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POR UMA ECONOMIA POLÍTICA DA CIDADE

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A presente resenha tem como texto base o capítulo 5 da 2° edição do livro Por uma Economia Política da Cidade , escrito por Milton Santos, um dos intelectuais mais conhecidos no país, recebendo no ano de 1994, o Prêmio Vautrin Lud, o Nobel de Geografia, único brasileiro a receber esse Nobel. Ele exerceu as funções de geógrafo, escritor, cientista, jornalista, advogado e professor universitário brasileiro, falecendo na cidade de São Paulo no ano de 2001. 
O quinto capitulo carrega justamente o nome da obra, “Por uma Economia Política da Cidade” que aborda o processo de geração de riqueza, o qual se implica diversos fatores como produção, distribuição, demanda e consumo da sociedade. o quinto capitulo é marcado por nove subtópicos, que juntos contextualizam a discussão proposta pelo autor.
No primeiro subtópico, “Espaço e economia Política”, SANTOS (2009), vem ressaltando a definição de economia política, como um processo gerenciador de trabalho, investimentos, produção e distribuição, em uma concepção dialética que coloca o espaço apenas como o local de interação das classes sociais e o trabalho, para que “as coisas sejam conhecidas não apenas por seu valor absoluto, mas por seu valor relacional” (MILTON, pág 113, 2009). 
O segundo subtópico “Cidade e economia política”, vem relacionando o espaço da dinâmica social com a economia política, segundo SANTOS (2009), a economia política da urbanização não é a mesma coisa que a economia política da cidade, pois a primeira gera como consequência a divisão e caracterização social do território, ou seja, a divisão da cidade, ao passo que a segunda é o dinamismo de todo o espaço que compõe a cidade. Conhecer esses dois processos segundo o autor, é imprescindível para compreender a economia do país. 
No terceiro subtópico, “Urbanização e Socialização”, aborda-se como a urbanizações provocou a formação de grupos, isso porque a inclusão e a exclusão de pessoas em setores da sociedade, isolam os indivíduos em grupos, segundo o autor, essa é a explicação para a reprodução da classe trabalhadora. Porém, em contradição a isso, a criação de agencias e empresas diversas, faz como que haja a socialização econômica e de consumo entre esses, grupos. A outra ideia que o subtópico apresenta são acerca das crescentes necessidades de força produtiva e de produção, gerando assim mais um fator de sociabilidade. 
O quarto subtópico ‘Cidade e socialização Capitalista”, conceitua socialização capitalista como a “criação de capitais comuns, de meios coletivos à disposição do processo produtivo”, (SANTOS, pág. 118, 2009), segundo a obra a socialização acontece por que os empreendimentos são via de regra coletivos, e a capitalização desses empreendimentos são individuais. A	exemplo, ao de empreender na infraestrutura de uma cidade, obra é socializada pela comunidade do local, ao passo que o os lucros são transferidos a empresa que a realizou. 
Santos (2009), também subentende que a socialização capitalista que ocorre nas cidades, age como um fator de concentração (renda) e marginalização (exclusão de alguns grupos). Isso pode ser explicado ao se analisar as diferenças entre as infraestruturas de uma cidade, no centro, infraestruturas como hospital, escola, vias públicas e estabelecimentos são melhores e mais organizados que os que estão nas periferias, essa diferença acentua ainda mais a especulação territorial, onde alguns locais da cidade, geralmente as partes centrais e mais estruturadas, valem mais que as periféricas. 
O quinto subtópico, intitulado de “A divisão do trabalho e o espaço construído”, discute a relação entre a divisão social do trabalho e o espaço construído por ela, Santos (2009) explica que essa relação é a chave para se compreender como os espaços construídos pelo trabalho humano são distribuídos, a historicidade (heranças, sucessão e histórico econômico dos sujeitos) determinaram como eles tiveram seu trabalho categorizados anteriormente. 
Nos dias de hoje, a divisão do trabalho é distribuída em todo o território, dando assim as cidades um novo arranjo espacial. Outra reflexão do autor, é de que a permanência da divisão social do trabalho, que hoje transcende os limites da localidade, é consequência da inercia do Estado com sua falta de interesse em romper com as heranças do passado. 
O sexto subtópico desse capitulo “Valores de uso, valores de troca, valor diferencial do espaço”, assim como indica, retrata as diferenças nos valores de objetos e consumo de serviços pela cidade, que segundo Santos (p. 125, 2009), “[...] constitui em si mesma, o lugar de um processo de valorização seletiva”. Nos espaços centrais e bem localizados, os objetos e serviços costumam ter uma maior valorização, e consequentemente um preço mais elevado, ao passo que nas regiões mais afastadas e periféricas existe um processo de desvalorização e de queda nos valores, vale ressaltar que essa seletividade que causa a diferenciação dos valores, também implica na qualidade e modernidade dos objetos e dos serviços prestados. 
O sétimo subtópico “Sistemas hegemônicos e hegemonizados, interdependência e hierarquia”, aborda como a hegemonização do capitalismo contemporâneo acaba por criar uma dependência da grande parte da população da pequena parte dos donos dos meios de produção. Se no início do sistema econômico capitalista existiam muitos donos dos meios de produção com poucos empregados, hoje em dia esse panorama mudou, ao longo dos anos, de forma progressiva, viu-se a redução dos donos de produção e o aumento de empregados, o que implicou também em uma maior concentração de renda em detrimento da redução de renda dos empregados. 
No oitavo subtópico, “Questões de planejamento 1: Capital geral e Capitais particulares” a crítica de Milton Santos é a forma como o estado e os governos não discutem o capital geral tido como o capital total da cidade, e o capital particular de algumas pessoas, isso porque pessoas que detém um grande capital disfrutam de forma desigual do capital geral (social), ao passo que aqueles que não possuem capital, não tem a possibilidade de usufruir da mesma forma. Um exemplo são as boas infraestruturas que ficam nos centros das cidades, como cinemas, lojas e afins, por estar localizado em um território menos acessível é mais especulado, os valores dos produtos, serviços e suas qualidades são um obstáculo para a fração mais fragilizada e marginalizada. Sendo necessário uma intervenção do estado, através de planejamento urbano, para frear essa exclusão e seletividade desorganizada.
O nono é ultimo tópico, “Questões de planejamento 2: Estado Neoliberal e Política social da cidade”, traz um alerta, com a intensificação do estado neoliberal, as camadas mais empobrecidas irão se voltar contra o mesmo, podendo esse ser um fator de desordem e violência, nesse sentido, Santos (2009) afirma que dentro de poucos anos, o Estado se verá obrigado e pressionado a implantar políticas sociais nas cidades. A destarte do que foi apresentado na obra, pode-se afirmar que Milton Santos conseguiu apresentar suas reflexões com muita riqueza, através da geopolítica o intelectual descreveu muito bem as dinâmicas sociais de uma cidade, e prever futuros acontecimentos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 
SANTOS, Milton, Por uma Economia Política da Cidade: o caso de São Paulo, 2° Edição – São Paulo/SP. Editora Universidade de São Paulo: 2009.

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