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Direito Penal - Maioridade Penal

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL - UEMS
CURSO DE DIREITO
JEFERSON CÁSSIO DIAS
DIREITO PENAL
Redução da Maioridade Penal
PARANAÍBA
2018
1
JEFERSON CÁSSIO DIAS
DIREITO PENAL
Maioridade Penal
Trabalho apresentado ao Curso de
Direito da Universidade Estadual de Mato
Grosso do Sul - Unidade de Paranaíba, como
requisito para o fechamento das notas da
disciplina de Direito Penal do ano de 2018.
Orientadora: Profª Dra. Lidia Maria Garcia
Gomes Tiago de Souza.
PARANAÍBA
2018
2
RESUMO
O presente trabalho de conclusão de curso tem por finalidade, analisar um dos temas
mais importantes e polêmicos da sociedade, o qual seja, a maioridade penal. Nesse sentido,
serão expostos argumentos tanto favoráveis quanto contrários à redução da maioridade penal.
Desse modo, os argumentos acima mencionados terão por objetivo esclarecer alguns
conceitos, bem como analisar os benefícios da diminuição da faixa etária para cumprimento
de pena para a sociedade de bem. Ao final, espera-se que este trabalho tenha alcançado o seu
objetivo, ou seja, deixar de ter uma visão apenas do senso comum embasando-se em doutrinas
e leis relevantes ao assunto.
Palavras-Chave: Maioridade Penal. Cumprimento de Pena. Menor Infrator.
3
ABSTRACT
The purpose of this work is to analyze one of the most important and controversial topics of
the society, which is, the criminal majority. In this sense, arguments will be presented both
favorable and contrary to the reduction of the penal age. Thus, the arguments mentioned
above will aim to clarify some concepts, as well as analyze the benefits of the reduction of the
age range for compliance of sentence for the society of good. In the end, this work is expected
to have achieved its goal, that is, to stop having a common-sense view based on doctrines and
laws relevant to the subject.
Keyword: Criminal Age. Penalty Sentence. Minor Offender.
4
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO………………………………………………………….…..……... 5
2 CONCEITOS….……………………………………………..………………...…… 7
2.1 MAIORIDADE ……….………………………………………....………………….. 7
2.2 IMPUTABILIDADE PENAL………………………...…………………………….. 7
2.3 IMPUTABILIDADE PENAL X RESPONSABILIDADE PENAL……………….... 7
3 LEGISLAÇÕES ESPECÍFICAS………….…………………………………....… 9
3.1 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE …………………………….. 10
4 O MENOR INFRATOR………………………………………………………...... 13
5 REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL…………………………………….…. 14
6 POSSIBILIDADE DE REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL……………... 16
6.1 PROPOSTAS LEGISLATIVAS……………………………………………………. 17
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS………………………………………………….…. 18
REFERÊNCIAS ……………………...……………………………………….….. 18
5
1 INTRODUÇÃO
Muito se sabe que a criminalidade é uma doença que aterroriza a sociedade há muitos
anos. Nesse sentido, essas atividades delituosas vêm aumentando numa velocidade
assustadora, onde os infratores utilizam-se dessas práticas como meio de sobrevivência.
Com esse aumento dos crimes, aumenta-se também a população carcerária. No
entanto, as estruturas físicas para alojar detentos não aumentam nas mesmas proporções em
que se prendem os criminosos, fazendo com que o judiciário mantém presos apenas aqueles
que têm uma periculosidade elevada em face da sociedade. Com isso, infratores que deveriam
estar presos, acabam por responder seu processo em liberdade, causando, assim uma
verdadeira sensação de impunidade.
Entretanto, a população carcerária poderia estar ainda maior, visto que, grande parte
dos infratores são menores de idade influenciados pelos criminosos passíveis de punição,
pois, eles sabem que os menores não podem sofrer sanção do atual Código Penal brasileiro.
Nesse caso, eles são protegidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Sendo
assim, muitos defendem que, como não é possível se falar em ressocialização dos
condenados diante do atual sistema prisional brasileiro, os adolescentes iriam sair ainda mais
prejudicados caso fossem cumprir penas privativas de liberdade junto com os adultos.
Contudo, não se pode negar que as medidas sócio-educativas previstas no ECA, são
tão ineficazes quanto às penas privativas de liberdade aplicadas aos maiores de 18 anos, pois,
não há uma uma política educacional efetiva que caminhe lado-a-lado com as medidas
sócio-educativas.
Sendo assim, é necessário uma reavaliação quanto à maioridade penal no ordenamento
jurídico nacional. Nesse sentido, uma vez que as penas se tornarem mais severas em
determinados crimes cometidos por adolescentes, como por exemplo os crimes hediondos
(latrocínio, estupro, etc.) muito provavelmente eles não mais cometer-se-ão tantos delitos
assim.
Quanto a essa questão, foi realizada uma Proposta de Emenda à Constituição, para
discutir esse assunto, junto ao Legislativo, a PEC 171/1993. O texto original é de autoria do
6
ex-deputado Benedito Domingos (PP-DF), e altera a redação do artigo 228 da Constituição
Federal, com o objetivo de reduzir de 18 para 16 anos a idade mínima para a
responsabilização penal.
Além da PEC acima mencionada existem outros projetos que visam a análise desse
tema, pois, a sociedade fica refém dos adolescentes que cometem delitos e ficam impunes.
Por isso que esses debates acerca desse tema são tão calorosos e dividem a opinião dos
juristas, legisladores e sociedade em geral.
2 CONCEITOS
2.1 CONCEITO DE MAIORIDADE
Segundo o dicionário on-line Dicio, maioridade é a “Idade estabelecida pela lei em que
uma pessoa é responsável por seus atos. Nesse sentido, a maioridade é um conceito amplo
que pode ser dividido em três áreas de atuação: maioridade penal; maioridade civil; e
maioridade política.
Desse modo, o termo maioridade penal, segundo o Dicio, pode ser assim definida: “
Idade em que, legalmente, uma pessoa deve se responsabilizar criminalmente por seus atos.
Segundo a lei brasileira, aos 18 anos”
Outra divisão do termo maioridade é no ramo do direito civil e tem-se a seguinte
definição: maioridade civil é a idade legal em que alguém pode exercer seus direitos civis. O
antigo Código Civil, de 1916, trazia que a maioridade civil era de 21 anos. No entanto,
segundo a atual lei brasileira, a maioridade civil também é aos 18 anos.
Por fim, tem-se a maioridade política,que nada mais é que a idade em que, segundo a
lei, uma pessoa deve se responsabilizar por suas obrigações eleitorais. Nesse caso, segundo a
lei brasileira, aos 16 anos.
7
Após analisar esses conceitos, partindo do ponto de vista da maioridade penal, que é o
objeto de estudo deste trabalho, observa-se que os menores de 18 anos são penalmente
inimputáveis.
2.2 CONCEITO DE IMPUTABILIDADE PENAL
Sobre esse tema, Fernando Capez, Procurador de Justiça, Mestre em Direito Penal pela
USP e Doutor em Direito pela PUC, além de professor e palestrante também é Deputado
Estadual pelo Estado de São Paulo diz que:
A imputabilidade penal é a capacidade de entender o caráter ilícito do fato e
de determinar-se de acordo com esse entendimento. O agente deve ter condições
físicas, psicológicas, morais e mentais de saber que está realizando um ilícito penal.
Mas não é só. Além dessa capacidade plena de entendimento, deve ter totais
condições de controle sobre sua vontade. Em outras palavras, 332 imputável é não
apenas aquele que tem capacidade de intelecção sobre o significado de sua conduta,
mas também de comando da própria vontade, de acordo com esse
entendimento.(CAPEZ, p.331, 2011)
Capez deixa claro que para ser responsabilizado penalmente, é necessário que o agente
infrator tenha o discernimento para saber o que é certo e o que é errado, além de saber que a
conduta ora praticada é de caráter ilícito.
2.3 IMPUTABILIDADE PENAL X RESPONSABILIDADE PENAL
É de suma importância saber que há uma diferença entre os termos maioridade penal
e responsabilidade penal. Apesar de termos bem semelhantes, eles são muito distintos na hora
de responsabilizar o agente infrator após a realização de determinado delito. Segundo a
Politize a seguinte existea seguinte diferenciação:
A maioridade penal se refere à idade em que a pessoa passa a ter responder
criminalmente como um adulto, ou seja, quando ele passa a responder ao Código
Penal. Já a responsabilidade penal pode ser atribuída a jovens com idade inferior à da
maioridade penal. Para essa responsabilidade, muitos países também costumam
atribuir uma idade mínima. Assim, um menor de idade pode ter responsabilidade
penal, mesmo sofrendo penas diferenciadas. São criados dois sistemas:um para
8
jovens, baseado na responsabilidade penal juvenil; e outro para adultos, baseado na
responsabilidade penal de adultos.(POLITIZE, 2016, p.2)
Diante das explicações da Politize, fica evidenciado que tanto os adultos quanto os
jovens são responsabilizados por seus atos, sendo que, os adultos responde diante do Código
Penal, e os jovens respondem diante do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), sendo
que este estatuto será estudado mais adiante no momento oportuno.
3 LEGISLAÇÕES ESPECÍFICAS
Existem diversas leis que regem a situação das crianças no Brasil. Nesse sentido, a
principal e inviolável Lei do Ordenamento jurídico brasileiro é a Constituição Federal. No
entanto, antes dela ser mencionada, serão analisadas algumas convenções internacionais em
que a CF se baseou para positivar seus artigos.
Nesse sentido, a Declaração Universal dos Direitos da Criança, proclamada em 20 de
novembro de 1959, emitiu uma orientação, por meio dos seu texto, de como os países que
fossem seus signatários deveriam tratar as crianças. Desse modo, ela trouxe, dentre outros
assuntos, o direito à liberdade, ao convívio social, brincar, etc.
Além dessa declaração, surgiu, no ano de 1989, a Convenção sobre os Direitos da
Criança como a Carta Magna de proteção à criança. No entanto, somente no ano de 1990 em
que a Convenção foi oficializada como lei internacional. Como consequência da sua
oficialização internacional, vários países decidiram se tornar adeptos a ela. No Brasil não foi
diferente, assim, em setembro de 1990, este país aprovou e ratificou a referida convenção e,
por meio do Decreto n. 99710 de 21 de novembro de 1990, estabeleceu a Convenção dos
Direitos da Criança. Dentre os vários artigos estipulados nela, destaca-se o artº 1º: “Para
efeitos da presente Convenção considera-se como criança todo ser humano com menos de
dezoito anos de idade, a não ser que, em conformidade com a lei aplicável à criança, a
maioridade seja alcançada antes.”(DECRETO No 99.710, art 1)
Como mencionado anteriormente, a Constituição Federal de 1988 é a Lei Maior do
ordenamento jurídico brasileiro. Nela, estão dispostos todos os direitos e garantias
fundamentais, individuais ou coletivos, onde nenhuma lei que surgir abaixo dela poderá
dispor contra seus mandamentos. No caso de alguma lei contrariar a CF, esta será considerada
inconstitucional.
9
Sob o ponto de vista Constitucional, a maioridade penal está disposta no artº 228, “são
penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação
especial”. Nesse caso, na segunda parte do artº 228, a Constituição traz que os menores de
dezoito anos "estão sujeitos às normas da legislação especial”, o qual seja o Estatuto da
Criança e do Adolescente.
Sob o aspecto do Código Penal Brasileiro, ele traz em seu artº 27 um texto semelhante
ao disposto na CF 88: “Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis,
ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial” (2018, p.19 ).
Por fim, tem-se o Estatuto da Criança e do Adolescente como legislação específica
que trata sobre esse assunto. Desse modo, sobre a maioridade penal, o ECA traz em seu artº
104, caput: “São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas
previstas nesta Lei”. Observa-se, portanto, que tanto a Constituição Federal, o Código Penal e
o Estatuto da Criança e do Adolescente, tratam basicamente do mesmo assunto em seus textos
que falam sobre a maioridade penal, sendo que o último é a legislação específica em que os
outros Códigos trazem.
3.1 ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
O Estatuto da Criança e do Adolescente foi publicado em 13 de julho de 1990, através
da Lei 8.069. Nesse sentido, segundo o ECA, considera-se criança a pessoa até doze anos de
idade e o adolescente é considerado a pessoa que tenha a idade entre doze e dezoito anos.
É considerado e reconhecido internacionalmente como um dos mais avançados
Diplomas Legais dedicados à garantia dos direitos da população infanto-juvenil.
Sua principal finalidade, dentre outras coisas, é a proteção da criança e do adolescente,
ou seja, sempre que alguém nessa faixa etária tiver violado seus direitos, bem como tiver
cometido algum ato infracional, este deverá ser adotado para que a autoridade policial e
judiciária possam se basear diante do caso concreto.
Essa proteção se dá pelo fato de que, segundo o Eca, o menor é incapaz de perceber a
diferença entre as condutas tidas como certas ou erradas. Condutas estas que somente os
maiores de idade podem ser capazes de diferenciar, pois acredita que esses menores não
possuem o desenvolvimento mental para entenderem os atos criminosos que possam vir a
cometer.
10
Outro ponto de vista observado em face do Estatuto da Criança e do adolescente, são
as medidas de proteção previstas nele. Nesse sentido, podem ser divididos ainda em duas
vertentes: a primeira diz respeito às falhas em que os pais, o Estado, e até mesmo a sociedade
em geral cometem em face da criança e do adolescente; e a segunda vertente, deve ser
considerada a partir do momento em que o menor comete algum ato infracional.
Com relação à primeira hipótese, os incisos I e II, do art 98 do ECA, traz que, tanto
por ação ou omissão da sociedade ou do Estado, ou por falta, omissão ou abuso dos pais ou
responsável, os agentes omissos serão passíveis de punição. Isso se dá pelo fato de que
TODOS são responsáveis por garantir o bem estar das crianças e adolescentes, bem como
garantir a sua proteção. Assim dispõe o art 4º do presente estatuto:
É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do
poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.
Diante da matéria expressa no artº acima mencionado observa-se que, até mesmo
aquele cidadão que não tem nenhum vínculo familiar ou parentesco com uma determinada
criança, por exemplo, e tiver conhecimento de alguma violação de seu direitos e não realizar
a denúncia às autoridades competentes, será considerado omisso e será responsabilizado por
isso.
Em se tratando das infrações cometidas pelos menores, estes também serão
responsabilizados por seus atos. Entretanto, diferentemente de quem está submetido às
sanções do Código Penal, os menores não são penalizados e sim recebem medidas
socioeducativas, onde estes devem primar pela educação e recuperação dos menores, inclui-se
nessas medidas atividades esportivas e pedagógicas. Nesse contexto, a Politize traz as
seguintes informações:
Quando um menor de idade é pego participando de qualquer tipo de crime,
ele fica detido por no máximo 45 dias, que é o tempo que o Juiz da Infância e da
Juventude tem para se posicionar sobre o caso. As medidas são aplicadas de acordo
com a gravidade do crime cometido. Na hipótese de internação, os menores infratores
ficam no máximo por três anos em centros de recuperação. Caso seja julgado culpado,
o menor pode ser submetido a seis tipos diferentes de medidas socioeducativas,
segundo o ECA: advertência; obrigação de reparar o dano causado; prestação de
11
serviços à comunidade; liberdade assistida; semiliberdade; e internação.(POLITIZE,
2016. p.5)
Note-se que no exposto acima, a Politize fala em “crime” cometido por menores, no
entanto, hoje em dia utiliza-se a expressão ato infracional,justamente para diferenciar os
delitos cometidos pelas crianças em vista dos cometidos por adultos. Entretanto, as
informações quanto à forma da aplicação das medidas de reeducação são trazidas com
simplismo e objetividade.
4 O MENOR INFRATOR
O aumento do número de delitos cometidos por menores de idade vem se tornando um
dos maiores problemas sociais enfrentados pela população nos dias atuais. Isso ocorre, pois,
principalmente nas comunidades das favelas, as crianças vêm sendo recrutadas para o mundo
do crime cada vez mais novas. Nesse sentido, os aliciadores de menores se aproveitam da
situação de impunidade dos menores de idade em face da atual legislação penal do Brasil. No
entanto, é nítido a insatisfação popular frente a esse assunto. Com isso, muitos clamam pela
redução da maioridade penal, a fim de reduzir esses índices infracionais cometidos pelos
jovens. É exatamente isso que Rogério Greco explica, apontando também as principais
infrações cometidas por essa massa jovem:
Também não é incomum que, além do tráfico de drogas, outros tipos de
infrações penais sejam praticadas por adolescentes, como, por exemplo, o crime de
roubo. É importante ressaltar, nesta oportunidade que, se, por exemplo, duas pessoas
praticam o crime de roubo, e ambas conseguem ser descobertas, costuma ser uma
“regra interna” da criminalidade atribuir o fato somente ao agente inimputável, tendo
em vista que a legislação, como regra, o beneficiará, fazendo com que, se for o caso,
permaneça somente por um tempo curto em regime de internação (no máximo de três
anos, no Brasil), ao contrário do que ocorreria com o agente imputável, cujas penas
são severas para esse tipo de comportamento.(GRECO, 2014)
Nota-se que, é muito nítida a diferença das sanções para o mesmo crime, em
comparação com o ECA e o CP. Nesse caso, os criminosos fazem um acordo, onde o menor
de idade confessa o crime, no caso de serem detidos em flagrante delito, para pegar a pena
mais branda e deixar impune o cidadão maior de idade, pois, assim ele poderá voltar a
cometer o crime e fazer o mesmo acordo com outro adolescente.
12
Como já citado anteriormente, no Brasil, a maioridade penal está estabelecida para 18
anos. No entanto, em vários outros países pelo mundo afora essa idade é bem mais reduzida.
Cita-se, a título de exemplo, alguns casos onde a maioridade penal é abaixo dos 18 anos:
Nova Zelândia, 16 anos; Argentina e Espanha, 15 anos; Egito, Iraque e Índia, 14 anos. Enfim,
são várias idades diferentes de maioridade penal por todo o mundo.
5 REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL
As discussões em relação à redução, manutenção ou aumento da idade penal em que o
cidadão é passível de sanção perante o Código Penal são sempre calorosas, onde diversos
pontos de vista são expostos a fim de serem defendidos. Com isso, surgem os argumentos a
favor da redução da maioridade penal e os argumentos que são contra à redução da
maioridade penal.
Com relação aos que são contra à impunidade de jovens e crianças, estes utilizam-se o
argumento de que, a imputabilidade de crimes à menores vai contra as orientações dos
Direitos Humanos, onde estes dizem que os menores de 18 anos ainda não estão com suas
capacidades físicas e psicológicas plenamente desenvolvidas.
Na maioria das vezes, o adolescente pratica fato típico em decorrência de seu
próprio processo de amadurecimento, de forma que o ato infracional por ele praticado
configura nada mais do que um desvio comportamental previsível e esperado pela
comunidade. Praticar delitos leves, nesta etapa da vida, é uma forma de o indivíduo
conhecer a si próprio, aprender com seus próprios erros e definir as limitações sociais
impostas à sua conduta. Em determinadas situações, contudo, eventualmente
influenciado por uma condição social desfavorável ou pelas más companhias, pratica
infrações porque encontra na criminalidade um caminho mais fácil para alcançar os
seus anseios.(BARBOSA, SOUZA 2013 p.84)
Nesse caso, como disseram Danielle Barbosa e Thiago Santos, os adolescentes podem
cometerem delitos pois, segundo eles, estão na fase de conhecimento pessoal onde eles podem
até aprender com seus próprios erros.
Contrário aos argumentos acima expostos e totalmente favorável à redução da
maioridade penal, temos, por exemplo, Guilherme Nucci, e este afirma ainda que, os
adolescentes de hoje, obviamente, não são os mesmos da época em que o legislador
confeccionou o Código Penal, ou seja, em 1940.
13
Apesar de se observar que, na prática, menores com 16 ou 17 anos, por
exemplo, têm plenas condições de compreender o caráter ilícito do que praticam,
tendo em vista que o desenvolvimento mental acompanha, como é natural, a evolução
dos tempos, tornando a pessoa mais precocemente preparada para a compreensão
integral dos fatos da vida, o Brasil ainda mantém a fronteira fixada nos 18 anos.
(2014, p.246)
Nesse sentido, a necessidade da redução da maioridade penal é algo imprescindível,
pois, com o desenvolvimento da sociedade a criminalidade também se aperfeiçoa e se
oportuniza essa situação para cometer mais delitos por menores de idade.
6 POSSIBILIDADE DA REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL
Rogério Greco (2017, p.533,534) menciona que é plenamente possível a redução da
maioridade penal, pois, mesmo sendo um assunto Constitucional, não é uma cláusula pétrea.
Nesse caso, somente fica mais difícil tal alteração, por conta que, a Constituição brasileira é
rígida, quanto ao modo de alteração, no entanto não é impossível. Assim ele dispõe:
Apesar da inserção no texto de nossa Constituição Federal referente à
maioridade penal, tal fato não impede, caso haja vontade política para tanto, de ser
levada a efeito tal redução, uma vez que o mencionado art. 228 não se encontra entre
aqueles considerados irreformáveis, pois não se amolda ao rol das cláusulas pétreas
elencadas nos incisos I a IV do § 4º do art. 60 da Carta Magna. 47 A única implicação
prática da previsão da inimputabilidade penal no texto da Constituição Federal é que,
agora, somente por meio de um procedimento qualificado de emenda, a menoridade
penal poderá ser reduzida, ficando impossibilitada tal redução via lei ordinária.
Da mesma forma, Fernando Capez também é defensor da redução da maioridade
penal. Para ele, diante do atual cenário criminal brasileiro, onde diversos crimes bárbaro são
cometidos cotidianamente por esse público, algo tem que ser feito. Seja por meio da redução
propriamente dita ou por meio de uma reformulação do ECA, aumentando o tempo de
internação que, atualmente, é de três anos. Observa-se esse argumento, no texto por ele
publicado no site migalhas:
Na atualidade, porém, temos um histórico de atos bárbaros, repugnantes,
praticados por indivíduos menores de 18 anos, os quais, de acordo com a atual
legislação, não são considerados penalmente imputáveis, isto é, presume-se que não
possuem capacidade plena de entendimento e vontade quanto aos atos criminosos
praticados.
Há, no entanto, mais uma alternativa para a solução desse problema, caso
haja resistência na sociedade no tocante à redução da maioridade penal. De acordo
com o Estatuto da Criança e do Adolescente, no caso de medida de internação, o
14
adolescente é liberado compulsoriamente aos 21 anos de idade. Pois bem. Seria viável
uma modificação legislativa no sentido da alteração desse limite de idade, o qual
passaria a ser de 30 anos. Com isso, seria possível evitar o problema da liberação
rápida do infrator e a sensação de impunidade.(CAPEZ, 2007)
Com base nesses argumentos de Fernando Capez é que se reforça a opinião da maioria
da sociedade que praticamente clama por alguma atitude do legislativo para pôr fim a esse
assunto.
6.1 PROPOSTAS LEGISLATIVAS
Três anos após a aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, foi proposta a
redução da maioridade penal. Nesse sentido, em 1993, o deputado federal Benedito Domingos
elaborou a PEC 171, que propõe reduzir a maioridade penal de 18 anos para 16. A proposta
veio apenas três anos apósa aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente.
A Politize novamente traz algumas informações, desta vez sobre a Proposta de
Emenda à Constituição 171.
A PEC estabelece que os maiores de 16 anos que cometam crimes hediondos
passem a ser julgados de acordo com o Código Penal (ou seja, podem ser sujeitos às
mesmas penas dos adultos). Alguns exemplos de crimes hediondos são: homicídio
qualificado, estupro, extorsão e latrocínio. Assim, nesses casos específicos, o
adolescente perde o direito ao tratamento diferenciado do ECA, sendo julgado e
condenado como um adulto. Para os demais crimes, tudo continua como antes:
menores de 18 anos não estarão sujeitos ao Código Penal, e sim ao ECA. (POLITIZE,
2016, p. 7)
Portanto, essa proposta não fere os direitos do adolescente, pois ela só trata dos
assuntos relacionados aos crimes mais graves, sendo assim, somente serão passíveis de
sanção penal, aqueles que cometerem crimes hediondos como o latrocínio, a extorsão, o
estupro, entre outros.
Outra proposta que tramita no Senado Federal é o Projeto de Lei 333, onde este prevê
algumas situações relacionadas a esse tema. Dentre elas, uma das propostas é aumentar o
tempo de internação de três para dez anos. Outra proposta prevista neste Projeto de Lei é o
agravamento da pena para os adultos que aliciarem os menores, induzindo-os a cometer
determinado crime.
15
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em suma, após o estudo e confecção deste trabalho, foi possível analisar todo o
contexto que motivou a discussão pela sociedade acerca da redução da maioridade penal.
Desse modo, observou-se tanto os argumentos que são contrários à redução da maioridade
penal, onde este não faz parte do meu pensamento, onde os seguidores dessa corrente
argumentam que os adolescentes e as crianças não são capazes de discernir o que é certo e o
que é errado. Sendo assim, foi exposto também, alguns doutrinadores que justificaram o
cometimento de ilícito por eles, argumentando que faz parte do desenvolvimento do cidadão,
pois, somente assim ele é capaz de aprender, principalmente com seu próprios erros, a
diferenciar o que é penalmente lícito e aceito pela sociedade do que é penalmente ilícito e
desaprovado pela sociedade.
Partindo desse pressuposto acima exposto, no meu ponto de vista, é totalmente
reprovável, pois, é inaceitável ter que conviver com alguém que comete um roubo, tráfico ou
outra conduta ilícita somente para se “conhecer”.
Dando continuidade a parte conclusiva do presente trabalho, apresentamos também,
argumentos favoráveis à redução da idade em que o cidadão possa responder criminalmente
por suas condutas, principalmente ao que tange os crimes hediondos. Sendo esta a posição em
que eu adotei.
No entanto, obviamente que o nosso sistema penitenciário não está preparado para
receber esses jovens e proporcioná-los uma política de ressocialização que realmente
funcione. Não obstante que, esse é apenas um dos vários problemas que não permitem que os
menores sejam inseridos nesse sistema penitenciário.
Por fim, foi apresentado também algumas propostas que as casas legislativas têm
confeccionado, a fim de atender aos anseios sociais. Algumas com o objetivo real de redução
da maioridade penal, e outras apenas com o aumento da rigidez das medidas sócio-educativas
que são aplicadas aos jovens, efetivando a redução da maioridade penal.
16
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Danielle Rinaldi; SOUZA, Thiago Santos de. Direito da Criança e do
Adolescente: proteção, punição e garantismo. Curitiba: Juruá, 2013
BRASIL. CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, DE 05
Out. 1988. Planalto, 1988.
BRASIL. DECRETO-LEI No 2.848, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1940. Código Penal:
legislação Saraiva de bolso. 2 ed.. São Paulo:Saraiva Educação, 2018.
BRASIL. DECRETO No 99.710, DE 21 DE NOVEMBRO DE 1990. Promulga a
Convenção sobre os Direitos da Criança. Planalto, 1990.
BRASIL. LEI Nº 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Dispõe sobre o Estatuto da
Criança e do Adolescente e dá outras providências. Planalto. 1990
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POLITIZE. Tudo que você precisa saber sobre a maioridade penal. 2016.
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