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TCC DIREITO - USUCAPIAO EXTRAJUDICIAL

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1 
 
USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL: notas acerca do Provimento 65/2017 
do Conselho Nacional de Justiça 
 
Joyce Janaina Almeida Silva1 
Orientadora: Cristina Dias de Souza Figueira2 
 
RESUMO 
 
Esse estudo teve como fulcro geral analisar o procedimento extrajudicial de 
usucapião com a edição do Provimento 65/2017 do Conselho Nacional de Justiça 
(CNJ). A usucapião extrajudicial é o procedimento de reconhecimento da 
propriedade, disciplinado pela Lei n.º 13.105/2015, o Código de Processo Civil, com 
critérios estabelecidos pelo Provimento n.º 65/2017 do CNJ. A partir de pesquisa 
quali-quantitativa, realizada por meio de levantamentos de dados no Registro de 
Imóveis, de Títulos e Documentos, Civil das Pessoas Jurídicas, Civil das Pessoas 
Naturais e de Interdições e Tutelas de Senador Canedo-GO e de procedimento 
técnico bibliográfico, foi possível iniciar o trabalho discorrendo os aspectos gerais da 
usucapião no Brasil, seguido do procedimento extrajudicial à luz do Provimento n.º 
65/2017 do CNJ aplicado as serventias extrajudiciais, especificamente, as registrais. 
Por fim, analisa-se as controvérsias ainda persistentes ao procedimento, isto é, a 
possibilidade da autonomia para a concessão da gratuidade na esfera extrajudicial, 
a ausência de qualificação dos proprietários tabulares, antigos possuidores, e 
confrontantes para a notificação, bem como, para a emissão das certidões dos 
cartórios distribuidores, e a exigência da assinatura no memorial descritivo e na 
planta dos interessados identificados. Nesse sentido, conclui-se que, ainda existem 
questões a serem solucionadas mesmo diante do lançamento do referido provimento 
a fim de se obter uma prática célere e desburocratizada. 
Palavras-chave: usucapião; desjudicialização; propriedade; provimento. 
 
INTRODUÇÃO 
 
 Usucapião trata-se de um modo de aquisição da propriedade originária ou 
de qualquer outro direito real que se dá pela posse prolongada da coisa, de forma 
mansa, pacífica, contínua, ininterrupta e acrescida de requisitos legais, também 
designada de prescrição aquisitiva. 
 
1 Acadêmica do 9. Período do Curso de Direito do Centro Universo Goiânia, Campus Goiânia. 
2 Mestre em Linguística Aplicada (UnB). Especialista em Docência Universitária –UNIVERSO – 
Campus Goiânia. Docente e Assessora de Pesquisa e Extensão da Universidade Salgado de Oliveira 
– Campus Goiânia. 
 
 
2 
 
 Dentro deste contexto, se deu o reconhecimento da usucapião por via 
administrativa, criado pela Lei nº 11.977/2009 de 07 de julho de 2009, que dispõe 
sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida, posteriormente ampliado pelo Novo 
Código de Processo Civil, Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015, que em seu artigo 
1.071 acrescentou o artigo 216-A à Lei nº 6.015/1973 (Lei de Registros Públicos) e 
uniformizado em todo o território nacional pelo Conselho Nacional de Justiça, com a 
edição do Provimento nº 65 em 14 de Dezembro de 2017, o qual direciona os 
serviços notariais e registrais. 
 A perquirição primordial deste artigo se verte à identificação de fatores 
controversos do procedimento no tocante ao Provimento 65/2017 do CNJ, no 
aspecto prático no âmbito do serviço registral, suscitando especialmente a sua 
efetivação no Registro de Imóveis, de Títulos e Documentos, Civil das Pessoas 
Jurídicas, Civil das Pessoas Naturais e de Interdições e Tutelas de Senador 
Canedo-GO. 
 A preocupação é pertinente e tem fundamento, como se pode denotar da 
aferição do Provimento nº 65/20173, que versa a aplicabilidade do procedimento nas 
serventias extrajudiciais. Sob essa inspiração, fica latente o fim colimado nesta 
abordagem de pesquisa, voltada para a identificação das principais elementares 
justificadoras do desenvolvimento moroso do procedimento administrativo, 
principalmente quanto a ausência de qualificação dos proprietários tabulares, 
antigos possuidores, e confrontantes para a notificação e emissão das certidões dos 
cartórios distribuidores, a exigência da assinatura no memorial descritivo e planta 
dos interessados identificados, e ainda a concessão do benefício da assistência 
judiciária gratuita no âmbito das serventias extrajudiciais. 
 Para que isso seja tratado, porém, é necessário o desenvolvimento de 
alguns esclarecimentos pertinentes a conteúdos basilares para nosso intento, 
notadamente pertinentes aos termos ‘usucapião’ e a ‘desjudicialização’, como 
veremos adiante. 
 
1 ASPECTOS GERAIS DA USUCAPIÃO NO BRASIL 
 
3 BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Provimento n° 65 de 14 de dezembro 
2017. Estabelece diretrizes para o procedimento da usucapião extrajudicial nos serviços notariais e 
de registro de imóveis. 
 
 
3 
 
 
1.1 Conceito, natureza jurídica e pressupostos da usucapião 
 
 A palavra usucapião etimologicamente, “[...] provém de usus(posse) e 
capio, capere (tomar, adquirir), ou seja, adquirir pela posse” (COSTA, 1999, p. 321). 
Desta forma, o domínio perpétuo de determinado bem apresenta limitações, 
principalmente no que tange ao direito concedido ao proprietário. 
 A usucapião é prevista tanto para bens móveis quanto para bens 
imóveis, dado aos limites deste trabalho, a referência será apenas à usucapião 
imobiliária. 
 A doutrinadora Maria Helena Diniz conceitualiza a usucapião da seguinte 
forma: 
A usucapião é um direito novo, autônomo, independentemente de qualquer 
ato negocial provindo de um possível proprietário, tanto que o transmitente 
da coisa objeto da usucapião não é o antecessor, o primitivo proprietário, 
mas a autoridade judiciária que reconhece e declara por sentença a 
aquisição por usucapião. (DINIZ, 2010, p.156) 
 Por este instituto se permite que determinada situação de fato se torne 
uma situação jurídica, em outras palavras, transforma o possuidor em proprietário, 
restabelece a harmonia do registro com a realidade jurídica. De rigor, não há 
hierarquia entre a usucapião e os outros modos de aquisição de propriedade de 
imóveis previsto no ordenamento jurídico brasileiro. 
 Nesta linha Diniz (2014, p. 180), conceitua o fundamento da usucapião: 
O fundamento desse instituto é garantir a estabilidade e segurança da 
propriedade, fixando um prazo, além do qual não se podem mais levantar 
dúvidas ou contestações a respeito e sanar a ausência de título do 
possuidor, bem como os vícios intrínsecos do título que esse mesmo 
possuidor, porventura, tiver. 
 Quanto aos seus pressupostos se dividem em dois grupos: os 
indispensáveis, quais sejam: bem suscetível, o decurso do tempo e a posse, e 
aqueles exigidos na usucapião ordinária, o justo título e boa-fé. 
 A seu turno, posse é um dos instrumentos principais da usucapião, frisa 
Mário (2015, p. 34), que “posse é uma situação de fato em que uma pessoa, 
proprietária ou não, exerce sobre uma coisa atos e poderes ostensivos, 
conservando-a, defendendo-a e dando-lhe a destinação econômica social”. Cabe 
ressaltar que não é toda posse gera que a usucapião, para caracterizá-la é preciso 
 
 
4 
 
preencher aos requisitos legais, somente a posse ad usucapionem é capaz de gerar 
usucapião. 
 Como esclarece Gomes (2008) posse justa é aquela cuja aquisição que 
se deu conforme a legislação, isto é, não apresenta violência, clandestinidade ou 
precariedade, devendo a posse justa também ser pública e contínua. 
 O decurso do tempo é estipulado pela norma, conforme a sua espécie, 
entre: 05 (cinco), 10 (dez) e até 15 (quinze) anos. 
 O justo título é previsto no ordenamento civil no artigo 1242, e relaciona-
se ao instrumento idôneo que conduz o possuidor a iludir-se lhe conferindo a 
condição de proprietário, singelamente é o instrumento público ou particular capaz, 
em tese de transferir o domínio, que todavia contém algum vício ou imperfeição que 
o torna imprestável a transferir a propriedade. 
 A boa-fé, por sua vez, está elencada no artigo 1201 do Código Civil 
vigente, que a conceitua como um estado subjetivo de ignorância do possuidor 
quanto aovício ou obstáculo que lhe impede a aquisição da coisa, é a confiança 
plena do possuidor na existência do direito que lhe asseguraria exercer a posse tal 
como exerce. 
 Justo título e Boa fé, são requisitos que caminham juntos, o primeiro induz 
a presença do segundo, evidentemente, se houver conhecimento do defeito que o 
incapacita a transferir a propriedade por parte do possuidor. 
 
1.2 Espécies de usucapião 
 
 A análise deste trabalho delimitar-se-á as espécies da usucapião de bens 
imóveis previstas no ordenamento jurídico pátrio com maior aplicabilidade no 
município de Senador Canedo-GO, sendo: a usucapião extraordinária, a ordinária, a 
especial, dividindo-se este em urbano e rural, e o familiar, conforme levantamento 
feito. 
 
 
5 
 
 A usucapião extraordinária bem frequente na vida prática, apesar de sua 
denominação, está prevista no artigo 1.238 do Código Civil Brasileiro4 que dispõe o 
seguinte: 
“Aquele que, por quinze anos, sem interrupção, nem oposição, possuir 
como seu um imóvel, adquiri-lhe a propriedade, independente de título e 
boa-fé; podendo requerer ao juiz que assim o declare por sentença, a qual 
servirá de título para o registro no Cartório de Registro de Imóveis”. 
 De todas as formas de usucapião é a que prevê menor quantidade de 
requisitos, eis que exige posse justa, contínua e indiscutível, em contrapeso, a que 
demanda maior transcurso de tempo. Consoante ao parágrafo único do artigo 1238 
do Código Civil, existem duas situações em que podem ocorrer a redução do prazo 
de quinze para dez anos: “O prazo estabelecido neste artigo reduzir-se-á a dez anos 
se o possuidor houver estabelecido no imóvel a sua moradia habitual, ou nele 
realizado obras ou serviços de caráter produtivo”. Considerada a mais geral, dentre 
todas as usucapiões. 
 A usucapião ordinária está imposta no artigo 1.242 do Código Civil 
Brasileiro: “Adquire também a propriedade do imóvel aquele que, contínua e 
incontestadamente, com justo título e boa-fé, o possuir por dez anos”. Além da 
posse animus domini, requer o justo título e a boa-fé. 
 A modalidade prevista no artigo 191 do texto constitucional5, trata-se da 
Usucapião rural ou pro labore, que se assemelha a formulação do artigo 1.239 do 
Código Civil vigente, in verbis: 
Art. 191. Aquele que não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, 
possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra 
em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por 
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a 
propriedade. 
Parágrafo único. Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 
Art. 1.239. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, 
possua como sua, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra 
em zona rural não superior a cinquenta hectares, tornando-a produtiva por 
seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a 
propriedade. 
 
4 BRASIL, Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília: Senado 
Federal, 1988. In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 11 jan. 2002. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 14 de mar. 
2020 
5 BRASIL. Constituição Federal. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível 
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 15 de mar. 2020. 
 
 
6 
 
 Seus requisitos são inspirados na ideia de função social, e desde que 
atendidos os elementos acima descritos completa-se no prazo reduzido de cinco 
anos. 
 Tanto na usucapião ordinária quanto na extraordinária é possível que a 
posse do requerente seja somada aos antecessores, conforme previsão no art. 
1243, do Código Civil sendo ela seja mansa, pacífica e contínua. 
 A usucapião familiar, mais recentemente instituída, prevista na Lei nº 
12.424 de 16 de junho 20116, que acrescentou o artigo 1240-A ao Código Civil 
vigente: 
Art. 1240-A. Aquele que exercer, por 2 (dois) anos ininterruptamente e sem 
oposição, posse direta, com exclusividade, sobre imóvel urbano de até 
250m² (duzentos e cinquenta metros quadrados) cuja propriedade dívida 
com ex-cônjuge ou ex-companheiro que abandonou o lar, utilizando-o para 
sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio integral, desde que 
não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
 Consoante a isso os doutrinadores Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald 
(2015) destacam os três requisitos inerentes a usucapião familiar, quais sejam: a 
existência de púnico imóvel urbano comum; o abandono do lar por parte de um dos 
cônjuges ou companheiros e o transcurso do prazo de dois anos. Assim os 
requisitos, que por si só já são capazes de se desdobrarem em novas 
peculiaridades, precisam se presentar de forma simultânea para a usucapião familiar 
seja efetiva, ou seja, na falta de qualquer dos requisitos não haverá vez para o 
instituto. 
 Pode-se concluir que a mencionada usucapião possui uma complexa 
estrutura de pressupostos, sendo o mais exíguo das hipóteses legais, desde que 
preenchidos os requisitos. 
 A usucapião especial urbana, foi introduzida pelo Código Civil no art. 
1.240, in verbis: 
Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e 
cinquenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem 
 
6 BRASIL, Lei Nº 12.424, de 16 de junho de 2011. Altera a Lei nº 11.977, de 7 de julho de 
2009, que dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV e a regularização fundiária de 
assentamentos localizados em áreas urbanas, as Leis nºs 10.188, de 12 de fevereiro de 2001, 6.015, 
de 31 de dezembro de 1973, 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 4.591, de 16 de dezembro de 1964, 
8.212, de 24 de julho de 1991, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil; revoga dispositivos 
da Medida Provisória nº 2.197-43, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Brasília: 
Senado Federal, 2011. In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jun. 2011. 
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12424.htm>. Acesso 
em: 13 de mai. 2020. 
 
 
7 
 
oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o 
domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
 O dispositivo legal supramencionado, disciplina que aquele que não é 
proprietário de outro imóvel urbano ou rural e possuir posse, de forma ininterrupta 
sem oposição, por 05 (cinco) anos, em área urbana não superior a 250m² (duzentos 
e cinquenta metros quadrados) adquirirá o domínio, não se aplica à posse de terreno 
urbano sem construção, pois o requisito primordial é a utilização para moradia pelo 
usucapiente, além do justo título e da boa-fé. 
 O direito à usucapião especial urbana não será concedido mais de uma 
vez ao mesmo possuidor, nesta modalidade não é admitida a soma da posse dos 
antecessores, isto é, a posse deve ser exercida exclusivamente pelo atual possuidor 
ou por sua família. 
 
2 ANÁLISE DO PROVIMENTO 65/2017 DO CONSELHO 
NACIONAL DE JUSTIÇA 
 
2.1 O procedimento extrajudicial de Usucapião 
 
 O Provimento n.º 65, em 14 de dezembro de 2017, estabelece diretrizes 
para o procedimento da usucapião extrajudicial no âmbito das serventias 
extrajudiciais, uniformizando, portanto, o processo. 
 Trata-se de um grande avanço no caminho de garantir a celeridade 
estatal seguindo a linha da desjudicialização no intuito de diminuir a demanda do 
Poder Judiciário. 
 A redução de pletora judiciária tem íntima relação com o postulado 
constitucional de duração razoável do processo, viabilizando, assim, a realização 
mais breve dos direitos individuais por meio dessa utilização da extrajudicial. 
 Neste sentido, enfatiza Silva (2016, p. 837): 
Com vistas a melhorar o atendimento e desafogar o sistema judicial, o 
processo de desjudicializaçãovem ganhando espaço no Brasil. Alguns 
institutos foram ampliados, possibilitando às partes resolver a demanda de 
forma extrajudicial, ou seja, através de um processo administrativo 
utilizando para tanto os serviços das serventias extrajudiciais. Como 
exemplo, tem-se o divórcio, a separação, o inventário e partilha, e ainda, a 
regularização fundiária e a retificação de registro. 
 
 
8 
 
 À vista disso, trata-se de um processo administrativo, dirigido por uma 
autoridade administrativa, que autua, analisa e, ao final, defere ou indefere o pedido 
do requerente, vale ressaltar que as serventias extrajudiciais são fiscalizadas pelo 
Poder Judiciário. 
 O provimento é claro no tange a não admissão do reconhecimento 
extrajudicial de usucapião de bens públicos, em seu art. 2º, §4º, posto isto se aplica 
aos demais imóveis urbanos ou rurais. 
 O pedido será feito pela parte interessada perante o Cartório de Registro 
de Imóveis competente, seja ela pessoa física ou jurídica, podendo ser pleiteado por 
mais de um requerente, não há necessidade da intervenção do Ministério Público ou 
homologação judicial, e como possui um caráter opcional, os interessados podem 
postular qualquer espécie de usucapião. 
 A celeridade é uma das características preponderantes neste processo, 
sendo possível estimar que terá uma duração aproximada de 90 (noventa a 120 
(cento e vinte) dias, vez que se assemelha à retificação consensual prevista nos 
artigos 212 e 213 da Lei de Registros Públicos, já rotineira na prática cartorária. 
 Entretanto, não há estipulação de prazo específico para o tramite, o prazo 
se dá do ato da prenotação até o acolhimento ou rejeição da solicitação. 
 A esfera administrativa não anula a opção da via judicial, é apenas uma 
facilitação na obtenção de um título formal de propriedade postulado pelo 
interessado representado por um advogado, neste ponto vale ressaltar que a lei 
exige a representação do proponente por um advogado ou defensor público. 
 Nesta linha, assenta Paiva (2016, p. 08): 
A simplicidade do procedimento facilitará ao possuidor a aquisição da 
propriedade imobiliária fundada na posse prolongada porque, representado 
por advogado e mediante requerimento instruído com uma ata notarial, 
planta e memorial descritivo do imóvel, certidões negativas e outros 
documentos, o usucapiente poderá apresentar o pedido ao Registro de 
Imóveis em cuja circunscrição esteja localizado o imóvel usucapiendo, onde 
será protocolado, autuado e tomadas todas as providências necessárias ao 
reconhecimento da posse aquisitiva da propriedade imobiliária e seu 
registro em nome do possuidor. É um trabalho desenvolvido em conjunto 
entre o Tabelião e o Registrador Imobiliário. 
 A documentação do pedido de usucapião está especificada tanto nos 
incisos do artigo 216-A da Lei de Registros Públicos, quanto no provimento no art. 
4º, sendo eles: o requerimento inicial, o instrumento de mandado público ou 
particular com poderes especiais devidamente assinado e com reconhecimento de 
 
 
9 
 
firma, a ata notarial lavrada no Tabelionato de Notas, planta e memorial descritivo do 
imóvel, certidões negativas dos cartórios distribuidores, justo título ou quaisquer 
outros documentos que demonstrem a origem, a natureza, a continuidade e o tempo 
da posse, regrado pelo Provimento 65/2017 do CNJ. A seguir serão feitas breves 
considerações relativas as etapas do procedimento de usucapião extrajudicial. 
 A primeira etapa consiste na apresentação do requerimento inicial, que 
em linhas gerais tem forma de petição inicial, tal como concebida pelo art. 319 do 
Código de Processo Civil e dos demais documentos acima descritos, ante o Registro 
de Imóveis, que ao ingressar para registro, é imediatamente protocolizado, 
recebendo um número de ordem de protocolo no Livro 01, consoante ao art. 182 da 
LRP7, o qual estabelece prioridade de acesso ao registro em relação aos títulos 
contraditórios e na sequência é realizada a sua autuação. 
 Após a autuação do pedido, o Registrador passará à fase de qualificação, 
onde serão verificados, em suma, se todos os documentos necessários foram 
apresentados, se a ata e o requerimento atendem aos requisitos legais, se foram 
identificados, bem como, qualificados os proprietários, titulares de direitos reais, 
antigos possuidores em caso de soma de tempo de posse e os confrontantes, se as 
certidões de ações não provam a existência de ação contra o requerente ou seus 
antecessores, que tenha por objeto a posse do imóvel objeto da usucapião, se o 
memorial descritivo é compatível com a planta e vice-versa, e principalmente se as 
provas são idôneas e caracterizam a espécie invocada. 
 Ainda que não sejam considerados como justo título, podem ser 
acostados ao processo como indícios de existência da posse, bem como, o tempo, 
documentos como o carnê de IPTU, contas de água e luz, fotos, declaração de 
imposto de renda e multas de trânsito endereçadas ao bem usucapiendo, entre 
outros. 
 Caso haja alguma certidão positiva referindo-se às ações pessoais de 
cobrança relacionadas ao usucapiente, não haverá prejuízos a possibilidade de 
reconhecimento, longe disso até interessará a possíveis credores, em razão da 
efetivação de um possível deferimento, e ainda o reconhecimento da solicitação não 
 
7 BRASIL. Lei nº 6.015 de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros públicos, e dá 
outras providências. In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 31. dez. 1973. 
Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6015compilada.htm>. Acesso em: 15 de 
mar. 2020. 
 
 
10 
 
é impedido caso existam ônus reais ou gravames face a matrícula do imóvel 
usucapiendo. 
 É importante ressaltar a hipótese em que há alguma ação judicial com o 
mesmo objeto do pedido extrajudicial, e que já tenha coisa julgada, neste caso, não 
poderá ser discutida registralmente. Todavia, se não houver o trânsito em julgado, 
não poder-se-á falar em litispendência entre o procedimento judicial e o registral. 
Contudo, o Oficial após receber o pedido, deverá comunicar o Juiz sobre o pedido 
administrativo para que determine as providências cabíveis. 
 Em caso de ausência de documentação será emitida nota de exigência, 
remessada ao advogado ou defensor público por via eletrônica por e-mail ou 
aplicativo de mensagens. 
 É importante que o Advogado ou Defensor Público estejam 
constantemente em diálogo com o Registro de Imóveis, informando o andamento e 
as dificuldades encontradas, assim como é feito em Processos Judiciais, a fim de 
evitar a caracterização da desídia, evitando transtornos. 
 Com a análise da documentação concluída, o Registrador de Imóveis 
prosseguirá para a etapa de notificação de interessados certos, em outras palavras, 
os titulares de direito, podendo esta ser feita pessoalmente pelo próprio Registrador 
ou preposto, pessoalmente por intermédio do oficial de registro de títulos e 
documentos, por correios ou edital. 
 A notificação deve ser acompanhada pela cópia dos seguintes 
documentos: requerimento inicial, ata notarial, planta, memorial e matrícula do 
imóvel se houver, para que o notificado tenha total informação na tomada de decisão 
em silenciar, concordar ou impugnar o pedido. 
 Findado o prazo para manifestação dos notificados, e, sem impugnação, 
passar-se-á para a notificação dos entes públicos, consoante ao art. 15 do 
Provimento 65/2017 do CNJ, anexo A deste artigo. 
 Sem manifestação dos entes públicos, ou apresentadas suas anuências 
sem impugnação, após o decurso do prazo estabelecido o Oficial de Registro dará 
prosseguimento ao processo de registro. 
 Em caso de ressalva ou óbice dos interessados certos, considerando a 
existência de divergências ou incompreensão dos interesses envolvidos, o 
Registrador pode tentar promover a conciliação e a mediação, desta forma o 
 
 
11 
 
Provimento direciona de forma assertivao trabalho prático da Serventia e favorece a 
desjudicialização. 
 Persistindo a contestação devido à falta de acordo entre as partes, deverá 
o procedimento extrajudicial ser encerrado e enviado ao juízo competente para o rito 
judicial da usucapião, disciplina o Provimento ainda que será admitida a 
manifestação do Poder Público em qualquer fase do procedimento, não é restrito ao 
prazo de 15 dias, assim como, o seu silêncio não importa em concordância. 
 A última etapa antes da decisão, consiste no disposto do art. 16 do 
Provimento, que é a publicação do Edital para notificação de eventuais terceiros 
interessados a ser publicado por duas vezes, em jornal ou publicação eletrônica 
sendo que esta depende de regulamentação da corregedoria estadual. 
 Após o transcurso do prazo sem contestação das partes e de terceiros, o 
oficial do Registro de Imóveis elaborará nota fundamentada de acolhimento do 
pedido, e efetuará o registro em nome do possuidor requerente, nos moldes do 
artigo 22 do Provimento 65. 
 O encerramento do procedimento face ao Registro de Imóveis 
competente se dá com o registro em nome do requerente da usucapião na matrícula 
do imóvel. Neste ensejo, é possível que o registrador reconheça modalidade distinta 
daquela indicada no requerimento inicial, ele não está adstrito à qualificação jurídica 
dada ao fato pelo solicitante. 
 Todavia, o encerramento por se dar com a rejeição do pedido por meio de 
nota devolutiva fundamentada. Não havendo concordância por parte do requerente 
com o parecer, poderá este levá-lo a apreciação do Poder Judiciário, e não há de se 
falar em impedimento, assim como, a qualquer tempo do procedimento pode ser 
suscitada dúvida ao juízo competente. Tal indeferimento ainda pode ser impugnado 
pelo interessado dentro do prazo de quinze dias a contar da entrega na nota 
fundamentada, a fim de solicitar ao Oficial a reconsideração a solicitação, de forma 
claramente embasada. 
 Recomenda-se ao registrador imobiliário indicar ao requerente as 
alternativas para solução do impasse, vez que orientar faz parte do exercício de sua 
atividade. 
 
 
 
12 
 
3 PONTOS CONTROVERSOS DO USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL 
FACE AO PROVIMENTO N.º 65/2017 DO CONSELHO NACIONAL DE 
JUSTIÇA 
 
 Foram abordados ao longo deste trabalho os aspectos da usucapião no 
ordenamento jurídico, especificadas suas espécies e analisados os principais 
aspectos do Provimento 65/2017 do CNJ. 
 Contudo, apesar de ter sido recepcionado com entusiasmo no âmbito 
jurídico, o provimento evidenciado anteriormente possui alguns impasses em sua 
operacionalidade, que dificultam o seu desenvolvimento célere. 
 Em levantamento realizado no Registro de Imóveis de Senador Canedo-
GO, estão em tramitação atualmente cerca de 20 (vinte) processos de usucapião, 
cujo o prazo médio de conclusão é de 8 (oito) meses, estando na Serventia 
processos já a 13 (treze) meses, em razão de dificuldades encontradas pelas partes 
interessadas em cumprir todos os requisitos legais. 
 É evidente que se trata se um tema amplo e repleto de desdobramentos, 
que faz com que surjam inúmeros pontos controversos e suscitam uma pluralidade 
de interpretações, assim sendo, neste último capítulo, verificar-se-ão três aspectos 
controversos do procedimento extrajudicial à luz do provimento e proceder-se-á a 
análise acerca de sua efetividade na Serventia estudada. 
 
3.1 Ausência de qualificação das partes 
 
 De acordo com o Princípio da Especialidade Subjetiva é essencial a 
qualificação das partes nos títulos que ingressem para registro em cartório, se 
aplicando, portanto, a usucapião. 
 Além da qualificação completa do requerente, a necessidade de 
qualificação das partes estender-se-á aos possuidores anteriores cujo tempo de 
posse foi usado para somar ao do requerente, conforme o inciso III, art. 3º do 
Provimento 65/2017 do CNJ. 
 Um dos pontos de maior dificuldade levantados pela Serventia analisada 
é a ausência de qualificação dos proprietários tabulares, antigos possuidores, e 
 
 
13 
 
confrontantes para a notificação e emissão das certidões dos cartórios 
distribuidores. 
 Ocorre que em geral, os documentos comprobatórios de posse 
apresentados no processo são demasiadamente antigos, e não possuem 
qualificação completa, como por exemplo, o nome completo e o número do cadastro 
de pessoa física (CPF) que são requisitos essenciais para os cartórios distribuidores 
realizarem a emissão das certidões da Justiça Federal e Estadual, em atendimento 
ao Art. 4º, IV, do Provimento. 
 A ausência de endereço dos proprietários tabulares nas certidões de 
matrícula, ou confinantes também é outro fator que torna moroso o procedimento, 
pois impossibilita o cumprimento das notificações para a ciência deles quanto a 
demanda. 
 Tais fatores, fazem com que as partes por meio de seus advogados, 
tenham que iniciar uma averiguação a fim de localizar o paradeiro desses possíveis 
interessados aumentando o prazo de tramitação, nem sempre se obtêm êxito nessa 
busca, gerando a desídia ou indeferimento do processo. 
 
3.2 Assinatura no memorial descritivo e planta dos interessados 
identificados 
 
 O provimento 65/2017 CNJ estabelece que a planta e o memorial 
descritivo estejam assinados pelos titulares de direitos reais e de outros direitos 
registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos 
imóveis confinantes, na hipótese de não constar todas as assinaturas, o registrador 
deve notificá-los para manifestar seu consentimento expresso, pessoalmente ou 
pelo correio com aviso de recebimento. 
 É louvável a intenção do provimento em resguardar os interesses de 
possíveis proprietários e confrontantes, mas criou entraves, visto que a necessidade 
da assinatura tanto na planta quanto no memorial descritivo dos interessados 
identificados, é burocrática, considerando que o conteúdo de ambos é idêntico, 
estando apenas descritos em formas diferentes. 
 Entendimento defendido pela doutrina, consoante Mello: 
Errou o legislador na concordância nominal, atrelando a assinatura dos 
interessados ao masculino “memorial”. Memorial, é, muitas vezes, de difícil 
 
 
14 
 
intelecção, sem a planta. [...] Claro está, porém, que se houver assinatura 
no memorial e não na planta, é por demasiado o formalismo desnecessário 
exigir que planta seja também assinada, se houver coincidência nas 
descrições. 
 Isto posto, entende-se que a anuência se dá desde que apresentada a 
assinatura com reconhecimento de firma (por semelhança ou autenticidade) em 
quaisquer dos documentos, tanto na planta quanto no memorial descritivo, ou, em 
documento independente, como por exemplo, uma declaração de anuência de 
confrontantes. 
 
3.3 Concessão da gratuidade na esfera dos Cartórios extrajudiciais 
 
 A isenção no pagamento de emolumentos cobrados pelas serventias 
extrajudiciais surgiu no ordenamento jurídico através da Lei n.º 11.441/07, a qual 
possibilitou a realização de serviços como: inventários, partilhas, divórcios 
consensuais pela via administrativa, de forma gratuita àqueles que apresentassem 
uma declaração de hipossuficiência. 
 Ocorre que, com o advento do Código de Processo Civil de 2015 houve a 
revogação de tal gratuidade, conforme está previsto no art. 98, § 1º, inciso IX, in 
verbis: 
Art. 98. A pessoa natural ou jurídica, brasileira ou estrangeira, com 
insuficiência de recursos para pagar as custas, as despesas processuais e 
os honorários advocatícios têm direito à gratuidade da justiça, na forma da 
lei. 
§ 1º A gratuidade da justiça compreende: 
[...]. 
IX - Os emolumentos devidos a notários ou registradores em decorrência da 
prática de registro, averbação ou qualquer outro ato notarial necessário à 
efetivação de decisão judicial ou à continuidade de processo judicial no qual 
o benefício tenha sido concedido. 
 A interpretação contida no artigo 98, § 1º, não deixa a menor dúvida queo 
procedimento de usucapião não será gratuito no âmbito extrajudicial, se não 
concedida a gratuidade por meio de decisão judicial. 
 O que faz com que a revogação seja questionável, pois ainda que o 
procedimento tramite fora do âmbito jurisdicional, a sua natureza jurídica está 
preservada, e não reduz os direitos e deveres. 
 Assim sendo, com a obrigatoriedade da busca da concessão no poder 
judiciário, seria dispensável o requerimento da usucapião extrajudicial, já que 
 
 
15 
 
poderia ser feito um único processo judicial para os dois pedidos (gratuidade e 
usucapião), em relação a isso o Provimento ainda é deficiente. 
 
CONCLUSÃO 
 
 O presente artigo científico foi elaborado com a finalidade de identificar os 
pontos deficientes no procedimento extrajudicial de usucapião à luz das diretrizes 
impostas no Provimento n.º 65/2017 do Conselho Nacional de Justiça, que 
impossibilitam seu andamento célere e desburocratizado para o reconhecimento de 
propriedade. 
 Isto posto, foram apresentados inicialmente os aspectos da usucapião no 
Brasil, elencando as principais espécies previstas no ordenamento jurídico, seguido 
da análise do referido provimento, e da identificação dos fatores que contribuem 
para a morosidade em sua aplicabilidade no âmbito das serventias extrajudiciais, 
especificamente, as registrais. 
 Diante da análise da problemática proposta para o presente trabalho – 
ainda existem controvérsias no procedimento mesmo com o lançamento do 
Provimento n.º 65/2017 do Conselho Nacional de Justiça? – é possível concluir que 
a hipótese inquirida é legítima, tendo em vista que a concessão do benefício da 
gratuidade na esfera extrajudicial só é possível através do Poder judiciário, a 
isenção somente ocorrerá quando o ato notarial ou registral decorrer de uma 
decisão judicial ou em razão da continuidade de um processo judicial. 
 Ademais, a assinatura titulares de direitos reais e de outros direitos 
registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos 
imóveis confinantes, é obrigatória na planta e no memorial descritivo, o que é um 
tanto quanto burocrático e torna o processo ainda mais oneroso ao requerente. 
 Além disso, a ausência de qualificação dos proprietários tabulares ou 
confinantes para emissão de certidões e notificações, torna o procedimento moroso, 
em razão da necessidade de se realizar um levantamento para a identificação das 
partes, o que em muitos casos não é possível por falta de ferramentas buscas, 
tornando o procedimento infrutífero. 
 Na prática do procedimento nas serventias extrajudiciais, surgiram 
problemas de cunho interpretativo, gerados pelo art. 216-A da Lei de Registros 
 
 
16 
 
Públicos, que por vezes apresenta-se omisso, taxativo e objetor mesmo com as 
diretrizes previstas no provimento. 
 A usucapião extrajudicial sem dúvidas é um instrumento fundamental para 
alcançar a justiça social e garantir direitos fundamentais, no contexto de 
desjudicialização este instituto cumpre bem esse papel. 
 Portanto, conclui-se que o procedimento de usucapião extrajudicial ainda 
precisa ajustes para ter eficácia plena, visto que os pontos levantados o paralisa e o 
atrasa. Em que pese, é indiscutível que o procedimento extrajudicial propicia uma 
celeridade maior que no âmbito jurisdicional, agrega valor ao trabalho das serventias 
extrajudiciais, garantindo autonomia as figuras fundamentais do Tabelião e do 
Registrador, e principalmente segurança jurídica aos interessados. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Código de Processo Civil. São Paulo: Malheiros Editores Ltda., 2013. 
 
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De Processo Civil. São Paulo: Saraiva, 2017. Disponível em: 
<http://anoreg.org.br/images/arquivos/parecerrr.pdf>. Acesso em: 11 mai. 2020. 
 
BRANDELLI, Leonardo. Usucapião Administrativa: De acordo com o novo código 
de processo civil. São Paulo: Saraiva, 2016. p. 39. 
 
BRASIL, Lei nº 12.424, de 16 de junho de 2011. Altera a Lei nº 11.977, de 7 de 
julho de 2009, que dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida - PMCMV e a 
regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas, as Leis nºs 
10.188, de 12 de fevereiro de 2001, 6.015, de 31 de dezembro de 1973, 6.766, de 
19 de dezembro de 1979, 4.591, de 16 de dezembro de 1964, 8.212, de 24 de julho 
de 1991, e 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil; revoga dispositivos da 
Medida Provisória nº 2.197-43, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. 
Brasília: Senado Federal, 2011. In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, 
Brasília, DF, 16 jun. 2011. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12424.htm>. Acesso 
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BRASIL, Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília: 
Senado Federal, 1988. In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 
DF, 11 jan. 2002. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 14 de mar. 
2020. 
 
 
 
17 
 
BRASIL. Constituição Federal. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em: 15 
de mar. 2020. 
 
BRASIL. Lei nº 11.977 de 07 de julho de 2009. Institui o Programa Minha Casa, 
Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em 
áreas urbanas. In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 07 
jul. 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2009/lei/l11977.htm. Acesso em: 15 de mar. 2020. 
 
BRASIL. Lei nº 6.015 de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros 
públicos, e dá outras providências. In: Diário Oficial da República Federativa do 
Brasil, Brasília, 31. dez. 1973. Disponível em: < 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6015compilada.htm>. Acesso em: 15 de 
mar. 2020. 
 
BRASIL. CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Provimento n° 65 de 14 de 
dezembro 2017. Estabelece diretrizes para o procedimento da usucapião 
extrajudicial nos serviços notariais e de registro de imóveis. Disponível em: < 
http://www.cnj.jus.br/files/atos_administrativos/provimento-n65- 14-12-2017-
corregedoria.pdf>. Acesso em: 18 mar. 2020. 
 
BRASIL. Lei nº 13.105 de 16 de março de 2015. Institui o Código de Processo Civil. 
In: Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, 17.
 mar. 2015. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm>. Acesso 
em: 19. mar. 2020. 
 
CAMARGO, Lauane B. A.V; e PEREIRA, Fábio Z. P. Da extensão da gratuidade 
da justiça sob a compreensão dos emolumentos notariais e de registro no 
novo CPC. Revista Forense. V. 430. Disponível em: < 
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CERUTT, Francine Rodrigues. O Procedimento Extrajudicial De Usucapião: 
Notas Acerca Do Provimento nº 65/2017 do Conselho Nacional De Justiça. 
Trabalho de Conclusão de Curso. Universidade do Vale do Taquari – Univates, 
2019. Disponível em: 
< https://www.univates.br/bdu/bitstream/10737/2582/1/2019DeboraCerutti.pdf>. 
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DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, volume 4: direito das coisas. 
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GOMES, Fernanda Maria Alves. Omissões e incoerências na regulamentação da 
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<https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI252520,81042- 
Omissoes+e+incoerencias+na+regulamentacao+da+usucapiao+extrajudicial>. 
Acesso em: 15 de mar. 2020. 
 
 
18 
 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, volume 5: direito das coisas. 
9. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. 
 
FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Direitos reais. 11. ed. São 
Paulo: Atlas, 2015. 
 
FENTZLAFF, Francine Rodrigues. Usucapião extrajudicial:Uma análise do 
procedimento a partir do Provimento n. 65/2017 do Conselho Nacional de Justiça e 
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56. Conclusão de Curso. Faculdade de Direito da Universidade Federal de Santa 
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MELLO, Henrique Ferraz Corrêa de. Usucapião Extrajudicial. 1 ed. São Paulo: YK 
Editora, 2016. p. 155 
 
NOBRE, Francisco José Barbosa. Manual da usucapião extrajudicial: de acordo 
com a Lei nº 13.465/2017, incluindo comentários ao Provimento nº 65/2017 do CNJ. 
1 ed. Itacaiúnas, 2018, p. 144. 
 
PAIVA, João Pedro Lamana. A usucapião extrajudicial e outros temas 
importantes no novo CPC. Assessoria de Comunicação do IRIB. 2016. Disponível 
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outrostemas-importantes-no-novo-cpc>. Acesso em: 10 mai. 2020. 
 
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: direitos reais. vol. 4. 
22 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2015, p. 34. 
 
RIBEIRO, Bruno G. S.; SOUSA, Joanã T. de S.; DIAS, Rodrigo D.; DIAS, Sérgio V.C. 
Artigo – A efetividade da usucapião extrajudicial diante a análise da lei Nº 
13.465/2017. Disponível em: <https://www.anoreg.org.br/site/2019/06/26/artigo-a-
efetividade-da-usucapiao-extrajudicial-diante-a-analise-da-lei-no-13-465-2017-por-
bruno-goncalves-souza-ribeiro-joana-teodoro-de-sousa-rodrigo-dantas-dias-sergio-
victor-costa-d/#>. Acesso em: 11 mai. 2020. 
 
DA SILVA, Marcelo Lessa. A usucapião extrajudicial: a contradição do silêncio 
como discordância. Revista de Cidadania e Acesso à Justiça, 2016. Disponível em: 
<https://www.indexlaw.org/index.php/acessoajustica/article/view/1498/pdf_1>. 
Acesso em: 11 mar. 2020. 
 
UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA, Sistema de Bibliotecas. UNISISB, Inez 
Barcellos de Andrade ... [et al] (Organizador). Manual para elaboração de 
trabalhos acadêmicos e científicos: guia para alunos, professores e 
pesquisadores da UNIVERSO. São Gonçalo, 2002. 85 p. 
 
 
 
 
19 
 
 
ANEXO A – PROVIMENTO Nº 65/2017 DO CNJ. 
 
 
 
Conselho Nacional de Justiça 
Corregedoria Nacional de Justiça 
 
 
PROVIMENTO nº 65, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2017. 
 
Estabelece diretrizes para o procedimento da usucapião extrajudicial nos serviços 
notariais e de registro de imóveis. 
 
 O CORREGEDOR NACIONAL DE JUSTIÇA, usando de 
suas atribuições legais e regimentais e 
 CONSIDERANDO o poder de fiscalização e de normatização do Poder 
Judiciário dos atos praticados por seus órgãos (art. 103-B, § 4º, I, II e III, da 
Constituição Federal); 
 CONSIDERANDO a competência do Poder Judiciário de fiscalizar os 
serviços notariais e de registro (arts. 103-B, § 4º, I e III, e 236, § 1º, da Constituição 
Federal); 
 CONSIDERANDO a obrigação de os notários e registradores cumprirem 
as normas técnicas estabelecidas pelo Poder Judiciário (arts. 30, XIV, e 38 da Lei n. 
8.935, de 18 de novembro de 1994); 
 CONSIDERANDO a competência da Corregedoria Nacional de Justiça de 
expedir provimentos e outros atos normativos destinados ao aperfeiçoamento das 
atividades dos serviços notariais e de registro (art. 8º, X, do Regimento Interno do 
Conselho Nacional de Justiça); 
 CONSIDERANDO a previsão de que, sem prejuízo da via jurisdicional, o 
pedido de reconhecimento extrajudicial da usucapião será processado diretamente 
 
 
20 
 
no ofício de registro de imóveis (art. 216-A da Lei n. 6.015, de 31 de dezembro de 
1973, Lei de Registros Públicos – LRP); 
 CONSIDERANDO a necessidade de regulamentação e padronização do 
procedimento para a admissão da usucapião extrajudicial até que as unidades da 
Federação adotem norma própria acerca dos emolumentos (Lei n. 10.169, de 29 de 
dezembro de 2000); 
 CONSIDERANDO a maior celeridade, redução de custos e de demandas 
no Poder Judiciário mediante a desjudicialização de procedimentos; 
 CONSIDERANDO a necessidade de uniformização, em todo o território 
nacional, dos procedimentos relativos à usucapião extrajudicial; 
 CONSIDERANDO as sugestões colhidas no âmbito da consulta pública 
realizada pela Corregedoria Nacional de Justiça e nos autos do Pedido de 
Providência n. 0007015-88.2016.2.00.0000, em trâmite no Conselho Nacional de 
Justiça, 
 
 RESOLVE: 
 
 Art. 1º Estabelecer diretrizes para o procedimento da usucapião 
extrajudicial no âmbito dos serviços notariais e de registro de imóveis, nos termos do 
art. 216-A da LRP. 
 Art. 2º Sem prejuízo da via jurisdicional, é admitido o pedido de 
reconhecimento extrajudicial da usucapião formulado pelo requerente – 
representado por advogado ou por defensor público, nos termos do disposto no art. 
216-A da LRP –, que será processado diretamente no ofício de registro de imóveis 
da circunscrição em que estiver localizado o imóvel usucapiendo ou a maior parte 
dele. 
 § 1º O procedimento de que trata o caput poderá abranger a propriedade 
e demais direitos reais passíveis da usucapião. 
 § 2º Será facultada aos interessados a opção pela via judicial ou pela 
extrajudicial; podendo ser solicitada, a qualquer momento, a suspensão do 
procedimento pelo prazo de trinta dias ou a desistência da via judicial para 
promoção da via extrajudicial. 
 
 
21 
 
 § 3º Homologada a desistência ou deferida a suspensão, poderão ser 
utilizadas as provas produzidas na via judicial. 
 § 4º Não se admitirá o reconhecimento extrajudicial da usucapião de bens 
públicos, nos termos da lei. 
 Art. 3º O requerimento de reconhecimento extrajudicial da usucapião 
atenderá, no que couber, aos requisitos da petição inicial, estabelecidos pelo art. 
319 do Código de Processo Civil – CPC, bem como indicará: 
 I – a modalidade de usucapião requerida e sua base legal ou 
constitucional; 
 II – a origem e as características da posse, a existência de edificação, de 
benfeitoria ou de qualquer acessão no imóvel usucapiendo, com a referência às 
respectivas datas de ocorrência; 
 III – o nome e estado civil de todos os possuidores anteriores cujo tempo 
de posse foi somado ao do requerente para completar o período aquisitivo; 
IV – o número da matrícula ou transcrição da área onde se encontra inserido 
o imóvel usucapiendo ou a informação de que não se encontra matriculado ou 
transcrito; 
 V – o valor atribuído ao imóvel usucapiendo. 
 Art. 4º O requerimento será assinado por advogado ou por defensor 
público constituído pelo requerente e instruído com os seguintes documentos: 
 I – ata notarial com a qualificação, endereço eletrônico, domicílio e 
residência do requerente e respectivo cônjuge ou companheiro, se houver, e do 
titular do imóvel lançado na matrícula objeto da usucapião que ateste: 
 a) a descrição do imóvel conforme consta na matrícula do registro em 
caso de bem individualizado ou a descrição da área em caso de não 
individualização, devendo ainda constar as características do imóvel, tais como a 
existência de edificação, de benfeitoria ou de qualquer acessão no imóvel 
usucapiendo; 
 b) o tempo e as características da posse do requerente e de seus 
antecessores; 
 c) a forma de aquisição da posse do imóvel usucapiendo pela parte 
requerente; 
 
 
22 
 
 d) a modalidade de usucapião pretendida e sua base legal ou 
constitucional; 
 e) o número de imóveis atingidos pela pretensão aquisitiva e a 
localização: se estão situados em uma ou em mais circunscrições; 
 f) o valor do imóvel; 
 g) outras informações que o tabelião de notas considere necessárias à 
instrução do procedimento, tais como depoimentos de testemunhas ou partes 
confrontantes; 
 II – planta e memorial descritivo assinados por profissional legalmente 
habilitado e com prova da Anotação da Responsabilidade Técnica – ART ou do 
Registro de Responsabilidade Técnica – RTT no respectivo conselho de 
fiscalização profissionale pelos titulares dos direitos registrados ou averbados na 
matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis confinantes ou pelos 
ocupantes a qualquer título; 
 III – justo título ou quaisquer outros documentos que demonstrem a 
origem, a continuidade, a cadeia possessória e o tempo de posse; 
 IV – certidões negativas dos distribuidores da Justiça Estadual e da 
Justiça Federal do local da situação do imóvel usucapiendo expedidas nos últimos 
trinta dias, demonstrando a inexistência de ações que caracterizem oposição à 
posse do imóvel, em nome das seguintes pessoas: 
 a) do requerente e respectivo cônjuge ou companheiro, se houver; 
 b) do proprietário do imóvel usucapiendo e respectivo cônjuge ou 
companheiro, se houver; 
 c) de todos os demais possuidores e respectivos cônjuges ou 
companheiros, se houver, em caso de sucessão de posse, que é somada à do 
requerente para completar o período aquisitivo da usucapião; 
 V – descrição georreferenciada nas hipóteses previstas na Lei n. 
10.267, de 28 de agosto de 2001, e nos decretos regulamentadores; 
 VI – instrumento de mandato, público ou particular, com poderes 
especiais e com firma reconhecida, por semelhança ou autenticidade, outorgado ao 
advogado pelo requerente e por seu cônjuge ou companheiro; 
 VII – declaração do requerente, do seu cônjuge ou companheiro 
que outorgue ao defensor público a capacidade postulatória da usucapião; 
 
 
23 
 
 VIII – certidão dos órgãos municipais e/ou federais que demonstre a 
natureza urbana ou rural do imóvel usucapiendo, nos termos da Instrução Normativa 
Incra n. 82/2015 e da Nota Técnica Incra/DF/DFC n. 2/2016, expedida até trinta dias 
antes do requerimento. 
 § 1º Os documentos a que se refere o caput deste artigo serão 
apresentados no original. 
 § 2º O requerimento será instruído com tantas cópias quantas forem os 
titulares de direitos reais ou de outros direitos registrados sobre o imóvel 
usucapiendo e os proprietários confinantes ou ocupantes cujas assinaturas não 
constem da planta nem do memorial descritivo referidos no inciso II deste artigo. 
 § 3º O documento oferecido em cópia poderá, no requerimento, ser 
declarado autêntico pelo advogado ou pelo defensor público, sob sua 
responsabilidade pessoal, sendo dispensada a apresentação de cópias 
autenticadas. 
 § 4º Será dispensado o consentimento do cônjuge do requerente se 
estiverem casados sob o regime de separação absoluta de bens. 
 § 5º Será dispensada a apresentação de planta e memorial descritivo se o 
imóvel usucapiendo for unidade autônoma de condomínio edilício ou loteamento 
regularmente instituído, bastando que o requerimento faça menção à descrição 
constante da respectiva matrícula. 
 § 6º Será exigido o reconhecimento de firma, por semelhança ou 
autenticidade, das assinaturas lançadas na planta e no memorial mencionados no 
inciso II do caput deste artigo. 
 § 7º O requerimento poderá ser instruído com mais de uma ata notarial, 
por ata notarial complementar ou por escrituras declaratórias lavradas pelo mesmo 
ou por diversos notários, ainda que de diferentes municípios, as quais descreverão 
os fatos conforme sucederem no tempo. 
 § 8º O valor do imóvel declarado pelo requerente será seu valor venal 
relativo ao último lançamento do imposto predial e territorial urbano ou do imposto 
territorial rural incidente ou, quando não estipulado, o valor de mercado aproximado. 
 § 9º Na hipótese de já existir procedimento de reconhecimento 
extrajudicial da usucapião acerca do mesmo imóvel, a prenotação do procedimento 
permanecerá sobrestada até o acolhimento ou rejeição do procedimento anterior. 
 
 
24 
 
 § 10. Existindo procedimento de reconhecimento extrajudicial da 
usucapião referente a parcela do imóvel usucapiendo, o procedimento prosseguirá 
em relação à parte incontroversa do imóvel, permanecendo sobrestada a prenotação 
quanto à parcela controversa. 
 § 11. Se o pedido da usucapião extrajudicial abranger mais de um imóvel, 
ainda que de titularidade diversa, o procedimento poderá ser realizado por meio de 
único requerimento e ata notarial, se contíguas as áreas. 
 Art. 5º A ata notarial mencionada no art. 4º deste provimento será lavrada 
pelo tabelião de notas do município em que estiver localizado o imóvel usucapiendo 
ou a maior parte dele, a quem caberá alertar o requerente e as testemunhas de que 
a prestação de declaração falsa no referido instrumento configurará crime de 
falsidade, sujeito às penas da lei. 
 § 1º O tabelião de notas poderá comparecer pessoalmente ao imóvel 
usucapiendo para realizar diligências necessárias à lavratura da ata notarial. 
 § 2º Podem constar da ata notarial imagens, documentos, sons gravados 
em arquivos eletrônicos, além do depoimento de testemunhas, não podendo basear-
se apenas em declarações do requerente. 
 § 3º Finalizada a lavratura da ata notarial, o tabelião deve cientificar o 
requerente e consignar no ato que a ata notarial não tem valor como confirmação ou 
estabelecimento de propriedade, servindo apenas para a instrução de requerimento 
extrajudicial de usucapião para processamento perante o registrador de imóveis. 
 Art. 6º Para o reconhecimento extrajudicial da usucapião de unidade 
autônoma integrante de condomínio edilício regularmente constituído e com 
construção averbada, bastará a anuência do síndico do condomínio. 
 Art. 7º Na hipótese de a unidade usucapienda localizar-se em condomínio 
edilício constituído de fato, ou seja, sem o respectivo registro do ato de incorporação 
ou sem a devida averbação de construção, será exigida a anuência de todos os 
titulares de direito constantes da matrícula. 
 Art. 8º O reconhecimento extrajudicial da usucapião pleiteado por mais de 
um requerente será admitido nos casos de exercício comum da posse. 
 Art. 9º O requerimento, juntamente com todos os documentos que o 
instruírem, será autuado pelo oficial do registro de imóveis competente, prorrogando- 
se os efeitos da prenotação até o acolhimento ou rejeição do pedido. 
 
 
25 
 
 § 1º Todas as notificações destinadas ao requerente serão efetivadas na 
pessoa do seu advogado ou do defensor público, por e-mail. 
 § 2º A desídia do requerente poderá acarretar o arquivamento do pedido 
com base no art. 205 da LRP, bem como o cancelamento da prenotação. 
 Art. 10. Se a planta mencionada no inciso II do caput do art. 4º deste 
provimento não estiver assinada pelos titulares dos direitos registrados ou 
averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou na matrícula dos imóveis 
confinantes ou ocupantes a qualquer título e não for apresentado documento 
autônomo de anuência expressa, eles serão notificados pelo oficial de registro de 
imóveis ou por intermédio do oficial de registro de títulos e documentos para que 
manifestem consentimento no prazo de quinze dias, considerando-se sua inércia 
como concordância. 
 § 1º A notificação poderá ser feita pessoalmente pelo oficial de registro de 
imóveis ou por escrevente habilitado se a parte notificanda comparecer em cartório. 
 § 2º Se o notificando residir em outra comarca ou circunscrição, a 
notificação deverá ser realizada pelo oficial de registro de títulos e documentos da 
outra comarca ou circunscrição, adiantando o requerente as despesas. 
 § 3º A notificação poderá ser realizada por carta com aviso de 
recebimento, devendo vir acompanhada de cópia do requerimento inicial e da ata 
notarial, bem como de cópia da planta e do memorial descritivo e dos demais 
documentos que a instruíram. 
 § 4º Se os notificandos forem casados ou conviverem em união estável, 
também serão notificados, em ato separado, os respectivos cônjuges ou 
companheiros. 
 § 5º Deverá constar expressamente na notificação a informação de que o 
transcurso do prazo previsto no caput sem manifestação do titular do direito sobre o 
imóvel consistirá em anuência ao pedido de reconhecimento extrajudicial da 
usucapiãodo bem imóvel. 
 § 6º Se a planta não estiver assinada por algum confrontante, este será 
notificado pelo oficial de registro de imóveis mediante carta com aviso de 
recebimento, para manifestar-se no prazo de quinze dias, aplicando-se ao que 
couber o disposto nos §§ 2º e seguintes do art. 213 e seguintes da LRP. 
 
 
26 
 
 § 7º O consentimento expresso poderá ser manifestado pelos 
confrontantes e titulares de direitos reais a qualquer momento, por documento 
particular com firma reconhecida ou por instrumento público, sendo prescindível a 
assistência de advogado ou defensor público. 
 § 8º A concordância poderá ser manifestada ao escrevente encarregado 
da intimação mediante assinatura de certidão específica de concordância lavrada no 
ato pelo preposto. 
 § 9º Tratando-se de pessoa jurídica, a notificação deverá ser entregue a 
pessoa com poderes de representação legal. 
 § 10. Se o imóvel usucapiendo for matriculado com descrição precisa e 
houver perfeita identidade entre a descrição tabular e a área objeto do requerimento 
da usucapião extrajudicial, fica dispensada a intimação dos confrontantes do imóvel, 
devendo o registro da aquisição originária ser realizado na matrícula existente. 
 Art. 11. Infrutíferas as notificações mencionadas neste provimento, 
estando o notificando em lugar incerto, não sabido ou inacessível, o oficial de 
registro de imóveis certificará o ocorrido e promoverá a notificação por edital 
publicado, por duas vezes, em jornal local de grande circulação, pelo prazo de 
quinze dias cada um, interpretando o silêncio do notificando como concordância. 
 Parágrafo único. A notificação por edital poderá ser publicada em meio 
eletrônico, desde que o procedimento esteja regulamentado pelo tribunal. 
 Art. 12. Na hipótese de algum titular de direitos reais e de outros direitos 
registrados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula do imóvel confinante 
ter falecido, poderão assinar a planta e memorial descritivo os herdeiros legais, 
desde que apresentem escritura pública declaratória de únicos herdeiros com 
nomeação do inventariante. 
 Art. 13. Considera-se outorgado o consentimento mencionado no 
caput do art. 10 deste provimento, dispensada a notificação, quando for apresentado 
pelo requerente justo título ou instrumento que demonstre a existência de relação 
jurídica com o titular registral, acompanhado de prova da quitação das obrigações e 
de certidão do distribuidor cível expedida até trinta dias antes do requerimento que 
demonstre a inexistência de ação judicial contra o requerente ou contra seus 
cessionários envolvendo o imóvel usucapiendo. 
 § 1º São exemplos de títulos ou instrumentos a que se refere o caput: 
 
 
27 
 
 I – compromisso ou recibo de compra e venda; 
 II – cessão de direitos e promessa de cessão; 
 III – pré-contrato; 
 IV – proposta de compra; 
 V – reserva de lote ou outro instrumento no qual conste a manifestação 
de vontade das partes, contendo a indicação da fração ideal, do lote ou unidade, o 
preço, o modo de pagamento e a promessa de contratar; 
 VI – procuração pública com poderes de alienação para si ou para 
outrem, especificando o imóvel; 
 VII – escritura de cessão de direitos hereditários, especificando o 
imóvel; 
 VIII – documentos judiciais de partilha, arrematação ou adjudicação. 
 § 2º Em qualquer dos casos, deverá ser justificado o óbice à correta 
escrituração das transações para evitar o uso da usucapião como meio de burla dos 
requisitos legais do sistema notarial e registral e da tributação dos impostos de 
transmissão incidentes sobre os negócios imobiliários, devendo registrador alertar o 
requerente e as testemunhas de que a prestação de declaração falsa na referida 
justificação configurará crime de falsidade, sujeito às penas da lei. 
 § 3º A prova de quitação será feita por meio de declaração escrita ou da 
apresentação da quitação da última parcela do preço avençado ou de recibo 
assinado pelo proprietário com firma reconhecida. 
 § 4º A análise dos documentos citados neste artigo e em seus parágrafos 
será realizada pelo oficial de registro de imóveis, que proferirá nota fundamentada, 
conforme seu livre convencimento, acerca da veracidade e idoneidade do conteúdo 
e da inexistência de lide relativa ao negócio objeto de regularização pela usucapião. 
 Art. 14. A existência de ônus real ou de gravame na matrícula do imóvel 
usucapiendo não impedirá o reconhecimento extrajudicial da usucapião. 
 Parágrafo único. A impugnação do titular do direito previsto no 
caput poderá ser objeto de conciliação ou mediação pelo registrador. Não sendo 
frutífera, a impugnação impedirá o reconhecimento da usucapião pela via 
extrajudicial. 
 Art. 15. Estando o requerimento regularmente instruído com todos os 
documentos exigidos, o oficial de registro de imóveis dará ciência à União, ao 
 
 
28 
 
Estado, ao Distrito Federal ou ao Município pessoalmente, por intermédio do oficial 
de registro de títulos e documentos ou pelo correio com aviso de recebimento, para 
manifestação sobre o pedido no prazo de quinze dias. 
 § 1º A inércia dos órgãos públicos diante da notificação de que trata este 
artigo não impedirá o regular andamento do procedimento nem o eventual 
reconhecimento extrajudicial da usucapião. 
 § 2º Será admitida a manifestação do Poder Público em qualquer fase do 
procedimento. 
 § 3º Apresentada qualquer ressalva, óbice ou oposição dos entes públicos 
mencionados, o procedimento extrajudicial deverá ser encerrado e enviado ao juízo 
competente para o rito judicial da usucapião. 
 Art. 16. Após a notificação prevista no caput do art. 15 deste provimento, 
o oficial de registro de imóveis expedirá edital, que será publicado pelo requerente e 
às expensas dele, na forma do art. 257, III, do CPC, para ciência de terceiros 
eventualmente interessados, que poderão manifestar-se nos quinze dias 
subsequentes ao da publicação. 
 § 1º O edital de que trata o caput conterá: 
 I – o nome e a qualificação completa do requerente; 
 II – a identificação do imóvel usucapiendo com o número da matrícula, 
quando houver, sua área superficial e eventuais acessões ou benfeitorias nele 
existentes; 
 III – os nomes dos titulares de direitos reais e de outros direitos 
registrados e averbados na matrícula do imóvel usucapiendo e na matrícula dos 
imóveis confinantes ou confrontantes de fato com expectativa de domínio; 
 IV – a modalidade de usucapião e o tempo de posse alegado pelo 
requerente; 
 V – a advertência de que a não apresentação de impugnação no prazo 
previsto neste artigo implicará anuência ao pedido de reconhecimento extrajudicial 
da usucapião. 
 § 2º Os terceiros eventualmente interessados poderão manifestar-se no 
prazo de quinze dias após o decurso do prazo do edital publicado. 
 § 3º Estando o imóvel usucapiendo localizado em duas ou mais 
circunscrições ou em circunscrição que abranja mais de um município, o edital de 
 
 
29 
 
que trata o caput deste artigo deverá ser publicado em jornal de todas as 
localidades. 
 § 4º O edital poderá ser publicado em meio eletrônico, desde que o 
procedimento esteja regulamentado pelo órgão jurisdicional local, dispensada a 
publicação em jornais de grande circulação. 
 Art. 17. Para a elucidação de quaisquer dúvidas, imprecisões ou 
incertezas, poderão ser solicitadas ou realizadas diligências pelo oficial de registro 
de imóveis ou por escrevente habilitado. 
 § 1º No caso de ausência ou insuficiência dos documentos de que trata o 
inciso IV do caput do art. 216-A da LRP, a posse e os demais dados necessários 
poderão ser comprovados em procedimento de justificação administrativa perante o 
oficial de registro do imóvel, que obedecerá, no que couber, ao disposto no § 5º do 
art. 381 e ao rito previsto nos arts. 382 e 383, todos do CPC. 
 § 2º Se, ao final das diligências, ainda persistirem dúvidas,imprecisões ou 
incertezas, bem como a ausência ou insuficiência de documentos, o oficial de 
registro de imóveis rejeitará o pedido mediante nota de devolução fundamentada. 
 § 3º A rejeição do pedido extrajudicial não impedirá o ajuizamento de 
ação de usucapião no foro competente. 
 § 4º Com a rejeição do pedido extrajudicial e a devolução de nota 
fundamentada, cessarão os efeitos da prenotação e da preferência dos direitos reais 
determinada pela prioridade, salvo suscitação de dúvida. 
 § 5º A rejeição do requerimento poderá ser impugnada pelo requerente no 
prazo de quinze dias, perante o oficial de registro de imóveis, que poderá reanalisar 
o pedido e reconsiderar a nota de rejeição no mesmo prazo ou suscitará dúvida 
registral nos moldes dos art. 198 e seguintes da LRP. 
 Art. 18. Em caso de impugnação do pedido de reconhecimento 
extrajudicial da usucapião apresentada por qualquer dos titulares de direitos reais e 
de outros direitos registrados ou averbados na matrícula do imóvel usucapiendo ou 
na matrícula dos imóveis confinantes, por ente público ou por terceiro interessado, o 
oficial de registro de imóveis tentará promover a conciliação ou a mediação entre as 
partes interessadas. 
 
 
30 
 
 § 1º Sendo infrutífera a conciliação ou a mediação mencionada no 
caput deste artigo, persistindo a impugnação, o oficial de registro de imóveis lavrará 
relatório circunstanciado de todo o processamento da usucapião. 
 § 2º O oficial de registro de imóveis entregará os autos do pedido da 
usucapião ao requerente, acompanhados do relatório circunstanciado, mediante 
recibo. 
 § 3º A parte requerente poderá emendar a petição inicial, adequando-a ao 
procedimento judicial e apresentá-la ao juízo competente da comarca de localização 
do imóvel usucapiendo. 
 Art. 19. O registro do reconhecimento extrajudicial da usucapião de imóvel 
rural somente será realizado após a apresentação: 
 I – do recibo de inscrição do imóvel rural no Cadastro Ambiental Rural –
CAR, de que trata o art. 29 da Lei n. 12.651, de 25 de maio de 2012, emitido por 
órgão ambiental competente, esteja ou não a reserva legal averbada na matrícula 
imobiliária, fazendo-se expressa referência, na matrícula, ao número de registro e à 
data de cadastro constantes daquele documento; 
 II – do Certificado de Cadastro de Imóvel Rural – CCIR mais recente, 
emitido pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra, 
devidamente quitado; 
 III – de certificação do Incra que ateste que o poligonal objeto do 
memorial descritivo não se sobrepõe a nenhum outro constante do seu cadastro 
georreferenciado e que o memorial atende às exigências técnicas, conforme as 
áreas e os prazos previstos na Lei n. 10.267/2001 e nos decretos regulamentadores. 
 Art. 20. O registro do reconhecimento extrajudicial da usucapião de imóvel 
implica abertura de nova matrícula. 
 § 1º Na hipótese de o imóvel usucapiendo encontrar-se matriculado e o 
pedido referir-se à totalidade do bem, o registro do reconhecimento extrajudicial de 
usucapião será averbado na própria matrícula existente. 
 § 2º Caso o reconhecimento extrajudicial da usucapião atinja fração de 
imóvel matriculado ou imóveis referentes, total ou parcialmente, a duas ou mais 
matrículas, será aberta nova matrícula para o imóvel usucapiendo, devendo as 
matrículas atingidas, conforme o caso, ser encerradas ou receber as averbações 
 
 
31 
 
dos respectivos desfalques ou destaques, dispensada, para esse fim, a apuração da 
área remanescente. 
 § 3º A abertura de matrícula de imóvel edificado independerá da 
apresentação de habite-se. 
 § 4º Tratando-se de usucapião de unidade autônoma localizada em 
condomínio edilício objeto de incorporação, mas ainda não instituído ou sem a 
devida averbação de construção, a matrícula será aberta para a respectiva fração 
ideal, mencionando-se a unidade a que se refere. 
 § 5º O ato de abertura de matrícula decorrente de usucapião conterá, 
sempre que possível, para fins de coordenação e histórico, a indicação do registro 
anterior desfalcado e, no campo destinado à indicação dos proprietários, a 
expressão “adquirido por usucapião”. 
 Art. 21. O reconhecimento extrajudicial da usucapião de imóvel 
matriculado não extinguirá eventuais restrições administrativas nem gravames 
judiciais regularmente inscritos. 
 § 1º A parte requerente deverá formular pedido de cancelamento dos 
gravames e restrições diretamente à autoridade que emitiu a ordem. 
 § 2º Os entes públicos ou credores podem anuir expressamente à 
extinção dos gravames no procedimento da usucapião. 
 Art. 22. Estando em ordem a documentação e não havendo impugnação, 
o oficial de registro de imóveis emitirá nota fundamentada de deferimento e efetuará 
o registro da usucapião. 
 Art. 23. Em qualquer caso, o legítimo interessado poderá suscitar o 
procedimento de dúvida, observado o disposto nos art. 198 e seguintes da LRP. 
 Art. 24. O oficial do registro de imóveis não exigirá, para o ato de registro 
da usucapião, o pagamento do Imposto de Transmissão de Bens Imóveis – ITBI, 
pois trata-se de aquisição originária de domínio. 
 Art. 25. Em virtude da consolidação temporal da posse e do caráter 
originário da aquisição da propriedade, o registro declaratório da usucapião não se 
confunde com as condutas previstas no Capítulo IX da Lei n. 6.766, de 19 de 
dezembro de 1979, nem delas deriva. 
 
 
32 
 
 Art. 26. Enquanto não for editada, no âmbito dos Estados e do Distrito 
Federal, legislação específica acerca da fixação de emolumentos para o 
procedimento da usucapião extrajudicial, serão adotadas as seguintes regras: 
 I – no tabelionato de notas, a ata notarial será considerada ato de 
conteúdo econômico, devendo-se tomar por base para a cobrança de emolumentos 
o valor venal do imóvel relativo ao último lançamento do imposto predial e territorial 
urbano ou ao imposto territorial rural ou, quando não estipulado, o valor de mercado 
aproximado; 
 II – no registro de imóveis, pelo processamento da usucapião, serão 
devidos emolumentos equivalentes a 50% do valor previsto na tabela de 
emolumentos para o registro e, caso o pedido seja deferido, também serão devidos 
emolumentos pela aquisição da propriedade equivalentes a 50% do valor previsto na 
tabela de emolumentos para o registro, tomando-se por base o valor venal do imóvel 
relativo ao último lançamento do imposto predial e territorial urbano ou ao imposto 
territorial rural ou, quando não estipulado, o valor de mercado aproximado. 
 Parágrafo único. Diligências, reconhecimento de firmas, escrituras 
declaratórias, notificações e atos preparatórios e instrutórios para a lavratura da ata 
notarial, certidões, buscas, averbações, notificações e editais relacionados ao 
processamento do pedido da usucapião serão considerados atos autônomos para 
efeito de cobrança de emolumentos nos termos da legislação local, devendo as 
despesas ser adiantadas pelo requerente. 
 Art. 27. Este provimento entra em vigor na data da sua publicação. 
 
 
Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA

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