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Manual de equipamentos agricolas Eng Nortor Chare

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MANUAL DE EQUIPAMENTOS 
AGRÍCOLAS 
 
 
Mestre Fernando Nortor Hilário Chare 
 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 
Titulo original: Manual de equipamentos agrícolas 
 COPYRIGHT © 2021 Mestre Fernando Nortor Hilário Chare. 1ª edição em português: 2021. 
Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei nº 4/2001. 
Preparação e revisão do texto: Fernando Nortor Hilário Chare 
Nota: Muita atenção e carinho foram utilizados na elaboração da obra. Mas isso 
não a deixa imune de erros ortográficos, de digitação, ou dúvida conceitual. Em 
qualquer uma das situações solicito a comunicação a partir dos endereços 
deixados. 
 
 Av: 25 Setembro, Mocuba Moçambique –Zambézia -Mocuba Telefone: +258 850352285 
Email: fernandochare@yahoo.com.br 
 
 
Contextualização 
O crescimento da agricultura a nível magna é incontestável nos últimos 
anos, o avanço tecnológico tem impulsionado essa expansão sob vários 
prismas, porém nem todos os cantos do mundo seguem o mesmo ritmo, 
em suma vários países do continente africano, apresentam condições 
favoráveis de clima, água e solo que o levam a possuir uma vasta área 
agricultável, mas a incapacidade de utilizar a mecanização agrícola com 
eficácia impossibilita a maximização deste potencial inerente. 
Com esta visão, este material objectiva com o conhecimento da ciência 
hodierna debruçar sobre os preceitos da cadeia de valores da 
mecanização agrícola, todavia o conhecimento aqui exposto não se 
restrige somente a realidade africana, sendo que em todos os 
continentes, os dados mostram que existem em alguma porporção 
crenças e dogmas que limitam adoção de tecnologias para o uso 
agrícola. O manual porpocionará no seu todo, conhecimento da 
mecanização agrícola para a potencialização nos países desenvolvidos, e 
com mesma abordagem a intensificação para os países 
subdesenvolvidos, que na maioria das vezes agricultura é praticada em 
pequenas propriedades. 
 
 
 
 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
SUMÁRIO 
 
Conteúdos: Páginas: 
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO ............................................................9 
1.1 Evolução da Mecanização Agrícola ...............................................9 
1.2 Conceitos Gerais ...................................................................... 11 
1.2.1 Equipamentos agrícolas/Mecanização agrícola ......................... 12 
1.3 Aspectos a ter em conta na Mecanização Agrícola ....................... 14 
1.4 Interpretação de um sistema agrícola mecanizado ....................... 15 
1.5 Factores considerados na escolha .............................................. 16 
1.6 Custos ligados aos equipamentos agrícolas ................................ 17 
1.6.1 Custos Fixos (CF) .................................................................. 17 
1.6.2 Custos Variáveis (CV) ............................................................ 18 
1.7 Objectivos da Mecanização ........................................................ 20 
1.8 Vantangens e desvantangens da Mecanização Agrícola ................ 21 
1.8.1 Vantagens ............................................................................ 21 
1.8.2 Desvantagens ....................................................................... 21 
1.9 Exercícios de consolidação do capítulo I ..................................... 22 
CAPÍTULO II: TRACTORES AGRÍCOLAS ........................................ 24 
2.1 Generalidades .......................................................................... 24 
2.2 Constituição de um tractor ...................................................... 25 
2.3 Classificação geral dos tractores ................................................ 26 
2.4 Elementos básicos de mecânica dos tractores ............................. 33 
2.5 Potência nominal no motor dos tractores .................................... 35 
2.6 Desempenho operacional e económico do conjunto - tractorizado 35 
2.7 Capacidade de campo ............................................................... 36
2.7.1 Capacidade de campo Teórica ................................................. 36 
2.7.2 Capacidade de campo Efectiva ................................................ 36 
2.7.3 Eficiência de campo ............................................................... 37 
2.7.4 Factores que influenciam na Eficiência de Campo (ƞ) ................ 37 
2.8 Regulação dos tractores para a lavoura ...................................... 41 
2.9 Exercícios de consolidação do capítulo II .................................... 44 
CAPÍTULO III: PREPARAÇÃO INICIAL DO SOLO E PREPARAÇÃO 
PERIÓDICA DO SOLO ................................................................... 47 
3.1 Objectivos da preparação do solo ............................................... 47 
3.2 Preparação inicial do solo ......................................................... 47 
3.2.1 Factores a ter em conta na preparação do solo ......................... 48 
3.2.2 .................................... Equipamentos usados no desbravamento
 .................................................................................................... 49 
3.2.2.1 Determinação do desempenho operacional com uso de 
correntões ..................................................................................... 53 
3.2.2.1.1 Determinação da largura do corte ..................................... 53 
3.2.2.1.1 Determinação da produção de máquinas com uso de 
correntões (sem arrepios). .............................................................. 54 
3.2.2.1.1 Determinação da produção de máquinas com uso de 
correntões (com arrepios). .............................................................. 54 
3.2.3 Equipamentos responsáveis pelo destocamento ........................ 54 
3.3 Levantamento Densométrico .................................................... 55 
3.4 Preparação periódica do solo ..................................................... 56 
3.4.1 Charruas .............................................................................. 57 
3.4.1.1 Charruas de Aivecas ........................................................... 57 
3.4.1.1.1 Constituição básica para arados de Aivecas ....................... 58 
3.4.1.1.2 Constituição geral para arados de aivecas .......................... 58
3.4.1.2 Charruas de Discos ............................................................ 60 
3.4.1.2.1 Constituição básica para arados de Discos ......................... 61 
3.4.1.2.2 Constituição geral para arados de Discos ........................... 63 
3.4.1.3 Classificação para Charruas de Disco .................................. 63 
3.4.1.4 Factores que influenciam na penetração dos discos no solo .... 65 
3.4.2 Grades ................................................................................. 67 
3.4.2.1 Classificação das Grades ..................................................... 68 
3.4.2.2 Subclassificação das grades ................................................ 70 
3.4.2.3 ......... Factores que influenciam na penetração dos discos no solo
 .................................................................................................... 71 
3.4.2.4 Outros equipamentos usados para o preparo periódico do solo
 .................................................................................................... 73 
3.5 Exercícios de consolidação do capítulo III ................................... 76 
CAPÍTULO IV: EQUIPAMENTOS DE DEPOSIÇÃO DOS ÓRGÃOS 
VEGETATIVOS ............................................................................. 78 
4.1 Classificação dos semeadores-adubadores ..................................79 
4.1.1 Classificação quanto ao tamanho da semente .......................... 79 
4.1.2 Classificação quanto à forma de distribuição das sementes ....... 79 
4.1.3 classificação quanto à forma de acionamento ........................... 80 
4.1.4 Classificação quanto ao mecanismo dosador de sementes ......... 82 
4.1.5 Composição geral dos semeadores-adubadores ........................ 83 
4.1.6 Cálculos utilizados nos semeadores-adubadores ...................... 90 
4.1.7 Factores que afectam o funcionamento dos semeadores-
adubadores ................................................................................... 92 
4.8 Exercícios de consolidação do capítulo IV ................................... 92 
CAPÍTULO V: EQUIPAMENTOS DE PROTECÇÃO VEGETAL ............ 93 
5.1 Generalidades .......................................................................... 93
5.2 Classificação dos equipamentos de protecção vegetal ................. 96 
5.2.1 Polvilhador ........................................................................... 96 
5.2.2 Granulador ........................................................................... 97 
5.2.3 Nebulizador .......................................................................... 97 
5.2.4 Fumigadores ......................................................................... 98 
5.2.5 Pulverizador .......................................................................... 98 
5.2.1 Quanto a fonte de potência ................................................. 102 
5.2.2 Quanto ao acoplamento ....................................................... 102 
5.2.3 Quanto ao tipo de veículo utilizado ....................................... 102 
5.3 Nomenclatura de um equipamento de protecção vegetal ............ 103 
5.4 Exercícios de consolidação do capítulo V. ................................. 103 
CAPÍTULO VI: EQUIPAMENTOS DE IRRIGAÇÃO .......................... 104 
6.1 Generalidades ........................................................................ 104 
6.2 Principais tipos bombas .......................................................... 104 
6.3 Factores de selecção de uma bomba ........................................ 106 
6.4 Rendimento de uma bomba .................................................... 107 
6.5 Equipamentos de irrigação ...................................................... 108 
6.6 Factores da escolha dos equipamentos de irrigação ................... 111 
6.7 Exercícios de consolidação do capítulo VI ................................. 111 
CAPÍTULO VII: EQUIPAMENTOS DE COLHEITA .......................... 112 
7.1 Generalidades ........................................................................ 112 
7.2 Tipos de colheita de grãos ....................................................... 114 
7.3 Factores a ter em conta na colheita mecânica dos grãos ............ 115 
7.4 Exercícios de consolidação do capítulo VII ................................ 116 
CAPÍTULO VIII: MANUTENÇÃO DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 117 
7.1 Generalidades ........................................................................ 117
7.2 Tipos de Manutenção ............................................................. 117 
7.3 Vantagens de manutenção em equipamentos agrícolas .............. 120 
7.4 Exercícios de consolidação do capítulo VII. ............................... 120 
REFERÊNCIAS ........................................................................... 122 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
9 
 
CAPÍTULO I: INTRODUÇÃO 
1.1 Evolução da Mecanização Agrícola 
Os preceitos da evolução da Mecanização Agrícola pelo mundo nunca foi 
algo que promoveu a união entre os povos, isto porque, existiu, existe e 
existirá questões que as vezes cria essa desunião, tais como, a 
promoção do uso sustentável de recursos naturais, a poluição ambiental, 
a crise energética, principalmente com o uso dos derivados de petróleo, 
só para citar alguns deles. As épocas que se notabilizaram no processo 
da evolução da mecanização agrícola são: 
 Época das Ferramentas Manuais (onde todos os trabalhos eram 
realizados à mão); 
 Época dos equipamentos de Tracção Animal (existência de 
numerosos implementos agrícolas impulsionados pela roda que 
marchava sobre o terreno); 
 Época da Mecanização (também chamada de motorização parcial 
ou época dos animais de tiro e do tractor, já que, nesta época, 
ambas as forças se apresentam conjuntamente uma ao lado da 
outra); 
 Época da Supermecanização (também chamada de motorização 
total, uma vez que existem no mercado equipamentos para 
satisfazer todas e qualquer actividade agrícola, sendo a tracção 
animal praticamente extinto). 
O quadro seguinte mostra, a evolução da participação nos sistemas de 
produção das várias tecnologias de execução mecanizada. 
País 
ou 
acontecimentos 
 
Principais tecnologias 
Baixo e Alto 
Egipto 
Uso massivo da enxada de cabo curto. 
 Fontes de potência de tracção animal; 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 
Idade Média na 
Europa 
 
Alternância no cultivo de cereais e forragens; 
No século XIII, surgiu o primeiro arado de lâmina 
de metal; 
No século IX, crescimento populacional. 
 
 
 
Idade Média na 
China 
 
Século XVII, surgimento de semeadora mecânica; 
Século XIX, novos equipamentos traccionadas 
por animais, nomeadamente, grades, 
cultivadores, semeadoras, adubadoras, 
segadoras; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Revolução 
Industrial 
 
Em 1875, carvão máquina a vapor; 
Em 1769, James Watt patenteou uma máquina a 
vapor; 
Em 1800, após a Guerra Civil dos Estados 
Unidos da América (EUA) motores a vapor 
accionavam trilhadoras por correias; 
Em 1880, Colhedoras tracionadas por animais e 
acionadas pelas rodas motrizes; 
Em 1892, Invenção do motor de ciclo Diesel; 
Em 1892, primeiro tractor movido a gasolina, 
Iowa – EUA; 
Em 1897, Primeira venda de um tractor movido a 
óleo na Europa; 
Por volta de 1900, motores a combustão interna, 
máquinas agrícolas, fertilizantes, agrotóxicos 
(Inglaterra, França, EUA, Alemanha, Itália, 
Japão); 
Em 1917, petróleo (versatilidade). Modelo 
Fordson primeiro tractor a ser produzido em 
larga escala e a partir daí seu uso se difundiu e 
outros fabricantes entraram no mercado. 
 Na década de 1930 pneus substituem rodas de 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
11 
 
Depois da 
Segunda Guerra 
Mundial 
 
aço, mais velocidade de operação de tractores no 
campo e em rodovias. O primeiro engate de três 
pontos bem sucedido 
 
 
 
 
 
 
Revolução Verde 
 
Monocultura (esgotamento dos solos, Pragas, 
doenças e plantas concorrentes); 
Sistematização (preventivo); 
Adubação; 
Selecção varietal; 
Melhoramento genético; 
Semeadoras de precisão; 
Equipamentos para tratos culturais; 
Tratamentos químicos (Inseticidas, fungicidas, 
herbicidas); 
Tratamentos físicos e mecânicos; 
Organismos Geneticamente Modificados (OGMs). 
 
1.2 Conceitos Gerais 
Antes de compreender os conceitos básicos que possam norteiar a 
percepção dos equipamentos agrícolas ou da mecanização agrícola é 
preciso classificar os equipamentos agrícolas que serão abordados neste 
material didático, para familiarizar o leitor (estudantes e a sociedade no 
geral), dos objectivos que se pretende alcançar com o mesmo. A 
classificação dos equipamentos agrícolas, irá seguir o ordenamento 
cronológico das actividades de produção de culturas agrícolas, assim 
sendo, temos: 
 Equipamentos autopropelidos (tractores); 
 Equipamentos para o preparo do solo (preparo inicial do solo e 
preparo periódico do solo); 
 Equipamentos para a sementeira (semeadores); 
 Equipamentos para aplicação de fertilizantes (adubadores); 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 Equipamentos de protecção vegetal (polvilhador, granulador, 
pulverizador, nebulizador e fumigadores); 
 Equipamentos de irrigação (bombas, aspersores, gotejadores,filtros, electroválvulas e tubalações); 
 Equipamentos de colheita (autocombinadas); 
 Equipamentos para o processamento (debulhadores). 
1.2.1 Equipamentos agrícolas/Mecanização agrícola 
Existe ou não diferenças entre equipamentos agrícolas e mecanização 
agrícola, eis a grande questão que muitas vezes fizemos e outras vezes 
confundimos a interpretação das mesmas, podemos tirar essas dúvidas 
pelas seguintes difinições: 
 Equipamentos agrícolas (são todos meios que podem ser 
utilizados no maneio do solo, no plantio e colheita de lavouras, 
onde podemos encontrar ferramentas, implementos e máquinas 
agrícolas); 
 Mecanização (uso de máquinas em substituição de uso de mão-
de-obra manual, nesse caso o Homem ou tracção animal); 
 Mecanização agrícola (é o conjunto de equipamentos agrícolas, 
capazes de realizar todas as actividades agrícolas, de forma técnica 
e economicamente organizadas, que vão desde a preparação do 
solo, passando pela implantação da cultura, sua colheita e até ao 
seu processamento, buscando obter o máximo rendimento com o 
mínimo desperdício de energia, tempo e dinheiro). 
Existem diversos tipos de equipamentos agrícolas, alguns são manuais, 
que são utilizados na agricultura familiar e outros são máquinas 
gigantes, para agricultura em larga escala, para perceber mais do 
processo de funcionamento destes tipos de agriculturas iremos difinir os 
seguintes termos: 
 Operação agrícola (toda actividade directa e permanentemente 
relacionada com a produção de culturas agrícolas, por exemplo, 
sacha, aração, gradagem, drenagem, secagem entre outros); 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
13 
 
 Ferramenta agrícola (são instrumentos manuais simples que se 
utilizam para lavrar a terra, carregar areia, capinar, sachar, mover 
a terra, abrir sulcos, entre outros trabalhos agrícolas); 
 Implemento Agrícola (todo aquele meio que não tem capacidade 
de transformar energia, isto é, não possui motor de combustão, 
sendo que o seu movimento é suportado normalmente por uma 
máquina ou animal, por exemplo, charruas ou arados, grades, 
subsoladores, enxadas rotativas e escarificadores); 
 Máquinas Agrícolas (equipamentos e veículos com robusteça, 
tecnologia e ferramentas específicas para auxiliar nas actividades 
agrícolas, são muito empregadas em processo de alta produção. 
Geralmente, possuem autonomia de funcionamento, apresentam 
motor de combustão e mecanismos de transmissão que permitem a 
locomoção do veículo de produção agrícola, por exemplo, tractores 
e motocultivadores); 
 Máquina Combinada ou Conjugada (aquelas que 
simultaneamente podem fazer várias operações agrícolas, por 
exemplo, cegadora); 
 Acessórios (geramente são órgãos activos que, permitem melhorar 
o desempenho de implementos ou máquinas agricolas, por 
exemplo, discos, aivecas, dentes, molas entre outros). 
 
A agricultura em Moçambique é predominantemente de 
subsistência, e apresentando as seguintes características: 
 Pequena escala (dependente de mão-de-obra barata, ou seja, 
capacidade de aprendizagem do operário e com uma produção 
extensiva); 
 Poucas soluções inovadoras (uso basicamente de ferramentas 
manuais e sementes não melhoradas); 
 Menos capital (pouco investimento e numerosos critérios 
burocráticos no que tange ao crédito agrícola); 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 Mais desafios (adopção de assistência técnica, escoamento de 
produção, e o mais importante de todos é a introdução da tracção 
mecânica, vulgarmente conhecido como, uso de tractores agrícolas. 
De salientar que a introdução da tracção mecânica não pode ser 
apenas, só e só, para uma única operação agrícola, mais sim para 
toda uma cadeia produtiva). 
Estes e mais problemas encontrados na agricutura de subsistência, 
podem ser resolvidos, se optarmos por uma Agricultura Empresarial 
que apresenta melhores condições em todas as características já 
discutidas. A racionalização da mecanização agrícola em Moçambique 
pode ser analisada usando as seguintes perguntas: 
O que fazer? 
 Caracterizar as operações agrícolas. 
Como fazer? 
 Caracterizar a maneira de fazer. 
Quando fazer? 
 Ordenar cronologicamente. 
Com quem fazer? 
 Escolher os equipamentos agrícolas necessários. 
1.3 Aspectos a ter em conta na Mecanização Agrícola 
A intensificação do uso de Equipamentos agrícolas vem exigindo novos 
investimentos em máquinas com maior grau de confiabilidade da sua 
potência disponível, tecnologia e economia do consumo de combustível, 
visando atender a demanda nas actividades agrícolas. Discutindo os 
aspectos estariamos a tornar essa mesma intensificação mais eficiente, 
eficaz e efectiva como é mostrado a seguir: 
 
 Fontes de potência (utilização da força humana através da 
enxada de cabo curto, fomento do uso de animais para tracção 
animal e da introdução do uso de traçção motora na produção de 
culturas alimentares e não só); 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
15 
 
 Evolução da tracção animal (alguns agricultores passam 
directamente da fase de trabalho de enxada de cabo curto para a 
fase tractorizada, sem passar pela tracção animal, este aspecto é 
negativo para o processo de uso intensivo de equipamentos 
agrícolas, visto que essa passagem de testemunho seria muito 
importante para a familiarização por parte dos produtores de 
certos equipamentos agrícolas que são usados na tracção animal e 
que futuramente serão utilizados ou terão os mesmos princípios de 
funcionamento de alguns equipamentos agrícolas de grande porte 
usados na tracção motora); 
 Máximos rendimentos (mínimo desperdício dos três elementos da 
mecanização agrícola, nomeadamente, energia, tempo e dinheiro). 
1.4 Interpretação de um sistema agrícola mecanizado 
A optimização do desempenho de sistemas agrícolas mecanizados 
necessariamente passa por questões de aspectos técnicos e económicos 
visando um entendimento adequado entre as relações de potência 
disponível e custos operacionais. No caso de tractores e outros 
equipamentos agrícolas a análise dos seus sistemas estão intimamente 
relacionados com a seguinte ordem de prioridades: 
 Condição inicial (ligado as particularidades de um conjunto de 
elementos que prefazem uma solução, por exemplo existência de, 
dinheiro para investir, parques de equipamentos, uma porção 
suficiente de terra arável para produção em mecanização agrícola 
no verdadeiro sentido da palavra entre outros); 
 Análise operacional (é um ferramenta importante, utilizada para 
realizar uma análise económica de um sistema agrícola 
mecanizado, apurando os riscos, incertezas, bem como os seus 
prejuízos e lucros num determinado período de tempo); 
 Planeamento para selecção (processo estruturado, onde se ocupa 
basicamente em avaliar os factores de escolha de um equipamento 
agrícola e para admissão do pessoal técnico que irá trabalhar com 
os tais equipamentos, neste caso, mecânicos e tractoristas); 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 Aquisição de equipamentos (compra de máquinas agrícolas, 
principalmente os tractores agrícolas, compra de implementos, 
ferramentas e acessórios que estão directamente/indirectamente 
ligados com a produção agrícola); 
 Custo operacional (são todos gastos ou despesas que estão 
directamente ligados às actividades de funcionamento de todo o 
sistema mecanizado, fazem parte destes custos, os variáveis e 
fixos); 
 Perspectivas (conhecido também como break even point do 
sistema). 
1.5 Factores considerados na escolha 
A seleção de máquinas agrícolas é um assunto bastante complexo devido 
ao elevado número de fatores envolvidos e de alternativas a considerar. 
Todavia, uma definição clara e objetiva dos propósitos visados com a 
seleção da maquinaria agrícola permite o delineamento de roteiros que 
conduzem a uma solução racional do problema. No momento da seleção 
de máquinas agrícolasdevem ser observados três pontos principais: 
 O mercado dos equipamentos (onde podemos encontrar a marca, 
muito importante para usuário, pois assim podemos saber a 
localização do fabricante em caso de termos problemas do 
funcionamento dos seus produtos e modelo, cada fabricante tem 
um modo particular de designar os modelos dos diferentes tipos 
de equipamentos de sua linha de produção, facilitando assim a 
existência de acessórios para uma futura manuntenção agrícola); 
 Capacidade operacional (encontramos a garantia/assistência 
técnica, antes de decidir sobre a compra de certa marca e modelo 
de um certo equipamento agrícola, é necessário verificar as 
condições que o revendedor oferece com relação à assistência 
técnica, tais como, mecânicos devidamente treinados para 
transmissão de conhecimentos técnicos e científicos aos 
operadores ou tractoristas); 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
17 
 
 O custo operacional (padronização da frota, é uma das 
preocupações de muitos produtores rurais, pois, facilita o 
treinamento e o aprimoramento tanto de mecânicos como de 
operadores ou tractoristas, uniformizar os cuidados e tarefas da 
equipe de manutenção e simplifica a organização e funcionamento 
acessórios da oficina de reparos e manutenção). 
1.6 Custos ligados aos equipamentos agrícolas 
Os resultados da operacionalização da mecanização agrícola que ocorre 
numa determinada actividade agrícola, procurará sempre obter a 
máxima produção possível em face da utilização de certa combinação de 
factores. Os resultados óptimos poderão ser conseguidos quando houver 
a maximização da produção para um dado custo total ou minimizar o 
custo total para um dado nível de produção, para tal a interpretação dos 
Custos Fixos (CF) e Custos Variáveis (CV) é muito importante, a seguir 
estes custos são mostrados no custo-hora de planeamento de um certo 
equipamento agrícola. 
1.6.1 Custos Fixos (CF) 
Representado matematicamente por, , sendo que: 
 Depreciação (D), representado por, 
 
 
 sendo que: 
 - depreciação (Metical por hora ou MZN/h); 
 - valor inicial (Metical ou MZN); 
 - valor de sucata = 0,1 Vi (Metical ou MZN); 
 - vida útil (horas ou h). 
 Juros ( ), representado por, 
( ) 
 
 , sendo que: 
 - juros (MZN/h); 
 - valor inicial (MZN); 
 - taxa de juros ao ano; 
 - número de horas de uso do bem por ano (horas/ano). 
 Alojamento (A), representado por, 
 
 
 , sendo que: 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 - custo-hora com alojamento (MZN/h); 
 - valor inicial (MZN); 
 - percentagem do valor inicial (Vi) para cobrir os custos com 
alojamento; 
 - número de horas de uso do bem por ano (horas/ano). 
 Seguros (S), representado por, 
 
 
 , sendo que: 
 - custo do seguro (MZN/h); 
 - valor inicial (MZN); 
 - prêmio do seguro, como percentagem do valor inicial; 
 - número de horas de uso do bem por ano (horas/ano) 
1.6.2 Custos Variáveis (CV) 
Representado matematicamente por, , sendo que: 
 Combustíveis (C), representado por, , 
sendo que: 
 - combustíveis (MZN) 
 ( ) - potência de barra tracção = ( ) 
 - força de tracção (kgf); 
 - velocidade de trabalho (m/s); 
 - preço do combustível (MZN). 
 Lubrificantes ( ), representado pelo valor de 2% em relação ao 
consumo de combustível. 
 Salário do tractorista ( ), representado por, = 
( )
 
, sendo 
que: 
 
 - salário do tractorista (MZN/h) 
 - salário mensal (MZN); 
 - Salário mínimo (MZN); 
u - número de horas de uso do bem por ano (horas/ano) 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
19 
 
 
 Reparos e manutenção (RM), representado por gasto do total da 
percentagem (%) do preço de aquisição, que para este material 
didáctico, seguirá o critério adaptado pelo Instituto de Economia 
Agrícola do Brazil (IEAB), que é apresentado na tabela seguinte: 
Equipamentos Percentagem do preço de aquisição 
Tractores 100 
Arados 60 
Grades 50 
Escarificadores 60 
Subsoladores 60 
Enxada rotativas 80 
Semeadores em linha 80 
Semeadores em precisão 75 
Plantadores 80 
Transplantadores 100 
Pulverizadores 80 
Colhedoras simples 90 
Colhedora combinada 100 
Colhedora de forragens 60 
Ceifadoras 150 
Fonte: IEAB (2002), adaptado pelo autor 
 
 
 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
Podemos concluir que um gestor de parques de equipamentos agrários 
para determinar o Custo-hora de planeamento precisa da seguinte 
planilha: 
 
 
 
Equipamento 
 
 
 
 
Ano 
de 
Vida 
CF CV 
 
Custo 
horário 
D J A S 
S
u
b
 to
ta
l 
C L ST RM 
S
u
b
 to
ta
l 
 1 
2 
3 
4 
5 
 
 
Adaptado pelo autor 
 1.7 Objectivos da Mecanização 
 Aumento da produção e da produtividade (expansão da área 
cultivada e maiores rendimentos das culturas agrícolas por hectare 
em mesmas áreas onde antigamente não se usava equipamentos 
agrícolas); 
 Garante o calendário agrícola (execução atempada de especificas 
operações do ciclo cultural, através de realização de actividades 
que são difíceis de executar sem ajuda mecânica); 
 Melhor proveito da terra (melhorar a qualidade de algumas 
actividades, tais como, a aração entre outros, favorecendo as 
melhores condições de germinação/emergência, bem como o 
desenvolvimento da planta); 
 Melhoria da qualidade do trabalho e produtos (reduzir ao 
mínimo a penosidade na realização dos trabalhos agrícolas, que os 
métodos tradicionais impõem, tornando o trabalho menos árduo e 
mais atractivo, e por consequência, consegue tirar mais e melhores 
safras, contribuindo de certo modo para a dieta e o rendimento 
económico do produtor rural). 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
21 
 
1.8 Vantangens e desvantangens da Mecanização Agrícola 
1.8.1 Vantagens 
 Transformações socioeconómicas (geralmente altera a económia 
agrária dos países, consolidando a moderna estrutura capitalista 
de produção e provocando profundas mudanças sociais). 
1.8.2 Desvantagens 
 Desemprego (embora esse ponto não traga consensos, a quem 
acredita que a principal desvantanges da Mecanização Agrícola 
seja essa, por seguintes motivos, a Revolução Industrial tornou os 
métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a ser 
produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o 
consumo. Por outro lado, aumentou também o número de 
desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a 
mão-de-obra humana. Até os dias de hoje, o desemprego é um dos 
grandes problemas nos países em desenvolvimento. Gerar 
empregos tem se tornado um dos maiores desafios de governos no 
mundo todo. Os empregos repetitivos e pouco qualificados foram 
substituídos por máquinas e robôs. As empresas procuram 
profissionais bem qualificados para ocuparem empregos que 
exigem cada vez mais criatividade e múltiplas capacidades. Mesmo 
nos países desenvolvidos tem faltado empregos para a população. 
Aliando ao desemprego podemos encontrar a poluição 
ambiental/sonora e a compactação dos solos pelo movimento 
contínuo dos equipamentos agrícolas). 
 
 
 
 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
1.9 Exercícios de consolidação do capítulo I 
1. Quais são as possíveis diferenças que podemos encontrar entre 
Equipamentos Agrícolas e Mecanização Agrícola? 
2. Dar exemplos de máquinas, implementos, e ferramentas agrícolas 
mais usadas em Moçambique? 
3. Discuta a cadeia de valor da Mecanização agrícola em 
Moçambique? 
4. Como futuro Engenheiro, diga quando estariamos presente a um 
sistema mecanizado fracassado num processo produtivo? 
Exemplifique. 
5. Quais são as principais estratégias da mecanização agrícola em 
Moçambique? 
6. A mecanização é uma das chaves se não a mais importante para o 
desenvolvimento da agricultura em Moçambique.Na sua opinião 
quais são as causas/razões que levam o baixo uso da mesma por 
parte dos camponeses? 
7. Diga qual foi a combinação tripla que impulsionou a evolução da 
mecanização agricola no mundo, caso especifico de Moçambique? 
a) Faça uma explicação válida e conclusiva da mesma relação? 
b) Olhando para as diferentes causas e consequências da evolução 
da mecanização agricola, diga como elas poderão ter contribuido 
para a situação actual da agricultura em Moçambique? 
8. Quais foram as epócas e os aspectos mais importante que se 
notabilizaram no processo da evolução da mecanização agricola no 
mundo? 
9. A evolução da mecanização agrícola no mundo e em especial para 
Moçambique trouxe por si desafios e soluções imediatas. Olhando 
para a revolução verde diga quais foram as características (técnicas 
de cultivo) que mais se notabilizaram na agricultura Moçambicana 
nos primeiros anos Pós-Independência? 
10. De ponto de vista linguístico, falar de vantagem é diferente de falar 
de objectivo? usar exemplos ilustrativos dos aspectos da 
mecanização agrícola. 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
23 
 
11. O quadro abaixo representa componentes pertencentes ao 
desempenho operacional e econômico de Equipamentos Agrícolas, 
numa análise das fontes de riscos endógenos e exógenos. Complete 
os locais em branco do quadro. 
Componentes Fontes de riscos 
Exógenos Endógenos 
Custo Oportunidade 
Preço de Venda 
Custos e Despesas Fixos Aumento de Impostos Aumento de Salários 
Depreciação 
Custos e Despesas Variáveis 
 
12. Os dados abaixo representam um certo equipamento agrário. Tire 
conclusões importantes sobre todos aspectos envolvidos no custo-
hora de planeamento. 
ITENS VALORES 
Potência (cv) 150 
Fabricante Unizambeze Ltd 
Valor inicial (MZN) 2.000.000,00 
Valor da sucata (MZN) 50.000,00 
Modelo XZW 
Vida útil (anos) 5 
Salário mínimo (MZN) 2.500,00 
Horas de trabalho anual 1000 
Velocidade (Km/h) 4 
Custo do óleo lubrificante (MZN/L) 100,00 
Custo do combustível (MZN/L) 70,00 
Força (kgf) 1500 
 
13. Existe ou não relação de dependência entre os elementos que 
caracterizam a gestão de equipamentos agrários e os elementos 
que caracterizam a mecanização agrária? Justifique a sua resposta 
não se esquecendo de mencionar os tais elementos. 
14. Depois de tudo que se abordou sobre a mecanização, você como 
futuro engenheiro diga qual é a FOFA da mecanização agrícola em 
Moçambique? 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
CAPÍTULO II: TRACTORES AGRÍCOLAS 
2.1 Generalidades 
Um tractor é uma máquina autopropelida provida de meios que, além de 
lhe conferirem apoio estável sobre uma superfície horizontal 
impenetrável, capacitam-no a tracionar, accionar, transportar e fornecer 
potência mecânica, através da barra de tracção ou do engate de três 
pontos e da árvore de tomada de potência, permitindo a movimentação 
dos os órgãos activos de máquinas e implementos agrícolas. Tiveram 
como causas principais a evolução dos tractores: 
 A necessidade do aumento da capacidade de trabalho do homem 
do campo rural, face à crescente escassez de mão-de-obra; 
 A migração das populações rurais para as zonas urbanas, devido 
ao processo de desenvolvimento económico pelo qual tem passado 
o nosso país, conhecido como Êxodo Rural. 
Como consequência, o tractor tem provocado modificações profundas nos 
métodos de trabalho agrícola nos seguintes aspectos: 
 Redução sensível da necessidade de tracção animal e de trabalho 
manual e, por consequência, diminuição do mercado de trabalho 
rural, para mão-de-obra não qualificada; 
 Crescente exigência do emprego de tecnologia avançada, como das 
técnicas de descompactação e conservação dos solos, de aplicação 
de fertilizantes e defensivos, da utilização de sementes melhoradas 
e de conservação e armazenamento dos produtos colhidos; 
 Organização e racionalização do trabalho, através de planeamento 
agrícola e controlo económico-financeiro, dando às actividades de 
agricultura Familiar um carácter tipicamente da agricultura 
Empresarial. 
 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
25 
 
2.2 Constituição de um tractor 
A análise constitucional de um tractor pode ser feita por duas formas 
distintas, a primeira é denominada de constituição básica, a qual 
podemos encontrar chassi (estrutura que suporta todas partes do tractor 
geralmente metálica), motor (de combustão interna , que transforma a 
energia proveniente de uma reação química em energia mecânica), 
sistema hidráulico (órgãos receptores, transformadores e transmissores 
da potência do motor através de um fluido sob pressão aos órgãos 
operadores, representados, principalmente, por cilindros hidráulicos), 
sistema de direcção e comando (local onde fica o operador ou 
tractorista), úteis de trabalho (local por onde serão acoplados os 
implementos agrícolas através da ligação dos três pontos) e rodados 
(órgãos operadores responsáveis pela sustentação e direcionamento do 
trator, bem como sua propulsão, desenvolvida através da transformação 
da potência do motor em potência na barra de tracção). Ver a figura 1. 
 
Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 1: Constituição básica de um tractor 
 
A segunda forma é denominada de constituição geral, esta faz uma 
descrição mais detalhada de todos elementos do tractor, para melhor 
percepção, ver a figura 2. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Qu%C3%ADmica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Energia_mec%C3%A2nica
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 
Fonte: Filho e Santos (2001), adaptado pelo autor 
Figura 2: Constituição geral de um tractor 
 
2.3 Classificação geral dos tractores 
Considera dois critérios básicos, o primeiro critério é tipo de rodado. 
De salientar que antes temos que falar de rodas pneumáticas, mais 
conhecido por pneus, é feita de borracha e podemos encontrar a Radial ( 
com uma linha no centro que divide os trilhos do pneu em duas partes 
iguais, de maior custo inicial, melhor desempenho e menor 
compactação), a Diagonal (não possue uma linha divisória dos trilhos, 
menor custo, maior compactação e mais utilizados), a Baixa Pressão e 
Alta Flutuação (conhecidos como Pneu BPAF, tem as mesmas 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
27 
 
características dos Pneu Radial no que tânge a distribuição dos trilhos e 
compactação do solo, usados muito na técnica de lastragem). Ver a 
figura 3. Também há uma necessidade de se fazer abordagem das rodas 
de esteiras de aço (menor velocidade e maior compactação, devido as 
ligaçõs metálicas) e rodas esteiras de borracha (maior velocidade e 
menor compactação). Ver a figura 4. 
 
Fonte: Filho e Santos (2001), adaptado pelo autor 
Figura 3: Representação de rodas pneumáticas. 
 
 
Fonte: italprates.com.br , adaptado pelo autor 
Figura 4: Representação de rodas de esteiras. 
No contexto de ideias acima citados, podemos encontrar os seguintes 
tractores quanto ao tipo de rodado: 
 Tractor de duas rodas (todas são pneumáticas motrizes e o 
operador caminha atrás do conjunto). Ver a figura 5. 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 
Fonte: engemac.com.br , adaptado pelo autor 
Figura 5: Representação de um tractor de duas rodas. 
 
 Tractorde três rodas (todas são pneumáticas, onde duas são 
motrizes na traseira e uma é directrizes na parte da frente). Ver a 
figura 6. 
Fonte: engemac.com.br , adaptado pelo autor 
Figura 6: Representação de um tractor de três rodas. 
 
 Tractor de quatro rodas (todas também são pneumáticas, duas 
directrizes com diâmetro menor e duas motrizes com diâmetro 
maior e com os seguintes modelos: 4 X 2; 4 X 4). Ver a figura 7. 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
29 
 
 
 Fonte: engemac.com.br , adaptado pelo autor 
Figura 7: Representação de um tractor de quatro rodas. 
 
 Tractor de 6 rodas (todas também são pneumáticas, onde 
geralmente encontramos duas directrizes com diâmetro menor e 
quatro motrizes com diâmetro maior, e em alguns casos 
encontramos duas directrizes e quatro motrizes com mesmo 
diâmetro, e com os seguintes modelos: 6 X 4; 6 X 6). Ver a figura 
8. 
 
Fonte: engemac.com.br , adaptado pelo autor 
Figura 8: Representação de um tractores de seis rodas. 
 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 Tractor de 8 rodas (todas também são pneumáticas, encontramos 
quatro directrizes com diâmetro menor e quatro motrizes com 
diâmetro maior, geralmente com modelos: 8 X 8). Ver a figura 9. 
 
Fonte: engemac.com.br , adaptado pelo autor 
Figura 9: Representação de um tractor de oito rodas. 
 
 
 Tractor de 12 rodas (todas também são pneumáticas, 
encontramos quatro directrizes e seis motrizes todas com o mesmo 
diâmetro, geralmente com modelos: 12 X 12). Ver a figura 10. 
 
Fonte: engemac.com.br , adaptado pelo autor 
Figura 10: Representação de um tractor de doze rodas. 
 
 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
31 
 
 Tractores do tipo semi-esteiras (constituido por duas partes, 
uma esteira borracha ou metálica e outra pneumática). Ver figura 
11. 
Fonte: pt.dreamstime.com , adaptado pelo autor 
Figura 11: Representação de tractores semi-esteiras. 
 
 Tractores de esteiras (constituído todo ele por ligas metálicas ou 
borracha, vulgarmente conhecidos por Caterpillar). Ver a figura 
12. 
 
Fonte: pt.dreamstime.com , adaptado pelo autor 
Figura 12: Representação de tractores esteiras. 
 
O segundo critério é o tipo de chassi ou utilização (podem ser 
tractores industriais, usados nos parques industriais, podendo ser 
pneumáticos, esteiras e de chassi articulado. Tractores agrícolas, toda 
actividade directa e permanentemente relacionada com execucção do 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
trabalho de produção agrícola. Tractores florestais, projectada 
especificamente para realizar integralmente a execução da operação 
florestal). Ver a figura 13. 
 
Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 13: Classificação geral de um tractor, quanto ao tipo de chassi. 
 
A classificação dos dois critérios básicos é complementada pela 
classificação: 
 Tractores leves ( são aqueles que tem até 49 cv ou Hp de 
potência, abaixo temos, tractores pneumáticos e de tractores de 
esteiras). Ver a figura 14. 
 
 Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 14: Classificação de tractores leves. 
 
 Tractores médios (são aqueles que estão num intervalo de 50 á 99 
cv ou Hp de potência, abaixo temos, tractores peneumáticos e de 
tractores de esteiras). Ver a figura 15. 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
33 
 
 
Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 15: Classificação de tractores médios. 
 
 Tractores pesados (são aqueles que tem acima de 100 cv ou Hp de 
potência, abaixo também temos, tractores peneumáticos e de 
tractores de esteiras). Ver a figura 16. 
 
Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 16: Classificação de tractores pesados. 
 
2.4 Elementos básicos de mecânica dos tractores 
Para analisar a mecânica dos tractores é preciso procurar estabelecer 
fórmulas e coeficientes compatíveis com a natureza e condição de cada 
operação agrícola, para tal temos que estabelecer os sistemas de unidades de 
medidas anível internacional. 
 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
Adaptado pelo autor. 
Os princípios e leis básicas da mecânica teórica, podem ser representados e 
apresentados por seguintes elementos: 
 
 Força (é definida como a acção que um corpo exerce sobre outro, 
tendendo a mudar ou modificar seus movimentos, posição, tamanho ou 
forma, ou seja, ); 
 Trabalho (o trabalho está associado a um movimento e a uma força. 
Toda vez que uma força atua sobre um corpo produzindo movimento, 
realizou-se trabalho, ou seja, ); 
 Torque (é um momento de força que tende a produzir ou que produz 
rotação. É o produto de uma força por um raio. ); 
Unidades Usadas Sistema Técnico (ST) Sistema Internacional (SI) 
Força Kgf N 
Trabalho mKgf Nm = J 
Torque mKgf mN 
Potência Kgfm/s J/s = W 
Comprimento m M 
Tempo s S 
Massa Utm Kg 
Velocidade km/h m/s 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
35 
 
 Potência: (é definido como a quantidade de trabalho realizado numa 
unidade de tempo. 
 
 
 
 
 
 ); 
 Peso (é a força gravitacional de atração exercida pela terra sobre um 
corpo. Força na vertical (carga). s2); 
 Força Centrífuga (é a força que aparece na direcção radial, quando um 
corpo está em movimento curvilíneo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 ); 
 Inércia (é a resistência que todos os corpos materiais opõem a uma 
mudança de movimento). 
2.5 Potência nominal no motor dos tractores 
Este factor esta directamente envolvido com o consumo dos combustíveis e é 
representado pela seguinte operação matemática: 
 
 
 
 
Sendo que: 
PotBT - potência na barra de tração (cv); 
 - força de tração (kgf); 
 - velocidade de trabalho (m/s). 
Devido a factores de perdas de potência, como o atrito do sistema de 
transmissão, a patinagem das rodas motoras, a resistência ao rolamento, 
além da reserva de potência, pode-se considerar, de forma prática, que os 
tratores agrícolas de pneu desenvolvem na barra de tração somente 50% da 
potência nominal do motor, assim, a formula do potência nominal no motor 
dos tractores será: PotMotor 
 
 
 
2.6 Desempenho operacional e económico do conjunto - 
tractorizado 
Conjunto tractorizado é constituído de tractor (fonte de potência) + 
implemento + operador. O Custo horário de tractores são de três tipos: 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 Previstos (usados em planeamentos); 
 Efectivo ( determinado em função do que ocorre durante o 
processo de produção); 
 Comercial (de mercado. Utilizado para terceirização de serviços. 
Segue a Lei da oferta e procura). 
2.7 Capacidade de campo 
2.7.1 Capacidade de campo Teórica 
É arazão entre o desempenho da máquina (área trabalhada) e o tempo 
efectivo, como se a mesma trabalhasse 100% do tempo na velocidade 
nominal, utilizando 100% da sua largura nominal. 
 
 
 
 
Sendo que: 
CcT - Capacidade de campo Teórica (ha/h); 
L - largura de trabalho (m); 
V - velocidade de trabalho (Km/h); 
Nº P - número de passadas. 
2.7.2 Capacidade de campo Efectiva 
É a razão entre o desempenho real da máquina (área trabalhada) e o 
tempo total de campo. 
 
 
 
 
Sendo que: 
CcE - Capacidade de campo Efectiva (ha/h); 
L - largura de trabalho (m); 
V - velocidade de trabalho (Km/h); 
Ec - eficiência de campo 
Nº P - número de passadas. 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
37 
 
2.7.3 Eficiência de campo 
Ec 
 
 
 
Nota: Quanto mais próximo a CcE estiver da CcT, indica melhor utilização 
das características do conjunto tractorizado. Com já vimos, o melhor ou 
não gerenciamento agrícola depende basicamente da tabela padronizada 
de diferentes máquinas e implementos agrícolas como é mostrada na 
seguinte tabela abaixo da velocidade e eficiência. 
Equipamentos 
Velocidade km/h Ec (%) 
Arados 
4 – 8 70 – 85 
Grades 
5 – 7 70 – 90 
Escarificadores 
5 – 8 70 – 85 
Subsoladores 
4 – 7 70 – 90 
Enxada rotativas 
2 – 7 70 – 90 
Semeadores em linha 
3 – 7 50 – 75 
Semeadores em precisão 
4 – 8 50 - 75 
Plantadores 
3 – 5 70 – 90 
Transplantadores 
3 – 5 70 – 90 
Pulverizadores 
5 – 8 60 – 75 
Colhedoras simples 
3 – 6 60 – 75 
Colhedora combinada 
3 – 6 65 – 80 
Colhedora de forragens 
4 – 7 50 – 75 
Ceifadoras 
6 – 9 75 – 85 
Adaptado pelo autor 
2.7.4 Factores que influenciam na Eficiência de Campo (ƞ) 
Estabelece a eficiência dos equipamentos possibilitando a redução do 
tempo perdido em manobras, deslocamento em canteiros/sulcos mortos 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
e distâncias percorridas nas cabeceiras, bem como nos abastecimentos 
entre outros, os pricipais tempos perdidos são: 
 Proporcional a área (manobras, e reabastecimento); 
 Proporcional ao tempo operacional efectivo (descanso e 
ajustes); 
 Confiabilidade da máquina (segurança e vida útil). 
O resumo geral dos tempos do campo é definido pelos elementos do antes 
e depois, a calendarização, a produção, o total e o instantâneo, como 
ilustra o tabela seguinte: 
 
Adaptado pelo autor. 
Os principais factores que influenciam na Eficiência de Campo (ƞ) são: 
 Forma da parcela (podemos encontrar várias formas, sendo a 
ideal a rectângular); 
 Tamanho da parcela (também de tamanhos diferentes, onde as 
pequenas aumentam o trabalho em vazio); 
 Capacidade do depósito (adoptar métodos que sejam 
sustentáveis, evitando que a máquina vá muitas vezes as bombas 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
39 
 
de combustível, por exemplo, abastecer ao tanque cheio, ou em 
certos casos levar bidões com combustível ao campo); 
 Condições do solo e cultura (declividade combinado ao tipo de 
cultura a ser produzida, se são anuais ou perenes); 
 Processos em parcelas regulares (depende do tractorista, requer 
uso de arado/charrua reversível, e os principais são: 
Contínuo com manobras na cabeceira, existe tempo perdido nas 
manobras em cabeceiras segundo a seguinte ilustração: 
 
Fechando a parcela – canto arredondado, há tempo perdido para 
os cantos, que ficam parcialmente trabalhados: 
 
Fechando a parcela – manobras na diagonal, a largura das faixas 
diagonais devem permitir o giro de 90° do tractor, há tempo 
perdido para trabalhar a área central e as partes que fazem o "X": 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 
 
Abrindo a parcela – giro de 270°, as manobras sao feitas em 
terreno não trabalhado, há tempo perdido nas manobras: 
 
De fora para dentro, há geração de canteiros/sulcos mortos, há 
tempo perdido para trabalhar as cabeceiras e canteiros mortos: 
 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
41 
 
De dentro para fora, há geração de canteiros/sulcos mortos, há 
tempo perdido para trabalhar as cabeceiras e canteiros mortos: 
 
Alternado, considerado ideal para actividades em campos agrícolas: 
 
2.8 Regulação dos tractores para a lavoura 
Porquê Regular um tractor agrícola? É a grande questão da Mecanização. 
Isso é possível ser respondido pelos seguintes argumentos: 
 Reduzir no máximo as três características da Mecanização 
Agrícola; 
 Utilização em diferente tipos de Equipamentos Agrícolas; 
 Existência de diferentes tipos de solo, aliado a condições 
climáticas de cada região. 
Os elementos levados em cosideração para a regulação dos tractores para 
a lavoura são: 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 Sistema hidráulico e úteis de trabalho em condições (ver a 
figura 17). 
 
Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor 
Figura 17: Representação do sistema hidráulico/úteis de trabalho de um 
tractor. 
 
 Calibragem dos pneus (a calibragem deve ocorrer no memento que 
os pneus estiverem frios, isto porque pneus quentes aumentam a 
calibragem ou dão libras erradas, ou seja, se pretende-se colocar 
15 libras com pneus quentes, a pressão tende a chegar até aos 25, 
assim por diante . O mais recomendado é não andar mais do que 
3 km/h e em velocidade baixa para realizar o procedimento. De 
recordar que só se faz a calibração dos pneus quando estes não 
tenham pressão recomendada pelo fabricante do veículo e para 
medir a tal pressão usa-se o manômetro). Ver a figura 18. 
 
Fonte: Dhgate.com , adaptado pelo autor 
Figura 18: Representação manômetro /calibração de pneu. 
 Bitola ( distância de centro a centro dos pneus dianteiros e 
traseiros dos tractores, cuja função é, adequar o tractor ao 
espaçamento da cultura a ao implemento). Ver a figura 19. 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
43 
 
 
Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 19: Representação de bitola num tractor. 
 Lastragem (significa aumentar o peso do tractor, melhorando a 
sua aderência ao solo e consequentemente diminui a patinagem 
das rodas motrizes, proporcionando o aumento da capacidade de 
tracção e da estabilidade do conjunto tractorizado, tornando o 
tractor mais seguro quanto ao risco de tombamento. 
Lastragem Insuficiente: pode provocar, excessiva patinagem das 
rodas, desgaste acentuado dos pneus; alto consumo de 
combustível. Lastragem Excessiva: aumento de carga sobre a 
transmissão, rompimento das garras ou trilhos dos pneus, 
compactação do solo, alto consumo de combustível. 
Factores que determinam a quantidade e a distribuição de lastro 
no tractor são: Tipo de Tracção (4x2, 4x4, em diante); Tipo de 
implemento e serviço (leve – até 46 cv, médio – 47 à 53 cv e 
pesado – acima de 54 cv); Forma de acoplamento (montado, semi-
montado e de arrasto); Tipo de Rodado (simples ou duplo); 
Superfície do solo (solto ou firme). 
Os procedimentos para a latragem são: Lastragem sólida (áquela 
feita por meio de discos metálicos fixados nas rodas traseiras ou 
placas metálicas montadas na dianteira do tractor). Ver a figura 
20. Lastragem líquida (consiste em adicionar água aos pneus do 
tractor de acordo com o recomendado pelo fabricante, a 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
quantidade da água introduzida para cada pneu depende da 
posição do bico. Ver a figura 21. 
Fonte: DocPlayer.com.br , adaptado pelo autor 
Figura 20: Lastragem sólida dos pneus. 
 
Fonte: DocPlayer.com.br , adaptado pelo autor 
Figura 21: Lastragem líquida dos pneus. 
 
Nota: Nunca encha os pneus totalmentecom água, isto é, os deixa 
sem flexibilidade para amortecer os choques (impactos) impostos 
pelas irregularidades ou declive do terreno. 
2.9 Exercícios de consolidação do capítulo II 
1. Quando falamos dos elementos básicos de mecânica, ficou claro 
que o elemento de maior relevância era a potência. Segundo o tal 
elemento responda: 
a) Qual (is) é (são) a (as) unidade (s) de medida de maior 
relevância do elemento em causa? 
b) Com base na sua resposta da alinha a), diga se existe 
diferença de representação para os diferentes Equipamentos 
Agrícolas? 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
45 
 
c) Mostre passo a passo como se pode obter a unidade de 
potência no sistema internacional (kW), partindo de sua 
definição: “Potência é definida como a quantidade de 
trabalho realizado numa unidade de tempo”. 
d) Demonstre que: “Potência é igual ao produto de uma força 
aplicada pela velocidade de deslocamento. 
e) Em que se baseia a mecânica aplicada dos equipamentos 
agrícolas? 
2. Tractor agrícola é uma máquina autopropelida provida de meios 
que é usada para aumentar as áreas de produção. 
a) Qual é a sua importância? 
b) Quais são as funções básicas? 
c) Quais são os pontos analisados nos ensaios de tractores 
agrícolas e exemplifique? 
d) Descrever função de cada componente que aparece na figura 
número 2? 
e) Quais são os aspectos a ter em conta na eficiência de campo 
quando o factor em análise é a forma da parcela? 
f) Qual é a importância da engrenagem motora e da engrenagem 
coroa para o conjunto tractorizado? 
g) Qual é a relação que existe entre lastragem e compactação dos 
solos? Explicar com exemplos práticos? 
h) Esquematize de forma explicita a relação entre o diâmetro, as 
revoluções por minuto e número de dentes? 
3. A FEAF pretende comprar uma grade do tipo tandem para uso nos 
campos de produção de Nacogolone, sabe-se apenas que a mesma 
para ser traccionada exige uma força de 35000 N. Antes da compra 
pedem que você faça um teste de campo num percurso de 30070 
centímetros, gastando um tempo de 3 minutos, com os tractores 
existentes na mesma faculdade. Depois do teste feito você 
recomendaria a compra deste implemento? Justifique a sua 
resposta. 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
4. Qual o torque aplicado ao parafuso pela chave de boca, quando é 
aplicada uma força de 200 N no cabo da referida chave? 
 
a) Trocando por uma chave de boca maior. (r = 550 mm), qual seria 
o torque? 
5. Motor diesel John Deere/4045T Série 350, 4 cilindros, 4,5 L, com 
uma árvore que transmite a potência de 106 CV com uma rotação 
de 2300 rpm. Determinar o torque exercido na árvore? 
6. Um tractor desenvolve uma potência de 250 cv a uma rotação de 
1800 rpm e movese com 0,25m de comprimento do pneu de 
tracção. Determine a força de tração do tractor? 
7. Qual o torque de um trator de Pneus de potência nominal igual a 
100 cv no momento em que ele trabalha com uma rotação de 1000 
rpm? 
8. Uma hélice do sistema de arrefecimento de um motor pesando 
cada uma 9 Kgf, com baricentro (C.G.) a 190 mm do eixo de 
rotação, gira com 2500 rpm. Calcular a força centrífuga que tende 
a arrancar as pás do eixo? 
9. Um tractor se desloca a 50 Km/h e a rotação do seu motor nesse 
instante é 600 revoluções por minutos. Sendo o diâmetro de suas 
rodas igual a 100 cm, pergunta-se qual a relação global de redução 
das revoluções? 
 
 
 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
47 
 
CAPÍTULO III: PREPARAÇÃO INICIAL DO SOLO E 
PREPARAÇÃO PERIÓDICA DO SOLO 
3.1 Objectivos da preparação do solo 
A finalidade da utilização de uma área para diversas actividades do 
nosso quotidiano, é o que define os objectivos a que pretendemos de uma 
determinada preparação do solo. Para actividade de produção agrícola os 
principais objectivos que visa favorecer o desenvolvimento e/ou 
crescimento das plantas são: 
 Favorece os trabalhos culturais posteriores para se obter uma boa 
cama de sementeira, promovendo a melhoria das condições físicas 
e químicas para garantir uma boa infiltração/percolação da água 
no solo e uma boa mobilidade dos nutrientes do solo; 
 Controlo das ervas daninhas e /ou infestantes, visto que, com a 
introdução de equipamentos agrícolas podem reduzir este 
problema, uma vez que sempre que aparecem comprometem o 
crescimento e bom desenvolvimento das culturas. 
 Enterrar correctamente os estrumes e/ou adubos, matéria 
orgânica, evitando a perda de nutrientes pela retenção da 
humidade. 
3.2 Preparação inicial do solo 
Conjunto de actividades humanas, por exemplo agrícolas, em áreas não 
utilizadas anteriormente para esta finalidade, sendo que este processo é 
caracterizada pela operação de desbravamento, e a mesma compreende 
duas fases que são: 
 Corte da vegetação (primeira fase, que consiste com a eliminação 
total ou parcial de qualquer tipo de cobertura vegetal); 
 Limpeza do solo (segunda fase, que basicamente acontece quando 
a eliminação foi parcial, visando erradicação dos restolhos da 
cobertura vegetal, e as vezes é preferível fazer preparação periódica 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
do solo, para reduzir de certa maneira os elementos da 
Mecanização Agrícola). 
Também podemos encontrar a operação de destocamento, que é a 
retirada dos restos vegetais principalmente deixados pela operação com 
motoserras e lâminas frontais, sejam elas anglodozer ou buldozer. 
3.2.1 Factores a ter em conta na preparação do solo 
Para a preparação inicial do solo e a preparação periódica do solo, é 
necessário conhecer os factores que são adequados as suas 
especificações e/ou particularidades de cada tipo de preparação do solo. 
Abaixo são descritos os principais factores a levar em conta na tomada 
destas e outras decisões: 
 Tipo de vegetação (considerado por especialistas da área, como o 
factor que condiciona a operacionalização dos demais factores. 
Este é caracterizado pela análise dos três elementos da 
Mecanização Agrícola, nomeadamente, energia, tempo e dinheiro); 
 Utilização da área (caracterizado pela finalidade do uso do 
terreno, exemplo para produção agropecuária); 
 Tipo do trabalho (caracterizado por analisar os elementos tempo e 
dinheiro, visto que estes irão influenciar directamente nos prazos 
de execução e na selecção adequada do equipamento a ser usado); 
 Declividade (caracterizado pela inclinação dos terrenos, que pode 
ter um papel importante na selecção adequada do equipamento e 
afectação do mesmo na sua utilização); 
 Características edafoclimáticas (por exemplo pressão 
atmosféricas e o solo, podem afectar posetivamente ou 
negativamente em todo o processo de preparação). 
Nota: No contexto geral podemos dizer que os factores a ter em conta na 
preparação do solo, tem uma dependência de análise entre si, não apenas 
só com o tipo de vegetação. 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
49 
 
3.2.2 Equipamentos usados no desbravamento 
Manual (processo tradicional, que consiste em, corte de arbustos e/ou 
árvores, queima da base do caule de árvores de grande porte e 
geralmente usa ferramentas agrícolas). Veja a figura 22. 
Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 22: Equipamentos manuais de desbravamento. 
 
Mecanizado (método comercial, isto é, usa implementos e máquinas 
agrícolas). Os principais tipos são: 
 Lâminas Frontais Anglodozer (anguláveis, derrubamento e 
limpeza de vegetação de diâmetro < 20 cm e não penetram no solo). 
Lâminas Frontais Buldozer (fixas, derrubamento e limpeza de 
vegetais com diâmetro que varia de 20 a 70 cm e podem ser usadas 
para terraplanagem). Ver a figura 23. 
Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 23: Representaçãode Lâminas Frontais. 
 
 Tree-Pushe (empurra árvores grandes, principio de alavanca, 
sempre acompanhado por outro equipamento agrícola e deixa 
grandes crateras). Ver a figura 24. 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 
 Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 24: Representação da alavanca Tree-Pushe . 
 
 Rolo-Faca (cilindros metálicos com facas fixadas 
longitudinalmente, vegetação fina, incorporam a vegetação). Ver a 
figura 25. 
Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 25: Representação do Rolo-Faca. 
 
 Grades pesadas (são de arrasto com discos grandes e recortados, e 
trabalham em vegetação de diâmetro pequeno, picam e incorporam 
o material parcialmente no solo). Ver a figura 26. 
 
Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 26: Representação do Rolo-Faca. 
 Ancinhos (enleiramento em curvas de nível). Ver a figura 27. 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
51 
 
Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 27: Representação do Ancinho. 
 
 Braço Fleco (são lâminas de formato em “V”, utilizadas em árvores 
muito grandes para serem cortadas, em pedaços de tronco e em 
corte rente ao chão). Ver a figura 28. 
Fonte: Filho e Santos (2001), adaptado pelo autor 
Figura 28: Representação do Braço Fleco. 
 
 Tracção por cabo (é um processo comum usado por agricultores 
que não possuem máquinas apropriadas ou pesadas para 
desmatamento. O cabo de aço, corrente ou corda é preso à barra 
de tração do tractor, que, deslocando-se seguidamente para a 
frente, provoca a queda da árvore. Quanto maior o ângulo α, 
menos eficiente será a operação, pois a resistência oferecida pela 
árvore acarreta o levantamento da parte traseira do trator ao se 
deslocar, o que favorece o deslizamento das rodas ou esteiras. Para 
evitar esse problema, os cabos deverão possuir um comprimento 
adequado, para que o ângulo α se torne menor). Ver a figura 29. 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 
Fonte: Filho e Santos (2001), adaptado pelo autor 
Figura 29: Representação do Tracção por cabo. 
 
 Motosserra (máquina ou serra eléctrica utilizada na poda e corte 
de árvores). Ver a figura 30. 
 
Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 30: Representação da Motosserra. 
 
 Uso de Herbicidas (é um produto químico utilizado para 
eliminação de árvores, o mais usado é o herbicida com glifosato 
que tem um ingrediente activo que é absorvido pelas folhas). Ver a 
figura 31. 
 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
53 
 
Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 31: Uso de Herbicidas em árvores. 
 
 Correntões (grandes áreas, com transporte, operações de carga e 
descarga difíceis), densidade das árvores 2500 itens/há, diâmetro 
< 45 cm, arrastado por dois tractores de alta potência tipo esteira, 
geralmente em solos secos de declividade boa e regular. (Após a 
passagem pela vegetação, é feita a volta dos correntões, chamada 
de “arrepio” para retirar as raízes restantes em vegetação com 
árvores muito densa). Ver a figura 32. 
 
Fonte: Filho (2001) e Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 32: Uso Correntões. 
 
3.2.2.1 Determinação do desempenho operacional com uso de 
correntões 
3.2.2.1.1 Determinação da largura do corte 
 
 
 
 
Sendo que: 
 - largura de corte (m); 
 - comprimento do correntão definido em função da potência do tractor 
(m). 
 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
3.2.2.1.1 Determinação da produção de máquinas com uso de 
correntões (sem arrepios). 
 
 
 
 
Sendo que: 
 - desempenho operacional sem arrepio (ha/h); 
 - largura de corte (m); 
 - velocidade do trator (Km/h). 
Efc - eficiência de trabalho. 
 
3.2.2.1.1 Determinação da produção de máquinas com uso de 
correntões (com arrepios). 
 
 
 
 
Sendo que: 
 - desempenho operacional sem arrepio (ha/h); 
 - largura de corte (m); 
 - velocidade do trator (Km/h). 
Efc - eficiência de trabalho. 
Nota: Quando a operação é realizada com arrepio, trabalha-se com 75 % 
da velocidade do tractor. A eficiência para o uso de correntões varia entre 
0,45 e 0,65. Normalmente, trabalha-se com o valor médio (0,55). 
3.2.3 Equipamentos responsáveis pelo destocamento 
 Manual (usam as mesmas ferramentas usadas na operação de 
desbravamento, principalmente as enxadas e os machados). 
 Químico (também o processo de aplicação é o mesmo do 
desbravamento, apenas diferem no produto usado, aqui usa-se 
nitrato de de sódio, e em termos de comparação aos demais 
produtos químicos, esse tem a desvantagem de ser um processo 
demorado, cerca de 3 meses, difícil de ser executado e caro, logo, 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
55 
 
não reduz em nada os elementos ou características da 
Mecanização Agrícola). 
 Mecânico (usa os destocadores rotativos e trabalha com a força de 
tracção do tractor). Veja a figura 33. 
 
Fonte: Triton (2016), adaptado pelo autor 
Figura 33: Equipamentos mecanizados de destocamentos (destocadores 
rotativos). 
3.3 Levantamento Densométrico 
A determinação do desempenho operacional neste tipo de operação 
depende da estimativa do tempo operacional representando pela seguinte 
expressão matemática: 
 ( ) 
Sendo que: 
 - tempo operacional (h/ha); 
 - presença de cipós que afetam o tempo básico; 
 - factor de concentração de madeiras de lei que afetam o tempo básico; 
 - tempo básico para cada trator, por ha; 
 - quantidade de elementos; 
 - minutos por árvore, em casa classe de diâmetro; 
 - número de árvores por hectare, em cada classe de diâmetro, obtido 
no levantamento no campo; 
 - soma dos diâmetros, em metros, de todas as árvores por hectare, com 
diâmetro acima de 180 cm ao nível do solo, obtida no levantamento no 
campo; 
 - Minutos por metro de diâmetro para árvores com mais de 180 cm de 
diâmetro. 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
A percentagem de madeiras de lei afeta o tempo total do seguinte 
modo: 
 75 a 100% - somar 30% ao tempo total (X = 1,3); 
 25 a 50% - não altera o tempo (X = 1); 
 0 a 25% - subtrair 30% do tempo total (X = 0,7). 
Levantamento densométrico, é o levantamento do diâmetro de 
vegetação arbórea de uma determinada área, como nós mostra as tabelas 
abaixo : 
Característica vegetativa Levantamento densométrico 
Densidade da vegetação com 
menos de 30 cm de diâmetro. 
Densa ( 1500 árvores/ha) 
Média (entre 1000 e 1500 árvores/ha) 
Menos Densa ( 1000 árvores/ha). 
Madeiras de lei e caules 
trepadores. 
Presença de madeiras duras, expressa 
em percentagem. 
Somatória dos diâmetros em 
metros 
Todas as árvores por ha, com mais de 
180 cm de diâmetro ao nível do solo. 
 
3.4 Preparação periódica do solo 
Conjunto de operações realizadas após o preparação inicial do solo, em 
queenvolve a mobilização da camada arável superficial, geralmente com 
equipamentos agrícolas, promovendo o seu rompimento em torrões de 
tamanho adequado, assim como a mistura ou a incorporação de material 
Elementos A e B N1 e M1 N2 e M2 N3 e M3 N4 e M4 D e 
F 
X 
Faixa de 
Diâmetro 
(cm) 
 
Número de 
árvores por 
hectare 
 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
57 
 
vegetal ou não. Para este material didáctico serão abordados os seguintes 
implementos agrícolas, Charruas, Grades, Subsoladores, Escarificadores 
e Enxadas Rotativas. 
 
3.4.1 Charruas 
É o implemento mais usado para se fazer uma lavoura e é também 
conhecido por Arado. A sua história do arado confunde-se com a do 
homem sedentário e da agricultura; É muito difícil, ou mesmo impossível 
saber-se quando, onde e que povo, pela primeira vez fez uso de uma 
charrua. 
Aração é a principal lavoura feita por estes tipos de implementos 
agrícolas, e consiste em, cortar, elevar e inverter as fatias e/ou camadas 
do solo denominadas de leiva, normalmente a uma profundidade de 20 
cm, com objectivo principal de descompactá-la, criando condições para 
melhor desenvolvimento das raizes de culturas agrícolas e não só, 
também expõe à luminosidade e outros factores abióticos. As charruas 
em função da natureza das suas peças ativas e tipo de trabalho que 
podem efetuar classificam-se em: Charruas de Aivecas e Charruas de 
Discos, este último o mais usado em Moçambique, por isso será o mais 
aprofundado neste material. 
3.4.1.1 Charruas de Aivecas 
São implementos agrícolas mais utilizados pelos povos antigos, como os 
Chineses para realização das lavouras periódicas. Caraterizam-se por 
serem geralmente montadas (engate de 3 pontos), e por mobilizar o solo 
cortando uma leiva com uma secção retangular. 
Considerando a sequência de operações levadas a cabo por estes 
equipamentos, tem-se o corte, tracção, compressão, início do 
reviramento, flexão e torção (na aiveca) e reviramento; durante esta 
última operação acentua-se a fragmentação da leiva e dá-se a mistura 
dos materiais. As charruas de aivecas permitem fazer todos os trabalhos 
complexos, excepto a segregação. 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
Largura de trabalho (largura de corte), obtém-se através dos catálogos 
dos fabricantes ou medido diretamente no campo em m, para os 
 
No geral as charruas são de Simples – Acção: (3 passadas). 
3.4.1.1.1 Constituição básica para arados de Aivecas 
 
 
Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor 
Figura 34: Representação básica para arados de Aivecas. 
 
3.4.1.1.2 Constituição geral para arados de aivecas 
Órgão Função 
1. Aveica Elevar e inverter a camada do solo cortada. 
2. Relha Cortar a camada do solo, iniciando o levantamento da da 
mesma. 
3. Rasto Dar estabilidade a charrua. 
4. Suporte Órgão que serve como chassi da Charrua. 
5. Coluna Unir o chassi aos restantes Órgãos da Charrua. 
Órgãos Funções 
 
 
 
 
2. Relha (é uma lâmina de aço, geralmente de forma 
trapezoidal, que assegura o corte horizontal da leiva); 
5. Aiveca (órgão que reviram a leiva, cortada pela sega e 
relha); 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
59 
 
Activos 12. A raspa (faz o corte vertical da leiva quando as 
charruas não têm segas); 
13. Formão (peça colocada numa calha existente no 
cepo e pode avançar à medida que se desgasta ou 
quando há dificuldades de penetração no solo); 
14. Raspadeira (responsável para remoção da solo que 
fica em alguns órgãos, principalmente a Aiveca); 
15. Sega (órgão que cortam a parede do sulco, 
separando a leiva da terra que ainda não sofreu 
nenhuma modificação, podem ser, de faca ou disco). 
 
 
Protecção 
3. Calcanhar (é uma peça colocada na parte traseira, da 
chapa de encosto, para diminuir o desgaste desta); 
4. Chapa de encosto (protege o desgaste provocado pelo 
atrito na abertura de sulcos em solos arenosos). 
 
 
 
Suporte 
8. Cabeçote (é o elemento de suporte das peças várias 
peças activas); 
9. Apo (é a peça de suporte principal da charrua, 
servindo assim para transmissão da resistência oposta 
pelo solo ao Cepo, como resultado da força de tracção); 
10. Teiró (liga o corpo da charrua ao Apo); 
11. Munhão (órgão que permite a deslocação da 
Charrua de Aiveca num plano vertical). 
 
 
 
 
 
Regulação 
1. Reversão Manual (efectuar algumas regulações do 
tractor em relação à charrua, nomeadamente, a bitola do 
tractor); 
6. Ponto de Ligação do Braço do Terceiro Ponto – 
PLBTP (órgão responsável para funcionamento do 
sistema tractorizado); 
7. Reversão automática (podem ser mecânicos e 
hidráulicos, sendo necessário nos primeiros regular a 
tensão inicial da mola impulsora para diminuir o esforço 
necessário para o reviramento, e, nos segundos, fixar ao 
tractor a corrente de acionamento do sistema e regular o 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
 
 
Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor 
Figura 35: Representação geral para arados de Aivecas. 
 
3.4.1.2 Charruas de Discos 
Este tipo de Charrua é a mais usada no nosso país, em certa medida, por 
causa das características da composição dos seus ógãos activos estarem 
doptados para trabalharem na sua maioria em diferentes tipos de solos 
encontrados em Moçambique, e por estes serem as Charruas mais 
estudadas e aperfeiçoadas pelos fabricantes e usuários, principalmente 
os das zonas rurais. 
Objectivamente as charruas de Discos, melhoram algumas estruturas 
físicas que podemos encontrar no solo, tais como, existência de 
pedregulhos, raizes e até mesmo os tocos, faz o empolamento ou 
enxpansão volumétrica que é importante para a terraplanagem, melhora 
a pemeabilidade e aumento da porosidade. Para determinar a largura de 
corte para os Arados de Discos é a seguinte: 
 
seu comprimento para que se dê a reversão quando a 
charrua atinge a sua posição de levantamento máximo). 
 
MANUAL DE EQUIPAMENTOS AGRÍCOLAS 
61 
 
3.4.1.2.1 Constituição básica para arados de Discos 
 
 
 
Fonte: Yamashita (2010), adaptado pelo autor 
Figura 36: Representação básica para arados de Discos. 
 
 
 
Órgão Função 
1. Chassi Também chamado do esqueleto da Charrua, por ser o 
órgão no qual estão conectados outros órgãos. 
 
2. Coluna 
Unir o chassi aos demais restantes Órgãos da charrua, 
onde a sua parte superior é presa no Chassi e a parte 
inferior é presa no cubo dos discos 
3. Mancal Ponto de ligação entre coluna e disco. 
4. Disco Órgão activo, ou seja, entra em contacto directo com o 
solo. 
5. Roda-Guia controlar a profundidade dos discos, quando os 
mesmos já não são possíveis de fazer através dos seus 
ângulos. 
 
 
MESTRE FERNANDO NORTOR HILÁRIO CHARE 
Órgãos Funções 
 
 
Activos 
7. Raspadeira (responsável para remoção da solo que 
fica em alguns órgãos, principalmente o Disco); 
10. Disco (órgão que cortam a parede do sulco, 
separando a leiva da terra que ainda não sofreu 
nenhuma modificação). 
 
Suporte 
6. Munhão (órgão que permite a deslocação da Charrua 
de Aiveca num plano vertical); 
8. Quadro (Também chamado de Chassi); 
11. Espera de descanso (eixo vertical responsável por 
fixar a Charrua ao solo quando essa não se encontra em 
funcionamento). 
 
 
 
 
 
Regulação 
1. Tirante de comando do leme (responsável pelo 
movimento da Charrua em torno do eixo vertical); 
2. 3º ponto de engate (órgão responsável para 
funcionamento do sistema tractorizado); 
3. Alavanca de reversão semiautomática (podem ser 
mecânicos e hidráulicos, sendo necessário nos primeiros 
regular a tensão inicial da mola impulsora para diminuir 
o esforço necessário para o reviramento,

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