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CUIDADOS PALIATIVOS ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL

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cuidados paliativos: atuação do assistente social
cuidados paliativos: atuação do assistente social
cuidados paliativos: atuação do assistente social
Monografia submetida à Coordenação do Curso de Serviço Social do Polo de da Universidade Norte do Paraná – UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Serviço Social.
Orientadora: Marcia Avelar
Dedico aos meus pais, meus irmãos е a toda minha família que, com muito carinho е apoio, não mediram esforços para qυе еυ chegasse até esta etapa da minha vida.
AGRADECIMENTOS
.
RESUMO
O presente trabalho de conclusão de curso tem como tema principal Cuidados Paliativos: Atuação do Assistente Social, e trazer uma reflexão a respeito de quais as ações que os Assistentes Sociais possuem neste campo de trabalho? De que forma se deu a inserção do assistente social na área da saúde? E suas contribuições na efetivação dos cuidados paliativos e por fim o contexto sócio histórico que deu origem aos cuidados paliativos no Brasil e como se deu esse processo. Qual a origem dos cuidados paliativos? Tendo assim a consolidação do trabalho do Assistente Social na saúde que pressupõe um conhecimento vasto sobre políticas públicas. Como objetivo Geral de apresentara importância da atuação do assistente social junto às famílias e pacientes em cuidados paliativos. Queremos também trazer a importância que os fatores históricos e culturais possuem na condução das orientações junto aos pacientes e familiares e apresentar a importância da atuação do assistente social junto às famílias e pacientes em cuidados paliativos e junto à equipe interdisciplinar. E apresntar a saúde como resultado das condições econômicas, políticas, sociais e culturais, e fazer necessário o profissional de Serviço Social na identificação.
Palavras-chave: Cuidados Paliativos: Atuação do Assistente Social.
ABSTRACT
The present work of course completion has as its main theme Palliative Care: Social Worker, and bring a reflection on what actions that Social Workers have in this field of work? In what way was the insertion of the social worker in the health area? And their contributions in the accomplishment of palliative care and finally the socio-historical context that gave rise to palliative care in Brazil and how this process occurred. What is the origin of palliative care? Thus, the consolidation of the work of the Social Worker in health presupposes a vast knowledge of public policies. As a general objective to present the importance of the social worker's role to families and patients in palliative care. We also want to bring the importance that historical and cultural factors have in guiding the patients and their families, and to present the importance of the social worker's role to families and patients in palliative care and to the interdisciplinary team. And to introduce health as a result of economic, political, social and cultural conditions, and make the Social Service professional necessary in identification.
Keywords: Palliative Care: Social Worker. 
SUMÁRIO
	INTRODUÇÃO ..................................................................................................
1 ORIGEM DOS CUIDADOS PALIATIVOS .....................................................
1.1 ANTROPOLOGIA DA MORTE ...................................................................
1.2 CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL .......................................................
2 O SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE. ................................................................
2.1 A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE ..............................
3 SERVIÇO SOCIAL E SUA ATUAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS .........
3.1 TRABALHO INTERDISCIPLINAR EM CUIDADOS PALIATIVOS ..............
3.2 O ASSISTENTE SOCIAL EM CUIDADOS PALIATIVOS ...........................
CONCLUSÃO ...................................................................................................
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................
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13
21
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26
31
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44
47
INTRODUÇÃO
Pretendemos por meio deste trabalho, apresentar a importância da atuação do Assistente Social junto às famílias e pacientes em cuidados paliativos e junto à equipe interdisciplinar.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (2002), os cuidados paliativos assim se definem:
“uma abordagem que aprimora a” qualidade de vida, dos pacientes e famílias que enfrentam problemas associados com doenças ameaçadoras de vida, através da prevenção e alivio do sofrimento, por meios de identificação precoce, avaliação correta e tratamento da dor e outros problemas de ordem física, psicossocial e “espiritual”.
 Os cuidados paliativos são indicados quando estamos diante: de enfermidade avançada, progressiva e incurável; da falta de possibilidades razoáveis de resposta ao tratamento especifico; de numerosos sintomas intensos, múltiplos, multifatoriais e mutantes; do grande impacto emocional no paciente, na família e na equipe de cuidadores, relacionado com a presença explicita ou não da morte; e do prognóstico de vida inferior a seis meses.
A OMS (2002) estabeleceu os princípios que regem os cuidados paliativos: reafirmar a importância da vida, considerando o morrer como um processo natural; estabelecer um cuidado que não acelere a chegada da morte, nem a prolongue com medidas desproporcionais (obstinação terapêutica); propiciar alivio da dor e outros sintomas penosos; integrar os aspectos psicológicos e espirituais na estratégia do cuidado; oferecer um sistema de apoio para ajudar o paciente a levar uma vida tão ativa quanto lhe for possível antes que a morte sobrevenha, oferecer um sistema de apoio a família para que ela possa enfrentar a doença do paciente e sobreviver ao período de luto.
Uma das razões para a necessidade de cuidados paliativos é ter como prioridade o valor da dignidade humana, isto significa considerar a pessoa em sua integralidade e não somente do ponto de vista diagnóstico.
A medicina paliativa afirma a vida e reconhece que o morrer é um processo normal do viver, e não busca nem acelerar nem adiar a morte, ela busca atender a pessoa na sua fase final de vida e na sua globalidade de ser, promovendo a dignidade do doente e sua possibilidade de não ser expropriado do momento final de sua vida, mas de viver sua morte.
Segundo Pessini (2009) um dos primeiros objetivos da medicina ao cuidar dos que morrem deveria ser aliviar a dor e o sofrimento causado pela doença. Embora a dor física seja a fonte mais comum de sofrimento, a dor no processo do morrer vai além do físico, tendo conotações culturais, subjetivas, sociais, psíquicas e éticas. Portanto, lidar efetivamente com a dor em todas as suas formas é algo critico e de suma importância para um cuidado digno dos que estão morrendo. 
A humanização dos cuidados em saúde pressupõe considerar a essência do ser, o respeito à individualidade e a necessidade da construção de um espaço concreto nas instituições de saúde que legitime o humano das pessoas envolvidas.
Segundo o autor citado acima é fundamental frisar a importância da humanização junto a esses pacientes cujos tratamentos curativos que se mostram ineficazes, pois da mesma forma que fomos ajudados a nascer também necessitamos ser ajudados e familiarizados com o processo do morrer.
Então se faz presente além do cuidado médico, um cuidado humanizado, centrado não só na doença em si, mas também nos seus fatores externos, através de uma abordagem interdisciplinar busca-se assegurar o melhor cuidado, visto em uma perspectiva ampla, onde o paciente e sua família são enxergados de forma macro.
É ai que entra a atuação do profissional de serviço social junto à equipe interdisciplinar onde cada um terá sua função e importância no cuidado e apoio ao paciente e sua família.
Os cuidados paliativos envolvem uma açãointerdisciplinar onde se busca oferecer ao paciente e sua família conforto, esperança e escuta, sabendo identificar o momento adequado de só ouvir e acolher, onde seus direitos sejam reconhecidos e sua dignidade preservada. É fundamental que a equipe conheça a família a que faz parte o paciente, sua cultura, suas particularidades, seus costumes e quais são os vínculos estabelecidos entre eles.
O objetivo desta proposta de tratamento é cuidar do indivíduo em todos os aspectos: seu corpo mente espírito e social. Aliviar a sua dor, diminuir seu sofrimento e ampliar sua qualidade de vida.
Ao reconhecer a saúde como resultado das condições econômicas, políticas, sociais e culturais, o serviço social se faz necessário na identificação e análise dos fatores que intervém no processo saúde/doença. A política pública de saúde é o setor que mais tem absorvido profissionais de serviço social, sendo o assistente social reconhecido pelo Conselho Nacional de Saúde – CNS, através da resolução n° 218/1997 como profissional da saúde.
O assistente social como parte da equipe interdisciplinar em cuidados paliativos atua como um facilitador e interlocutor nas relações entre paciente e familiar, e entre equipe médica e família/paciente. Faz a abordagem sócia econômica e cultural da família, com o objetivo de conhecer a composição familiar, moradia, renda, religião, formação, profissão e situação empregatícia dos membros, tornando assim possível que a equipe conheça essa família na sua particularidade e identifique as necessidades vividas pela família e paciente.
É necessário, assim, que o assistente social, ajude a equipe a conhecer essa família, de forma que todos possam juntos, compreende-la na sua totalidade e particularidades; como o funcionamento da dinâmica familiar, seu contexto histórico, seus valores, cultura, crenças, conflitos, papéis atribuídos e etc.
Coloca-se, assim, para o assistente social o desafio ético-político de construção de uma práxis engajada e comprometida com a promoção da autonomia dos sujeitos concretos que vivenciam a essencialidade do processo saúde-doença. 
Nosso objetivo com esse trabalho é trazer uma reflexão a respeito das ações que os Assistentes Sociais possuem neste campo de trabalho, como também as ferramentas utilizadas na intervenção junto ao paciente e sua família no sentido de aliviar um pouco seu sofrimento, na perspectiva de lhe proporcionar uma morte digna. 
Queremos também trazer a importância que os fatores históricos e culturais possuem na condução das orientações junto aos pacientes e familiares e apresentar a importância da atuação do assistente social junto às famílias e pacientes em cuidados paliativos e junto à equipe interdisciplinar e aliviar a dor, e diminuir o seu sofrimento dos pacientes e familiares, e ampliar sua qualidade de vida, reconhecer a saúde como resultado das condições econômicas, políticas, sociais e culturais, e fazer necessário o profissional de Serviço Social na identificação.
Seu papel junto à equipe, suas habilidades, os instrumentais utilizados para que se possa dar apoio à família e o paciente fragilizado. Estudar os aspectos socioculturais e religiosos já enraizados, e utilizar suas habilidades para que se possa entender e compreender o contexto histórico, obtendo novas visões do que é a morte. 
No primeiro capitulo abordamos a questão dos diversos significados da morte para a sociedade de forma generalizada. Falamos das faces da morte na sociedade durante alguns períodos históricos principais, e seu contexto sócio histórico e cultural. 
Abordamos também a origem dos cuidados paliativos, conhecido no seu inicio como cuidados de hospice; de origem latina, designado como local de hospedagem; dela se derivam as palavras, hospedeiro, hóspede, hospitalidade e hospital. Abordamos também às precursoras responsáveis na execução desse trabalho e suas contribuições na efetivação dos cuidados paliativos e por fim o contexto sócio histórico que deu origem aos cuidados paliativos no Brasil e como se deu esse processo. 
No Segundo capítulo apresentamos de que forma se deu a inserção do assistente social na área da saúde, suas atribuições e a importância de sua atuação na garantia de direitos desse segmento. 
No Terceiro capitulo discorremos sobre o trabalho interdisciplinar em cuidados paliativos e a atuação do serviço social junto à equipe. O assistente social se torna um elo entre o paciente/família e a equipe, e aquele que reforça o papel de facilitador nas relações de um grupo familiar. 
1 ORIGEM DOS CUIDADOS PALIATIVOS
1.1 ANTROPOLOGIA DA MORTE	
A morte sempre foi um “mistério” para a humanidade, caracterizada pela incerteza e o medo daquilo que não se conhece.
Os significados atribuídos ao processo do morrer sofrem variação segundo o momento histórico e o contexto sociocultural. O morrer não é apenas um fato biológico, mas um processo construído socialmente. Um dos aspectos do processo de socialização se dá em todas as sociedades através de ideias e rituais acerca da morte. Neste sentido, o morrer não se distingue das outras dimensões do universo das relações sociais e, em cada momento histórico, há uma produção de práticas e de representações significativas.
Segundo Ariès (2003, p. 20):
Não é fácil lidar com a morte, mas ela espera por todos nós... Deixar de pensar na morte não a retarda ou evita. Pensar na morte pode nos ajudar a aceitá-la e a perceber que ela é uma experiência tão importante e valiosa quanto qualquer outra.
É importante que possamos entender mais sobre este ciclo da vida que se torna inevitável a todos nós, e assim, compreender que lidar com este tabu se faz necessário para um melhor entendimento e aceitação da morte.
Ariès (2003, p. 26) em seus estudos nos fala de como a visão de morte se modificou através dos tempos:
(...) Característica da Alta Idade Média, era ritualizada, comunitária e enfrentada “com dignidade” e “resignação”, podendo ser ilustrada pela morte dos cavaleiros. A familiaridade com a morte espelhava a aceitação da ordem da natureza, na qual o homem percebia-se inserido.
Ariès (2003) nos coloca que, o aviso da proximidade da morte se dava de forma natural, através do qual o moribundo por meio de sinais naturais sentia sua morte. A partir desta consciência, o moribundo tomava suas providências e a morte ocorria em cerimônia pública que era organizada pelo próprio individuo, a familiaridade com a morte espelhava a aceitação da ordem da natureza, na qual o homem se sentia inserido.
Vemos aqui que a morte era encarada de forma mais natural pelo homem, que ele sentia sua proximidade e isso permitia que ele a planejasse; de forma que podia organizar sua cerimônia e despedir-se de sua família; pois ele entendia que a morte fazia parte da ordem da natureza e assim não tinha como fugir dela, mas podia-se aceitá-la e encará-la naturalmente.
Segundo Ariès (apud, Menezes, 2004, p. 26-27):
A segunda modalidade de morte – a “morte de si” – teria surgido por volta dos séculos XI – XII, estendendo-se até o século XIV, sendo marcada pelo reconhecimento da própria existência. (...) as origens do individualismo estariam situadas neste período, quando os homens passam a viver com o pensamento na morte e surge a Arsmoriendi, voltado à produção da “morte bela e edificante”.
Ariès (2003) coloca que, neste período deu-se uma aproximação entre três categorias de representações mentais sendo: as da morte, as do reconhecimento por parte de cada individuo de sua própria biografia e as do apego apaixonado às coisas e aos seres possuídos durante a vida. A morte tornou-se um lugar em que o homem melhor tomou consciência de si mesmo.
É quando estamos perante a morte que tomamos consciência de nós mesmos e da nossa fragilidade perante a vida, isso permite um posicionamento diante da vida, no qual o homem se percebe como sujeito de sua história. A partir do século XVI, em processos concomitantes e convergentes ocorreu uma expansão do poder médico institucional e uma consolidação da família como núcleo de relações afetivas.Ariès (2003) estuda as representações artísticas e literárias dos séculos XVI ao XVIII que apresentam a morte de forma mórbida, cruel e violenta em que o sofrimento é acentuado. A morte passa a ser representada como uma ruptura; ao contrário da antiga familiaridade com a morte, agora ela se reveste de uma dor dramática e insuportável devida, a uma intolerância com a perda. O autor nos chama a atenção para as profundas mudanças na dinâmica familiar, com relações fundamentadas em sentimento e afeição. A partir daí surgem novos rituais como a visita regular ao túmulo do morto, o culto da lembrança; as sociedades passam a cultuar seus heróis e seus túmulos tornam-se monumentos.
Aqui a morte se torna sofrida e temida, não se apresentando como natural, mas como um inimigo a ser vencido pela medicina. Não se esquecendo do contexto histórico a família se modifica, e os vínculos familiares se solidificam, no qual suas relações passam a ser baseadas em sentimentos e emoções e por isso fica mais complicado lidar com a perda de um ente querido.
A partir do século XIX até o século XX, a morte do outro se torna dramática e insuportável e se inicia um processo de afastamento social da morte.
“Segundo Airès (2003), a partir do século XX, surgem novas formas de relação com a morte: a morte é “invertida”, escamoteada”, “oculta”, “vergonhosa” e “suja”.
No século XX, a morte passa a ser camuflada, mais oculta e menos presente. O aumento da capacidade humana para adiar a morte, os avanços da medicina, tornou o sofrimento vergonhoso. Sendo privada dos espaços públicos, a morte passou a ser temida, encarada como a fraqueza da capacidade de domínio sobre a vida. O antigo costume de morrer em casa é substituído pela morte no hospital; o luto é discreto e as formalidades para enterrar o corpo são cumpridas rapidamente.
Ariès (2003) vê formar-se um tabu em torno da morte; o excessivo apego à vida, tão característico de nossa civilização industrial criou um sentimento de horror diante da ideia da morte. A sociedade tradicional reprimia o sexo e encarava a morte naturalmente; agora vemos o oposto, o sexo é apresentado às crianças cada vez mais cedo, mas se oculta delas tudo que diz respeito à morte.
Dificilmente a morte é discutida com as crianças, e quando a morte sobrevém a alguém próximo dela, a primeira atitude é tentar esconder o fato, através de mitos como: “o papai foi morar no céu”, “a mamãe virou um anjinho” etc. A morte é encarada como se não fizesse parte do processo da vida e consequentemente não é discutida.
Segundo Menezes (2004, p. 30),
O século XX assistiu a uma administração da morte na qual a medicina, com seus progressos técnicos, passaram a ser responsável pela diminuição de algumas taxas de mortalidade – em especial a infantil e neonatal – e pelo prolongamento de vida. Ao mesmo tempo, a própria medicina, com suas medidas de prevenção e de controle social da saúde e da doença, desempenha um papel fundamental no afastamento da morte das consciências individuais.
Percebemos desta forma que a morte não mais é vista como algo natural ao ser humano, com o avanço da medicina e o crescente progresso tecnológico a morte foi se tornando algo a se combatido a qualquer custo, e foi aos poucos sendo afastada do convívio social. Por outro lado a morte adquiriu novos contornos e hoje assistimos uma morte que nos é anunciada pelos meios de comunicação uma morte violenta e triste, no qual a pessoa é arrancada do palco da vida, muitas vezes até mesmo antes de estrear nele.
Segundo Carrara (apud, Menezes, 2004, p. 11,12), hoje a morte é mais visada pelos meios de comunicação, através das guerras, da violência; nos subúrbios, nas favelas, como algo comum e rotineiro:
Dentro de nossas casas, assistimos àquela morte que só conhecemos através dos meios de comunicação e que nos é apresentada por eles de modo cada vez mais impudente. Refiro-me, é certo, àquela espécie de morte coletiva, quase apocalíptica, que no contexto da guerra atual atinge Bagdá, Nova Iorque ou Madri. Mas penso também na morte bem mais próxima que, nos morros e subúrbios cariocas ou nas favelas de outras grandes metrópoles brasileiras, pinga diariamente sem números nas estatísticas oficiais. De um modo geral, essa é a morte dos sem-rosto, dos “outros”, dos estrangeiros em guerra, mas também dos marginais de fato ou por presunção. Morte dos pobres, sobretudo dos negros pobres, que se exterminam nos desvãos do narcotráfico. Além dessa morte massiva e anônima, há também a que nos espreita em cada esquina, nas mãos daqueles que só querem um pouco de dinheiro, um celular ou um carro. Dessa, não apenas ouvimos falar na televisão ou nos jornais, mas muitas vezes já tivemos a oportunidade de experimentar, quando alguém de nossas relações foi por ela atingido. Finalmente, convivemos ainda com a morte advinda das epidemias e das “febres” (no caso brasileiro, essa última expressão guarda muito do seu sentido original) ou com aquela ainda mais banal, causadas por doenças não infecciosas, acidentes ou velhice.
Vemos que o conceito de hospital também mudou com o passar do tempo, o hospital que conhecemos hoje assumiu novas características, bem diferentes daquilo que se propunha no seu inicio.
Conforme nos coloca Foucault (2008, p. 59),
Do século XVIII, o hospital era essencialmente uma instituição de assistência aos pobres. Instituição de assistência, como também de separação e exclusão. O pobre como pobre tem Antes necessidade de assistência e, como doente, portador de doença e de possível contágio, é perigoso. Por estas razões, o hospital deve estar presente tanto para recolhê-lo, quanto para proteger os outros do perigo que ele encarna. O personagem ideal do hospital, até o século XVIII, não é o doente que é preciso curar, mas o pobre que está morrendo. E alguém que deve ser assistido material e espiritualmente, alguém a quem se devem dar os últimos cuidados e o último sacramento. Esta é a função essencial do hospital. Dizia-se correntemente, nesta época, que o hospital era um morredouro, um lugar onde morrer. E o pessoal hospitalar não era fundamentalmente destinado a realizar a cura do doente, mas a conseguir sua própria salvação. Era um pessoal caritativo – religioso ou leigo – que estava no hospital para fazer uma obra de caridade que lhe assegurasse a salvação eterna. Assegurava-se, portanto, a salvação da alma do pobre no momento da morte e a salvação do pessoal hospitalar que cuidava dos pobres. Função de transição entre a vida e a morte, de salvação espiritual mais do que material, aliada a função de separação dos indivíduos perigosos para a saúde geral da população.
O hospital se apresentava como meramente assistencial, de cunho caritativo e religioso, no qual se prestava auxilio aquele que estava morrendo e podia-se assim assegurar a salvação da alma tanto de quem estava morrendo como das pessoas que ali estavam prestando uma caridade.
Segundo Pessini e Bertachini (2005) essa visão de hospital muda ao passo que médicos se profissionalizam ao se formarem em universidades e as enfermeiras também se profissionalizam criando distinções entre enfermeiras práticas, as auxiliares e técnicas em enfermagem, e as enfermeiras com formação universitária. No Brasil muitas religiosas que eram enfermeiras foram substituídas por enfermeiras profissionais com formação acadêmica, ganhou-se eficiência e competência cientifica e técnica, mas a dimensão humana não era a mesma, não se tratava mais os doentes com a mesma dedicação e carinho. Através das descobertas cientificas e o grande avanço tecnológico, o hospital tornou-se um lugar de prática da medicina curativa, permitindo assim a cura de enfermidades antes impossível, a morte passa a ser vista como uma inimiga a ser vencida a qualquer custo e não mais natural. A cena da despedida da vida que antes ocorria no âmbito familiar passa a acontecer no hospital e os pacientes em fase final de vida passam a ser vistos como falhas da prática médica.
Se por um lado o avanço da medicina conseguiu prolongar a vida, por outro, elatornou a morte difícil de ser aceita, pois, quando se perde o paciente é como se a medicina tivesse falhado e, é então acusada de não ter feito o suficiente para se salvar aquela vida; afinal a morte deve ser banida a qualquer custo.
Segundo Menezes (2004, p. 28):
O hospital como instrumento terapêutico surgiu no final do século XVIII, concomitantemente com a mudança de paradigma que institui a racionalidade anátomo-clínica1 como fundamento da medicina. A partir da consolidação da instituição hospitalar – medicamente administrada e controlada – iniciou-se um processo de medicalização do social, que foi ampliado no XIX, sendo extensa e profundamente desenvolvido durante o século XX. A medicina, seu saber e sua instituição tornam-se referências centrais no que se refere à saúde, vida, sofrimento e morte.
Com o desenvolvimento de recursos destinados à manutenção e ao prolongamento da vida, a medicina produziu uma morte em hospital, medicamente monitorada e controlada, inconsciente, silenciosa e escondida.
A morte que antes era planejada pelo próprio moribundo em cerimônia pública, agora se dá no hospital de forma solitária, rodeado de médicos e máquinas, a maioria das vezes longe da família que não tem tempo nem para se despedir e só o vê novamente já dentro do caixão.
Segundo Carvalho (1999, p. 326):
A hospitalização é um dos elementos que mais atingem a identidade do paciente, que já deixa suas roupas à entrada, sofrendo um processo de despersonalização, da perda de autonomia e do poder de decisão.
 
O individuo ao qual tem que se submeter à hospitalização passa a permanecer isolado da convivência social e familiar, isso faz com que ele perca sua referência, pois está num lugar estranho e como pessoas que ele não conhece.
Para Carrara (apud, Menezes, 2004, p. 12), a morte hoje tem como principal palco os hospitais e instituições de saúde:
A morte permanece, portanto, muito presente em nosso dia-a-dia e, independentemente de suas causas ou formas, seu grande palco continua sendo o Ocidente ou em suas bordas, os hospitais e instituições de saúde. Neles, diferentes grupos profissionais atuam segundo as convenções sociais que organizam esses espaços. São profissionais da saúde, mas são também, mesmo que lhes desagrade essa afirmação, profissionais da morte.
Mesmo com todos os avanços da medicina a morte continua presente nos hospitais, pois a morte faz parte da vida, e nem sempre é possível contê-la, e da mesma forma que somos profissionais que lidamos com a vida; e buscamos assim preservá-la; devemos estar preparados também para lidarmos com a morte quando esta se faz inevitável.
Para Elias (apud, Menezes, 2004, p. 34), as instituições atuais de saúde partem de um princípio de que não se deve demonstrar nenhum tipo de emoção e agir de forma mecanicista trazendo e evitando qualquer tipo de vinculo emocional:
No modelo da “morte moderna”, o doente que esta morrendo é silenciada: não participa das decisões referentes a sua vida, doença e morte. Não há escuta para a expressão de seus sentimentos. Para Elias, na rotina institucional do hospital moderno não há espaço para emoções – sejam as dos médicos, dos doentes e/ou dos familiares. Esta ausência de espaço para a expressão dos sentimentos é um sintoma das sociedades contemporâneas, nas quais frequentemente as pessoas constroem uma autoimagem de manadas isoladas, o “homo clausus”. Esta figura é caracterizada pela noção de clivagem entre o mundo interno e o mundo externo, o que conduz inexoravelmente a sentimentos de solidão e isolamento emocional, associados ao autocontrole na expressão emocional.
Dentro dos hospitais diante da estressante rotina e correria não se tem espaço para sentimentos; as emoções não são demonstradas, o sofrimento é visto como fraqueza; o que favorece um isolamento por parte do paciente, no qual ele não compartilha seu sofrimento e sim tenta contê-lo a qualquer custo.
Kübler-Ross (2008) descreve que são cada vez mais intensas e velozes as mudanças sociais, expressas pelos avanços tecnológicos. O homem tem se tornado cada vez mais individualista, preocupando-se menos com os problemas da comunidade. Essas mudanças tem seu impacto na maneira com a qual o homem lida com há morte nos dias atuais.
Conforme autora citada acima há muitas razões para se fugir da morte, uma das mais importantes é que, hoje em dia, morrer é triste demais sob vários aspectos, sobretudo é muito solitário, muito mecânico e desumano. Às vezes, é até mesmo difícil determinar tecnicamente à hora exata em que se deu a morte. Morrer se tornou um ato solitário e impessoal porque o paciente não raro é removido de seu ambiente familiar e levado às pressas para uma sala de emergência. Qualquer um que tenha estado muito doente e necessitado de repouso e conforto se lembrará de ter sido posto numa maca sob um estridente som de sirene, e da corrida desenfreada até se abrirem os portões do hospital.
Com isso vemos que a morte hoje acontece de forma solitária não se levando em conta o fator humano, com o advento do capitalismo o homem é cada vez mais estimulado a produzir e competir, quando está doente e na fase final de sua vida ele perde sua capacidade de produzir, se tornando inútil a sociedade capitalista. O que torna a morte hoje incompreendida e impossibilita aos profissionais da saúde o reconhecimento das angústias do paciente e familiar frente à morte.
Frente ao exposto nasce uma nova filosofia de cuidados diante da morte, no qual o paciente e sua família devem ser compreendidos na sua totalidade, garantindo ao paciente uma morte digna e humanizada.
Para Menezes (2004, p. 38) este novo conceito de lidar com a morte relacionada aos cuidados paliativos vêm ganhando espaço dentro de um novo aspecto que é a humanização no cuidado ao paciente e seus familiares:
Seja em textos técnicos, seja em livros de depoimentos ou de ajuda e autoajuda, emerge um discurso comum: o do direito ao “morrer bem”, com autonomia e “dignidade”. Na cultura do Individualismo, que valoriza a vida única e singularmente vivida, é criado o conceito da “boa morte”, como a escolhida e produzida por quem esta morrendo. A divulgação mais ampla da “morte contemporânea” objetiva a difusão do modelo da “boa morte” e conta com uma extensa produção literária, em sua maior parte norte-americana. A produção não se restringe aos Estados Unidos, e diversos livros foram publicados na Inglaterra, França e Brasil. A publicação contém criticas sobre como “morrer bem”, além de descrições detalhadas de “boas e belas mortes” o que, segundo o ideário, auxiliaria a pacificar os medos e ansiedades dos que estão morrendo e dos que cuidam dos doentes terminais. Além de livros, artigos vêm sendo publicados em diversas revistas brasileiras, contendo depoimentos de familiares de doentes até o final da vida, de médicos e até dos próprios enfermos.
 Ainda segundo a autora:
Os sentimentos face à finitude são expressos e caminhos são apontados no sentido de ultrapassar as dificuldades. Fala-se sobre a morte, sobre os desejos do doente e a família, sobre a tomada de decisões, sobre a relação com o médico. Filme e peças em torno da temática são sucessos de público: há uma busca de novas construções e práticas sociais em torno da morte e do morrer – especialmente em determinadas camadas sociais. As expressões “boa morte, morte tranquila e morreu bem” passam a ser utilizadas amplamente, não se restringindo ao âmbito dos profissionais de saúde. 
O que se percebe é a necessidade de um preparo para a morte quando não existe a possibilidade de cura, é importante que o paciente, viva de forma plena o tempo que lhe resta, sendo respeitado, cuidado, valorizado e que ele possa permanecer junto a sua família e tomar suas decisões.
Carrara (apud, Menezes, 2004, p. 13.) diz que:
Trata-se sem dúvida de “humanizar” e, em certo sentido, desmedicalizar a morte, embora isso só possa ocorrer graças ao desenvolvimento de potentes técnicas analgésicas, manipuladas pelos médicos. Trata-se sem dúvida de devolver o paciente à família, masnão sem antes transferir a ela recursos hospitalares e responsabilidades que nem sempre ela quer ou pode assumir. Procura-se, é certo, elaborar através da morte um sentido para a vida de cada doente, mesmo para os que não veem nela sentido algum.
Segundo o autor citado acima a morte começa a adquirir outros significados, este doente antes ignorado e abandonado pelo saber médico e suas instituições passa a ser valorizado pelos ideólogos e profissionais da causa da “boa morte”, isso indica uma mudança no sistema de valores, nas representações e nas sensibilidades contemporâneas relativas à morte e ao morrer.
Sendo assim, se consolida uma nova proposta de relação profissional e social com o processo do morrer; os cuidados paliativos no qual se busca auxiliar o paciente e sua família oferecendo suporte emocional, social e espiritual, para que o paciente possa viver de forma digna até o último momento de sua vida.
1.2 CUIDADOS PALIATIVOS NO BRASIL
No Brasil os cuidados paliativos surgem na década de 80, época em que o país vivia o final da ditadura, onde o sistema de saúde priorizava a medicina hospitalocêntrica, que era essencialmente voltada à cura das doenças. 
Segundo Figueiredo (2006, p. 36) 
A história dos cuidados paliativos no Brasil iniciou na década de 80, no Departamento de Anestesiologia do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul quando, a Dra. Mirian Martelete criou um Serviço de Cuidados Paliativos. Três anos depois, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, o médico fisiatra, Dr. Antônio Carlos de Camargo Andrade Filho, recém-chegado de um longo estágio na Inglaterra onde aprendeu sobre os cuidados paliativos, deu inicio ao serviço de dor e Cuidados Paliativos.
Conforme Machado (2009) ainda na década de 80, em 1989, em Florianópolis e Rio de Janeiro, surge Unidades de Cuidados Paliativos.
O campo dos Cuidados Paliativos no Brasil vem se expandindo a partir da década de 1990. Em 1997 foi fundada em São Paulo a Associação Brasileira de Cuidados Paliativos (ABCP), com o objetivo de implantar e promover os Cuidados Paliativos em doenças crônico-evolutivas, durante a fase de progressão e o terminal idade; através da formação de profissionais de saúde, promovendo assistência e o desenvolvimento de pesquisas cientifica.
Em 17 de março de 1999 foi instituída no Estado de São Paulo a Lei Estadual nº 10.241, conhecida como lei Mário Covas, promulgada pelo Governador do Estado de São Paulo, Mário Covas, de autoria do Deputado Roberto Gouveia, essa lei dispõe sobre os direitos dos usuários dos serviços de saúde.
Esta lei que é de abrangência Estadual conseguiu reunir fatores fundamentais para os pacientes, incluindo-se aqueles fora de possibilidades terapêuticas, abrangendo um cuidado digno, atencioso e respeitoso; o recebimento de informações claras, objetivas e compreensíveis sobre o que diz respeito a sua doença; consentir ou recusar procedimentos diagnósticos ou terapêuticos a serem realizados; ter assegurado sua integridade física, privacidade, individualidade e respeito aos seus valores; e poder optar pelo local de sua morte; essa lei foi de grande importância, contribuindo na visão macro deste paciente.
Em 2005, com a fundação da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, segundo informações continuadas no próprio site da Academia, os Cuidados Paliativos no Brasil deram um salto institucional enorme. 
A Academia Nacional de Cuidados Paliativos avançou a regularização profissional do paliativista brasileiro, estabeleceram-se critérios de qualidade para os serviços de Cuidados Paliativos, realizaram-se definições precisas do que é e o que não é Cuidados Paliativos e levou-se a discussão para o Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Conselho Federal de Medicina - CFM e Associação Médica Brasileira – AMB. Participando ativamente da Câmera Técnica sobre Terminal idade da Vida e Cuidados Paliativos do CFM, a ANCP ajudou a elaborar duas resoluções importantes que regulam a atividade médica relacionada a esta prática.
Em 2009, pela primeira vez na história da medicina no Brasil, o Conselho Federal de Medicina incluiu, em seu novo Código de ética Médica, os Cuidados Paliativos como princípio fundamental. 
A Fundação da ANCP 2005 veio para impulsionar e solidificar os cuidados paliativos no Brasil, ajudando a viabilizar as diretrizes da Organização Mundial da Saúde, ajudando os pacientes a terem acesso a um tratamento global diante de doenças até então incuráveis, onde o controle de sintomas deve ser feito de uma forma impecável, através da prática dos cuidados paliativos. De acordo com informe desta associação, em 2001, no Brasil, havia cerca de trinta serviços de Cuidados Paliativos, em sua maior parte dedicada a doentes fora de possibilidades terapêuticas oncológicos, promovendo assistência ambulatorial, domiciliar e internação hospitalar. 
Outro serviço importante e pioneiro no Brasil é o do Instituto Nacional do Câncer – INCA, do Ministério da Saúde, que inaugurou em 1998 o hospital Unidade IV, exclusivamente dedicado aos Cuidados Paliativos. 
Em dezembro de 2002, o Hospital do Servidor Público Estadual de São Paulo – HSPE/SP inaugurou sua enfermaria de Cuidados Paliativos, comandada pela Dra. Maria Goretti Sales Maciel. O programa, no entanto, existe desde 2000. 
Em São Paulo, outro serviço pioneiro é do Hospital do Servidor Público Municipal comandado pela Dra. Dalva Yukie Matsumoto, que foi inaugurado em junho de 2004, com início do projeto em 2001. 
Muitos fatores ainda dificultam o reconhecimento dos cuidados paliativos enquanto prática de saúde essencial no país, como a ausência de uma politica nacional de cuidados paliativos, com a consequente dificuldade de acesso a medicamentos opióides e outros controlados, imprescindíveis para a terapêutica; ausência de disciplina especifica na formação de profissionais da saúde; falta de recursos para desenvolvimento de pesquisas; escassez de serviços e programas especializados em cuidados paliativos, tanto no sistema público de saúde como no privado (CREMESP, 2007). 
Segundo a Portaria GM/SM nº 19 de janeiro de 2002, foi considerado a necessidade de estimular a discussão em torno do tema, gerar uma nova cultura assistencial para a dor e cuidados paliativos, que contemplem holisticamente o paciente com quadros dolorosos, e de adotar medidas que permitam, no âmbito do sistema de saúde do País, uma abordagem multidisciplinar, abordando os diversos aspectos envolvidos como os físicos, psicológicos, familiares, sociais, religiosos, éticos, filosóficos do paciente, seus familiares, cuidadores e equipe de saúde. 
Conforme art. 1º - Instituir, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos, cujos objetivos gerais são: 
 • Articular iniciativas governamentais e não governamentais voltadas para atenção/assistência aos pacientes com dor e cuidados paliativos; • Estimular a organização de serviços de saúde e de equipes multidisciplinares para assistência a pacientes com dor e que necessitem de cuidados paliativos, de maneira a constituir redes assistenciais que ordenem esta assistência de forma descentralizada, hierarquizada e regionalizada; • Articular/promover iniciativas destinadas a incrementar a cultura assistencial da dor, a educação continuada de profissionais de saúde e de educação comunitária para a assistência à dor e cuidados paliativos; • Desenvolver esforços no sentido de organizar a captação e disseminação de informações que sejam relevantes, para profissionais de saúde, pacientes, familiares e população em geral, relativa, dentre outras, à realidade epidemiológica da dor no país, dos recursos assistenciais, cuidados paliativos, pesquisas, novos métodos de diagnóstico e tratamento, avanços tecnológicos, aspectos técnicos e éticos; • Desenvolver diretrizes assistenciais nacionais, devidamente adaptado-adequadas à realidade brasileira, de modo a oferecer cuidados adequados a pacientes com dor e/ou sintomas relacionados a doenças fora de alcance curativo e emconformidade com as diretrizes internacionalmente preconizadas pelos órgãos de saúde e sociedades envolvidas com a matéria. 
A Portaria GM/MS nº 2.439, de 8 de dezembro de 2005, em seu 1º art. Institui a Política Nacional de Atenção Oncológica: Promoção, Prevenção, Diagnóstico, Tratamento, Reabilitação e Cuidados Paliativos, a ser implantada em todas as unidades federadas, respeitadas as competências das três esferas de gestão. Em 12 de dezembro de 2006, através da Portaria GM/MS nº 3.150 é criado a Câmara Técnica em Controle da Dor e Cuidados Paliativos.
Em 15 de junho de 2004, foi aprovado o Programa Nacional de Cuidados Paliativos, a ser aplicado no âmbito do Serviço Nacional de Saúde.
O presente Programa, elaborado por um grupo de peritos no âmbito da Direção Geral da Saúde, conta com o aval científico do Conselho Nacional de Oncologia e destina-se a ser aplicado nas redes de prestação de cuidados do Sistema de Saúde.
Outro avanço foi à resolução 1.973/11, (publicada no Diário Oficial da União em 1º de agosto de 2011, seção I, p. 144-147), no qual o Conselho Federal de Medicina reconhece a Medicina Paliativa como especialidade médica.
No Brasil, o envelhecimento da população, o aumento da incidência de câncer e a emergência da síndrome de imunodeficiência adquirida (SIDA) tornam os doentes que carecem de cuidados paliativos um problema de enorme impacto social e de importância crescente em termos de saúde pública. No país ainda não há uma estrutura de cuidados paliativos adequados às demandas existentes, tanto do ponto de vista quantitativo quanto do qualitativo.
Esse cenário indica a necessidade urgente do conhecimento dos conceitos fundamentais em cuidados paliativos, bem como do empreendimento de esforços para se estabelecerem políticas de saúde voltadas para os indivíduos ao final da vida. (Academia Nacional de Cuidados Paliativos, 2006).
O sistema de saúde brasileiro enfrenta grandes desafios para o novo século. A singularidade do tema requer uma discussão multissetorial que se assenta no proposto pelo movimento internacional dos cuidados paliativos, que, nas últimas décadas, preconizou uma atitude de total empenho e a valorização do sofrimento e da qualidade de vida como objetos de tratamento e de cuidados ativos organizados.
Antes de entrarmos no assunto no qual o Serviço Social se insere nos cuidados paliativos, como parte integrante da equipe interdisciplinar, vamos entender o contexto histórico do serviço social na saúde e suas atribuições.
2 O SERVIÇO SOCIAL NA SAÚDE
2.1 A INSERÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NA SAÚDE
Segundo a Constituição Federal de 1988, art. 6º:
São direitos sociais: a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição. 
 Ainda no art. 196 da Constituição Federal temos:
A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Mas o que entendemos por saúde? A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde como "um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades".
O conceito de saúde reflete a conjuntura social, econômica, política e cultural. Não se pode mais considerar a saúde de forma isolada das condições que cercam o indivíduo e a coletividade. Falar, hoje, em saúde sem levar em conta o modo como o homem se relaciona com o seu meio social e ambiental é voltar à época em que a doença era um fenômeno meramente biológico, desprovido de qualquer outra interferência que não fosse tão somente o homem e seu corpo.
Percebemos então que pensar em saúde deve pautar-se na afirmativa de Laurell (apud, Costa, 2006, p. 05):
Refletir sobre o processo de trabalho em saúde implica, no mínimo, em apreender as dimensões tecnológica, organizacional e política daquela prática social. Isto requer pensar a saúde como uma política social pública que se materializa como um serviço cujo conteúdo, finalidade e processos de trabalho, merecem conceituações de natureza teórica e histórica.
A saúde então passa a ser trabalhada dentro de um olhar macro que envolve toda a sociedade e o momento histórico que esta vivendo. É baseada nestas perspectivas que as ações devem ser implantadas para que assim possam realmente surtir efeito, ou seja, atender as demandas que se apresenta.
Segundo Costa (2006, p. 7):
Note-se que nos serviços de saúde, a inserção dos assistentes sociais no conjunto dos processos de trabalho destinados a produzir serviços para a população é mediatizada pelo reconhecimento social da profissão e por um conjunto de necessidades que se definem e redefinem a partir das condições históricas sob as quais a saúde pública se desenvolveu no Brasil.
A inserção do assistente social na saúde se concretiza por meio das condições históricas no qual a saúde se desenvolveu e por meio das lutas efetivadas pela população. O assistente social assim trabalha a saúde no seu conceito mais amplo.
Ao reconhecer a saúde como resultado das condições econômicas, políticas, sociais e culturais, o serviço social se faz necessário na identificação e análise dos fatores que interferem no processo saúde/doença. A política pública de saúde é o setor que mais tem absorvido profissionais de serviço social, sendo o assistente social reconhecido pelo Conselho Nacional de Saúde – CNS, através da resolução n° 218/1997 como profissional da saúde.
Mas para chegar até aqui a Saúde foi se modificando e conquistando espaço dentro de um contexto marcado pelos movimentos sociais no qual o Serviço Social teve sua participação, para isso temos que compreender suas determinações sócias históricas.
Resgatando alguns antecedentes da intervenção do Serviço Social no campo da saúde, destaca-se na década 30, mais precisamente o ano de 1936, o aparecimento das primeiras escolas brasileiras de serviço social sendo que, desde esse início, algumas disciplinas relacionadas à saúde já eram ministradas nas instituições de formação profissional. A partir de meados da década de 1940 a profissão alcançou gradual processo de expansão acompanhando a emergência de transformações relacionadas à expansão capitalista no país e também aos reflexos do fim da segunda guerra mundial em 1945. Entretanto, somente em 1957, que a profissão é regulamentada no país.
Segundo Bravo (2006, p. 03):
A saúde pública, na década de 1920, adquire novo relevo no discurso do poder. Há tentativas de extensão dos seus serviços por todo o país. A reforma Carlos Chagas, de 1923, tenta ampliar o atendimento à saúde por parte do poder central, constituindo uma das estratégias da União de ampliação do poder nacional no interior da crise politica em curso, sinalizada pelos tenentes, a partir de 1922.
Segundo Bravo (2006) as questões sociais, em geral, e as de saúde, em particular, já colocadas desde a década de 20, precisavam ser enfrentadas de forma mais sofisticada, transformando-se em questão política, com a intervenção do Estado e a criação de novos aparelhos que contemplassem de algum modo os assalariados urbanos, que se caracterizavam como sujeitos sociais importantes no cenário político nacional em decorrência da nova dinâmica da acumulação capitalista. Desta forma, a formulação da política de saúde na década de 30, de caráter nacional, foi organizada em dois subsetores: o de Saúde pública e o de medicina previdenciária.
Com a grande acumulação capitalista, se encontra na medicina previdenciária uma forma de oferecer um atendimento de saúde que contemplem aqueles que contribuem com o sistema; através da venda de sua força de trabalho. Para aqueles que não contribuíam restavam às medidas preventivas da Saúde Pública.
Segundo Mansur (2001, p. 35):
As políticas sociais que acompanharam quase todas as décadas do século XX estavam ancoradasna questão da cidadania regulada. Houve uma ampliação dos direitos dos cidadãos neste período, mas como cidadãos eram considerados apenas os indivíduos pertencentes ao mercado de trabalho formal, para as profissões reconhecidas em lei. O sistema de proteção social no Brasil ficou atrelado a esta cidadania regulada até os anos 80. Como o grande desenvolvimento da medicina assistencial-hospitalar neste período aconteceu dentro do sistema de proteção social formado pela Previdência, só era oferecida a atenção à saúde àqueles beneficiários da Previdência, e não a toda a população. 
Ao mesmo tempo em que se ampliava a cobertura, o caráter discriminatório da política de saúde se evidenciava nas desigualdades quanto ao acesso, à qualidade e à quantidade de serviços destinados às populações urbanas e rurais. O direito à saúde ainda estava diretamente atrelado ao emprego formal, portanto, grande parcela da população brasileira vinculadas ao campo, sem esquemas públicos de proteção social aliada aos jovens não empregados, idosos sem aposentadoria, empregados de setor informal e os desempregados compunham um segmento situado à margem do acesso aos serviços de saúde.
A população passa a ser discriminada pelo poder público pelo fato de não fazer parte da pequena população que contribuía para o estado, ficando assim a mercê dos serviços oferecidos a eles precariamente. Com a crescente urbanização e ampliação da massa de trabalhadores em precárias condições de saúde e habitação, a classe operária começa a se organizar reivindicando melhores condições de vida; o serviço social surge então, como forma de atuar junto a essas classes menos favorecidas. 
Segundo Bravo (2010, p. 33-34). Após a 2º Guerra Mundial,
O Serviço Social desenvolve novas técnicas para adequar-se às exigências do momento, destacando-se a investigação social, com o intuito de instrumentalizar os profissionais para participarem nas pesquisas médico-sociais, o trabalho com a família e a abordagem grupal com pacientes. Os Estados Unidos, assumindo a hegemonia mundial, tornam-se o polo irradiador das concepções e práticas na saúde. 
O Serviço Social é uma profissão dinâmica inserida no próprio contexto sócio histórico. Portanto, cabe ao assistente social modificar a sua forma de atuação profissional, e se adequar em decorrência da demanda que lhe é colocada e da necessidade de responder às exigências e às contradições da sociedade capitalista.
Segundo Adriano (2007, p. 35):
Desde o início de sua inserção na área da saúde, o profissional de Serviço Social teve como principal função mediar a relação entre instituição e população, promovendo o acesso aos direitos e protagonizando ações que articulam a política de saúde e as outras políticas e serviços que constituem a seguridade social brasileira. Entretanto, até a década de 60, a profissão manteve conduta que a colocava no eixo conservadorista, focando a atuação na dimensão individual do paciente, ou seja, adequando-a nos moldes do bloco hegemônico conservador, vigente em meio às entidades organizativas e difusoras da produção de conhecimento. 
Segundo Bravo e Matos (apud, Bravo et al., 2009) a Constituição Federal de 1988 trouxe um grande progresso para a área da Saúde conjuntamente com a Assistência Social e a Previdência Social integrando a Seguridade Social. A Saúde ocupou cinco artigos da Constituição que descreve que a mesma é um direito e dever do Estado constituindo assim um sistema único, hierárquico e regionalizado.
Os assistentes sociais se inserem, assim, no processo de trabalho em saúde, como agente de interação entre os níveis do Sistema Único de Saúde - SUS com as demais políticas sociais, sendo que o principal objetivo de seu trabalho no setor é assegurar a integralidade e intersetor alidade das ações.
O assistente social desenvolve, ainda, atividades de natureza educativa e de incentivo à participação da comunidade para atender as necessidades de coparticipação dos usuários, no desenvolvimento de ações voltadas para a prevenção, recuperação e controle do processo saúde/doença. 
É dentro da relação de dever/direito à saúde que o trabalho dos assistentes sociais vem se desenvolvendo e, a cada dia, tem se tornado uma “prática” necessária para a promoção e atenção à saúde. 
Sua intervenção tem se ampliado e se consolidado diante da concepção de que o processo de construção da saúde é determinado socialmente, e reforçado pelo conceito de saúde que passa a considerar o atendimento das demandas do setor sob o enfoque relevante das condições sociais. Assim, entendendo que a saúde é construída a partir de necessidades históricas e socialmente determinada, que o assistente social a defende como direito de todo cidadão e dever do Estado, propondo-se a contribuir para essa garantia através do fortalecimento de seus princípios de universalidade, equidade e integralidade.
O serviço social, na área da saúde, atua para além do sofrimento físico e psíquico, explicitando e enfrentando as diferentes expressões da questão social que determinam os níveis de saúde da população, através de ações que priorizem o controle social, a prevenção de doenças, danos, agravos e riscos, a promoção, a proteção e a recuperação da saúde, facilitando e contribuindo para a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas.
Veremos a seguir de que forma se deu a inserção do Assistente Social em Cuidados Paliativos e a importância e papel deste profissional inserido em equipe multidisciplinar no cuidado de pacientes fora de possibilidades terapêuticas e sua família.
3 SERVIÇO SOCIAL E SUA ATUAÇÃO EM CUIDADOS PALIATIVOS
3.1 TRABALHO INTERDISCIPLINAR EM CUIDADOS PALIATIVOS
Os cuidados paliativos requerem um trabalho em equipe interdisciplinar, no qual diferentes profissionais com competências específicas visam, em conjunto, o bem estar do paciente e engloba-o na sua totalidade.
Segundo Vilela e Mendes (2003), a interdisciplinaridade é a troca e a interação de diferentes especialidades no interior de um mesmo trabalho e em torno de um mesmo objetivo.
Ainda segundo autores citados acima,
A interdisciplinaridade é a interação existente entre duas ou mais disciplinas, em contexto de estudo de âmbito mais coletivo, no qual cada uma das disciplinas em contato é, por sua vez, modificada e passa a depender claramente uma(s) da(s) outra(s). Resulta em enriquecimento recíproco e na transformação de suas metodologias de pesquisa e conceitos. (p. 528)
Os cuidados paliativos devem assentar-se numa estrutura especializada e organizada de prestação de cuidados. Esta deve ter o seu enfoque no alívio do sofrimento físico, psicológico, social e espiritual dos doentes com doença grave ou incurável, avançada e progressiva, com o objetivo de alcançar a melhor qualidade de vida possível tanto para os doentes como para as suas famílias. Para uma abordagem participativa, o doente e a família são chamados a discutir, com a equipe de cuidados paliativos, o planejamento e a prestação de cuidados paliativos. A prestação de cuidados paliativos deve ainda ter em consideração as necessidades, preferências, valores, crenças e cultura do doente e da sua família. A avaliação e o tratamento devem ser individualizados e, por outro lado, abordar o doente de forma integral.
Segundo Andrade (2008, p. 41-42),
A integração dos aspectos psicológicos, sociais e espirituais no cuidado ao paciente e a utilização de uma abordagem em equipe requerem prioritariamente um trabalho interdisciplinar; trabalho este que prima pela complementação dos saberes, partilha de responsabilidades, tarefas e cuidados, e negação da simples sobreposição entre as áreas envolvidas. O reconhecimento de que o cuidado adequado requer o entendimento do homem como ser integral, cujas demandas são diferenciadas e específicas, e podem e devem ser solucionadas conjuntamente, oferece às diferentes áreas do conhecimento a oportunidade e a necessidade de se perceberem incompletas. A percepção das necessidades múltiplas do indivíduo em cuidados paliativos e a certezade que somente uma área (mesmo a área médica) não oferecerá a respostas a essas necessidades fazem crescer, e se consolidar, a busca inegável por um trabalho efetivamente em equipe interdisciplinar.
 
Ainda segundo Andrade (2008), os cuidados paliativos se apresentam muito mais como a única alternativa para aqueles que estão fora de possibilidades terapêuticas, mas se constitui em uma proposta de atenção ampla, consciente e organizada, em que os profissionais de diferentes áreas se unem com o objetivo de oferecer a paciente e família a atenção que requerem em um momento tão especial. Essa proposta abrange uma gama de ações que buscam oferecer conforto, esperança, escuta efetiva, atenção às “dores” emocionais e sociais, no qual o homem deve ser considerado como um ser único com necessidades, desejos, possibilidades e limites que o fazem sempre e a cada vez especial.
É o trabalho interdisciplinar que aproxima disciplinas atuantes no campo da Saúde e que entendem a necessidade de se integrarem saberes, reconhecer a complexidade dos fenômenos, ampliando o olhar, favorecendo o entendimento e a superação da situação do adoecimento.
Segundo a ANCP (2006), considera-se equipe básica aquela que inclui médico e enfermeiro (a), com a cooperação de profissionais de serviço social e psicologia; equipe completa, a que incorpora profissionais de trabalho social e psicologia, além de outros (fisioterapeuta, terapeuta ocupacional e outros); a equipe de referência é aquela que realiza funções de referência na complexidade assistencial associadas à formação avançada universitária e investigação. Voluntários e assistentes espirituais representam condição ideal em todos os níveis de atenção e sua presença deve ser estimulada em todas as equipes, desde que adequadamente treinados nos princípios dos cuidados paliativos, para que não haja choque de linguagem e atitudes que estimulem a geração de falsas esperanças e expectativas irreais.
A interdisciplinaridade representa uma tentativa de interpretação global da existência humana, ela se manifesta na integração e reciprocidade dos conhecimentos das diversas áreas e no esforço em reconstruir a unidade do paciente que se nos apresenta fragilizados no seu corpo, nas suas relações pessoais e sociais, na sua emoção, etc.
É fundamental que a equipe esteja voltada ao paciente e sua família, esclarecendo todas às duvidas em relação ao quadro clinico, oferecendo apoio, escuta, e que tanto o paciente como a família possam se sentir amparados e confiantes em relação à equipe que estão lhes acompanhando.
Segundo Callanan e Kelley (apud, Bertachini e Pessini, 2009, p. 269):
Na comunicação com o paciente fora de possibilidades terapêuticas é necessário que realimentemos para a pessoa que sua família ficará bem, que sabem o que está acontecendo. O fato de realimentarmos o contato com a família, enquanto ela também está sendo cuidada, acaba trazendo paz para a pessoa, a paz de que ela precisa.
A presença da família é muito importante para o bem estar do paciente, e a equipe deve estar atenta a isso, contribuindo para que famílias e pacientes compartilhem seus sentimentos uns com os outros e fortaleçam os laços existentes entre eles; quando o paciente possui a retaguarda da família e sabe que pode contar com ela sua dor se torna mais suportável, pois sabe que tem o apoio daqueles que o amam e não está sozinho.
Segundo Kubler-Ross (2008), se não levarmos em conta a família do paciente, não poderemos ajudá-lo com eficácia, os familiares desempenham um papel preponderante, e suas reações muito contribuem para a própria reação do paciente.
Enquanto equipe deve se estar atento também à linguagem corporal do paciente e não somente naquilo que é dito.
Conforme Silva (apud, Bertachinni e Pessini, 2009, p. 266):
É preciso prestar atenção à palavra não dita, às contrações faciais que desmentem as palavras, à involuntária contração nervosa, ao cerrar e descerrar dos punhos, à linguagem do corpo de uma maneira geral e total.
Devemos ser mais que somente profissionais quando lidamos com vidas, devemos ser humanos, dotados de sentimentos e emoções, ou seja, tratar o outro da forma que gostaríamos de ser tratados, com o mesmo respeito e carinho que trataríamos alguém de nossa família.
Conforme Andrade (2008, p. 69-70):
A equipe deve estar atenta às necessidades do paciente e de seus familiares envolvidos no cuidado direto, tendo sempre como perspectiva que para atendê-las é necessário conhecê-las. Conhecer paciente e família, em situação tão singular, no momento de finalização da vida requer o entendimento de quem é este paciente inserido naquela específica família, qual o lugar que ocupa, quais os vínculos construídos e consolidados, qual o tipo de relação que mantém com seus pares e em especial com seus cuidadores; significa entender como a família em questão encontra-se organizada e qual rede de suporte social, se existente, poderá ser acionada nos momentos mais críticos.
Ainda segundo Andrade (2008), é necessário reconhecer os limites e possibilidades de cuidado e atenção de todos os envolvidos; paciente, família e equipe, para que a assistência surta o efeito desejado, no qual a equipe possa atuar adequadamente, nem exigindo e solicitando demais ou de menos da família e do paciente.
Os cuidados paliativos consideram a família uma unidade de cuidado que também deve receber assistência durante todo o tempo de acompanhamento de seu paciente e até depois de seu óbito, no período do luto.
Silva (apud, Pessini e Bertachini, 2009, p. 270) nos coloca a importância da atenção e cuidado que devemos ter:
Quando estamos cuidando de pessoas assim, que estão morrendo, percebemos que o seu mundo “encolhe”, ele se estreita a algumas poucas relações importantes e ao progresso de sua doença. Quando não podem falar sobre o que está acontecendo com elas, ficam solitárias, mesmo no meio de pessoas que se preocupam com elas. Então é importante, nesta comunicação, valorizarmos o mundo do tamanho como ele se apresenta para essas pessoas, pois um dos medos que nós, seres humanos, possuímos é o de estar sozinhos neste momento e não ter ninguém que alivie essa dor da solidão. Até porque o relativo êxito com que conseguimos aliviar os sintomas físicos de uma doença não se repete, necessariamente, nas outras três áreas de conforto, que são a área mental, a emocional e a espiritual, pois por mais que saibamos trabalhar com analgésicos o aprendizado que cada doente terminal nos traz é como aliviar a sua dor mental, com aliviar a sua dor emocional e espiritual.
Um trabalho interdisciplinar nos proporciona conhecer o paciente no seu todo, e a interação entre os membros da equipe é fundamental para que juntos possam ajudar o paciente e sua família a enfrentar esse momento tão difícil.
Segundo Rodrigues (2009) a comunicação é um pressuposto no trabalho em equipe interdisciplinar. Portanto, é essencial que os profissionais a aprendam e a desenvolvam na sua prática, não só com os pacientes e familiares, mas entre si.
Ainda segundo Rodrigues (2009, p. 146):
É a interdependência dos diferentes saberes e a horizontalidade nas tomadas de decisões que caracterizam a equipe interdisciplinar. 
O trabalho em equipe deve envolver comprometimento com a dignidade do paciente e com a promoção do seu bem-estar integral, isto envolve termos em mente o papel da humanização para com essas pessoas.
Segundo Pessini e Bertachini (2009, p. 3):
A humanização dos cuidados em saúde pressupõe considerar a essência do ser, o respeito à individualidade e a necessidade da construção de um espaço concreto nas instituições que legitime o humano das pessoas envolvidas. A humanização no atendimento exige dos profissionais da saúde, essencialmente, compartilhar com seu paciente experiências e vivências que resultem na ampliação do foco de suas ações, via de regra restritas ao cuidar como sinônimo de ajuda às possibilidades da sobrevivência. Em outras palavras, exercer na prática o ressituar das questões pessoais num quadro ético, em que o cuidarse vincula à compreensão da pessoa em sua peculiaridade e em sua originalidade de ser.
A humanização pressupõe um processo de ampliação do diálogo, entre profissionais, paciente e família, que estimule uma crescente integração entre as finalidades técnicas do trabalho e a valorização da construção de vínculos de afetividade, responsabilidade e solidariedade.
Frente a tudo que colocamos se faz necessária a atuação do profissional de serviço social como parte da equipe interdisciplinar em cuidados paliativos, no qual ele deve partir de competência ético-política, garantindo que o paciente e sua família tenham um atendimento humanizado e que seus direitos como ser social sejam efetivados.
Segundo Freitas (2007, p. 49):
A postura ético-política nos coloca frente ao desafio de construção de um processo reflexivo acerca dos princípios, valores, direitos e deveres que devem nortear as práticas sociais, tendo em vista a ampliação das relações humanizadas. Assim, a humanização é antes de tudo uma atitude reflexiva que é tomada diante do mundo, da realidade, da existência. A atitude de humanização é deste modo, um desafio histórico.
	
A seguir veremos como se efetiva a atuação do assistente social em cuidados paliativos e quais os instrumentais utilizados por ele.
3.2 O ASSISTENTE SOCIAL EM CUIDADOS PALIATIVOS
O assistente social como parte da equipe multidisciplinar em cuidados paliativos atua como um facilitador e interlocutor nas relações entre pacientes e familiares, e entre equipe médica e família/paciente. Faz a abordagem socioeconômica e cultural da família; com o objetivo de conhecer a composição familiar, moradia, renda, religião, formação, profissão e situação empregatícia dos membros; tornando assim possível que a equipe conheça essa família na sua particularidade e identifique as necessidades vividas pela família e paciente.
Segundo Andrade (2009, p. 223):
É específico do assistente social o conhecimento e a abordagem sobre a realidade socioeconômica da família, bem como sobre os aspectos culturais que compõem esse universo. Assim, a decodificação dessa realidade para a equipe de trabalho constitui-se em uma de suas principais atribuições. Esse profissional torna-se o interlocutor entre paciente/família e equipe nas questões apontadas, que são fundamentais para se alcançar os objetivos almejados em Cuidados Paliativos: morte digna e cuidado aos que ficam.
Segundo Andrade (2008, p. 71):
A grande preocupação e foco do assistente social em Cuidados Paliativos podem ser resumidos em: para o paciente, garantia da qualidade de vida nos momentos finais e morte digna. Para a família, auxílio na manutenção do equilíbrio familiar possível.
A especificidade do olhar social sobre a morte mistura-se ao olhar sobre as relações afetuosas, papéis socialmente construídos e atribuídos aos membros de uma família ou rede afetiva. O assistente social torna-se aquele que reforça o papel de facilitador nas relações de um grupo familiar e sob esse novo prisma, socializa suas técnicas de intervenção em âmbito domiciliar.
Para a participação plena da família o assistente social deve identificar dentro da dinâmica familiar, os eventuais pontos de conflitos, anteriores e posteriores ao diagnóstico da doença.
É fundamental que identifiquemos o cuidador na família, porque é ele que fará a intermediação entre paciente e equipe e entre equipe e família; o cuidador é sempre aquele que se apresenta mais equilibrado para receber as informações passadas pela equipe médica e transmiti-la a família.
Segundo Andrade (2009, p. 285):
Denominamos cuidador aquele familiar ou responsável pelo cuidado ao paciente, sendo o principal responsável por receber orientações e esclarecimentos da equipe, assim como se constituindo em elo entre paciente e equipe para algumas demandas.
Desta forma, os cuidados paliativos devem basear-se em uma abordagem holística do paciente e família, assentando-se no controle sintomático, na informação e comunicação adequada e no apoio integral à família durante todo processo de doença se estendendo no processo de luto.
É específico do Assistente Social, o conhecimento e a abordagem sobre a realidade socioeconômica da família, bem como os aspectos culturais que envolvem esse universo.
Segundo Andrade (2009, p. 221-222)
· Com relação à avaliação socioeconômica, algumas informações são fundamentais e devem ser obtidas na primeira abordagem: composição familiar, local de moradia, renda, religião, formação, profissão e situação empregatícia do paciente: • composição familiar: com quem o paciente reside e com quem poderá, ou não, contar no que se refere aos cuidados; se a família é extensa, nuclear ou monoparental e se tem outros indivíduos no mesmo núcleo familiar que demandam cuidados específicos (crianças, idosos dependentes ou outros doentes). Esses dados nos oferecerão subsídios para auxiliar a família na busca de alternativas quando o cuidado não for suficiente para as necessidades do paciente; • local de moradia: item também relacionado com a possibilidade de entendimento sobre a rede de suporte social. Dependendo do local onde o indivíduo reside, é necessário perceber a precariedade ou suficiência das redes de suporte social, assim como a facilidade ou dificuldade de comparecer às consultas ou demais procedimentos. A ciência dessas dificuldades ou facilidades possibilita ao assistente social viabilizar e encaminhar adequadamente para recursos da região, providenciar a solicitação de transporte de outras instituições ou buscar assistência domiciliar da própria instituição ou do bairro/município onde o paciente reside, conforme o grau de dificuldades apresentado pela família em comparecer aos retornos agendados ou em oferecer a atenção solicitada; • formação, profissão e situação empregatícia do paciente: essas informações são fundamentais, principalmente quando o paciente é o mantenedor da família. A orientação e o encaminhamento adequados da questão* oferecerão a garantia de sustento para o núcleo familiar. • renda familiar: estreitamente relacionada com o item anterior, embora nem sempre obtendo a importância devida na análise, deve sempre ser conhecida para que a equipe tenha parâmetros reais para futuras solicitações. Exigências além do que a família pode arcar, relacionadas especificamente com custos, costumam inviabilizar a atenção ao paciente e gerar situações de estresse desnecessário para os envolvidos; • religião: aspecto cultural importantíssimo na avaliação social do paciente em Cuidados Paliativos. A religião da família e do paciente traz subsídios para abordagens adequadas sobre morte, cuidados ao final da vida, rituais e diferentes necessidades relacionadas com crenças e significados pessoais. Isso deve ser conhecido e compartilhado com a equipe para que, na medida do possível, os cuidados ao final da vida sejam ajustados ao que é significativo e simbólico para família e paciente; • rede de suporte social: relaciona-se com entidades (instituições, grupos formais, serviços) ou pessoas (parentes, amigos, vizinhos) com que o paciente e seus familiares podem contar em casos de necessidade. As redes de suporte são tão mais suficientes e eficazes quanto maior disponibilidade e segurança oferecem aos indivíduos que a elas recorrem; tal efetividade não se relaciona com a renda dos envolvidos, mas sim com vínculos estabelecidos e fortalecidos no decorrer do tempo. Algumas instituições religiosas oferecem redes mais organizadas e eficazes, principalmente em situações de doença ou fragilidade de seus membros.
É a partir dessa avaliação que o assistente social poderá conhecer a realidade social a que essa pessoa se encontra inserida, podendo, assim, construir propostas para a demanda apresentada.
Também se faz necessário que o assistente social construa com o paciente uma relação empática, baseando-se no respeito e dignidade que este tem direito, possibilitando uma atuação eficaz e eficiente em articulação com o restante da equipe.
Segundo Simão et al., (2010, p. 361):
Assim, na prática, o assistentesocial, junto com os demais profissionais, deve fortalecer o sistema de apoio ao paciente, evitando que o mesmo tenha de enfrentar situações que gerem sentimentos como abandono, limitação, dependências etc. Enfim, em conjunto com outros profissionais, o assistente social deve agir de forma a contribuir para que esse paciente se sinta respeitado, valorizado e amado. Além disso, em diversos casos o profissional pode auxiliar no resgate da dignidade que, muitas vezes, se perde com a descoberta da doença e a impossibilidade de cura. Tal dignidade é resgatada a partir de pequenos gestos, tanto por parte da família quanto da equipe responsável pelos cuidados com o paciente. Entre tais gestos estão à escuta da vontade dele e a busca de compreensão da mesma.
	
O estabelecimento do vínculo com o Assistente Social torna a condução do caso rica em detalhes importantes e significativos para família e, para o paciente; através da escuta sensível.
Segundo Andrade (2008, p. 71):
Em algumas ocasiões só é necessário estarmos junto da família, ouvir, entender e esperar, não há mais o que ser dito, quando tudo já foi explicado, não há mais o que “cobrar” quando tudo já está sendo feito, e é essa a abordagem mais difícil; a necessidade que temos de nos mostrar ativos, em abordagem e atividade constantes nos faz esquecer de que, às vezes, só é necessários estarmos presentes: o não fazer já é, por si só, uma ação.
O posicionamento ético-político do assistente social deve basear-se na humanização e na qualidade da relação entre os sujeitos envolvidos. 
Segundo Freitas (2007, p. 49):
A relação estabelecida entre assistentes sociais e os sujeitos que vivenciam o processo saúde-doença deve estar alicerçada por atitudes de reciprocidade, isto quer dizer, uma relação que só ganha sentido num permanente “ser-com-os-outros” orientado pela consideração, respeito, afetividade, paciência e esperança. Deste modo, a humanização da ação profissional, para além da objetivação de tarefas, envolve a reflexão crítica acerca do modo como o assistente social percebe e se relaciona com os sujeitos com os quais e para os quais trabalha, permitindo, neste movimento, a compreensão de sua singularidade através do desvelamento dos significados da sua vivência intencional, favorecendo, deste modo, a 4 A escuta sensível se apoia na empatia. O pesquisador deve saber sentir o universo afetivo, imaginário e cognitivo do outro para poder compreender de dentro suas atitudes, comportamentos e sistema de ideias, de valores de símbolos e de mitos. Barbier (1997, p. 1) sua valorização como pessoa-sujeito e, por conseguinte, o seu fortalecimento humano-social.
O assistente social enquanto profissional deve pautar suas ações nos princípios norteadores afirmados em seu código de ética, a partir de uma visão crítica, e fundamentada teoricamente, nas derivações ético-políticas do agir profissional.
Segundo o Código de Ética profissional dos Assistentes Social (1993) os princípios fundamentais da profissão são:
• Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes - autonomia, emancipação e plena expansão dos indivíduos sociais; • Defesa intransigente dos direitos humanos e recusa do arbítrio e do autoritarismo; • Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras;• Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e da riqueza socialmente produzida; • Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso aos bens e serviços relativos aos programas e políticas sociais, bem como sua gestão democrática; • Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças; • Garantia do pluralismo, através do respeito às correntes profissionais democráticas existentes e suas expressões teóricas, e compromisso com o constante aprimoramento intelectual; • Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação exploração de classe, etnia e gênero; • Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios deste Código e com a luta geral dos trabalhadores;• Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional; • Exercício do Serviço Social sem ser discriminado, nem discriminar, por questões de inserção de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, opção sexual, idade e condição física.
Coloca-se, assim, para o assistente social o desafio ético-político de construção de uma práxis engajada e comprometida com a promoção da autonomia dos sujeitos concretos que vivenciam a essencialidade do processo saúde-doença.
Com intuito de proporcionar uma maior qualidade no desempenho dos Assistentes Sociais que exercem atividades no âmbito dos Cuidados Continuados foi divulgado o “Manual de Boas Práticas para os Assistentes Sociais da Saúde na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados”, a 7 de Julho de 2006, elaborado pelo Ministério da Saúde.
Segundo este manual as finalidades da ação do Assistente Social da Saúde na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados devem ser:
· Garantir o acolhimento adequado e a integração dos doentes e famílias (o Assistente Social como facilitador da integração dos utentes nos serviços de saúde);
· íveis, contínuos e articulado (o Assistente Social como gestor de caso e monitor da continuidade, integridade e qualidade dos cuidados);
· Promover a manutenção, o reforço ou o restabelecimento das relações interpessoais do doente com a equipe, a família e as redes de sociabilidade (o Assistente Social como mediador e fomentador das redes de suporte e sua efetividade);
· Assegurar o apoio material e o suporte emocional à família (o Assistente Social como provedor e conselheiro da família);
· Potenciar a reinserção do doente no seu meio habitual de vida, com qualidade e suporte adequados (o Assistente Social como mediador da prestação de bens e serviços ao doente e família);
· Contribuir para a efetividade dos cuidados e eficácia dos serviços prestados pelas instituições do SNS – Serviço Nacional de Saúde (O Assistente Social como provedor da qualidade e humanização dos cuidados e serviços);
· Motivar ou incentivar doentes, familiares ou outros, para a organização de ações de autoajuda e/ou voluntariado (o Assistente Social como dinamizador de indivíduos e organizador de grupos);
· E potenciar a consciencialização dos cidadãos sobre as necessidades e as responsabilidades na saúde e na doença e fomentar a sua capacitação para a participação ativa na melhoria dos serviços e dos cuidados (o Assistente Social como capacitado de populações e organizador de comunidades). (p.6)
Ainda segundo o manual o desempenho dos profissionais de serviço social desenvolve-se tanto ao nível do apoio psicossocial ao doente e família, como ao da articulação dos serviços, internos e externos ao hospital, assegurando a ligação à rede de suporte ao doente e família, onde se inscreve o planejamento da alta. Este é o processo realizado com o doente e/ou familiar cuidador para verificar e decidir o que é necessário para uma transferência segura e serena do doente de um nível de cuidados para outro nível de cuidados. (p.9)
O acompanhamento psicossocial se dá através da atenção e acompanhamento no processo de tratamento, reabilitação, readaptação e reintegração social, prestando:
Suporte emocional ao doente e/ou família permitindo ou facilitando a expressão dos sentimentos e receios suscitados pela doença, pelo tratamento e suas consequências ou pela previsão da morte; • Suporte ao doente e/ou família, ajudando-o(s) a enfrentar as mudanças provocadas pela doença e/ou tratamento, nomeadamente ao nível físico, emocional, comportamental,

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