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DECRIMINALIZAÇÃO DA MACONHA: UMA DICOTOMIA DA SOCIEDADE MODERNA
Amanda Cavalcante silva; Roberta Laís Figuerôa Lopes; Layris Roberta Cordeiro Ferreira; Thamara Ravana da Silva e Arquimedes Fernandes Monteiro de Melo
Resumo
Apresenta a dualidade que circunda o tema descriminalização da maconha, abordando ideais filosóficos e a lei que rege sobre o uso das drogas, bem como demonstra seus efeitos maléficos e terapêuticos sobre o organismo. Discute, ainda, como a sociedade convive com esta dicotomia, apontando os pontos positivos e negativos da adoção de políticas restritivas ao uso da Cannabis sativa L., analisando que a instauração dessas medidas proibitivas não estão solucionando ou minimizando o efeito da mesma diante da sociedade. Diante dos fatos expostos, propomos ao leitor que gere sua própria opinião levando em consideração os aspectos sociais da realidade brasileira. 
1. INTRODUÇÃO
A maconha é conhecida desde a mais remota antiguidade, tendo sido utilizada com vários fins, desde o uso terapêutico até seu uso recreativo como droga de abuso. Há evidências de que civilizações antigas incentivavam o uso de substâncias psicoativas, por vários motivos, sejam eles de caráter econômico, religioso, social ou medicinal, levando-se em consideração o contexto cultural da época. Todavia, a Cannabis é a droga ilícita mais usada em todo o mundo, ficando atrás apenas das drogas lícitas (álcool e tabaco). Sendo a forma de dependência mais comum entre as drogas ilícitas, onde uma em cada dez pessoas que já usaram maconha uma vez na vida tornam-se dependente. (DE MELO et. al, 2006). 
Apesar, de alguns estudiosos relatarem que os efeitos nocivos da maconha não são tão evidentes, quando comparado com outras drogas, como a cocaína e heroína, por exemplo, esta é responsável por frequentes distúrbios de concentração e memória, tornando difícil a execução de tarefas, como operar e dirigir máquinas. Além dos problemas sociais ocasionados pelo seu uso, como discriminação que leva a marginalização, por parte do usuário na sociedade atual. 
Bessa (2010) relata que o fato da maconha historicamente estar presente entre as civilizações, desde as eras mais remotas até os dias atuais, não justifica sua descriminalização e/ou legalização, como citado in verbis:
“Um argumento que é muito utilizado pelos defensores da legalização das drogas é o de que essas acompanham os homens desde os seus primórdios e que todas as sociedades sempre produzem algum tipo de substância para promover a alteração do estado de consciência do indivíduo. Daí, concluem ser impensável uma sociedade sem drogas. [...] No entanto, este argumento é parcial. A questão a ser discutida não é a da existência de drogas em todas as sociedades, como se isso fosse suficiente para legitimá-las. Todas as sociedades também convivem com homicídios, estupros, violências, prostituição, pornografia, etc., nem por isso defende-se sua pura extinção por decreto ou sua aceitação moral ou jurídica. Todos esses comportamentos sofrem algum tipo de ponderação, de controle e de punição. A grande questão é como cada sociedade organiza, ritualiza e legitima o uso das drogas em cada momento histórico e como isso repercute na vida de cada indivíduo e da própria sociedade. Sim, sabemos, por exemplo, que os índios brasileiros consumiam uma bebida alcoólica derivada da fermentação da mandioca – o cauim. Esse uso era coletivo, em rituais nos quais todos participavam e bebiam como forma de congraçamento da tribo. Não havia o consumo individual e nem cotidiano. Outro exemplo, a cocaína entre os povos andinos, era consumida ou mascando- se a folha ou bebendo o chá dessa planta, mas com o intuito adaptativo a uma condição geográfica, a altitude excessiva, e mais como suporte ao trabalho do que como forma recreativa. [...] A história é rica em exemplos do uso de substâncias com fins coletivos, sejam religiosos, laborativos, bélicos ou festivos. O importante é ressaltar que o consumo era coletivo ou individual, mas destinado ao desempenho de uma função social.” 
No entanto, é importante discutir como o uso das drogas interfere em cada momento histórico e como isso repercute na vida de cada indivíduo e da própria sociedade. Sendo assim, o tema envolve uma série de valores religiosos, políticos e sociais, o que gera bastante polêmica.
2. A MACONHA NO MUNDO
A maconha foi referida por inúmeras civilizações antigas. Os primeiros indícios do uso da Cannabis, datam de aproximadamente 10.000 anos atrás, em países da África e Ásia, onde existe o uso tradicional e milenar desta planta, que a consomem tanto por suas propriedades psicoativas como também pelo seu potencial medicinal, nutricional e na produção têxtil. O documento escrito sobre o uso medicinal da Cannabis tem em média 5.000 anos – Pen Ts’ao, a mais antiga farmacopéia do mundo – foi escrito pelo imperador chinês Shen Nung, onde a planta era prescrita nos casos de fadiga menstrual, reumatismo, malária, beribéri e constipação; este compêndio, também advertia sobre o consumo excessivo das sementes da Cannabis por provocar visões de demônios e, se fosse usado por um longo período, permitiria o contato com os espíritos.
O uso de substâncias psicoativas sempre esteve presente em diversas épocas e culturas com finalidades terapêuticas, religiosas, lúdicas e ainda para obtenção do prazer (Os genitores da medicina ocidental, Hipócrates e Galeno), também recomendavam o uso da Cannabis para tratar inúmeras disfunções e enfermidades. A história é rica em exemplos do uso de substâncias psicoativas, entre estas substâncias a maconha é a mais utilizada (AMBROSIO, 2009; COUTINHO; ARAÚJO; GONTIÈS, 2004; DE MELO et. al, 2006). 
Antes de 1833 a Cannabis era a maior cultura agrícola do mundo, tendo ela diversos produtos e usos, como tecidos, óleo para iluminação, remédios, papel e fibras (OLIVEIRA, 2011). Desde o início do séc. XX e, principalmente, a partir da década de 1960, o hábito de fumar a planta vem se intensificando, em diversos países da Europa e das Américas, tornando-se um fenômeno de massa bastante integrado à sociedade capitalista de consumo, na qual saberes e significados sobre a planta, sua história, seus usos, têm sido resgatados, reformulados ou restaurados (NERY FILHO, A., et al. 2009).
	Espanha, Holanda, os estados do Colorado e de Washington, nos Estados Unidos permite seu cultivo e uso pessoal com fins recreativos. Países, como Canadá e Israel, admitem o cultivo de maconha medicinal, mas não permitem o cultivo para uso recreativo. Em Portugal desde 2001, ninguém pode ser preso por usar drogas. Na Espanha, desde a década de 1990, associações sem fins lucrativos distribuem maconha e os associados podem retirar aproximadamente 20 gramas por semana. O Canadá foi o primeiro país no mundo a permitir legalmente o uso da maconha para fins medicinais. Em Israel a maconha é uma droga ilegal, no entanto, a utilização terapêutica foi permitida a partir de 1993, de acordo com o Ministério da Saúde[footnoteRef:1] [1: G1. Veja como é a legislação relativa à maconha em outros países. Disponível em: http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/12/veja-como-e-legislacao-relativa-maconha-em-outros-paises.html. Acesso em: 22/05/14.
] 
No EUA cerca de 40% da população já fez uso de maconha pelo menos uma vez na vida e 2-3% da população Norte-americana a utiliza diariamente, sendo seu uso geralmente intermitente e limitado: os jovens param por volta dos seus 20 anos e poucos entram num consumo diário por anos seguidos (DE MELO et. al, 2006; RIBEIRO et al, 2005). Já na Holanda, ao contrário do que muitos pensam, a maconha não é legalizada, acontece que até março de 2012 o governo admitia a compra e o consumo, por maiores de 18 anos, onde era permitido comprar até 5 g de maconha por dia em lugares preestabelecidos conhecidos como “coffeshops”, e não poderia ser consumida em lugares públicos ou em qualquer outro local, que não os permitidos pelo governo, nem muito menos ser responsável pelo plantio da erva Cannabis sativa (GUERRA NETO, 2011). 
Desde janeiro de 2012o governo holandês mudou a norma que regula os estabelecimentos onde é permitido consumir maconha, os 'coffeeshops', que após décadas sendo uma atração para viajar à Holanda, se tornaram lugares vetados para os turistas. Foram obrigados a se transformar em clubes fechados com no máximo 2 mil membros, os quais estão abertos somente para holandeses ou estrangeiros residentes na Holanda, uma medida que os proprietários entendem como o fim do seu negócio.[footnoteRef:2] [2: Revista Veja. Holanda endurece regras para uso de maconha nos cafés. 02/01/2012. Disponível em: http://veja.abril.com.br/noticia/internacional/holanda-endurece-regulamentacao-de-venda-de-maconha-nos-coffeeshops. Acesso em: 12 de junho de 2014.] 
3. A MACONHA NO BRASIL
Durante muito tempo a historiografia brasileira sobre os usos da planta Cannabis sativa era unânime em afirmar que suas origens eram exclusivamente africanas, e que seu cultivo teria sido introduzido com a chegada dos primeiros escravos.[footnoteRef:3] Outra possibilidade da Cannabis sativa L. ter chego até o nosso país é através dos marinheiros portugueses. Vale lembrar que a afirmativa de que a planta tenha sido trazida por africanos muitas vezes repercutiu como forma de preconceito, e nada prova que ela não possa ter sido trazida por marinheiros portugueses.[footnoteRef:4] [3: Legalize. História da Cannabis no Brasil. 14 de Dezembro de 2010. Disponível em: http://legalizebrasil.com/cannabioteca/historia/115-historia-da-cannabis-no-brasil. Acesso em: 12 de junho de 2014.] [4: Psicodélica. A história da maconha, a droga mais polêmica do mundo. 27 de maio de 2012. Disponível em: http://www.psicodelia.org/noticias/a-historia-da-maconha-a-droga-mais-polemica-do-mundo. Acesso em: 12 de junho de 2014.] 
A legislação brasileira começou a se preocupar com o problema das drogas a partir de 1890. Em seu artigo 159, o Código Penal desse ano considera como crime "expor à venda, ou ministrar, substâncias venenosas, sem legítima autorização e sem as formalidades prescritas nos regulamentos sanitários. Pena: de multa de 200 a 500 mil réis" (Código Penal de 1890), Art. 159. Desde então, o Brasil procurou adequar suas leis aos critérios internacionais e à realidade nacional (DUARTE e BORGES, 201).
A Cannabis passou a ser uma planta proibida em todo Território Nacional em 1932, quando entrou em vigor o Decreto 20.930, depois de haver sido um dos cultivos mais incentivados em todo o país para produção de fibras têxteis, e seu uso tolerado nas regiões Norte e Nordeste (NERY FILHO, A., et al. 2009).
No Brasil, até o ano de 1940, não havia legislação que regulamentasse o uso ou venda de substâncias entorpecentes. Apenas fragmentos abordando a venda de material venenoso no Código Penal do Império (1830) e ministração ou venda de substâncias venenosas no Código Penal de 1890, notando-se alteração no termo substâncias venenosas por substâncias entorpecentes com a Consolidação das Leis Penais em 1932 que trouxe como novidade as penas carcerárias para tal delito (OLIVEIRA, 2011):
“Assim, é lícito afirmar que, embora sejam encontrados resquícios de criminalização das drogas ao longo da história legislativa brasileira, somente a partir da década de 40 é que se pode verificar o surgimento de política proibicionista sistematizada. Diferentemente da criminalização esparsa, a qual apenas indica preocupação episódica com determinada situação, nota-se que as políticas de controle (das drogas) são estruturadas com a criação de sistemas punitivos autônomos que apresentam relativa coerência discursiva, isto é, modelos criados objetivando demandas específicas e com processos de seleção (criminalização primária) e incidência dos aparatos repressivos (criminalização secundária) regulados com independência de outros tipos de delito.’’ (CARVALHO 2013, p.59/60)
 Só em 1964, após instalação da ditadura, surge a política de Combate as Drogas. Porém em 1940 a codificação já se mostra mais específica no que se refere à proibição das substâncias ditas entorpecentes como se observa no Art.281 do Código penal de 1940:
“Importar ou exportar vender ou expor à venda, fornecer, ainda que a título gratuito, transportar, trazer consigo, ter em depósito, guardar, ministrar ou, de qualquer maneira, entregar ao consumo substância entorpecente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar.’’
Nos anos 1970, o Brasil era acusado de ser rota obrigatória para as drogas, o que culminou na criação da Lei 6.368/76 que define o discurso jurídico-político belicista e o modelo oficial do repressivismo brasileiro (OLIVEIRA, 2011). Entretanto, só na década de 1980, o Brasil importa dos EUA o modelo de política de repressão às drogas, em especial contra a maconha e a cocaína. Já na década de 1990 notou-se um aumento no número de usuários de maconha. (DE MELO et. al, 2006, p. 29 apud Gontiès e Araújo, 2003).
“Vale ressaltar que, durante o período de vigência da lei de 1976, houve, em 2002, uma tentativa de mudança na legislação com a aprovação da lei 10.409/2002. Ambíguo, o texto aprovado no Congresso Nacional teve grande número de artigos vetados pelo então Presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. Sua difícil aplicabilidade fez com que os debates sobre a necessidade de modernização da legislação continuassem a ocorrer. Seguindo essa linha, ainda em 2002, um novo projeto de lei foi apresentado ao Senado Federal. Esse, porém, era ainda mais repressor que a legislação vigente, e, por isso, foi transformado em um projeto de lei substitutivo na Câmara dos Deputados, que deu origem à lei vigente, 11.343/2006” [footnoteRef:5] [5: Legislação e políticas públicas sobre drogas no Brasil. Brasília: Ministério da Justiça, Secretaria de Políticas sobre Drogas, 2011, p.106.] 
A nova Lei de Drogas (11.343/06), que instituiu o SISNAD (Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas) e aderiu a dois modelos dicotômicos. Substituindo as já desgastadas Leis n°6368/76 e 10.409/02 e se destaca por trazer penas mais leves ao usuário, proporcionando, assim, uma reinserção deste na sociedade. Em contrapartida, há um endurecimento das penas em relação aos traficantes de drogas:	
“[...] Entre os principais pontos a serem destacados está a distinção clara e definitiva entre usuários/dependentes da drogas e traficantes, colocados em capítulos diferentes. A nova lei não descriminaliza qualquer tipo de droga. Apesar do porte caracterizado como crime, usuário e dependentes não estarão mais sujeitos à pena privativa de liberdade mas, sim, a medidas socioeducativas aplicadas pelos juizados especiais criminais. O texto prevê o aumento do tempo de prisão para os traficantes que continuam a serem julgados pelas varas criminais comuns. [...] Outros aspectos inovadores são o fim do tratamento obrigatório para dependentes de drogas e a concessão de benefícios fiscais para iniciativas de prevenção, tratamento, reinserção social e repressão ao tráfico.” [footnoteRef:6] [6: Legislação e políticas públicas sobre drogas no Brasil. Brasília: Ministério da Justiça, Secretaria de Políticas sobre Drogas, 2011, p.106.] 
Um levantamento realizado em 1997 com estudantes do ensino fundamental e do ensino médio em 10 capitais brasileiras, mostra que a maconha é a droga ilícita mais utilizada. Em outro levantamento domiciliar feito na cidade de São Paulo em 1999, com uma população acima de 12 anos, a maconha foi a droga que teve maior uso na vida (6,6%), seguida de longe pelos solventes (2,7%) e pela cocaína (2,1%) (RIBEIRO et al, 2005, apud Galduróz et al, 1997 e 1999).
Com a finalidade de disseminar a ideia de que o tratamento criminoso aos usuários de maconha é exagerado e errôneo, originou-se o “Global Marijuana March”, movimento que desde 1994 dissemina-se por vários países, dentre eles, Brasil. O referido movimento defende, in verbis: 
“A Marcha da Maconha Brasil é um movimento social, cultural e político, cujo objetivo é levantar a proibição hoje vigente em nosso país em relação ao plantio e consumo da Cannabis, tanto para finsmedicinais como recreativos. Também é nosso entendimento que o potencial econômico dos produtos feitos de cânhamo deve ser explorado, especialmente quando isto for adequado sob o ponto de vista ambiental. A Marcha da Maconha Brasil não é um movimento de apologia ou incentivo ao uso de qualquer droga, o que inclui a Cannabis. No entanto, partilhamos do entendimento de que a política proibicionista radical hoje vigente no Brasil e na esmagadora maioria dos países do mundo é um completo fracasso, que cobra um alto preço em vidas humanas e recursos públicos desperdiçados. A Marcha da Maconha Brasil não tem posição sobre a legalização de qualquer outra substância além da Cannabis, a favor ou contra. O nosso objetivo limita-se a promover o debate sobre a planta em questão e demonstrar para a sociedade brasileira a inadequação de sua proibição. A Marcha da Maconha Brasil tem como objetivo agregar todos aqueles que comunguem dessa visão, usuários da erva ou não, que desejem colaborar de alguma forma para que a proibição seja derrubada. Os que estão presos pelo simples fato de plantar a Cannabis para uso pessoal são considerados presos políticos, assim como todos aqueles que estão atrás das grades sem ter cometido violência nenhuma contra ninguém, por delitos relacionados a esse vegetal que o conservadorismo obscurantista teima em banir. Para atingir os seus objetivos, a Marcha da Maconha Brasil atuará estritamente dentro da Constituição e das leis. Não abrimos mão da liberdade de expressão, mas também não promovemos a desobediência a nenhuma lei. Entretanto, reconhecemos que se a sociedade tem o dever de cumprir a lei elaborada e aprovada por seus representantes eleitos, os legisladores devem exercer a sua função em sintonia com a evolução da sociedade.[footnoteRef:7] [7: Blog marcha da maconha 2013. Carta de princípios. Manual do organizador. Disponível em: http://blog.marchadamaconha.org/manual-do-organizador. Acesso em 12 de junho de 2014.] 
Na opinião de Alvarenga e Gomes (2013), a “Marcha da Maconha” ou “Global Marijuana March”, vem sendo um meio político-social para demonstrar a realidade mundial e nacional, tendo em vista que defende a liberdade de expressão, o direito de ir e vir e fazer o que a liberdade Constitucional lhe permitir, sem ameaçar ou prejudicar ninguém, com intuito tão somente de expor a opinião de que o Estado está agindo de forma errada em tratar o usuário de drogas como criminoso.
4. BASES FILOSÓFICAS X DESCRIMIALIZAÇÃO E/OU LEGALIZAÇÃO DE DROGAS
A cada dia é mais evidente que a política adotada para repressão do uso de drogas é ineficiente, pois os índices relacionados a este parâmetro só aumentam. As ideias defendidas por muitos juristas e filósofos trazem visões que podem ser relacionadas com o tema de descriminalização e/ou legalização das drogas. 
 Dworkin, filósofo pertencente à corrente Liberal, diz que o indivíduo tem liberdade de escolhas, devendo responder pelas mesmas, não podendo haver, para tanto, imposição de condutas com base em preceitos morais por parte do Estado, principalmente se estas não estiverem alicerçadas em uma razoável explicação, o que geraria intolerância. Sendo assim, Dworkin defende a liberação total da venda e do consumo de drogas, tendo em vista o alto índice de consumo e tráfico, fator que, na visão do filósofo, determina o domínio inabalável das mesmas sobre a sociedade (ALVARENGA; GOMES, 2013). 
Por não confiar no Direito Criminal e almejando impor limites as suas ações, com a finalidade de dificultar a imposição de condenações criminais, Dworkin critica os ideais de Devlin, (Alvarenga; Gomes, 2013 apud DWORKIN, 2001, p. 277), relatando “in verbis”: 
“(...) O liberal desaprova a imposição da moralidade por meio do Direito criminal. Isso sugere que o liberalismo se opõe a formação de um senso comum de decência? Ou o liberalismo é hostil apenas ao uso do Direito criminal para assegurar esse senso comum? Devo dizer, talvez por precaução desnecessária, que essas questões não podem ser resolvidas, no final das contas, insistir em que separadamente da história da teoria social desenvolvida; mas não contradiz esse truísmo a análise filosófica da idéia de liberalismo é uma parte essencial desse processo.” 
Na visão de Claus Roxin, se o ato não fere terceiros, não há o porquê de criminalizá-lo, de julgá-lo com base no Direito Penal, o qual só deve ser utilizado para proteger casos mais relevantes. Fundado no Princípio da Insignificância, Roxin é a favor da descriminalização das drogas, em que seu uso continuaria proibido, mas seu usuário não seria considerado um criminoso, devendo, pois, haver o emprego de medidas socioeducativas ao invés de penais. 
Outro filósofo de destaque neste contexto foi John Stuart Mill, o qual defendia dois ideais: Utilitarismo Qualitativo e o Princípio de Dano. Sobre o primeiro, Mill afirma que a definição de prazer e dor deve ser abordada de forma qualitativa. Em sua obra, o mesmo relata: 
“Poucas criaturas humanas consentiriam ser transformadas em qualquer dos animais inferiores em troca da promessa do mais pleno acesso aos seus prazeres bestiais; nenhum ser humano inteligente consentiria tornar-se um tolo, nenhuma pessoa instruída, um ignorante, ninguém de sensibilidade e consciência, um ser egoísta e reles, e isso mesmo que eles fossem persuadidos de que o tolo, o beócio ou o infame estavam mais satisfeitos com a sua sorte do que eles estão com a deles. (...) É melhor ser um ser humano insatisfeito que um porco satisfeito; melhor ser um Sócrates insatisfeito que um tolo satisfeito; e, se o tolo ou o porco tem uma opinião distinta, é porque eles só conhecem o seu próprio lado da questão.” (MILL, apud SIMÕES, 2006, p. 75-77) 
	Para ele, é importante que se saiba o porquê daquela satisfação ou prazer, e o fator que a gerou. Com relação ao Princípio do Dano, a busca pela felicidade e satisfação é algo necessário, mas que não gere danos a terceiros, ou seja, o prazer só é permitido se não houver a presença de prejuízos a outrem, o que gera, por consequência, bem estar social e boa convivência. Nos seus dizeres, “in verbis”: 
“O fato de viver em sociedade torna indispensável que cada um esteja obrigado a observar uma linha de conduta para com os demais. Tal conduta consiste, primeiro, em não prejudicar os interesses uns dos outros ou, antes, certos interesses, que se devem considerar, seja por expresso dispositivo legal, seja por acordo tácito, como direitos; e, segundo, em cada um arcar com sua parte (a ser fixada de acordo com algum princípio equitativo) nos esforços e sacrifícios necessários para a defesa da sociedade ou de seus membros contra o dano e o molestamento.” (Apud SIMÕES, 2007, p. 39)[footnoteRef:8] [8: MILL. Sobre a liberdade, pp. 75-76: "O fato de viver em sociedade torna indispensável que cada um deve ser obrigado a respeitar uma certa linha de conduta em relação ao resto. Essa conduta consiste em primeiro lugar, em não ferir os interesses do outro; ou melhor, certos interesses, que, seja por disposição legal expressa ou por entendimento tácito, devem ser considerados como direitos; e em segundo lugar, em cada pessoa suporta sua parte (a ser fixada em algum princípio equitativo) dos trabalhos e sacrifícios incorridos para defender a sociedade ou os seus membros de lesão e abuso sexual. Esta condição da sociedade é justificado em fazer cumprir a todo custo para aqueles que se esforçam em cumprir com os seus compromissos. E isso não é tudo o que a sociedade pode fazer. Os atos de um indivíduo pode ser prejudicial para os outros, violando qualquer dos direitos constituídos. O infrator pode ser justamente punido pela opinião, embora não por lei. Assim como qualquer parte da conduta de uma pessoa afeta prejudicialmente os interesses dos outros, a sociedade tem jurisdição sobre ele, e a questão de saber se o bem-estar geral vai ou não vai ser interferido por ele, tornando-se aberto à discussão. Mas não há espaço para entreter qualquer questão quando a conduta de uma pessoa afeta os interesses de outras,além de si mesmo, ou se não precise afetá-los, a menos que elas permitam (todas as pessoas de maior idade, com valor normal de entendimento). Em todos esses casos, deve haver perfeita liberdade, legal e social, para se fazer a ação e suportar as consequências”.
] 
	Depois da exposição da visão deste filósofo, é possível inferir que para Mill, a descriminalização das drogas seria a decisão mais apropriada, pois ter-se-ia um maior controle sobre a venda, consumo e qualidade, podendo-se evitar o consumo desalinhado das mesmas, devendo o Estado intervir somente nos casos em que há prejuízos a terceiros. 
Contrariamente a essas ideias, Devlin, um juiz britânico, defende que é necessário em alguns momentos criminalizar certas ações mesmo que estas não sejam vistas pelo direito penal como conduta que cause lesão a terceiros. Para ele, se o ato fere a moral, haverá a desfragmentação da sociedade, devendo ao Estado a aplicação de métodos de intervenção. Ao relacionar o dilema do Brasil no âmbito do combate as drogas com o que é defendido por Devlin, o indivíduo tem autonomia para a realização dos seus atos, mas se estes forem de encontro com os princípios da moralidade, será imposta uma nova conduta, a qual agirá proibindo ou impondo comportamentos. 
Assim, temos que os usuários estão em momento de fraqueza moral e uns acabam por influenciar outros, devendo haver intervenção do Estado. Dessa forma, partindo do princípio de que o Estado sabe o que é melhor para a sociedade e para o indivíduo em determinados momentos, a solução que mais se adéqua ao ideal de Devlin é a de “Liberação da maconha para uso medicinal”, continuando como crime nas outras circunstâncias, já que para ele deve haver conciliação entre a autonomia do indivíduo, a moralidade e o Estado, sabendo o que é melhor para o indivíduo, bane certas práticas, criminalizando-as, a fim de prevalecer às tradições morais e descriminaliza apenas no ponto no qual trará benefícios à sociedade. Para o filósofo deve-se criminalizar o consumo de drogas já que é necessário haver leis para que as pessoas não explorem outras quando se analisar o estado psicológico que elas se encontram. (ALVARENGA; GOMES, 2013, p. 11)
	Para Zaffaroni, professor que defende o minimalismo penal, o Estado tem direito para punição do delito, devendo-se ao mesmo a prática de reações mínimas penais com o intuito de reduzir a violência no que tange a justiça criminal. Sendo assim, para o criminalista, o uso da maconha continuaria sendo crime, porém as penas aplicadas deveriam ser menos abusivas, com aderência de punições alternativas, levando-se sempre em consideração a proporção do delito cometido e a pena aplicada. Zaffaroni relata, “in verbis”:
“O minimalismo penal legitima-se unicamente por razões utilitárias, que são a prevenção de uma reação formal ou informal mais violenta contra o delito, quer dizer, para o Direito Penal mínimo o fim da pena seria a minimização da reação violenta contra o delito. Esse Direito Penal se justificaria como instrumento apto a impedir a vingança.” (ZAFFARONI, 1989, p.36.)
5. EFEITOS DA Cannabis sativa L. NO ORGANISMO
David Fergusson, médico neozelandês da Universidade de Otago, coordenou em seu país estudo sobre a relação de adolescentes e jovens com a maconha. O resultado evidenciou que, aos 25 anos, mais de 70% deles já haviam pelo menos experimentado a droga, mas apenas 9% se tornaram severamente dependentes. Porém, não é essa conclusão de Fergusson. Em entrevista a Revista Veja, o mesmo foi indagado sobre sua análise quanto aos defensores da legalização da maconha que idealizam Mill, autor da frase "sobre si mesmo, seu próprio corpo e mente, o indivíduo é soberano". Fergusson respondeu: 
“Essa é uma visão interessante, mas omite que o indivíduo não paga a conta das consequências adversas de suas opções pessoais. Essa não é uma questão meramente existencial, tem consequências econômicas e sociais. Quem paga a conta é o governo – ou seja, é toda a sociedade –, que tem de fazer frente ao aumento da demanda na área de saúde, por exemplo. Submeter o corpo do indivíduo a sua exclusiva responsabilidade somente faz sentido se ele também se responsabilizar pelos custos totais de suas escolhas. Mas o que ocorre é que os indivíduos exigem que a sociedade banque o custo de suas experiências pessoais e não admitem que ela tenha o direito de regular sua conduta. É uma visão muito unilateral.”[footnoteRef:9] [9: Revista Veja. Maconha é droga, sim. Entrevista: David Fergusson. 21 de setembro de 2005. Disponível em: < http://veja.abril.com.br/210905/entrevista.html>. Acesso em: 16/06/14.] 
O uso médico da Cannabis declinou lentamente, pois pesquisadores não conseguiram isolar os seus princípios ativos em função da rápida deterioração da planta. Alguns países começaram a relacionar o abuso da maconha à degeneração psíquica, ao crime e à marginalização do indivíduo. Nas décadas de 60 e 70, o seu consumo voltou a crescer significativamente, chegando ao ápice no biênio 1978/1979.
	No sistema cardiovascular, a maconha atua aumentando a pressão sanguínea e a frequência cardíaca. Este risco se eleva em pacientes que já apresentam doenças cardiovasculares. Segundo Iversen (2003), citado por DE MELO et. al, 2006, a Cannabis parece causar deficiências pequenas, mas de grande significância na função cognitiva, podendo persistir após cessar o seu uso. 
Quanto às doenças psiquiátricas, uma forma de psicose induzida pela maconha pode surgir em alguns usuários, incluindo sintomas positivos e negativos semelhantes à esquizofrenia (alucinações, paranoia, desconfianças, embotamento afetivo); percepção alterada; aumento na ansiedade; performance deficiente em tarefas que necessitam de vigilância, fluência verbal e memória. Quase sempre é resultado do uso em grandes doses da droga em usuários não experientes e regride rapidamente após abstinência. (DE MELO et. al, 2006). 
Através de estudo realizado com recrutas que estavam entrando no exército sueco, constatou-se que o risco relativo de esquizofrenia nos que utilizaram a Cannabis foi de 2,4 vezes maior do que em não usuários. Para aqueles considerados usuários pesados (que utilizaram a droga mais de 50 vezes) o risco relativo de esquizofrenia aumento 6 vezes. (DE MELO et. al, 2006). 
É importante salientar que se o uso da maconha precipitasse uma esquizofrenia, seria esperado um elevado aumento no número de esquizofrênicos com a popularização do uso desta no ocidente nos últimos 30 anos. Entretanto, segundo Thornicroft (1990), apud DE MELO et. al, 2006, as evidencias epidemiológicas parecem mostrar o contrário. Sendo assim, não há comprovações científicas de que doenças psicóticas se originem do uso da Cannabis, mas fica claro que a mesma é um fator externo que pode exacerbar os sintomas da doença psicótica pré-existente.
Comparando o cigarro da maconha com um cigarro tradicional, observa-se que há o aumento da probabilidade de carcinogênese, diminuição de oxigênio ao miocárdio e aos tecidos fetal e maternal. O uso crônico do fumo está associado com sintomas de bronquite crônica, assim como tosse, salivação e chiados. Além de doenças relativas ao aparelho respiratório. As funções pulmonares são diminuídas e há anormalidades significantemente maiores nas vias aéreas dos fumantes da maconha do que dos não-fumantes. (CASTRO, 1999; HALL, 1998, OGA, 2003). 
O principal corpo literário envolvendo maconha e modulação imune data da década de 70. Neste tempo, alguns relatos sugeriam que o uso de Cannabis estava associado com uma incidência aumentada de infecções virais, assim, como sintomas alérgicos (...) Por causa da diversidade das células imunes e mecanismos associados com essas infecções, foi levantada a hipótese de que os canabinóides podem, tanto diretamente quanto indiretamente, afetar a função de várias células imunes. (ADAMS; MARTIN, 1996; KLEIN, 1998, 2005). 
Quanto a dependência, o órgão consultivo sobre drogas do Reino Unido divulgou em 2002 um relatório no qual considera que a Cannabis provoca menos dependência queo tabaco ou o álcool. O relatório diz:
“O uso regular de maconha pode provocar dependência, mas sua dependência potencial é substancialmente menor que a provocada por drogas da classe B, como anfetaminas ou, de fato, tabaco ou álcool.” 
Por outro lado, deve-se levar em conta, a utilização benéfica da planta. Segundo inúmeros estudos, a maconha tem ação antiepilética e diminui as náuseas provocadas pela quimioterapia. Seus usuários defendem que o uso é vantajoso por propiciar relaxamento, amplificação dos sentidos, pensamentos profundos, novas ideias e divertimento. Além disso, ultimamente, vem ocorrendo um aumento no interesse acerca do seu uso terapêutico para o tratamento de glaucoma e da perda de apetite em paciente com AIDS. 
A Cannabis sativa L. é também utilizada na homeopatia, técnica em que a doença é considerada como um mero distúrbio do corpo e a qual é tratada com medicamentos capazes de produzir sinais e sintomas semelhantes da doença em questão. Existem evidencias da sua capacidade analgésica, tratamento dos espasmos provocados pela esclerose múltipla e da lesão parcial da medula espinhal.
Bontempo (1987), citado por DE MELO et. al, 2006, aborda em seu trabalho que a cura é uma das características da maconha que nos conduzem ao seu uso homeopático, a qual é tida como um dos melhores remédios para as formas mais obstinadas de insônia em doses de 5 a 15 gotas da tintura mãe. Seu uso ainda engloba epilepsia, impossibilidade de prestar atenção, ideias fixas, psicoses, dor de cabeça, gagueira, dores nos rins, vertigens, etc. 
O potencial uso terapêutico da maconha, no entanto, deve estar condicionado não apenas à comprovação de sua eficácia nos quadros clínicos em questão, sendo necessário assegurar que o seu uso regular não esteja associado a danos à saúde, incluindo prejuízos no funcionamento cerebral. (ALMEIDA et al., 2008) 
Sendo assim, a Cannabis sativa apresenta seus benefícios e contra-indicações, mas seu uso abusivo e descontrolado, impedi o usufruto de suas utilidades terapêuticas. Segundo Almeida et al. (2008), o estabelecimento de uma relação risco-benefício favorável é fundamental para a condução da calorosa discussão envolvendo a liberação do seu uso terapêutico. 
6. PRÓS E CONTRAS NA LEGALIZAÇÃO E/OU DESCRIMINALIZAÇÃO DA MACONHA
	A discussão sobre a legalização e/ou descriminalização da maconha é um tema muito polêmico e cercado de controvérsias. Legalizar ou não? Será que descriminalizando, haverá diminuição do tráfico? O Estado tem bases sólidas que sustentem e deem suporte a aprovação desta nova política? Será que se pode comparar a situação do Brasil com a de outros países que já legalizaram e/ou descriminalizaram o uso da Cannabis sativa, como Holanda, alguns estados dos Estados Unidos, Portugal, Canadá, Espanha? São vários os questionamentos que ora norteiam a aprovação ora a repaginação desta ideia. 
	Para o Ministério Público do Distrito Federal, algumas decisões são de importante cunho para o combate das drogas no Brasil. O promotor José Theodoro Corrêa de Carvalho relata: 
“A primeira e mais radical das propostas em voga é a liberação total da venda e do consumo de drogas. Ao argumento que a guerra contra as drogas é um fracasso, devido ao aumento do consumo e da traficância, além da ineficácia do sistema ressocializador (...) A segunda proposta é a de legalização e regulação da venda de todas as drogas, como forma de combater as máfias destinadas ao tráfico e garantir a qualidade do material oferecido para evitar overdoses. (...) Outra hipótese seria a legalização apenas do consumo individual de todas as drogas, que seriam tratadas como o álcool ou o tabaco. (...) Outra solução seria a descriminalização do uso, com a manutenção da proibição somente na esfera administrativa. Deixaria de ser crime, mas continuaria sendo proibido. (...) Liberação da maconha para uso medicinal (CARVALHO, 2012).” 
	O Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), José Roberto Barroso afirmou, em julgamento, que a maconha é uma droga que não transforma os usuários em “pessoas antissociais” e defendeu o debate sobre sua descriminalização. O Ministro ainda preocupasse com o poder que a criminalização das drogas garante aos traficantes em comunidades pobres e a prisão de jovens sem antecedentes criminais que, depois de cumprida a pena, terminam por praticar outros crimes. O mesmo afirmou durante a última sessão do ano do STF:
“(...) Eu não vou entrar na discussão sobre os malefícios maiores ou menores que a maconha efetivamente causa, mas é fora de dúvida que essa é uma droga que não torna as pessoas antissociais (...) E minha constatação pior é que jovens, negros e pobres entram nos presídios por possuírem quantidades não tão significativas de maconha e saem de presídios escolados no crime (...) Por esta razão que, em relação a maconha, e nesse tópico penso que o debate público sobre descriminalização é menos discutir opção filosófica e mais se fazer escolha pragmática (...) Tenho essa compreensão de que boa parte dos presos do país incriminados com quantidades de maconha são pessoas não perigosas (...)[footnoteRef:10] [10: Jornal Empresas e Negócios. Ministro do STF defende debate sobre descriminalização da maconha. 2013 . Disponível em: http://www.jornalempresasenegocios.com.br/jornal_ed_2557.pdf. Acessado em 12 de Junho de 2014.
] 
O excessivo debate sobre as drogas pode dar a impressão de que a sociedade moderna sempre reagiu de uma forma eficiente ao longo do tempo, porém foram necessários muitos anos para que os países identificassem os males causados pelo fumo de uma forma definitiva, permitindo-se, a partir daí, que fossem implementadas políticas que pudessem começar a reverter a situação. Essa lentidão no reconhecimento dos danos em algumas situações sociais demonstra que mudanças no status de qualquer droga, principalmente quando o aumento de consumo for uma das possibilidades, devem ser encaradas com extremo cuidado. 
No começo do século XX a maconha, ainda que uma droga lícita, não era muito aceita pela classe mais alta da população: no Brasil era associada aos negros, na Europa aos árabes e indianos e nos Estados Unidos aos mexicanos, ou seja, era associada às camadas mais baixas e rejeitadas da população. Porém, economicamente, a maconha era muito importante: era utilizada na fabricação de remédios, papel, tecidos, cordas, redes de pesca, óleo, combustíveis, entre outros. A proibição é fruto de questões morais e religiosas e auspiciadas por interesses econômicos. (MARCO, CAROLI, NOMURA, 2010).
Em países que legalizaram o uso da maconha, como alguns estados dos Estados Unidos e Canadá, drogas como Marinol e Nabilone foram sintetizadas tendo como princípio ativo o Δ9-THC. Segundo CRIPPA et. al. (2005), em alguns países seu uso para fins terapêuticos como antiemético e analgésico é legalizado, principalmente para pacientes com câncer que fazem quimioterapia e em pacientes HIV positivos, atuando no aumento do apetite, como já citado anteriormente.
No âmbito econômico, o fenômeno envolve vultosas quantias, sejam reais ou imaginárias, bem ou mal empregadas. Entre 1996 e 2002 os Estados Unidos enviaram para o governo brasileiro, somente em uma rubrica, US$ 15.690.000.00. Para 2003 previu-se US$ 12 milhões e para 2004 mais US$ 12 milhões. (...) No entanto, geralmente, aproximadamente 70% dos recursos financeiros norte-americanos destinados às políticas públicas para drogas são empregados em ações repressivas. Atualmente, sobretudo após o trabalho de Everingham e Rydell, o governo norte-americano tem despendido maior volume de recursos para a prevenção e o tratamento. No entanto, quando se considera o gasto com prisões derivadas ao uso e ao tráfico, a repressão permanece absorvendo muito mais recursos do que a prevenção e o tratamento. (EVERINGHAM, RYDELL,1994; SAFFER, CHALOUPKA, 1999; HARRISON et al., 1995).
Para Saffer e Chaloupka (1999), a repressão e o tratamento de usuários são mais eficientes que a prisão, reforçando a ideia de que as drogas são mais um problema pertinentea saúde pública do que a justiça criminal. 
Mas eis a questão: Será que o Brasil teria suporte para arcar com todos os problemas de saúde que surgiriam com o uso contínuo da maconha? Por exemplo, a Cannabis sativa é reconhecida como uma substancia produtora de dependência pelo Manual de Diagnósticos e Estatísticas da Associação Psiquiátrica Americana e a Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde, caracterizada por sintomas como síndrome de abstinência, perda de controle, inabilidade de parar ou reduzir o uso, preocupação com a maconha a ponto de deixar de lado outras atividades em troca do uso apesar dos problemas médicos e psicológicos persistentes causados pela mesma. (ADAMS, 1996; CASTRO, 1999; HALL, 1998; OGA, 2003)
Para aqueles que são a favor da criminalização da maconha, os mesmos acreditam que essa escolha tornaria o preço da mesma mais elevado, dificultando o acesso. Infelizmente, isso não acontece. O Brasil é um exemplo disso, em que há oposição a legalização da maconha, porém, mesmo assim, o tráfico ainda prevalece. Um aspecto problemático é a dificuldade de interromper o consumo através de ações policiais. A repressão policial é indicativo de que algo não está certo, de que houve uma perturbação no sistema, pois o respeito às leis se deriva da adequação de valores e não da aplicação de força. E o irônico é que, apesar da aplicação de força, o consumo de maconha ocorre de forma maciça. 
Reuter e Kleiman (1986), elaboraram a explicação para essa ineficiência policial. Para eles, a capacidade da repressão policial gerar um aumento no valor da droga é quase que inexistente. Isso porque tentar controlar dezenas de milhares de pessoas torna a eficiência das ações muito reduzida. Além disso, as taxas de violência e corrupção se elevariam, com diminuição da concorrência entre os pequenos e médios traficantes. 
Outra questão seria a de que com a legalização da maconha, os proprietários de grandes extensões de terras, visando o lucro por se tratar de um mercado crescente, utilizariam elevadas quantidades de terra para o cultivo da Cannabis. Com isso, ter-se-ia um aumento nos casos de invasões de terras com a finalidade de furto da erva, acentuando-se, assim, os casos de violência no campo. 
É evidente que os efeitos sobre os jovens são inevitáveis, pois haverá aumento da evasão escolar, devido a confusão mental, diminuição da memória e rebaixamento da inteligência, fatores propiciados pelo seu uso, elevação da taxa de dependência química a outras drogas, índices de depressão e esquizofrenia. 
Além disso, quando se vai analisar a situação de países que já adotaram uma política de legalização e/ou descriminalização da maconha, é necessário que se leve em conta todos os aspectos geográficos da região. A Holanda, por exemplo, tem território equivalente a 41 528 Km2, relativamente pequeno, quando comparado ao Brasil, viabilizando um maior controle e vigilância aos requisitos impostos sobre o uso da Cannabis. Já o Brasil apresenta um território com 8 515 767 049 Km2, uma vasta extensão que tornará mais dificultosa a fiscalização e controle. 
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
	É perceptível a grande dualidade com relação a legalização e/ou descriminalização da maconha. Principalmente, quando se leva em consideração os preceitos morais e os direitos humanos. Será que o ato de proibir o uso das drogas vai de encontro ao conceito de liberdade abordado e assegurado na Declaração Universal dos Direitos Humanos? Será que a descriminalização asseguraria a paz no mundo também abordada no mesmo documento? A Declaração Universal dos Direitos Humanos relata:
“Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo(...)”
	Outro ponto a ser discutido é que se houver a descriminalização da maconha, surgirão lojas credenciadas para a venda da erva, mas será que o tráfico deixará de existir? Sabe-se que com a legalização, o Estado começará a arrecadar impostos sobre a venda, que seguindo a lei de mercado, tornará o produto mais caro. Com isso, será que os usuários deixarão de comprar ao traficante de antes, que dispõe de um produto a baixo custo, apesar de não de ter a qualidade garantida, e que se pode comprar a quantidade desejável, a comprar nos estabelecimentos que dispõem de um produto de boa qualidade, mas com um preço que pode ser o dobro ou triplo ao que é encontrado na “rua”, com restrição de quantidade?
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