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As cinco de bolhas da economia Fernando Pires dos Santos Isabelle Sousa de Moura Julio Cesar dos Santos Magalhães Rio de Janeiro 2021 Introdução Uma bolha financeira é uma anomalia no mercado. Ela começa com uma expectativa distorcida de retornos futuros. Então, pela lei da oferta e da demanda, estes ativos começam a se valorizar descomunalmente, ficando muito acima de seu valor real ou histórico. Posteriormente, essa alta sem fundamentos leva a uma correção, que se traduz em uma queda de preço igualmente intensa e rápida. A queda, por sua vez, tem grande impacto sobre a economia. Uma bolha genérica pode ser divida em 4 fases: discrição, consciência, modismo e decepção. Fonte: Investificar Na fase da discrição, apenas algumas pessoas que possuem conhecimento sobre o potencial do ativo estão comprando. O preço começa a subir e atrair atenção. Na fase da consciência, a valorização do ativo começa a aparecer mais. O ativo começa a subir de forma acelerada e os primeiros investidores começam a ter lucro. Na fase do modismo, o ativo começa a ganhar atenção da mídia geral, isso atrai milhões de pessoas que não possuem conhecimento. A fase da Decepção começa quando os investidores profissionais começam a vender grandes quantidades, realizando seu lucro. As primeiras vendas provocam pânico e promovem um efeito manada que provoca uma grande queda de preço. Do século XVII até o século atual, houve 5 grandes bolhas de crédito: a Tulipomania, Bolha dos Mares do Sul, crise de 1929, bolha da internet e a crise Subprime. Como é bastante difícil observar valores reais no mercado, muitas vezes, só podem ser identificadas após uma queda brusca nos preços de determinado ativo, conhecida como estouro da bolha. As bolhas de preços dos ativos nos principais países industriais são pouco frequentes. Uma bolha em três, quatro ou mais países ao mesmo tempo é um acontecimento extraordinário. A maioria das bolhas de crédito leva a outras nos preços dos ativos, todas as bolhas imobiliárias, por exemplo, foram resultado do rápido aumento da oferta de crédito. Primeira Bolha A primeira grande bolha foi conhecida como “tulipomania”. No século XVII, houve uma euforia coletiva por tulipas exóticas na Holanda. A flor, que inicialmente era utilizada para fins medicinais, conquistou o povo holandês por conta da sua cor e raridade e passou a fazer parte dos jardins da nobreza. Perceberam o quanto poderiam lucrar com essa mania e passaram a comprar suas raízes para revender as flores a preços ainda mais caros. O preço alcançou níveis tão exorbitantes que algumas pessoas chegaram a vender suas casas para comprar a planta. Compravam uma tulipa antes do almoço e, à tarde, com o título em mãos, revendiam mais caro e pagavam o banco (com juros). À noite, jantavam o lucro do dia. O fato é que todos faziam o possível e o impossível para comprar bulbos de tulipa. A demanda era tão intensa que provocou o surgimento do primeiro mercado futuro, porém isso tudo chegou ao fim quando as pessoas não quiseram mais comprar flores, pois em fevereiro de 1637, os comerciantes de tulipas não conseguiam mais inflacionar os preços de seus bulbos e então começaram a vendê-los. A bolsa de valores estourou. Começou-se a suspeitar que a demanda por tulipas não duraria e isso propagou o pânico que tomou conta dos proprietários de tulipas e, assim, a economia holandesa quebrou. Assim, originou-se a primeira bolha, que nada mais é que especular e elevar em pouco tempo os preços de um ativo às alturas e, a partir daí, criar um mercado de compra e venda com preços fora do comum. O problema está quando o mercado não encontra mais pessoas dispostas a pagar mais e mais por aquilo. Segunda Bolha A empresa britânica Companhia dos Mares do Sul, que veio a dar o nome à segunda grande bolha, foi fundada no ano de 1711 com o propósito de estabelecer relações comerciais com a América do Sul. As promessas de minas de ouro inesgotáveis garantiram as vendas dos papéis da empresa com juros garantidos de 6%. Com essa promessa, o crescimento rápido do valor das ações gerou uma agitação em todo o país, porém os ganhos reais não eram demonstrados. Quando os recursos dos pequenos investidores começaram a esgotar, a situação ficou complicada, pois eles começaram a comprar títulos da empresa com dinheiro emprestado da própria Companhia dos Mares do Sul. No momento das quitações das dívidas os compradores perceberam que não tinham o valor suficiente e venderam as ações da companhia, com isso os preços despecaram e, assim, vários bancos ficaram falidos e a economia desmoronou. Um caso curioso é que até mesmo Isaac Newton esteve envolvido. Ele ganhou muito dinheiro no início da bolha dos Mares do Sul. Em seguida, ele decidiu comprar novamente quando viu seus amigos enriquecendo com as ações. Ele perdeu boa parte da sua fortuna quando o preço despencou. Terceira Bolha A Crise de 1929, também conhecida como Grande Depressão, que pôs termo ao longo período de desenvolvimento econômico que se iniciou em meados do século XIX e alçou os EUA à posição de protagonista industrial do mundo. Na ocasião, partindo de um contexto de ampla prosperidade, a economia americana sofreu o mais forte choque de sua história, um acontecimento de proporções épicas e efeitos duradouros. As principais causas da Crise de 1929 estão ligadas à falta de regulamentação da economia e à oferta de créditos baratos. Igualmente, a produção industrial seguia um ritmo acelerado, mas a capacidade de consumo da população não absorvia esse crescimento, já que não foi acompanhado de aumentos salarias, pois os salários permaneceram estagnados. Assim, o mercado não teve condições de absorver a quantidade de mercadorias que eram produzidas, gerando grandes estoques de produtos. Junto com o crescimento econômico, o mercado de ações havia se popularizado nos Estados Unidos ao longo dos anos 1920. Com a crise que atingia o país, milhares de pessoas, não apenas grandes empresários e investidores, passaram a ficar receosas em relação a seus investimentos na bolsa. O clima de pessimismo se espalhou e provocou a venda em massa de ações na Bolsa de Nova York, no dia 24 de outubro de 1929, conhecida como quinta-feira negra. Com a quebra da bolsa, muitas empresas entraram em falência, e a crise econômica, iniciada como uma crise de superprodução, se transformou na Grande Depressão. Esse período durou aproximadamente até 1933. O Brasil também sentiu os impactos da Crise de 1929. A área que sofreu mais com a recessão econômica foi a de produção do café, onde o principal consumidor da nossa mercadoria eram os Estados Unidos, que compravam cerca de 80% do nosso café. Quarta Bolha A bolha da internet foi um movimento nas ações de empresas baseadas em negócios na internet. Essa especulação econômica cresceu ao longo da década de 1990 e culminou com o estouro da bolha em março de 2000. Com isso começaram a surgir diversas empresas na área, muitas delas movidas a ganhar dinheiro rápido e fácil. Inclusive muitas que abriram capital, nem ao menos geravam lucros. A empolgação também tomou conta dos investidores, e os investimentos típicos da fase de empolgação, motivados mais por otimismo do que por evidências quantitativas, se multiplicaram. Algumas empresas tinham as suas ações valorizadas em 600%. Um exemplo foi a Nasdaq, atingiu o maior patamar histórico na época por subir mais de 5 vezes em um intervalo de 5 anos. Alguns fatores contribuíram para a quebra generalizada das empresas: Bug do milênio Aumento na taxa de juros americana Excesso de entusiasmo com o setor Corrupção corporativa Em 2001, a bolha murchou rapidamente. A maioria das "ponto com" cessou sua atividade apósqueimar seu capital de risco. Empresas como Yahoo, Amazon, Ebay e Paypal foram exemplos de empresas que sobreviveram. Quinta Bolha A Crise do subprime foi uma crise financeira desencadeada em 24 de julho de 2007, a partir da queda do índice Dow Jones motivada pela concessão de empréstimos hipotecários de alto risco. Em setembro de 2008 foi considerado o marco da crise, conhecido como segunda-feira negra, quando um dos maiores bancos dos EUA declarou falência. Alguns fatores contribuíram para a crise do subprime: Concessão de empréstimos hipotecários de alto risco; Transferência de créditos desenfreada em série; Manutenção de juros reduzidos pelo FED (Banco Central dos EUA); Recém-saída da crise da bolha da internet . O Brasil não ficou imune aos reflexos da crise. O primeiro impacto foi a restrição de crédito internacional, gerando decréscimo das exportações brasileiras e diminuição de crédito na economia doméstica. As empresas diminuíram seus investimentos produtivos, afetando a venda e produção principalmente dos setores agrícola, automobilístico, de construção civil, de móveis e eletrodomésticos. Porém, com o aumento do PIB nessa epóca a crise foi amenizada no Brasil. Referências Kindleberger, Charles ; Robert Aliber. Manias, pânicos e crises. 1 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. Véronique Dumas. As rosas não falam (mas contam a história). Arquivado do original em 14 de abril de 2015 Nars, K.; Loman, P. Golpes bilionários: Como os maiores golpistas da história enganaram tanta gente por tanto tempo. 2º ed. Gutenberg Editora. BASSOTO, L. Bolha financeira: o que é, como ocorre e como identificar. Disponível em: < https://www.investificar.com.br/bolha-financeira/ >. ROSSINI, Gabriel Almeida Antunes. Crise de 1929. FERRAZ, F. C. Crise financeira global: impactos na economia brasileira, política, econômica e resultados. 2013. Dissertação (de Mestrado em Economia) – Curso de ação em Economia (PPGE), Universidade Federal do Rio de Janeiro. https://web.archive.org/web/20150414003333/http:/www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/as_rosas_nao_falam__mas_contam_a_historia__6.html http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/as_rosas_nao_falam__mas_contam_a_historia__6.html https://www.amazon.com/s/ref=dp_byline_sr_ebooks_1?ie=UTF8&field-author=Kari+Nars&text=Kari+Nars&sort=relevancerank&search-alias=digital-text https://www.amazon.com/s/ref=dp_byline_sr_ebooks_2?ie=UTF8&field-author=Pasi+Loman&text=Pasi+Loman&sort=relevancerank&search-alias=digital-text
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