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Unidade 1

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Economia Brasileira 
Contemporânea
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Dr. Júlio Cesar Gomes 
Revisão Textual:
Profa. Ms. Fátima Furlan
A Era Vargas (1930-1945) 
• O Estado Novo
• As Políticas Econômicas Liberais
 · Analisar as políticas cambiais e de comércio exterior de combate à 
inflação e ao déficit público de 1930 a 1945;
 · Caracterizar as medidas de fomento à industrialização nacional.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
 A Era Vargas (1930-1945) 
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja uma maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como o seu “momento do estudo”.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo.
No material de cada Unidade, há leituras indicadas. Entre elas: artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também 
encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados.
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, 
pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato 
com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
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Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar, lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
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UNIDADE A Era Vargas (1930-1945) 
Contextualização
As políticas econômicas determinadas pelo Estado brasileiro têm influenciado 
de forma considerável o mercado e o comportamento dos agentes econômicos. 
As discussões em torno dos acertos e erros das políticas econômicas se difundiram 
nas instituições econômicas, universitárias e na mídia, exigindo que sejam 
compreendidos seus pontos principais, como base de um julgamento consistente.
Assista à reportagem exibida por meio do link abaixo e veja um caso de debate 
sobre medidas adequadas a serem estabelecidas por uma política econômica atual:
Fiz compra em site estrangeiro há cinco meses e não recebi o produto. O que faço?
https://youtu.be/WLil7yiJqHIEx
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Alguns aspectos da política econômica da era Vargas são discutidos ainda hoje, 
e alguns estudiosos apontam que medidas semelhantes às adotadas neste período 
histórico ainda são defendidas e implantadas ainda hoje.
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O Estado Novo
O Estado Novo, instaurado por Getúlio Vargas, foi caracterizado por um governo 
autoritário e por um sistemático processo de industrialização do País, baseando-se 
em duas medidas:
 · Intenso processo de intervenção econômica do Estado na economia;
 · Substituição gradual de importações. 
Fonte: commons.wikimedia.org
A industrialização precisava de um grande esforço de investimento de capitais, 
que foi proporcionado pelo Estado, que se encarregou de promover a acumulação 
capitalista no Brasil, necessária ao esforço industrial.
Para tal, o Estado brasileiro estabeleceu uma política cujas características 
principais eram:
 · O planejamento centralizado;
 · A coordenação nacional de sua execução.
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UNIDADE A Era Vargas (1930-1945) 
Importante!
O modelo de política econômica adotado por Getúlio Vargas se espelhava na organização 
econômica dos países de orientação nazifascista e na URSS, apesar de não ter ocorrido 
no Brasil a abolição da propriedade privada. 
Economia no Estado Novo de Vargas
https://goo.gl/waiO85
Você Sabia?
Fonte: fgv.br
Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP)
https://goo.gl/PsBufm
Fonte: fgv.br
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Na política externa, Vargas seguiu uma linha de neutralidade e pragmatismo, 
negociando com quem oferecesse melhores condições econômicas para o País. 
Assinou acordos comerciais com a Grã-Bretanha, Estados Unidos e Alemanha. 
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No início da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o governo brasileiro mante-
ve-se neutro, apesar das afinidades de muitos integrantes do governo com os países 
de Eixo (Alemanha, Itália e Japão).
Fonte: commons.wikimedia.org
A contribuição brasileira na luta contra o nazismo fascismo ocorreu por meio 
do fornecimento de matérias-primas como borracha e minério de ferro. Em 
contrapartida, o governo Vargas recebeu créditos para a recuperação das jazidas 
de ferro de Minas e da ferrovia do Vale do Rio Doce e para a construção da usina 
siderúrgica de Volta Redonda.
Extraído do Artigo: https://goo.gl/0iubsX
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Neste contexto de expansão industrial e de política externa capitaneado pelo 
Estado, desenvolveu-se o Trabalhismo brasileiro - uma ideologia que se difundiu 
a partir da ação das leis de controle sobre os sindicatos e do Departamento de 
Imprensa e Propaganda (DIP) após 1930.
Na ideologia do trabalhismo, a resolução dos conflitos entre as classes so-
ciais se assemelhava ao corporativismo fascista italiano. O Estado atuava como 
árbitro por meio da institucionalização dos sindicatos de trabalhadores e das 
associações empresariais.
Ideologia do Trabalhismo
https://goo.gl/PPxJNwE
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O trabalhismo brasileiro surgiu depois de um período inicial de latência do 
movimento operário desde 1922, até o seu breve processo de reorganização nos 
primeiros anos da década de 1930. Foram anos marcados, sobretudo, pelo Estado 
de Sítio (1922–1927), no governo de Artur Bernardes e pela repressão política. 
A questão social era uma questão de polícia. Havia a preocupação do Estado e 
das elites dirigentes em conter os diversos surtos grevistas que marcaram as três 
primeiras décadas do século (BOITO JÚNIOR, 1991).
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UNIDADE A Era Vargas (1930-1945) 
A ascensão de Vargas favoreceu o declínio da hegemonia agrário-exportadora 
e o começo da predominância da estrutura produtiva de base urbano-industrial, 
que ensejou um processo significativo de industrialização. Deste modo, Vargas 
tinha que ponderar os interesses do operariado urbano, sua situação de penúria 
material e potencial político explosivo. Vargas estruturou, então, um modelo 
de organização sindical tutelado pelo Estado que iria sobreviver à transição 
democrática de 1945 a 1964, à ditadura militar e, em certa medida, à reabertura 
política realizada na década de 1980 até hoje.
O modelo sindical de Vargas se relacionava a um projeto autoritário-corporativo, 
gestado a partir da década de 1920 por um grupo de intelectuais: Azevedo Amaral, 
Oliveira Vianna, Francisco Campos. Participaram também alguns militares vinculados 
ao movimento tenentista.
Movimento Tenentista
https://goo.gl/PsBufmE
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Em linhas gerais, o projeto autoritário-corporativo defendia um governo nacio-
nalista, centralizado, com menor autonomia para os estados e municípios, o fim da 
representação parlamentar e sua substituição por um modelo de representação téc-
nica, de tipo classista, além de um sindicalismo organizado nos moldes corporativos.
Para tal, o Decreto nº 19.770, de 1931, estabeleceu a unicidade sindical e a 
necessidade de reconhecimento do sindicato pelo Ministério do Trabalho, Indústria 
e Comércio. Desta forma, iniciava-se o controle das atividades sindicais pelo 
Estado através do envio de regulares relatórios de acontecimentossociais. Surgiu 
também a figura dos delegados sindicais do Ministério do Trabalho, a possibilidade 
de imposição de multas, de destituição da diretoria e fechamento ou dissolução do 
sindicato pelo Ministério (CAMPINHO, 2006).
Ou seja, alçava-se o sindicato à condição de órgão de colaboração com o poder 
público e facultava-se, pela primeira vez, a realização de convenções e acordos 
coletivos, que deveriam ser posteriormente ratificados pelo Ministério do Trabalho. 
Este decreto representava uma verdadeira ameaça à ação direta dos chamados 
sindicatos livres, pois introduzia um regime tutelar na qual a proposta dos trabalhadores 
de regulação do mercado de trabalho era substituída pela proposta dos burocratas 
vinculados ao Ministério do Trabalho. 
Porém, a estratégia governamental não utilizava somente a coerção. Foi através do 
binômio de repressão e inclusão que se estruturou o controle dos sindicatos. Ofereciam-
se também uma série de vantagens aos sindicatos oficiais e seus filiados, tais como a 
concessão de férias somente aos filiados ao sindicato (Decreto nº 23.103 de 1933). 
Em 1935, o sindicalismo corporativo já estava implantado na maioria dos estados 
e nas cidades maiores. As principais categorias de trabalhadores, dentre as quais 
algumas com tradição anterior de luta e organização já tinham substituído suas uniões 
e sindicatos autônomos por sindicatos oficiais.
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Com a formação da ANL (Aliança Nacional Libertadora) e da Intentona Comunista, 
terminou-se por destruir por absoluto as organizações autônomas da classe operária, 
consolidando-se um tipo de sindicalismo corporativista. 
Ministério do Trabalho
https://goo.gl/HLYz0RE
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‘’A impressão mais difundida acerca do primeiro governo Vargas dá a ideia de um líder 
carismático, de índole populista e, portanto, capaz de um contato direto com as massas. 
Trata-se da fi gura paterna (o pai dos pobres), ovacionado pela classe trabalhadora a quem 
concedeu apenas por liberalidade uma gama imensa de direitos sociais. Porém, este 
aparato ideológico, consubstanciado na ideia de outorga não nasceu acabado, mas foi 
construído. O mesmo ocorreu com a estrutura sindical corporativa. Para que esta pudesse 
se impor, tornar-se aceitável, foi necessária a utilização de diversos expedientes. Não se 
tratou somente de repressão, pois, como foi visto aqui, havia entre o movimento operário 
setores (sindicalismo amarelo) que aderiram espontaneamente. Mas foi também, e isso 
não pode ser ocultado, repressão. Foi preciso aniquilar, não só fi sicamente, mas também 
simbolicamente os sindicatos livres, pois, além de destruídos eles haviam perdido o direito 
de ter história. As opções, entretanto, estiveram longe de se resumir à oposição entre livre 
adesão e repressão. O controle dava-se através desse jogo complexo entre positividade 
(garantia de direitos sociais) e negatividade (tutela estatal), consolidando o que se pode 
denominar “inclusão subordinada”. Só no inicio da década de 40, com as campanhas de 
sindicalização em massa, com a instituição do imposto sindical e com a consolidação 
de um aparato propagandístico do governo, que os sindicatos passarão a constituir 
uma espécie de “reserva de mobilização” de apoio a Vargas. São, portanto, momentos 
distintos, que se confundidos levam a equivocada conclusão de que o populismo articula-
se só através do carisma, ocultando-se o período repressivo que o antecedeu. (CAMPINHO, 
Fábio. Sindicalismo de Estado: controle e repressão na Era Vargas (1930-1935), Revista 
Eletrônica do CEJUR, v. 1, n. 1, ago./dez. 2006, p.133).
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GOMES, Ângela de Castro. A invenção do Trabalhismo. Rio de Janeiro: IUPERJ, 2010.
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Para viabilizar a política econômica, foram criados alguns institutos de 
ramos econômicos:
 · O Instituto do Café;
 · O Instituto do Açúcar e do Álcool;
 · Órgãos de coordenação que funcionavam como vetores da execução 
e planejamento da política econômica: a Carteira de Crédito Agrícola 
e Industrial (1937), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - 
IBGE (1938), o Conselho Nacional do Petróleo (1938), a Comissão de 
Planejamento Econômico (1944).
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UNIDADE A Era Vargas (1930-1945) 
Para criar as condições favoráveis ao processo de industrialização, o Estado 
investiu grandes somas de capitais em empresas estatais em diversos setores 
da atividade econômica, enfatizando as obras de infraestrutura que eram 
excessivamente dispendiosas para os capitais privados nas áreas de energia 
elétrica, transformação de metais, elementos químicos, rodovias e ferrovias, 
entre outras vias de transporte.
Importante!
Durante o Estado Novo, foram criadas várias estatais destinadas a apoiar o processo 
de substituição de importações:
• Siderurgia (Companhia Siderúrgica Nacional – Volta Redonda, no Rio de Janeiro, 
em 1940); mineração (Companhia Vale do Rio Doce – Minas Gerais, 1942); 
• Mecânica pesada (Fábrica Nacional de Motores – Rio de Janeiro; 1943); 
• Química (Fábrica Nacional de Álcalis – Cabo Frio, no Rio de Janeiro, 1943);
• Hidrelétrica (Companhia Hidrelétrica do Vale do Rio São Francisco – Pernambuco 
(sede), 1945). 
Você Sabia?
Depois de 1945, em razão da prioridade estabelecida de contribuir na recons-
trução europeia, os EUA secundarizaram a América Latina. O Brasil teve que 
buscar influxos de capitais privados para financiar o seu próprio desenvolvimento 
econômico e industrial.
Sem o apoio externo, o processo de industrialização nos primeiros anos 
após a Segunda Guerra foi um efeito indireto dos controles cambiais e de 
importação adotados como resposta aos déficits do balanço de pagamentos 
(GIAMBIAGI, 2011).
A industrialização foi favorecida pelas seguintes medidas: 
 · Foi mantida a taxa de câmbio sobrevalorizada;
 · Foram impostas progressivamente medidas discriminatórias à importação 
de bens de consumo não essenciais, semelhantes ao produto nacional;
 · O crédito real à indústria cresceu 38%, 19%, 28% e 5%, respectivamente, 
nos anos de 1947 a 1950.
Deste modo, a produção real da indústria de transformação aumentou em 
pouco mais de 42% (9% a.a.), entre 1946 e 1950, com destaque para os setores 
de Material Elétrico (28% a.a.), Material de Transporte (25% a.a.) e Metalurgia 
(22% a.a.) 
Ainda assim, esses três setores respondiam, conjuntamente, por menos de 10% 
do valor adicionado industrial no início da década de 1950.
A seguir, alguns fatores externos conjunturais iriam acelerar o processo de indus-
trialização do País.
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No plano doméstico, a volta de Vargas em 1951 favoreceu a industrialização. 
Seu projeto de governo que se desenvolveu em duas fases: 
 · Primeira fase: buscava-se a estabilização da economia, através do equi-
líbrio das finanças públicas a fim de permitir a adoção de uma política 
monetária restritiva, reduzindo-se a inflação;
 · Segunda fase: buscava-se realizar empreendimentos e obras públicas na 
área de infraestrutura.
Durante a primeira fase, as despesas do setor público em 1951 foram 
efetivamente reduzidas. Essa orientação fiscal foi mantida em 1952, quando o 
superávit no orçamento da União foi praticamente igual ao do ano anterior. A 
combinação de contenção de despesas da União (acompanhada pelos Estados e 
o Distrito Federal) e de um grande aumento da receita levou ao primeiro superávit 
global da União e estados desde 1926.
Durante a segunda fase, foram criadas duas empresas estatais, cuja importância 
só ficaria mais nítida alguns anos depois - o Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico (BNDE) e a Petróleo Brasileiro S.A. (Petrobras).
Importante!
Fonte: iStock/Getty Images
Durante o Estado Novo, foram criadas 
várias estatais destinadas a apoiar o 
processo de A criação do BNDE foi prece-
dida de um longo período de debates e 
estudos sobre a natureza dos problemas 
econômicos brasileiros, analisando-se 
as transformações estruturais por que 
deveria passar o sistema produtivo e o 
papel que deveria caber ao Estado e à 
iniciativa privada. 
Decidiu-se pela criaçãodo BNDE em 1952, pela Lei no 1.628, ao qual foram dadas as 
seguintes incumbências:
• Gerir o Fundo de Aparelhamento Econômico, instituído meses antes;
• Administrar e garantir os créditos em moeda estrangeira comprometidos com o 
Programa de Reaparelhamento Econômico; 
• Preparar, e, se necessário, analisar e financiar projetos específicos que integravam 
aquele programa. 
Porém, em fi ns de 1952, o BNDE passou a trabalhar com uma realidade caracterizada por 
montante sensivelmente menor de recursos em moeda estrangeira. A posteriori, o Banco 
desempenharia papel importante a partir do Programa de Metas, no governo Kubitschek.
Você Sabia?
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UNIDADE A Era Vargas (1930-1945) 
60 anos do BNDES, um banco de história e do futuro
https://youtu.be/Ub8BMYyZwfQEx
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A Petrobrás e a campanha do Petróleo é nosso
A história da Petrobras (empresa criada pela Lei n. 2.004, de 3 de outubro de 1953) 
remonta aos debates, ao final da Primeira República, em torno da nacionalização das 
jazidas de petróleo brasileiras. 
As dificuldades de abastecimento de petróleo e derivados reforçaram a ideia daqueles que 
identificavam o setor petrolífero como de caráter estratégico para a economia e soberania 
do País. Por esta razão, houve o envolvimento direto de setores das Forças Armadas no 
debate em torno da matéria, o que se refletiu na criação, ainda em 1938, do Conselho 
Nacional do Petróleo - CNP, tendo à frente um general, Horta Barbosa. 
A campanha “O petróleo é nosso” acirrou-se no imediato pós-guerra, engajando, além 
de políticos e militares, vários setores urbanos. Tal como o ocorrido em outros países da 
América Latina, a opção da sociedade brasileira foi excluir as companhias estrangeiras das 
etapas de exploração e refino do petróleo. Mas o consenso parava aí. Quando se tratava 
de decidir a quem caberiam essas tarefas, as posições políticas divergiam: 
• Alguns defendiam o controle estatal de todo o processo; 
• Outros propunham uma participação direta do capital privado nacional no setor.
• O debate atravessaria o governo Dutra, até que o desenho institucional da política 
para o setor foi completado, com as seguintes medidas:
• Foi criado o imposto único sobre derivados de petróleo, coordenado pelo CNP, cuja 
arrecadação forneceria recursos para a criação da Petrobras;
• Foi conferido à Petrobrás o monopólio da extração do petróleo, cabendo às companhias 
estrangeiras, nesse desenho, o mercado distribuidor de combustíveis 
(DIAS, José Luciano de Mattos; QUALINO, Maria Ana. A questão do petróleo no Brasil: 
uma história da PETROBRAS. Rio de Janeiro: CPDOC: PETROBRAS, 1993).
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As Políticas Econômicas Liberais 
Entre o fim do Estado Novo (1945) e a eleição de Juscelino Kubitschek à 
Presidência da República (1955), tentou-se seguir os princípios liberais de Bretton 
Woods que envolviam, prioritariamente, a eliminação das barreiras ao livre fluxo 
de bens e a multilateralização do comércio internacional. 
História - Bretton Woods
https://goo.gl/1aBb7dEx
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Ainda no período do Governo Dutra (1946-1951), foi realizado um diagnóstico 
que colocava a inflação como o principal problema a ser enfrentado, que chegara 
a 11% e 22% em 1945 e 1946.
Dutra estabeleceu políticas cambiais e de comércio exterior, considerando as 
necessidades de combate à inflação, buscando atingir os seguintes objetivos:
 · Atender à demanda contida de matérias-primas e de bens de capital para 
reequipamento da indústria, desgastada durante a guerra;
 · Forçar a baixa dos preços industriais, mediante o aumento da oferta de pro-
dutos estrangeiros, importados com uma cotação cambial sobrevalorizada;
 · Estimular o ingresso de capitais, com a liberalização de sua saída.
Mas a expansão real do crédito do Banco do Brasil, corroborada por política 
monetária “frouxa”, levou a inflação anual a níveis de dois dígitos: 12,3% e 12,4%.
O fracasso na política econômica liberal, contracionista, nos últimos dois anos 
do governo Dutra se deve a diversos fatores:
 · A proximidade das eleições presidenciais que provocava um forte apelo 
para o aumento dos gastos da União e dos estados;
 · O aumento dos investimentos no setor industrial de bens de consumo 
duráveis devido à combinação de câmbio sobrevalorizado com controle 
de importações.
Deste modo, as sucessivas crises de balanço de pagamentos por que passaria 
o Brasil nos primeiros anos do Pós-Guerra terminaram por colocar em xeque o 
modelo liberal e deram lugar a um modelo de desenvolvimento industrial com 
crescente participação do Estado. 
Importante!
A Era Vargas se caracterizou por um intenso processo de intervenção econômica do Estado 
na economia e pela substituição gradual de importações.
Os dez anos que se seguiram ao fi m da Segunda Guerra foram de forte expansão do PIB, 
mas também de fortes pressões infl acionárias. 
A taxa de investimento média da economia também se elevou, refl etindo o avanço do pro-
cesso de industrialização e a expansão dos investimentos públicos no setor de infraestrutura. 
No interior da indústria de transformação foi nítida a mudança, evidenciando um estágio 
avançado do processo de substituição de importações no País. Por exemplo, ocorreu a 
queda média de 42% no valor das importações industriais entre 1952 e 1956, ao mesmo 
tempo em que a produção doméstica cresceu 40%. Como resultado, a participação dos 
importados na oferta doméstica, após atingir 16% em 1952, caiu para pouco mais de 7% 
em 1956. 
Conclui-se que o principal legado do período 1945-55 foi a política industrial baseada na 
substituição de importações, a persistência de um modelo de desenvolvimento econômico 
nacionalista, de cunho pragmático e a impopularidade do ideário econômico liberal
Em Síntese
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UNIDADE A Era Vargas (1930-1945) 
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
A Ordem do Progresso
ABREU, M. P. A Ordem do Progresso: Cem Anos de Política Econômica Republicana, 
1889-1989. Rio de Janeiro: Campus, 2004.
Classe operária, sindicatos e partido no Brasil
ANTUNES, R. Classe operária, sindicatos e partido no Brasil: (um estudo sobre 
a consciência de classe: da Revolução de 30 até a Aliança Nacional Libertadora). 
São Paulo: Cortez, 1982. 
O sindicalismo de Estado no Brasil
BOITO JÚNIOR, A. O sindicalismo de Estado no Brasil. São Paulo: 
UNICAMP, 1991.
Sindicalismo de Estado
CAMPINHO, Fábio. Sindicalismo de Estado: controle e repressão na Era Vargas 
(1930-1935). Revista Eletrônica do CEJUR, v. 1, n. 1, ago./dez. 2006.
A Era Vargas
FILHO, Hermógenes Saviani. A Era Vargas: desenvolvimentismo, economia e 
sociedade. Economia e Sociedade, Campinas, v. 22, n. 3 (49), p. 855-860, dez. 2013.
Síntese da economia brasileira
FURTADO, Milton Braga. Síntese da economia brasileira. 7. ed. Rio de Janeiro: 
Livros Técnicos e Científicos, 2012.
Economia brasileira contemporânea
GIAMBIAGI, Fabio; CASTRO, Lavinia Barros De; HERMANN, Jennifer. Economia 
brasileira contemporânea: 1945-2010. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011.
A invenção do Trabalhismo
GOMES, Angela de Castro. A invenção do Trabalhismo. Rio de Janeiro: 
IUPERJ, 2010.
O Brasil sob nova ordem
MARQUES, Rosa Maria; FERREIRA, Mariana Ribeiro Jansen. O Brasil sob nova 
ordem:  a economia brasileira contemporânea: uma análise dos governos Collor a 
Lula. São Paulo: Saraiva, 2010.
Economia brasileira contemporânea
SOUZA, Nilson Araújo de.  Economia brasileira contemporânea:  de Getúlio a 
Lula. 2. ed., ampl. São Paulo: Atlas, 2008.
 Leitura
Decreto nº 23.103
BRASIL. Decreto nº 23.103, de 19 de agosto de 1933.
Governo de Getúlio Vargas
BRAZ, Kelly Ariane Buás. Governo de Getúlio Vargas: a economia e a política. 
https://goo.gl/0iubsX
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Referências
BASTOS, Pedro Paulo Z. O Presidente Desiludido: a campanha liberal e o pêndulo 
da política econômica no governo Dutra (1942-1948)”. História Econômica e 
História de Empresas, vol. VII, n. 1, pp. 99-135, jan./jun. 2004.
BIELSCHOWSKY, Ricardo. Pensamento EconômicoBrasileiro: o ciclo ideológico 
do desenvolvimentismo. Rio de Janeiro: Ipea/Inpes, 1988. Série PNPE, n. 19.
BRESSER-PEREIRA, Luiz Carlos. Desenvolvimento e Crise no Brasil: história, 
economia e política de Getúlio Vargas a Lula. 5ª ed. São Paulo: Editora 34, 2003.
__________. Financiamento para o subdesenvolvimento: o Brasil e o Segundo 
Consenso de Washington”. In: BNDES, Desenvolvimento em Debate, vol. 2 (livro 
comemorativo do Seminário “50 anos do BNDES”), 2002.
FAUSTO, Boris. História do Brasil. 8ª ed. São Paulo: Edusp, 2000.
GIAMBIAGI, F.  Economia brasileira contemporânea. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Campus, 2011.
GREMAUD, A. P.; TONETO JUNIOR, R.; VASCONCELLOS, M. A. S. Economia 
Brasileira Contemporânea. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012.
LACERDA, A. C. et al. Economia Brasileira. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2005.
LEOPOLDI, Maria Antonieta P. A Economia Política do Primeiro Governo 
Vargas (1930-1945): a política econômica em tempos de turbulência. In: Jorge 
Ferreira; Lucilia A. Neves Delgado (orgs.). O Tempo do Nacional-Estatismo: do 
início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo. Rio de Janeiro: Civilização 
Brasileira, 2003. (Coleção O Brasil Republicano, vol. 2).
__________. Crescendo em Meio à Incerteza: a política econômica do Governo 
JK (1956-60). In: Angela Castro Gomes (org.). O Brasil de JK. 2ª ed. Rio de 
Janeiro: Editora FGV, 2002.
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