 de Maio de 2009. Altera a legislação tributária fede- ral relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários [...]. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm>. Acesso em: 5 jan. 2012. CASHIN, James A.; POLIMENI, Ralph S. Contabilidade de Custos. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1982. FIPECAFI – Cultura contábil, Atuarial e Financeira. Perguntas e respostas – nova lei das S/A – Lei 11.638/07. Disponível em: <www.cfc.fipecafi.org/faq/faq.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2012. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Contabilidade Gerencial. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1986. LEONE, George S. G. Curso de Contabilidade de Custos. São Paulo: Atlas, 1997. ______. Custos: planejamento, implantação e controle. São Paulo: Atlas, 1982. ______. Custos: um enfoque administrativo. 11 ed. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1995. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2003. PADOVEZE, Clóvis Luis. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. São Paulo: Atlas, 1996. PEDROSA, José Carlos. Custos e Produtividade. 2005. Disponível em: <www.con- tabeis.com.br/artigos.asp?op=ler&id=31>. Acesso em: 2 fev. 2008. ROBERTO, Marcus. Pert COM. Disponível em: <www.administradores.com.br/arti- gos/pert_cpm/14392>. Acesso em: 20 abr. 2008. TUNG, N. H. Orçamento Empresarial e Custo Padrão. 4. ed. São Paulo: Universi- dade Empresa, 1994. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 205 Custo-padrão Gabarito 1. 1.º) Somam-se os gastos gerais de fabricação: (R$21.800,00 + R$8.200,00 + R$120.000,00 + R$10.000,00 + R$80.000,00) = R$240.000,00. 2.º) Os gastos são divididos pelo número de horas/máquina estimado: R$240.000,00/R$12.000,00 = R$20,00. 2. A taxa de absorção padrão = CIF padrão/horas/máquina padrão. Taxa de absorção padrão = R$240.000,00 /12 000 horas = R$20,00/hora A taxa de absorção real = CIF real / horas/máquina real. Taxa de absorção real = R$210.000,00 /10 000 horas. Variação das horas = 12 000 – 10 000 = 2 000 horas. Variação da capacidade de máquinas = Variação de horas/máquina . custo padrão. Variação de 2 000 horas . custo/hora de R$20,00 = R$40.000 de varia- ção de capacidade de máquinas. 3. Assertiva I: Falsa, pois os custos variáveis têm seu montante determinado em fun- ção de oscilação na atividade. Assertiva II: Verdadeira, pois é necessário apropriar os custos indiretos por meio de rateio e alocação aos centros e, após, aos produtos. Assertiva III: Falsa, pois a margem de contribuição unitária corresponde à diferença entre os preço unitário de venda e os custos e despesas variáveis unitários. Assertiva IV: Falsa, pois o ponto de equilíbrio será obtido quando a soma dos cus- tos variáveis e fixos totalizarem valor igual ao das receitas totais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 206 Custo-padrão Assertiva V: Verdadeira, pois realmente o custo-padrão representa um custo prede- terminado que objetiva o exercício do controle. 4. Variação de preço: Custo real – Custo orçado R$257.000,00 – R$246.000,00 = R$11.000,00 desfavorável Variação de volume: Custo aplicado – Custo orçado R$240.000,00 – R$246.000,00 = R$6.000,00 favorável 5. Variação total unitária: Variação total = Custo real – Custo-padrão. Variação total = R$1.200,00 – R$600,00. Variação total = R$600,00 desfavorável. Variação de taxa (salário): Variação de taxa = (taxa real – taxa-padrão) . tempo real. Variação de taxa = (R$150,00 – 100 h) . 8h Variação de taxa = R$400,00 desfavorável. Variação de eficiência: Variação de eficiência = (horas reais – horas-padrão) . taxa-padrão Variação de eficiência = (8 h – 6 h) . R$100,00/h. Variação de eficiência = R$200,00 desfavorável. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 209 Custeio por atividade (CBA ou ABC) Introdução No passado, a Contabilidade de Custos era encarada como um mal necessário que visava atender às exigências contábil-fiscais, deixando de ser explorada como ferramenta gerencial. Atualmente, devido à globalização da economia, velhos conceitos de Contabilidade de Custos devem ser substituídos por novos conceitos, como os apresentados pelo ABC, que requerem mudança na cultura da empresa, buscando envolver e comprometer as pessoas para tornar o gerenciamento de custo um estado da arte. A perseguição ao menor custo, sem afetar a funcionalidade e a qualidade dos produtos/serviços, deve ser um objetivo permanente nas empresas que buscam a excelência empresarial. Os novos paradigmas No curso ministrado pelo professor Nguyen Tung (1998, p. 4), ele ensina que, “[...] indiscutivelmente, encontramo-nos em uma nova era, na qual a procura por estruturas menores e mais competitivas constitui um ponto prevalecente no modelo estratégico empresarial. Nessa busca, as organizações esperam posicionar-se de forma mais competitiva através de maior qualidade, contando para isso com estruturas mais eficientes.” As empresas que permanecerem adotando os sistemas tradicionais, sem se preocupar com a inadequação deles com a realidade de hoje, correm o risco de sérios prejuízos. O potencial impacto econômico dos fabricantes emergentes, como a Índia, a China e o Brasil, nos fabricantes líderes atuais transformaráa paisa- gem econômica. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 210 Custeio por atividade (CBA ou ABC) A partir de 1992, segundo Brimson (1996, p. 55-57) a queda de barreiras internas ao mercado comum iriam aumentar a competitividade na Europa. A introdução dos produtos da “cortina de ferro” no mundo livre, junto com a abertura desses mercados para o Ocidente, reordenariam os padrões existentes e, nos próximos anos, assistir-se-á ao desenvolvimento de “materiais projetáveis”, computadores neuro-óticos, holografia, biotecnologia e empresa interfuncional computador/homem. Essas tecnologias irão repercutir através de nossas sociedades globais e influenciar profundamente a forma atual de conceber, projetar, executar e fabricar produtos. Essas mudanças irão forçar as empresas a competir com três recursos: capital, tecnologia e conhecimento. O conhecimento é encontrado em grandes grupos de profissionais treinados, expostos a inovadores métodos de classe mundial, ferramentas e sistemas. Os escritórios centrais das empresas globais estarão repletos de funcionários experientes que manipulam a informação e a seguir ex- portam seu conhecimento para todo o mundo. Uma empresa não expor- tará seus produtos; em vez disso, irá produzi-los em fábricas ao redor do mundo. A matriz irá exportar o planejamento estratégico e serviços geren- ciais a ele relacionados. A eliminação do desperdício será a marca oficial da empresa bem- -sucedida. O estoque de produtos em processo não será tolerado. As atividades originárias de correção de erros serão investigadas. A burocracia desnecessária será expurgada. O desafio é executar todas as atividades corretamente na primeira vez. Isso requer manter os operários envolvidos diretamente na determinação da causa do problema através de programas como Just-in-Time e gerenciamento da qualidade total. Um elemento-chave do novo ambiente fabril será a compreensão do tempo. Todas as funções na organização, desde o desenvolvimento do pro- duto à fabricação e suporte logístico têm que ser reestruturadas para reduzir o tempo. O deslocamento nos custos de mão de obra para tecnologia será total à medida que muitas funções de mão de obra indireta, como processamento Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 211 Custeio por atividade (CBA ou ABC) de pedidos, serão automatizadas. Os ciclos de lançamento de produtos serão diminuídos através do uso de um banco de dados comum para projetar a peça e automaticamente especificar as ferramentas e dispositivos necessários para fabricá-la, sua lista de materiais e as rotinas de processo para a sua fabricação. Os serviços do trabalhador instruído estarão em alta demanda ao redor do mundo. Trabalhadores instruídos são fáceis de reconhecer. Seu ambiente de trabalho tende a ser sossegado e decorado com bom gosto. Quando não estão analisando, projetando ou desenvolvendo estratégias, estão em reu- nião ou ao telefone dando conselhos ou fazendo negociações. Até pouco tempo atrás, a maioria dos orçamentos era elaborada com base nos custos verificados nos anos anteriores, ajustando-se, tão somente, os preços aos padrões vigentes no período da elaboração. Gerencialmente não se buscava demonstrar as distinções entre o que era e o que deveria ser feito. Os custos indiretos, quase sempre, eram rateados com base na mão de obra, sem atentar-se bases de alocação mais corretas e mais eficazes. Na primeira década deste século, quando o governo americano introdu- ziu a Lei do Imposto de Renda, nasceu a Contabilidade Fiscal. Nos anos 1930, quando os Securities and Exchange Acts1 foram promul- gados, a Contabilidade Financeira tomou grande vulto. Sendo as duas contabilidades, Fiscal e Gerencial, exigidas por leis, toda a atenção era voltada a esses dois assuntos, enquanto a Contabilidade de Custos, como não exigida por lei, ficou ao abandono, servindo-se apenas como suporte às duas irmãs, mais badaladas. Durante boa parte do século XX, os Estados Unidos tornaram-se uma nação excepcionalmente industrializada enquanto boa parte dos demais países encontrava-se dizimada por duas grandes guerras mundiais. Era a única nação que estava em condições de produzir em massa e escoar seus produtos com toda a facilidade. Então, por que perder tempo em aprimorar a metodologia de custeio, assunto até então supérfluo? A supremacia das indústrias americanas começou a ruir a partir dos anos 1970 e na primeira parte de 1980. 1 Securities and Exchange Acts são leis federais apro- vadas pelo Congresso norte- americano após o estouro da bolha especulativa que culminou na quebra da Bolsa de Nova York em 1929. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 212 Custeio por atividade (CBA ou ABC) Kaplan, Johnson, Goldrat, e outros estudiosos, (apud BRIMSON, 1996, p. 55-57) começaram a duvidar da funcionalidade dos sistemas de custeio tradi- cionais. Unanimemente, constataram que enquanto as Contabilidades Financei- ra e Fiscal serviam às empresas de acordo com as exigências do Estado, a Conta- bilidade de Custos era capaz de motivar o sucesso ou insucesso destas. Constata-se que os clientes esperam produtos de alta qualidade, maior funcionalidade e preço baixo. Essas expectativas são consequências de pro- gressos tecnológicos e científicos sem precedentes, conjugados com con- correntes globais que obrigam as demais empresas do mesmo ramo a ado- tarem uma estratégia de excelência empresarial ou saírem do negócio. As manifestações mais visíveis de um fabricante de sucesso nesse novo ambiente são o aumento da automação, a redução da mão de obra direta e de estoques, a maior atenção ao produto e planejamento da produção e ciclos de vida do produto mais curtos. A revolução é baseada nas novas filo- sofias de manufatura como Just-in-Time (JIT)2, Gerenciamento de Qualidade Total (GQT), por exemplo. Com a crescente evolução tecnológica, vê-se, cada dia mais, que a mão de obra direta vem decrescendo, passando a representar, em muitos setores, apenas 10% dos custos totais, enquanto que os custos indiretos, denomina- dos pelo professor Tung de sobrecustos e definidos como sendo “[...] todos os custos que formam o custo industrial, exceto matérias-primas e a mão de obra direta.” (TUNG, 1994, p. 158). A visão desse novo tempo tornou-se um traço distintivo no mundo dos negócios, fazendo-se necessário que novos métodos de gerencia- mento fornecessem às organizações informações de maior confiabilidade e velocidade. O sistema de gerenciamento à base da atividade, o qual se fundamenta a partir do custeio e do orçamento, constitui um bom exemplo de um pro- cesso decisório eficaz, procurando atribuir, corretamente, os custos indiretos aos produtos ou serviços finais da organização. ABB/ABM/ABC Segundo artigo publicado no Finance Forum (TUNG, 1994), nesta nova era, as organizações esperam posicionar-se de forma mais competitiva atra- vés da qualidade, contando com estruturas mais eficientes. 2 Just-in-Time é um sistema de Administração da produ- ção, aplicado, inicialmente na indústria automotiva japo- nesa, que determina que um bem para ser produzido tem que ser “antes comprado”, ou seja, tem que ser fabricado na hora exata. O estoque de matéria-prima é o suficiente para poucas horas de produ- ção, por isso, os fornecedores devem estar capacitados e conectados para que possam fazer entregas de pequenos lotes na frequência desejada. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 213 Custeio por atividade (CBA ou ABC) A sensibilidade desse novo tempo tornou-se um traço distintivo no mundo dos negócios, fazendo-se necessários novos métodos de gerencia- mento das atividades, observando quais são suas inter-relações e fluxos, suas contribuições através de valores adicionados e suasrelações e impactos junto a clientes e fornecedores. Os sistemas ABB, ABM e ABC não são similares, visto que a orçamentação, o gerenciamento e o custeio constituem áreas de atração diferentes, tanto na natureza de suas definições como na maneira como são executadas. O que os une é o fato de os três se basearem nas atividades e no tempo, seja para a administração do dia a dia, seja para projetos específicos. O ABB (Activity Based Budgeting – Orçamento à Base da Atividade) envolve projeções, planejamento e estabelecimento de objetivos de ma- neira integrada. A orçamentação é efetuada sempre antes da realização dos fatos. O ABM (Activity Based Management – Gerenciamento a Base da Ativida- de) consiste em um processo contínuo, ao longo do tempo e lida com ques- tões relativas a uma grande variedade de atividades: uso da mão de obra, política de preços, tamanho dos lotes dos produtos, locais de embarque, ar- mazenamento e estocagem, atribuição de cargos e funções etc. O sistema ABM supõe uma extensão do modelo ABC. O ABM é o processo que utiliza as informações geradas pelo ABC para gerenciar a empresa ou um negócio. Empregando a análise de valor, ele procura identificar as oportuni- dades de melhoria das atividades que agregam valor e a redução ou elimina- ção das que não agregam valor. O ABC tem como objetivo principal a formação do custo do produto de uma maneira objetiva, enquanto no ABM a formação do custo do produto fica em segundo plano, pois centra sua atenção na gestão interna da empre- sa, através das atividades. A implantação do sistema ABC muda o comportamento da análise de custos, pois substitui as tradicionais bases de rateio por outras que refletem em melhor medida a relação da causa-efeito entre os custos e produtos. O ABC (Activity Based Costing – Custeio à Base da Atividade) procura atri- buir os Custos Indiretos de Fabricação (CIF) aos produtos ou serviços, corre- tamente. Os CIFs, normalmente, ou são atribuídos com base no material ou na mão de obra. Tal procedimento defronta-se agora com um ambiente em Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 214 Custeio por atividade (CBA ou ABC) que a mão de obra direta passou a ter uma representação menor, enquanto que os CIFs, face à automatização que vem sendo introduzida nas empre- sas, viram sua participação aumentada exponencialmente. O ABC mensura os custos em face da intensidade da utilização dos elementos geradores de custos, visando eliminar ou reduzir custos através do processo de análise à base da atividade. O custeio à base da atividade Goldratt (1990) e outros autores acusaram que os sistemas de custeio universalmente aplicados nas empresas tinham motivado a deterioração da produtividade nas indústrias americanas. Mediante essas novas abordagens sobre o assunto, muitos autores e or- ganizações estão desenvolvendo novas ideias e pesquisando novos méto- dos para corrigir as deficiências dos métodos de custeio tradicionais. Johnson é um dos mais famosos professores de Contabilidade de Custos, cujos trabalhos, realizados em conjunto com Robert S. Kaplan (1993), da Harvard University, divulgaram a ideia de que os critérios e métodos atuais de cálculo de custos precisariam ser formulados diante das alterações tecnológicas crescentes na produção e na administração das empre- sas.” (LEONE, 1997. p. 252) Johnson (apud Leone, 1997, p. 252), em artigo que gerou grande reper- cussão no meio acadêmico, ensina [...] que um critério semelhante ao ABC foi implantado, a partir de 1963, na General Eletric com o objetivo de controlar e administrar o crescimento preocupante dos custos indiretos na indústria, por causa de sua repercussão na determinação dos custos de produção. Para atender a uma melhor administração dos custos indiretos, a GM propôs uma nova técnica para controlar as atividades que estavam causando custos. A nova técnica estava baseada em cost drivers (direcionadores ou indutores de custos), do mesmo modo como hoje se baseia o critério ABC. Essa técnica foi, em seguida, aperfeiçoada e sistematizada pelo profes- sor Robin Cooper, da Harvard University (LEONE, 1997, p. 253), durante os anos 1970. No final da década de 1980, organizações como a Computer Aided Ma- nufactoring International (CAM-I) e a National Association of Accountants in- troduziram a prática do Custeio à Base da Atividade – CBA. Essa nova meto- dologia consiste em atribuir custos indiretos às atividades que dão origem a tais custos e depois alocar os custos por atividades aos produtos ou serviços que motivam a existência de tais atividades. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 215 Custeio por atividade (CBA ou ABC) Alguns doutrinadores brasileiros, dentre os quais os professores Antonio Lopes Sá, Olívio Koliver e De Rocchi, da Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, têm produzido vários trabalhos que visam esclarecer a cronologia do critério ABC. O professor De Rocchi revela que os precursores do critério ABC seriam os procedimentos relacionados às técnica PERT e CPM3. O professor Olívio Koliver, (apud BARA 2001, p. 30), em trabalho deno- minado Contabilidade de Custos: algo de novo sob o sol?, afirma que o ABC nasceu como um método de atribuição dos custos indiretos aos portadores finais dos custos, os produtos e serviços, e que as bases do ABC já eram con- sideradas na literatura germânica na década de 1920 e, inclusive, serviram de base para a sustentação do famoso método conhecido pela sigla RKW4. O professor Lopes Sá, em estudo publicado pela IOB (1994, p. 14) afirma que os critérios utilizados pelo ABC já eram utilizados em épocas passadas, tratando-se, portanto, do mesmo vinho, só que em uma garrafa mais bonita. E encerra com a seguinte frase: “E convenhamos, a embalagem é vistosa.” É necessário que posicionamentos contrários ou favoráveis sejam trazi- dos ao estudo do assunto, porém, este capítulo tem o objetivo de levar ao cálculo dos custos seguindo o sistema de custeio proposto: o ABC que, fun- damentalmente, parte da premissa de que as diversas atividades desenvol- vidas pela empresa geram custos e que os diversos produtos consomem ou utilizam essas atividades. A abordagem do Custeio Baseado em Atividades é de que o custo é causado e suas causas podem ser gerenciadas, refletindo-se, dessa forma, nos custos. Assim, quanto mais perto se chega ao relacionamento dos custos às suas causas, mais úteis são as informações contábeis para orientar as decisões gerenciais da empresa. CBA – O causador do custo (cost driver) Inicialmente, é necessário definir atividade. Atividade é um conjunto de tarefas coordenadas e combinadas que tem por finalidade agregar valor a um objeto mediante a aplicação de recursos durante a execução de seus processos, como a manutenção, a preparação de um pedido, a estocagem, o recebimento da matéria-prima etc. 3 O método PERT - Program Evaluation and Review Tecni- que) em português - Técnica de Avaliação e Revisão de Projetos e o método CPM - Critical Path Method, em por- tuguês Método do Caminho Crítico, são considerados téc- nicas de redes e classifi cados como modelos pictóricos de pesquisa operacional. Os dois métodos são ferramentas úteis em problemas de coor- denação de atividades, que devem ser executadas em determinada ordem. 4 O método RKW, sigla de Rheinische Kunststoffwerke, nasceu na Alemanha e deter- mina que todos os custos de produção e todas as outras despesas da empresa, até mesmo as despesas finan- ceiras, sejam incorporados aos produtos fabricados no período. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 216 Custeio por atividade (CBA ou ABC) Assim, o ABC (Activity Based Costing) é considerado um sistema de cus- teio que se utiliza da discriminação de atividades para a atribuição de custos, passando pela sua acumulaçãoem centro de atividade, tendo como elo de ligação entre a acumulação e os produtos ou serviços o cost driver, ou seja, o direcionador de custos, que deve manter relação com a atividade desenvol- vida. Apura-se o custo das diversas atividades sendo esses custos alocados aos produtos via direcionadores específicos. No CBA, o causador do custo (cost driver) é definido com a própria raiz do custo. Nesse sentido, podem existir diversos causadores de custo que dão origem a determinados custos: Nº. de milhas voadas Transporte aéreo Nº. de passageiros transportados Transporte urbano Nº. de testes analisados Laboratórios Nº. de página escritas Escritores Nº. de ordens de compra emitidas Departamento de compras Nº. de pedidos de compra atendidos Departamento de compras No CBA, os sistemas são idealizados de forma que, qualquer custo que não possa ser atribuído diretamente ao produto final, seja canalizado às ativida- des necessárias para a elaboração de tal produto e, após, atribuído ao produ- to ou serviço, com base na intensidade do consumo de cada atividade. No CBA, os custos indiretos são definidos pelos próprios custos indiretos. Os custos indiretos são usados para refletir o consumo dos custos por ativi- dade e o consumo das atividades por produto ou por outra atividade. Os custos indiretos mais comuns são: mão de obra (MOD, horas MOD, número de funcionários); tempo de máquina (por máquina, linha de máquinas, hora/máquina); unidades acabadas (por peças, litros, galões, toneladas) utilização física (por m2, equipamentos, valor do imobilizado). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 217 Custeio por atividade (CBA ou ABC) O CBA é o melhoramento conseguido na apropriação do custo que vem ganhando grande aceitação pelas empresas. O CBA diferencia-se do custeio tradicional pela maneira de utilizar os próprios custos indiretos como base de atribuir custos, como se pode verificar no exemplo a seguir adaptado de Tung (1994, p. 367) que apresenta o caso de uma empresa que fabrica quatro produtos dotados de grande diversidade: os produtos são diferentes no tamanho (pequenos e grandes) e no volume (baixo e alto). A Companhia Ômega fabrica os produtos P1, P2, P3 e P4, utilizando os mesmos equipamentos e o mesmo processo. A quantidade produzida é: P1, 10 un.; P2, 100 un.; P3, 10 un.; P4, 100 un. Os quatros produtos consomem os seguintes Custos Indiretos de Fabricação: 10% do custo dos materiais diretos para armazenamento desses materiais; R$10,00 de custos relativos ao controle da mão de obra direta; R$412,50 por hora/máquina de manutenção de máquinas; R$120,00 pela preparação (preparativos) das máquinas para iniciar o processo produtivo; R$125,00 por ordem de fabricação como despesas de expedição; R$25,00 por lote de material pelo transporte e manuseio dentro da fábrica; R$500,00 por componente relacionado à administração dos compo- nentes (transporte). Os sistemas de custeio tradicionais têm como base as unidades de determinados produtos. Custos são alocados aos produtos pelo que cada produto consome de determinados recursos. As bases de rateio tradicionais medem tão somente a atribuição do custo em função das unidades da produção: número de horas de mão de obra, horas/máquina, valor dos materiais etc.) como se vê a seguir: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 218 Custeio por atividade (CBA ou ABC) Pr od ut os Ta m an ho s Vo lu m e M at er ia is H or as M O D H or as / M áq ui na N úm er o Pr ep ar at iv o N úm er o de o rd em M an us ei os Ad m in is tr aç ão P1 pe qu en o ba ix o R$ 60 ,0 0 5 1 1 1 1 1 P2 pe qu en o al to R$ 60 0, 00 50 3 3 3 3 1 P3 gr an de ba ix o R$ 18 0, 00 15 1 1 1 1 1 P4 gr an de al to R$ 1. 80 0, 00 15 0 3 3 3 3 1 To ta l - - R$ 2. 64 0, 00 22 0 8 8 8 8 4 % o u R$ p or c om po ne nt e 10 % R$ 10 ,0 0/ h R$ 41 2, 50 R$ 12 0, 00 /u R$ 12 5, 00 /u R$ 25 ,0 0/ u R$ 50 0, 00 /u Cu st os in di re to s R$ 26 4, 00 2. 20 0, 00 3. 30 0, 00 96 0, 00 1. 00 0, 00 20 0, 00 2. 00 0, 00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 219 Custeio por atividade (CBA ou ABC) Os custos, em consequência, são os seguintes: Atividades Custos (R$) Controlar materiais 264,00 Controlar mão de obra 2.200,00 Manter máquinas 3.300,00 Custo de preparação 960,00 Custos de expedição 1.000,00 Custos de manuseio 200,00 Custos de administração 2.000,00 Total 9.924,00 Pelo método tradicional, utilizando, por exemplo, a mão de obra direta como forma de rateio, resultaria no seguinte custo/hora: Total dos custos indiretos R$9.924,00/220 total de horas MOD Custo por hora R$45,11 Custo rateado por sistema de custeio tradicional (mão de obra) Produto Tamanho Volume Hora MOD Custo hora (R$) Custo atribuído (R$) Quant. produz. Custo unitário (R$) P1 pequeno baixo 5 45,11 225,55 10 22,56 P2 pequeno alto 50 45,11 2.255,50 100 22,56 P3 grande baixo 15 45,11 676,65 10 67,67 P4 grande alto 150 45,11 6.766,50 100 67,67 Ao contrário do sistema tradicional, o CBA enfoca o custo das atividades que contribuem para a elaboração do produto no processo de fabricação. Os custos das atividades são atribuídos ao produto de conformidade com o quantum das atividades por ele consumido. As bases de atribuição são medidas pelas atividades absorvidas: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 220 Custeio por atividade (CBA ou ABC) Atribuição de custos indiretos com base na atividade Descrição Custos relacionados a: Centros produtivos Centros serviços Despesas Total dos CIFs (R$) 5.764,00 2.160,00 2.000,00 Unidades de custo ÷ 220 ÷ 8 ÷ 4 Intensidade consumo (R$) 26,20 270,00 500,00 Custos relacionados aos centros produtivos Produtos Horas MOD Int. consumo (R$) Custo atribuído (R$) P1 5 26,20 131,00 P2 50 26,20 1.310,00 P3 15 26,20 393,00 P4 150 26,20 3.930,00 Total 5.764,00 Custos relacionados aos centros de serviços Produtos Preparativos Int. consumo (R$) Custo (R$) P1 1 270,00 270,00 P2 3 270,00 810,00 P3 1 270,00 270,00 P4 3 270,00 810,00 Total 2.160,00 Custos relacionados às despesas Produtos Preparativos Int. consumo (R$) Custo (R$) P1 1 500,00 500,00 P2 1 500,00 500,00 P3 1 500,00 500,00 P4 1 500,00 500,00 Total 2.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 221 Custeio por atividade (CBA ou ABC) Total relativo ao sistema de custeio à base da atividade Produto Custo produto (R$) Custo serviço (R$) Custo despesa (R$) Total custo (R$) Custo unitário (R$) P1 131,00 270,00 500,00 901,00 90,10 P2 1.310,00 810,00 500,00 2.620,00 26,20 P3 393,00 270,00 500,00 1.163,00 116,30 P4 3.930,00 810,00 500,00 5.240,00 52,40 Campos de aplicação do ABC O critério ABC pode ser aplicado, principalmente, nas seguintes circunstâncias: quando o montante de despesas e custos indiretos for substancial diante do custo total de produção; quando os investimentos realizados em máquinas, equipamentos e ferramentas forem altos fazendo com que os custos e despesas indire- tas (depreciação, por exemplo) se tornem quase totalmente fixos; quando se produz grande volume de produtos diferentes destinados a grande quantidade de clientes diferentes; quando as operações, principalmente de fabricação, podem ser anali- sadas com facilidade; quando a empresa dispõe de sistema de informações automatizado que controla o processo produtivo e o consumo dos diversos insumos. Desvantagens e vantagens do ABC É comum empregar-se o “achismo” para selecionar uma base de rateio ou para a seleção de um direcionador de atividades. Assim, tanto nossiste- mas anteriores como no critério ABC é necessário que se apliquem recur- sos estatísticos para determinar as bases de rateio e direcionadores com mais precisão. O ABC observa a metodologia do conceito por absorção, o que não per- mitirá, por exemplo, que se analise adequadamente a decisão de desativar Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 222 Custeio por atividade (CBA ou ABC) a produção de determinado produto, continuando, porém, a ocorrência de alguns custos e despesas. As múltiplas e numerosas atividades em que as operações são subdivididas desmancham os limites das áreas de responsabilidade, pois muitas atividades invadem e cruzam diversos centros de responsabilidade. Merece atenção, também, a aparente transformação de custos fixos em custos variáveis, trazendo consequências graves para a determinação e análise dos custos dos produtos, dos serviços e de outro qualquer objeto e custeio. Como a reestruturação e a reengenharia possuem um lado negativo, in- cluindo dispensas de empregados, fechamento de fábricas e corte de pro- dução, muitos adeptos em potencial do CBA ainda relutam em aceitar par- ticipar dos programas ABC/ABM, porque, em alguns casos, até mesmo os funcionários que promoveram o ABC foram despedidos. Mesmo considerando essas desvantagens, segundo o professor Martins (1998, p. 314) [...] o uso do ABC é extraordinário em termos de identificar o custo das atividades e dos processos e de permitir uma visão muito mais adequada para a análise da relação custo/ benefício de cada uma dessas atividades e desses processos. Permite o levantamento do quanto se gasta em determinadas atividades, tarefas e processos onde não se agrega valor ao produto, mesmo que com a devida cautela em função da sempre permanente presença de algum nível de erro e mesmo de arbitrariedade nesses rateios. Segundo a IOB (1997, p.13), o Custeio à Base da Atividade é um modelo de controle do consumo de recursos e não do gasto dele decorrente, como acontece com o sistema tradicional de Custeio por Absorção. Dessa maneira, é importante que a empresa possua um sistema flexível suficiente que permita chegar às seguintes informações: margem de contribuição de cada produto, mediante a utilização do custeio direto ou variável; custo de produção de cada produto, incluídos os custos fixos e os vari- áveis, através da utilização do Custeio por Absorção; soma do custo global de cada produto calculada pelo critério ABC. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 223 Custeio por atividade (CBA ou ABC) Conclusão Na adoção do Custeio à Base da Atividade deve-se proceder à atribuição dos custos aos diversos serviços ou atividades a partir do fato que originou esses custos, isto é, procurando uma relação causa-efeito e respeitando em consequência, o princípio da causalidade. A implantação de um CBA deve ser capaz de, com base em uma relação causa-efeito, atribuir os custos aos diversos componentes de serviços ou de produtos de forma desagregada e com o nível de detalhe exigido. De outro lado, a adequação, a correção e a utilidade de um modelo de custeio apenas serão garantidas se os custos relevantes para efeitos de dis- tribuição forem claramente identificados e inequivocamente atribuídos aos diversos produtos/serviços ou componentes de rede que os geraram. Ampliando seus conhecimentos Estratégia de implementação do TQM (gestão da qualidade total) aplicado ao ensino de Ciências Contábeis (NAKAGAWA, 2005) Introdução Até recentemente, especialmente no setor privado de educação, um dos grandes temas que emocionavam pais, mestres, alunos e autoridades gover- namentais era o dos custos das mensalidades. Doravante, como consequência da globalização da economia, inclusive no setor da educação, com certeza, além dos custos vamos ter um outro grande tema em discussão: a questão da qualidade do ensino. A Lei 9.131, que trata da avaliação de cursos, certamente contribuirá fortemente para a melhoria da qualidade do ensino universitário no Brasil. Entretanto, a questão da qualidade na área de educação, como já o é nas áreas de manufatura, comércio e serviços, deve ser tratada profissionalmente. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 224 Custeio por atividade (CBA ou ABC) Tentativas de soluções empíricas, sem o concurso de especialistas adequa- damente treinados, além de aumentar em muito os custos operacionais, po- derão trazer também problemas adicionais e de descrença em relação aos princípios do TQM aplicado ao ensino. Um grupo de professores de universidades públicas e privadas vêm já a alguns anos, liderados pelos professores Antônio Robles Júnior e Edson Luiz Riccio da FEA/USP, pesquisando os princípios e conceitos do TQM ( Gestão da Qualidade Total) aplicável ao ensino de Ciências Contábeis. Em agosto de 1995 foi realizado em Águas de Lindóia (SP), com grande sucesso, o primeiro “workshop” sobre “TQM Aplicado ao Ensino de Ciências Contábeis”, por oca- sião da 14.ª Convenção dos Contabilistas do Estado de São Paulo, realizado pelo Conselho Regional de Contabilidade de São Paulo. Por recomendação do MEC/SESu/COESP, a CEE – Comissão de Especialis- tas de Ensino de Ciências Contábeis – está realizando neste ano quatro (4) “workshops” sobre “TQM (Gestão de Qualidade total) aplicado ao ensino de Ciências Contábeis. A CEE – Ciências Contábeis está tendo apoio dos Conse- lhos Regionais de Contabilidade de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro, além do Conselho Federal de Contabilidade. Ao fim desses “workshops” será elabo- rado, um documento conclusivo que será encaminhado ao MEC/SESu/COESP como contribuição ao governo, do grupo acima referido, para a definição de políticas de melhoria da qualidade de ensino de Ciências Contábeis no país. 1. Algumas premissas subjacentes à estratégia de implementação do “TQM Aplicado ao Ensino de Ciências Contábeis” Alguns docentes e dirigentes de instituições de ensino superior acreditavam no início que os princípios do TQM constituíam apenas uma questão de bom senso, bastava comprar alguns livros, assistir a algumas palestras e pronto. Mas quando tentaram implementá-los em suas organizações, descobriram que a coisa não era tão simples assim. Após terem incorrido em decepções, frustra- ções e muitos custos desnecessários acabaram criando até mesmo um clima de descrença e rejeição em suas organizações, com relação ao TQM. O perfeito entendimento dos princípios do TQM e uma correta estratégia de implementação com sucesso do processo de melhoria da qualidade do Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 225 Custeio por atividade (CBA ou ABC) ensino, requerem um compromisso e um engajamento diferentes de pensa- mento gerencial aplicado aos negócios e uma nova cultura organizacional. Sobretudo, no novo ambiente de competitividade global, os docentes e dirigentes de instituições de Ensino Superior deverão estar muito atentos à questão da formação de competências e lideranças, e não simplesmente de portadores de diplomas de habilitação profissional. Nesse aspecto o mundo já mudou há algum tempo e o Brasil também felizmente está mudando, e muito rapidamente! 2. Alguns componentes da estratégia de implementação com sucesso do “TQM Aplicado ao Ensino de Ciências Contábeis” a) O que é “qualidade no ensino”: qualidade no ensino não é apenas o que nós entendemos por qualidade de aula, grande experiência e prática de contabilidade etc. Precisamos, na verdade colocar essa questão no contexto do projeto pedagógico de nossa organização e, subordinado a ele, do curso de graduação em Ciências Contábeis. b) A “qualidade no ensino” é o resultado de diversos processos de negó- cios: desde o momento e as razões que levaram a nossa organização a criar o cursode graduação em Ciências Contábeis, até o perfeito atendimento das expectativas e necessidades do mercado em que atuamos, há muitos processos de negócios envolvidos, que levam à “boa” e/ou à “má qualidade “, com seus respectivos custos, geralmente muito elevados. c) A “qualidade no ensino” é fruto da parceria entre os clientes docentes/ funcionários e a nossa organização: precisamos ouvir com muita aten- ção as vozes de nossos clientes para sabermos de suas necessidades e expectativas e especificar clara e objetivamente o que esperamos de nossos docentes/funcionários, a fim de que nossa organização possa atender eficientemente os nossos clientes. d) A “qualidade no ensino” requer uma atitude proativa: fazer as coisas certas na primeira vez, eliminando todas as formas de desperdícios, requer planejamento, treinamento, deployment e accountability. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 226 Custeio por atividade (CBA ou ABC) e) A “qualidade no ensino” requer nosso foco na análise e gestão das ati- vidades de pesquisa, ensino e serviços de extensão à comunidade: a produção de conhecimentos, metodologias didáticas no “momen- to da verdade”, bem como, os serviços de extensão à comunidade devem se adequar à estratégia de sobrevivência com competitividade de nossas organizações. f ) A “qualidade no ensino” requer o envolvimento/compromisso de todos os docentes/funcionários e da própria organização com o processo de contínuo aperfeiçoamento: o “TPM Total Productive Maintenance”, “Just-in-Time”, “5 S”, “Kanban”, “Kaizen” etc. devem ser a linguagem comum de todos os envolvidos/comprometidos com a estratégia de implementação com sucesso do “TQM (Gestão da Qualidade Total) aplicado ao ensino de Ciências Contábeis”. Conclusões A cada dia que se passa a qualidade no ensino está se tornando uma ques- tão prioritária, à qual nossas instituições de Ensino Superior deverão dedicar sua máxima atenção, não porque as autoridades governamentais passarão a aplicar com rigor a Lei 9.131, mas porque essa é uma questão de sobrevivência. A globalização da economia está trazendo sérias indagações e perplexidades aos setores industriais, comerciais, financeiros e de serviços em geral do país e, com certeza, nossas instituições de Ensino Superior também já começaram a sentir os efeitos desse fenômeno mundial. Um grupo de professores de universidades públicas e privadas estão se dedicando fortemente à pesquisa de princípios, conceitos e estratégias de implementação com sucesso do “TQM ( Gestão da Qualidade Total) Apli- cado ao Ensino de Ciências Contábeis”, porque essa é uma questão que, já se sabe, não pode permanecer ao sabor de tentativas e erros, nem de especialistas de TQM não familiarizados com o espírito e a alma dos abne- gados docentes que se dedicam à pesquisa e ao ensino de graduação em Ciências Contábeis. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 227 Custeio por atividade (CBA ou ABC) Atividades de aplicação 1. Relacionar as atividades constantes da coluna 1 com os departamentos descritos na coluna 2: )( Análise de mercado (1) Engenharia )( Projeto do produto (2) Marketing )( Desenvolvimento do protótipo (3) Finanças )( Teste do produto (4) Controle de qualidade )( Planejamento de qualidade )( Análise financeira 2. As seguintes atividades e respectivos custos foram verificados na Cia. Alfa: Emissão de pedidos de compras R$2.000,00 Autorização de pagamentos R$1.550,00 Realização do pagamento R$2.000,00 Autorização de créditos R$1.000,00 Recebimento de pedidos de vendas R$1.200,00 Liberação de crédito R$1.100,00 Pede-se para identificar qual departamento, de compras, de crédito, de vendas e de finanças é responsável pela atividade e atribuir-lhe o custo correspondente. 3. Assinalar se é falso (F) ou verdadeiro (V): O potencial impacto econômico dos fabricantes emergentes, )( como a Índia, a China e o Brasil, nos fabricantes líderes atuais transformará a paisagem econômica. O CBA não se diferencia do custeio tradicional, pois utiliza-se )( dos próprios custos indiretos como base de atribuir custos aos centros e aos produtos. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 228 Custeio por atividade (CBA ou ABC) O ABC (Activity Based Costing – Custeio à Base da Atividade) )( procura atribuir os Custos Indiretos de Fabricação aos produtos ou serviços, corretamente. Goldratt e outros autores acusaram que os sistemas de custeio )( universalmente aplicados nas empresas tinham motivado a deterioração da produtividade nas indústrias americanas. O professor Lopes Sá afirma que os critérios utilizados pelo ABC )( não foram aplicados em épocas passadas, tratando-se, portanto, de um novo vinho e de uma garrafa muito bonita. 4. O departamento de treinamento da empresa Beta possui um chefe e dois funcionários. Os salários desses colaboradores são os seguintes: Chefe, R$10.000,00. Funcionário A, R$6.000,00. Funcionário B, R$5.000,00. As atividades executadas pelos três são as seguintes: Pessoas – % do tempo Ministrar aulas Preparar aulas Atender ao público Administração Desenvolver roteiros Chefe 40% 10% 5% 45% 0 Funcionário A 40% 30% 5% 25% Funcionário B 10% 10% 20% 5% 55% Pede-se para atribuir os custos dos salários às atividades. 5. A Cia. Ômega fabrica os produtos Alfa e Beta e rateia os Custos Indiretos de Fabricação aos dois produtos com base nas atividades. Os CIFs do pe- ríodo foram de R$222.750,00 e, mediante dados contábeis e outros levan- tamentos, foi possível atribuir esses custos para as seguintes atividades: Atividades Custos R$ Inspecionar material 30.000,00 Armazenar material 15.000,00 Emitir e receber faturas 8.000,00 Controlar estoques 40.000,00 Despachar produtos 30.000,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 229 Custeio por atividade (CBA ou ABC) Atividades Custos R$ Pagar fornecedores 9.750,00 Utilizar máquinas 75.000,00 Controlar processos 15.000,00 Total 222.750,00 Foi realizado um trabalho para determinar os direcionadores de cus- tos aos dois produtos e se constatou que eles são os seguintes: Atividades Alfa Beta Inspecionar material 5 10 Armazenar material 5 10 Emitir e receber faturas 8 12 Controlar estoques 8 12 Despachar produtos 50 100 Pagar fornecedores 8 12 Utilizar máquinas 0,5 2 Controlar processos 0,25 0,75 São produzidas 5 000 unidades de Alfa e 12 000 unidades de Beta. Pede-se para calcular o custo unitário de CIFs pelo Custeio à Base da Atividade. 6. O Motel Celta incorreu em Custos Indiretos de Fabricação no valor de R$70.000,00. Por meio dos dados contábeis e outros levantamentos foi possível atri- buir esses custos para as seguintes atividades: Atividades Custos (R$) Recepcionar hóspedes 20.000,00 Inspecionar e limpar apartamentos 18.000,00 Requisitar e controlar materiais 15.000,00 Lavar roupa 17.000,00 Total 70.000,00 O Motel possui 20 apartamentos standard e 10 apartamentos de luxo e o tempo destinado à execução das atividades descritas é o seguinte: Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 230 Custeio por atividade (CBA ou ABC) Dados Standard Luxo Número de hóspedes 750 500 Tempo de limpeza 160 200 Número de requisições de material 62 45 Quilo de roupa lavada 350 400 Pede-se para ratear os custos indiretos de fabricação incorridos no perío- do aos apartamentos standard e de luxo pelo Custeio à Base da Atividade. Referências BARA, Marco Antônio Santoro. A Relação de uma Empresa Franqueadora com suas Franqueadas – o caso de O Boticário: um estudo comparativo nas lojas de Curitiba e São José dos Pinhais. 118 p. Dissertação(Mestrado em Adminis- tração) – Escola de Administração, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2001.Disponível em: <http://volpi.ea.ufrgs.br/teses_e_dissertacoes/ td/000456.pdf>. Acesso em: 15 mai. 2008. BRASIL. Lei n 6.404, de 15 de Dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6404consol. htm>. Acesso em: 16 jan. 2012. BRASIL. Lei n 11.638 de Dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em: <www.planalto.gov. br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11638.htm>. Acesso em: 5 jan. 2012. BRASIL. Lei 11.941 de 27 de Maio de 2009. Altera a legislação tributária fede- ral relativa ao parcelamento ordinário de débitos tributários [...]. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L11941.htm>. Acesso em: 5 jan. 2012. BRIMSON, James A. Contabilidade por Atividades. São Paulo: Atlas, 1996. FIPECAFI – Cultura contábil, Atuarial e Financeira. Perguntas e respostas – nova lei das S/A – Lei 11.638/07. Disponível em: <www.cfc.fipecafi.org/faq/faq.pdf>. Acesso em: 16 jan. 2012. GOLDRATT, Eliyau M. A Meta. 4. ed. São Paulo: Caludiney Fullmann, 1990. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 231 Custeio por atividade (CBA ou ABC) IOB – Informações Objetivas, Temática Contábil e Balanços – agosto de 1998 – n. 32. IOB – Informações Objetivas, Temática Contábil e Balanços, Bol 38/99 - TC/ Bal. IOB – Informações Objetivas. Boletins n. 43/94, 13/ 97, 38/98 e 003/99. LEONE, George S. G. 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Atividade / Departamento Compras (R$) Crédito (R$) Vendas (R$) Finanças (R$) Emissão de pedidos de compras 2.000,00 Autorização de pagamentos 1.550,00 Realização do pagamento 2.000,00 Autorização de créditos 1.000,00 Recebimento de pedidos 1.200,00 Liberação de crédito 1.100,00 Total 3.550,00 1.000,00 2.300,00 2.000,00 3. ( V ) O potencial impacto econômico dos fabricantes emergentes, como a Índia, a China e o Brasil, nos fabricantes líderes atuais transfor- mará a paisagem econômica. ( F ) O CBA não se diferencia do custeio tradicional, pois utiliza-se dos próprios custos indiretos como base de atribuir custos aos centros e aos produtos. ( V ) O ABC (Activity Based Costing – Custeio à Base da Atividade) procura atribuir os Custos Indiretos de Fabricação aos produtos ou serviços, corretamente. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 233 Custeio por atividade (CBA ou ABC) ( V ) Goldratt e outros autores acusaram que os sistemas de custeio universalmente aplicados nas empresas tinham motivado a deteriora- ção da produtividade nas indústrias americanas. ( F ) O professor Lopes Sá afirma que os critérios utilizados pelo ABC não foram aplicados em épocas passadas, tratando-se, portanto, de um novo vinho e de uma garrafa muito bonita. 4. Pessoas / % do tempo Ministrar aulas (R$) Preparar aulas (R$) Atender ao público (R$) Administração (R$) Desenvolver roteiros (R$) Chefe 4.000,00 1.000,00 500,00 4.500,00 Funcionário A 2.400,00 1.800,00 300,00 1.500,00 Funcionário B 500,00 500,00 1.000,00 250,00 2.750,00 Custo Atividade 6.900,00 3.300,00 1.800,00 4.750,00 4.250,00 5. Atividades Custos Alfa Beta Alfa Beta Inspecionar material R$30.000,00 5 10 R$10.000,00 R$20.000,00 Armazenar material R$15.000,00 5 10 R$5.000,00 R$10.000,00 Emitir e receber faturas R$8.000,00 8 12 R$3.200,00 R$4.800,00 Controlar estoques R$40.000,00 8 12 R$16.000,00 R$24.000,00 Despachar produtos R$30.000,00 50 100 R$10.000,00 R$20.000,00 Pagar fornecedores R$9.750,00 8 12 R$3.900,00 R$5.850,00 Utilizar máquinas R$75.000,00 0,5 2 R$15.000,00 R$60.000,00 Controlar processos R$15.000,00 0,25 0,75 R$3.750,00 R$11.250,00 Total R$222.750,00 R$66.850,00 R$155.900,00 Quantidade produzida 5 000 12 000 5 000 12 000 Custos indiretos unitários R$13,370 R$12,99167 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 234 Custeio por atividade (CBA ou ABC) 6. Atividades Custos Stand. Luxo Stand. Luxo Recepcionar hóspedes R$20.000,00 750 500 R$12.000,00 R$8.000,00 Inspecionar e limpar apartamentos R$18.000,00 160 200 R$8.000,00 R$10.000,00 Requisitar e controlar materiais R$15.000,00 60 40 R$9.000,00 R$6.000,00 Lavar roupa R$18.000,00 350 400 R$8.400,00 R$9.600,00 Total R$71.000,00 R$37.400,00 R$33.600,00 Número de apartamentos 20 10 20 10 CIF por apartamento R$1.870,00 R$3.360,00 Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 237 Análise do custo, volume e lucro Introdução A análise das relações custo/volume/lucro é uma das técnicas mais eficientes de análise de custos. Porém, como nas demais técnicas, nesta também existem algumas limitações. A mais importante decorre de que nenhum custo ou despesa é perfeitamente fixo, e muitas vezes também não existem custos e despesas perfeitamente variáveis e estruturas diferenciadas, em termos de composição de custos e despesas fixos e variáveis, provocam oscilação nos volumes e preços de vendas. Custeio direto e por absorção Na Contabilidade Financeira (legal ou fiscal), tanto os custos variáveis como os fixos, tanto os diretos como os indiretos devem ser absorvidos integralmente no custo do produto e todos eles somados devem ser levados ao estoque. Mesmo que os rateios dos custos indiretos sejam sempre arbitrários e dis- cutíveis, tanto os princípios contábeis como a legislação tributária exigem a integração de todos os gastos como os a seguir: transporte e seguro; custo do pessoal aplicado na produção, inclusive na supervisão