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1 Almiro Rahamane Faque Planeamento urbano e seus reflexos no ordenamento do território nas zonas de expansão caso bairro de N’coripo no distrito de Montepuez (2014-2017) Curso de licenciatura em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário com habilitações em Ecoturismo Universidade Pedagógica Montepuez 2018 2 Almiro Rahamane Faque Planeamento Urbano e seus reflexos no Ordenamento do Território nas zonas de Expansão caso bairro de N’coripo no distrito de Montepuez (2014-2017) Monografia Científica a ser apresentada no Departamento de Ciências da Terra e Ambiente, como requisito parcial para a obtenção do grau académico de Licenciatura em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Comunitário, com Habilitações em Ecoturismo. Supervisor: dr. Crissantos A. M. Reveque Universidade Pedagógica Montepuez 2018 ii Índice Lista de Tabelas ............................................................................................................................. iv Lista de figuras ................................................................................................................................ v Lista de Mapa ................................................................................................................................. vi Lista de Gráficos ........................................................................................................................... vii Lista de siglas e abreviaturas ....................................................................................................... viii Declaração...................................................................................................................................... ix Dedicatória ...................................................................................................................................... x Agradecimentos ............................................................................................................................. xi Resumo ......................................................................................................................................... xii Introdução ..................................................................................................................................... 13 CAPITULO I- ASPECTOS METODOLÓGICOS ....................................................................... 15 1.1. Tipo de pesquisa .................................................................................................................... 15 1.1.2. Quanto a natureza ............................................................................................................... 15 1.1.3. Quanto a abordagem ........................................................................................................... 15 1.1.4. Quanto aos objectivos ......................................................................................................... 15 1.1.5. Quanto aos procedimentos .................................................................................................. 16 1.2. Métodos.................................................................................................................................. 16 1.2.1. Método de abordagem......................................................................................................... 16 1.2.2. Métodos de procedimento ................................................................................................... 16 1.3. Técnica e instrumento de colecta de dados ............................................................................ 17 1.4. Universo e amostra ................................................................................................................ 18 CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 19 2.1. Conceitos básicos ................................................................................................................... 19 2.2. Quadro político-legal do ordenamento do território em Moçambique .................................. 22 2.2.1. Constituição da República de Moçambique ....................................................................... 22 2.2.2. Política do ordenamento territorial ..................................................................................... 22 2.2.3. Lei de ordenamento territorial ............................................................................................ 23 2.2.4. Regulamento da lei do ordenamento territorial .................................................................. 24 2.3. Objectivos do Ordenamento Territorial ................................................................................. 24 2.4. Princípios do Ordenamento Territorial .................................................................................. 25 iii 2.5. Importância do ordenamento do território (ARTIGO 5) ....................................................... 26 2.6. Sistemas de planeamento em Moçambique ........................................................................... 27 2.6.1. Instrumentos de ordenamento territorial ao nível autárquico ............................................. 27 2.6.2. Direito de participação ........................................................................................................ 28 2.7. Urbanização em Moçambique ............................................................................................... 29 2.7.1. Urbanização e Crescimento populacional ........................................................................... 31 2.8. Implicações de ocupação desordenada na área urbana .......................................................... 32 2.9. Contributo dos sistemas de informação geográfica (SIG) no planeamento territorial ........... 34 CAPITULO III: DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ........................................................... 36 3. 1. Enquadramento geográfico do bairro de N’coripo ............................................................... 36 3.2. Aspectos físicos naturais ........................................................................................................ 37 3.2.1. Clima ................................................................................................................................... 37 3.2.2. Relevo ................................................................................................................................. 38 3.3. Infra-estruturas ....................................................................................................................... 38 3.3.1. Habitação ............................................................................................................................ 38 3.3.2. Saneamento do meio ........................................................................................................... 40 3.4. Economia ............................................................................................................................... 40 CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS .............. 41 4.1. Codificação da amostra .......................................................................................................... 41 4.2. Factores para a ocupação desordenada do território no bairro de N’coripo .......................... 41 4.2.1. Crescimento demográfico ................................................................................................... 41 4.2.2. A Fiscalização ..................................................................................................................... 42 4.2.3.Capacidade técnica- institucional ....................................................................................... 45 4.3. A Percepção da população sobre os planos de ordenamento do território no bairro de N’coripo ........................................................................................................................................ 47 4.4. Opiniões e constrangimentos ................................................................................................. 49 4.4.2. Chefe da Fiscalização ......................................................................................................... 51 Sugestões....................................................................................................................................... 54 Referência bibliográfica .............................................................................................................. LIV APÊNDICES............................................................................................................................. LVII ANEXOS ................................................................................................................................. LXIV iv Lista de Tabelas Tabela 1. Apresentação da amostra…………………………………………………………...…18 Tabela 2. Codificação da amostra……………………………………………………….........…41 Tabela 3. Apresentação da percentagem das respostas da questão 1……….....……..……..…..42 Tabela 4. Apresentação da percentagem das respostas da questão 2…………….…..…..……...43 Tabela 5. Apresentação dos técnicos afectos no CMCM na área do planeamento…..………….45 Tabela 6. Apresentação da percentagem das respostas do TPF para a questão 5…………..…...46 Tabela 7. Apresentação da percentagem da resposta do CF para a questão 5…………..………46 Tabela 8. Apresentação da percentagem da resposta da questão 5…………………………...…47 Tabela 9. Apresentação da percentagem da resposta do CF para a questão 8……………..……48 Tabela 10. Apresentação da percentagem da resposta do RB para a questão 9…………...…….49 Tabela 11. Apresentação da percentagem da resposta do TPF para a questão 9………..………50 Tabela 12. Apresentação da percentagem da resposta do CF para a questão 9…………………50 v Lista de figuras Figura 1. Imagem da dinâmica ocupacional do Bairro de N’coripo 2014-2017………...…..….39 Figura 2. Ruas que surgem a partir de aumento singular de talhões…………..………………..44 Figura 3. Expansão da rede eléctrica de alta tensão por cima de residências……………….…..44 vi Lista de Mapa Mapa de localização do bairro de N’coripo………………………...……………………………37 vii Lista de Gráficos Gráfico 1. Crescimento da população na cidade de Montepuez e o bairro de N’coripo.……………………………………...…………………………………….……………42 Gráfico 2. Alguma vez já recebeu fiscais do concelho municipal na sua residência?......................................................................................................................................44 Gráfico 3. Os técnicos alguma vez já divulgaram os planos de ordenamento do território?........................................................................................................................................48 viii Lista de siglas e abreviaturas art. Artigo B.R Boletim da República CMCM Conselho Municipal da Cidade de Montepuez CF Chefe da Fiscalização C.R.M Constituição da República de Moçambique DESA Departamento dos assuntos Económicos e Sociais DUAT Direito de Uso e Aproveitamento de Terra FCTA Faculdade de Ciências da Terra e Ambiente H1 Primeira Hipóteses H2 Segunda Hipóteses H3 Terceira Hipóteses INE Instituto Nacional de Estatística INPF Instituto Nacional de Planeamento Físico MAE Ministério da Administração Estatal MICOA Ministério para Coordenação Ambiental MITADER Ministério da Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural OT Ordenamento do Território PP Plano de Pormenor RB Residentes do Bairro SB Secretário do Bairro SIG Sistema de Informação Geográfica TPF Técnicos do Planeamento Físico ix Declaração Almiro Rahamane Faque, declaro por minha honra que esta monografia científica é o resultado feito por mim e das orientações do meu supervisor. O seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente mencionadas no texto e na bibliografia. Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau académico. Montepuez, aos_____ de________________ de 2018 _____________________________ (Almiro Rahamane Faque) x Dedicatória Á memória da minha mãe Nhamo Carimo ensinou-me que a vida é feita de batalhas, à minha família em geral, pela compreensão e força que me deram durante os anos de estudo, em especial o meu pai Gabriel António Brás por acreditar em mim nesta longa batalha e de mi colocar em desafio como esse. Os meus irmãos Atija Sumail, Wilson Brás e Carimo Faque, aos meus colegas e todos meus amigos pelo apoio moral que me prestaram durante o percurso. xi Agradecimentos Agradecer a Deus em primeiro pela saúde, os agradecimentos mais profundos e cedido a meu supervisor dr. Crissantos Arnaldo Matias Reveque, apesar de tantas dificuldades enfrentadas inicialmente mesmo assim deu para seguir em frente levando em consideração as criticas, sugestões e o interesse demostrado. Aos meus verdadeiros amigos que conquistei perante o percurso, que são minha segunda família, pelo companheirismo, carinho, diversão e auxílio nessa caminhada repleto de desafios e ousadia que parecia interminável. A todos docentes pertencentes a Departamento de Ciências da Terra e Ambiente pela forma que transmitirão os seus conhecimentos no âmbito da formação. Ao dr. Augusto Malandela Chefe do gabinete dos serviços urbanos no CMCM, aos técnicos e todos aqueles que deram o possível contributo para a realização da monográfica. xii Resumo O presente trabalho é o resultado do estudo sobre o Planeamento urbano e seus reflexos no ordenamento do território nas zonas de expansão caso bairro de N’coripo no distrito de Montepuez 2014-2017. Tem como o objectivo geral analisar os factores que contribuem para o desordenamento do território no bairro de N’coripo, onde nos últimos dias tem ocorrido várias construções em alguns casos alguns chegam a construir casas de uma maneira desordenada alargando os espaços até nas via de acesso, resultando no encurtamento das vias, implantação das casas de banho em pontos não recomendados, criação de zonas de difícil transitividade, construção de casas por de baixo da linha de alta e media tensão, algumas áreas com o relevo declivoso as águas escorrem a cada época chuvosa criando arrastando o solo consequentemente a erosão por falta de valas de drenagem (infra-estrutura de saneamento). A metodologia da pesquisa é qualitativa, indutiva, quanto ao método de procedimento cartográfico, comparativoe estatístico referente a análise de dados, as técnicas de colecta de dados foram usadas a observação, entrevista e o questionário. Nesta ordem de ideias, a partir de dados do INE e outro recolhidos a partir dos técnicos do CMCM e dos residentes do bairro de N’coripo foi possível construir tabelas e gráficos, na interpretação dos mesmos foram identificados os possíveis factores entre os quais são destacados o crescimento demográfico, a falta da fiscalização, fraca capacidade técnico-institucional em meios circulantes, e a fraca divulgação dos planos de ordenamento do território. Palavras-chaves: planeamento, reflexos, desordenamento, território. Abstract The present work is the result of the study on urban planning and its reflexes in the planning of the territory in the expansion zones in the neighborhood of N'coripo in the district of Montepuez 2014-2017. It has as its general objective to analyze the factors that contribute to the disorder of the territory in the neighborhood of N'coripo, where in recent days there have been several constructions in some cases some build houses in a disorderly way widening the spaces until the access road , resulting in the shortening of the roads, implantation of the bathrooms in points not recommended, creation of zones of difficult transitivity, construction of houses under the line of high and medium tension, some areas with sloping relief the waters run down every season creating rainwater dragging the soil consequently erosion due to lack of drainage ditches (sanitation infrastructure). The methodology of the research is qualitative, inductive, as regards the method of cartographic, comparative and statistical procedure related to data analysis, data collection techniques were used for observation, interview and the questionnaire. In this order of ideas, from INE and other data collected from the CMCM technicians and the residents of the neighborhood of N'coripo it was possible to construct tables and graphs, in the interpretation of the same were identified the possible factors among which are highlighted demographic growth, lack of supervision, poor technical-institutional capacity in the field of circulation, and poor dissemination of land-use planning. Key-words: planning, reflexes, disorder, territory. 13 Introdução O aumento da população nas áreas urbanas tem causado grandes preocupações tendo em conta com a ocupação de espaços comprometendo assim o ordenamento do território, as mudanças no uso e na ocupação do solo, provocadas pelas acções antrópicas, têm gerado grandes impactos ao meio ambiente em Moçambique e no mundo. Ordenamento do território é um instrumento regido legalmente por princípios e objectivos aos olhos do bem-estar da população. Em Moçambique foram aprovados instrumentos legais (leis, decretos, regulamentos etc.) com vista a estabelecer medidas e prosseguimentos que asseguram a ocupação e utilização racional e sustentável dos recursos naturas e do bem-estar social. A preservação ambiental e a qualidade de vida com sustentabilidade requerem uma consciência por parte da população e dos gestores das instituições responsáveis pela tomada de decisão. O processo de urbanização tem ocasionado um crescimento desordenado, não só a nível do distrito de Montepuez. Este fenómeno verifica-se até nas grandes cidades de Moçambique se alastrando por vários factores políticos, económicos e sociais. Nesse contexto surgiu a necessidade de desenvolver o tema sobre o Planeamento urbano e seus reflexos no ordenamento do território nas zonas de expansão caso bairro de N’coripo no distrito de Montepuez 2014-2017. Visto que o bairro tem sofrido varias transformações actualmente perante o desenvolvimento do mesmo, em que em alguns casos os critérios de ordenamento do território são deixados de lado quando trata-se dos aspectos de organização espacial ou gestão da terra. O problema do tema preocupa-se em saber: Quais são os factores que contribuem para o desordenamento do território no bairro de N’coripo? Onde foram levantadas as seguintes hipóteses da questão da pesquisa: H1: O crescimento demográfico pode influenciar no desordenamento do território no bairro de N’coripo; H2: A fraca capacidade técnico-institucional da entidade competente contribui no desordenamento do território no bairro de N’coripo; H3: A fraca divulgação dos planos de ordenamento do território, pode contribuir para o desordenamento do território. 14 A presente monografia tem como objectivo geral analisar os factores que contribuem para o desordenamento do território no bairro de N’coripo e também conta com os seguintes objectivos específicos identificar os possíveis factores que contribuem para a ocorrência do desordenamento do território no bairro de N’coripo, explicar os factores que estão detrás da ocupação desordenada do território no bairro de N’coripo, indicar a percepção da população sobre os planos de ordenamento do território no bairro de N’coripo e por fim sugerir algumas medidas para ultrapassar o fenómeno de desordenamento do território no bairro de N’coripo. Para a realização deste trabalho foram usados métodos de práticas de campo de modo a colher dados, guiadas pela observação direita, entrevistas e questionários, aplicação de softwares de sistema de informação geográfica (SIG) e também da consulta de outras obras bibliográficas. O trabalho está dividido em quatro capítulos, sendo o primeiro os aspectos metodológica, o segundo fundamentação teórica, terceira descrição da área do estudo e o quarto apresentação, análise e interpretação de dados. 15 CAPITULO I- ASPECTOS METODOLÓGICOS Neste capítulo serão envolvidos aspectos principais da trajectória metodológica aspectos tais como o tipo da pesquisa, técnica de colecta de dados, universo e amostra. 1.1. Tipo de pesquisa Segundo GIL (2007:17) pesquisa é definida como o procedimento racional e sistemático que tem como objectivo proporcionar respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa desenvolve-se por um processo constituído de várias fases, desde a formulação do problema até a apresentação e discussão dos resultados. 1.1.1. Quanto a natureza Quanto a natureza é uma pesquisa básica, em que esta centra-se em compreender os factores que influenciam no desordenamento do território causado pela ocupação de espaços para habitação no bairro de N’coripo. 1.1.2. Quanto a abordagem Esta pesquisa quanto a sua abordagem é qualitativa, porque descreve uma certa realidade vivida no bairro de N’coripo, de modo a conhecer os factores que contribuem no desordenamento do território e também conta com o uso de imagens de satélite. A pesquisa qualitativa preocupara-se com os aspectos da realidade que não podem ser quantificados, centrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais. 1.1.3. Quanto aos objectivos Quando aos objectivos é uma pesquisa explicativa, pois ajudou o proponente a buscar os factores que influenciam na ocorrência do desordenamento do território no bairro de N’coripo. 16 1.1.4. Quanto aos procedimentos Quanto aos procedimentos é uma pesquisa de campo, além da revisão de obras de estudo que retratam das pesquisas relacionadas com o tema. A pesquisa de campo serviu para colectar os dados a partir dos residentes envolvidos e os técnicos do CMCM. 1.2. Métodos Segundo LAKATOS & MARCONI (1995:40) o método é o conjunto das actividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objectivo - conhecimento validos e verdadeiros -, trancando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando a decisões do cientista. 1.2.1. Método de abordagem Usou se o método indutivo, vez com que o proponente caminha-se para planos cada vez mais abrangentes, indo dasconstatações mais particulares às leis e teorias mais gerais, tendo em conta com os fenómenos que ocorre no bairro de N’coripo a partir de indução. 1.2.2. Métodos de procedimento Como métodos de procedimento para a realização do estudo e processamento dos dados colectados para alcançar os objectivos foram usados os métodos comparativo, estatístico e cartográfico. Método comparativo, esse método permitiu no presente estudo a partir dos dados fazer comparações de diversas contribuições das respostas de diferentes autores que fazem parte da amostra do presente da pesquisa quando aos factores que levam ao desbordamento do território. O método estatístico, no presente estudo permitiu fazer os cálculos percentuais das respostas colectadas dos diferentes subgrupos (técnicos de planeamento, chefe da fiscalização secretário do bairro e residentes locais) desde modo facilitou a identificar os factores que contribuem no desordenamento do território no bairro de N’coripo. O método cartográfico no presente estudo, usou-se para elaboração de mapa distrital, assim localizando a área de estudo, de modo a fazer um melhor enquadramento geográfico. 17 1.3. Técnica e instrumento de colecta de dados a) Observação Segundo LAKATOS e MARCONI (2012:17) a observação utiliza os sentidos na elaboração de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar os factos ou fenómenos que se deseja estudar. Esta técnica é muito fundamental para a observação dos factos visando fundamentar a realidade que lá se vive relacionada com que aspectos do desordenamento do território e não ouvir dizer dos factos. b) Questionário Potenciou na busca de informações necessárias, e que esta será efectuada em alguns pontos de bairro de N’coripo para dar resposta os objectivo especifico de modo a identificar os factores que levam ao desordenamento do território no bairro, o conhecimento da população local sobre o ordenamento do território, a fiscalização de casas quando o seu licenciamento. Onde foi dirigida a (4) indivíduos dos quais (2) dois técnicos de planeamento físico, secretário do bairro e chefe da fiscalização. c) Entrevista Contribuiu na busca de informações necessárias relacionadas com os factores que contribuem para o desordenamento do território, e que esta foi dirigida aos técnicos dos CMCM afectos na área de planeamento. d) Pesquisa bibliográfica e documental No entendimento de LAKATOS e MARCONI (1992), expõem que na pesquisa bibliográfica “sua finalidade é colocar o pesquisador em contacto directo com aquilo que foi escrito sobre determinado assunto”. A investigação documental é a realizada em documentos conservados em interior de órgãos públicos e privados de qualquer natureza, ou com pessoas: registos, anais, regulamentos, circulares, ofícios, memorandos, balancetes, comunicações informais, filmes, microfilmes, fotografias, vídeo-tape, informações em disquete, diários, cartas pessoais e outros. Esse método será usado na colecta de informações bibliográficas que iram sustentar a pesquisa. 18 1.4. Universo e amostra Em 2007, a partir do censo estimou uma população cerca de 5.533 mil habitantes neste bairro. (INE, 2007) O estudo conta com uma amostra de 50 cidadãos em que envolve (46) munícipes residentes no bairro de N’coripo, a escolha foi feita de uma forma aleatória, mais (1) Secretário do bairro, (2) técnicos do planeamento físico e (1) chefe da fiscalização. Tabela 1. Apresentação da amostra Pessoal envolvido na Pesquisa Número de selecção Munícipes 46 Técnicos do planeamento físico 2 Chefe da fiscalização 1 Secretário do bairro 1 Total_________________________________50 Fonte: adaptado pelo autor, 2018 A razão de escolha dos munícipes deve-se por si darem com a realidade do local e contribuíram para trazer informações realistas através do questionário, onde a ideia principal e contribuírem nos aspectos relacionados com o desordenamento do território no bairro. Os técnicos são os principais mediadores para ocupação da terra para vários fins irão contribuir na colecta de dados a partir da entrevista para saber as dificuldades que os técnicos encontram no planeamento urbano. O secretário do bairro vai proporcionará informações sobre a situação da relação com os técnicos do CMCM. 19 CAPITULO II: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Dentro deste capítulo desenvolvem-se aspectos que serviram de base de contextualização para dar apoio no desenvolvimento da monografia. 2.1. Conceitos básicos a) Planeamento Planeamento, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa (COSTA et al., 1999), é definido como “acto ou efeito de planear; determinação dos objectivos e dos meios para os atingir; melhor previsão possível de futuras necessidades; função ou serviço de preparação de trabalho”. Segundo a Lei de Ordenamento do Território, o planeamento territorial é um processo de elaboração dos planos que definem as formas espaciais da relação das pessoas com o seu meio físico e biológico, regulamentando os seus direitos e formas de uso e ocupação do espaço fisco. (art. 1 da lei n.º 19/2007 de 18 de Julho) Para REIGADO (2000), o planeamento é um processo de análise (do passado e do presente) de antecipação ao futuro, de programação, de acção/execução, de controlo, de correcção e de avaliação dos resultados. BARRETTO (1991:43) planear é ter um plano para acções futuras, é pensar em como as coisas podem ser e os problemas ou imprevistos que podem ocorrer durante o processo de desenvolvimento do plano. Isso significa que o planeamento pode e deve ser modificado ou adaptado na medida em que haja necessidade. Nesse contexto planeamento é um conjunto de acções viradas para o futuro, também pode ser uma projecção de uma dada actividade a ser realizada, assim diminuindo riscos e garantir a sua execução prevendo matérias, recursos humanos e o orçamento. 20 b) Território ANDRADE (1982:72) a primeira contribuição oficial do conceito, no âmbito da Geografia, foi elaborada por Friedrich Ratzel, no final do século XIX, por ocasião da publicação de sua obra “Politisc the Geographie”, onde o território representa uma parcela do espaço terrestre identificada pela posse, uma área de domínio de uma comunidade ou Estado, com fronteiras bem delimitadas. Território é a realidade espacial sobre a qual se exercem as interacções sociais e as do Homem com o meio ambiente e que tem a sua extensão definida pelas fronteiras do país. (art. 1 do decreto n.º 23/2008 de 26 de Dezembro) c) Urbanização A urbanização é o aumento proporcional da população urbana em relação à população rural. www.dicionarioinformal.com.br/urbanização/ Segundo o Regulamento do Solo Urbano, urbanização é a transformação do solo através da provisão de infra-estrutura, equipamento e edificações que assegurem a fixação física das populações em condições de beneficiarem de serviços de crescente nível e qualidade nos domínios da saúde, ensino, trêfego rodoviário, saneamento, comércio e lazer, entre outros. (art.1 nº 15 do decreto n º 60/2006) A urbanização pode ser vista como um território que faz parte da jurisdição municipal com um aumento da densidade populacional fase a ocupação dos espaços, surgindo assim zonas periféricas. d) Ordenamento territorial Ordenamento territorial, segundo o Dicionário de Geografia (BAUD et al., 1999) “corresponde, na maior parte dos casos à vontade de corrigir os desequilíbrios de um espaço nacional ou regional e constitui um dos principais campos da Geografia aplicada. Pressupõe por um lado, 21 uma percepção e uma concepção de conjunto de um território e, por outro lado, uma análise prospectiva”. Segundo a Lei de Ordenamento do Território, o O.T é um conjunto de princípios, directivas e regras que visam garantir a organizaçãodo espaço nacional através de um processo dinâmico, contínuo, flexível e participativo na busca do equilíbrio entre homem, meio físico e os recursos naturais, com vista a promoção do desenvolvimento sustentável. (art.1 da lei n o 19/2007 de 18 de Julho) O ordenamento do território constitui numa ferramenta administrativa que tem como principal linha orientadora a estruturação, o arranjo e a gestão territorial (zoneamento) quer a nível nacional, província, distrital e autárquico. Planeamento territorial, é um processo de elaboração dos planos que definem as formas espaciais da relação das pessoas com o seu meio físico e biológico, regulamentando os seus direitos e formas de uso e ocupação do espaço físico. (Idem) Segundo SPERANDELLI (2013:55), a expressão “aménagement du territoire” surgiu em 1944, ainda no Governo de Vichy, para designar um serviço responsável por diversos estudos sobre o descongestionamento dos centros industriais. O ordenamento do território desenha-se como uma geografia prospectiva das actividades humanas, sobre o espaço nacional. Geografia delineada pelo Estado, através da sua intervenção planificadora no sistema económico. Garantindo o direito à ocupação actual do espaço físico nacional pelas pessoas e comunidades locais, que são sempre consideradas como o elemento mais importante em qualquer intervenção de ordenamento e planeamento do uso da terra, dos recursos naturais ou do património construído. Contudo, o planeamento constitui uma ferramenta de extrema importância no processo organização territorial. É uma via para alcançar os objectivos do ordenamento do território e do desenvolvimento sustentável, mediante a análise e avaliação desses objectivos; seleccionando as diferentes alternativas para os alcançar; definindo os meios e os processos através dos quais esses objectivos devem ser alcançados; gerindo e controlando a execução das acções definidas e, sendo este provavelmente o ponto mais importante, monitorizando os efeitos das acções ao longo do 22 tempo, numa perspectiva a médio/longo prazo, de forma a antecipar eventuais problemas e alterações que comprometam alcançar os objectivos estabelecidos. 2.2. Quadro político-legal do ordenamento do território em Moçambique 2.2.1. Constituição da República de Moçambique A Constituição da República define que o território é uno, indivisível e inalienável e que se organiza como o conjunto das Províncias, Distritos, Postos Administrativos e Localidades, Povoações e ainda as zonas urbanas, estruturadas em cidades e vilas. Nos termos da lei, o estado deve promover e garantir o bem-estar da população, proporcionado uma habitação condigna, e alocar de forma correcta as infra-estruturas, dando especial atenção ao interesse publico (art.º 91 C.R.M conjugado com art.º 6 lei nº 19/2007). O quadro legal do ordenamento do território, para regular esta actividade bem como para normalizar o processo de descentralização de competências em curso no país, foram gradualmente produzidos ao nível político, vários instrumentos regulamentares para a melhoria do uso e aproveitamento da terra, os quais incluem a aprovação da lei das autarquias (2/97) do regulamento do solo urbano (decreto 60/2006) da lei de ordenamento do território (lei 19/2007) e do regulamento (decreto 23/2008). Foi ainda aprovado a lei dos órgãos locais do estado, com a finalidade de estabelecer um quadro legal e normativo sobre o funcionamento dos órgãos do estado. 2.2.2. Política do ordenamento territorial Segundo a resolução nº18/2007 de 30 de Maio, aprova que: a política de ordenamento do território estabelece que as actividades de ordenamento territorial sejam sempre executadas no quadro das políticas sectoriais numa base consensual e por coordenação das acções e estratégias visando o desenvolvimento socioeconómico através do uso sustentável da terra e dos recursos naturais da terra, considerando as formas existentes de povoamento e ocupação de espaço. A Política de Ordenamento do Território conduz o ordenamento territorial através de: 23 “… Um conjunto de directivas que permitem ao governo por processo de concertação, integração e participação a todos os níveis, definir os objectivos gerais a que devem obedecer os instrumentos de ordenamento territorial, para alcançar uma melhor distribuição das actividades humanas no território, a preservação de zonas de reservas naturais e de estatuto especial e assegurar a sustentabilidade do desenvolvimento humano e o cumprimento dos tratados e acordos internacionais, no âmbito territorial. A política de ordenamento do território, considera o conhecimento da realidade física, geográfica, social, económica e cultural do país, em todos os seus aspectos, como base segura e objectiva, para definir as linhas mestras da actividade do ordenamento do território…”. (resolução nº18/2007 de 30 de Maio) A política de ordenamento do território, assenta na necessidade da contribuição para uma gestão sustentável dos recursos naturais e humanos do país, através da compatibilização das políticas sectoriais e a coordenação do planeamento das várias escalas geográficas para o melhoramento da qualidade de vida dos cidadãos assegurando a sustentabilidade dos recursos naturais. Contudo e de salientar que, a política do OT tem como foco primordial, a satisfação da colectividade assegurando o desenvolvimento sustentável. A política reconhece que para a materialização deste objectivo, bem como dos princípios e directivas, a necessidade de, entre outras acções, estabelecer o enquadramento jurídico do ordenamento territorial através da elaboração da lei do ordenamento territorial e da respectiva regulamentação. 2.2.3. Lei de ordenamento territorial A lei n° 19/2007 de 18 de Julho, lei de Ordenamento do Território publicada na 1ª série do B.R. n° 29 de 18 de Julho de 2007 foi aprovada ao abrigo do preceituado no nº 1 do art. º 179 da Constituição da República. A lei de Ordenamento do Território faz em conformidade com os princípios e objectivos gerais e específicos o enquadramento jurídico da Política de Ordenamento do Território, para que se alcancem, como objectivos essenciais, o aproveitamento racional e sustentável dos recursos naturais, a preservação do equilíbrio ambiental, a promoção da coesão nacional, a valorização dos diversos potenciais de cada região, a promoção da qualidade de vida dos cidadãos, o equilíbrio entre a qualidade de vida nas zonas rurais e nas zonas urbanas, o melhoramento das condições de habitação, das infra-estruturas e dos sistemas urbanos, a segurança das populações vulneráveis a calamidades naturais ou provocadas. 24 2.2.4. Regulamento da lei do ordenamento territorial O decreto nº 23/2008 de 1 de Julho, aprova o Regulamento da Lei de Ordenamento do Território, publicada na 1ª série do B.R. nº 26 de 1 de Julho de 2008, foi aprovada ao abrigo do preceituado na lei n o 19/2007 de 18 de Junho, procedeu ao enquadramento jurídico da Política do ordenamento do Território da República de Moçambique e estabeleceu as bases legais do regime dos instrumentos de ordenamento do território nacional. O referido decreto estabelece as medidas e procedimentos regulamentares que asseguram a ocupação e utilização racional e sustentável dos recursos naturais, a valorização das diversas potências de cada região, das infra-estruturas, dos sistemas urbanos e a promoção da coesão nacional e segurança das populações. 2.2.5. Regulamento do solo Urbano O decreto no 60/2006 de 30 de Dezembro, aprova o Regulamento do Solo Urbano, havendo necessidade de regulamentar a Lei de Terras na parte respeitante ao regime de uso e aproveitamento da terra nas áreas de cidades e vilas, o Conselho de Ministros, no uso das competências que lhes são conferido pela alínea f) do no 1 do art. 204, da Constituição da República,conjugado com o disposto no art. 33 da Lei nº 19/97, de 1 de Outubro. O regulamento aplica-se as áreas de cidades e vila legalmente existentes e nos assentamentos humanos ou aglomerados populacionais organizados por um plano de urbanização. 2.3. Objectivos do Ordenamento Territorial Segundo (art.º 2 da lei n o 19/2007 de 18 de Julho) - A presente Lei tem por objecto; a) Criar um quadro jurídico-legal do ordenamento do território, em conformidade com os princípios, objectivos e direitos dos cidadãos consagrados na Constituição da República; b) Materializar, através dos instrumentos de ordenamento territorial, a Política de Ordenamento Territorial. 25 2.4. Princípios do Ordenamento Territorial Segundo o (art.º 4 da lei n o 19/2007 de 18 de Julho), o processo de ordenamento do território obedece os seguintes princípios: a) Princípio da sustentabilidade e valorização do espaço físico, assegurando a transmissão às futuras gerações de um território e espaço edificado, e devidamente ordenado; b) Princípio da participação pública e consciencialização dos cidadãos, através do acesso à informação, permitindo assim a sua intervenção nos procedimentos de elaboração, execução, avaliação, bem como na revisão dos instrumentos de ordenamento territorial; c) Princípio da igualdade no acesso à terra e aos recursos naturais, infra-estruturas, equipamentos sociais e serviços públicos por parte dos cidadãos, quer nas zonas urbanas quer nas zonas rurais; d) Princípio da precaução, com base no qual a elaboração, execução e alteração dos instrumentos de ordenamento territorial deve priorizar o estabelecimento de sistemas de prevenção de actos lesivos ao ambiente, de modo a evitar a ocorrência de impactos ambientais negativos, significativos ou irreversíveis, independentemente da existência da certeza científica sobre a ocorrência de tais impactos; e) Princípio da responsabilidade das entidades públicas ou privadas por qualquer intervenção sobre o território que possa ter causado danos ou afectado a qualidade do ambiente e assegurando a obrigação da reparação desses mesmos danos e a compensação dos prejuízos causados à qualidade de vida dos cidadãos; f) Princípio da segurança jurídica como garantia de que na elaboração, alteração e execução dos instrumentos de ordenamento e de gestão territorial sejam sempre respeitados os direitos fundamentais dos cidadãos e as relações jurídicas validamente constituídas, promovendo-se a estabilidade e a observância dos regimes legais instituídos; g) Princípio da publicidade dos instrumentos de ordenamento territorial, através da sua publicação no Boletim da República, afixação nos locais de estilo das administrações distritais e das autarquias e por outros meios de publicidade, para amplo conhecimento dos cidadãos. 26 2.5. Importância do ordenamento do território (ARTIGO 5) O ordenamento do território visa assegurar a organização do espaço nacional e a utilização sustentável dos seus recursos naturais, observando as condições legais, administrativas, culturais e materiais favoráveis ao desenvolvimento social e económico do país, à promoção da qualidade de vida das pessoas, à protecção e conservação do meio ambiente. Garantir o direito à ocupação actual do espaço físico nacional pelas pessoas e comunidades locais, que são sempre consideradas como o elemento mais importante em qualquer intervenção de ordenamento e planeamento do uso da terra, dos recursos naturais ou do património construído; Requalificar as áreas urbanas de ocupação espontânea, degradadas ou aquelas resultantes de ocupações de emergência; Identificar e valorizar as potencialidades de actividade económica, social e cultural da população rural, visando a sua maior e melhor inserção nos sectores mais dinâmicos da economia nacional, para que se obtenha uma maior produtividade para benefício directo das próprias comunidades em cujo território se identifiquem tais potencialidades; Preservar o equilíbrio ecológico da qualidade e da fertilidade dos solos, da pureza do ar, a defesa dos ecossistemas e dos habitats frágeis, das florestas, dos recursos hídricos, das zonas ribeirinhas e da orla marítima, compatibilizando as necessidades imediatas das pessoas e das comunidades locais com os objectivos de salvaguarda do ambiente; Defender, preservar e valorizar o património construído e da paisagem natural ou transformada pelo Homem; Compatibilizar e articular as políticas e estratégias ambientais e de desenvolvimento socioeconómico respeitando as formas actuais de ocupação do espaço; Optimizar a gestão dos recursos naturais para que o seu uso e aproveitamento bem como a defesa e a protecção do meio ambiente, se processe com a estrita observância da Lei; Gerir os conflitos de interesses, privilegiando sempre o acordo entre as partes salvaguardando os direitos de ocupação das comunidades locais. Idem, art.º 5 27 2.6. Sistemas de planeamento em Moçambique De acordo com BATTINO (2000:6) a Política de Ordenamento do Território de 2007, que conduz o ordenamento territorial do país, inspira-se na Lei de Bases da Política do Ordenamento do Território e do Urbanismo português de 1998. Em Moçambique independente, o sistema de planeamento urbano e territorial teve início na década de oitenta, aquando da 1ª Reunião Nacional de Planeamento Urbano, em que foram definidos os tipos de intervenções prioritárias necessárias. O programa apoiado pelo Instituto Nacional de Planeamento Físico (INPF) constatou a necessidade da preparação, aprovação e implementação dos Planos Físicos e Planos de Intervenções Prioritários, o ordenamento urbano, a capacitação humana, material e financeira dos órgãos locais responsáveis pela gestão urbana. Sob a direcção do INPF previu-se a existência de três tipos de planos: os planos de intervenções prioritárias, o plano de estrutura e os planos parciais de urbanização. Foram elaborados guias de orientação para o uso dos terrenos urbanos bem como normas destinadas aos técnicos e profissionais designados de “guião metodológico para os técnicos médios de planeamento físico” cuja ênfase foi dado aos planos parciais de urbanização e as normas de uso de solo e infra-estruturas. Em Moçambique, com a independência a terra passou a pertencer ao Estado. O direito de uso e aproveitamento de terra (DUAT) constitui-se sobre a superfície do terreno delimitado e o espaço aéreo correspondente. A Lei de Terra de 2007 reafirmou os direitos dos residentes, concedendo a qualquer cidadão que tenha ocupado um pedaço próprio de terra durante dez anos o direito de continuar a ocupá-lo. 2.6.1. Instrumentos de ordenamento territorial ao nível autárquico Estabelecem-se os programas, planos, projectos de desenvolvimento e o regime de uso do solo urbano de acordo com as leis vigentes. (artigo 9/4º, Lei nº19/2007 de 18 de Julho): a) Planos de Estrutura Urbana – que estabelecem a organização espacial da totalidade do território do município ou povoação, os parâmetros e as normas para a sua utilização, 28 tendo em conta a ocupação actual, as infra-estruturas e os equipamentos sociais existentes e a implantar e a sua integração na estrutura espacial regional. b) Os Planos Gerais e Parciais de Urbanização – que estabelecem a estrutura e qualificam o solo urbano, tendo em consideração o equilíbrio entre os diversos usos e funções urbanas, definem as redes de transporte, comunicações, energia e saneamento, os equipamentos sociais, com especial atenção às zonas de ocupação espontânea como base sócioespacial para a elaboração do plano. c) Os Planos de Pormenor – definem com pormenor a tipologia de ocupação de qualquer área específica do centro urbano, estabelecendo a concepção do espaço urbano dispondo sobre usos do solo e condições gerais de edificações, o traçado dasvias de circulação, as características das redes de infra-estruturas e serviços, quer para novas áreas ou para áreas existentes caracterizando as fachadas dos edifícios e arranjos dos espaços livres. Em Moçambique, o decreto nº 23/2008, Regulamento da Lei de Planeamento Territorial no seu Artigo 7, Hierarquização e complementaridade, estabelece a hierarquização dos planos, e institui a obrigatoriedade da elaboração de planos de nível Distrital e Autárquico e no Artigo 8, Prazos para início elaboração e conclusão dos instrumentos de ordenamento territorial, estabelece um prazo de dois anos para o início da elaboração dos planos e também prevê que os planos: A nível autárquico são elaborados pelos técnicos municipais, ou instituições externas, mas mandatados e aprovados pelas assembleias municipais, sob proposta da administração e do presidente do município. 2.6.2. Direito de participação Segundo (art. º 22 do n º 1, 2, 3, 4, 5, da lei 19/2007 de 18 de Julho) prevê o direito de participação no processo de ordenamento do território onde: Todos os instrumentos de ordenamento territorial são submetidos à prévia apreciação pública. 29 Todos os cidadãos, comunidades locais e pessoas colectivas, públicas e privadas, têm o direito de colaborar nas acções de ordenamento do território, participando na elaboração, execução, alteração e revisão dos instrumentos de ordenamento territorial. As comunidades locais, em articulação com os órgãos locais do Estado, participam na elaboração dos instrumentos de ordenamento territorial, nos termos da legislação aplicável. O direito de participação compreende o pedido de esclarecimento, a formulação de sugestões e a intervenção pública. As entidades públicas responsáveis por todo o processo de elaboração dos instrumentos de ordenamento territorial, no âmbito das suas competências, devem divulgar publicamente todas as suas fases. 2.6.3. Assistência técnica Segundo o PP (2011:9) para operacionalização do plano, devera estabelecer-se uma equipa de assistência técnica composta por um técnico superior ou médio de planeamento físico, um topógrafo e um técnico médio Hidráulico, com conhecimentos e funções de desenho e supervisão de construções de rede de drenagem de água pluviais. 2.7. Urbanização em Moçambique Em Moçambique a nível institucional, fala-se de áreas urbanas e não de espaço urbano. O Boletim da República (BR), I Série, n o 16, de 1987, do Ministério da Administração Estatal MAE (2002) classifica as áreas urbanas como base no desenvolvimento económico dos centros urbanos. Esta definição leva em consideração aspectos políticos, económicos, sócias e culturais, além da densidade populacional, número e tipo de indústrias, grau de desenvolvimento de actividades comercias, educação e saneamento. (WORD BANK STAFF & MUZIMA, 2009) Conforme o Ministério para Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) actualmente Ministério de Terra, Ambiente e Desenvolvimento Rural (MITADER), as áreas de urbanização correspondem á áreas dos municípios, aldeias e sedes dos postos administrativos e localidades, instituídas por lei (Boletim da República, de 30 de Maio e 18 de Junho 2007). 30 A Política de Ordenamento do Território classifica as áreas urbanas tendo em consideração a sustentabilidade de centros urbanos em termos de uso de solo, saneamento e ambiente, desenvolvimento de infra-estrutura de transporte e comunicação e condições de alojamento. (WORD BANK STAFF & MUZIMA 2009, p.25) Segundo estes autores, a classificação do MICOA procura (i) promover a sustentabilidade das áreas urbanas; (ii) melhorar a gestão dos terrenos urbanos entre as municipalidades e a administração central; (iii) garantir um melhor planeamento pra o desenvolvimento das cidades. (Word bank staff & Muzima, 2009, passin) Para o MICOA, parece que tudo é área urbana. Trata-se, contudo, de uma definição imprecisa. Instituto Nacional de Estatística (INE) define as áreas urbanas a partir das áreas de enumeração, que são as menores unidades de estratificação da amostra do recenseamento (INE, 1997) A grande diferença entre o MAE e INE é que o INE engloba todas as vilas, como áreas urbanas, enquanto o MAE engloba apenas aquelas que se tornaram municípios. Segundo MALOA, (2013) certo ou não, a definição delas (isto e, das áreas urbanas) em Moçambique revela facetas ambíguas e contraditórias, que remete a ausência de um critério operacional que seja padrão, de modo que a instituições públicas estatais que trabalham com questões urbanas possam de faro cooperar. Nas palavras de FANON (2005), pode-se afirmar que é uma urbanização “ cortada em dois” que Milton Santos chama de urbanização desigual: por outro lado organizados em planta ortogonal, nítida de avenidas e ruas expressas, com diversos edifícios verticais, por outro lado, bairros aparentemente desorganizados, sem infra-estrutura urbana, apresentando uma teia de ruas estreitas, tortuosas, caminhos, vielas e avenidas de terra batida, desniveladas e insalubres, sem qualquer plano de ordenamento definido, que se expandem em residências horizontais não consolidadas, com ausência de espaços públicos, ma qualidade ambiental. 31 2.7.1. Urbanização e Crescimento populacional A urbanização não só é um fenómeno recente, como também, crescente e, cada vez mais globalizado, como ressalta SANTOS (2008), estando associada ao processo industrial e de modernização da sociedade e ao desenvolvimento do capitalismo. Trata-se de fenómeno mundial, pois a proporção de pessoas que vivem em cidades cresce a cada ano, tanto em países desenvolvidos, como em países em desenvolvimento (SPERANDELLI et al., 2013, p.15). Em 2014, segundo o Relatório Perspectivas da Urbanização “World Urbanization Prospects”, produzido pela Divisão das Nações Unidas para População do Departamento dos Assuntos Económicos e Sociais (DESA), mais de 54% da população do planeta já vivem em cidades e as projecções para 2050 são de um percentual de 66% (UNRIC, 2014) As cidades configuram-se como polos de atracção, desde tempos remotos, devido ao seu papel aglutinador de actividades comerciais, de serviços, industriais e culturais. A concentração de pessoas em núcleos urbanos está presente na maioria das regiões, acarretando preocupações sociais e ambientais, já que o crescimento populacional está relacionado a maior demanda por recursos, como água, energia, terras, ao aumento da poluição tanto do ar, como das águas e solos e, ainda, à ocorrência de mais contrastes sociais, em que a rede de serviços básicos não atende a todos igualmente. Segundo a MMA (2014) a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2012, na cidade do Rio de Janeiro, conhecida mais amplamente como Rio +20, frustrou diversas expectativas. Entretanto, por menores que tenham sido os avanços, permanece na agenda a renovação, em diferentes níveis, dos desafios e compromissos com a sustentabilidade no sentido amplo e abarcando variadas dimensões. Os impactos ambientais da expansão urbana incluem a perda de vegetação dentro e nos arredores das cidades, o desaparecimento de importantes habitats, queda da qualidade da água e aumento da demanda por água, maior frequência de inundação, devido à impermeabilização do solo e redução da drenagem, aumento dos custos de manutenção para a administração municipal, e perda de terras agrícolas (SPERANDELLI et al., 2013, p.17). 32 Em um primeiro momento, o processo de urbanização, discutido por SANTOS (2008), teve uma abordagem mais voltada para os aspectos económicos e sociais. Mais recentemente, o factor se ampliou para as questões ambientais e as relações sociedade e natureza. 2.8. Implicações de ocupação desordenada na área urbana Segundo MELLO (2002), o crescimento do município se estabelece paralelo a um processocrescente de degradação ambiental, onde são praticadas constantemente agressões contra a boa climatização, a correta drenagem, as áreas verde, os cursos hídricos e a topografia original. O aumento da taxa de urbanização está ligado ao decréscimo da população rural, que apesar de sua importância para a economia do município, tem-se tornado proporcionalmente menor se comparada à população urbana. Segundo COELHO, et al., (2011) outro factor que contribui para o aumento da população urbana é a incorporação de áreas rurais pelo perímetro urbano, isto acontece principalmente devido a mudanças nas funções desempenhadas por estas áreas. Esse aumento da população urbana trouxe consigo a necessidade de expansão do território urbano do município, com a construção de residências, aberturas de novas ruas, assim sem que houvesse medidas de compensação, iniciou o processo de alteração da paisagem, a formação de áreas degradadas, a perda e fragmentação da cobertura vegetal, modificando o habitat natural, os micros habitats, os processos biológicos, interferindo na fauna e flora e afugentando os animais. As transformações promovidas pela expansão da área urbana do município, podem ser percebidas também através do aumento da densidade demográfica. A formação de uma cidade, conforme COELHO (2004) se dá pela necessidade inerente ao ser humano de se associar, se inter-relacionar e se organizar em torno do bem-estar comum. A vida urbana oferece uma diversidade de opções que contribui para o aumento dessa necessidade humana, o que resulta em grandes aglomerados urbanos. Essa aglomeração não está proporcionalmente relativa à capacidade de suporte do meio ambiente e o resultado são impactos ambientais que atingem o próprio homem. 33 TUNDISI, (2003) o ciclo hidrológico é impactado principalmente pela rápida taxa de urbanização. Consequentemente a população e o meio ambiente sofrem esse impacto na forma de adoecimento e de mudanças fundamentais na drenagem que favorecem enchentes, deslizamentos e desastres resultantes do desequilíbrio no escoamento das águas. Ocupação desordenada do solo A complexidade formada por espaço urbano e cidade não pode dispensar um planeamento urbano bem definido, estruturado e abrangente que de forma multissectorial leve em conta o homem e o meio ambiente nos aspectos económicos, sociais, físico-territoriais, ecológicos e administrativos. De acordo com MOTA (1999:15), vem que o objectivo dessa visão multissectorial conserva tanto os recursos ambientais como proporciona uma justa qualidade de vida. GROSTEIN (2001), afirma que o avanço, escala e velocidade da urbanização não constituem problemas em si, a não ser pelo modo como ocorrem. Analisamos a participação do poder público nas obras estruturais de urbanização da cidade e as políticas públicas voltadas para o crescimento demográfico e a urbanização que é o fenómeno caracterizado pela concentração cada vez mais densa de população em aglomerações de carácter urbano. Estas análises nos levaram a uma tomada de posição sobre a influência do crescimento urbano na ocorrência de acidentes ambientais causados pela impermeabilização do solo. A ocupação desordenada do solo expõe uma diversidade de problemas. Esses autores analisam estes problemas quer seja por planeamento inadequado, inexistência de planeamento ou omissão do poder público, definindo como resultados (ANDREOLI et al., 2003 p.72): Alteração do regime de produção: a impermeabilização do solo impede a infiltração da água, acentuando os problemas da erosão urbana e aumentando os picos de cheia. Por outro lado, a minimização da recarga nos solos, reduz a disponibilidade de água nos períodos de baixa precipitação. 34 Ausência de infra-estrutura básica: a falta de colecta e tratamento de esgotos e a disposição inadequada de resíduos leva contaminantes aos rios, que têm a qualidade da água comprometida, o que dificulta a potabilização da água. 2.9. Contributo dos sistemas de informação geográfica (SIG) no planeamento territorial O Homem vem transformando a natureza ocupando espaços de várias formas sem tomar atenção nas consequências que podem ocorrer numa determinada época fase as mudanças climáticas. As tecnologias de SIG são de muita relevância para o estudo das dinâmicas de ocupação da terra, com esses instrumentos é possível fazer monitoramento espaciais e planos de requalificação urbana ou de um bairro na base do zoneamento. Neste sentido, a preocupação com a conservação e manutenção dos bens e serviços oferecidos pelos sistemas naturais aliados aos avanços tecnológicos de observação da terra, tornam possíveis avaliações amplas e integradoras capazes de suprir as necessidades de informações actualizadas para a tomada de decisões. (ANDERSON et al., 1979 p.31) KELLER, (1969) ao retratar as formas e a dinâmica de ocupação da terra, esses estudos também representam instrumento valioso para construir indicadores ambientais e para avaliar da capacidade de suporte ambiental, diante dos diferentes manejos empregados na produção, contribuindo assim para identificar de alternativas promotoras da sustentabilidade do desenvolvimento. Segundo SILVA (2003:52) as técnicas de cartografia, bem como as teorias de ciências sociais e meio ambiente perimiram a produção de mapeamentos temáticos apresentados de forma compreensível. Para administradores municipais e técnicos de planeamento urbano, a tecnologia de geoprocessamento torna-se indispensável como instrumento de leitura das cidades, dando suporte a processos de análise espacial suas implicações no espaço intra-urbano contemporâneo, considerando a complexidade que o define. 35 Neste contexto para fazer o ordenamento territorial é preciso ter em conta a análise espacial para subsidiar a tomada de decisão, para a intervenção no espaço urbano em outras palavras na definição de políticas que regulam o uso e a ocupação do espaço com isso o SIG é uma ferramenta muito importante para actuar nesta área de ordenamento do território. 36 CAPITULO III: DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO No presente capítulo desenvolveram-se aspectos da localização e enquadramento geográfico do local do estudo vai envolver também os aspectos físicos-naturais e sócio-económicos, infra- estruturas e saneamento do meio. 3. 1. Enquadramento geográfico do bairro de N’coripo O distrito de Montepuez esta localizado na parte sul da província de Cabo delegado a 210 km da capital provincial (Pemba), confinado a norte com o distrito de Mueda, a sul com os distritos de Namuno e Chiure, a Leste com os distritos de Ancuabe e Meluco e Oeste com os distritos de Balama e Mecula, Este da província de Niassa. (MAE, 2011) O distrito de Montepuez é a segunda maior cidade da província de Cabo Delgado, com uma superfície de cerca de 7.900 hectares e uma população de 76.193 segundo os dados do senso de 2007. Nos últimos anos tem-se verificado um crescimento populacional que tem vindo a alterar substancialmente a organização do espaço. (INE, 2007) O bairro encontra-se inserido na província de Cabo delegado concretamente no distrito Montepuez a 3.90 km do centro urbano tendo os seguintes limites: Norte --------------Unidade N’Nare; Sul------------------Unidade Nauwa; Este-----------------Unidade Jeha; Oeste----------------Bairro de Niuhula. 37 Mapa 1: Localização do bairro de N’coripo Fonte: Autor a partir de ArcMap projecção_UTM_Zone_36S (2018) 3.2. Aspectos físicos naturais 3.2.1. Clima Segundo MAE, (2005:2) Climaticamente a região e dominada por climas do tipo semi-árido e sub-húmido seco. A precipitação média anual varia de 800 a 1200 mm, enquanto a evaporação potencial de referência (ETo) esta entre os 1300e 1500 mm. A precipitação média anual pode contudo, mais perto do litoral exceder os 1500 mm, tomando-se o clima do tipo sub-húmido chuvoso. Em termos de temperaturas médias excedem os 25 o C, embora em geral a temperatura média anual varie entre os 20 e 25 o C. 38 3.2.2. Relevo O local regista um relevo ondulado, interrompido pelas formações rochosas dos “inselbergs”. Fisiograficamente a área e constituída por uma zona planáltica baixa que, gradualmente passa um relevo mais dissecado com encostas mais declivosas intermédias, zonas sub-planáltico de transposição. (Idem) Pois, no bairro de N’corripo o escoamento superficial e lento e difuso para além de poder beneficiar da contribuição do fluxo de água subterrânea, principalmente onde cujo depósitos apresentam textura grosseira e arenosa. Esta unidade de terreno é ainda caracterizada em áreas mais planas. Os tipos de encostas superiores do interflúvios são dominados por complexos de solo vermelho e alaranjados (Rhodic Ferralsols, Chromic Luvisols), e amarelos (Haplic Lixisolos e Haplic Ferrasols). A textura do solo apresenta uma textura média a pesado, sendo profundo, Bem a moderadamente bem drenado. Nas encostas intermédias os solos variam de cor, desde com cores pardo-acastanhada a castanhos-amareladas, moderadamente bem drenados, com textura argilosa. 3.3. Infra-estruturas O bairro conta com infra-estruturas ligadas a área da educação nomeadamente a Universidade Pedagogia, Escola primaria do 1º e 2º Grau de N’coripo, quanto as estradas terciarias, ainda prevalece o problema de falta de fundos para as deixar transitáveis também conta com uma expansão de fornecimento de água potável que não e abrangente a toda população apenas favorece a minoria, a situação de fornecimento de energia eléctrica ainda é um processo, visto que a energia é de fraca qualidade. 3.3.1. Habitação Predomina casas não convencionais com cobertura de capim e pares de adobe, sem nenhuma pavimentação no chão e sem abastecimento de água, mas com latrinas. Contudo existem algumas casas em alvenaria revelando um certo status económico. Há um esforço no sentido individual de 39 electrificação da habitação na periferia a área habitacional, encontra-se circundada por habitações unifamiliares tanto em material precário como em material misto. No que concerne ao ordenamento físico, verifica-se há certo ordenamento do espaço com arruamentos ortogonais e regulares e uma definição não muito clara dos talhões e das construções, porem verifica-se também áreas de ocupação desordenada motivada pelo aumento constante da população que nos últimos anos tem-se verificado neste município, motivados pelo deficiente acompanhamento. Figura 1: Imagem da dinâmica ocupacional do Bairro de N’coripo 2014-2017. Fonte: Google earth, 2018 40 3.3.2. Saneamento do meio Não existe nenhuma informação sistemática sobre os tipos de saneamento usados no bairro de N’coripo e a sua cobertura, mas de uma forma geral pode-se dizer que as casas construídas de material convencional têm fossas sépticas, enquanto as casas de material precário usam as latrinas melhoradas e tradicionais sendo que a gestão dos resíduos sólidos é individual, com aterros ou queimadas nos quintais, uma vez que o CMCM não faz a colecta de resíduos sólidos neste bairro. Quanto a drenagem de águas pluviais, ela acontece naturalmente devido ao desnível do terreno e sem nenhuma infra-estrutura (valas de drenagem) para o seu encaminhamento. 3.4. Economia Na área em consideração, o uso do solo consiste essencialmente na actividade agrícola de subsistência familiar. A maioria da população desta área pratica agricultura de subsistência, recorrendo-se para tal a instrumentos tradicionais tais como enxadas de cabo curto, catanas, machados, ancinhos entre outro e quanto aos produtos mais cultivados podemos encontrar a mandioca, o amendoim, o milho e feijão. A agricultura é a actividade predominante e envolve quase todos os agregados familiares. De um modo geral, a agricultura é praticada manualmente em pequenas explorações familiares sem regime de consociação de culturas com a base em variedades locais. A produção agrícola é feita predominantemente em condições de sequeiro, nem sempre bem- sucedida, uma vez que o risco de perda das colheitas e alto, dada a baixa capacidade de armazenamento de humidade no solo durante o período de acrescento das culturas. 41 CAPITULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS Esse capítulo é apresentado os dados colectados no âmbito da pesquisa e receberam um tratamento no que concerne com os objectivo traçados de modo a ir ao encontro ao esclarecimento do problema da presente monografia. 4.1. Codificação da amostra Tabela 2. Codificação da amostra Residentes do Bairro RB Técnicos do Planeamento Físico TPF Chefe da Fiscalização CF Secretário do Bairro SB Fonte: autor, 2018. 4.2. Factores para a ocupação desordenada do território no bairro de N’coripo 4.2.1. Crescimento demográfico Segundo os dados obtidos pelo autor levou-se a reflectir sobre o crescimento da população na cidade de Montepuez assim como no bairro de N’coripo, é de salientar que a partir do censo de 2007 a cidade registou-se cerca de 76.193mil habitantes e em 2017 estimou-se cerca de 93.602 mil. No bairro de N’coripo obteve-se os seguintes dados em 2007 que registou-se um número de 5.533 e em 2017 de 10.219mil habitantes. (ver o gráfico) 42 Gráfico 1. Crescimento da população na cidade de Montepuez e o bairro de N’coripo Fonte: adaptado pelo autor, 2018. 4.2.2. A Fiscalização Para saber como é que funciona o processo da fiscalização no bairro de N’coripo referente a ocupação desordenada dos espaços foram envolvidos aqui os seguintes autores: CF, TPF, RB e SB. Esse que responderam as questões representados à abaixo. Questão 1: Quantos casos de irregularidades já foram registados relacionados com o ordenamento do território? Perante a entrevista no envolvimento do 1-CF e 2-TCF (100%) constatou-se que são reportados vários casos a cerca das irregularidades por ano em 2014 até 2017, são estimados aproximadamente dentre 300 a 360 casos a nível de todo município. Tabela 3: Apresentação da percentagem das respostas da questão 1. Respostas Pessoas envolvidas (Pe) Frequência Relativa (fr) % - São reportados vários casos a cerca das irregularidades entre 2014 a 2017 varia entre 300 a 360. 3,0 100,0 Total 3,0 100,0 Fonte: Adaptado pelo autor (2018) 0 20 40 60 80 100 0-1996 2007 2017 h a b it a n te s/ m il Evolução da população Municipio de Montepuez Bairro de N'coripo 43 Questão 2: Qual é a frequência da fiscalização no bairro de N’coripo? Indo ao encontro da resposta foram envolvidos na entrevista 4 personalidades dos quais: 1-CF, 1- SB e 2-TPF que representam 100%, dos quais funcionários do conselho municipal e como resposta todos afirmaram não haver frequências nas actividades de fiscalização por menor número de fiscais onde foram identificados quatro (4), esses que respondem a todo município. Tabela 4: Apresentação da percentagem das respostas da questão 2 Respostas Pessoas envolvidas (Pe) Frequência Relativa (fr) % - Não há frequência nas actividades de fiscalizações, isso porque o número dos fiscais é muito reduzido. 3,0 75,0 - Todos os dias. 1,0 25,0 Total 3,0 100,0 Fonte: Adaptado pelo autor, (2018) No atinente à frequência de fiscalização notou-se que não há fiscalização no bairro de N’coripo relacionado ao ordenamento do território, uma vez que o acompanhamento técnico apenas e realizadas nos primeiros dias para a legalização de licença da construção. Questão 3 : Alguma vez já recebeu fiscais do Conselho Municipal na sua residência? Para responder essa questão foram envolvidos 46 residentesdo bairro de N’coripo que representa a 100% dos residentes envolvidos no questionário e obteve-se os seguintes dados em que 20 que correspondem 44.44% responderam que sim e os restantes 26 que correspondem 55.56% responderam não terem recebido fiscais do CMCM na sua residência, como esta ilustrado no gráfico a seguir: 44 Gráfico 2: Alguma vez já recebeu fiscais do conselho municipal na sua residência? 43.48% 56.52% Sim Não Alguma vez já recebeu fiscais do conselho municipal na sua residência? % da resposta Fonte: Adaptado pelo autor, (2018) Conforme o gráfico 2, a maioria dos residentes do bairro uma representação de 56.52% declaram não receber técnicos da fiscais do CMCM e que apenas disseram terem tratado de assuntos relacionadas com a licença de construção e não sobre os limites de ocupação do espaço. (Ver as implicações nas fotos a seguir) Figura 2 e 3: Ruas que surgem a partir de aumento singular de talhões (esquerda) e casas por baixo de rede eléctrica (direita). Fonte: Capturada pelo autor, 2018. 45 Contudo observar-se que a falta da seriedade na fiscalização contribui plenamente na dinâmica do desordenamento do território nas zonas de expansão do bairro de N’coripo, este fenómeno que é influenciado pelos residentes locais as vezes por falta de conhecimento, onde seguem o alinhamento do vizinho alastrando-se cada vez mais, outros por negligência e por falta de intervenção por parte da instituição competente. 4.2.3. Capacidade técnica- institucional Em relação aos recursos humanos foram envolvidos os TPF e CF, dada a entrevista responderam as seguintes questões: Questão 4: Qual é o número do pessoal técnico afecto na área de planeamento? É de salientar que na área do planeamento estão afecto apenas quatro (4) esse que respondem para todo o município nomeadamente: Tabela 5. Apresentação dos técnicos afectos no CMCM na área do planeamento Nr o Função Nível académico 1 Arquitecto e Planificador Nível Superior 1 Topógrafo Nível médio 2 Planeamento físico e ambiente Nível médio Fonte: Adaptado pelo autor (2018) O técnico de arquitectura encontra-se a prestar serviços na área de planificação por falta do pessoal dado o número reduzido dos funcionários. Neste contexto tendo em contas as respostas dadas é de notar que há défice de técnicos para esta actividade comparando com a demanda de espaços e as dinâmicas do crescimento populacional seja no bairro assim como a nível do município, visto que apenas um (1) técnico este vinculado para resolver as preocupações da população no bairro de N’coripo. Pois os técnicos estão capacitados para exercer as suas actividades mas o problema esta na capacidade de suportar o número dos habitantes pois o número dos técnicos e bastante reduzido. 46 Questão 5: Quais são os equipamentos/instrumentos existentes na instituição para a monitoria os planos de ordenamento do território (planos, meios circulantes e tecnológicos)? Questão colocada na entrevista, à 2-TPF (100%) quanto as respostas obtidas sobre os equipamentos e instrumentos existentes na instituição do pessoal envolvido dos diferentes sectores obteve-se os seguintes resultados: Tabela 6: Apresentação da percentagem das respostas do TPF para a questão 5. Respostas Pessoal envolvido (Pe) Frequência Relativa (fr) % - GPS, teodolito, estacas, mira falante, fita, marcos, SIG (Google earth) e apenas uma (1) viatura. 2,0 100,0 Total 2,0 100,0 Fonte: Adaptado pelo autor (2018) Com a reposta dada pelos técnicos, tudo indica que no CMCM, existem instrumentos e equipamentos para a realização das actividades de monitoria aos planos de ordenamento do território. A mesma questão foi também colocada na entrevista ao 1-CF (100%) ver na tabela a seguir. Tabela 7: Apresentação da percentagem da resposta do CF para a questão 5. Resposta Pessoal envolvido (Pe) Frequência Relativa (fr) % - Os meios disponíveis para actividades na área de fiscalização existem apenas uma (1) motorizada e uma (1) viatura. 1,0 100,0 Total 1,0 100,0 Fonte: Adaptado pelo autor 2018 No atinente aos meios circulantes foi respondida a 100% que existem dois, uma viatura e uma motorizada. É prescindível que torne difícil essa actividade uma vez que para exercer a 47 actividade necessita de muita circulação pelo bairro. Neste caso não existem meios circulantes suficientes para essa actividade. 4.3. A Percepção da população sobre os planos de ordenamento do território no bairro de N’coripo Questão 6: Como se faz a promoção de campanhas de sensibilização sobre o ordenamento do território para o bairro de N’coripo. Questão alocada para 2-TPF e 1-SB, onde procura-se saber como são feitas as campanhas de sensibilização, onde todo o pessoal envolvido que corresponde a 100% responderam que são feitas em consultas públicas, reuniões e a partir da estrutura da base do bairro. Tabela 8: Apresentação da percentagem da resposta da questão 6 Respostas Pessoal envolvido (Pe) Frequência Relativa (fr) % - Consultas públicas, reuniões e a partir da estrutura da base do bairro (secretário, líderes, chefes do bairro etc) 2,0 66,67 - Em reuniões do bairro e consulta pública. 1,0 33,33 Total 3,0 100,0 Fonte: Adaptado pelo autor (2018) Por tanto na ordem das ideias é de salientar segundo os dados que as campanhas de sensibilização sobre o ordenamento do território no bairro de N’coripo são feitas em consultas públicas, reuniões e a partir da estrutura da base do bairro (secretário, líderes, chefes do bairro etc) esses autores que tem um papel como os representantes do bairro. Questão 7: Os técnicos alguma vez já divulgaram os planos de ordenamento do território? Dos 46 residentes do bairro questionados que correspondem a 100%, dos quais 12 responderam que sim já foram divulgados os planos de Ordenamento do território que representam 26.67% e dos 33 na sua maioria que representam 73.33% responderam que não. (vide gráfico 3 48 Gráfico 3: Os técnicos alguma vez já divulgaram os planos de ordenamento do território? 26.67% 73.33% Sim Não Os técnicos alguma vez já divulgaram os planos de ordenamento do território? % da resposta Fonte: adaptado pelo autor, (2018) Observa-se que a maioria dos residentes nunca foram apresentados os planos e nem sabem o que é, contudo há fraca percepção dos mesmos para os residentes do bairro. Contudo, segundo os dados indica que os residentes do bairro de N’coripo a maioria deles nunca foram divulgados os planos de OT, mas os responsáveis (CMCM) têm realizado esforços para tal como maneira de transmitir as informações as comunidades, tudo o que indica é que há prevalência da fraca participação por parte da comunidade nos modelos da divulgação. Questão 8: Com quem fez a delimitação do seu espaço de residência? Dos 46 residentes do bairro questionados, 26 que perfazem a 56,52% responderam com ajuda dos técnicos do conselho municipal; 12 que perfazem a 26,09% responderam que terem recebido apoio com o secretário do bairro e 5 que perfazem a 10,87%, terem delimitado pessoalmente. (Vide a tabela). Tabela 9: Apresentação da percentagem da resposta do CF para a questão 8 Respostas Pessoal envolvido (Pe) Frequência Relativa (fr) % Técnico do conselho municipal 26 56,52 Secretário do bairro 12 26,09 Singular 5 10,87 Nenhum 0 0,0 Todos 3 6,52 Total 46 100,0 Fonte: Adaptado pelo autor (2018) 49 Tendo em conta a delimitação dos espaços e notável que os técnicos do CMCM têm feito a assistência na ocupação dos espaços nas zonas de expansão do bairro de N’coripo, mas essas actividades não abrange a todos residentes. 4.4. Opiniões e constrangimentos Questão 9: Que opinião deixa a autoridade para a melhoria do ordenamento territorial do bairro? Foram envolvidos todos 46 residentes
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