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Anna Luiza Massarutti Cremonezi Gabriel Fernandes Pedro Henrique Name Colado Mariano João Pedro Médici de Lima Ato Jurídico Perfeito, Direito Adquirido e Coisa Julgada TURMA 83 – SALA 1000 LONDRINA JULHO/2018 https://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=&esrc=s&source=images&cd=&cad=rja&uact=8&ved=2ahUKEwjLy8OG2aPaAhVJQZAKHacSAfsQjRx6BAgAEAU&url=https://www.crefito8.gov.br/pr/index.php/sala-de-imprensa/noticias/1724-aviso-hospital-universitario-de-londrina-universidade-estadual-de-londrina&psig=AOvVaw2SqK-cyGhE4_B0UYIcOhZZ&ust=1523036975910399 1 Anna Luiza Massarutti Cremonezi Gabriel Fernandes Pedro Henrique Name Colado Mariano João Pedro Medici Lima Ato Jurídico Perfeito, Direito Adquirido e Coisa Julgada TURMA 83 – SALA 1000 LONDRINA JUNHO/2018 Trabalho apresentado com requisito parcial à nota do 2° bimestre de 2018, na disciplina de Direito Civil I, ao professor Claúdio César Machado Moreno 2 Sumário INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 1. ATO JURÍDICO PERFEITO ................................................................................. 4 2. DIREITO ADQUIRIDO .......................................................................................... 5 3. COISA JULGADA ................................................................................................ 7 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 9 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 10 3 INTRODUÇÃO O presente trabalho busca apresentar e explicar as definições e conceitos de Ato Jurídico Perfeito, Direito Adquirido e Coisa Julgada. Esses são importantes temas para o Direito Civil, que possuem grande relevância para o mundo jurídico, e que, consequentemente, refletem na vida em sociedade. O entendimento de tais concepções contribui não só para a formação do estudante do curso de Direito, mas também para o desenvolvimento do sujeito como cidadão participativo das relações sociais e jurídicas do seu país. Apesar de serem temas aprofundados pela matéria de Direito Civil, sua importância se estende claramente a todo o Direito. É uma compreensão predominante, apoiada inclusive pelo Supremo Tribunal Federal, a de que o fundamento do direito adquirido, assim como do ato jurídico perfeito e da coisa julgada, todos contidos na Constituição Federal, incidem sobre todas as leis, seja de direito público ou de direito privado, de ordem pública ou não. Entretanto, com o passar do tempo, as transformações constitucionais que ocorrem não podem gerar um descontrole na relação dessas três esferas. Para ressaltar isso, o fundamento constitucional do art. 5º, XXXVI, institui que a lei não deve lesar o direito adquirido, assim como o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Para contribuir nessa finalidade, atua o direito intertemporal, que é um agrupamento de normas e regulamentos que resolvem os impasses das leis no decorrer do tempo. Ele se mostra necessário pois apesar da nova lei visar afetar apenas fatos posteriores a sua instauração, existem indeclináveis consequências de leis anteriores. O que se teme é que ocorra o efeito retroativo da lei, que acontece quando uma norma recente acaba por regular situações jurídicas do passado. A importância desses temas se justifica por eles serem as bases da legitimidade dos atos, dos direitos e das decisões judiciais definitivas, que visam também nos dois primeiros princípios. Partindo dessas concepções preliminares, pode-se afirmar que o direito adquirido é o mais abrangente dos três conceitos, pois tanto no ato jurídico perfeito quanto na coisa julgada se faz presente direitos desse cunho. Atrelado a isso, a coisa julgada é tida como um ato jurídico perfeito, sendo considerada a definição mais limitada. 4 1. ATO JURÍDICO PERFEITO Segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, Art. 6°, §1: “Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou” Desse modo, é o ato humano realizado de acordo com a lei vigente a época da sua consumação, em outras palavras, quando a pessoa o realizou, esse ato estava dentro da lei, ou seja, nos termos da lei. É aquele que foi consumado durante a validade de uma lei vigente ao tempo que se efetuou. Nesse contexto, fazendo a análise da Lei de Introdução ao Código Civil, é entendido que ela não se define em uma lei, mas se consiste em uma lei de introdução às leis. Além disso, funciona como uma maneira do Estado preservar a segurança das relações jurídicas, por se constituir em um sistema de Lei que não prejudique as minorias de representatividade por aqueles com poder de modificar a lei em favor e benefício individual. Ou seja, pela força do poder, prevalecer os interesses em detrimento ao menos favorecidos socialmente e economicamente. O ato jurídico perfeito é um instituto o qual foi contemplado pelo constituinte sob o aspecto formal. É aquele ato que nasce e se molda sob o respaldo da lei, tendo todas as obrigações necessárias exigidas pela norma vigente. Há proteção indireta, visto que não se pode declarar invalidade do ato jurídico se provier lei nova mais severa, não havendo irretroatividade da lei. Tal instituto é um ato o qual se desenvolve, se complementa e se tonifica em conformidade com o ordenamento jurídico vigorante. Por isso ele é chamado de ato jurídico perfeito, assim, o ato assim nascido se integra ao patrimônio jurídico de quem dele se favorece, adquirindo o usufruidor, um direito definitivo. Ademais, o ato jurídico perfeito, desde que bem celebrado, deve ser atendido e executado, independentemente de qual tenha sido a relação jurídica. É a garantia da estabilidade jurídica, o que, por conseguinte, traz o triunfo da coesão da sociedade. Nesse contexto, resguarda aos cidadãos a garantia e a plenitude das relações jurídicas, elemento da própria convivência social. 5 2. DIREITO ADQUIRIDO Segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, Art. 6°, §2: “Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem”. Isto posto, entende-se por direito adquirido aquele já incorporado definitivamente ao patrimônio e à personalidade de seu titular, de modo que o sujeito de direito esteja protegido de posteriores mudanças legislativas. Carlo Francesco Gabba, jurista italiano considerado um dos maiores doutrinadores civilistas de todo mundo, em sua obra Teoria della Retroattività delle Leggi, coloca que é adquirido todo direito “consequente de um fato idôneo a produzi- lo, em virtude da lei do tempo em que esse fato foi realizado, embora a ocasião de o fazer valer não se tenha apresentado antes do surgimento de uma lei nova sobre o mesmo." Tratando-se de um direito fundamental, obtido constitucionalmente, o direito adquirido está vinculado ao princípio de intangibilidade, a partir do qual desde sua incorporação ao ordenamento jurídico, o direito já possui proteção e tutela maior da Constituição. Como observa De Plácido e Silva1 sob o ponto de vista da retroatividade das leis, não somente se consideram adquiridos os direitos aperfeiçoados ao tempo em que se promulga a lei nova, como os que estejam subordinados a condições ainda não verificadas, desde que não se indiquem alteráveis ao arbítrio de outrem. Assim, o titular do direito adquirido extrairáos efeitos jurídicos especificados pela lei que lhe concedeu o direito mesmo que surja nova norma oposta à primeira, ou seja, continuará a usufruir dos efeitos jurídicos da primeira norma mesmo depois de sua revogação. Vale ressaltar que todo direito adquirido deve ser fruto de um ato jurídico perfeito. Só surgirá direito adquirido quando houver a integridade dos seus requisitos e fatores de eficácia, postos pelo regime jurídico específico do direito positivo que regula o ato, atingindo todo o conjunto de normas vigentes fazendo assim nascer o direito subjetivo, a partir daí adquirido. 1 SILVA, De Plácido e; Vocabulário Jurídico; 26. ed. - Rio de Janeiro: Forense, 2005, pág. 78; 6 A importância da instituição do direito adquirido se dá pela garantia constitucional de estabilidade e proteção dos direitos do indivíduo frente futuras alterações legislativas. Desse modo, a lei nova pode retroagir desde que tenha como limite o direito adquirido, no sentido de salvaguardar a eficácia dos direitos subjetivos e das relações jurídicas construídas validamente sob o amparo de uma lei, proporcionando então segurança jurídica aos cidadãos. 7 3. COISA JULGADA Segundo a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro, Art. 6°, §3: “Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso” Ou seja, coisa julgada refere-se à decisão judicial já prolatada, considerada decidida e protegida pela judiciário de uma nova discussão. Dentre os conceitos trabalhados, é o com o sentido mais restrito, sendo considerado um ato jurídico perfeito. Pode ser dividida em material e formal. Segundo Venosa2, refere-se à coisa julgada material, aquela em que a lide ou a questão de mérito deduzida em juízo que é devidamente decidida e, ao seu lado, coloca-se aquela que decide questões processuais dentro de um processo, a coisa julgada formal, ou preclusão máxima. Como exposto no Art. 502 do Código de Processo Civil (CPC/2015), a coisa julgada material é a autoridade que torna indiscutível uma decisão de mérito não mais sujeita à recurso, enquanto a coisa julgada formal é relativa ao processo. Enquanto todas as sentenças produzem coisa julgada formal, as coisas julgadas materiais não são sujeitas dessa mesma sentença, ou seja, elas não são provenientes de qualquer sentença. Determinadas sentenças produzem, no momento do trânsito em julgado, uma projeção exterior ao processo que torna a decisão imutável e indiscutível além dos limites do processo em que foi produzida, em outras palavras, a decisão não pode mais ser alterada ou discutida em outros processos, nesses casos têm-se a coisa julgada material. Esta depende da coisa julgada formal, mas não o contrário. A imutabilidade da sentença é importante instrumento de credibilidade do Estado em prol da segurança e paz social, pois veda qualquer discussão posterior e impede que a mesma causa seja novamente enfrentada judicialmente em um processo, seja por ignorância ou má fé daquele que tenta rediscutir a causa. É importante ressaltar que os motivos, mesmo que importantes para determinar o alcance da sentença, e a verdade da sentença, estabelecida como fundamento da sentença, não fazem coisa julgada, como determinado no Art. 504 do 2 VENOSA, Sílvio de Salvo; Direito civil: parte geral; 13. ed. – São Paulo: Atlas, 2013, pág. 124; 8 CPC/2015. Somente o dispositivo da sentença faz coisa julgada, excluindo a fundamentação, por mais relevante que seja. O Art. 503 do Novo CPC define que a decisão que julgar total ou parcialmente o mérito tem sua força de lei nos limites da questão expressamente decidida, observando os requisitos dos incisos do §1 deste artigo. A sentença julgada é dada as partes envolvidas, apesar de todos os sujeitos (partes, terceiros interessados e terceiros desinteressados) suportarem de forma diferente os efeitos. Como apontado por Neves3, a eficácia inter partes justifica- se em razão dos princípios da ampla defesa e do contraditório, não sendo plausível que uma sentença de mérito seja imutável ou indiscutível para um sujeito que não participou do processo. No entanto, alguns doutrinadores apontam que a coisa julgada pode ser questionada em casos específicos em decorrência da forte tendência em se relativizar regras e princípios do Direito. Tal relativização acontece caso haja o conflito entre o princípio de segurança jurídica (coisa julgada) e outro princípio constitucional. Tartucce cita como exemplo a investigação de paternidade4. Se, no momento do julgamento, inexistissem exames de DNA e, posteriormente, houvesse essa possibilidade, a restrição da coisa julgada não deve afetar o direito à identidade genética e à filiação. 3 NEVES, Daniel Amorim Assumpção; Novo Código de Processo Civil; Salvador; Ed. JusPodivm, 2016, pág. 851 4 TARTUCE, Flávio; Direito civil 1: Lei de introdução e parte geral; 8ª edição; Rio de Janeiro, Ed. Método, 2012, págs. 43 à 45 9 CONCLUSÃO O conhecimento administrado nesse texto é abordado e disposto em três tópicos diferentes. O primeiro deles trata do Ato Jurídico Perfeito, que se define como a ação já realizada, de acordo com a lei vigorante na época em que se realizou, pois cumpriu todas as condições formais para estabelecer a indenidade das suas consequências, encontrando-se íntegro ou otimizado. O segundo tópico se refere ao Direito Adquirido, que representa um direito fundamental, conquistado através da Constituição. Ele pode ser encontrado no art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, assim como na Lei de Introdução ao Código Civil, em seu art. 6º, § 2º. O terceiro tópico, referente a coisa julgada, explica que nesse caso, a contingência de aplicar a justiça de modo a contradizer algo chegou ao fim, seja porque quem queria recorrer deixou perpassar demasiado tempo e o prazo para estender o recurso já foi ocluso, seja porque a pessoa já requestou todos os recursos que poderia apresentar. A coisa julgada é uma forma da justiça enunciar à sociedade, incluindo as partes do processo em questão, qual é o seu veredito concludente. O trabalho apresentado cumpriu com seu objetivo de elucidar a importância dos conceitos de Ato Jurídico Perfeito, Direito Adquirido e Coisa Julgada, de forma a agregar o estudo da matéria de Direito Civil. O presente texto também contribuiu significativamente na formação acadêmica dos integrantes do grupo, pois o aprofundamento desse tema nos permitiu compreender melhor de onde surge a legitimidade dos atos, dos direitos e das decisões judiciais definitivas, assim como nos permitiu ampliar o nosso repertório de leitura, através da procura e seleção da bibliografia apropriada, aperfeiçoando também nossas habilidades de pesquisa. 10 BIBLIOGRAFIA DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro – Teoria Geral do Direito Civil. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 2005. V. 1. GABBA, Carlo Francesco. Teoria della retroatività delle leggi. Pisa: Tipografia Nistri, 1868. Vol. 1. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil: parte geral; 10. ed. – São Paulo: Saraiva, 2003. Vol. 1. GONZALES, Douglas Camarinha. O direito adquirido e o ato jurídico perfeito sob os planos da existência, validade e eficácia. Disponível em: < https://jus.com.br/artigos/94/o-direito-adquirido-e-o-ato-juridico-perfeito-sob-os- planos-da-existencia-validade-e-eficacia >. Acesso em: 07/07/2018. NEVES, Daniel Amorim Assumpção; Novo Código de Processo Civil; Salvador; Ed. JusPodivm, 2016 ONGARATTO, Vinícius. Ato jurídico perfeito, coisa julgada e direitoadquirido. Disponível em: < http://www.ambito-juridico.com.br/ site/?n_link=re vista_artigos_leitura&artigo_id=8805&revista_caderno=2 >. Acesso em: 05 julho 2018. RAMOS, Elival da Silva. A proteção aos direitos adquiridos no direito constitucional brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2003. SILVA, De Plácido e. Vocabulário jurídico. 26. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2005. TARTUCE, Flávio. Lei de Introdução e Parte Geral; 8. ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2012. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral; 13. ed. – São Paulo: Atlas, 2013. https://jus.com.br/artigos/94/o-direito-adquirido-e-o-ato-juridico-perfeito-sob-os-planos-da-existencia-validade-e-eficacia https://jus.com.br/artigos/94/o-direito-adquirido-e-o-ato-juridico-perfeito-sob-os-planos-da-existencia-validade-e-eficacia
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