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Pr. Eduardo Luiz de Carvalho Faria Tratamento Bíblico: Ansiedade e Depressão Revista de Jovens e Adultos da Convenção Batista Fluminense An o 1 6 - n ° 6 4 - J an ei ro / F ev er ei ro / M ar ço - 2 02 0 LIÇÕESSUMÁRIO LIÇÕ ES 02 7º CONGRESSO DA 3ª IDADE E CAPACITAÇÃO 03 PALAVRA DO DIRETORPR. AMILTON VARGAS 05 MISSÕES ESTADUAIS 10 UNIÃO DE ESPOSAS DE PASTORES BATISTAS FLUMINENSES 11 APRESENTAÇÃO PR. EDUARDO LUIZ DE CARVALHO FARIA 09 CAPACITAÇÃOPARA ESCOLA BÍBLICA 07 PALAVRA DO REDATORPR. MARCOS ZUMPICHIATTE MIRANDA LIÇÃO 1 – O CRENTE E O SOFRIMENTO12 LIÇÃO 2 – A UNIVERSALIDADE DA ANSIEDADE E DA DEPRESSÃO16 LIÇÃO 3 – A ANSIEDADE E A DEPRESSÃ O POR CONTA DA PERDA20 LIÇÃO 4 – A ANSIEDADE E A DEPRESSÃO POR CONTA DA OPOSIÇÃ O E MURMURAÇÃO24 LIÇÃO 5 – A DEPRESSÃO POR CONTA DA CULPA28 LIÇÃO 6 – A DEPRESSÃO POR CONTA DOS PRAZERES, RIQUEZA E FAMA32 LIÇÃO 7 – A DEPRESSÃO POR CONTA DAS FRUSTRAÇÕES36 LIÇÃO 8 – A DEPRESSÃO POR CONTA DO ÓDIO40 LIÇÃO 9 – A DEPRESSÃO POR CONTA DA COMPARAÇÃO44 LIÇÃO 10 – A DEPRESSÃO POR CONTA DA REJEIÇÃO E DA SOLIDÃO48 LIÇÃO 11 – A DEPRESSÃO POR CONTA DA DECEPÇÃO CONSIGO MESMO52 LIÇÃO 12 – O RISCO DA DEPRESSÃO POR CONTA DAS TRIBULAÇÕES56 LIÇÃO 13 – O RISCO DA DEPRESSÃO POR CONTA DA ANSIEDADE60 3 PALAVRA DO DIRETOR Esse é o tema de Missões Estaduais para 2020, que terá como âncora uma campanha de treinamento em evangelismo, que capaci- tará um exército de 1600 líderes evangelis- tas, os quais serão convocados a participar de campanhas missionárias e evangelísticas em nosso campo. Pela primeira vez que ouvi esse tema, lembrei a palavra de um homem que declarou: “Eu creio; ajuda minha in- credulidade!” Então pensei em três con- sequências que experimentamos quando fazemos... Uma declaração de fé sincera... SIM, EU CREIO! ABRIMOS AS PORTAS PARA QUE DEUS FORTALEÇA NOSSA FÉ. Esta palavra está baseada no registro de Marcos 9:14-24, e relata a história de um homem que tinha um filho possuído por um espírito demoníaco. Ele havia trazido seu fi- lho aos discípulos de Jesus, mas eles não puderam expulsar os demônios. Ao chegar Jesus, os discípulos confessaram que ha- viam falhado, então Jesus pediu que o me- nino fosse trazido à Sua presença. O homem pediu a Jesus para expulsar o espírito dizen- do, como se lê em Marcos 9:22-24 “...mas se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos. Ao que lhe disse Jesus: Se podes! - tudo é possível ao que crê. Ime- diatamente o pai do menino, clamando, [com lágrimas] disse: Creio! Ajuda a minha incredulidade.” Quando aquele pai disse isso, expon- do com lágrimas sua declaração de fé, ele queria dizer: - minha fé é fraquinha, mas preciso do Teu socorro! Ajuda-me, pois estou no fim de minhas forças e, sem Teu poder, misericórdia e graça, nada vai dar certo. Sim eu Creio, mas me ajuda, dá-me uma fé que gere resultado prático na minha vida, na vida de meu filho, de minha família, de meus amigos e de meus irmãos. Lembre- mo-nos quando fazemos... Uma declaração de fé sincera... SIM, EU CREIO! ABRIMOS AS PORTAS PARA QUE DEUS REALIZE O IMPOSSÍVEL. Este texto traz uma aparente contradi- ção, pois o pai diz: creio, mas sua humildade e sinceridade não lhe permitiam que tivesse a autoconfiança exagerada que produz ar- rogância. Ele reconheceu ter uma fé muito frágil, mas mesmo sendo pequena a sua fé, produziu um resultado miraculoso. O homem trouxe seu filho a Jesus, pois acre- ditava que Ele poderia curá-lo. Se esse pai tivesse ficado em casa, como muitos ficam, nada teria acontecido, pois ter fé é trazer seu filho para Jesus, trazer sua família e suas lutas perdidas, pois ele é o único que pode UMA DECLARAÇÃO DE FÉ SINCERA... SIM, EU CREIO! 4 transformar derrota em vitória, especialmen- te quando estamos diante dos impossíveis para nós, porque para Deus “tudo é possível ao que crê” (v 23). Esse texto traz uma lição maravilhosa, pois é um testemunho de que muitas vezes nós os discípulos de Jesus, inclusive os lí- deres, falhamos em nossa fé e em nossas atitudes. Os pastores falham, os diáconos também, os líderes de ministério, a diretoria também falha, você também falha, mas nos- sas falhas não podem impedir a nossa cami- nhada na luta pelos nossos entes queridos. Quando falharmos com você, não de- sista de buscar o Médico dos médicos, Senhor dos senhores, o único que tem todo o poder para fazer “tudo muito mais abun- dantemente além daquilo que pedimos ou pensamos” (Efésios 3:20). Quando estamos dispostos a fazer... Uma declaração de fé sincera... SIM, EU CREIO! ABRIMOS AS PORTAS PARA QUE DEUS NOS DÊ CORAGEM, PERSISTÊNCIA, FIRMEZA E CONSTÂNCIA. Nesta história Jesus ficou muito indigna- do com a inconstância dos discípulos, pois falharam na missão, não foi simplesmente o fato de não expulsarem o demônio, mas como conhecia os corações sabia da incons- tância, por essa razão disse, conforme re- gistra o verso 19: ... “ó geração incrédula! até quando estarei convosco? até quando vos hei de suportar? A declaração “geração incrédula”, deriva, no idioma original, do verbo grego, διαστρέφω (diastrepso), que significa perverter, a forma usada por Jesus foi διιστραμίνη (diestrammine), significa “perverso, mal”, “dar a volta”, mudar de lado, torcer pelo time do adversário, “virar a casaca”. Hoje de um lado amanhã de outro, essa inconstância permanente transforma- -se em perversão, dissimulação e indiferente incredulidade. O que Jesus diria sobre nós diante de tantos desafios que estamos enfrentando? Você tem sido inconstante e inconsistente? Confessemos nossas fraquezas e rendamo- -nos ao Senhor. Quando avaliamos a nós mesmos, tendo por referencial o Senhor Jesus, deparamos com nossa natureza pe- caminosa e vemos quão profundamente frá- geis somos e como é fácil cairmos em ten- tações, então precisamos ter o emocionado clamor daquele pai, esse mesmo grito em nossos corações. Ore ao Senhor, derrame seu coração diante de Deus e diga: Meu que- rido e amado Deus, eu creio que o Senhor é real e que tua Palavra é a verdade, mas me ajude a acreditar que é possível aperfeiçoar a minha fé e viver de acordo com tua Vontade! Deus tem todo o poder para fazer por você aquilo que nenhuma outra pessoa se- ria capaz de realizar, mas você precisa ter fé sincera, mesmo que seja fraca, se tiver uma vida humilde e dependente do Todo Podero- so, algo novo pode acontecer para você e a quem você ama! Devemos lembrar também o que Jesus fez por algumas pessoas: Aos cegos que curou, disse: “Seja-vos feito segundo a vossa fé.” (Mateus 9:29); Ao Centurião que intercedeu por seu ser- vo, e na mesma hora foi curado, orientou: “Vá! Como você creu, assim lhe acontece- rá!” (Mateus 8:13); Para a mulher com uma doença hemor- rágica há 12 anos, afirmou: “Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e sê curada deste teu mal.” (Marcos 5:34); ao chefe da Sinagoga, chamado Jairo, que pediu ajuda para curar sua filha, mas que tinha sido orientado a de- sistir diante da nova notícia da morte de sua filha, declarou: “Não temas, crê somente.” (Marcos 5:36). Coloque sua fé em Ação, dê o seu teste- munho, não deixe de declarar a sua fé, diga: SIM, EU CREIO! Pr. Amilton Vargas Diretor Executivo da Convenção Batista Fluminense e Pastor Interino da PIB Universitária do Brasil 7 PALAVRA DO REDATOR QUEM SOMOS? Algumas pessoas, no convívio diário e pelos meios de comunica- ção, desde a sua infância sofrem constantes pressões emocionais, espirituais, culturais e materiais, re- sultando em sérias falhas de cará- ter e gerando crises de identidade: quem sou eu, quem somos nós? Deus responde essa pergunta, através de sua Palavra, a Bíblia Sagrada, fonte de toda sabedoria e verdade. 1- Nós somos geração eleita: De acordo com o dicionário Mi- chaels geração é: “Conjunto dos atos ou funções pelos quais um ser organizado gera outro seme- lhante a si” 1. Portanto, entendemos que geração são pessoasque têm 1 - https://michaelis.uol.com.br/moderno-portugues 2 - Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasil palavras, atitudes, comportamen- tos e objetivos muito semelhantes. “Eleição é a escolha feita por Deus, em Cristo, desde a eternidade, de pessoas para a vida eterna, não por qualquer mérito, mas segundo a ri- queza da sua graça”2. Fala-se muito nas gerações X, Y, Z e F5, mas Pedro fala de outro tipo de geração. Ele mostra que pertencemos a um povo eleito pelo próprio Deus. Por seu amor e sua graça fomos escolhidos para ser- mos a sua Igreja. “Vós, sim, que, antes, não éreis povo, mas, ago- ra, sois povo de Deus, que não tí- nheis alcançado misericórdia, mas, agora, alcançastes misericórdia” (1Pe 2.10). “Vós, porém, sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz.” 1Pedro 2.9 8 Eu pertenço à Geração Eleita? 2 - Nós somos sacerdócio real: O sacerdote, no Antigo Tes- tamento, oferecia sacrifícios pelo povo e intercedia por ele. Jesus veio e ofereceu a Si mesmo, na cruz do Calvário, como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus para nos livrar da condenação eterna; e também intercedeu por todos (Is 53.12; Lc 23.24; Jo 17.20,21). “O sacerdócio do crente - Cada homem pode ir diretamente a Deus em busca de perdão, através do arrependimento e da fé. Ele não ne- cessita para isso de nenhum outro indivíduo, nem mesmo da Igreja. Há um só mediador entre Deus e os homens, Jesus. Depois de tornar-se crente, a pessoa tem acesso direto a Deus, através de Jesus Cristo. Ela entra no sacerdócio real que lhe ou- torga o privilégio de servir a huma- nidade em nome de Cristo. Deverá partilhar com os homens a fé que acalenta e servi-los em nome e no espírito de Cristo. O sacerdócio do crente, portanto, significa que todos os cristãos são iguais perante Deus e na fraternidade da Igreja local”3. Estou exercendo o sacerdócio real na minha vida? 3 - Nós somos nação santa: - “Nação” significa País ou Reino, formado por um conjunto de indiví- duos habituados aos mesmos usos, costumes, língua e que se são go- vernados por leis próprias. “Santa” significa pura, perfeita, separada 3 - Princípios Batistas da Convenção Batista Brasil para Deus, que vive em obediência à Lei de Deus. Conforme a Bíblia, Deus diz que somos uma Nação Santa, portanto, diferente das de- mais nações. Uma Nação Santa, um Rei, um Governo e um Povo diferente. Es- tamos no mundo, mas não somos do mundo, pois o mundo jaz no ma- ligno. Somos chamados para fazer a diferença no mundo. A verdadeira cidadania é caracterizada pela obe- diência às Leis que regem a nação e seu povo. Pertenço de fato à Nação San- ta? Tenho obedecido as Leis de Deus descritas na Bíblia? 4 - Nós somos Propriedade Exclusiva de Deus - Deus cha- mou uma nação de escravos e os libertou para ser a sua Propriedade exclusiva. O texto coloca ênfase no fato de que somos exclusivos dEle. Isso significa que Ele não nos divide com ninguém; somos só dEle. Por- tanto, este povo possuído por Deus deve ser santo e agradável em todo o seu procedimento, ao passo que os estrangeiros são possuídos por espíritos da maldade para pratica- rem o que é mau e desagradável a Deus. Será que Deus tem sido, de fato, o dono exclusivo da minha vida? Pr. Marcos Zumpichiatte Miranda Redator da Revista Palavra e Vida Coordenador do Departamento de Educação Religiosa 11 QUEM ESCREVEU APRESENTAÇÃO Eduardo Luís de Carvalho Faria, pastor titular da Igreja Batista do Fonseca, Niterói - RJ, graduado em licenciatura e psicologia pela Universidade Celso Lisboa, Pós-graduado em terapia de Família, pro- fessor de Comunicação e Eclesiologia no Seminário Betel - RJ, Professor de Comunicação no Centro de Formação Missionária do Amazonas – JMN, gra- duado em Liderança Avançada pelo Instituto Haggai do Brasil, docente Local do Instituto Haggai – RJ. Casado com a Psicóloga Neiva Alzemam Proença Faria e pai de André Guilherme Proença Faria e Pedro Henrique Proença Faria. Neste trimestre refletiremos so- bre duas das mais desafiadoras doenças deste nosso tempo, pre- sente em vários segmentos, até mesmo no eclesiástico. Trata-se da Ansiedade e Depressão. Para a grande maioria dos crentes, pensar sobre ansiedade é algo que ganha certa naturalidade isso por conta de encontrarmos alguns textos bíblicos, inclusive com palavras de Jesus, fa- lando a respeito do assunto. A maior dificuldade está quando se fala da Depressão. Isso porque muitos en- tre nós, membros de nossas igre- jas, não admitem a hipótese de um crente passar por essa experiência dolorosa. Nos estudos que teremos, veremos o quanto essas doenças são pertinentes a todo ser humano. Veremos que alguns personagens bíblicos sofreram muito com as ad- versidades apresentando sintomas, até mesmo acentuados, da doença. A Depressão é uma doença que pode acontecer com qualquer pes- soa, independentemente da sua condição social, financeira e espi- ritual. Precisamos aprender cada vez mais sobre essas doenças com o propósito de estarmos atentos ao que acontece conosco, bem como para ajudarmos aqueles que es- tão perto de nós. Buscar ajuda não pode gerar constrangimento e nem é sintoma de fraqueza espiritual. Que este tempo de estudos seja de muitas constatações importan- tes e sérias a respeito da Ansie- dade e Depressão. Que o estudo de cada personagem te mostre o quanto, mesmo sendo homem e mulher de Deus, somos suscetíveis a todo tipo de problema. Que o Se- nhor nos abençoe no enfretamento das adversidades da vida a ponto de não ficarmos adoecidos grave- mente por isso. 12 O CRENTE E O SOFRIMENTO LIÇÃO 1 DATA DO ESTUDO Texto Básico: 1Pedro 5.6,7 O sofrimento atormenta a exis- tência humana. Afeta as pessoas física, emocional e espiritualmente. Qualquer que seja o seu grau e a sua origem, quando se torna prolongado, traz prejuízos ainda maiores. Atinge justos e injustos, inocentes e culpados. Uma demo- cracia que não entra na cabeça de muita gente. Como pode alguém bom e justo passar por dificulda- des a ponto de absorver tanta coi- sa grave? Outros são mais rigoro- sos: Como esse tipo de desgraça pode ter chegado à minha vida? O que fiz para merecer? Verdadeiramente um dos gran- des motivos pelos quais muitos cristãos veem a sua fé enfraquecer assustadoramente é o sofrimento. Para muitos, as tempestades que chegam não podem fazer parte do cotidiano de um servo de Deus. Simplesmente acreditam que o Senhor jamais permitiria, confor- me seu amor e poder, que um dos seus filhos passasse por alguma necessidade ou fatalidade. Isso tem sido a causa de muitas crises emocionais e espirituais. Pratica- mente todos os dias, recebemos notícias ruins de nossos irmãos, isso quando não somos nós mes- mos os portadores dela. A grande verdade é que mes- mo não querendo ou provocando, o sofrimento chega, faz parte da vida. E uma reação muito natural 13 diante de um fato desagradável se chama tristeza. Não tem como não ficarmos abatidos quando um de- sastre acontece, quando pessoas nos desapontam, quando nossos planos não se concretizam, quan- do nossos sonhos viram pesadelos, quando o exame traz a informação da chegada de uma doença, quan- do o desemprego nos alcança e outras mazelas mais. Somando-se a isso, vem o cansaço oriundo da correria do dia-a-dia. Corremos tan- to e muitas vezes sequer sabemos o porquê ou para onde. Apenas nos vemos acelerados como loucos para darmos conta da agenda. Tudo isso tem uma consequên- cia: faz a gente sofrer. Tal sofrimen- to não apenas nos afeta, mas mexe com a família, com a energia nos re- lacionamentos, com o desempenho profissional, com o dinamismo nos estudos e com a dedicação a Deus e à sua Igreja. Em muitos casos, a tristeza é passageira, logo, logo, devido aos ajustes e as ajudas, a pessoa conseguese reestabelecer e dar prosseguimento à vida. Em outros, essa tristeza demora muito a passar, prolongando e, na maioria das vezes, agravando os sintomas. Tais sintomas podem ser chamados de ansiedade e depressão. 1 - UM SOFRIMENTO CHAMADO ANSIEDADE De acordo com o site significa- dos.com, ansiedade é um estado psíquico de apreensão ou medo, provocado pela antecipação de uma situação desagradável ou perigosa. Segundo sua etimologia, significa “angústia que sufoca”. É apontada, até certo ponto, como um compor- tamento natural do ser humano que o ajuda a reagir ou se adaptar a si- tuações como medo ou expectativa, porém pode se tornar uma doença quando chega a valores extremos, especialmente quando se torna recorrente a ponto de interferir no funcionamento saudável da vida de uma pessoa. Para tanto, é impor- tante procurar tratamento. O quadro de ansiedade vem acompanhado por sintomas que podem ter origem interna ou ex- terna. Interna por conta do dese- quilíbrio hormonal ou neurológico e externo por conta de circunstân- cias negativas, tais como perdas, traumas, tensões ou decepções. As causas mais comuns da ansiedade, enquanto doença, são: crises de pânico, fobia, perturbação obsessi- vo-compulsiva, stress, depressão, psicoses e perturbação maníaco- -depressiva. 2 -UM SOFRIMENTO CHAMADO DEPRESSÃO Segundo o Dr. Dráuzio Va- rella, a depressão é uma doença psiquiátrica crônica e recorrente que produz uma alteração do humor caracterizada por uma tristeza profunda, sem fim, associada a sentimentos de dor, amargura, desencanto, desesperança, baixa autoestima e culpa, assim como a distúrbios do sono e do apetite. 14 A partir dessa definição, se torna muito importante aprender a distin- guir a tristeza doentia da tristeza temporária provocada pelas maze- las da vida, mas que são supera- das. Diante das adversidades, as pessoas sem essa doença ficam tristes, se abatem, apresentam sin- tomas semelhantes, mas em pou- co tempo conseguem ultrapassar tais dificuldades. Assim sendo, não podemos sair por aí achando que toda tris- teza é depressão, assim como não podemos ignorar ou achar que é bobagem os sintomas demorados de tristeza das pessoas, especial- mente daquelas com quem temos intimidade e convívio constante. No quadro de depressão, a tristeza não dá descanso, mesmo que não exista uma causa relevante. O aba- timento permanece praticamente o tempo todo, por muitos dias. Se apagam os interesses pelas coisas que davam prazer e satisfação e a pessoa não consegue ver a possi- bilidade de se livrar dessa angústia. Ainda segundo Drauzio Va- rella, a ansiedade é uma doença incapacitante que atinge por volta de 350 milhões de pessoas no mundo. Os quadros variam de intensidade e duração e podem ser classificados em três diferen- tes graus: leve, moderado e grave. É uma doença que não vê idade. Pode atingir idosos, adultos, ado- lescentes e crianças. 3 - UM GRANDE PROBLEMA Há quem diga que os sintomas da ansiedade e da depressão não pas- sam de capricho, preguiça ou “fres- cura”. Pior são aqueles que acham que se trata de algum pecado es- condido, algo que precisa ser reco- nhecido e confessado. A ansiedade, a depressão e as doenças mentais são doenças físicas que inevitavel- mente carregam muitos sintomas espirituais, mas isso não faz delas algo apenas espiritual. Por exemplo: uma pessoa com depressão (doen- ça física) terá muita dificuldade de orar, ler a Bíblia ou ir à Igreja. Ela terá a sua comunhão com Deus ex- tremamente afetada, não por causa de um pecado, mas por causa de uma doença. Quando essa pessoa é tratada apenas com procedimentos espirituais, corre o risco de ver o seu quadro sendo agravado ainda mais. Ela precisa ser levada a um profis- sional para ser devidamente tratada e Deus haverá de usar, tanto médi- cos, como medicamentos para que se conheça a sua cura. É logico que Deus, com seu poder, pode curar qualquer pessoa de qualquer doença, mas precisamos entender que milagres instantâneos, semelhante ao realizado com o cego Bartimeu (Mc 10.46-52), são exceções e não regra. A questão é que a ansiedade patológica e a depressão são doen- ças muito sérias. O tratamento exi- ge oração e visitas constantes aos especialistas, tais como os médicos psiquiatras e psicólogos. 15 PARA PENSAR E AGIR: A Bíblia nos deixa uma provi- dência importante em relação a este assunto. Em 1Pedro 5.6,7 le- mos: “Portanto, humilhem-se debai- xo da poderosa mão de Deus, para que ele os exalte no tempo devido. Lancem sobre ele toda a sua ansie- dade, porque ele tem cuidado de vocês”. Podemos conversar com Deus sobre nossas aflições, decep- ções, mágoas e tristezas. Esse de- sabafo com Ele nos ajuda em muito a aliviar tudo isso. Porém, nem to- dos conseguem ter essa consciên- cia ou mesmo fazer de sua oração um momento de refrigério para a alma. Para tanto, é preciso agir! Romanos 12.10 diz: “Dediquem- -se uns aos outros com amor frater- nal. Prefiram dar honra aos outros mais do que a si próprios”. Estamos vivendo um tempo muito desafiador em relação a essas doenças. Por conta da rapidez nas informações, somos sabedores do crescente nú- mero de suas vítimas. Muitas delas encontram-se sentadas nos bancos de nossas Igrejas ou fazendo par- te da nossa família. Um passo im- portante é não ignorar os sintomas. Quando alguém se mostrar triste além do tempo, sem energia para fazer o que mais gosta, sem vonta- de de viver, é importante considerar com seriedade esses comporta- mentos. Faça o seguinte: Passo nº1 – Melhore sua obser- vação em relação às pessoas mais próximas. Muitas vezes estamos próximos apenas geograficamente. É preciso um olhar mais atento e mais intencional. Muitos sinais são sutis e, se não tivermos uma obser- vação mais criteriosa, eles passam despercebidos. Muitos sintomas só são conhecidos na medida em que nos aproximamos, e isso não se dá apenas pelo fato de morarmos na mesma casa ou de frequentarmos os mesmos lugares, como igreja, escola, faculdade ou um clube. Este passo mostra o quanto nosso cora- ção está disposto a ajudar efetiva- mente as pessoas. Passo nº2 – Mais do que ob- servar, é preciso se aproximar e conversar a respeito. É importante estar mais junto das pessoas. Tem que chegar perto para conhecer o coração, deixando a pessoa fa- lar e, sobretudo, respeitando sua condição e seus motivos. Não é o momento de questionar sobre os porquês das coisas, mas de em- prestar os ouvidos, dar um abra- ço, apoiá-la em procurar ajuda e, se possível, investir do seu tempo em acompanhá-la nesse processo. Orar com ela e por ela também é um bom amparo. Le itu ra Di ár ia Segunda: Salmos 121 Terça: 1João 4.17-18 Quarta: Mateus 8.23-27 Quinta: Salmos 46 Sexta: Isaías 41.10-13 Sábado: Salmos 40.1-4 Domingo: Josué 1.6-9 16 A UNIVERSALIDADE DA ANSIEDADE E DA DEPRESSÃO LIÇÃO 2 DATA DO ESTUDO Texto Básico: Salmos 42.1-5 O Brasil sofre uma epidemia de ansiedade. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o país tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com o transtorno. O transtorno começa quando essa emoção passa do ponto. Em vez de a pessoa seguir em frente, a agitação exagerada deixa-a travada, impedindo que ela faça suas tarefas e, conse- quentemente, honre seus compro- missos, assim como tira sua au- tonomia na realização de tarefas simples e rotineiras. Quando o assunto é depres- são, o nosso país é o campeão na América Latina. Quase 6% da po- pulação, um total de 11,5 milhões de pessoas, sofrem com a doença, segundo dados da OMS. Caracte- rizada como uma doença em que ocorrem desequilíbrios químicos dos chamados neurotransmisso- res, a depressão interfere direta- mente no prazer, quietude, vonta- de e alegria. Consequentemente aparecem os sintomas clássicos, como tristeza, apatia, falta de von- tade, dificuldade de concentração, pessimismo,insegurança, entre outros. Por que tudo isso acontece? Mesmo entre os crentes em Jesus, sem ser diferente daqueles que não professam a nossa fé, o coti- diano tem sido penoso, solitário, cheio de frustrações, fracassos, decepções e circunstâncias desa- nimadoras. Tem sido assim porque 17 vivemos numa sociedade fragilizada, de pessoas que não estão sabendo lidar com suas mazelas, perdas e amarguras. Muitos dos valores que a Bíblia ensina são completamente ignorados até mesmo pelos cristãos. Os indivíduos querem tudo muito rápido, sem entender ou aceitar os processos e, quando as coisas dão errado, mergulham numa tristeza profunda, sem considerar o quanto é natural acontecerem percalços nas diversas trajetórias da nossa vida. 1 - A DEPRESSÃO E A ANSIEDADE AFETAM O CRISTÃO? Sim. Da mesma forma que elas são capazes de prejudicar seria- mente os relacionamentos pes- soais, assim acontece no relacio- namento com Deus. Um cristão depressivo, por exemplo, há de ter a sensação de que perdeu a ale- gria da salvação e que não será mais capaz de sentir a presença de Deus, pois nesta condição, se tem a impressão de que Ele está muito distante, em silêncio ou com muita raiva de si. Com isso, a vida devo- cional acaba sendo fortemente pre- judicada, tornando-se muito difícil orar, ler a Palavra de Deus ou me- ditar naquilo que se está aprenden- do da Bíblia. Tudo porque, sofrendo esses problemas, tem-se muita difi- culdade de manter o foco e firmeza naquilo que está fazendo. Assim o cristão sofre uma dor muito grande pois não somente se sente excluí- do pelas pessoas, mas também por Deus. São doenças físicas que tra- zem sintomas espirituais. 2 - ALGUNS EQUÍVOCOS 2.1 - Ansiedade e depressão são apenas para os fracos? Há quem pense que essas doenças são apenas para um pe- queno número de pessoas psicolo- gicamente e espiritualmente fracas. Ledo engano! É por pensar assim que muita gente que se acha forte acaba ignorando os sintomas ou até rechaçando a possibilidade de ter a doença, tornando a procura por ajuda cada vez mais distante ou praticamente impossível. Quem age assim pensa que, ao admitir a doen- ça, será taxado pelos outros como fraco; e, por se considerar forte, aci- ma de qualquer problema, mesmo com os sintomas, acha que tudo é uma bobagem e por isso ignora a doença a ponto de tentar um com- portamento ainda pior: não sentir nenhuma emoção ou reação dian- te das circunstâncias que o aflige, como se isso fosse possível. É certo que existem fatores ge- néticos que facilitam o surgimento dessas doenças em alguns indiví- duos, mas ninguém no mundo pode achar que é resistente o suficiente a ponto de nunca sofrer esses males. Existe uma marca bem preponde- rante na raça humana que se cha- ma vulnerabilidade. No salmo 42 vemos o autor, um servo temente a Deus, sofrendo por dentro. Ele sente sua alma abatida. Ele está fugindo de uma brutal perseguição. Estava sendo obrigando a viver escondido por causa disso. Perseguição, de- 18 silusão, desastres, e tantas outras mazelas podem chegar na vida de todos e nossa alma sempre reagirá a tudo isso. 2.2 - Oração e leitura da Bíblia são suficientes? Por serem doenças emocionais que provocam sintomas espirituais, muitas pessoas tentam ajudar quem está sofrendo com soluções apenas espirituais. Para piorar, in- felizmente, ainda existem aque- les que ensinam que o verdadeiro cristão não pode ficar deprimido ou ansioso a ponto de ficar doente por isso. Afirmam que isso é sinal de derrota, desobediência ou falta de fé. Por isso sugerem orar mais, ler mais a Bíblia, buscar mais a Deus e participar mais das atividades da Igreja, dos cultos de libertação, das correntes de cura e por aí vai. Só que esse tipo de ajuda agrava ainda mais o quadro, pois, além de todos os sintomas característicos de cada doença, soma-se a culpa, um sentimento altamente destrutivo. Por não conseguir sair dessa situação sozinho, o cristão acaba ficando mais ansioso e deprimido. Daí vem o que se pode considerar o maior perigo: quando os méto- dos de autoajuda cristãos falham, o crente adoecido sente-se tão desa- nimado, tão morto espiritualmente que é capaz de renunciar de vez a fé. Este é um abismo que gera ou- tros abismos ainda mais profundos. Alguns cristãos afirmam ter o controle total de seus pensamen- tos, mas isso não acontece quando há um transtorno psíquico. A capa- cidade de um indivíduo controlar os pensamentos depende do bom funcionamento da sua estrutura psíquica e não necessariamente da sua vontade. É por isso que muitos apresentam um genuíno desejo de saírem dessas doenças, mas não conseguem. É preciso um trata- mento que vai além das disciplinas espirituais. Deus abençoou a humanidade com as ciências e algumas delas tratam de forma muito eficaz os sintomas dessas enfermidades. Muitos cristãos precisam entender que buscar a ajuda de um profissio- nal e se submeter aos tratamentos não enfraquece a fé e nem pas- sa por cima da vontade de Deus. É perfeitamente admissível que um crente em Jesus busque tratamen- to, inclusive use medicamentos, se necessário. Jamais podemos dis- pensar a ajuda da Igreja em oração e aconselhamento, mas a providên- cia de buscar uma ajuda profissio- nal é indispensável. 2.3 - O uso de medicamentos Outro equívoco acontece quan- do se pensa que o uso de medica- mento é a pior alternativa, uma es- pécie de fundo do poço para quem está sofrendo e busca um trata- mento. Quando o médico passa a receita, parece que o mundo desa- ba. Isso acontece pelo fato de, na maioria das vezes, os medicamen- 19 tos receitados são os que chama- mos de controlados. Os remédios controlados, ou sujeitos a controle especial, são medicamentos ou substâncias com ação no sistema nervoso central e capazes de cau- sar dependência física ou psíquica. Muitas pessoas, sabedoras disso, acabam se apavorando achando que o paciente ficará automatica- mente dependente e sem possibli- dade alguma de sua melhora defini- tiva. Precisamos entender que tais porções, se não houver maiores complicações com o paciente, ten- dem fazê-lo melhorar e até mesmo se curar. Tais medicamentos não são, como muitos afirmam, uma es- pécie de condenação para o doente e sim uma grande bênção, pois são responsáveis pela volta do equilí- brio necessário para a pessoa tocar sua vida. O crescimento da indústria far- macêutica, com novas pesquisas e tecnologias, tem permitido que as doenças que no início do século passado eram praticamente incon- troláveis, hoje sejam tratadas e con- troladas, fazendo parte integrante na intervenção de muitas pessoas. Se alguém próximo a você, ou você mesmo, precisar fazer uso dos re- médios controlados, faça-o com na- turalidade. Eles são uma dádiva de Deus, neste tempo, que nos ajudam poderosamente. PARA PENSAR E AGIR: Cuidado com aqueles que con- sideramos fortes na vida. Líderes, pais, chefes, pessoas mais expe- rientes, pessoas de personalidade marcante e muitos outros podem ser considerados acima da ansie- dade e da depressão, mas não são. Cuidado com o fato de você mesmo se achar forte demais. Se você é do tipo que acha que nun- ca vai ficar deprimido ou que nunca terá algum transtorno emocional é importante pensar um pouco dife- rente daqui para frente. Na verda- de, ninguém está imune a essas doenças. Não existe vacina contra elas. Você pode desenvolver qua- dros característicos em qualquer momento da sua vida. Esteja atento ao seu próprio comportamento, às reações diante das dificuldades, à intensidade da tristeza que invade o seu coração diante de uma cir- cunstância ruim em que se está vi- vendo e, caso perceba que a coisa está fora do seu controle, busque um aconselhamento ou até mesmo um tratamento. Não tenha vergo- nha! Não pense no que os outros vão dizer de você. Saiba que existe um Deus que nos ama a ponto de colocar uma multidão capaz de cui- dar da gente. Le itu ra Diár ia Segunda: Salmos 37.1-5 Terça: 2Corintios 4.8,9 Quarta: Salmos 18.1-6 Quinta: João 10.1-10 Sexta: 2Coríntios 1.3-7 Sábado: Deuteronômio 31.1-8 Domingo: Salmos 43 20 A ANSIEDADE E A DEPRESSÃO POR CONTA DA PERDA Experiências na vida de Jó e de sua mulher – Quando perdemos algo que nos é precioso LIÇÃO 3 DATA DO ESTUDO Texto Básico: Jó 1.21 Todos nós já perdemos algo ou alguém que nos é precioso. Per- das nos destroem por dentro. São fatores que tendem a nos deixar ansiosos e deprimidos. Mesmo para aqueles que ainda não tive- ram tal experiência, sabe que seu dia chegará e que terá muitas difi- culdades para enfrentá-las. É pos- sível imaginar que Deus não nos criou para nos despedirmos para sempre daqueles a quem muito amamos. Nem mesmo nos trouxe à existência com o objetivo de vi- vermos debaixo de aflições trazi- das pelas angústias que uma per- da dramática traz para a vida. Por que reagimos assim? Porque em muitos momentos o nosso cora- ção se encontra distante de Deus. Nas palavras de Jó – o homem mais reto e temente a Deus de seu tempo – ninguém vem à existência trazendo consigo suas posses. A palavra “nu” em hebraico também pode ser interpretada por “sem nenhuma posse”. Jó tinha cons- ciência de que quando nasceu nada trouxera e de que quando a sua morte chegasse, nada leva- ria. Alguém consciente disso sabe que nada neste mundo durará 21 para sempre. Um dia perderemos ou seremos a perda para alguém. Algo especial que é dito nessa pe- quena, porém sábia afirmação de Jó, é que tudo o que recebemos neste mundo vem de Deus, princi- palmente quando esse “tudo” está relacionado àquilo que Jó perdeu, ou seja, filhos, saúde, trabalho, di- nheiro, posses, terras, etc. 1 - QUANDO PERDEMOS ALGO OU ALGUÉM QUE NOS É PRECIOSO Jó não perdeu apenas um, mas dez filhos! Sete filhos e três filhas. Jó também amava seus dez filhos e se preocupava dia e noite (e de ma- drugada – Jó 1.5) com eles. O verso 5 do primeiro capítulo revela a preo- cupação de Jó com a santidade de seus filhos. Jó era alguém que tinha uma preocupação espiritual com a vida de seus filhos e orava cons- tantemente por eles. Esses filhos e filhas cresceram vendo a piedade de seu pai. Jó tinha uma bela fa- mília, boa saúde e muitas posses. Além de tudo, “era homem íntegro e justo” (Jó 1.1). Em Jó 1:8, Deus diz: “Não há ninguém na terra como ele, irrepreensível, íntegro, homem que teme a Deus e evita o mal”. Poucas vezes Deus fala coisas assim sobre um homem na Bíblia. Não existe testemunho mais perfeito do que aquele que vem do próprio Deus. Para muitos, Jó não merecia nenhum mal, muito menos sofrer doenças por conta de mazelas em sua vida. Ele não merecia, mas foi uma espécie de prova estabelecida entre Deus e o Diabo, em que o ini- migo queria provar para Deus que Jó só era fiel porque tinha uma vida bastante confortável. Deus então permitiu que Jó passasse pela pro- va autorizando o diabo a tirar tudo de Jó, menos sua vida. Em menos de vinte e quatro horas ele per- deu tudo. Os dez filhos morreram quando um vento derrubou a casa em que estavam. Depois foram-se os bens, posses, animais e funcio- nários. Até sua saúde foi afetada. Tumores abertos, cheios de pus, cobriam seu corpo, com insetos zanzando por eles (Jó 2.7). 2 - A ANSIEDADE DA MULHER DE JÓ Sua mulher, vendo tudo isso, o incentivou a blasfemar contra Deus, e depois morrer (Jó 2.9). A mulher de Jó, cujo nome não conhecemos, estava com seu coração comple- tamente despedaçado. Ela não é diferente de muitos de nós, que, quando perdemos algo precioso, também fazemos questionamen- tos. E, quando não encontramos respostas às nossas perguntas, reclamamos até mesmo de Deus, que, supostamente, não nos acudiu nos momentos necessários. Como você acha que estava o coração da mulher de Jó naquela hora? Ela viu o marido perdendo tudo: os filhos (que eram dela tam- bém – que ela gerou, alimentou, criou e dos quais cuidou), todos os bens que possuía, toda a fonte de renda e de provisão – em um úni- 22 co dia! É muito natural que nessas horas se questione a fé. O quadro de sua família se tornou bastante instável. Qualquer incerteza ou im- previsibilidade é um gatilho para a ansiedade e não foi diferente com a mulher de Jó. Pedir para Jó blas- femar contra Deus e depois morrer torna visível a sua dor e é um claro sintoma de ansiedade. 3 - A DEPRESSÃO DE JÓ A depressão pode ser entendida a partir de alguns sintomas, como, por exemplo: tristeza; humor depri- mido, que se caracteriza por desâni- mo persistente, baixa autoestima e sentimentos de inutilidade; perda de interesse em atividades que antes a pessoa apreciava; perda do interes- se pela vida. Embora Jó mantivesse sua fidelidade a Deus durante toda a sua vida, ele ainda lutava profun- damente através das trincheiras da dor: “Por que não morri eu desde a madre? E em saindo do ventre, não expirei?” (Jó 3.11); “A minha alma tem tédio da minha vida; darei livre curso à minha queixa, falarei na amargura da minha alma” (Jó 10.1); “Não sou capaz de me ajudar a mim mesmo, e não há ninguém que me socorra” (Jó 6.13); “O meu coração está cheio de amargura” (Jó 7.11). “Detesto a vida; não que- ro mais viver (...) minha vida não vale mais a pena” (Jó 7.16); “Ago- ra já não tenho vontade de viver; o desespero tomou conta de mim” (Jó 30.16); “O meu coração está agita- do e não descansa (...) levo uma vida triste, como um dia sem sol” (Jó 30.27-28). As perdas para Jó fo- ram severas demais. Não podemos estranhar tais palavras. Muitos, por muito menos, disseram palavras semelhantes ou até piores. 4 - A IMPORTÂNCIA DA FÉ EM DEUS NAS PERDAS DE JÓ Com Jó aprendemos que ficar levantando questionamentos não é um exercício muito eficaz para o coração. Jó só começou a lidar bem com as suas perdas quando deixou de questionar (Jó 38) e pas- sou a orar por seus amigos. Apren- demos, por exemplo, que ficar per- guntando: “Por que, Senhor, perdi meu emprego? Por que fiquei en- fermo? Por que fui assaltado? Por que essa tragédia me aconteceu?” e outras mais não vai nos ajudar a encontrar respostas que certa- mente não as teremos nunca na vida. Para os homens e mulheres de fé cabe bem afirmar: “O Senhor deu, o Senhor levou; bendito seja o nome do Senhor”. A atitude de questionar é típica do homem, que acha que pode ter o controle e a ciência de tudo o que acontece no mundo. Nem sempre obteremos todas as respostas. Exi- gi-las apenas revela nosso coração indisposto para descansar na bon- dade e no poder de Deus. Com Jó aprendemos que, mes- mo sendo pessoas que procuram fazer a vontade de Deus em tudo, somos pequenos, incapazes de 23 entender tudo o que se passa na mente de Deus. Haverá eventos que não compreenderemos. Jamais alcançaremos respostas para tudo o que Ele faz em nossa vida, es- pecialmente em relação às nossas perdas. Por isso, devemos descan- sar na certeza de que tudo coopera para o bem daqueles que amam a Deus, mesmo que essa coisa se apresente como uma derrota. Se você o ama, descanse! Não há ou- tra opção. Não entendemos a forma de Deus agir, principalmente quan- do perdemos algo que nos é tão precioso. Nossa impressão é que Deus não sabia ou não pôde fazer nada. O fato é que nenhum passa- rinho cai em terra sem o consenti- mento de Deus (Mt 10.29). Cremos, nas horas mais difíceis, que Deus está no controle e que é bondoso para nos ajudar a darmos glória a Deus por tudo, assim como Jó fez. Talvez você não consiga dar glória no momento mais forte da dor, mas a certeza dessas verdades sobre Deus lhe dará a paz de que, um dia, ainda que seja no céu, você lhe dará glória por tudo. Deus quer sustentar você! PARA PENSAR E AGIR: Quando lemos a história de Jó, conhecemos um homem muito abençoado por Deus. O Senhor deu a ele muitas coisas, mesmo antes de toda a tragédia invadir sua vida. Agora, pensando em você, quais são as coisasmais especiais que Deus tem feito em sua vida? Pense um pouco e escreva, se for possí- vel. Você consegue imaginar se o Senhor não lhe tivesse dado nada disso, como seria? Porém, se Ele ti- rasse de você essas bênçãos pelas quais você orou e que tanta alegria lhe trouxeram, o que você diria ao Senhor? Você alguma vez já pensou na possiblidade de perder pessoas queridas ou coisas valiosas? Você se sente preparado para isso? Sai- ba que este exercício é importante para a sua estrutura emocional. Nada é para sempre a não ser a vida eterna em Jesus. Mesmo não querendo ser fatalista, tudo pode acontecer na vida de um cristão, seja ele o mais consagrado. Se estivermos bem conscientes de que tudo vem do Senhor, pertence verdadeiramente a Ele e está sob o seu total controle, teremos rea- ções naturais diante das perdas, porém estaremos firmes para con- tinuarmos a vida sem quaisquer transtornos. Le itu ra Di ár ia Segunda: Romanos 8: 31-39 Terça: Jó 1.1-12 Quarta: Jó 1.13-22 Quinta: Jó 2.1-5 Sexta: Jó 2.6-10 Sábado: Salmos 13 Domingo: Salmos 18.1-6 24 A ANSIEDADE E A DEPRESSÃO POR CONTA DA OPOSIÇÃO E MURMURAÇÃO Experiências na vida de Moisés – Quando a oposição e a murmuração nos derrubam LIÇÃO 4 DATA DO ESTUDO Texto Básico: Números 11.15 A depressão e a ansiedade que resulta do fracasso, da frustra- ção e da oposição têm-se tornado muito comum nos nossos dias. Há muitas pessoas frustradas com um futuro desconforme do que sonharam ou com um casamento diferente do que planejou. Além da frustração em tantas áreas da vida, em muitas ocasiões, as pes- soas têm encontrado oposição ou pressão. Pressões internas e ex- ternas, oposição nos estudos, no trabalho, dentro das famílias, nas Igrejas, etc. A consequência do mundo competitivo e exigente em que vivemos é o surgimento em número cada vez maior de almas cansadas e até mesmo doentes por não saberem como lidar ou agir em tais situações. Por várias vezes nos vemos correndo para dar conta de todas as demandas que nos chegam e, quando não conseguimos, somos pressionados por todos os lados. Por várias vezes somos vistos com expectativas altíssimas e, quando não as atendemos, somos cobrados direta ou indiretamente. Assim podemos imaginar a vida de Moisés, o grande líder israeli- ta, que, usado por Deus, condu- ziu o povo da escravidão do Egi- to em direção à Terra Prometida. Em certo momento, Moisés teve a seguinte conversa com Deus rela- tada no texto que se encontra em Números 11.10-15 (leia). Nessa passagem, a reação de Moisés diante da pressão que so- fria por parte do povo foi questio- 25 nar o Senhor. É uma reação muito comum questionar Deus em situa- ções difíceis. Moisés queria saber por que o Senhor estava trazendo todo aquele sofrimento sobre ele. Seu argumento baseava-se no fato de que o Senhor era o Criador de Israel, e não ele. Desse modo, Moi- sés não poderia carregar a respon- sabilidade sobre si e simplesmente disse: “se o Senhor não lhes res- ponder e não lhes carregar o fardo, que o Senhor me mate!”. No verso 15, podemos ter uma noção de como estava o coração de Moisés. Ele é imperativo ao dizer “mata-me agora”. A ideia é que tra- ta-se de algo que o escritor deseja- va muito, com convicção. Esse não foi apenas um breve momento de tristeza, mas um momento de gran- de estresse causado pela pressão sobre a mente de Moisés. Sua res- ponsabilidade exigia tomadas de decisão que estavam além de sua capacidade. Ele então se sentiu im- potente, incapaz e pequeno diante da grandeza do que lhe era exigido. Assim, para que Moisés encontras- se paz, seria necessário ter o poder e a capacidade de solucionar as exigências de todo o povo, sacian- do-lhes o desejo por carne e outros alimentos. Obviamente, Moisés não tinha o que fazer. Só um milagre poderia trazer ao povo aquilo que desejava. Diante de tanta pressão, externa e interna, Moisés chegou a um nível de cansaço tão grande que desejou a própria morte. Temos que tomar muito cuidado com esse tipo de desejo. É bem ver- dade que a maioria das pessoas, vivendo uma situação muito difícil, sob pressão, já tenha desejado morrer. Só que para muitos foi ape- nas por um curtíssimo tempo, uma espécie de desabafo. A questão se agrava quando esse desejo não sai mais da mente e do coração. Um dos sintomas da depressão é exa- tamente este: o desejo de morrer! 1 - A MURMURAÇÃO PRESSIONA E ADOECE Não pense que a murmuração do povo era contra Moisés. Era contra o próprio Deus! Assim foi interpre- tado pelo salmista: “Falaram contra Deus, dizendo: Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?” (Sl 78.19). Liderar ou conviver com pessoas que só sabem murmurar é por demais exaustivo. Tudo isso estava deixando Moisés cansado demais. Mesmo sendo contra Deus, Moisés absorvia todas as falas ad- mitindo, assim, que as pessoas es- tavam se levantando contra ele. O povo não entendia os proces- sos de Deus e, por isso, afirmava que as providências estavam de- morando demais. Embora a corre- ção divina estivesse por vir sobre os filhos de Israel, não foi de imediato que o Senhor manifestou sua disci- plina sobre seu povo. Pacientemen- te, Deus aguardou o momento que julgou como certo. Houve tempo para que o povo se arrependesse e voltasse para o Senhor com uma 26 atitude grata, mas infelizmente isso não aconteceu. O que houve foi um grupo muito grande de pessoas com um coração cada vez mais re- clamador. Gente que só sabe pro- testar é gente que pesa o ambiente, que faz da convivência um martírio e isso, com o passar do tempo, gera enfermidade. 2 - PRESSÃO E OPRESSÃO DESTE TEMPO Moisés foi chamado para con- duzir o povo e começou a ter mui- tos problemas quando boa parte o procurou para reivindicar comida e água, confortos que tinham no Egito e faltavam durante a peregrinação. A grande questão é que não era um protesto pontual, ou seja, algo raro de se acontecer. Moisés não chegaria a tal nível de esgotamento se essa demanda não tivesse sido constante, crescente e imoral. Ele chegou a um ponto no qual muitos de nós também pode chegar. Talvez você já tenha experi- mentado ou experimenta coisa se- melhante neste momento. Temos nossas fragilidades e é por isso que estamos suscetíveis, durante todo o tempo, a nos abater emocional- mente e espiritualmente. Se não há uma mão que nos apoie, cairemos com muita probabilidade. O que nos separa de transtor- nos causados pelas aflições advin- das das pressões do dia a dia é o cuidado de Deus, aliado à nossa lembrança diária de que estamos em suas mãos. Se todos os que es- tão no limiar de um surto psicótico por causa de tanta pressão seguis- sem os mesmos passos de Moisés, como descritos em Números 11.16 e 17, seguramente conseguiriam sair da melhor maneira dos mo- mentos difíceis. Você não é diferente de Moi- sés! Não pense que ele foi alguém diferente, que tinha forças sobrenaturais, paciência de outro mundo, a mansidão de um cordei- ro. Por ter a mesma estrutura que nós, Moisés acreditou numa possi- bilidade sob pressão. Ele desejou a própria morte. Histórias de pessoas com trans- tornos de ansiedade ou em depres- são por conta de pressão no traba- lho ou de opressão diante de metas exigidas crescem a cada dia. Opres- são que chega de fontes humanas, da sociedade, da moda, dos che- fes, do cônjuge, dos amigos, das pessoas que geram expectativas a nosso respeito que não podem ser alcançadas sem que cheguemos ao ponto da (quase) exaustão. Um exemplo bem peculiar é a es- tética. Uma atriz brasileira expôs um problema que estava atravessando através de uma reportagem, tudo por conta “apenas” do seu aumen- to de peso nos últimos meses. Ela contou o quanto estava sendo hu- milhada, ofendida e cobrada porque não estava mais magra como an- tes. Seus seguidores não paravam de reclamar da sua aparência. Sua estrutura psicológica ficou extrema- mente abalada. Entre nós, temosos 27 casos de pastores que, por conta das muitas demandas que as igre- jas impõem, acabam adoecendo. A grande questão é que a in- satisfação gera pressão e, se não soubermos lidar com isso, os nos- sos dias acabam sendo os piores da nossa existência. 3 - O EXEMPLO DE MOISÉS PARA HOJE Assim como aconteceu com Moisés, muitos estão em depres- são por conta da oposição que lhes fazem no trabalho, na escola e até mesmo na família. E quando essa oposição se junta aos fracassos da caminhada, nasce uma tristeza di- fícil de passar. No caso de Moisés, essa tristeza passou. Mas por que passou? Sabemos, através da Bí- blia, que ele se aproximou de Deus na hora de seu desespero. Ele reco- nheceu sua completa incapacidade de sair daquela situação sozinho. Ele reconheceu que Deus era sufi- ciente para ele e derramou seu co- ração diante d’Aquele que o livraria da depressão. Ele foi sincero com Deus. E Deus o livrou! A partir do verso 16, vemos o Senhor falando a Moisés, ajudan- do-o a entender o que deveria fazer para sair daquela situação. Moisés ouviu atentamente o que Deus o aconselhara fazer. Os conselhos do Senhor eram a chave para o fim da- quela angústia. Por fim, vemos que Moisés fez o que Deus lhe dissera, e a orientação do Senhor o salvou completamente de sua depressão. Embora pareça simples, a atitu- de de Moisés o salvou quando ele desejava a própria morte. Sob pres- são e grande tristeza, Moisés bus- cou o Senhor, ouviu sua Palavra, fez tudo conforme ordenado e, por isso, a aflição acabou. PARA PENSAR E AGIR: OPOSIÇÃO E MURMURAÇÃO É preciso ter consciência de que será mais comum do que se imagina enfrentar oposições e murmurações. Ninguém está livre delas. O maior desafio é reagir de forma saudável tanto emocional quanto espiritual- mente. Saber responder a essas demandas é fundamental. Algumas perguntas são pertinen- tes: Como você normalmente reage à oposição e reclamações? Ao ou- vir as orientações de Deus, você as obedece? Saiba que reagir bem, buscando a Deus e seus conselhos, enfrentando as situações, buscando ajuda com as pessoas certas há de te ajudar a não sofrer com a ansie- dade e com a depressão. Le itu ra Di ár ia Segunda: Números 11.1-8 Terça: Números 11.9-17 Quarta: Filipenses 2.14-15 Quinta: 1Coríntios 10.9-11 Sexta: Tiago 3.3-6 Sábado: 1Pedro 2.1-5 Domingo: Provérbios 18.21 28 A DEPRESSÃO POR CONTA DA CULPA Experiências na vida de Davi – Quando a culpa nos derruba LIÇÃO 5 DATA DO ESTUDO Texto Básico: Salmos 38.8 A culpa é um dos sentimentos mais destruidores da alma de uma pessoa. Dela pode vir muito so- frimento, a ponto de se deflagrar uma depressão. Alguns sintomas relacionados a esse caso são encontrados no relato que o Rei Davi faz no Salmo 38: algo que o deixava muito abatido, encurva- do e choroso o dia todo. Até seu corpo ficou doente. Ele descreve o estado de seu coração como “profundamente abatido e desani- mado” para tudo; que seu coração vivia “aflito”; e, para piorar a situa- ção, até seu corpo doía, e ele fica- va “gemendo de dor”. Ele sofria no corpo e na alma. No verso 3, Davi diz que seu corpo todo estava doente e que ele sentia dores por toda a parte: “... estou muito doente. O meu corpo todo está enfermo...”. Em seu so- frimento físico, Davi relata: “Tenho feridas que cheiram mal e apodre- cem” (v.5). Pode-se imaginar que sua doença estava lhe trazendo febre e inflamações. Seu corpo es- tava muito mal. Seus olhos, fracos e cheios de lágrimas. Que Depres- são! Davi chorava o dia todo! Sem dúvida, esse santo homem de Deus conheceu as regiões mais profundas e sombrias da depres- são humana. A despeito de tudo o que se sabe sobre ele, Davi era um homem frágil como nós. 29 1 - O QUE LEVOU DAVI À DEPRESSÃO? O próprio Davi nos informa o que o levou a essa situação. No verso 3, ele diz: “Não há saúde nos meus os- sos, por causa do meu pecado”. No verso 4, ele aprofunda sua confis- são: “as minhas culpas me afogam”. Em meio a todo esse abatimento do corpo e da alma, Davi reconhece que sua depressão era por causa de uma culpa, de pecados não con- fessados e não abandonados. Em várias ocasiões, Davi enfrentou a luta contra a ansiedade e a depres- são. E na maioria, conseguiu deitar e dormir em paz, na certeza de que o Senhor estava no controle, não havendo motivos para se desespe- rar (Sl 3.5; 4.8). Mas, sem dúvida, houve momentos em que Davi não agiu como deveria. E o caso anali- sado nessa passagem é um deles. Embora nem toda depressão e ansiedade seja fruto de pecado, algumas são e não podemos dei- xar de considerar isso. Biblicamen- te, não há como negar que alguns pecados podem nos levar a esse estado. Esse foi o caso de Davi. A razão da depressão desse perso- nagem foi o pecado não confessa- do e tratado. Essa experiência de Davi é importante para nos mostrar o quanto podemos ser afetados fisi- camente por algo que não é físico. 2 - DEPRESSÃO X PECADO É bom que se tenha a consciên- cia de que nem toda depressão é fruto da culpa ou de pecados não tra- tados. Todavia, podemos observar que, se relutamos em abandoná-los e confessá-los, seremos sérios can- didatos a passar pelo que Davi pas- sou. Adultérios, iras, polarizações, gritarias, blasfêmias, assassinatos, mentiras e traições (isso para dar apenas alguns exemplos), quando enchem a vida de um cristão ou não cristão, têm poder destruidor sobre o indivíduo e sua família. Uma vez consciente do erro cometido, se não houver um bom trabalho de restau- ração, a pessoa certamente sofrerá muito com a culpa. Tiago, em sua pequena carta, nos apresenta numa rápida descri- ção a forma como o pecado é con- cebido e suas consequências para o corpo e a alma: “Quando alguém for tentado, jamais deverá dizer: “Estou sendo tentado por Deus”. Pois Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado pela própria cobiça, sendo por esta arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte” (Tg 1.13-15). Para Tiago, a tentação que dá à luz ao pecado vem de nós, somente de nós. Não temos como responsabili- zar ninguém, apenas nossa cobiça, que nos seduz, alimenta a luxúria interior de cada um, engravida e dá à luz ao pecado, que nasce, cresce, fica adulto e se transforma num ter- rível assassino. O pecado continua sendo o grande problema do ser humano, 30 especialmente quando o homem se encontra insensível e nada rea- tivo. Aquilo que, segundo a Bíblia é um erro fatal, pode ser visto como virtude: ambição, ganância, vaida- de, promiscuidade e consumo de- senfreado são valores em alta. Com o avanço da sociedade, o pecado deixou de ser uma ameaça para ser uma fonte enganosa de prazer e realização. O hedonismo, consumismo e egoísmo passaram a ser os “ismos” mais encontrados entre as pessoas. Só que o pecado, como diz Tiago, não gera outra coi- sa senão a morte e coloca em risco a pessoa, a família e a sociedade. A dor da culpa que Davi sentiu por ter ofendido a Deus e ao próximo, revela um pedaço dessa “morte” descrita no texto. Faz da pessoa um morto vivo. A culpa oriunda do pecado pode produzir essa angústia existencial chamada depressão. Algumas pes- soas chegam ao ponto de pecarem tanto em determinadas áreas da vida que têm suas mentes e cora- ções cauterizados por essa prática. Nossa alma pode ficar cauterizada diante de um pecado, caso o esteja- mos cometendo regularmente sem o confessarmos e abandonarmos. Se assim vivermos, chegará um mo- mento em que não notaremos mais quando estivermos pecando. Aquilo se terá tornado algo tão normal em nossa vida que, ao cometermos, agi- remos naturalmente como se nada de errado estivesse acontecendo. A insensibilidade ao Espírito não é uma realidade apenas da- queles que não conhecem a Deus e nunca tiveram um encontro com Cristo. Antes, é uma realidade pos- sível a todas aspessoas, inclusive aos crentes. O arrependimento não deve ser uma resposta a Deus ape- nas no momento de nossa conver- são, mas algo que nos acompanhe durante toda a vida. Sem arrepen- dimento contínuo, não há sinais claros de transformação, além de a pessoa ser forte candidata a uma depressão semelhante à de Davi. 3 - COMO EVITAR ESSA DEPRESSÃO? No Salmo 32.1-5 Davi escreve um texto maravilhoso para essa questão, especialmente no verso 5, quando ele revela a saída para tan- to sofrimento causado pelo pecado. Aprendemos que a confissão do erro, o reconhecimento da falha, o entendimento dos prejuízos e o de- sejo de abandonar as práticas erra- das são as providências mais per- tinentes para evitarmos a culpa e, consequentemente, a ansiedade e a depressão que dela podem surgir. Ninguém está impedido de pe- car, fato que se configura num gran- de problema que inevitavelmente enfrentamos. A preocupação está em como vamos reagir às falhas que cometemos diante de Deus. Davi aprendeu que reconhecê-las e confessá-las promove saúde espiri- tual e emocional. 31 4 - A GRAÇA DE DEUS Precisamos ter a percepção correta da graça de Deus. Existem dois extremos perigosos: de um lado, existem pessoas que acredi- tam e ensinam que Deus é impla- cável para com o pecador, a ponto de não aceitar qualquer dos seus erros; um Deus sempre disposto a castigar e maltratar todos os deso- bedientes sem qualquer misericór- dia. Do outro, aqueles que admitem viver de qualquer maneira, sem ne- nhum compromisso com a santida- de, tudo porque basta “confessar” o pecado que Deus perdoa, afinal, estamos no tempo da Graça. Preci- samos compreender que esses ex- tremos em nada expressam a Gra- ça do nosso Deus. Davi nos mostra exatamente como deve ser. O pecado gera dor, doença na alma e não podemos conviver com isso por muito tempo. É importante confidenciá-lo a Deus, sabedores do seu perdão. Isso retira de nós a culpa. Por mais que não sejamos isentos das consequências dos nossos erros, o perdão de Deus é certo para aquele que reconhece o seu erro e pede perdão a Ele. Sua alma é restaurada, Deus a alimenta com sua Graça e faz o indivíduo se livrar do desejo de morrer. PARA PENSAR E AGIR: Esse é um caso de depressão bem peculiar. Perceba que o peca- do de Davi resultou numa tristeza tão grande que ele adoeceu a ponto de seu corpo sentir dores terríveis, aquilo que se chama doença psi- cossomática. As doenças psicosso- máticas estão relacionadas às emo- ções, sentimentos e pensamentos que podem estar em desequilíbrio por diversos fatores, como traumas não superados e estresse. Esse tipo de problema acaba se manifes- tando também no corpo, por meio de dores e doenças físicas. Logicamente que nem todas doenças são psicossomáticas, mas é possível que alguma doença fí- sica tenha origem no emocional e/ ou espiritual. Os remédios poderão ajudar, mas é preciso buscar outras maneiras de tratar. Cuide de sua vida! Pense se não existem práticas pecaminosas cauterizadas. Não se trata de adul- tério ou assassinato apenas. Muitas outras reações “menos graves” aos seus olhos podem estar adoecendo sua alma. Cuidado com a culpa! Satanás é o acusador e sempre vai se apro- veitar dessa situação para te dei- xar mais doente ainda, a ponto de chegar na depressão. Confesse seu pecado ao Senhor, acredite no seu perdão e viva saudável, amando a vida e o seu Deus! Le itu ra Di ár ia Segunda: Salmos 38.1-10 Terça: Salmos 38.11-22 Quarta: Salmos 32 Quinta: 1Coríntios 7.1-10 Sexta: 1João 1.1-9 Sábado: Salmos 130 Domingo: Salmos 51.15-17 32 A DEPRESSÃO POR CONTA DOS PRAZERES, RIQUEZA E FAMA Experiências de Salomão – Quando o prazer, o dinheiro e a fama não satisfazem LIÇÃO 6 DATA DO ESTUDO Texto Básico: Eclesiastes 2.1-11 Todos nós, de alguma forma, acreditamos que a felicidade pode ser encontrada no dinheiro ou nos prazeres. Embora não admitamos, vamos atrás de prosperidade e conforto para encontrar alegria. É difícil encontrar alguém que não gostaria de ter um pouco mais de dinheiro por acreditar que assim seria mais feliz. Da mesma forma, se adquirisse aquele carro, aquela casa, aquele corpo, aquela viagem ou aquele bem. O problema é que muitas pessoas sofrem com isso. O descontentamento é um grande causador de sofrimento e doenças emocionais e espirituais. Nesta lição, vamos refletir sobre a vida de um homem muitíssimo rico que, após dar a si mesmo tudo o que seu corpo e seus olhos dese- jaram, chegou à conclusão de que prazeres, fama e riquezas não tra- zem a verdadeira felicidade. Pelo contrário, trazem tristeza – e uma tristeza profunda! 1 - SALOMÃO POSSUIU TUDO O QUE QUIS. No texto de Eclesiastes 2.1-11, Salomão pergunta a si mesmo se a luxúria e os demais prazeres mencionados geram verdadeira- mente vida no coração humano. Embora essas atividades, em sua maioria, fossem moralmente aceitas em seu tempo, eram, sem dúvida, ruins aos olhos de Deus. Toda a busca de Salomão revelou- -se inútil e vazia. No final de toda a busca por prazer, Salomão encon- trou apenas o vazio. No verso 1, ele se convida a experimentar as “coisas boas da vida”, só para ver no que isso iria 33 dar. No verso 2, Salomão já come- ça suas conclusões antes mesmo de dar seu testemunho pessoal no verso 11. Sua conclusão é que as alegrias e os prazeres deste mun- do, além de nada valerem, são lou- cura. Vamos ver o porquê: 1) No versículo 3, Salomão se lança aos vinhos e às extravagân- cias (sem limites para nada); 2) No versículo 4, lança-se à grandes projetos, constrói muitas casas e vinhas para si; 3) No versículo 5, conta que criou um jardim que, de tão grande, con- tinha todo e qualquer tipo de árvore frutífera. Lembre-se de que, a essa altura da história da humanidade, a construção de jardins e pomares era um sinal de muita riqueza; 4) No versículo 6, Salomão constrói gigantescos reservatórios de água para irrigar todos os seus jardins e plantações; 5) No versículo 7, compra escra- vos e escravas para fazerem todo o serviço para ele; e, além dessa ter- rível “aquisição”, Salomão compra tantos bois e ovelhas que, nunca antes dele, alguém em Jerusalém possuiu tantos animais; 6) No versículo 8, Salomão vai atrás de ouro e prata. A Bíblia diz que ele foi o homem mais rico de seu tempo, que se vestia com es- plendor e que possuía dinheiro o suficiente para comprar tudo o que desejasse. Segundo Jesus, em Ma- teus 6.29, a glória de Salomão foi extraordinária. No mesmo verso, ele conta que comprou “cantores e cantoras”, além de um harém, “a delícia dos homens” – em suas pa- lavras, para se deliciar em prazeres. 7) No versículo 9, ele nos diz que reuniu toda a fama que preten- deu ter. Nunca um rei de Israel foi tão famoso no mundo quanto ele. 8) No versículo 10, ele conclui dizendo que nada que seus olhos tivessem desejado, ele os negou. Tudo o que seu coração desejou, ele teve; satisfez todos os desejos de seu coração, desfrutou de toda forma de prazeres. Salomão teve tudo o que quis. Tente imaginar o que isso signifi- caria para uma pessoa. Alguém po- deria dizer, qual o problema? Não é exatamente isso que a maioria das pessoas procura na vida? Uma boa pergunta é: Será que Salomão terminou sua vida como um homem feliz e realizado? A resposta é: não! No verso 11, ele conclui: “Contudo, quando avaliei tudo o que as mi- nhas mãos haviam feito e o traba- lho que eu tanto me esforçara para realizar, percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento; não há ne- nhum proveito no que se faz debai- xo do sol” (Ec 2.11). 2 - RIQUEZA E FELICIDADE SIGNIFICAM A MESMA COISA? A grande conclusão a que Sa- lomão chega é que a riqueza pela riqueza, o prazer pelo prazer e o sucesso pelo sucesso, é loucura, algo inútil e sem proveito. Por que 34 Salomão entra nessa “crise exis- tencial depressiva” no Livro de Eclesiastes, não vendo mais razão para avida, não vendo mais senti- do em nada do que se faz “debaixo do sol”? A razão é que até mesmo as riquezas e os prazeres não têm poder suficiente para alegrar e re- solver o “problema” do ser humano. Riquezas e prazeres só distraem, mas efetivamente não conseguem plenificar o homem. 2.1 - Ricos e famosos deste tempo e seus quadros de depressão. “Apesar de tudo de bom que vem acontecendo comigo, de tudo que já conquistei, eu me sinto há al- guns anos triste”. Essa é a frase de um comediante e youtuber muito fa- moso. Chega a ser intrigante o seu relato, pois, na teoria, ele deveria ser a pessoa mais feliz da terra. Re- pare: “tem acontecido coisas boas e muitas conquistas”, segundo ele. Isso é tudo o que muita gente dese- ja para ser feliz. Só que o resultado para ele foi a depressão. “Há um ano eu enfrentei crise de pânico e quadro depressivo. Foi o pior momento da minha vida. [...] Aprendi muito com o que vivi. Tris- teza não é doença, mas, quando se estende no tempo, pode ser. É preciso estar atento à duração dela em nós. Há muita ignorância no trato com pessoas depressivas. É comum escutar que é frescura, exagero, falta do que fazer. Quan- do de fato se trata de um quadro depressivo, não, não é. Só quem sofre sabe!”. Esse é o relato de um Padre muito famoso que também se apresenta como cantor. Nem a popularidade nem as amizades com os famosos foram capazes de equilibrar a sua vida. “Eu não queria mais estar no esporte; eu não queria estar mais vivo”. Um pequeno depoimento do maior nadador da história, dono de nada menos do que 28 medalhas olímpicas. Ele revela que no período de sua depressão, ele ficava de três a cinco dias sozinho em seu quarto, sem comer, sem dormir direito, to- mado pela vontade de não viver. O curioso aqui é que todo atleta olím- pico sonha com, pelo menos, uma medalha de bronze que seja, seria o auge da carreira! Mas não foi as- sim na vida desse grande campeão. 2.1 - Não ricos e não famosos também ficam deprimidos pelos mesmos motivos. Enquanto para uns é pelo ex- cesso, para outros é pela ausência, mas os motivos são os mesmos. Muitos almejam e até perseguem a todo custo a fama por acreditarem que só assim serão realizados, e como ela não chega, ficam amargu- rados ao extremo. Assim também é com o dinheiro. Quantos acreditam piamente que a sua vida só terá va- lor e sentido quando forem milioná- rios? Nesses casos, a inveja entra como se fosse um tempero a mais nessa tragédia. A fama e a riqueza do outro surgem como uma espada encravada no peito. É o desejo de- senfreado pelo que o outro tem. 35 Salomão é esse exemplo de ser humano que usou e desfrutou de todos os prazeres possíveis e imagináveis, mas de maneira equi- vocada. Por causa disso, colheu as consequências em pequeno, médio e longo prazos. O ponto positivo de Eclesiastes 2.11 é que Salomão percebeu que o que estava fazendo era correr atrás do vento. Ou seja, quando desfrutamos dos prazeres sem a orientação de Deus, des- perdiçamos nossa vida, corremos atrás do vento. 3 - NOSSA SEDE POR SACIEDADE A alma e o corpo humano pre- cisam ser saciados. Há uma neces- sidade inerente a todo ser humano. Mas, sem Deus, pensamos que o di- nheiro é que resolverá todos os nos- sos problemas. O desejo nasce de duas fontes: daquilo que nosso cor- po pede, ou seja, dos instintos natu- rais de todos os seres humanos, e daquilo que vemos na vida dos ou- tros. Principalmente por causa des- sa segunda fonte é que nascem as guerras. É dessa mesma fonte que também vêm a frustração e a decep- ção em nossas vidas e famílias. 3.1 - Como evitar? Para que todo engano cesse e se alcance a paz perfeita, é neces- sário crer, com todo o coração, que Jesus Cristo é o melhor prazer e a maior riqueza que um ser humano pode encontrar. Pode parecer uma solução simplória, mas é a mais pura verdade. Não há nada que nos falte quando temos a Ele. Ele é o tesouro mais precioso, a fonte de água que nunca seca, o pão que nunca se acaba. Só Ele é capaz de nos alimentar a alma diariamente, fazendo com que nos sintamos ple- nos sempre, ainda que nos faltem outras coisas que desejamos tanto. A fim de encontrar a paz que Sa- lomão encontrou no final da vida, é necessário ter em Deus seu maior prazer. Foi exatamente isso que Salomão descobriu no final de sua caminhada. PARA PENSAR E AGIR: Algumas perguntas são importan- tes neste momento: qual o papel do dinheiro na sua vida e o quanto ele é importante para a sua felicidade? Que grau de importância a populari- dade traz para a sua imagem? Do que realmente a sua alma precisa? Essas são perguntas que pode- mos também compartilhar com as pessoas que amamos e que estão próximas. As respostas, uma vez bem sinceras, podem apresentar a possibilidade ou não do surgimento de transtornos emocionais que ge- ram a depressão. Le itu ra Di ár ia Segunda: Gálatas 5.13-16 Terça: Gálatas 5.17-26 Quarta: 1João 2.1-6 Quinta: 1João 2.12-17 Sexta: Romanos 7.21-25 Sábado: Romanos 8.1-8 Domingo: Eclesiastes 2.1-11 36 A DEPRESSÃO POR CONTA DAS FRUSTRAÇÕES Experiências de Elias – Quando a frustração e o desespero nos tiram a vontade de viver LIÇÃO 7 DATA DO ESTUDO Texto Básico: 1Reis 19.1-18 A história de Elias é admirável, pois nela encontramos um exce- lente paralelo entre o que chama- mos de depressão em nosso tem- po e o que alguns dos homens de Deus viveram na história bíblica. Veja o que diz a Palavra de Deus em 1Reis 19.1-18. Elias era um tesbita que che- gou onde nenhum outro de sua terra jamais havia chegado. Tisbé era um vilarejo pequeno e des- conhecido. Elias, de uma família igualmente inexpressiva no con- texto mundial. Mas foi deste lugar e desta família que Deus levantou um homem para ser sua boca nos dias de Acabe, o pior rei de Israel. E foi justamente o rei Acabe que contou à sua esposa, Jezabel, “filha de Etbaal, rei dos sidônios” (1Rs 16.31) tudo o que Elias, o tesbita, havia feito aos profetas de Baal. O pai de Jezabel era também sacerdote do falso deus Baal em Tiro e Sidom. O casamento dela com Acabe, rei de Israel, fora uma jogada política que serviu para ratificar uma aliança entre Tiro e Israel. Quando veio morar entre os israelitas, Jezabel continuou a adorar seu deus, Baal, levando consigo vários sacerdotes que, uma vez em Israel, atuavam com muito afinco, seduzindo quase todo o povo a se desviar da Pa- lavra de Deus. Um dos eventos 37 mais conhecidos da Bíblia envolveu exatamente os profetas de Baal, a rainha Jezabel, o rei Acabe e Elias. Leia 1Reis 18.36-41. E foi exata- mente esse evento que Acabe le- vou ao conhecimento de Jezabel (1Rs 19.1). Obviamente, isso trouxe grande ira ao seu coração, o que acabou levando-a a prometer matar Elias em breve. E é aqui que a de- pressão de Elias parece ter início. Havia, sem dúvida alguma, uma expectativa no coração de Elias por reconhecimento da parte dos reis. De alguma maneira, Elias esperou que Acabe e Jezabel se curvassem diante do poder de Deus e clamas- sem junto com o povo: “O Senhor é Deus!”. Mas não foi isso que acon- teceu. Em vez de reconhecimento, houve promessa de assassinato. Jezabel prometeu que faria com Elias o mesmo que ele fizera com os profetas de seu deus. Aqui, Elias enfrenta uma tremenda decepção. Quando soube das palavras de Jezabel: “Façam-me os deuses como lhes aprouver se amanhã a estas horas não fizer eu à tua vida como fizeste a cada um deles”, Elias se levantou e fugiu para Ber- seba, que ficava em Judá, mais ao sul de onde estava. Passou a cami- nhar pelo deserto, distância de um dia, aproximadamente sessenta ou setenta quilômetros. Achando um zimbro, sentou-se a seus pés. O zimbro é uma árvore que atinge de um a três metros de altura, com folhas curtas e espinhosas que raramente caem. Elias descansou debaixo de sua sombra enquanto pensava em Jezabel e em tudo o que havia acontecido. E é aqui que Eliasdesenvolve os principais sin- tomas de sua depressão. Suas pri- meiras palavras para Deus foram: “Basta; toma agora, ó Senhor, a mi- nha alma, pois não sou melhor do que meus pais”, ou seja, mate-me agora mesmo, pois sou tão pecador quanto todos os que viveram antes de mim nesta nação. E, ao dizer isso, dormiu, provavelmente muito cansado de sua longa viagem. 1 - O CUIDADO QUALIFICADO DE DEUS! A primeira reação de Deus para com Elias não foi confrontar seu pe- cado. Deus é sábio e agiu de um modo que é a sua marca: amoro- samente. Diante de qualquer si- tuação, Deus nunca deixa de agir amorosamente e todos precisam aprender com Ele a agir assim tam- bém. Deus enviou um anjo para cui- dar de Elias. Esse anjo o tocou, o chamou para se levantar e comer. De fato, não houve confrontação de pecado diante da depressão de Elias, mas uma demonstração ten- ra e amorosa de preocupação pelo estado físico daquele homem que havia caminhado muito sem comer nada. Deus cuidou de Elias, permi- tindo o descanso e enviando-lhe boa alimentação. Após Elias comer e beber do que Deus lhe dera, voltou a dor- mir. Devia ser grande seu cansaço. Mais uma vez, o anjo o tocou e cha- 38 mou para se levantar e comer, pois ainda teria de percorrer um longo caminho. Elias obedeceu à voz de Deus, levantou-se, comeu e bebeu. Depois disso, Elias, de forma im- pressionante, prosseguiu em sua viagem por mais quarenta dias até chegar ao Monte Horebe. É interessante notar que, em meio à depressão, Deus permitiu que Elias parasse, deitasse e não deixasse de se alimentar. Se fizes- se o que estava em seu coração, teria deitado debaixo daquele zim- bro no meio do deserto, a aproxi- madamente setenta quilômetros de Berseba, ficado ali prostrado, defi- nhando e olhando para o horizonte, esperando a morte chegar. Após obedecer a tudo o que Deus determinou, Elias entrou numa das inúmeras cavernas exis- tentes no Monte Horebe e ali pas- sou a noite. Ali também ouviu a voz de Deus dizendo a ele: “Que fazes aqui, Elias?” E sua resposta foi: “Te- nho sido zeloso pelo Senhor, Deus dos Exércitos, porque os filhos de Israel deixaram a tua aliança, derri- baram os teus altares e mataram os teus profetas à espada; e eu fiquei só, e procuram tirar-me a vida”. Em resposta à voz de Deus, Elias apre- sentou seu lamento. Não foi uma murmuração, mas um lamento legí- timo, uma oração agradável a Deus. Seu lamento é pela morte dos pro- fetas e por sua também. Além dis- so, o primeiro motivo de tristeza de Elias foi o fato de os filhos de Israel terem deixado a aliança. Elias amava a Deus e confia- va nEle com todo o seu coração. Sua decepção tinha várias razões e o Senhor o ouviu com atenção e amor, após cuidar dele. 2 - A RESPOSTA QUALIFICADA DE DEUS Leia 1Reis 19.11-18. Deus que- ria se encontrar com Elias e lhe en- sinar uma lição. “Eis que passava o Senhor…”, é assim que o texto co- meça. Deus não se esconde quando um filho passa por angústia. Deus se revela! Não foi por meio de fortes ventos que batiam contra o Monte Horebe, não foi por meio de um po- deroso terremoto e muito menos por meio de uma chama de fogo. Após o barulho e a força da natureza (que bem poderiam ser a Sua poderosa voz) Deus vem e se revela a seu modo, através do murmúrio de uma brisa suave. Foi assim que o Senhor se revelou, na calma, quase no sus- surro, por meio de sons tranquilos e calmos. Elias precisava desse trata- mento: contato com o próprio Deus, alimento apropriado, bom tempo de descanso, e a direção que vem dos sons tranquilos por meio dos quais Deus fala. Com Elias, as suas palavras são: “Que fazes aqui?”. Elias não tem o que dizer, por isso repete o que já dissera, conforme 1Reis 19.14. Deus, então, apresenta-lhe a verdade de que ele não estava sozi- nho: “Conservei em Israel sete mil, todos os joelhos que não se dobra- ram a Baal, e toda boca que o não 39 beijou” (v.18). Além disso, o Senhor Deus deu uma tarefa para Elias, or- denando-lhe que ungisse um novo rei na Síria, um novo rei sobre Is- rael, também um profeta que ficaria em seu lugar, pois Deus não ouviria seu pedido para morrer. Elias não morreria, jamais! O próprio Deus o levaria sem experimentar a morte para o céu (2Rs 2.11), mas antes deveria trabalhar. Com essa experiência, apren- demos que uma depressão nem sempre deve ser tratada com con- frontação. Houve, sim, da parte de Deus, a disposição de falar, ajudar, orientar, mas não vemos a motiva- ção para o confrontamento rude e duro para com as pessoas. Todos as pessoas, assim como nós, estão sujeitas a passar por situações de frustração, decepção e desespero. Muitas são as oca- siões em que nosso coração tem certa expectativa e acaba sendo frustrado. A decepção sempre nos chateia, e a chateação, se não for tratada, leva à depressão. A depres- são de Elias foi tratada do modo como você viu neste estudo. Se a depressão chegar em sua vida, não se esqueça: ela nem sempre é fruto de demônio ou pecado; algu- mas vezes, é consequência de uma doença física. Muitos casos de depressão em nosso tempo, embora apresentem um pano de fundo completamente diferente do de Elias, têm os mes- mos motivos. Se você é amigo de alguém que está em depressão, aprenda com o Senhor o modo como tratá-lo. Vá até ele, não o dei- xe só. Se for o caso, leve-o ao en- contro de um especialista. Se acon- tecer contigo e houver o mínimo de forças, não vá para uma “caverna”. Procure, sem qualquer constran- gimento, a ajuda de alguém. Lou- vemos a Deus por seu modo im- pressionante de nos ensinar a agir diante do sofrimento humano. PARA PENSAR E AGIR: Muitos são os motivos que levam as pessoas a pedirem a morte. Por mais que pareça algo banal para al- guns, para quem está sentindo é um motivo muito sério e deve ser consi- derado com muito carinho e paciên- cia. Nem todos possuem estrutura emocional para os revezes da vida. Você já viveu alguma experiên- cia assim? Aproveite essa oportu- nidade e compartilhe com o grupo. Peça que os outros façam o mesmo e aproveite para ouvir a história do outro com carinho e muita atenção. Faça isso em sua classe, mas tam- bém em casa, no trabalho e com quaisquer pessoas que estejam en- frentando um problema na vida. Le itu ra Di ár ia Segunda: Salmos 30 Terça: Salmos 55.16-23 Quarta: Salmos 27 Quinta: Filipenses 4.1-13 Sexta: Isaías 55.1-9 Sábado: Isaías 40.28-31 Domingo: 1Reis 19.1-18 40 A DEPRESSÃO POR CONTA DO ÓDIO Experiências de Jonas – Quando o ódio acaba com a nossa sensibilidade LIÇÃO 8 DATA DO ESTUDO Texto Básico: Jonas 4.3 Deus mandou que Jonas fosse a uma cidade chamada Nínive, a capital do Império Assírio. Cente- nas de milhares de pessoas mo- ravam lá. Uma cidade grande em tamanho e poder. Grande também eram os pecados cometidos por lá. Tão perniciosos e ofensivos a Deus que Ele mandou Jonas pre- gar aos ninivitas sua destruição iminente, caso não se arrependes- sem. Mas Jonas, em vez de obe- decer a Deus, embarcou em um navio para Társis, no sul da Espa- nha, ou seja, para muito longe da sua missão. No meio da viagem, o Senhor lançou um forte vento que fez com que o mar ficasse tão agitado que quase destruiu o barco. Depois de os marinheiros terem lançado sor- te para ver quem estava trazendo a ira de seu Deus sobre aquele barco, a sorte caiu sobre Jonas. Ao perceber que o Senhor estava falando com aqueles homens por meio dessa excepcional estraté- gia, Jonas lhes pediu para que o lançassem ao mar, mas os mari- nheiros relutaram em fazer isso. Eles se esforçaram para chegar em terra firme com Jonas, mas não vendo outra alternativa, lan- çaram-no ao mar. Um grande peixe se aproxi- mou e engoliu Jonas. Na barriga do grande peixe, Jonas orou ao Senhor e se valeu de alguns ver- 41 sos dos Salmos, expressando sua confissão e arrependimento. Após orar, o texto bíblico nos diz que Deus ouviu sua oração e ordenou ao peixe que o vomitasse.
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