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Teoria Geral do Estado

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UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO 
ESCOLA DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
PROF. JOSEMAR ARAÚJO - josemar@josemararaujo.com 
TEORIA GERA DO ESTADO 
FOLHA DE APOIO 02 
 
 
Origens do Estado 
 
A denominação Estado (do latim status estar firme), 
significando situação permanente de convivência e ligada à 
sociedade política, aparece pela primeira vez em "O Príncipe" 
de MAQUIAVEL, escrito em 1513, passando a ser usada 
pelos italianos sempre ligada ao nome de uma cidade 
independente, como, por exemplo, stato di Firenze. Durante os 
séculos XVI e XVII a expressão foi sendo admitida em 
escritos franceses, ingleses e alemães. Na Espanha, até o 
século XVIII, aplicava-se também a denominação de estados a 
grandes propriedades rurais de domínio particular, cujos 
proprietários tinham poder jurisdicional. 
 
De qualquer forma, é certo que o nome Estado, indicando uma 
sociedade política, só aparece no século XVI, e este é um dos 
argumentos para alguns autores que não admitem a existência 
do Estado antes do século XVII. Para eles, entretanto, sua tese 
não se reduz a uma questão de nome, sendo mais importante o 
argumento de que o nome Estado só pode ser aplicado com 
propriedade à sociedade política dotada de certas 
características bem definidas. A maioria dos autores, no 
entanto, admitindo que a sociedade ora denominada Estado é, 
na sua essência, igual à que existiu anteriormente, embora 
com nomes diversos, dá essa designação a todas as sociedades 
políticas que, com autoridade superior fixaram as regras de 
convivência de seus membros. 
 
Teorias sobre a Origem do Estado 
 
As inúmeras teorias existentes podem ser reduzidas a três 
posições fundamentais: 
a) Para muitos autores, o Estado, assim como a própria 
sociedade existiu sempre, pois desde que o homem vive sobre 
a Terra acha-se integrado numa organização social, dotada de 
poder e com autoridade para determinar o comportamento de 
todo o grupo. Entre os que adotam essa posição destacam-se 
EDUARD MEYER, historiador das sociedades antigas, e 
WILHELM KOPPERS, etnólogo, ambos afirmando que o 
Estado é um elemento universal na organização social 
humana. MEYER define mesmo o Estado como o princípio 
organizador e unificador em toda organização social da 
Humanidade, considerando-o, por isso, onipresente na 
sociedade humana. 
b) Uma segunda ordem de autores admite que a 
sociedade humana existiu sem o Estado durante um certo 
período. Depois, por motivos diversos, este foi constituído 
para atender às necessidades ou às conveniências dos grupos 
sociais. Segundo esses autores, que, no seu conjunto, 
representam ampla maioria, não houve concomitância na 
formação do Estado em diferentes lugares, uma vez que este 
foi aparecendo de acordo com as condições concretas de cada 
lugar. 
c) A terceira posição é a que já foi referida: a dos autores 
que só admitem como Estado a sociedade política dotada de 
certas características muito bem definidas. Justificando seu 
ponto de vista, um dos adeptos dessa tese, KARL SCHMIDT, 
diz que o conceito de Estado não é um conceito geral válido 
para todos os tempos, mas é um conceito histórico concreto, 
que surge quando nascem a ideia e a prática da soberania, o 
que só ocorreu no século XVII. Outro defensor desse ponto de 
vista, BALLADORE PALLIERI, indica mesmo, com absoluta 
precisão, o ano do nascimento do Estado, escrevendo que "a 
data oficial em que o mundo ocidental se apresenta 
organizado em Estados é a de 1648, ano em que foi assinada a 
paz de Westfália". 
 
c) Dentro de uma infinidade de conceitos, a partir de 
várias de suas características, pode-se definir o Estado como 
força que se põe a si própria e que, por suas próprias virtudes, 
busca a disciplina jurídica. Essa é, por exemplo, a orientação 
de DUGUIT, que conceitua o Estado como uma força material 
irresistível, acrescentando que essa força, atualmente, é 
limitada e regulada pelo direito. Dalmo de Abrel Dallari 
conceitua o Estado como “A ordem jurídica soberana que 
tem por fim o bem comum de um povo, situado em 
determinado território. 
 
Elementos Essenciais do Estado 
 
Classicamente diz-se que os elementos essenciais do estado 
são o governo, o território e o povo. O governo seria o 
conjunto de funções necessárias para que o Estado realize os 
fins coletivos de seu elemento humano. O território, além dos 
espaços terrestres, compreende as águas territoriais, o espaço 
aéreo e o subsolo. Já o povo é o elemento humano e se 
compõe do conjunto de cidadãos do Estado. 
 
Soberania 
 
Pode ser conceituada como a Propriedade que tem um Estado 
de ser uma ordem suprema que não deve a sua validade a 
nenhuma outra ordem superior, trata-se com este termo, O 
complexo dos poderes que formam uma nação politicamente 
organizada. Tal definição é útil, válida, mas pode ser melhor 
desenvolvida. 
 Durante o século XV (1401/1500 D.C) verificou-se a 
formação dos Estados Nacionais. A ideia de soberania 
desenvolvida na época foi extremamente importante, visto que 
dela se utilizaram os reis para unificar os estados e consolidar 
sua posição. Foi com amparo nesta abstração de soberania que 
os Estados Nacionais foram formados, tendo como figura 
maior o rei, o qual exercia seu poder sobre um determinado 
povo, e nos limites de certo território. 
 
Desde Jean Bodin, que na obra “Os Seis Livros da 
República”, teria primeiramente estudado a concepção de 
soberania do poder real, tal atributo do Estado passou a ser 
analisado, inclusive academicamente, tanto em seus aspectos 
POLÍTICOS internos quanto externos. No que se refere aos 
aspectos históricos internos, os Soberanos passaram a dominar 
o Estado, exercendo, sem intermediários, uma relação de 
hierarquia absoluta com o povo, tratava-se de uma total e 
completa supremacia onde o rei não estava sujeito a nenhum 
outro poder. Externamente, os reis absolutistas, (soberanos) 
passaram a considerar uns aos outros como iguais, não 
havendo sujeição destes Estados a qualquer outro poder 
mailto:josemar@josemararaujo.com
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externo superior, cabendo a cada um decidir sobre a guerra e 
a paz. Aí encontra-se o germe do que a “Carta da ONU” trata 
como autodeterminação dos povos. 
 
Durante a evolução da História humana, vários significados 
foram atribuídos ao termo soberania. As teorias teocráticas, 
como não poderia ser diferente, acreditavam que o poder tinha 
origem divina, porém , se dividiam na Teoria da Investidura 
Divina e na Teoria da Investidura Providencial. Para a 
primeira, os governantes eram delegados diretos de Deus; já a 
segunda admitia apenas a origem divina do poder. 
 
Um pouco antes, mas principalmente depois da publicação da 
obra “O Contrato Social” de Rousseau, como resultado das 
revoluções burguesas, apareceram as teorias democráticas e 
com elas a expressão soberania popular. 
 
Após a Revolução Francesa, o modelo da soberania nacional 
foi adotado e predomina atualmente nos Países que se 
organizam sob o regime democrático. Este conceito de 
soberania é trabalhado com base em pelo menos cinco 
características: 
1. A unidade, visto que não é possível a simbiose entre 
dois poderes igualmente soberanos; 
2. A Indivisibilidade, sendo esta uma decorrência lógica 
da unidade, destacando-se entretanto, que o exercício da 
soberania é divisível; 
3. A Imprescritibilidade e A inalienabilidade, já que 
engendra o poder supremo, insuscetível de lesão e 
indisponível. 
4. A Coatividade, o que se verifica quando pensamos 
que somente o poder soberano é autorizado a empregar a força 
material, com o objetivo de enquadrar os indivíduos à ordem 
jurídica. 
5. 
Acrescente-se que a soberania é o atributo que permite ao 
Estado, seja por meio da legislação interna ou da celebração e 
ratificação de tratados, acordos ou convenções internacionais, 
limitarem seu poder de agir. A estas limitações que, inclusive 
legitimamo poder político, criando toda uma estrutura 
burocrática, chama-se habitualmente de Ordenamento 
Jurídico. 
 
A Soberania em Rousseau 
 
Jean-Jakques Rousseau, ao analisar o conceito de soberania, 
considera que antes de chegarem ao estado civil, os homens 
estiveram no estado natural, onde prevalecia a vontade pessoal 
de cada indivíduo. No estado civil, os cidadãos, em certa 
medida, renunciam às suas vontades pessoais, obedecendo à 
vontade geral, e quem a isto se recusa é naturalmente 
constrangido pelo corpo em conjunto, o que apenas significa 
que o destoante será forçado a ser livre. É desta forma, 
renunciando às vontades individuais em favor do corpo social 
que a pátria protege seus cidadãos de toda a dependência. Esta 
condição, segundo Rousseau, é a única a tornar legítimas as 
obrigações civis, visto que sem isto, seriam absurdas, tirânicas 
e sujeitas aos maiores abusos. 
 
Nesta defesa do corpo coletivo, Rousseau defende que com o 
surgimento do estado civil, surge também a liberdade moral, a 
qual, segundo ele, é a única que torna o homem 
verdadeiramente senhor de si, visto que o impulso exclusivo 
da vontade caracteriza uma espécie de escravidão, ou seja, a 
liberdade verdadeira é a obediência à lei. 
 
Fazendo-se uma análise mais concisa, o Contrato Social quer 
dizer: cada um se dá totalmente, em favor da vontade geral, 
que será a dirigente suprema da comunidade. Rousseau 
concebe que o Contrato faz nascer um “corpo moral e 
coletivo”, constituído por todos os membros da sociedade em 
questão. Esse corpo ganha o nome de corpo político, e este 
pensador considera esse corpo político como sendo o 
“soberano” quando ativo; estado quando passivo; e potência 
quando comparado a outros. Portanto, para ele, a soberania é 
exercida pelo corpo político, o corpo “moral e coletivo”, os 
homens reunidos. O soberano constitui a reunião de todos os 
particulares que, reunidos, tornam-se o público e os detentores 
da vontade geral. 
 
Frequentemente, Rousseau é classificado como “antiliberal”, 
isto porque ele entendia que O poder legislativo deve ser 
exercido pelo soberano. E o executivo não deve ser por ele 
também exercido, porque “(...) esse poder só consiste em atos 
particulares que não são em absoluto da alçada da Lei, nem 
consequentemente da do soberano, cujos atos todos só podem 
ser Leis”. Para que o soberano legisle, ele precisa reunir-se, 
visto que a soberania não é delegável: o soberano só pode ser 
representado por si mesmo. Da mesma forma, a soberania não 
é divisível: ou representa a vontade geral ou não representa. 
Assim, surge um grande problema: em comunidades muito 
grandes, com vasto número de habitantes, seria impossível 
essa reunião de todos os homens. Dando mais valor ao corpo 
político em sua totalidade, Rousseau se distanciaria muito do 
que Lock pregou. 
 
Fonte: 
 
DALLARI, Dalmo de Abrel. Elementos de Teoria Geral do 
Estado. 2 ed. São Paulo: 1998.

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