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1 Universidade Federal de Pelotas Curso Química Bacharelado Disciplina: Analítica Instrumental I Equipe: Carolina Pinheiro, Geovana Miranda, Paola Hellwig Prática realizada em 06/05/2016 Cromatografia em papel: separação das tintas de canetas hidrocor e separação de cátions Resumo: A cromatografia de papel (CP) é um método de separação por meio da migração diferencial de seus componentes em duas fases, sendo uma técnica muito útil para a separação de componentes de uma mistura e realização da análise qualitativa dos mesmos em função do Rf (fator de retenção) e cores apresentadas. Assim, objetiva-se aprender as técnicas da cromatografia em papel, separar os componentes das tintas de canetas hidrocor e identificar seu fator de retenção (Rf), identificar os cátions presentes na amostra desconhecida, através do cálculo de Rf. Portanto, a cromatografia de papel mostrou-se um método eficiente na identificação de substâncias e separação de componentes de misturas através da migração diferencial, na qual se separou pigmentos de canetas hidrocores e atribui-se a composição das canetas através do cálculo do Rf, onde as amostras com mesmo Rf caracterizam a mesma substância presente em sua composição. Assim como identificou-se os componentes da solução desconhecida, através dos Rf dos íons utilizados como padrão e do uso de reveladores; sendo a solução composta de Fe3+, Co2+ e Mn 2+. 1. Introdução: A cromatografia de papel (CP) é um método de separação por meio da migração diferencial de seus componentes em duas fases, móvel (FM) e estacionaria (FE). É uma técnica muito útil para a separação de componentes de uma mistura e realização da análise qualitativa dos mesmos em função do Rf (fator de retenção) e cores apresentadas. (1, 2) Alguns conceitos utilizados na cromatografia em papel estão definidos abaixo: (1) Suporte: papel sobre o qual fica retida a fase estacionária; Fase móvel: líquido ou mistura de líquidos que sobe por capilaridade pelo papel, arrastando os solutos aplicados no papel. Este líquido ou mistura de líquidos é o que se denominou acima de solventes; Cromatograma: papel que apresenta as substâncias separadas 2 Revelador ou agente cromogênico: agente físico ou químico que possibilita visualizar substâncias separadas pela cromatografia em papel Assim como em outras técnicas de migração diferencial, nesta três pontos são importantes (1): 1) Um meio de migração, onde ocorrerá a separação, ou seja, o papel; 2) Uma força motriz que arraste os componentes ao longo do meio de migração, neste caso os solventes; 3) Uma força resistiva, que possibilita a separação seletiva das espécies químicas. Na CP, marca-se a lápis no papel duas margens nas extremidades do papel, uma será o ponto de partida e a outra o ponto de chegada. As amostras são colocadas alinhadas a margem inferior, e o papel é colocado em um Becker contendo um solvente. O papel é colocado de modo que o solvente não ultrapasse a margem inferior do papel, e o mesmo sobe por capilaridade. (2) As manchas dos componentes da mistura que são menos adsorvidos ao papel deslocam-se mais do que os componentes mais adsorvidos do papel. (1) Essa separação ocorre devido a diferença de solubilidade dos componentes nas duas fases (móvel e estacionaria). O componente que tiver a menor solubilidade na fase estacionaria apresenta um deslocamento mais rápido, do que aquele que tiver uma maior solubilidade. Conhecer a polaridade das moléculas das substancias é muito importante. Pois, sabe-se que as substancias de moléculas polares interagem mais fortemente com solventes polares, e as substancias de moléculas apolares, interagem mais fortemente com solventes polares. Desse modo, para separar os componentes de uma substancia, basta variar a polaridade dos solventes.(1) O processo de separação envolve a interação do solutos com as duas fases, móvel e estacionaria. No entanto, há outros fatores também podem influenciar nessa interação, como a adsorção da superfície na fase estacionaria e a carga do composto. (1) A análise qualitativa de uma substância realiza-se através de seu Rf que se determina utilizando a expressão (1): Onde: C – distância percorrida pelo componente ( da margem inferior ao centro da mancha) S – distância percorrida pelo solvente. 3 Objetiva-se aprender as técnicas da cromatografia em papel, separar os componentes das tintas de canetas hidrocor e identificar seu fator de retenção (Rf), identificar os cátions presentes na amostra desconhecida, através do cálculo de Rf. 2. Materiais e métodos: 2.1 - Materiais: Papel filtro Régua Grampeador Lápis Canetas hidrocor Solventes na proporção 1:1:1 de etanol/1-butanol/amônia 2 mol/L Solventes na proporção 12:4:2 de acetona/HClconc/H2O Solução de amônia 6 mol/L Solução FeCl3 Solução MnCl2 Solução NiCl2 Solução CoCl2 Solução CuSO4 Solução desconhecida (SP 1) Solução de dimetilglioxima Tubo capilar Becker 250 mL Vidro de relógio 2.2 - Métodos: 2.2.1 – A utilização da tinta da caneta hidrocor 1) Com o auxílio de uma régua, traçou-se uma linha reta num papel com um lápis, com 1 cm de margem. Dividiu-se esta linha em 6 pontos equidistantes e no centro de cada um fez-se pontos com as canetas hidrocor, na ordem: vermelho, azul, amarelo, verde, marrom e preto. 2) Enrolou-se o papel em forma de cilindro (Figura 1) e o grampeou-se para manter a forma de cilindro, de modo a deixar um pequeno espaço entre as duas extremidades a fim de evitar que estas se tocassem. 3) Colocou-se o cilindro de papel num Becker contendo a mistura de solventes de etanol/1-butanol/amônia, de modo que os pontos ficassem acima do solvente. Colocou-se um vidro de relógio sobre o mesmo, para evitar a evaporação dos solventes. 4 4) Retirou-se o papel do béquer assim que o solvente atingiu a margem superior do mesmo. Os grampos foram retirados e deixou-se secar o mesmo naturalmente. 5) Posteriormente, fez-se um círculo ao redor das manchas e, com o auxilio de uma régua, mediu-se as distâncias do centro das mesmas até a margem inferior. Calcularam-se todos os Rf. Figura 1 – Representação da montagem experimental de cromatografia em papel 2.2.2 – A utilização da cátions na solução 1) Com o auxilio de uma régua, fez-se uma linha no papel, deixando-se 1 cm de margem. Dividiu-se esta linha em 6 partes equidistantes e no centro de cada um, com o auxilio de um capilar, fez-se ponto da solução de cátions e de uma solução desconhecida, na ordem: Fe3+ (laranja), Mn2+ (incolor), Ni2+ (verde), Co2+ (vinho), Cu2+ (azul) e a solução desconhecida. 2) Esperou-se um momento até a secagem das manchas, e enrolou-se o papel em formato de cilindro (figura 1), o mesmo foi grampeado com um espaço entre as extremidades, de modo que mantivessem o formato de cilindro, sem se tocarem. 3) Colocou-se o papel num Becker contendo a mistura de solventes acetona/HClconc/H2O, de modo que os pontos ficassem acima do solvente. Colocou-se um vidro de relógio sobre o béquer, para evitar a evaporação da mistura. 4) Quando o solvente atingiu a margem superior do papel, retirou-se o mesmo do Becker, removeram-se os grampos, e rapidamente fizeram-se círculos ao redor das manchas. Deixou-se o papel secar naturalmente, e após mediu-se, com o auxilio de uma régua, a distância do centro dos pontos até a margem inferior. Determinaram-se os Rf. 5) Após, colocou-se o cromatograma de papel sobre um Becker contendo uma solução de amônia, esperou-se 10 minutos e anotaram-se as mudanças de cores e determinaram-se os Rf. 6) Em seguida, borrifou-se no papel uma solução de dimetilglioxima, deixou-o secar e anotaram-se as alterações de coloração, determinando-se os Rf. 7) Identificaram-se os cátions presentes na solução desconhecida. 5 3. Resultadose Discussões: 3.1 – Canetas hidrocor Muitas das tintas e corantes que são usadas por nós são, na realidade, misturas de vários pigmentos diferentes. Estes pigmentos são compostos diferentes que têm diferentes polaridades. Sendo assim, possuem uma maior ou menor afinidade pelo papel filtro (fase estacionária) ou pela mistura etanol/ 1-butanol/amônia (fase móvel), podendo ser mais ou menos arrastada pela fase móvel. Desta forma, a medida que o eluente corre pelo papel, os pigmentos das canetas hidrocores são separados, evidenciando, assim, a grade de formação da cor inicial. Na tabela 1 serão apresentados as amostras aplicadas (cores diferentes), as cores em que cada cor de caneta se dividiu (compostos presentes na amostra inicial) e as medidas percorridas por cada composto. Tabela 1 – Pigmentos ou manchas Caneta cor Distância (cm) Rf * Vermelho laranja 1,5 0,25 rosa avermelhado 3,4 0,57 Azul rosa claro 3,2 0,53 azul 5,1 0,85 rosa/ violeta 5,5 0,92 Amarela amarelo 2,0 0,33 Verde amarelo 2,0 0,33 azul 5,1 0,85 Marrom laranja 1,5 0,25 rosa avermelhado 3,5 0,58 azul 5,1 0,85 rosa pink 5,45 0,91 Preta laranja 1,5 0,25 rosa avermelhado 3,5 0,58 azul 5,1 0,85 *Distância entre a linha e a origem do solvente: 6 cm 6 As canetas azul, verde, marrom e preta são compostas de tinta azul, pois todas elas apresentaram esta coloração com Rf ≈ 0,85. Como também, as canetas vermelha, marrom e preta apresentam tinta vermelha em sua composição com o mesmo Rf ( 0,58). As canetas vermelha, marrom e preta apresentam tinta laranja em sua composição com Rf 0,25. As canetas amarela e verde tem em sua composição tinta amarela Rf 0,33. As canetas azul e marrom apresentam tinta rosa pink em sua composição com Rf ≈ 0,92, embora os valores de Rf tenha variado eles podem ser considerados a mesma cor, pois a pequena variação 0,1 cm pode ser devido à concentração de cada pigmento em relação à tinta; o mesmo acontece com o pigmento vermelho das canetas vermelha, marrom e preta. Assim, é possível concluir que a concentração da amostra é capaz de alterar a intensidade do arraste efetuado pela fase móvel. Cabe ressaltar que Rf é o valor característico de uma determinada substância, neste caso o pigmento da tinta da caneta hidrocor, assim todas as canetas que apresentam um determinado Rf tem este em sua composição. Um fato interessante a considerar é que a caneta hidrocor amarela contém apenas pigmento amarelo pelo fato de ser uma cor primária, ou seja, não é formada por nenhuma cor e dá origem a outras cores como o verde. Apesar do vermelho e do azul também serem cores primárias, as canetas hidrocor vermelha e azul utilizadas não mostraram-se como tais, pois foram formadas por outras cores. 3.2 – Utilização de cátions em solução Seguindo o procedimento experimental, os dados obtidos pela cromatografia em papel estão descritos na tabela 2. Tabela 2 – Cromatografia de íons (acetona/HClcon/H2O, 19:4:2 v/v) Íon Cor da mancha Distância (cm) Rf* Fe3+ amarela 5,0 0,83 Cu2+ verde 3,5 0,58 Co2+ rosa claro 3,0 0,5 Mn2+ - - - Ni2+ - - - SP1 rosa claro 3,0 0,5 amarelo 4,9 0,82 *Distância entre a linha e a origem do solvente : 6 cm 7 Como não se pode ver manchas dos cátions Mn2+ e Ni2+ na cromatografia em papel utilizou-se reveladores para que isso fosse possível; primeiramente usou-se o vapor da amônia. Os dados obtidos foram descritos na tabela 3 e na figura 2. Tabela 3 - Cromatografia de íons utilizando NH3 6 mol/L como revelador Íon Cor da mancha Distância (cm) Rf* Fe3+ amarelo queimado 5,0 0,83 Cu2+ azul forte 3,5 0,58 Co2+ marrom fraco 3,0 0,5 Mn2+ marrom 2,1 0,35 Ni2+ azul claro 1,4 0,23 SP1 marrom fraco 3,0 0,5 amarelo queimado 4,9 0,82 *Distância entre a linha e a origem do solvente : 6 cm Figura 2 – Cromatograma de íons na presença de NH3 como revelador A seguir borrifou-se a solução de dimetilglioxima sobre a cromatografia de íons e os dados foram descritos na tabela 4. Tabela 4 - Cromatografia de íons utilizando dimetilglioxima como revelador Íon Cor da mancha Distância (cm) Rf* Fe3+ amarelo queimado 5,0 0,83 8 Cu2+ verde 3,5 0,58 Co2+ marrom 3,0 0,5 Mn2+ marrom acinzentado 2,1 0,35 Ni2+ rosa pink 1,4 0,23 SP1 marrom 3,0 0,5 amarelo queimado 4,9 0,82 marrom acinzentado 2,0 0,33 *Distância entre a linha e a origem do solvente: 6 cm A partir das informações obtidas pela cromatografia de papel (coloração e Rf) pode-se constatar que a solução desconhecida tem em sua composição íons Fe3+ com Rf 0, 82, Mn 2+ com Rf ≈ 0,35, Co2+ com Rf 0,5. Logo, a pequena divergência entre os valores de Rf do íon Mn 2+ e deste na solução desconhecida pode ser devido à concentração deste na amostra e por erros de medição das distâncias no cálculo de Rf. 4. Conclusão: Portanto, a cromatografia de papel mostrou-se um método eficiente na identificação de substâncias e separação de componentes de misturas através da migração diferencial, na qual se separou pigmentos de canetas hidrocores e atribui-se a composição das canetas através do cálculo do Rf, onde as amostras com mesmo Rf caracterizam a mesma substância presente em sua composição. Assim como se identificou os componentes da solução desconhecida, através dos Rf dos íons utilizados como padrão e do uso de reveladores; sendo a solução composta de Fe3+, Co2+ e Mn 2+. 5. Referências Bibliográficas: 1 – COLLINS, C. H.; BRAGA, G.L E BONATO, P.S. Introdução a métodos cromatográficos, 7ª edição, Editora Unicamp, Campinas, 1997. 2 – SKOOG, D.A.; WEST, D.M.; HOLLER, F.J.; CROUCH, S.R., Fundamentos de Química Analítica. Tradução da 8ª edição Norte-Americana, Thomson Learning, São Paulo, 2006
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