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AULA 01 DIREITO AMBIENTAL MAR21

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Aula 01: Noções Introdutórias e Fundamentos do Direito Ambiental
Evolução Histórica sobre a Preocupação Mundial com o Meio Ambiente
A Revolução Industrial, que se iniciou na Inglaterra no século XVIII, migrando rapidamente para os Estados Unidos e depois para outras partes do mundo, elevou o processo de industrialização como motor econômico mundial.
A principal matéria-prima desse processo são os recursos naturais (isto é, a água, o solo, o subsolo, os minérios, a flora e a fauna), que são bens finitos e não se reproduzem na mesma velocidade em que o homem os retira do meio ambiente.
Com o passar dos anos, o impacto da industrialização sobre os recursos naturais – que em um primeiro momento não era visível – começou a dar fortes sinais de preocupação. Somado a isso, houve o crescimento da população mundial (que pulou de 2 bilhões de habitantes no início do século XX para 7 bilhões na virada do século XXI), e, após a Segunda Guerra Mundial (1939–1945), a era nuclear fez surgir temores de um novo tipo de poluição por radiação. Todos esses fatores juntos levaram a uma inquietação mundial em relação ao meio ambiente e à sobrevivência do homem no planeta.
Diante disso, a Organização das Nações Unidas (ONU) realizou – em 05 de junho de 1972, na cidade de Estocolmo, capital da Suécia – a primeira Conferência Global das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano.
Saiba mais
Nesse encontro, que durou 12 dias e teve a adesão de 113 países, foram proclamadas 7 diretrizes em prol da preservação e melhoria do meio ambiente humano.
A Conferência também estabeleceu 26 princípios que expressam um Manifesto Ambiental, uma convicção comum de proteção e preservação ambiental.
Na década de 1980, a ONU retomou o debate sobre a questão ambiental e, 11 anos após a realização da Conferência de Estocolmo – isto é, em 1983 –, o então Secretário-geral da ONU convidou a ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, a presidir a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento.
Os objetivos dessa Comissão foram:
a) reexaminar as questões críticas relativas ao meio ambiente e reformular propostas realísticas para abordá-las;
b) propor novas formas de cooperação internacional com o fim de orientar as políticas e ações necessárias a uma maior compreensão dos problemas ambientais existentes.
Em abril de 1987, a Comissão apresentou o relatório intitulado Nosso Futuro Comum 1, em que foi recomendada a criação de uma nova declaração universal sobre a proteção ambiental e o desenvolvimento sustentável. O documento conceituou a expressão desenvolvimento sustentável como sendo:
"O desenvolvimento que encontra as necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras gerações de atender suas próprias necessidades"
Passados 20 anos da Conferência Global das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, a cidade do Rio de Janeiro sediou, em junho de 1992, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Cnumad), conhecida como Rio-92, Eco-92 ou Cúpula da Terra.
Durante o encontro, que contou com a participação de 179 países, reafirmou-se a Declaração da Conferência de Estocolmo, de 1972, tendo como principais temas:
o desenvolvimento sustentável; e
modos de se reverter o atual processo de degradação ambiental do planeta.
Agenda 21
A RIO-92 serviu para firmar acordos internacionais como a Agenda 21, que consiste em um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, conciliando métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica. A Agenda 21 adotou como meta a ser respeitada por todos os países signatários o desenvolvimento sustentável. Além dela, outro acordo internacional firmado foi a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, que teve por fim:
Estabelecer uma nova e justa parceria global mediante a criação de novos níveis de cooperação entre os Estados, os setores-chaves da sociedade e os indivíduos, trabalhando com vistas à conclusão de acordos internacionais que respeitem os interesses de todos e protejam a integridade do sistema global de meio ambiente e desenvolvimento, reconhecendo a natureza integral e interdependente da Terra, nosso lar. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 1992.)
A Declaração do Rio proclamou 27 princípios. Foram eles:
Princípio 1: Os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza.
Princípio 2: Os Estados, de acordo com a Carta das Nações Unidas e com os princípios do direito internacional, têm o direito soberano de explorar seus próprios recursos segundo suas próprias políticas de meio ambiente e de desenvolvimento, e a responsabilidade de assegurar que atividades sob sua jurisdição ou seu controle não causem danos ao meio ambiente de outros Estados ou de áreas além dos limites da jurisdição nacional.
Princípio 3: O direito ao desenvolvimento deve ser exercido de modo a permitir que sejam atendidas equitativamente as necessidades de desenvolvimento e de meio ambiente das gerações presentes e futuras.
Princípio 4: Para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental constituirá parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente deste.
Princípio 5: Para todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispensável para o desenvolvimento sustentável, irão cooperar na tarefa essencial de erradicar a pobreza, a fim de reduzir as disparidades de padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da população do mundo.
Princípio 6: Será dada prioridade especial à situação e às necessidades especiais dos países em desenvolvimento, especialmente dos países menos desenvolvidos e daqueles ecologicamente mais vulneráveis. As ações internacionais na área do meio ambiente e do desenvolvimento devem também atender aos interesses e às necessidades de todos os países.
Princípio 7: Os Estados irão cooperar, em espírito de parceria global, para a conservação, proteção e restauração da saúde e da integridade do ecossistema terrestre. Considerando as diversas contribuições para a degradação do meio ambiente global, os Estados têm responsabilidades comuns, porém diferenciadas. Os países desenvolvidos reconhecem a responsabilidade que lhes cabe na busca internacional do desenvolvimento sustentável, tendo em vista as pressões exercidas por suas sociedades sobre o meio ambiente global e as tecnologias e recursos financeiros que controlam.
Princípio 8: Para alcançar o desenvolvimento sustentável e uma qualidade de vida mais elevada para todos, os Estados devem reduzir e eliminar os padrões insustentáveis de produção e consumo, e promover políticas demográficas adequadas.
Princípio 9: Os Estados devem cooperar no fortalecimento da capacitação endógena para o desenvolvimento sustentável, mediante o aprimoramento da compreensão científica por meio do intercâmbio de conhecimentos científicos e tecnológicos, e mediante a intensificação do desenvolvimento, da adaptação, da difusão e da transferência de tecnologias, incluindo as tecnologias novas e inovadoras.
Princípio 10: A melhor maneira de tratar as questões ambientais é assegurar a participação, no nível apropriado, de todos os cidadãos interessados. No nível nacional, cada indivíduo terá acesso adequado às informações relativas ao meio ambiente de que disponham as autoridades públicas, inclusive informações acerca de materiais e atividades perigosas em suas comunidades, bem como a oportunidade de participar dos processos decisórios. Os Estados irão facilitar e estimular a conscientização e a participação popular, colocando as informações à disposição de todos. Será proporcionado o acesso efetivo a mecanismos judiciais e administrativos, inclusive no que se refere à compensação e reparação de danos.
Princípio 11: Os Estados adotarão legislação ambiental eficaz. As normas ambientais, e os objetivos e as prioridades de gerenciamento deverão refletir o contexto ambiental e de meio ambiente a quese aplicam. As normas aplicadas por alguns países poderão ser inadequadas para outros, em particular para os países em desenvolvimento, acarretando custos econômicos e sociais injustificados.
Princípio 12: Os Estados devem cooperar na promoção de um sistema econômico internacional aberto e favorável, propício ao crescimento econômico e ao desenvolvimento sustentável em todos os países, de forma a possibilitar o tratamento mais adequado dos problemas da degradação ambiental. As medidas de política comercial para fins ambientais não devem constituir um meio de discriminação arbitrária ou injustificável, ou uma restrição disfarçada ao comércio internacional. Devem ser evitadas ações unilaterais para o tratamento dos desafios internacionais fora da jurisdição do país importador. As medidas internacionais relativas a problemas ambientais transfronteiriços ou globais deve, na medida do possível, basear-se no consenso internacional.
Princípio 13: Os Estados irão desenvolver legislação nacional relativa à responsabilidade e à indenização das vítimas de poluição e de outros danos ambientais. Os Estados irão também cooperar, de maneira expedita e mais determinada, no desenvolvimento do direito internacional no que se refere à responsabilidade e à indenização por efeitos adversos dos danos ambientais causados, em áreas fora de sua jurisdição, por atividades dentro de sua jurisdição ou sob seu controle.
Princípio 14: Os Estados devem cooperar de forma efetiva para desestimular ou prevenir a realocação e transferência, para outros Estados, de atividades e substâncias que causem degradação ambiental grave ou que sejam prejudiciais à saúde humana.
Princípio 15: Com o fim de proteger o meio ambiente, o princípio da precaução deverá ser amplamente observado pelos Estados, de acordo com suas capacidades. Quando houver ameaça de danos graves ou irreversíveis, a ausência de certeza científica absoluta não será utilizada como razão para o adiamento de medidas economicamente viáveis para prevenir a degradação ambiental.
Princípio 16: As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos ambientais e o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar distorções no comércio e nos investimentos internacionais.
Princípio 17: A avaliação do impacto ambiental, como instrumento nacional, será efetuada para as atividades planejadas que possam vir a ter um impacto adverso significativo sobre o meio ambiente e estejam sujeitas à decisão de uma autoridade nacional competente.
Princípio 18: Os Estados notificarão imediatamente outros Estados acerca de desastres naturais ou outras situações de emergência que possam vir a provocar súbitos efeitos prejudiciais sobre o meio ambiente destes últimos. Todos os esforços serão envidados pela comunidade internacional para ajudar os Estados afetados.
Princípio 19: Os Estados fornecerão, oportunamente, aos Estados potencialmente afetados, notificação prévia e informações relevantes acerca de atividades que possam vir a ter considerável impacto transfronteiriço negativo sobre o meio ambiente, e se consultarão com estes tão logo seja possível e à boa-fé.
Princípio 20: As mulheres têm um papel vital no gerenciamento do meio ambiente e no desenvolvimento. Sua participação plena é, portanto, essencial para se alcançar o desenvolvimento sustentável.
Princípio 21: A criatividade, os ideais e a coragem dos jovens do mundo devem ser mobilizados para criar uma parceria global com vistas a alcançar o desenvolvimento sustentável e assegurar um futuro melhor para todos.
Princípio 22: Os povos indígenas e suas comunidades, bem como outras comunidades locais, têm um papel vital no gerenciamento ambiental e no desenvolvimento, em virtude de seus conhecimentos e de suas práticas tradicionais. Os Estados devem reconhecer e apoiar adequadamente sua identidade, cultura e interesses, e oferecer condições para sua efetiva participação no atingimento do desenvolvimento sustentável.
Princípio 23: O meio ambiente e os recursos naturais dos povos submetidos a opressão, dominação e ocupação serão protegidos.
Princípio 24: A guerra é, por definição, prejudicial ao desenvolvimento sustentável. Os Estados irão, por conseguinte, respeitar o direito internacional aplicável à proteção do meio ambiente em tempos de conflitos armados e irão cooperar para seu desenvolvimento progressivo, quando necessário.
Princípio 25: A paz, o desenvolvimento e a proteção ambiental são interdependentes e indivisíveis.
Princípio 26: Os Estados solucionarão todas as suas controvérsias ambientais de forma pacífica, utilizando-se dos meios apropriados, de conformidade com a Carta das Nações Unidas.
Princípio 27: Os Estados e os povos irão cooperar à boa-fé e imbuídos de um espírito de parceria para a realização dos princípios consubstanciados nesta Declaração, e para o desenvolvimento progressivo do direito internacional no campo do desenvolvimento sustentável. (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 1992.)
Em junho de 2012, ocorreu, também no município do Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, conhecida como Rio+202.
O evento reuniu 188 países com o objetivo de renovar o compromisso político com o desenvolvimento sustentável. Na ocasião, foram tratados principalmente os seguintes temas:
1. A economia verde 3 no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza;
2. A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
O texto final dessa Conferência foi denominado O Futuro que Queremos. O documento:
prevê a criação de um fórum político para o desenvolvimento sustentável dentro das Nações Unidas;
reafirmou que os países ricos devem investir mais no desenvolvimento sustentável por terem degradado mais o meio ambiente durante séculos;
aprovou o fortalecimento do Programa das Nações Unidas sobre Meio Ambiente (Pnuma);
criou um mecanismo jurídico dentro da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar (Unclos; do inglês, United Nations Convention on the Law of the Sea), o qual estabelece regras para conservação e uso sustentável dos oceanos, a erradicação da pobreza como o maior desafio global do planeta, entre outras iniciativas.
 A Evolução Histórica Nacional com a Proteção do Meio Ambiente
Desde o início do século XX, o Brasil editou normas tutelando o meio ambiente. Dentre elas, as principais foram:
Decreto nº 23.793, de 1934, que aprova o Código Florestal;
Decreto nº 24.643, de 1934, que institui o Código de Águas;
Decreto-lei nº 25, de 1937, que organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional;
Decreto-lei nº 794, de 1938, aprova o Código da Pesca;
Decreto-lei nº 1.985, de 1940, dispõe sobre o Código de Minas.
Na década de 1960, com os movimentos ecológicos, são sancionadas as seguintes normas:
Lei nº 4.504, de 1964, dispõe sobre o Estatuto da Terra;
Lei nº 4.771, de 1965, institui o novo Código Florestal;
Lei nº 5.197, de 1967, dispõe sobre a Proteção à Fauna;
Decreto-lei nº 221, de 1967, dispõe sobre Proteção e Estímulos à Pesca;
Decreto-lei nº 227, de 1967, dá nova redação ao Código da Mineração;
Decreto-lei nº 303, de 1967, cria o Conselho Nacional de Controle de Poluição Ambiental;
Lei nº 5.318, de 1967, institui a Política Nacional de Saneamento.
Após a Conferência de Estocolmo (1972), a legislação ambiental brasileira passou a se desenvolver com maior consistência e celeridade. Em 31 de agosto de 1981, o Brasil sancionou a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), primeira grande norma de gestão ambiental nacional. Apenas com a Constituição da República Federativa do Brasil (CRFB), sancionada em outubro de 1988, é que o meio ambiente ganhou status constitucional, com a edição de um capítulo próprio disposto no Artigo 225 e em seus sete parágrafos.
O Meio ambiente
O estudo do meio ambiente deve ser analisado de forma interdisciplinar, pois há ligação dele com outros ramos do saber, comoa Biologia, Geografia, Antropologia, Sociologia, entre outros.
O conceito legal de meio ambiente foi estabelecido pela primeira vez pela Política Nacional do Meio Ambiente, Lei nº 6.938/81, em seu Artigo 3°, inciso I, que conceitua meio ambiente como:
"O conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas"
- Lei nº 6.938/81
Contudo, esse conceito é restrito e se refere apenas ao conceito de meio ambiente natural. Rodrigues (2018) destaca que esse conceito não é simples de se compreender; por isso, “no linguajar comum”, “proteger o meio ambiente significa proteger o espaço, o lugar, o recinto, que abriga, que permite e que conserva todas as formas de vida”. Meio ambiente seria conceituado como “uma interação de tudo que, situado nesse espaço, é essencial para a vida com qualidade em todas as suas formas”.
O objetivo de proteger e preservar o meio ambiente é gerar qualidade de vida para todos nós, aqui incluídas as presentes e futuras gerações; por isso, o conceito de meio ambiente é mais amplo do que uma perspectiva mais restrita de analisar meio ambiente como simplesmente natureza ou ecologia, que:
"é a ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e com o seu meio físico."
- Milaré 2018
Como veremos nas próximas aulas, o conceito de meio ambiente também abarca o meio ambiente natural, artificial, do trabalho e cultural. Por isso, José Afonso da Silva entende que meio ambiente é:
"a interação do conjunto de elementos naturais, artificiais e culturais que propiciem o desenvolvimento equilibrado da vida em todas as suas formas."
Esclarece Sirvinskas (2018) que, “para completar esse conceito, acrescentaria também o meio ambiente do trabalho”.
- José Afonso da Silva
O meio ambiente se enquadra na categoria de direitos coletivos (latu sensu) como um direito e interesse difuso. Apesar de a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 129, inciso III, prever interesse difuso ao dispor que entre as funções institucionais do Ministério Público está “promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”, a norma não conceituou interesse difuso, deixando esse encargo para o Código de Defesa do Consumidor, Lei nº 8.078/90.
Conforme determina a redação do artigo 81, parágrafo único, inciso I, do Código de Defesa do Consumidor (Lei n. 8.078/90), direitos e interesses difusos são aqueles “transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato”.
Nunes (2019) esclarece que o termo difuso significa “indeterminado, indeterminável. Então, não será necessário que se encontre quem quer que seja para proteger-se em direito tido como difuso”. Sirvinskas (2018) esclarece que interesse difuso “cuida, sim, de interesse pertencente a cada um e, ao mesmo tempo, a todos”.
São características do meio ambiente:
o meio ambiente tem natureza indivisível, pois não é possível individualizar a pessoa atingida pela lesão gerada da violação ao direito – nesse caso, o dano provocado ao meio ambiente. É também transindividual, uma vez que é um direito de todos, de cada pessoa, mas não é só dela; ultrapassa o âmbito individual, por não pertencer ao indivíduo de forma isolada.
2. Direito de terceira geração:
por ser caracterizado enquanto valor fundamental indisponível, possui como base os Princípios da Solidariedade e da Fraternidade na busca do interesse coletivo.
Microbem e Macrobem ambiental
O macrobem ambiental é o meio ambiente como um todo, sua harmonia global e o equilíbrio ecológico. Trata-se de um bem de natureza imaterial e abstrato que consiste no conjunto de condições, relações e interações que condicionam, abrigam e regem a vida. Dessa forma, é de bem de direito e interesse difuso, uma vez que é de uso comum do povo, transindividual e essencial aà qualidade de vida de todos. Como macrobem, o meio ambiente é de interesse público indisponível e um direito humano fundamental, justamente por ser necessário à sadia qualidade de vida.
Microbem ambiental diz respeito aos elementos ambientais considerados de forma isolada –como a fauna, a flora e a água, que possuem legislação protetiva própria, como o Código Florestal, o Sistema Nacional de Unidade de Conservação da Natureza, a Lei de Crimes Ambientais, a Política Nacional dos Recursos Hídricos, a Política Nacional de Resíduos Sólidos etc.
Direito Ambiental
O Direito Ambiental é uma disciplina autônoma, por “possuir seu próprio regime jurídico, objetivos, princípios, sistema nacional do meio ambiente etc.” (SIRVINSKAS, 2018). No entanto, além disso, ele estabelece uma relação com outros ramos do Direito, como Direito Civil, Direito Tributário, Direito Internacional, Direito Constitucional, Direito Penal e Direito Administrativo. Segundo Antunes (2016),
"em razão do elevado nível de influência exercido por saberes não jurídicos e por situações extralegais, possui especificidades que o distinguem dos ’ramos tradicionais’ do Direito."
- Segundo Antunes (2016)
É considerada uma matéria relativamente nova no Direito pátrio. No passado, era um ramo dentro do Direito Administrativo. Antunes (2016) destaca ainda a respeito desses novos direitos, dentre os quais está o Direito Ambiental:
"São essencialmente direitos de participação, ou seja, direitos que se formam em decorrência de uma crise de legitimidade da ordem tradicional em que não se incorpora a manifestação direta dos cidadãos na resolução de seus problemas imediatos. O movimento de cidadãos conquista espaços políticos que se materializam em leis de conteúdo, função e perspectivas bastante diversas das conhecidas pela ordem jurídica tradicional."
- (ANTUNES, 2016)
O Direito Ambiental surgiu da necessidade de se criarem normas jurídicas de proteção e preservação do meio ambiente e seus recursos naturais para as presentes e futuras gerações do planeta. Trata-se de um Direito que tem como objetivo restaurar, conservar e preservar o bem ambiental, sendo, para tanto, preventivo (esfera administrativa), reparador (esfera civil) e repressivo (esfera penal). Segundo Sirvinskas (2018), “não há dúvida de que o Direito Ambiental deverá ser o instrumento mais importante para a proteção do meio ambiente em juízo”.
ATIVIDADES:
1. Após estudar todo o conteúdo online desta aula, assista ao vídeo Afinal, o que é Meio Ambiente? e escreva com as suas palavras o que você compreendeu sobre o que é meio ambiente.
Meio ambiente não se define somente como flora, fauna, solo, ar, água (o conceito de meio ambiente natural estabelecido na Política Nacional do Meio Ambiente). Meio ambiente tem por objetivo gerar qualidade de vida para todos nós, aqui incluídas as presentes e futuras gerações; por isso, seu conceito é mais amplo e abarca o meio ambiente natural, artificial, do trabalho e cultural.
2: A matéria da revista Super Interessante escrita por Felipe B. Cruz e intitulada Quantos serem humanos a Terra seria capaz de suportar? afirma que “o número de habitantes da Terra já passa do dobro do que o planeta abrigaria de forma sustentável”.
Diz o texto:
O número ideal seria entre 1,5 a 3 bilhões de pessoas. Atualmente, porém, a população é de 7 bilhões. Ou seja, já somos mais do que o dobro do que a Terra conseguiria abrigar de forma sustentável. De acordo com o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), três fatores devem ser considerados para o cálculo: disponibilidade de comida, água e terra; padrão de consumo e capacidade do planeta de absorver a poluição; e número de pessoas. Para o pesquisador Alan Weisman, autor de Contagem Regressiva – A Nossa Última e Melhor Esperança para um Futuro na Terra, há um paradoxo. Não adianta aumentar a nossa capacidade de alimentar e manter bilhões de pessoas vivas se cada vez mais pessoas continuarem nascendo. “No início do século 20 éramos 2 bilhões e tínhamos vastas florestas, qualidade de vida, comida para todo mundo e pouca emissãode combustíveis fósseis. Ou seja, tínhamos um planeta saudável”, afirma Weisman.
Diante do estudo da nossa aula e a matéria da revista Super Interessante, como você visualiza a importância da disciplina Direito Ambiental para a proteção e preservação do meio ambiente?
O Direito Ambiental surge da necessidade de se criarem normas jurídicas de proteção e preservação do meio ambiente e seus recursos naturais para as presentes e futuras gerações do planeta; possui caráter preventivo (esfera administrativa), reparador (esfera civil) e repressivo (esfera penal).
3. Os grandes problemas ambientais, que atualmente enfrenta a humanidade, estão relacionados diretamente à (ao):
a) Nosso modo de vida, com os valores que fundamentam e caracterizam as sociedades contemporâneas e com as respostas da natureza ao comportamento industrial e consumista insustentável, gerado pelo modelo de globalização econômica.
b) Escassez de recursos naturais em determinadas áreas do nosso planeta, o que afeta a todos nós.
c) Modelo socialista da economia global, que determina o consumo desenfreado dos produtos industrializados por parte da população.
d) Uso controlável e depredatório dos recursos naturais pelo homem desde o início da era capitalista.
e) Uso consciente dos recursos naturais e artificiais com vista à sustentabilidade do planeta.

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