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Governo do Estado do Rio de Janeiro Secretaria de Estado da Casa Civil Subsecretaria de Gestão de Pessoas Este texto não substitui o publicado no D.O.E.R.J de 04.01.2021 Publicado no DOERJ em 04/01/2021. RESOLUÇÃO SEPM Nº 971 DE 21 DE DEZEMBRO DE 2020 REGULAMENTA A INSTAURAÇÃO E O FUNCIONAMENTO DA COMISSÃO DE REVISÃO DISCIPLINAR (CRD), NO ÂMBITO DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, E DÁ OUTRAS PROVIDÊNCIAS. O SECRETÁRIO DE ESTADO DE POLÍCIA MILITAR, no uso de suas atribuições legais e tendo em vista o que consta no Processo nº SEI 350118/003821/2020, RESOLVE: Art. 1º - A Comissão de Revisão Disciplinar (CRD) destina-se a julgar as Praças da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro sem estabilidade assegurada em permanecerem nas fileiras da Corporação, o que se fará através de processo disciplinar que propicie condições para se defenderem. Art. 2º - A competência para submissão do Policial Militar a Comissão de Revisão Disciplinar será das seguintes autoridades: I - por determinação do Comandante Geral em publicação constante em Boletim da PM; II - através de ato de competência dos Comandantes, Chefes, Coordenadores e Diretores, no âmbito de suas atribuições, mediante publicação em Boletim Interno. § 1º - Se no mesmo fato imputado estiverem envolvidos policiais militares estáveis e sem estabilidade assegurada, caberá aos Comandantes, Chefes e Diretores de OPM a indicação ao Comandante Geral para que aqueles respondam a Conselho de Disciplina; § 2º - A designação dos integrantes da Comissão de Revisão Disciplinar ocorrerá preferencialmente na publicação do ato de submissão, devendo ser composta por 03 (três) Oficiais, dos quais aquele que a presidirá será, no mínimo, um Oficial Intermediário, o Presidente; o que lhe segue em antiguidade, o Interrogante e Relator; e o mais moderno, o Escrivão. Art. 3º - Não poderão fazer parte da Comissão de Revisão Disciplinar: a) o Oficial que formulou a acusação; b) os Oficiais que tenham entre si, com o acusador ou com o acusado parentesco consanguíneo ou afim, na linha reta até o quarto grau de consanguinidade colateral ou de natureza civil; e, c) Os Oficiais que já tenham feito parte outro PAD a que o revisionado tenha eventualmente sido submetido. Governo do Estado do Rio de Janeiro Secretaria de Estado da Casa Civil Subsecretaria de Gestão de Pessoas Este texto não substitui o publicado no D.O.E.R.J de 04.01.2021 Art. 4º - Será submetida à Comissão de Revisão Disciplinar ex officio a praça referida no art. 1º desta Portaria que com a sua conduta irregular venha a incidir nos seguintes casos: I - Acusada oficialmente ou por qualquer meio lícito de comunicação social de ter: a) procedido incorretamente no desempenho do cargo; b) tido conduta irregular; ou, c) praticado ato que afeta a honra pessoal, o sentimento do dever, o pundonor policial militar e o decoro da classe. II - ter sido afastada do cargo, na forma do art. 42 do Estatuto dos Policiais Militares, por se tornar incompatível com o mesmo ou demonstrar incapacidade ou ineficiência para o exercício da função policial militar; III - ter sido condenada, em sentença transitada em julgado, a pena restritiva de liberdade individual superior a 02 (dois) anos ou, nos crimes previstos na legislação especial concernente à Segurança do Estado, a pena de qualquer duração; IV - ingressar pela segunda vez no comportamento “Mau”; e, V - ingressando no comportamento “Mau”, pela primeira vez, venha a ser punido com pena de prisão, desde que classificada como grave. Parágrafo Único - Para os efeitos da previsão da alínea “c” do inciso I deste artigo, honra pessoal, sentimento do dever, pundonor policial militar e decoro da classe, possuem a seguinte definição: a) honra Pessoal é a qualidade do militar estadual que se conduz com integridade, honestidade, honradez e justiça, observando com rigor os deveres morais que tem com a sociedade; b) sentimento do Dever consiste no envolvimento a uma tomada de consciência perante o caso concreto, ou seja, realidade, implicando no reconhecimento da obrigatoriedade de um comportamento militar coerente, justo e equânime; c) pundonor Policial Militar é o sentimento de dignidade própria, procurando o militar estadual ilustrar e dignificar a Corporação, através da beleza e retidão moral que se conduz, resultando honestidade e decência; e, d) decoro da Classe é a qualidade do militar estadual baseada no respeito próprio dos companheiros e da comunidade para a qual serve, visando o melhor e mais digno desempenho da profissão militar. Art. 5º - O policial militar submetido à CRD, que receberá a denominação de Revisionado, será afastado do exercício da atividade - fim e terá sua cédula de identidade funcional recolhida e seu porte de arma particular revogado, restrição esta que deverá constar na cédula de identidade provisória que lhe será emitida. Governo do Estado do Rio de Janeiro Secretaria de Estado da Casa Civil Subsecretaria de Gestão de Pessoas Este texto não substitui o publicado no D.O.E.R.J de 04.01.2021 § 1º - Incumbirá aos Comandantes, Chefes, Coordenadores e Diretores a providência do recolhimento da carteira de identidade funcional dos Revisionados; § 2º - Para fins do disposto no caput do artigo, a autoridade processante deverá remeter cópia da publicação em boletim a SSI, para que proceda nos termos da legislação vigente, quanto ao porte de arma, bem como, apresentará o Revisionado a DPA, através de correspondência interna, para a adoção das medidas relativas à cédula de identidade funcional. Art. 6º - Extingue-se a punibilidade se antes da instauração do processo administrativo disciplinar ou no seu curso: a) ocorrer à morte do policial militar, devidamente comprovada por certidão de óbito; c) quando houver decisão absolutória da instância penal com trânsito em julgado, que reconhecer provada a inexistência do mesmo fato imputado ou negado a sua autoria ao policial militar; e, § 1º - Se antes da instauração do processo administrativo disciplinar o policial militar se tornar desertor, o procedimento poderá ser instaurado, no entanto, o seu curso será sobrestado até que o mesmo retorne a Corporação, devendo ser adotada a mesma conduta se o feito já se encontra em andamento ou concluso para decisão. § 2º - Para evitar que se consume a situação prevista no parágrafo anterior, assim que tiver início à contagem do prazo para deserção, os feitos já concluídos deverão ser priorizados e julgados imediatamente, devendo o Comandante, Chefe, Diretor ou Coordenador do Revisionado, em tempo hábil, informar da sua possibilidade a CGPM. Art. 7º - O Revisionado poderá exercer seu direito de defesa, pessoalmente ou, tecnicamente, através de Advogado constituído. Art. 8º - O teor da acusação a cada Revisionado será transcrito em Libelo Acusatório, que deverá ser assinado por todos os integrantes do colegiado, sempre apontando a falta cometida e as disposições constitucionais, legais ou estatutárias violadas, demonstrando a aparente contrariedade entre a conduta do Revisionado e os deveres e obrigações decorrentes de sua condição de policial militar que fazem presumir a incapacidade de sua permanência nas fileiras da Corporação. Parágrafo Único - Se a descrição do libelo tiver como base uma conduta criminosa, além da autoridade processante fundamentar a submissão no art. 4º, inciso I, letras “a”, “b” ou “c”, desta Portaria, deverá mencionar na peça acusatória, também, quais foram os dispositivos do Estatuto dos Policiais Militares violados. Art. 9º - Reunida a CRD, convocada previamente por seu Presidente, emlocal, dia e hora designados, presentes o Revisionado e seu defensor, o Presidente fará a leitura da publicação em boletim que determinou a instauração do processo e da portaria de nomeação do Colegiado; em seguida, ordenará a leitura do libelo acusatório pelo Interrogante e Relator. Governo do Estado do Rio de Janeiro Secretaria de Estado da Casa Civil Subsecretaria de Gestão de Pessoas Este texto não substitui o publicado no D.O.E.R.J de 04.01.2021 § 1º - O interrogatório do Revisionado será o último ato processual a ser realizado pelo Colegiado, salvo se, expressamente, optar em ser ouvido em momento pretérito. § 2º - Presentes mais de um Revisionado, acusador ou testemunha, serão interrogados separadamente, de forma que um não ouça o depoimento do outro. § 3º - Se o Presidente do Colegiado, ex officio ou a pedido, verificar que a presença do Revisionado, pela sua atitude, poderá influir no ânimo da testemunha ou do acusador, poderá determinar sua retirada da sessão, prosseguindo na inquirição, com a presença do seu defensor, devendo, no entanto, fazer constar em ata tal medida e os motivos que a determinaram. § 4º - Os acusadores e as testemunhas, enquanto aguardarem a vez para prestar depoimento, deverão permanecer em locais separados do Revisionado. Art. 10 - Ao Revisionado são assegurados o contraditório e a ampla defesa, tendo, depois da sua oitiva e recebido o libelo acusatório, o prazo de 05 (cinco) dias úteis, excluído o dia do começo, para oferecer defesa prévia por escrito, contrariando o teor do libelo. § 1º - As provas a serem realizadas mediante Carta Precatória, no âmbito do Estado do Rio de Janeiro, serão solicitadas pelo Presidente do Colegiado a Autoridade Policial Militar do local onde for endereçada, ou na falta desta, a Autoridade Judiciária local. Fora do âmbito do Estado do Rio de Janeiro, o Presidente do Colegiado deverá solicitar ao Comandante Geral, via GCG, o envio da carta precatória àquelas autoridades; § 2º - As questões de direito suscitadas na defesa prévia, somente serão analisadas pelo Colegiado no relatório final da Comissão, junto com as alegações finais. Art. 11 - A CRD dispõe de um prazo de 30 (trinta) dias para a conclusão dos trabalhos, a partir da ciência do Revisionado, podendo ser prorrogada, uma única vez, por mais 20 (vinte) dias, justificadamente, devendo o Presidente do Colegiado, no entanto, solicitar o pedido à autoridade nomeante, com a antecedência mínima de 03 (três) dias úteis, a qual, se concedida, será publicada em Boletim da PM. Art. 12 - Realizadas todas as diligências, a CRD passará a deliberar sobre o relatório a ser redigido, em sessão pública, notificando previamente o Revisionado e a defesa, devendo o Presidente, no entanto, antes, abrir vista dos autos à defesa, por 05 (cinco) dias, excluído o dia do começo, para que, ao término deste prazo, sejam apresentadas as alegações finais por escrito. § 1º - O Relatório elaborado pela Comissão de Revisão Disciplinar e assinado por todos os membros, deve decidir se o Revisionado: a) é ou não culpado da acusação que lhe foi feita; e, b) embora sendo culpado, o fato imputado não enseja a incapacidade do Revisionado para permanecer na ativa, sendo suficiente uma sanção reclusória, acompanhada de reciclagem profissional. Governo do Estado do Rio de Janeiro Secretaria de Estado da Casa Civil Subsecretaria de Gestão de Pessoas Este texto não substitui o publicado no D.O.E.R.J de 04.01.2021 § 2º - A decisão da Comissão de Revisão Disciplinar será tomada por maioria dos votos de seus membros, sendo facultada a justificativa por escrito, havendo voto vencido. § 3º - Ao emitir decisão final, o Colegiado deverá considerar, além de outros julgados convenientes, os seguintes fatores: a) o motivo da submissão; b) o tempo de serviço na PM, Forças Armadas e Corpo de Bombeiros; c) os elogios e outras recompensas; d) a idade do Revisionado; e) o conceito emitido pelo Comandante imediato do Revisionado; f) os antecedentes funcionais do Revisionado; g) a análise das provas colhidas, para dirimir quaisquer dúvidas, de forma a permitir ao Comandante Geral uma decisão justa; e, h) pesquisa Social. Art. 13 - Encerrados os trabalhos, o Presidente do Colegiado remeterá os autos a autoridade processante, para a emissão de parecer, podendo homologar ou avocar a decisão exarada pelos membros da Comissão, a qual, a seguir, encaminhará o processo ao Comandante Geral para a emissão de juízo final, devendo protocolar a entrega na CGPM. Parágrafo Único - Se o Comandante Geral figurar como autoridade processante, proceder-se-á da mesma forma do caput do artigo. Art. 14 - Recebidos os autos do processo da CRD, o Comandante Geral, aceitando ou não o seu julgamento e motivando sua decisão, determinará: I- o arquivamento do Processo, se não julga o Revisionado culpado, por ter sido inocentado ou reconhecido em seu favor qualquer causa de justificação ou que exclua a antijuricidade do fato imputado; II - a aplicação da pena disciplinar, se não considera suscetível de licenciamento ex officio a razão pela qual o Revisionado foi julgado culpado, levando em consideração os seus antecedentes funcionais e penais, submetendo-o, incontinenti, a reciclagem profissional; III - a remessa do Processo à Auditoria de Justiça Militar do Estado do Rio de Janeiro, com fulcro no art. 28, letra “a”, do CPPM, se também considera crime militar a razão pela qual o Revisionado foi considerado culpado e não há nenhuma outra diligência a ser feita para a consumação do delito, mas, neste caso, desde que o fato imputado no libelo ainda não se encontra sendo apreciado naquela instância penal; ou, Governo do Estado do Rio de Janeiro Secretaria de Estado da Casa Civil Subsecretaria de Gestão de Pessoas Este texto não substitui o publicado no D.O.E.R.J de 04.01.2021 IV - o licenciamento a bem da disciplina, se o Revisionado foi julgado incapaz de permanecer na ativa. § 1º - Todas as decisões finais exaradas na CRD devem ser publicadas no Boletim da PM e transcritas nos assentamentos do Revisionado; § 2º - Enquanto não houver uma decisão final do Comandante Geral, o Revisionado não poderá ser transferido da OPM onde serve. Art. 15 - O Revisionado ou seu defensor poderão interpor o recurso de reconsideração de ato da decisão final exarada pelo Comandante Geral. § 1º - O prazo para interposição do recurso será de 10 (dez) dias úteis, contadas a partir da data na qual o Revisionado tenha ciência da decisão da Comissão de Revisão Disciplinar ou da publicação da decisão do Comandante Geral; § 2º - Os recursos interpostos não terão efeito suspensivo, devendo a sanção de licenciamento, ex officio, ser cumprida no ato da sua publicação. Art. 16 - O Governador do Estado, caso o Secretário de Estado de Polícia Militar acumule a função de Comandante Geral, será autoridade competente para julgamento do recurso. Art. 17 - Esta Resolução não se aplica aos alunos Oficiais, alunos dos cursos de especialistas, alunos dos estágios probatórios, alunos dos cursos de formação de Soldados e outros do mesmo gênero, os quais são regidos pela Portaria PMERJ nº 0205/2001, objeto da publicação constante no BOL PM nº 035, de 19Fev2001. Art. 18 - Aplicam-se a esta Resolução, subsidiariamente, as normas do Código de Processo Penal Militar. Art. 19 - Estando o policial militar de LE, LTS, LTIP, incluindo a eleitoral, ou LTSPF, não fica prejudicada a instauração da CRD, no entanto, caso o Revisionado esteja internado em Hospital, o curso do processo deverá ser sobrestado, até que receba alta. Art. 20 - Para efeito do dispostonesta Resolução, os atos ilegais praticados prescrevem-se de acordo com os prazos previstos no art. 74, da lei nº 5.427, de 01 de abril de 2009. Art. 21 - Se no curso da CRD o Revisionado adquirir estabilidade, o processo segue no seu curso normal. Art. 22 - Permanecem válidos os modelos que vem sendo adotados para confecção de CRD, podendo a CGPM propor alterações, sempre que julgar conveniente. Art. 23 - Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação, revogando a Portaria PMERJ nº 407/2012. Rio de Janeiro, 21 de dezembro de 2020 Governo do Estado do Rio de Janeiro Secretaria de Estado da Casa Civil Subsecretaria de Gestão de Pessoas Este texto não substitui o publicado no D.O.E.R.J de 04.01.2021 ROGÉRIO FIGUEREDO DE LACERDA Secretário de Estado de Polícia Militar Id: 2290270
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