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Debate sobre Moral e Direito no Caso Porta dos Fundos

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1. O vídeo “Especial de Natal” elaborado pelos humoristas do Porta dos Fundos foi objeto de grande repercussão e debate tanto no mundo jurídico quanto na sociedade em geral. Em um primeiro momento, em decisão preliminar, o Desembargador Benedicto Abicair, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, determinou que o vídeo, veiculado pela Netflix, fosse imediatamente retirado do ar. Em sua decisão afirmou que seria “[...] “mais adequado e benéfico, não só para a comunidade cristã, mas para a sociedade brasileira, majoritariamente cristã, até que se julgue o mérito do agravo, recorrer-se à cautela, para acalmar os ânimos”. Em outro trecho chamou a atenção para o fato de que, em sua concepção, o Porta dos Fundos “[...]não foi centrado e comedido” ao se manifestar sobre o especial de Natal nas redes sociais. Após esta decisão alguns juristas se manifestaram, dente eles o jurista Lênio Streck que afirmou que a decisão do Desembargador ““demonstra duas coisas: primeiro, que o Judiciário pensa que pode ditar a moral e o comportamento da sociedade; segundo, mostra o fracasso da teoria do direito no Brasil”. Na mesma linha Alexandre Hidalgo afirmou: “Recentemente, essa tem sido uma prática comum no Brasil. Em novembro houve aquela decisão que censurou o livro sobre a Suzane von Richthofen, e agora uma nova determinação que barra um conteúdo que é de humor. Quer gostem ou não de um conteúdo, a liberdade de expressão deve ser assegurada, segundo a Constituição”. De outro modo, a jurista Vera Chemin defendeu que “a decisão trata de um conflito entre dois princípios constitucionais: liberdade de expressão e inviolabilidade da liberdade de consciência e de crença. [...] O dito programa tem potencial para ferir valores morais de uma parte da sociedade, valores esses que, bem ou mal, não têm a ver com o direito positivo”. Após alguns dias o caso chegou ao Supremo Tribunal Federal e o seu Presidente, Ministro Dias Toffoli, decidiu hoje derrubar a decisão que determinava que a Netflix retirasse do ar o especial de Natal do humorístico Porta dos Fundos. Assim decidiu o Ministro: “Acerca do tema da liberdade de expressão, esta Corte, no julgamento da ADPF nº 130, debruçou-se com percuciência sobre a temática, ressaltando, na ocasião, a plenitude do exercício da liberdade de expressão como decorrência imanente da dignidade da pessoa humana e como meio de reafirmação/potencialização de outras liberdades constitucionais. [..]Nesse ponto, impende destacar a primeira parte da decisão proferida pelo Desembargador Cezar Augusto Rodrigues Costa no AI nº 0343734-56.2019.8.19.0001, fazendo referência à decisão de primeira instância que indeferiu o pedido liminar formulado na ACP nº 0332259-06.2019.8.19.0001: “[...] a circulação do trabalho de humor e sátira se dá apenas através do streaming e em locais cujo acesso é voluntário e controlado, de modo que o poder de censura fica nas mãos de cada pessoa isoladamente. Assim, a preocupação com a manutenção dos valores que [a Associação Centro Dom Bosco de Fé e Cultura] entende caros podem ser protegidos pelos que detêm o poder familiar, o poder de tutela e curatela, enfim, por todos aqueles que estão de algum modo na posição de garantidor e mantenedor destes valores. Quanto aos demais, aos maiores, capazes, caber-lhes-á a reflexão crítica, ou o repúdio e o desprezo, dentre as múltiplas possibilidades [...]”. Dois podem ser os aspectos compreendidos, o primeiro deles diz respeito à moral, enquanto o segundo diz respeito à censura e à questão da liberdade de expressão e, por que não, do direito de ir e vir. 
Diante dessa colisão de princípios e ideais, por meio de interpretação e posicionamento próprio, o aluno deve opinar sobre as decisões trazidas e sobre o debate entre moral e direito. (Valor: 1,0 ponto) 
R: Tendo-se a definição de moral como um “conjunto de valores relativos às regras de conduta e aos costumes estabelecidos e admitidos em determinada sociedade” (Dicionário da língua portuguesa – Michaelis), podemos compreender que a moral é algo relativo ao entendimento de certo e errado, assim sendo, é variável entre os indivíduos e não é escrita. Enquanto isso, sabemos que o direito pode seguir as linhas do Jusnaturalismo, onde o direito é natural e superior, sem a necessidade da escrita, seguindo “o que é justo” ou seguir linhas Juspositivistas, na qual o julgamento deve ser baseado no ordenamento jurídico, ou seja, deve estar escrito. Desta forma, podemos entender que o direito de ir e vir e a liberdade de expressão são direitos naturais, porém que estão prescritos no ordenamento. 
Visto isso, o caso porta dos fundos, no momento do início do julgamento levou em conta não apenas a moral, mas também a religião da maior parte dos brasileiros, mesmo o Brasil sendo um país de Estado laico, o que gera um atrito, uma vez que o episódio fere a crença dos religiosos e a decisão da retirada do episódio do ar fere os direitos de todos, previstos na constituição.
Analisando o passar do caso, entendo que a decisão final de se manter o episódio no ar levou em consideração não apenas o direito à liberdade de expressão, mas também a liberdade de escolha, uma vez que o episódio em questão somente poderia ser acessado por pessoas que realmente o quisessem assistir, desta forma, apesar de ferir a moral religiosa, os mesmos estavam livres para não assistir o mesmo. 
Por fim, finalizado todo o processo e a decisão final tendo sido tomada, a minha opinião é que a decisão final foi a correta, uma vez que a crença de uma parcela da população não pode ser superior ao direito da totalidade da população, principalmente quando esta parcela tem o direito de escolher assistir ou não aquilo que os fere. 
2. As leis podem ter “prazo de validade”, leis temporárias são aquelas com prazo de vigência determinado. Normalmente são criadas para um fim específico e, diferentemente das demais, terão uma data de extinção, de certa forma, predeterminada. Assim, a lei temporária extingue-se terminado o prazo que consta de seu texto ou quando cumpre com seu objetivo. Como exemplo, temos as leis que concedem benefícios e incentivos fiscais limitados a um período específico de tempo e também as leis relacionadas ao orçamento (deste modo, por exemplo, a vigência de lei orçamentária, que estabelece a despesa e a receita nacional pelo período de um ano, cessará pelo decurso do tempo). Portanto, as leis podem ter tanto prazo de validade, por constar expresso no seu corpo a data de expiração ou por cessar o motivo que as criou, quanto pode possuir uma data específica para entrar em vigência. A grande questão neste entorno é quando ocorre o início da vigência de uma determinada lei após a sua publicação, o que depende da disposição na própria lei ou, se não houver disposição, o prazo é aquele de 45 dias estabelecidos pela Lei de Introdução ao Direito Brasileiro. Em uma situação hipotética sobre a questão da lei geral no tempo, houve no dia 17 de agosto de 2019 a promulgação e a publicação da Lei “X” que em seu último artigo dispõe: “A Lei entrará em vigor um anos após a sua publicação.” A lei também estabelece multa para quem a descumprir. 
Mélvio Antunes recebe uma carta em que consta uma multa decorrente da Lei “X” por uma conduta praticada no dia 20 de julho de 2020. Neste cenário, Mélvio deverá pagar a multa ou é possível obter outra compreensão? Suponhamos, em cenário distinto, que a Lei “X” nada dispusesse sobre a sua entrada em vigência. Neste caso, qual seria o prazo da vacatio legis? O Senhor Mélvio teria que pagar a multa? (Valor: 1,0 ponto)
R: Na primeira situação, na qual a lei entrará em vigor após o prazo determinado de um ano, a multa foi aplicada antes deste prazo, desta forma, Mélvio poderá recorrer para não realizar o pagamento desta multa, uma vez que, apesar de já ter sido publicada ela ainda não está em vigência. Já na segunda situação, na qual nada foi exposto sobre a entrada em vigência da lei, o prazo da “vacatio legis” é de 45 dias, nos quais a multa não poderia ser aplicado. Como neste segundo cenárioeste prazo já passou, o Sr. Mélvio poderá ser multado. 
3. As disposições da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro (LINDB) regem a vigência da lei no tempo e no espaço; disciplinam a aplicação dos princípios gerais do direito, dos costumes, analogia e equidade para colmatar lacunas legais em determinadas situações, de forma a promover a operatividade à garantia constitucional do respeito à coisa julgada, direito adquirido e ato jurídico perfeito. No sistema constitucional brasileiro, a eficácia retroativa da lei que é sempre excepcional, que jamais se presume e que deve necessariamente emanar de disposição legal expressa, não pode gerar lesão ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada. Lucas Silva e Silva, no bojo de uma grande sorte, ganhou na mega sena da virada e decidiu parar de trabalhar e apenas investir em construção de imóveis. Antes de iniciar sua aventura no mercado imobiliário, Lucas Silva e Silva adquiriu um terreno na orla marítima de Salvador com o intuito de construir um prédio de 05 andares, uma vez que consultou o advogado Dr. Tício que explicou que a Lei “Z” do município dispõe sobre a possibilidade da construção de prédios de no máximo 05 andares na orla marítima. Após a compra do terreno foi aprovado na Câmara Legislativa de Salvador a Lei “W”, dispondo que na orla marítima podem ser construídos prédios de até 03 andares, revogando a lei anterior. Diante desta situação, Lucas Silva e Silva procura novamente o Dr. Tício para saber dos seus direitos, afirmando que a lei não poderia retroagir para atingi-lo, pois ele comprou o terreno com o intuito de construir o prédio de 05 andares. Qual deve ser a resposta do Dr. Tício? Estamos falando de direito adquirido ou de ato jurídico perfeito? A resposta do Dr. Tício seria diferente caso o Sr. Lucas Silva e Silva tivesse efetivamente construído o prédio? Neste caso, O Sr. Lucas teria que demolir o prédio ou a lei não retroagiria para atingir o seu direito? (Valor: 1,0 ponto) 
R: Lucas Silva e Silva comprou o terreno enquanto a Lei “Z” estava vigente, porém como o mesmo ainda não iniciou a construção do prédio, ele deverá seguir a Lei “W” e apenas poderá construir um prédio com 3 andares. 
Neste caso, estamos falando de “Direito Adquirido”, uma vez que o interesse de Lucas era exercer um direito que teria surgido durante a vigência da lei revogada e que seguiria os preceitos daquela. No presente caso, como Lucas Silva e Silva ainda não havia dado início a construção de seu prédio, havendo feito apenas a aquisição do terreno, ele deve respeitar a nova lei vigente do local. 
Caso Lucas já tivesse finalizado a construção no terreno, a resposta de seu advogado seria diferente, pois ele teria de fato o Direito Adquirido, pois quando realizou o a edificação ainda estava sob tutela da lei “Z”, na qual poderia haver tal tipo de edificação naquele local, desta forma não haveria necessidade da demolição do prédio já construído e a lei não retroagiria. 
ERRADO: ATO JURÍDICO PERFEITO!
4. As constituições podem ser classificadas sob diversos critérios, entre os quais, o da estabilidade, que se dá com base na complexidade do processo para sua alteração, em comparação com o processo legislativo ordinário. “É importante notar que a forma e o conteúdo das diversas Constituições tornaram operantes algumas classificações, que não possuem outra finalidade senão realçar características do texto constitucional segundo valores determinados, como por exemplo a origem, a mutabilidade [rigidez ou flexibilidade], a forma e o conteúdo” (ARAÚJO; NUNES JR, 2017, p. 37). Em determinado país, como resultado de uma revolução popular, os revolucionários assumiram o poder e declararam revogada a Constituição então em vigor. Esse mesmo grupo estabeleceu uma nova ordem constitucional consistente em norma fundamental elaborada por grupo de juristas escolhido pelo líder dos revolucionários, sem qualquer participação popular, ainda que indireta. 
Com base nessa situação, a nova Constituição deste país pode ser compreendida como promulgada ou outorgada? Explique de forma justificada. Em comparação, como a Constituição Federal de 1988 é classificada? Quais exemplos, no mínimo dois, que você poderia citar para demonstrar a rigidez ou a flexibilidade da Constituição Federal de 1988? No Brasil, é possível o Poder Constituinte Derivado abolir cláusula pétrea? Quais as diferenças entre Poder Constituinte Originário e Derivado? 
R: A constituição foi outorgada, uma vez que não houve uma decisão para a escolha do grupo de líderes revolucionários, eles simplesmente se ergueram e se colocaram no poder da revolução e, sem a participação do povo, elegeram outros juristas para formarem uma nova constituinte. O que difere da Constituição Brasileira de 1988, que foi promulgada, uma vez que a constituinte foi eleita pelos parlamentares. 
A constituição Brasileira pode ser considerada rígida, e exemplos de tal rigidez é o Artigo 60 o qual objetiva incluir ou substituir um texto legal na constituição. Para isso, existem alguns tipos de limitação: 
- Limitações formais: quem é quem pode propor tais mudanças (presidente da república, 1/3 dos membros da Câmara ou Senado ou mais da metade das assembleias estaduais com maioria simples) e o quórum de aprovação, que consiste em duas votações na Câmara e no Senado com 3/5 de cada casa aprovando a votação. Além disso, não existe sansão ou veto presidencial; 
- Limitações Circunstanciais: que é a intervenção Federal ou decreto de Estado de Defesa ou Sitio;
- Limitações Materiais: são as Cláusulas Pétreas que não podem sofrer alteração. 
Além do Art. 60, podemos citar as Cláusulas Pétreas existentes na nossa Constituição, que são imutáveis, inclusive por emenda constitucional, apenas podem ser alteradas pela promulgação de outra constituição. 
Visto isso, o Poder Constituinte Derivado não pode abolir a Cláusula Pétrea, nem mesmo propor alterações na tentativa de aboli-las. 
Tanto o Poder Constituinte Originário quanto o Derivado possuem o poder de elaborar e modificar as normas da Constituição, sendo a Originária capaz de criar uma nova Constituição (Estado Novo) ou Substituir a já existente. Por outro lado, o Derivado é subordinado e condicionado ao Originário, podendo ser utilizado para reformar, corrigir e revisar a Constituição. 
5. Desde que tomou posse, o presidente Jair Bolsonaro publicou uma série de Medidas Provisórias. Dentre as mais de 30 MPs de Bolsonaro que já concluíram a tramitação no Congresso, 11 caducaram (perderam a validade porque não foram votadas a tempo, ou seja, ultrapassaram o período máximo de 120) ou foram rejeitadas pelo Plenário do Congresso Nacional. Apenas algumas foram convertidas em lei, ou seja, aprovadas. Outras estão aguardando votação no Congresso Nacional. Diante da importância das Medidas Provisórias, é preciso se atentar para a questão de sua vigência e, principalmente, da sua validade e dos efeitos que podem gerar. De todo modo, é importantíssimo que compreendamos como se dá a vigência e como se aplicam os efeitos da MP. Nesse passo, suponhamos que o Presidente da República publicou a Medida Provisória n.º 1516/2020 no dia 30 de janeiro de 2020. Esta medida provisória dizia respeito a incidência de multa para aquelas pessoas que trafegassem nas rodovias do país acima de 80km/h. Desta forma, todas as leis anteriores contrárias e todas as placas indicativas contrárias não mais estariam com sua validade. Todavia, o Congresso Nacional não aprovou a Medida Provisória no prazo de 120 dias. 
Diante deste fato, os alunos da turma do primeiro ano de Ciências Contábeis, preocupados com as multas que sofreram, resolvem se reunir para debater se com a não apreciação da MP é possível que eles não precisem pagar as multas. Qual deverá ser o veredicto final? Os alunos que foram multados por terem excedido a velocidade durante o período de vigência da MP terão que pagar as multas? De outra forma, caso o Congresso Nacional tivesse rejeitado a MP e criado um Decreto Legislativo que afirma queas relações jurídicas durante o período de vigência da MP não seriam válidas, teriam os alunos que pagar as multas? Justifique a resposta. 
R: Caso não houver pronunciamento do Congresso Nacional, não especificando como será considerada a vigência da MP naquele período, a mesma continuará valendo, portanto, os alunos terão que pagar pelas multas sofridas. Caso fosse criado um Decreto Legislativo afirmando que as relações jurídicas durante o período de vigência da MP não seriam válidas, os alunos não teriam que pagar a multa, pois o decreto prevê que as relações jurídicas, no caso eventuais recursos para o não pagamento das multas, teriam validade.
6. Foi aprovada, promulgada, publicada e entrou em vigência a Lei Complementar n.º 123/2020. Durante o trâmite nas casas do Congresso Nacional a Sessão foi instalada com a aprovação da maioria simples e, quando da votação, aprovada também por maioria simples. Ainda, a lei dizia respeito a possibilidade de suprimir o direito de ir e vir em alguns casos específicos. Diante da aprovação, o partido político “Democracia para Todos” propôs ação requerendo a inconstitucionalidade da referida lei, sob o fundamento de que houve vício no processo legislativo e que a lei afrontaria princípio constitucional, mais do que isso, afronta cláusula pétrea. 
O argumento do partido político “Democracia para Todos” está correto? Qual vício teria ocorrido durante o processo legislativo, formal ou Material? Qual a ação que deve ser proposta? Estamos diante de Controle de Constitucionalidade Concentrado ou Difuso? A ação deve ser proposta no Supremo Tribunal Federal ou em qualquer juízo de primeiro grau? Ainda assim, é preciso verificar se o partido político pode propor a ação, uma vez que há condição para que partidos políticos possam propor ação com o intuito de declarar a inconstitucionalidade de uma lei. Qual é esta condição? 
R: O argumento do partido está correto, uma vez que além da proposta afrontar um princípio constitucional, no caso uma cláusula pétrea, ele também foi aprovado por maioria simples, ocorrendo um vício formal, já que uma lei complementar deve ser aprovada por maioria absoluta.
Deve ser proposta pelo partido uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI), por meio de Controle de Constitucionalidade Concentrado, tendo em vista que o objetivo é a invalidação da Lei Complementar inconstitucional e a proteção as relações jurídicas, não havendo em questão um caso concreto para análise.
A competência de julgamento das Ações Diretas de Inconstitucionalidades é do Supremo Tribunal Federal, assim o partido deverá ajuizar a ação do caso perante ao STF.
Por serem percebidos vícios ocorridos na formação e votação de tal lei complementar, o Supremo Tribunal Federal (STF) deve julgar uma ação direta de inconstitucionalidade para tornar tal lei inconstitucional e perder sua validade, isso ocorre por estarmos diante de um Controle de Constitucionalidade Concentrado, a qual apenas o STF pode julgar a ação. 
Para que ação de seja proposta pelo partido político, este deve possuir representação no Congresso Nacional, através de um Senador ou Deputado, conforme prevê o inciso VIII da Constituição Federal. 
 
7. Adésio estava em sua casa durante a noite quando foi surpreendido com o toque da campainha. Devido ao fato de ser onze horas da noite, ele ficou preocupado e pelo interfone questionou quem era e sobre o que seria. De pronto foi informado que era a polícia e que os policiais deveriam cumprir um mandado de busca e apreensão emitido pelo juiz de Ribeirão Preto, uma vez que havia notícias de que Adésio possuía drogas em sua residência e estava envolvido com tráfico de drogas. 
Adésio se assustou e não sabia o que fazer. Diante de tal fato, Adésio é obrigado a deixar os policiais entrarem em sua residência? Pode Adésio não permitir a entrada? Em uma situação distinta, se os policiais estivessem patrulhando e ao passar na frente da casa de Adésio vissem ele vendendo drogas para dois rapazes, poderiam os policiais adentrar a casa de Adésio às onzes horas da noite diante do flagrante delito? 
R: Diante deste fato, Adésio não é obrigado a deixar os policiais entrarem na sua residência, podendo não permitir a entrada dos mesmos, uma vez que mandados judiciais somente podem ser cumpridos durante o dia, com exceção de casos específicos que sejam previamente fundamentados e arrazoados. Já no caso no qual ocorreu o flagrante delito, a situação seria contrária e os policiais poderiam entrar na residência de Adésio, uma vez que o flagrante delito pode ocorrer tanto durante o dia quanto durante a noite. 
8. Laurindo Ignácio estava em sua residência cozinhando quando notou que a sua geladeira estava com um cheiro de queimado e não estava gelando de forma adequada, bem como os seus alimentos nela condicionados estavam estragando. Imediatamente, antes que pudesse ocorrer qualquer dano maior, pois o cheiro de queimado estava aumentando, ele desligou a geladeira. Após, Laurindo foi até a loja em que tinha comprado o produto e disse que queria que o problema fosse sanado, uma vez que estava na garantia. O atendente da loja explicou para Laurindo que o produto não estava na garantia, pois a garantia de contrato era de apenas de 12 meses e naquele dia já tinha passado 12 meses e cinco dias. Inconformado, Laurindo procura o Dr. Tício para saber quais são os seus direitos. 
Quais os direitos que Laurindo de fato possui? Estamos diante de um caso de vício ou de defeito do produto? Realmente o produto não tem mais garantia? Caso esteja dentro da garantia qual é o prazo para sanar o problema? E se o problema não for sanado dentro do prazo legal, o que o Sr. Laurindo pode exigir a troca do produto ou a devolução do valor pago? Explique as suas respostas. (Valor: 1,0 ponto) 
R: O Sr. Laurindo possui o direito a garantia com o reparo geladeira, uma vez que, por ser um bem durável possui os 12 meses de garantia contratual que só passarão a ser válidos após o decorrer dos 90 dias de garantia do fabricante. Por ter passado 12 meses e 5 dias, o produto ainda encontra-se na vigência garantia contratual fornecida pela loja. 
Como ainda está na vigência da garantia, a loja possui 30 dias para sanar o problema, podendo este prazo ser maior ou menor do que estes 30 dias de acordo com o concordado entre as partes envolvidas. Passados tal prazo, caso ainda não tenha chegado a solução do problema, Sr. Laurindo pode pedir a substituição produto ou devolução do valor pago.
O caso da geladeira do Sr. Laurindo trata-se de um caso de vício, uma vez que não causou nenhum dano ao mesmo, apenas os alimentos que foram degradados, porém o mesmo não consumiu tais alimentos e não teve nenhum efeito colateral. 
9. Julgue se as afirmativas abaixo estão corretas ou errados. Justifique. (Valor: 1,0 ponto) 
 
I - Jeremias dos Reis queria vender o seu veículo para Arthur Vilalbas e fez uma proposta de R$ 40.000,00. Arthur chegou a ver o veículo e até estava propenso a comprá-lo. Porém, surgiu um negócio mais interessante e Arthur informou Jeremias que não iria mais realizar o negócio. Inconformado, Jeremias disse que se não efetivasse a compra do veículo contaria para a esposa de Arthur sobre as suas traições, das quais tinha prova. Arthur, diante da situação optou por comprar o veículo. Logo depois, Arthur se arrependeu e procurou o Dr. Tício. Dr. Tício afirmou que Arthur poderia propor uma ação para anular o negócio jurídico, uma vez que era anulável pela ocorrência de coação. 
R: verdadeira, uma vez que Jeremias fez uma ameaça a moral de Arthur o obrigando a realizar a compra de seu veículo.
II – Douglas vendeu um colar para Andressa como se fosse de ouro, todavia sabia que não era de ouro e queria mesmo obter uma vantagem indevida sobre sua amiga. Neste caso o negócio jurídico é nulo por se tratar de erro. 
R: falsa, trata-se de dolo, uma vez que Douglas sabia que o colar não era de outro e mesmo assim fez a venda, se beneficiando em detrimento de Andressa, tornando o negócio anulável.
III – A prática pelo devedor de “esconder”bens e patrimônio com o objetivo de não honrar as suas dívidas é denominada fraude contra credores, caraterizado como um vício do negócio jurídico nulo. 
R: Falso, uma vez que fraude contra credores possui efeito anulável e não nulo. 
IV – Dob Dolinger avançou o sinal vermelho de forma propositada e acabou colidindo com um moto taxista que acabou ficando internado pelo período de 01 semana e sem a moto por um período de 40 dias. Diante desse fato, temos caracterizada a responsabilidade subjetiva de Dob que ainda terá que indenizar (responsabilidade civil) o moto taxista pelos gastos hospitalares, os danos das motos e pelos lucros cessantes (pelo tempo que ficou sem trabalhar e não pode gerar a sua renda pra sobrevivência). 
R: verdadeiro, uma vez que por ação culposa (imprudência), Dob assumiu o risco de causar um acidente e causou danos ao moto taxista, sendo necessário repor os gastos que poderiam ser ganhos e repor os custos que foram gastos para o reparo do bem material.

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