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Elis Oliveira

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CARTA AO LEITOR 
Querido Leitor 
Este manual veio ao mundo de uma forma totalmente inesperada. 
Pode-se até pensar em uma “gravidez” de alto risco (estava com 40 anos 
quando voltei a estudar e ingressei na UNICAMP), Na ocasião a minha 
orientadora Profª. Dra. Maria José Franklin Moreira sugeriu que usasse 
o HTP na pesquisa. 
D HTP não fazia parte da minha prática clínica, e muito animada 
comecei a me inteirar materiais publicados até então. A princípio senti 
dificuldade em encontrar em um único livro as várias interpretações 
fornecidas para a análise do grafismo. Cada autor priorizava uma 
observação, e foi aí que senti necessidade de reunir esses diversos e 
ricos apontamentos em um único material. 
 
6 
 
Comecei a fazer uma apostila para uso próprio, para facilitar a consulta 
durante a confecção da tese. A cada livro consultado, novas visões e 
novos apontamentos acabavam sendo incorporados. Conforme os 
testes eram aplicados e avaliados a minha apostila ia crescendo e 
ficando cada vez mais encorpada. As minhas idéias sobre o tema foram 
amadurecendo. 
Este manual é uma reunião dessas várias interpretações (consultar as 
referências bibliográficas) fornecidas para a análise dos grafismos, feitas 
pelos autores do teste e por alguns especialistas no assunto. A idéia 
inicial foi compilar e sintetizar de modo organizado as contribuições dos 
principais autores, cujo maior objetivo é facilitar a vida do profissional e 
do estudante de psicologia. 
Desde então tenho usado o “HTP-F” com quase todos os pacientes, e, 
em menor frequência o HTP-F cromático. Além disso, tenho pedido para 
os pacientes desenharem um sol, percebo que cada um “vê o sol de seu 
jeito especial”. 
Ao lerem o manual perceberão que ao final de muitas interpretações 
existem referências a algumas patologias. Algumas patologias 
salientadas neste manual são pesquisas de outros autores (comum 
em....), outras são sugestões minhas (sugere....), e não são pesquisas 
comprovadas. O leitor deve ter consciência de que são apenas 
sugestões baseadas nas interpretações. E o objetivo dessas sugestões é 
estimular o leitor para novas pesquisas. 
Vale ressaltar que o estudante ou o profissional que fizer uso deste 
manual, ao interpretar o teste, deve olhar primeiro o global, a tendência 
mais forte de um indício, e, quando este se repetir nos vários desenhos 
ou quando no inquérito a suspeita se confirmar, só assim poderá 
pensarem um diagnóstico. 
No último capítulo fiz referências a várias patologias, sendo o ideal usá-
las com muito cuidado, principalmente nos diagnósticos infantis. 
A idéia de publicação surgiu da dificuldade em encontrar em um único 
livro as pesquisas e observações de diferentes e consagrados autores, 
que condensasse de uma forma prática e clara toda a complexidade do 
teste. 
Um abraço 
Flor. 
 
7 
 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO. 15 
2. NORMAS PARA APLICAÇÃO 19 
2.1 Material 19 
2.2 Instruções 20 
3. INQUÉRITO 21 
4. ANÁLISE QUALITATIVA 27 
4.1, Resistências 27 
4.2. Análise sequencial do conjunto dos desenhos 28 
4.3. Tempo consumido 28 
4.4. Pressão no desenhar 29 
4.5. Caracterização do traço 29 
4.6. Indicadores de conflitos 30 
4.7. Localização no papel 31 
4.8. Tamanho das figuras 33 
4.9. Detalhes no desenho 34 
4.10. Uso da borracha 35 
5. CASA 37 
5.1. Introdução 38 
5.2. Perspectiva e posição da casa 39 
5.3, Tipos de casa 40 
5.4. Linha representativa do solo ou chão 41 
5.5. Paredes 41 
5.6. Porta 42 
5.7. Janela 43 
 
8 
 
5.8. Telha ou telhado 45 
5.9. Chaminé 46- 
5.10. Fumaça 48 
5.11. Acessórios no desenho da casa 48- 
6. ARVORE 51 
6.1. Introdução 52 
6.2. Impressão da árvore como um todo 53 
6.3. Idade atribuída à árvore 55 
6.4. Arvore apresentada como morta 55 
6.5. Perspectiva ou posição da árvore 56 
6.6. Simetria 57 
6.7. Raiz 57 
6.8. Linha da terra ou do solo 58 
6.9. Tronco 60 
6.10. Tamanho do tronco 61 
6.11. Largura do tronco 61 
6.12. Contorno do tronco 62 
6.13. Superfície ou tipos de desenhos no tronco 63 
6.14. Galhos ou ramos 64 
6.15. Tamanho dos galhos ou ramos 67 
6.16. Largura dos galhos ou ramos 67 
6.17. Direção dos galhos ou ramos 68 
6.18. Copa 69 
6.19. Tamanho da copa 71 
6.20. Direção da copa 72 
6.21. Folhas 72 
 
9 
 
6.22. Flores 74 
6.23. Frutos 74 
6.24. Acessórios no desenho da árvore 75 
7. FIGURA HUMANA 77 
7.1. Introdução 78 
7.2. Figuras inacabadas 81 
7.3. Sucessão das partes desenhadas 82 
7.4. Ordem das figuras 84 
7.5. Visão geral das figuras 85 
7.6. Idade das figuras 86 
7.7 Posturas das figuras 86 
7.8. Simetria dos desenhos 87 
7.9. Movimentos nos desenhos 87 
710. Transparência nas figuras 89 
7.11. Cabeça 90 
712. Rosto 91 
7.13. Cabelo 92 
7.14. Chapéu 93 
7.15. Barba e/ou bigode 93 
7.16. Olhos 94 
7.17. Sobrancelhas 96 
7.18. Nariz 96 
7.19. Boca 97 
7.20. Orelhas 98 
7.21. Queixo 99 
7.22. Pescoço 99 
 
10 
 
7.23. Colarinho e gravata 100 
7.24. Ombros 101 
7.25. Tórax 102 
7.26. Seios 103 
7.2 7. Camisa, paletó, blusa ou camiseta 103 
7.28. Cintura 104 
7.29. Quadril e nádegas 1O5 
7.30. Zona genital 105 
7.31, Braços 106 
7.32. Mãos 108 
7.33. Dedos 109 
7.34. Unhas 110 
7.35, Anéis nos dedos 110 
7.36. Pernas 111 
7.37 Calças, saias e cintos 112 
7.38. Pés e dedos 113 
7.39. Sapatos e meias 114 
7.40. Roupas e acessórios 114 
7.41. Complementos 115 
7.42. Comparação entre as duas figuras 116 
8. FAMÍLIA DE ORIGEM E FAMÍLIA IDEAL 119 
8.1. Introdução 120 
8.2. Normas para aplicação 122 
8.3. Observações na avaliação 122 
8.4. Posições das figuras 123 
8.5. Proporção entre os desenhos 126 
 
11 
 
8.6. Omissões 127 
8.7 Figuras parentais 127 
9. HTP-F CROMÁTICO 129 
9.1. Observações na avaliação do HTP-F cromático 129 
9.2. Disposição das cores 131 
9.3. Simbolismo das cores 132 
10. DESCRIÇÃO DE CASOS CLÍNICOS 135 
10.1. Caso n° 1 - Paciente A 135 
10.2. Caso n°2 - Paciente B 141 
10.3. Caso n°3 - Paciente C 149 
11. O SIGNIFICADO DE ALGUMAS DOENÇAS DESTE MANUAL 159 
11.1. Transtorno da Personalidade Antissocial 161 
11.2. Transtorno de Personalidade Borderline 162 
11.3. Transtorno de Personalidade Dependente 164 
11.4. Transtorno de Personalidade Esquiva ou Evitativo 165 
11.5. Transtorno da Personalidade Esquizoide 166 
11.6. Transtorno de Personalidade Esquizotípica 167 
11.7. Transtorno de Personalidade Histriônico 167 
11.8. Transtorno da Personalidade Masoquista 169 
11.9. Transtorno da Personalidade Narcisista 169 
11.10. Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo 170 
11.11. Transtorno da Personalidade Paranóide 171 
11.12. Transtorno da Personalidade Sádica 172 
11.13. Trans tono da Aprendizagem 173 
11.14. Transtorno da Ansiedade Generalizada 174 
11.15. Transtorno de Conduta 775 
 
12 
 
11.16. Transtorno de Despersonalização 177 
11.17. Transtorno de Estresse Pós-Traumático 177 
11.18. Transtorno de Somatização 178 
11.19. Transtorno Depressivo 179 
11.20. Transtorno do Pânico 181 
11.21. Esquizofrenia 182 
11.22. Exibicionismo 184 
11.23. Fobia Social 185 
11.24. Hipocondria 186 
11.25. Homossexualidade 187 
11.26. Impulso Sexual Excessivo 188 
11.27. Roubo patológico 189 
11.28. Voyeurismo 189 
12. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 191 
 
 
1. 
INTRODUÇÃO 
O HTP (House-Tree-Person) é uma técnica projetiva de desenho, que 
visa penetrar na personalidade do indivíduo. Neste livro estamos 
incluindo também os desenhos das Famílias (de Origem e Ideal) como 
um complemento do teste. Uma técnica projetiva é um instrumento que 
é considerado especialmente sensível a aspectos inconscientes ou 
velados do comportamento, que permite ou encoraja uma ampla 
variedade de respostas no sujeito. 
Hammer (1981) amplia o conceito de projeção de Freud, onde o que é 
projetado é sempre recalcado, e a define como a “colocaçãode uma 
experiência interna ou de uma imagem interna, no mundo exterior”. E 
completa: “... a projeção é o processo psicológico de se atribuir 
qualidades, sentimentos, atitudes e anseios próprios, aos objetos do 
Elis
Realce
 
13 
 
ambiente (pessoas, outros organismos ou coisas). O conteúdo da 
projeção pode ou não ser conhecido pelo sujeito como parte de si 
próprio”. 
Seu criador John N. Buck (1948) percebeu por meio de sua experiência 
clínica que o tema Casa-Arvore-Pessoa são conceitos familiares mesmo 
para as crianças bem pequenas; portanto, mais facilmente aceitos para 
serem desenhados por sujeitos de todas as idades. Estimulam 
verbalizações mais francas e abertas do que outros temas. Descobriu-se 
que apesar de casas, árvores e pessoas poderem ser desenhadas em 
quase uma infinita variedade de modos, um sistema de avaliação 
quantitativa e qualitativa pode ser esquematizado para extrair 
informações úteis relativas ao nível da função intelectual e emocional 
do sujeito. 
O HTP (neste livro, como estamos incluindo os desenhos da Família de 
Origem e Ideal, usaremos a abreviação HTP-F) é uma técnica de 
desenhos basicamente não verbal, que pode ser aplicada tanto em 
crianças, adolescentes e adultos como também em deficientes mentais, 
pessoas sem escolaridade, estrangeiros que não dominam plenamente 
o idioma, mudos, tímidos (retraídos) e nos que são bloqueados 
emocionalmente na área verbal. 
O desenho é anterior a linguagem escrita e é considerado uma das mais 
antigas formas de comunicação do ser humano. Isto é atestado pelos 
desenhos e pinturas dos homens das cavernas e dos povos primitivos, 
que fizeram com que chegassem até nós os seus interesses e expressões 
de aspectos de sua vida. 
Muito antes de escrever, as crianças aprendem a desenhar e, quando 
desenham por lazer, geralmente retratam pessoas, casas, árvores, 
animais, sol, etc. Esses temas são vistos nos trabalhos de crianças de 
todas as terras e culturas, atestando a universalidade básica da mente 
humana e dos sentimentos. As crianças pequenas tendem a ignorar ou 
transformar a realidade em um mundo subjetivo, rico em fantasias. Os 
desenhos são representações, e não reproduções da realidade. 
O HTP-F alcança também uma função especial, proporcionando uma 
introdução minimamente ameaçadora e maximamente prazerosa, 
principalmente às crianças. Uma das vantagens da introdução dos 
desenhos destacadas por Di Leo (1987), especialmente com crianças, é 
que estes permitem “estabelecer um rapport rápido, fácil e agradável 
com a criança”. 
Elis
Realce
Elis
Realce
 
14 
 
Atualmente, os desenhos das crianças são considerados um meio 
privilegiado para a descoberta do seu mundo interno e da sua 
psicodinâmica, além de constituírem um modo natural de expressão 
para as mesmas. Sendo um meio de expressão e de comunicação, revela 
muito do inconsciente daquele que desenha. O desenho projetivo, hoje 
em dia, é considerado uma fonte frutífera de informação e 
compreensão da personalidade, além de econômica e profunda. 
Sempre que houver alguma barreira para a linguagem, o desenho 
apresenta um potencial facilitador na expressão da personalidade, 
servindo também como um meio de descontração, mesmo com uma 
criança tímida ou um adulto de atitude negativa. 
Da oportunidade de se observar e analisar um grande número de 
desenhos, fica claro o surgimento e a elucidação de sentimentos que os 
pacientes talvez nunca poderiam ser capazes de expressar com palavras, 
mesmo que estivessem inteiramente conscientes desses estados que os 
atormentam e os mobilizam. Os sentimentos e conflitos dos pacientes, 
sejam eles crianças ou adultos, frequentemente infiltram-se em seus 
desenhos, involuntária e/ou inconscientemente (observar a análise dos 
desenhos na descrição de casos clínicos). 
O desenho não constitui uma reprodução fiel da realidade. É antes uma 
interpretação da realidade, uma maneira de ver as coisas e de se colocar 
diante delas. 
Coube à psicanálise desvendar que o inconsciente fala por meio de 
imagens simbólicas. Dessa forma, os sonhos, mitos, folclore, fantasias e 
obras de arte estão impregnados de determinismo inconsciente, sendo 
seu estudo e interpretação uma importante via de acesso ao 
inconsciente. 
“O HPT investiga o fluxo da personalidade à medida que ela invade a 
área da criatividade artística” (Harnmer, 1981). A linguagem do 
inconsciente é fundamentalmente imaginativa e simbólica e, emerge 
com bastante facilidade por meio dos desenhos. Tanto a linguagem 
simbólica quanto o desenho alcançam níveis primitivos da 
personalidade, permitindo o acesso ao mundo interno. 
No HTP-F, os desenhos representam um reflexo da personalidade de seu 
autor e mostram mais sobre o artista do que sobre o objeto retratado. 
As atividades psicomotoras do sujeito ficam gravadas no papel. O 
princípio básico da interpretação dos mesmos é que a folha de papel 
 
15 
 
representa o ambiente e o desenho, o próprio sujeito, e é a partir dessa 
interação simbolizada que são realizadas as interpretações. 
A página em branco sobre a qual o desenho é executado serve como um 
fundo no qual o paciente nos oferece um vislumbre de seu mundo 
interno, de seus traços e atitudes, de suas características 
comportamentais, das fraquezas e forças de sua personalidade, 
incluindo o grau em que pode mobilizar seus recursos internos para 
lidar com seus conflitos psicodinâmicos, tanto interpessoais quanto 
intrapsíquicos. 
A linha feita pode ser firme ou tímida, incerta, hesitante ou audaciosa, 
ou, ainda, pode consistir em um ataque selvagem ao papel. Além disso, 
a percepção consciente e inconsciente do sujeito em relação a si mesmo 
e às pessoas significativas do seu ambiente determina o conteúdo de 
seu desenho. 
Partindo dessa idéia básica, o trabalho com desenhos segue uma 
sequencia de avaliação, em que vários traços gráficos são identificados 
em sua forma específica, segundo critérios próprios. 
Para interpretar o HTP-F, é necessário que o psicólogo tenha uma vasta 
experiência clínica, conhecimentos de psicopatologia, psicossomática e 
psicanálise, estudos sobre movimentos expressivos da personalidade e 
uma reflexão sobre os mitos e as lendas populares. Da mesma forma 
saber se as características dos desenhos são comuns ao mesmo grupo 
etário, sexual, cultural, etc. (em uma criança de 4 anos não se espera o 
desenho da figura humana completo). A metodologia do examinador 
precisa, por necessidade, ser tanto intuitiva como analítica, e confiar 
apenas em detalhes específicos pode ser enganador. Para uma análise 
substanciosa é importante uma relação dos detalhes com o todo, pois 
um traço gráfico isolado não significa muita coisa: é apenas um sinal, 
que adquire uma importância máxima quando existem muitos 
elementos apontados na mesma direção. Apesar disso, o examinador 
deve ter bom senso, pois alguns detalhes são mais incomuns e mais 
significativos que outros, como o retratamento explícito dos órgãos 
sexuais, a falta de telhado ou a porta em uma casa ou uma árvore de 
espinhos. Não se trata somente de uma questão de números de 
detalhes, mas também da qualidade destes. 
Após a primeira visão global dos desenhos, encaminha-se para a 
avaliação das partes individuais. As partes individuais são significativas 
em sua inter-relação com o todo, afetando reciprocamente o contexto 
 
16 
 
global. Um paralelo pode ser feito com o que ocorre no corpo humano: 
quando uma parte está doente ou danificada, o corpo é afetado 
globalmente. Porém, o grau desse comprometimento é determinado 
pelo corpo, considerando- o um organismo que funciona como um todo 
(Dileo, 1987). 
O conhecimento do HTP-F permite ao psicólogo clínico realizar um 
processo de inferência clínica. Esta, no procedimento de exploração da 
personalidade, vai permitir ao profissional estabelecer uma série de 
hipóteses dinâmicas e estruturais sobreo indivíduo. Além disso, o HTP-F 
também tem-se mostrado extremamente útil, tanto no diagnóstico 
como no prognóstico das avaliações individuais. Sua aplicação durante o 
decorrer da terapia, em intervalos regulares, indica como o paciente 
está progredindo no tratamento e a validade das mudanças emocionais 
e comportamentais. É um instrumento sensível aos fluxos e refluxos das 
mudanças terapêuticas e menos influenciado pelas lembranças das 
aplicações anteriores. 
 
2. 
NORMAS PARA APLICAÇÃO 
Os desenhos devem ser executados na seguinte ordem: CASA, ÁRVORE, 
FIGURA HUMANA, FIGURA HUMANA DO SEXO OPOSTO AO DA 
PRIMEIRA DESENHADA, FAMILIA DE ORIGEM e o desenho da FAMILIA 
IDEAL. Segundo E. Hammer, a manutenção dessa ordem proporciona 
uma gradual introdução do examinando na tarefa de desenhar, levando-
o gradativamente aos temas mais difíceis do desenho. O examinando é 
levado do autorretrato mais neutro (CASA) ao de maior implicação 
afetiva, que é o desenho da FIGURA HUMANA. 
Para cada desenho se oferece, ao avaliando, uma folha branca, tamanho 
ofício. Caso ele execute o desenho completo (como, por exemplo, no 
desenho da FIGURA HUMANA faça somente o rosto), deve recolher-se 
esse primeiro, oferecer-lhe outra folha e instruí-lo para fazer o desenho 
de uma pessoa completa. Por uma pessoa completa, às vezes, é 
necessário informá-lo que esta apresenta cabeça, tronco, braços e 
pernas. Quando quaisquer dessas áreas estão omitidas, a figura é 
considerada incompleta, porém, se apenas uma parte de uma área é 
omitida, como, por exemplo, mãos, pés ou uma das partes do rosto, o 
desenho deve ser aceito como completo. 
 
17 
 
Caso o examinando peça permissão para usar ou tenta usar qualquer 
auxílio mecânico (como, por exemplo, uma régua), é necessário instruí-
lo que o desenho deve ser feito à mão livre. 
Depois que a bateria acromática estiver pronta, faz-se o inquérito (ver o 
capítulo de Inquérito). O examinador recolhe os desenhos e o lápis 
preto, dando novas folhas e a caixa de lápis de cor. O lápis preto deve 
ser recolhido, para que o examinando não seja tentado a fazer o 
contorno com lápis preto, para depois colori-lo. 
2.1 — Material 
1. Sala privativa, com mesa e cadeiras adequadas e confortáveis. 
2. Folhas de papel branco, tamanho oficio. 
3. Lápis, de preferência o n° 2. 
4. Borracha macia. 
5. Caixa de lápis de cor ou crayon. 
Segundo E. Hammer, a caixa de lápis coloridos ou crayons (Hammer usa 
um conjunto de crayons marca rayola) deve consistir de oito cores: 
vermelho, verde, amarelo, azul, marrom, preto, violeta e laranja. 
2.2 — Instruções 
O examinador deve falar ao sujeito: “Por favor, desenhe uma casa, da 
melhor maneira que puder. Pode levar o tempo que quiser e apagar 
quando precisa que não conta contra você. O importante é fazer o 
melhor que conseguir”. 
Caso o examinando apresente-se tímido ou incapaz de uma boa 
execução, o examinador deve estimulá-lo e ao mesmo tempo deixar 
claro que o importante não são os dotes artísticos, e sim as qualidades 
de seu traçado e a compreensão do que foi pedido. 
Procede-se da mesma forma em todos os desenhos, 
No caso da FIGURA HUMANA, pede-se primeiro que desenhe uma 
pessoa qualquer. Aplica-se o questionário e depois pede-se que 
desenhe outra figura do sexo oposto ao da primeira desenhada. 
Para o desenho da CASA e das FAMÍLIAS, o papel deve ser apresentado 
com o eixo maior na horizontal, e, para os desenhos da FIGURA 
HUMANA e da ARVORE, o eixo maior deve ser ria vertical. 
 
18 
 
“Depois que a bateria acromática estiver pronta, inicia-se a bateria 
cromática: ‘Agora, por favor, desenhe uma casa colorida”. E assim deve 
proceder-se com os demais desenhos. 
É importante que o examinador tenha o cuidado de não pedir ao 
examinando para desenhar “outra” casa, ou “outra” árvore, porque a 
palavra “outra” pode significar que ele não deve repetir o mesmo tipo 
de desenho feito com o lápis preto. Para que o teste apresente uma 
maior fidedignidade, o examinando deve ter todas as possibilidades de 
escolha. 
Para qualquer dúvida do examinando, como, por exemplo: “Que tipo de 
casa devo desenhar?” ou “Não sei desenhar muito bem”, etc., o 
examinador deve calmamente responder: “Como você quiser”, “Como 
você achar melhor” ou “Como você gostar”. 
 
3. 
INQUÉRITO 
O examinador deve observar e anotar todos os movimentos e 
verbalizações do examinando estimulando-o sempre de forma tranquila 
e despretensiosa. Qualquer emoção manifestada pelo sujeito enquanto 
está desenhando ou sendo questionado a respeito de seus desenhos 
representa uma reação emocional à situação, que, de certa forma, está 
direta ou simbolicamente representada ou sugerida nos desenhos. 
É importante que se observe como ele se entrega à tarefa, de forma 
confiante e confortável ou se expressa dúvidas a respeito de suas 
habilidades. 
Quando está realizando os desenhos, o que as suas expressões revelam? 
 ( )Insegurança ( )Ansiedade ( ) Desconfiança 
( )Tensão ( )Arrogância ( ) Hostilidade 
( ) Negativismo ( ) Cautela ( ) Autocrítica 
( )Relaxamento ( )Bom humor ( ) Alegria 
( ) Serenidade ( ) Confiança 
 
 
19 
 
É importante observar a sequencia em que o examinando faz seus 
desenhos. O examinador deve ficar alerta quando a sequencia é 
alterada e anotar enquanto o desenho está sendo produzido; caso 
contrário, esses detalhes ficam perdidos em um global terminado. O 
global pode parecer muito bom, mas a dificuldade em produzi-lo de 
uma maneira convencional pode ser o primeiro sinal de problema 
psicológico. 
Deve-se lembrar sempre que um sinal isolado não quer dizer muita 
coisa. É apenas um indicador de problemas e somente quando temos 
uma gama de sinais apontados em uma mesma direção é que podemos 
pensar em uma patologia. 
Após o término dos desenhos, o avaliador deve começar o inquérito 
relativo a cada um dos desenhos. 
 
 
Nome----------------------------------------------------------------------------------------
---------------- 
Idade;----.anos------meses Data de nasc.: ____/____ / 
Grau de escolaridade--------------------------------------Data: ___/___/___ 
 
 1 — Casa 
Uso da borracha ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) ( ) Não usa 
01. Muito bem, vejamos agora se inventamos uma história sobre essa 
casa como se fosse uma novela ou uma peça de teatro. Por exemplo, de 
quem é essa casa?-----------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------- 
02. Quantas pessoas moram nela?--------------------------------------------------
---- 
03. Quantos andares tem?-------------------------------------------------------------
----- 
04. Falta alguma coisa nessa casa?--------------------------------------------------
----- 
 
20 
 
05. Você gostaria de morar nela?----------------------------------------------------
-------- 
06. Se você fosse dono (a) dessa casa e pudesse fazer com ela o que 
bem quisesse, qual o cômodo que você escolheria para você? Por quê? 
------------------------------------------------------------------------------------------------
- 
07. Quando você olha para a casa, ela parece estar perto ou longe de 
você?---- 
------------------------------------------------------------------------------------------------
------------- 
08. Se você estivesse olhando essa casa, como você a estaria vendo? 
( )Na altura dos seus olhos ( ) Abaixo ( ) Acima dos seus olhos 
09. Em que essa casa faz você lembrar ou pensar?------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
10. Essa casa é: 
( )Feliz ( )Amiga ) ( ) Confiável 
( )Triste ( )Agressiva ( ) Barulhenta Por que? --------------
------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------- 
11. Você acha que a maioria das casas é assim ?---------------------------------
------------------- 
------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------- 
12. Alguém ou alguma coisa já machucou essa casa? Por quê?--------------
------------------- 
------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------- 
13. De que essa casa necessita mais ------------------------------------------------
------------------- 
------------------------------------------------------------------------------------------------
---------------- 
 
21 
 
14. Desenhe um sol. Vamos imaginar que esse sol seja alguma coisa ou 
pessoa que você conhece. Quem seria?--------------------------------------------
----------------------------------- 
 
 
 
2— Árvore 
Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa 
01. Sequencia do desenho: 
____________________________________________ 
02. Que tipo de árvore é essa que você desenhou? ____ 
03. Onde ela poderia estar situada? ________________ 
04. Quem a plantou? Por quê? _______________________ 
05. Que idade ela tem? ___________________________ ________ 
06, Você pensa nela como estando: 
Viva ( ) Por que você acha que ela está viva? ______ _______________ 
Morta ( ) Existe alguma parte morta nessa árvore? Por que você acha 
que morreu? 
Há quanto tempo 
morreu?_____________________________________________ 
07. Essa árvore para você parece mais um homem ou uma mulher? Por 
quê? ____ 
08. Essa árvore está sozinha ou em um grupo de árvores? _-------------
_________________________ 
09. Olhando para a árvore, você tem a impressão de que ela está: 
Acima ( ) Abaixo ( ) No mesmo plano que você 
10. Como está o clima nessa figura? 
_________________________________ 
11. Há algum vento soprando nessa figura? _____________ _____ 
 
22 
 
12. Em que essa árvore faz você lembrar ou pensar? 
___________________ - - 
13. Essa árvore está sadia? _____________________________ 
14. Por que você acha que ela está sadia? ___________ 
15. Do que essa árvore mais necessita? ________________ 
______________ 
16. Alguém ou alguma coisa já feriu essa árvore? _________ ________ 
________ 
 
3—Pessoa 
Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa 
01. Sequencia do desenho: 
_________________________________________________ 
02. Isso é: ( ) um homem ( ) uma mulher 
 ( ) Um menino ( ) uma menina 
 
03, Quantos anos tem? ____________________ 
04. Quem é ele (a)? ______________ ____ 
05. O que ele (a) está fazendo? _______________ 
06. Ele (a) se dá melhor com o pai ou com a mãe 
07. Em que ano está na escola? ________ 
08. O que ele(a) quer ser? 
_______________________________________________ 
09. Qual é a parte mais bonita de seu corpo? ____________________ -
_______________ 
10. E a mais feia? ____________ ______ 
11. Como ele (a) se sente? Por quê? ____________ 
12. O que mais o(a) preocupa? ___________ 
 
23 
 
13. Tem muitos amigos? ___________________ ______— 
14. Mais velhos ou mais novos? ______________ _____ 
15. O que ele (a) mais quer da vida? ________________________-____ 
16. A melhor qualidade dele (a) é _______________ _____ --____ — 
17. A pior é _______________ _____ _______ 
18. Do que ele (a) tem medo? _____________ __________ 
19. Deque essa pessoa mais precisa? ________ _____ - -- -— 
20. Você gostaria de ser como essa pessoa? __________________ -- — 
21. O que as pessoas falam dele (a)? _____________________ 
22. E os familiares? ______________ 
23. Alguém já feriu essa pessoa? Por quê? 
________________________________ 
24. Imagine que o sol seja uma pessoa que você conhece. Quem seria? 
25. Você acha que a maioria das pessoas se sente assim? 
26. Qual é o clima nessa figura? — 
27. Que tipo de roupa está vestindo? __________ ____ 
 
Só Para Adultos 
01. Estuda ou trabalha? 
02. O que mais quer da vida? __________________ 
03. Prefere ficar só ou no meio de outras pessoas? — 
04. Namora? ____________________________ 
05. Tem vida sexual?__________________________ 
06. Se casado (a) - Vive bem com o companheiro (a)? 
07. As relações sexuais são gratificantes? _____ 
 
 
24 
 
4— 
 Família de Origem 
 
Uso da borracha: ( ) Excessivo ( ) Normal ( ) Não usa 
01 Sequencia do desenho -------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------- 
02. Quem são as pessoas que desenhou?------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------- 
03. Aí estão todos os seus familiares?----------------------------------------------
------------- 
04. Quem está faltando?---------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------- 
05. Por que não está aí?----------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------ 
06. Quem é a pessoa com quem você melhor se relaciona nessa família? 
Por quê?------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------- 
07. Quem é a pessoa com quem você tem mais dificuldade em se 
relacionar? Por quê?--------------------------------------------------------------------
------------------------------------------------ 
08. Quem é a pessoa mais feliz desse grupo? Por quê?------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------- 
09. Quem é a mais triste ou a menos feliz? Por quê?---------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------ 
 
 
 
25 
 
5 — 
Família Ideal 
 
1. Sequencia do desenho:- ------------------------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------- 
2. Quem são as pessoas que desenhou?-------------------------------------------
------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------- 
3. Em que família você estava pensando quando estava desenhando?----
------------------------------------------------------------------------------------------------
------------------------------------- 
 
No final de cada desenho é interessante pedir ao examinando que 
coloque um sol. Presume-se que o sol simbolize a figura de maior 
autoridade ou de maior calor e/ou aFeto no ambiente. A disparidade de 
tamanho entre o sol e o total do desenho pode expressar a visão que o 
examinando tem a respeito de seu relacionamento com a pessoa 
representada pelo sol. 
 
4. 
ANÁLISE QUALITATIVA 
 
Avaliação do HTP-F, tanto cromático como acromático, precisa ser 
efetuada com bastante cuidado. A interpretação de um dado só pode 
ser considerada correta depois ter relacionado esse detalhe à 
configuração total obtida. É essencial que não se coloque peso 
demasiado em dados isolados. 
Na avaliação dosdesenhos deve levar-se em conta o princípio básico de 
que o papel repreta o ambiente, o desenho, o próprio sujeito e que 
somente a partir dessa interação simbolizada é que são realizadas as 
interpretações. 
 
26 
 
Uma série de itens faz parte da coleta de dados referentes à maneira 
como o indivíduo desenhou, na análise qualitativa, devemos considerar 
todos os desenhos (CASA, ÁRVORE,HUMANA, FIGURA HUMANA DO 
SEXO OPOSTO AO DA DESENHADA, FAMÍLIA DE ORIGEM e FAMÍLIA 
IDEAL). 
Para efetuar uma análise qualitativa, necessitamos observar os 
seguintes itens: 
4.1 — Resistências 
São casos de rejeição à tarefa proposta em graus diferentes de 
intensidade, podendo ocorrer, em um extremo, a negação para 
desenhar e, no outro, a execução adequada dos desenhos. 
Não apresenta — confiança no desempenho. 
Negação — intenso sentimento de inferioridade, sensação de ser 
inadequado para o cumprimento da tarefa, dificuldade em arriscar-se e 
em receber julgamentos, bloqueios severos ou atitudes de negativismo 
e oposição em relação ao ambiente (comum em fobia Social, Transtorno 
de Personalidade de Esquiva ou Transtorno de Personalidade 
Paranóide). 
Omissão de algumas partes do desenho — indícios de problemas e 
conflitos em relação à parte em questão (comum em pacientes com 
Esquizofrenia, Transtorno Depressivo, Transtorno de Estresse Pós-
Traumático, Transtorno de Ansiedade Generalizada ou Hipocondria). 
 
4.2 — Análise sequencial do conjunto dos desenhos 
Oferece pistas a respeito da quantidade de energia e disposição do 
avaliando. O avaliador precisa ficar atento tanto ao aumento quanto à 
diminuição psicomotora e observar se o sujeito deixa levar-se por 
associações emocionais despertadas pela tarefa. 
Desenvolvimento normal — boa energia, equilíbrio emocional e 
mental. Alguns pacientes começam ansiosos, mas logo acalmam-se e 
trabalham eficientemente, sugerindo apenas uma ansiedade situacional. 
Decréscimo psicomotor — elevada fatigabilidade e em alguns casos 
depressão. A depressão caracteriza-se por uma acentuada pobreza de 
detalhes ou incapacidade para completar os desenhos. Alguns pacientes 
 
27 
 
inicialmente aceitam a tarefa de desenhar sem muito protesto, 
produzem um desenho razoavelmente bom na primeira tentativa, mas 
demonstram fadiga óbvia no desenho seguinte. Por exemplo: 
abandonam a tarefa logo após terem produzido apenas a “cabeça” do 
desenho da FIGURA HUMANA. 
Aumento psicomotor — impulsividade, ansiedade excessiva, abertura a 
estímulos (sugere Transtorno de Personalidade Borderline). 
 
4.3 — Tempo consumido 
O uso que o avaliando faz do tempo durante a execução fornece pistas 
valiosas referentes ao significado que os desenhos têm para ele. O 
avaliador deve relacionar o tempo total consumido com a qualidade dos 
desenhos. Alguns pacientes desenham e apagam várias vezes, perdendo 
muito tempo; outros consomem a mesma quantidade de tempo, mas 
desenham livremente e colocam uma infinidade de detalhes. 
Tempo de latência inicial — a maioria dos indivíduos bem ajustados 
começa a desenhar mais ou menos 30 segundos depois que as 
instruções foram dadas. 
Pausas durante a realização do desenho — depois de iniciado o 
desenho, qualquer pausa superior a mais ou menos que cinco segundos 
sugere conflitos com o que acabou de desenhar ou ainda com o que vai 
ser desenhado. Quando ocorrem pausas durante os comentários 
espontâneos do sujeito ou enquanto ele está respondendo ao 
questionário, é indício de prováveis bloqueios. 
4.4 Pressão no desenhar 
Analisa o nível de energia do indivíduo. O tipo de linha e a pressão do 
traçado indicam, em extremo, energia, vitalidade, decisão e iniciativa e, 
no outro, insegurança, falta de confiança em si ou ansiedade. 
Pressão média — boa energia, equilíbrio e vitalidade. 
Pouca pressão, traço leve — baixo nível de energia, insegurança, 
timidez, sentimento de incapacidade, falta de confiança em si mesmo e 
em alguns casos repressão dos impulsos. (comum em Deprimidos, 
Esquizofrênicos e sugere também Transtorno de Personalidade 
Dependente ou sentido artístico e/ou pessoas com personalidade mais 
sensível). 
 
28 
 
Muita pressão, traços fortes — excesso de energia, vitalidade, iniciativa, 
decisão, confiança em si mesmo ou medo, tensão, insegurança, 
agressividade e hostilidade para com o ambiente, aguda consciência da 
necessidade de autocontrole, falta de adaptação com esforço para 
manter o equilíbrio da personalidade ou ainda pode ser uma expressão 
de isolamento com necessidade de proteger-se de pressões externas 
(comum em Transtorno de Conduta, Transtorno de Personalidade 
Antissocial, Transtorno de Somatização e sugere também Transtorno de 
Ansiedade Generalizada). 
Variação na pressão — flexibilidade, capacidade de adaptação ou 
labilidade de humor, instabilidade e impulsividade (comum em 
pacientes com Transtorno de Personalidade Borderline). 
 
4.5 — Caracterização do traço 
Pessoas que apresentam o desenvolvimento da técnica do desenho 
utilizam-se de avanços e recuos no seu traçado. Crianças, de maneira 
geral, apresentam com mais frequência um traço contínuo, com linhas 
firmes, grossas e pesadas. 
Traços com predominância de linhas decisivas, controladas e livres — 
decisão, rapidez, esforço dirigido, bom tônus muscular e equilíbrio 
emocional e mental (comum em indivíduos rápidos, decididos, seguros e 
com perseverança para trabalhar e alcançar os objetivos). 
Traços longos ou extremamente contínuos — falta de sensibilidade, 
medo de iniciativas ou humor agressivo (comum em alguns indivíduos 
inibidos e sugere Fobia Social). 
Traços com avanços e recuos - emotividade, ansiedade, falta de 
confiança em si, timidez, insegurança, hesitação ao encontrar novas 
situações ou sentido artístico, intuição e sensibilidade (comum em 
pacientes excitáveis e com comportamento mais impulsivo, sugerindo 
Transtorno de Ansiedade Generalizada). 
Traços interrompidos, mudando de direção — incerteza, temor, 
angústia, insegurança, falta de opinião própria e de pontos de vista bem 
firmados ou dissimulação de problemas, não aceitação do meio 
ambiente, agressividade controlada e oposição (sugere Transtorno de 
Ansiedade Generalizada). 
 
29 
 
Traços apagados — dissimulação da agressividade, medo de revelar os 
problemas, de se expor ou debilidade física, inibição, timidez, 
sentimento de insignificância, sensação de ser desprovido de valor e 
sensação de ser incapaz de ser reconhecido como pessoa (sugere 
Transtorno Depressivo). 
Traços trêmulos — insegurança, medo, esgotamento nervoso, fadiga 
extrema e sensibilidade excessiva (comum em Doenças Cerebrais, 
Alcoolismo, Intoxicação por Drogas, remédios, etc. e sugere Transtorno 
Depressivo). 
Traços pontilhados ou denteados — agressividade, hostilidade e 
dissimulação (sugere Transtorno da Conduta e/ou Transtorno de 
Personalidade Antissocial). 
Traços peludos — personalidade primitiva, comum em pessoas que 
agem mais pelo instinto do que pela razão (sugere Transtorno da 
Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Antissocial). 
Quando em cada linha há indícios de estresse, falta de objetivos, 
confusão ou traços estranhos (olhos fora do rosto, mãos e dedos ou 
estão ligados a lugares errados ou não estão presentes) — sugere 
Esquizofrenia. 
4.6 — Indicadores de conflitos 
O tratamento diferencial dado a qualquer área do desenho indica, na 
maioria das vezes, conflitos nessa determinada área. É importante 
salientar que um sombreado nem sempre é ansiedade, pois pessoas 
com aptidões para desenhos muitas vezes fazem uso desse recurso. 
Reforços suaves ou raros -brandura, passividade de temperamento ou 
expressão auto-afirmativa. 
Sombreamento não excessivo — tato, sensibilidade, pessoa sonhadora 
ou que mascara conflitos. 
Correções e retoques — insatisfação com a produção, incerteza, 
insegurança, ansiedade, algumas vezes podendo sugerir agressividadee 
dissimulação (sugere Fobia Social). 
Rasuras ou borraduras resultantes de correções — insegurança, falta 
de autoconfiança e desejo de perfeccionismo (sugere Fobia Social e/ou 
Transtorno de Ansiedade Generalizada). 
 
30 
 
Recobrir uma linha já traçada com riscos mais intensos — ansiedade, 
insegurança, falta de autoconfiança ao se defrontar com situações novas 
ou sentimento de perda afetiva e de acobertamento da angústia ou da 
agressividade (comum em pessoas imaturas sexualmente e em alguns 
Homossexuais). 
Sombreamento — ansiedade, conflitos, medo, insegurança ou 
descontentamento aberto e consciente, Quanto mais extensa a área 
sombreada, maior é a ansiedade. No caso de efeitos artísticos, pode 
refletir racionalização da ansiedade. 
Omissões de braços, pernas, mãos ou traços fisionômicos — conflitos, 
Deve analisar-se de acordo com a área, pois assumem significados 
distintos. 
 
4.7 — Localização no papel 
A folha de papel simboliza o ambiente, e a localização do desenho 
revela a adaptação do sujeito ao meio e como ele o manipula, assim 
como a maneira de estar no mundo, suas atitudes ante a vida 
intelectual, instintiva, etc. 
Fazendo uma analogia com a figura humana, podemos intuir que os pés 
simbolizam o contato direto com o chão, com a realidade e com a terra 
e a cabeça como sendo a fonte das idéias, das fantasias e do intelecto. 
Meio da página ou centro — comportamento emocional e adaptativo 
em equilíbrio e segurança. As crianças cujo trabalho não é centralizado 
tendem a apresentar pouco controle e maior dependência. Quando 
todos os desenhos são colocados rigidamente no meio da página, 
podemos pensar também em ansiedade, inflexibilidade ou insegurança. 
 
 
31 
 
 
 
Metade superior — quanto mais para cima o desenho, maior a 
tendência de buscar satisfação na fantasia, e não na realidade. Alguns 
pacientes deprimidos fazem seus desenhos bem no alto, como que 
enfatizando o sentimento de que estão se empenhando bastante para 
não mostrar a depressão. Adultos inseguros em relação à própria 
capacidade, que vivem como “flutuando no ar”, sem muito contato com 
a realidade também costumam fazer seu desenho no alto da página. A 
metade superior pode simbolizar a vida espiritual, a tendência mística e 
o mundo do “grande pai”. 
 
 
 
Metade inferior — quanto mais para baixo o desenho, maior a 
tendência ao materialismo, a fixação à terra e ao inconsciente. Alguns 
pacientes deprimidos fazem seus desenhos na beira do papel, e 
geralmente estes são pouco minuciosos com uma deterioração 
progressiva tanto da qualidade das linhas quanto da quantidade de 
detalhes. A metade inferior também simboliza o mundo da mãe terra, a 
fixação à matéria e a dimensão concreta, 
 
 
32 
 
 
 
 
 
Figuras presas à margem do papel — falta de confiança, medo de ações 
independentes e necessidade de apoio (a interpretação é a mesma de 
janelas presas à margem das paredes). 
Em diagonal — perda de equilíbrio e insegurança. 
 
4.8 — Tamanho das figuras 
Em geral o desenho ocupa de 1/3 a 2/3 da página. O tamanho das 
figuras fornece um paralelo entre a dinâmica, o ambiente e as figuras 
parentais. Oferece, também, pistas a respeito da autoestima, auto-
expansividade, fantasia de auto-inflação, o grau de adequação e a forma 
como está reagindo às pressões ambientais. Em um extremo, o paciente 
pode estar reagindo às pressões ambientais com sentimentos de 
inadequação e inferioridade e no outro, pode reagir com grande 
 
33 
 
valorização de si mesmo, Crianças inseguras tendem a desenhar figuras 
pequenas, em contraste com as figuras grandes e ousadas das crianças 
seguras. 
Tamanho médio - inteligência, boa autoestima, adequação ao meio, 
capacidade de abstração e equilíbrio emocional. 
Figuras grandes — podem indicar tanto expansividade como inibição. 
Sugerem reação às pressões ambientais, com sentimentos de expansão 
e agressão, falta de controle ou inibição e idéias de grandeza, para 
encobrir sentimentos de inadequação. Podem também simbolizar 
sentimentos de rejeição social e inferioridade a respeito do corpo. (O 
desenho bem centrado pode indicar ambições e força de expansão do 
ego, porém preso pelo mundo da fantasia.) 
Figuras muito grandes que chegam a ultrapassar o limite da folha — 
sugerem sentimento de constrição por parte do ambiente, com 
fantasias compensatórias de auto-expansão e evidência de 
agressividade com possível descarga motora no meio ou controle 
interno ineficiente (comum em casos orgânicos, Transtorno de 
Personalidade Paranóide ou crianças com descontrole motor que não 
percebem o limite da folha ou com tendência ao roubo). 
Figuras pequenas — sentimento de inferioridade com dificuldade em se 
colocar no meio, inibição, timidez, repressão da agressividade, 
comportamento emocionalmente dependente e ansioso. Sugere 
eventualmente inteligência elevada, mas com problemas emocionais 
por sentimentos de inadequação, baixa autoestima, insignificância, 
excesso de autocontrole e reação de maneira não adequada às pressões 
ambientais (comum em Depressivos e sugere também Transtorno de 
Personalidade Dependente). 
Figuras muito pequenas, minúsculas — sentimento de inadequação e 
rejeição pelo ambiente, tendência ao isolamento; a criança que faz um 
desenho muito pequeno indica que as relações com o meio são sentidas 
como esmagadoras (sugere fobia Social, Transtorno de Personalidade 
Esquiva, Transtorno de Personalidade Esquizoide e/ou Transtorno de 
Estresse Pós-Traumático). 
Criança que desenha figuras pequenas e grandes — dificuldade em 
responder de forma plenamente saudável às experiências, ou percepção 
tendenciosa de si mesmo e dos outros. 
 
34 
 
Relação das partes do desenho em relação ao todo — quanto maior a 
disparidade, maior a possibilidade de desajuste. 
 
4.9 — Detalhes no desenho 
Existem detalhes que são essenciais aos desenhos, como, por exemplo, 
no desenho da CASA. Esta deve possuir pelo menos uma porta (a não 
ser que somente o lado da casa esteja desenhado), uma janela, parede e 
telhado. Atualmente com ouso do aquecimento elétrico, a chaminé não 
constitui mais um detalhe essencial no desenho da CASA. 
A ARVORE deve ter pelo menos tronco e copa. 
A FIGURA HUMANA deve apresentar cabeça, tronco, dois braços e duas 
pernas, a não ser que seja desenhada de tal maneira que somente um 
dos membros seja aparente, o que também é significativo. Nas 
características faciais, deve ter dois olhos, um nariz, uma boca e duas 
orelhas, a não ser que a posição não permita que todos os elementos 
apareçam. 
A ausência de qualquer detalhe essencial é séria e quanto maior o 
número destas, mais significativas serão as implicações patológicas. 
 Detalhes adequados — inteligência, percepção adequada e 
ajustamento ao meio. 
Uso limitado de detalhes não essenciais — bom teste de realidade e 
relação equilibrada com o ambiente. 
Detalhes inadequados ou uso mínimo de detalhes essenciais — fuga 
e/ou conflito na área representada ou simbolizada pelo detalhe, 
dificuldade de entendimento, insegurança, energia reduzida, 
sentimento de vazio e retraimento (comum em Depressivos, que 
geralmente fazem desenhos apagados, com linhas tênues e sem 
detalhes). 
Detalhes excessivos — insegurança, sentimento de que o mundo é 
incerto e/ou perigoso, rigidez, tendência a defender-se contra o caos 
externo ou interno criando um mundo rigidamente organizado e 
altamente estruturado (desenhos exatos, com elementos rígidos e 
repetidos, não existindo nem uma linha fora de lugar, são encontrados 
com frequência Transtorno de Personalidade Obsessivos-Compulsivos). 
 
35 
 
Detalhes não essenciais — geralmente tendema enriquecer o desenho, 
como, por exemplo na CASA, a colocação de cortinas na janela ou 
material de parede, indicado por desenho minucioso ou sombreado, 
etc. Na ARVORE, uma folhagem desenhada detalhadamente ou 
sombreada; na FIGURA HUMANA, cabelo ou roupa extremamente 
elaborados. 
Detalhes bizarros — como, por exemplo, órgãos internos vistos por 
meio da roupa ou pele parede transparente de forma que se observem 
os objetos dentro da casa, sugerem desordem emocional, porém, em 
crianças pequenas, não apresentam significado patológico (em adultos 
sugere Esquizofrenia). 
 
4.10 — Uso da borracha 
 
O uso da borracha só tem valor quando o sujeito mostra capacidade de 
melhorar o seu desempenho. Apagar o desenho sem aperfeiçoá-lo não é 
bom sinal e quando o toma pior é mais significativo ainda. 
A constante necessidade de apagar na maioria das vezes significa 
conflito. 
Normal — autocrítica. 
Não usa— falta de crítica ou autoconfiança no desempenho. 
Uso exagerado — insegurança, excesso de autocrítica, indecisão, 
insatisfação consigo mesmo, falta de controle e fuga (sugere Fobia 
Social). 
 
 
 
 
- 
 
 
36 
 
 
 
5.1 — Introdução 
 
A CASA, como local de moradia, simboliza a cena das relações 
intrafamiliares, desde as mais satisfatórias até as mais frustrantes. 
 
37 
 
Provoca associações referentes à vida doméstica no passado, presente 
ou como gostaria que fosse no futuro ou, ainda, uma combinação 
desses estágios. A CASA também pode simbolizar um autorretrato, 
fornecendo ao examinador ricas informações sobre as relações do 
sujeito com a realidade e a fantasia, sobre os contatos que faz com o 
meio e também sobre a maturidade e o ajustamento psicossexual. 
E interessante ressaltar que após a observação de inúmeros desenhos 
percebe-se que a grande maioria dos pacientes (adultos e crianças) faz 
suas casas com um telhado inclinado e chaminé, em uma representação 
infantil, Em concordância Di Leu (1987) em seu estudo sobre o desenho 
da CASA, aplicado em crianças citadinas, percebeu que a grande maioria 
desenhou casas que são típicas da vida campestre (com telhado 
inclinado e chaminés), em vez dos complexos apartamentos, tipo 
colmeia, em que a maioria delas realmente vive. 
O desenho da CASA fornece dados sobre as relações familiares, pois 
simboliza o lugar onde são buscados os afetos, a segurança e as 
necessidades básicas que encontram preenchimento na vida familiar. 
A criança antes da idade escolar ao representar uma CASA desenha o 
que sabe que deve estar lá, ignorando como ou se realmente está 
visível. A realidade interna dará lugar, gradualmente, a uma realidade 
exterior mais prosaica desprovida da fantasia, quando a criança 
amadurece. A passagem da subjetividade para a objetividade não é 
abrupta, ambas as formas de “ver” podem coexistir até bem depois dos 
7 anos de idade. 
Quando solicitadas a desenhar uma CASA, as crianças invariavelmente 
desenharão o exterior. Se a casa é percebida como um lar, com todas as 
suas conotações de calor, proteção, segurança e amor, poderão vitalizá-
la com as pessoas significativas em suas vidas, flores, árvores ou sol. 
Nos adultos, quando casados, o desenho da CASA também reflete a 
situação doméstica em relação ao cônjuge. 
Simbolicamente a CASA pode, também, representar a imagem corporal. 
Pessoas com problemas em áreas fálicas (preocupação a respeito de 
questões sexuais com necessidade de demonstrar virilidade) 
frequentemente projetarão tais problemas desenhando uma chaminé 
bem grande. 
Os dados psicológicos levantados são obtidos pelo significado funcional 
dos elementos do desenho, pelo seu formato e por meio do aspecto 
 
38 
 
simbólico ligado a cada detalhe. É importante observar a habilidade com 
que o sujeito organiza seus detalhes em um todo significativo. O 
telhado, a parede, a porta e a(s) janela(s) são detalhes considerados 
essenciais no desenho da Casa. Habitualmente as pessoas desenham na 
seguinte sequencia: Telhado, parede, porta e janela(s) ou uma linha de 
base, parede, telhado, porta e janela. 
Uma sequencia de detalhes oscilantes indica, na melhor das hipóteses, 
indecisão. 
A casa geralmente é desenhada de pé, intacta, Qualquer movimento, 
como telhado paredes caindo, pode expressar um colapso do ego sob os 
ataques do ambiente ou das relações interpessoais. 
 
5.2— Perspectiva e posição da casa 
Fornece-nos dados da reação afetiva sobre a vida familiar. 
Casa como um todo adequado e substancial, na altura do observador 
— harmonia nas relações familiares e adequação na imagem corporal. 
Casa desenhada como se fosse vista de cima — rejeição e 
distanciamento da situação familiar e dos valores pertinentes, com 
sentimento compensatório de superioridade (o sentimento de 
superioridade em relação ao ambiente familiar pode tratar-se de uma 
atitude defensiva). 
Casa desenhada como se fosse vista de baixo — sensação de rejeição, 
perda de valor, baixa autoestima e inferioridade na situação doméstica; 
a felicidade na situação familiar é considerada como algo dificilmente 
atingível (comum em pacientes com desajustamento familiar e 
deprimidos). 
Casa de longe como se estivesse distante do observador — isolamento 
afetivo, retraimento, inacessibilidade, sensação de que as boas relações 
com os familiares são inatingíveis ou incapacidade para enfrentar a 
situação doméstica (comum em pacientes com dificuldades para lidar, 
com as situações referentes à família e deprimidos). 
Casa em perfil parcial — bom nível intelectual e tendência a um 
comportamento mais flexível. 
 
39 
 
Casa do tipo “perfil absoluto” ou desenho em que a porta ou a entrada 
não são visíveis — retraimento, isolamento, inibição, dificuldade nos 
contatos sociais, tendência à fuga e oposição ou máscara social (comum 
em pacientes com Transtorno de Personalidade Paranóide e sugere 
também Fobia Social). 
Casa desenhada como vista pelos fundos ou por trás-retraimento, 
isolamento e dificuldade nos contatos sociais, porém com sentido mais 
patológico (comum em Esquizofrênicos, Transtorno de Personalidade 
Paranóide e sugere também Fobia Social). 
Desenhos de fachada (isto é, só uma parede é mostrada e não oferece 
sugestão de profundidade) —tendência a usar uma máscara social 
(comum em pacientes com comportamento rígido que escondem 
sentimentos de inadequação e insegurança). 
Casa desenhada de modo que uma das margens laterais do papel sirva 
como parede — insegurança extrema (sugere Transtorno do Pânico). 
Uso da margem inferior da página como base ou linha do solo - 
sentimento de inadequação e insegurança (comum em alguns casos de 
depressão). 
5.3 — Tipos de Casa 
Ao analisar a Casa como um todo, observa-se que, além de o sujeito 
mostrar como se relaciona com o meio, pode por meio do desenho 
expor todos os seus sonhos e fantasias de realização, assim como a 
precariedade de sua vida. 
Choupana — desejo de isolamento, de descansar em paz, de romper 
com o mundo e/ou sentimento de perda amorosa, econômica ou social. 
Forma imatura de reagir aos estímulos ambientais (sugere Transtorno 
Depressivo, Transtorno de Personalidade de Esquiva e/ou Transtorno de 
Personalidade Esquizoide). 
Igreja- culpa sensação de não ser bom o bastante, pensamentos ruins 
ou sublimação dos impulsos sexuais. 
Hospital — medo ou fixação de doença (comum em Hipocondríacos). 
Escola — dificuldades intelectuais, medo de não ser bom o bastante, 
problemas ou fixação na escola ou ambição e supervalorização 
intelectual (sugere Transtorno de Aprendizagem). 
 
40 
 
Prisão — culpa necessidade de liberdade e conflitos (comum em 
pessoas que se veem aprisionadas em uma situação doméstica). 
Casa de aparência irreal, como em contos de fada — dificuldade para 
encarar a realidade com imersão na fantasia (sugere Transtorno de 
Personalidade Esquizotípica). 
Castelos — imersão na fantasia e/ou sentimentos de inferioridade.Prédios — sensação de falta de espaço, prisão, necessidade de 
liberdade ou acolhimento ou sensação de fazer parte de um todo. 
Casa de dois andares com apartamentos — cerceamento, 
aprisionamento ou desejo de contato sexual (comum em Deprimidos). 
Casa de dois andares ou mansão — aspirações, vontade de ser 
reconhecido, notado e necessidade de status social ou fortes 
sentimentos de inferioridade (sugere Transtorno de Personalidade 
Narcisista). 
 
 5.4-Linha representativa do solo ou chão 
 
O chão simboliza o contato com a realidade. O solo pode ser firme, claro 
ou tênue, adquirindo aspecto importante para o diagnóstico. 
Pacientes mais comprometidos emocionalmente invariavelmente 
apresentam dificuldade em desenhar a CASA com um contato firme com 
a realidade, geralmente não traçam a linha representativa, fazendo com 
que o desenho flutue no ar, sem tocar qualquer ponto. 
Linha firme e clara — bom contato com a realidade objetiva. 
Linha de base como o primeiro detalhe a ser desenhado, com ênfase 
por reforçamento ou negrito —insegurança e necessidade de amarrar o 
desenho em alguma coisa substancial na página (comum em 
Deprimidos). 
Linha do solo distante do desenho ou desenho que flutua no ar sem 
tocar em qualquer ponto — suspeita de rompimento com a realidade 
objetiva e refúgio na fantasia (sugere Transtorno de Personalidade 
Esquizotípica). 
 
41 
 
Chão tipo arco, com a maior elevação no centro da página — suspeita 
de sentimentos de dependência (sugere Transtorno de Personalidade 
Dependente). 
Linha representada pela borda do papel — é comum em crianças, mas 
em adultos sugere insegurança, ansiedade e fixação na infância. 
 
5.5- Paredes 
 
As paredes simbolizam a capacidade de auto-sustentação, integração e 
controle dos impulsos. Representam por hipótese o ego do sujeito 
indicando sua força, fraqueza ou deterioração. 
O material das paredes é menos frequentemente desenhado em relação 
a outras partes do desenho. 
Paredes com traços firmes e adequados — personalidade estável, bom 
ajustamento e controle do ego. 
Paredes menores que o teto ou corpo da casa pequeno e teto grande 
— tendência a buscar satisfação na fantasia e na atividade imaginativa. 
Paredes maiores que o teto ou corpo da casa grande e teto pequeno — 
menor valorização da fantasia, tendência à objetividade, maior controle 
racional sobre a vida instintiva, com comportamento mais prático e 
voltado para a realidade concreta. 
Paredes desconjuntadas ou que estão desabando — franca 
desintegração do ego (comum em pacientes que estão empregando um 
esforço consciente, hipervigilante, constante e intenso para manter o 
ego intacto). 
Reforço nos contornos da parede — esforço e vigilância para manter a 
integridade do ego e aumento das defesas. 
Paredes frágeis, com traço fraco, tênue e/ou inadequado — 
sentimento de colapso, de fraco controle do ego, de ruptura emocional 
iminente sem o emprego de defesas compensatórias a sentimentos de 
inadequação, insegurança e necessidade de apoio (comum em 
pacientes mais adaptados à própria patologia, que aceitaram derrota 
como inevitável e pararam de lutar, ao contrário dos que reforçam as 
 
42 
 
linhas da parede, estes apresentam uma atitude mais passiva de 
submissão às forças desintegradoras que os ameaçam e sugere 
Transtorno Depressivo). 
Paredes com apoios ou tijolos aparentes — desgaste emocional, 
ameaça de destruição, com sofrimento do ego e sensação de 
desintegração (sugere Transtorno stress Pós -Traumático). 
Paredes transparentes, permitindo a visão de objetos no interior da 
casa — no adulto sugere violação das regras da realidade, imaturidade e 
diminuição da percepção da realidade (comum em Transtorno de 
Aprendizagem e em Esquizofrênicos). Em crianças pequenas, apenas 
indicam a sua imaturidade em termos de capacidade conceitual, 
permitindo-se uma grande liberalidade quanto à representação da 
realidade. 
Calhas para escoamento de água — atitude defensiva e de suspeita, 
com um esforço concomitante de canalizar estímulos desagradáveis. 
 
5.6 — Porta 
A porta indica o local de passagem entre dois estados, entre dois 
mundos, entre o conhecido e o desconhecido, entre o interior e o 
exterior e simboliza o contato, o relacionamento a interação com o 
meio ambiente. 
Obs.: Após o desenho da casa é interessante perguntar ao examinando 
se a porta está fechada ou aberta; crianças muitas vezes desenham a 
porta fechada, mas a imaginam aberta. 
Porta aberta e um caminho à vista — pessoa equilibrada ou que 
procura novos caminhos. 
Porta muito pequena em relação às janelas e à casa em geral — 
relutância em estabelecer contato com o ambiente, afastamento das 
trocas interpessoais, timidez e receio nas relações com os outros 
(sugere Transtorno de Personalidade de Esquiva e/ou Transtorno de 
Personalidade Esquizoide). 
Porta excessivamente grande — excessiva dependência em relação ao 
meio ou às pessoas em geral e necessidade de interação; quanto maior 
a porta, maior a dependência do meio externo (sugere Transtorno de 
Personalidade Dependente). 
 
43 
 
Porta fechada — autodefesa e/ou defesa para com o mundo. 
Porta fechada com fechaduras, dobradiças ou olho mágico — medo 
hiperdefensivo do perigo externo, de contato, sensibilidade e defesa ou 
problema sexual e/ou desejo de contato sexual (comum em Transtorno 
de Personalidade Paranóide e sugere também Transtorno do Pânico). 
Ênfase na maçaneta — preocupação com o contato (função da porta). 
Porta aberta — necessidade interna de receber calor emocional do 
exterior e de expressar acessibilidade (quando existem pessoas 
morando na casa). Quando a casa é vazia (não existe ninguém 
morando), a porta aberta indica sentimento de extrema vulnerabilidade, 
carência afetiva, necessidade de reforço emocional de fora e falta de 
adequação das defesas do ego (sugere Transtorno de Personalidade 
Dependente). 
Porta entreaberta — equilíbrio e/ou necessidade de contato. 
Porta bem acima da linha que representa o chão da casa, sem que 
apareçam degraus — isolamento do meio e tentativa de se conservar 
inacessível nas relações interpessoais; os contatos são unicamente 
segundo as próprias conveniências (sugere Transtorno de Personalidade 
Esquizoide). 
Porta acima do solo e com degraus — tentativa de se manter 
inacessível, comum em pessoas que só estabelecem contatos com os 
outros nos seus próprios termos. 
 
5.7 —Janela 
 
É o meio secundário de interação com o ambiente. Representa uma 
maneira de comunicação menos direta e menos imediata com o mesmo. 
Enquanto abertura para o ar e para a luz, a janela simboliza a 
receptividade. 
Janela no lugar normal, simples, aberta e sem ênfase — equilíbrio e 
calma no contato social. 
 
44 
 
Janela com florzinhas — otimismo, interesse pela aparência, 
preocupação com o exterior, vaidade (sugere Transtorno de 
Personalidade Narcisista). 
Pessoa na janela — família bem equilibrada, harmonia e em alguns 
casos ansiedade. 
Janelas nuas, sem cortinas ou persianas— tendência a relacionamentos 
e contatos sociais diretos, falta de tato ou oposição. 
Reforço no contorno das janelas (quando não aparece em outras partes 
do desenho)—fixações orais, gula ou tendência ao tabagismo. 
Janela com grades, vidraças fechadas e/ou fechadas com trinco — 
medo defensivo do perigo externo, desejo de proteção e/ou defesa 
contra os impulsos ou estímulos externos, isolamento, barreiras nos 
contatos sociais, insegurança ou sentimento de estar cercado (a), 
sensação de o lar ser uma prisão em vez de algo confortável (comum em 
Transtorno de Personalidade Paranóide), 
Janelas decoradas com persianas ou cortinas — atitudes de interação 
controlada com o meio, certa ansiedade nas relações interpessoais e ou 
dissimulação. Pode também mostrar a visão da vida por meio das 
cortinas ou exibicionismo e narcisismo (comum em pessoas com 
Transtorno de Somatização).Janelas fechadas com persianas ou cortinas — retraimento, cautela nas 
trocas interpessoais e relutância em interagir com os outros (sugere 
Transtorno de Personalidade de Esquiva). 
Cortinas ou persianas nas janelas abertas ou parcialmente abertas — 
interação controlada com o ambiente ou a certa ansiedade nas relações 
interpessoais. 
Várias janelas sem persianas ou cortinas — tendência a se comportar 
de forma abrupta e às vezes direta, sem necessidade de mascarar 
sentimentos. 
Várias janelas com persianas ou cortinas — preocupação a respeito da 
interação com o ambiente. 
Distorção no tamanho das janelas — quando a janela da sala é maior 
que a do banheiro, é normal; caso contrário, dá indícios de um possível 
treinamento severo nos hábitos de higiene ou sentimentos de culpa por 
 
45 
 
masturbação excessiva (comum em Transtorno de Personalidade 
Obsessivo Compulsivo). 
Janelas da frente em altura diferente das janelas do lado — sugerindo 
que a altura do chão não é a mesma - dificuldade de organização 
(comum em formas precoces de Esquizofrenia). 
Janelas centrais maiores que as outras- desejo de contato 
Janela junto ao teto ou telhado- tendência a viver mais no mundo da 
fantasia do que no da realidade ou necessidade de fuga (comum em 
pessoas com transtorno de somatização e em adultos com dificuldade 
inter-relação ou de contato sexual). 
Janela no telhado ( sótão) – dificuldade de contorno direto,contato 
vivido mais na base da fantasia e na imaginação,riqueza de vivencia 
interior e tato por meio de um meio mais intelectualizado (sugere 
Transtorno de Personalidade Esquizoide). 
Janela junto ao canto da parede — necessidade de apoio, medo de 
ações independentes e falta de autoconfiança (sugere Transtorno de 
Personalidade Dependente). 
Janela fechada e porta aberta — dificuldade de se mostrar no contato 
interpessoal, conflitos e medo de rejeição (sugere Fobia Social). 
Janela fechada e porta fechada — isolamento emocional e afastamento 
do contato interpessoal (sugere Transtorno de Personalidade 
Esquizoide). 
Janela aberta e porta fechada ou pequena — timidez ou receio no 
contato afetivo e interação mais controlada com os outros. 
Janela aberta e porta aberta — extroversão, necessidade de contato 
afetivo (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). 
 
5.8 — Telha ou telhado 
 
Simboliza a área ocupada pela fantasia e pensamentos, os impulsos e as 
tentativas de controle. Os extremos no tamanho do telhado tendem a 
refletir o grau em que o sujeito devota seu tempo à fantasia e em que 
medida ele se volta para esta área a fim de obter satisfação. 
 
46 
 
O material do telhado é indicado por traços que variam desde o 
desenho meticuloso de cada telha até riscos esparsos ou o vazio. 
Telhado de tamanho adequado — equilíbrio entre a fantasia e a 
realidade, interação equilibrada com o ambiente. 
Telhado exageradamente grande e o resto da casa pequeno — grande 
imersão com ênfase exagerada na fantasia, afastamento dos contatos 
interpessoais (pouco contato manifesto) e ambição maior que a 
capacidade de realização. 
Casa representada só por teto ou telhado — ego dominado pela 
fantasia (comum em esquizofrênicos-geralmente eles desenham um 
telhado e depois colocam a porta e as janelas de forma que a casa seja 
toda telhado.,São pessoas que vivem no mundo predominantemente de 
fantasia). 
 Lajes — bloqueios, repressão da vida de fantasia, da imaginação e 
orientação para o concreto (comum em pessoas estéreis afetivamente). 
Ausência de telhado ou telhado representado por uma única linha — 
dificuldade em fantasiar ou devanear, tendência para o pensamento 
mais concreto (comum em personalidades reprimidas ou de pouca 
inteligência e sugere também Transtorno de Aprendizagem). 
Telhado reforçado por uma linha forte e grossa (quando isso não 
ocorre nas outras áreas do desenho da casa) — tentativa de defesa da 
ameaça de perda do controle pela fantasia, temor que os impulsos 
atualmente expressos pela fantasia se expandam para o 
comportamento manifesto ou distorçam a percepção da realidade, 
receio de perder o controle sobre a vida imaginativa (comum em 
Transtorno de Ansiedade Generalizada e sugere também Transtorno de 
Personalidade Esquizotípica). 
Telhado ligeiramente afastado ou deslocado da parede, sombreado ou 
com buraco— ansiedade, dificuldade de aprendizagem e idéias de fuga 
do ambiente (comum em pessoas com Transtorno de Somatização e 
sugere também Transtorno de Aprendizagem). 
Telhado muito elaborado (com telhas ou vários riscos) — capacidade 
de enfrentar problemas e controle da fantasia ou minuciosidade, 
preocupação com detalhes, (comum em Transtorno de Personalidade 
Obsessivo-Compulsivo). 
 
47 
 
Telhado terminado em pontas — simbolismo sexual (comum na 
puberdade e adolescência). 
Telhado vazio sem telhas — senso prático, orientado para o essencial 
ou diminuição da fantasia. 
 
5.9 — Chaminé 
Em pessoas bem ajustadas, a chaminé via de regra representa apenas 
um detalhe à representação da casa. Detalhe este que atualmente não é 
essencial no nosso meio devido à propagação do aquecimento elétrico, 
ao clima tropical e de poucas casas possuírem lareira. 
As crianças na sua grande maioria desenham a chaminé num ângulo 
reto ao plano do telhado. Se for um telhado inclinado ficará oblíqua. É 
necessário certa maturação para que a chaminé seja desenhada 
verticalmente, ignorando a inclinação do teto. Esta correção expressa 
um avanço no nível do pensamento, depende de uma operação mental 
que não é ainda acessível à criança pequena. 
Para alguns adultos a chaminé pode representar um símbolo fálico ou 
indicar o nível de maturidade sensual (emerge do corpo da casa) 
embora isso não seja obrigatório em todos os desenhos, pois também 
simboliza afeto, tensão interior ou no lar. 
(Da observação de inúmeros desenhos, percebe-se que a grande 
maioria dos pacientes desenha suas casas com um telhado inclinado e 
chaminé, numa representação infantil Dileo, 1987). 
Chaminé proporcional à casa — calor no lar, bom ajustamento familiar 
e pessoal, 
Ausência de chaminé - atualmente não é considerada importante, mas 
pode simbolizar falta de calor e afeto no lar ou, em alguns adultos, 
dificuldades de ajustamento sexual. 
Dificuldade em desenhar a chaminé — em crianças - tensão interior 
e/ou na família. Em adultos - indícios de mal ajustamento sexual, 
temores quanto à dificuldade para lidar com protuberâncias que saem 
do próprio corpo e dúvidas sobre a capacidade fálica. 
Chaminé exageradamente grande — em crianças - necessidade de 
chamar atenção e de ser visto, notado. Em adultos - preocupação a 
 
48 
 
respeito das questões sexuais com necessidade de demonstrar 
virilidade, tendências exibicionistas e sentimentos compensatórios para 
inadequação fálica (comum em Transtorno de Personalidade 
Antissocial). 
Chaminé superenfatizada, completamente exposta, saindo da linha de 
base em adolescentes e adultos — tendências exibicionistas no sentido 
da sexualidade. 
Chaminé quase completamente escondida — em crianças sugere 
relutância em lidar com estímulos que provocam emoção. Em adultos 
pode simbolizar angústia em relação às vivências fálicas ou à dificuldade 
de expressar a turbulência emocional e repressão. 
Várias chaminés na mesma casa, chaminé tombando ou em formato 
fálico em desenhos de adolescentes e adultos.— sentimento de 
inferioridade e compensação por sentimentos de adequação fálica, sob 
uma capa de esforço viril (comum em Impulso Sexual Excessivo e 
Transtorno de Personalidade Antissocial). 
Chaminé transparente ou visível por meio de uma parede transparente 
— negação de aspectos sexuais, sensação de impotência, sentimento de 
fraqueza em relação ao pênis ou medo de castração ou tendências 
exibicionistas ou expressão de que o sujeito sente que a sua 
preocupação fálica deve ser óbvia para os outros. (comum em ImpulsoSexual Excessivo e Transtorno de Personalidade Antissocial). 
Chaminé perpendicular à inclinação do telhado — comum em crianças 
e adultos sugere angústia em relação às vivências fálicas e/ou a 
dificuldade de expressar a turbulência emocional. 
Antenas ou outros símbolos fálicos — indícios de fantasias sexuais ou 
necessidade de comunicação com o mundo externo. 
 
5.10 — Fumaça 
Simboliza a respiração e, portanto a expressão da vida dentro da casa. 
Chaminé emitindo uma fumaça abundante — expressão de calor e 
afeto dentro da casa (comum em desenho de crianças). 
Fumaça dirigida para um lado como sob efeito de forte vento -(a força 
da pressão do vento é indicada pelo grau de desvio da fumaça, e o 
 
49 
 
sentimento é revelado pela quantidade de fumaça) — sentimento de 
forte pressão ambiental (comum em crianças com dificuldade escolar 
e/ou pressionadas pelos pais e em adolescentes constritos pela 
realização acadêmica). 
Fumaça em novelo — conflitos internos e externos ou esforço para 
extravasar energia intelectual (comum em pessoas que veem o lar como 
um lugar de conflitos, turbulência e inquietação). 
Fumaça em negrito, densa e/ou exagerada — grande tensão interna, 
conflitos e turbulência no lar ou ambos (denota sintomas mais graves). 
 
5.11 — Acessórios no desenho da casa 
Quando aparecem acessórios no desenho da CASA, estes devem ser 
analisados de acordo com o conjunto dos desenhos. Detalhes bem 
organizados na maioria das vezes indicam boa relação com o meio e 
maior possibilidade de a ansiedade ser bem canalizada e controlada. Por 
outro lado, alguns pacientes revelam diretamente a sua falta de 
segurança ao circundar ou apoiar sua CASA com arbustos, árvores e 
outros detalhes que não estão relacionados com a instrução dada. 
Indica que quanto maior a quantidade desses detalhes, mais intenso é o 
sentimento de insegurança ou a falta de proteção. 
Caminho bem feito e proporcionado, conduzindo a porta — controle e 
tato no contato com os outros e equilíbrio na procura de novos 
caminhos. 
Caminho longo e sinuoso — reserva nas relações interpessoais (comum 
em pessoas que inicialmente se mostram cautelosas em fazer amizades, 
mas, quando a relação se desenvolve, tende a ser profunda). 
Caminho excessivamente largo na extremidade voltada para o 
observador, mas que diminui, de modo a ficar mais estreito que a 
porta — tentativa de encobrir o desejo de manter-se distante, 
empregando uma afabilidade superficial (comum em pessoas seletivas 
em seus contatos e sugere também Fobia Social). 
Caminhos bifurcados — indecisão e imaturidade afetiva. 
Caminho pedregoso-vivências traumatizantes e dificuldade de contato 
com o mundo (sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático). 
 
50 
 
Calçada reta na frente ou caminho que acaba em montanha — falta de 
energia para vencer os problemas ou dificuldade no contato com as 
pessoas (sugere Transtorno depressivo). 
Casa com árvores, vegetais, arbustos e/ou grande e vasto jardim — 
insegurança, necessidade de proteção e de erguer barreiras defensivas 
para fazer contato formal com os outros (em alguns adultos pode 
simbolizar desejo e/ou repressão da sexualidade). 
Casa com escadas — dificuldade em mostrar-se, em ser autêntico (a) e 
em ter relacionamentos íntimos. Demonstra ser necessário galgar os 
degraus para chegar ao interior da pessoa. 
Casa Com varanda ou com sombra e água fresca — necessidade de 
relaxar; comodismo mecanismo de compensação ou problema de 
relação social. 
Árvores desenhadas ao redor da casa — frequentemente representam 
pessoas, e o examinador pode induzir o sujeito a identificá-las, O tipo e 
o tamanho da árvore, particularmente sua colocação em relação à 
CASA, podem revelar muito a respeito da percepção que o indivíduo 
tem da sua constelação familiar. 
Montanhas aparecendo no desenho da casa — atitudes defensivas 
e/ou necessidade de independência, frequentemente independência 
maternal (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). 
Cercas desenhadas em torno da casa — necessidade de proteção, 
comportamento defensivo e insegurança (sugere Transtorno de 
Personalidade Dependente ou Trans- torno de Personalidade 
Paranóide). 
Florzinha, patinho, etc., — imaturidade afetiva ou ambição desejo de 
conquistar algo. 
Nuvem — ansiedade, pressão ambiental ou expressão de pais 
repressores. 
Nuvem escura — ansiedade, pressão ambiental e ameaça a distância. 
Nuvens, neve e/ou chuva caindo — ambiente opressivo (comum em 
Deprimidos). 
Sombras — situações de conflitos e ansiedade em nível mais consciente. 
 
51 
 
(Sol—(na maioria das vezes simboliza a figura de maior autoridade ou 
de maior valência emocional (positiva ou negativa) no ambiente do 
sujeito tomo Depressivo) 
Sol brilhando sobre o lado esquerdo — lado materno, bom 
relacionamento com a mãe. 
Sol brilhando sobre o lado direito — lado paterno, bom relacionamento 
com o pai. 
Torres - isolamento e introversão. (sugere Transtorno de Personalidade 
Esquizoide). 
Torres cheias de janelas — excitação sexual. (sugere Impulso Sexual 
Excessivo). 
Elevadores — em desenhos de adolescentes ou adultos sugere 
problema sexual fantasia de realização sexual, 
Detalhes degradantes (lata de lixo, coisas jogadas, etc.) sentimentos de 
hostilidade e agressividade (sugere Transtorno da Conduta e/ou 
Personalidade Antissocial). 
 
6.1 — Introdução 
 
Simbolicamente, a ÁRVORE atinge os aspectos mais profundos e básicos 
da personalidade. Acredita-se que isto aconteça pelo fato de trazer um 
mínimo de associações conscientes, levando a uma menor defesa do 
ego por parte do examinando. 
O uso da ARVORE como teste projetivo é baseado na suposição de ser 
um autorretrato inconsciente ou urna elaboração inconsciente da 
autoimagem, que é relacionado com os três maiores campos da 
personalidade humana (instintivo emocional e intelectual). 
As Raízes significam a vida instintiva e os sentimentos que se referem ao 
contato com a realidade; o Tronco representa a vida emocional ou o 
domínio emocional sobre as pressões ambientais e as tensões internas; 
e a Copa revela a vida intelectual e social, as trocas com o ambiente, a 
busca de realizações e a distribuição dos investimentos psicológicos na 
área da fantasia. 
 
52 
 
 
 
 
O fato de a árvore ter vida e crescer continuamente é que torna possível 
a representação simbólica do psiquismo humano. 
Observa-se que ao traçar a ARVORE as crianças de até mais ou menos 
sete anos de idade desenham frequentemente um tronco bem grande, 
simbolizando a riqueza da vida emocional. 
O desenho da ARVORE reflete os sentimentos mais profundos e 
inconscientes do examinando sobre si mesmo, enquanto que a FIGURA 
HUMANA converte-se em um veículo de expressão dos aspectos mais 
conscientes e de suas relações com o meio. 
 
53 
 
A experiência clínica sugere que é mais fácil perceber atitudes 
conflitantes ou emocionalmente perturbadoras no desenho da ARVORE 
do que no da FIGURA HUMANA, porque esta se parece mais com um 
autorretrato. Por exemplo, o examinando pode projetar com maior 
facilidade sua vivência de um trauma emocional fazendo cicatrizes no 
tronco da árvore, em lugar de cicatrizes na FIGURA HUMANA 
desenhada. 
O critério de que a ÁRVORE permite investigar sentimentos mais básicos 
e antigos se vê assinalado pelo fato de este desenho ser menos 
suscetível a sofrer modificações no reteste. Apenas com uma 
psicoterapia profunda e com alterações significativas na vida do 
paciente é que aparecem alterações no desenho. 
Para uma avaliação precisa é necessário primeiro observar a ÁRVORE 
como um todo, para depois fazer uma avaliação dos detalhes do 
desenho. E importante atentar para a habilidade com que o sujeito 
organiza os detalhes em um todo significativo. 
Do ponto de vista de detalhes essenciais, para uma árvore existir é 
necessário que tenha pelo menos o tronco e a copa. Habitualmente aspessoas desenham na seguinte sequencia: 
 
• Tronco, galhos e copa ou 
• Estrutura de ramos e depois o tronco ou 
• Raiz, tronco e copa. 
 
 
6.2- Impressão da árvore como um todo 
 
Pelo fato de as raízes mergulharem no solo e os galhos se elevarem para 
o céu, a árvore é universalmente considerada como símbolo da vida. 
A Árvore vista como um todo pode dar a impressão de harmonia, 
inquietude, vazio, abundância, hostilidade, vigilância, alegria, beleza, 
etc., fornecendo dados sobre os aspectos inconscientes da 
personalidade. 
 
54 
 
Arvore média vigorosa e bem enraizada- integração intacta da 
personalidade. 
 Arvore grande - tendência à expansão. 
Árvore muito grande, quando o topo ultrapassa a parte superior do 
papel — tendência a expandir-se exageradamente na área da fantasia 
em busca de satisfação. 
Árvore pequena — desencorajamento, pressão ambiental, controle e 
sentimentos de inadequação para lidar como meio (sugere Transtorno 
Depressivo). 
Árvore com a base no papel — insegurança, sentimento de 
inadequação (comum em depressivos que na maioria das vezes usam 
linhas tênues, mostrando a falta de energia e motivação, e também em 
pessoas muito inseguras, que geralmente se prendem à parte inferior da 
folha em busca de uma segurança compensatória). 
Árvore mutilada, com cicatrizes e/ou ramos cortados — traumas e 
assaltos à personalidade (sugere Transtorno de Estresse Pós-
Traumático). 
Arvore cindida, dividida verticalmente, dando a impressão de duas 
árvores — fragmentação e/ou divisão da personalidade, ruptura das 
defesas e perigo de que os impulsos internos se extravasem no 
ambiente (comum em Esquizofrênicos). 
Árvore com tronco e copa em uma linha contínua, sem divisão — 
negativismo e/ou oposicionismo (comum em pessoas que estão apenas 
atendendo a um pedido do examinador; é uma forma de evitar uma 
recusa direta). 
Folhas, frutos, galhos e/ou flores caídas ou caindo — falta de atenção, 
esquecimento, leve separação entre sentimentos e pensamentos, falta 
de firmeza ou sentimento de rejeição. 
Sombreados claros-escuros -ansiedade, humor vacilante, 
desorientação, incerteza, indecisão, falta de energia, passividade ou 
imaturidade (comum em Deprimidos). 
Árvore sobre a qual paira uma ave de rapina ou sob a qual urina um 
cão — sentimentos de culpa, sensação de destruição, degradação, 
profunda desvalorização e baixa autoestima (sugere Transtorno do 
Pânico e/ou Transtorno de Estresse Pós-Traumático). 
 
55 
 
Árvore em que um homem ameaça destruí-la a golpes de machado — 
sentimento de iminente mutilação física, terror e pânico; na maioria das 
vezes o homem simboliza a figura paterna ou a de maior autoridade 
(sugere Transtorno do Pânico e/ou Transtorno de Estresse Pós-
Traumático). 
Árvores frutíferas — desejo de realizar, de ter sucesso, comum em 
mulheres grávidas e em crianças pequenas (geralmente desenham 
macieiras). As crianças e adolescentes na maioria das vezes até mais ou 
menos 14 anos de idade identificam-se com a fruta, e a árvore simboliza 
a figura materna, Quando a fruta está caindo ou já está caída, significa 
sentimento de rejeição, perda ou separação. 
Desenho de chorões — sentimento de menos valia cansaço e tristeza 
(comum em Deprimidos). 
Árvore de Natal — no adulto, pode indicar tanto dependência com 
desejo de retomar à infância quanto exibicionismo, quando a ênfase 
maior está nas luzes e decorações. Nas crianças, se está próximo do 
natal, geralmente é a influência da própria festa, mas, quando fora da 
data, denota expressão de saudade e lembrança de momentos 
passados. 
Estilizada — sofisticação, superficialidade, falta de autenticidade ou 
disciplina, ou aptidões técnicas e construtivas, gosto pela sistematização 
(sugere Transtorno de Personalidade Obsessiva-Compulsiva). 
Formas inautênticas (copa em coração, em trevo, etc.) — falta de 
autenticidade, mascaramento e ou dissimulação (comum em desenhos 
de adolescentes). 
Árvore inclinada para a esquerda — introversão, atitude defensiva, 
cautela, necessidade de segurança, medo de afetos, prisão ao passado e 
satisfação controlada dos impulsos (sugere Transtorno de Personalidade 
Esquizoide). 
Árvore inclinada para a direita impulsividade, necessidade de satisfação 
imediata, capacidade de entrega pessoal e amor ao dever (sugere 
Transtorno de Personalidade Histriônico). 
Árvore com apoio, estacas — necessidade de apoio, segurança e 
orientação, falta de independência e de confiança em si mesmo (sugere 
Transtorno de Personalidade Dependente). 
 
56 
 
Estereotipias — rigidez, dificuldade ou falta de capacidade de 
expressão, falta de independência no julgar, horizonte limitado (comum 
em crianças até mais ou menos 7 anos de idade e, em adultos sugere 
apego a esquemas infantis ou Transtorno de Personalidade Obsessivo-
Compulsivo). 
Riqueza na representação da árvore — sonhador, valorização do 
exterior, desejo de produtividade artística e/ou necessidade estética. 
Simplificação na representação da árvore — senso prático, objetivo, 
orientado para o essencial, desprezo pelo exterior, falta de fantasia ou 
pode ser apenas “preguiça” 
 
6.3 — Idade atribuída à árvore 
 
A idade que o examinado dá à sua árvore simboliza o nível de 
maturidade psicossexual, e o do é que seja próxima à idade dele. 
Geralmente as pessoas prendem-se a uma faixa de maior satisfação ou 
fixam-se em vivências traumáticas. 
Idade próxima à do paciente — bom nível de maturidade psicossexual. 
Idade aquém a idade do sujeito — imaturidade ou vivências 
traumáticas (sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático). 
Idade muito além da idade do sujeito- vivências depressivas e 
inadequadas para a idade e/ou com necessidade de crescer logo. 
 
6.4— Árvore apresentada como morta 
As questões a respeito: da “vida” ou “morte” da árvore dão ao 
examinando a oportunidade de projetar e expressar simbolicamente 
seus sentimentos de pressão, inadequação sofrimentos e de declarar se 
sente que a pressão vem de dentro, de fora do self ou de ambas as 
formas. 
Pessoas mais doentes psicologicamente muitas vezes veem suas árvores 
como mortas. Quando a morte é na raiz, é mais patológico do que nos 
galhos (os galhos da mesma forma que os braços da pessoa simbolizam 
os recursos para a busca de satisfação); quando o tronco que está morto 
 
57 
 
implica em uma perda de controle e poder para o alcance do bem- 
estar. 
Deve-se questionar se a morte da árvore (ou de parte dela) é decorrente 
de causa externa ou interna e há quanto tempo isso ocorreu, pois 
geralmente corresponde a época ou tempo do trauma. 
Morte por causa interna — apodrecimento ou doença da raiz, do tronco 
e/ou dos galhos - implica em algo interno e mais doentio (pior 
prognóstico) e fortes sentimentos de culpa (comum em Esquizofrênicos, 
Depressivos e sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático). 
Morte por causa externa — parasitas, raios, ventos, golpes de 
machado, etc. - sensação deque o meio é responsável por suas 
dificuldades e traumas (o prognóstico é melhor). A morte do tronco 
sugere problemas mais sérios que o da copa (comum em retraídos. 
deprimidos e desesperançados em conseguir um ajustamento razoável 
e sugere também Transtorno de Estresse Pós-Traumático). 
Idade da morte — geralmente coincide com a época do trauma 
 
6.5 — Perspectiva ou posição da árvore 
 
A árvore pode ser desenhada desde uma forma natural, ereta, até 
totalmente inclinada, recurvada e destituída de qualquer força. 
Vertical ou ereta — posição natural, maturidade, inteligência, 
espiritualidade, altivez: ou superestimação de si mesmo, 
Inclinada para a direita — dedicação, capacidade de entrega pessoal, 
disponibilidade para o sacrifício e para servir aos outros, fraqueza de 
domínio ou ainda impulsividade, facilidade de renovação, fixação no 
futuro e/ou desejo de esquecer um passado infeliz (sugere Transtorno 
de Personalidade Histriônico).Inclinada para a esquerda — introversão, necessidade de proteção e de 
segurança, atitude defensiva, aversão e/ou rejeição do ambiente, medo 
de afetos, constrangimento, fixação e/ou prisão ao passado com medo 
do futuro, satisfação controlada dos impulsos (sugere Transtorno de 
Personalidade Esquizoide). 
 
58 
 
Árvore recurvada, voltada para a terra, sacudida pelo vento ou 
quebrada por tempestades — sensação de forte pressão ambiental, 
falta de apoio, inibição, bloqueios ou sentimento de prisão ao passado, 
de ser impedido pelas circunstâncias (comum em Transtorno de 
Personalidade Obsessivo Compulsivo e sugere também Hipocondria). 
Em arco — cansaço, fadiga, resignação, introspecção ou culpa (comum 
em Deprimidos). 
 
6.6 Simetria 
Moderada-capacidade de organização, equilíbrio e habilidade para 
obter satisfação do ambiente. 
Exagerada— apego a esquemas fixos, necessidade de equilíbrio íntimo, 
falta de adapintelectual, rigidez ou ambivalência (comum em Transtorno 
de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). 
Ausência — insegurança, instabilidade e falta de defesas (comum em 
Esquizofrênicos). 
6.7-Raiz 
São inúmeras as funções da raiz, dentre elas, as mais fundamentais é 
que retiram o ali- da terra, apoiam e seguram a árvore. São 
frequentemente ocultas ou parcialmente visíveis, mas firmam a sua 
existência, mostrando ser a parte mais durável e essencial para o 
desenvolvimento da planta. 
No teste da ARVORE, a raiz simboliza o inconsciente, as forças 
instintivas, primitivas, e não elaboradas, incluindo também o contato 
com a realidade, a necessidade apoio e segurança e a busca de energia 
psíquica básica. 
Raiz abaixo da linha da terra — equilíbrio, maturidade e domínio dos 
impulsos. 
Sem raiz—pessoa autossuficiente ou se há espaço entre a base do 
tronco e a linha do solo pode significar que a pessoa que se sente no ar, 
separada do elemento nutridor e falha na capacidade de perceber a 
realidade. 
 
59 
 
Ênfase no desenho da raiz — imaturidade, primitivismo e predomínio 
maior da vida instintiva ou medo de perder a objetividade, preocupação 
em desligar-se da realidade, já que a raiz simboliza a ligação à terra 
(sugere Transtorno de Personalidade Esquizotípica e/ou Transtorno de 
Despersonalização). 
Raiz de tamanho desproporcional — necessidade de agarrar-se e 
manter-se fixo à realidade, insegurança e medo da perda de controle 
(comum em indivíduos com incapacidade intelectual e sugere também 
Transtorno de Aprendizagem e Transtorno de Ansiedade Generalizada). 
Raiz sombreada, negrito ou com muitos traços — dificuldade de 
enfrentar o meio, apego a terra e conflitos, predomínio da vida 
instintiva, medo de perder a objetividade, preocupação em desligar-se 
da realidade comum em Transtorno de Personalidade Equizotípico) 
Raiz com um traço só — primitivismo, cujos impulsos não são 
fiscalizados pelo consciente, pouca independência e pressão familiar 
(comum em Transtorno de Aprendizagem). 
Raízes terminadas em pontas — predomínio da vida instintiva, falta de 
agilidade mental, primitivismo intelectual e em alguns casos 
agressividade. 
Raiz ramificada — riqueza e sensibilidade maior do inconsciente. 
Raízes acima da linha da terra — maior domínio do superego (comum 
em pessoas com incapacidade intelectual ou Transtorno de 
Aprendizagem). 
Raiz saindo da base do papel — é normal até 10 anos de idade. No 
adulto sugere dificuldade de aprendizagem ou caráter dependente, 
insegurança e sentimento de inadequação. Prende-se à base do papel 
como segurança compensatória (comum em Deprimidos e sugere 
também Transtorno de Personalidade Dependente). 
Raiz por meio de solo transparente (que aparecem sob a linha do solo) 
— falha na capacidade de perceber a realidade, imaturidade cognitiva e 
dependência. Comum em crianças até mais ou menos 7 anos de idade. 
Em adolescentes e/ou adultos, indica uni prejuízo na capacidade de 
perceber a realidade (sugere Transtorno de Personalidade 
Esquizotípica). 
Raiz em forma de garra, representada como que lutando para prender-
se ao solo — ligação hipervigilante e de pobre contato com a realidade, 
 
60 
 
temor, pânico de perder o contato com a mesma; é como se tivesse que 
agarrar para não perder o contato com a objetividade (encontrado em 
pessoas agressivas com Transtorno de Personalidade Paranóide ou 
Transtorno do Pânico). 
6.8 — Linha da terra ou do solo 
A linha do solo simboliza o traço divisório entre o consciente e o 
inconsciente (os separa e os liga concomitantemente). E a base da 
árvore e separa o meio nutridor (raízes, terra) da sua zona de expressão 
(copa). Fornece dados sobre os sentimentos de segurança, estabilidade, 
equilíbrio, necessidade de apoio ou auto-sustentação. 
A maior parte das pessoas desenha a linha do solo. As crianças o fazem 
com menor frequência, mesmo porque preferem colocar a árvore na 
beira do papel, que para elas simboliza o chão. 
Linha entre o tronco e a raiz — equilíbrio entre o consciente e 
inconsciente, harmonia - e maturidade. 
Linha acima da base do tronco — indiferença em relação a realidade, 
alienamento e atitude passiva (comum em adolescentes e em doentes 
hospitalizados, pois um longo período de ociosidade forçada 
naturalmente faz com que estas pessoas considerem a realidade num 
plano afastado. A linha do chão, como expressão da realidade imediata, 
urrada para o horizonte). 
Linha abaixo da base do tronco — sentimento de desenraizamento e 
separação. 
Ausência de linha entre a base e a terra — falta de firmeza, estado mais 
primitivo com reduzida capacidade de objetivação ou falta de 
diferenciação do eu (comum em pessoas que não têm “os pés no chão, 
que vivem como que suspensas no ar”). 
Linha de terra bem escura, em negrito — ansiedade desejo de ocultar 
ou disfarçar os conflitos íntimos. 
Linha oblíqua ou inclinada — aversão, afastamento, reserva inclinação a 
contradizer. Incerteza, instabilidade, desamparo em face de pressões 
ambientais e falta de estabilidade (perdendo o “pé”, escorregando, 
insegurança). 
Linha tipo ilha — isolamento, solidão ou sentimentos de rejeição e 
abandono (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). 
 
61 
 
Linha convexa-(árvore colocada em uma colina ou montanha) — 
isolamento aliado à necessidade de autonomia, solidão e reserva; pode 
ser também indício de vaidade, posse, necessidade de colocado em um 
pedestal, de ser admirado, sentimentos de grandeza, “o todo-poderoso” 
ou sugere dependência maternal. 
Linha côncava (árvore colocada em uma depressão) — sentimentos de 
inadequação e inferioridade (comum em pacientes Deprimidos). 
Linha representada pela borda do papel — na criança é bastante 
comum e no adulto pode indicar dificuldade de base afetiva e 
representação infantil do mundo. 
Linha grande por toda a largura do papel-necessidade de maior 
objetivação na vida e insegurança. 
Linha cheia de vegetação — insegurança, dramatização, dificuldade na 
área afetiva ou vaidade. 
Linha borrada — ansiedade com relação ao sentir a terra sob seus pés, 
o saber onde pisa e como se situa no mundo (sugere Fobia Social). 
6.9 — Tronco 
O tronco é o suporte da copa, a parte mais estável e durável da árvore. 
Simboliza a força interior, o sentimento de poder e de sustentação do 
ego, o equilíbrio, e fornece também dados sobre o desenvolvimento 
emocional e sobre a integração da personalidade. 
Tronco reto, bem proporcionado — evolução normal da personalidade. 
Tronco forte, firme e estável — capacidade de adaptação, auto-
sustentação, sensação de força e poder. 
Tronco reto e rígido como um poste — rigidez do ego, controle, 
emocional, necessidade de defesas para manter a integridade da 
personalidade, recursos mais manuais do que intelectuais ou afetivos, 
Em adultos também pode representar um símbolo fálico (sugere 
Transtorno de Personalidade Obsessiva-Compulsiva). 
Base do tronco reta ou apoiada na beira do papel— é a representação 
infantil do mundo; portanto, é normal em crianças pequenas. Em 
adultos sugere infantilidade, imaturidade, regressão, sentimentos de 
inadequação e insegurança (comum em Deprimidos e em alguns casos 
de Deficiência Intelectual). 
 
62 
 
Tronco solto no espaço, sem raiz, sem base, longe da linha da terra — 
falta de apoio, desorientação, falta de firmeza e insegurança. 
Tronco cortado, quebrado ou fechado na parte superior — 
discrepância entre desejo e realidade, entre querer e poder (sentir e 
agir), não verdadeiro para consigo (comum em crianças até 6, 7 anos de 
idade, em Transtorno de Ansiedade Generalizada). 
Tronco aberto na parte superior — dificuldade de conclusão, de 
comprometer-se, indefinição (deixar como está para ver como fica) ou 
abertura para novas idéias e soluções, espírito inventivo e necessidade 
de investigar. 
Tronco aberto na parte superior e fechado na inferior — esforços 
superdeterminados e desgastantes de assertividade associada a 
fragilidade e insegurança, repressão da energia instintiva (base 
pequena). 
Tronco aberto na parte inferior e fechado na superior — predomínio da 
vida instintiva. 
Tronco aberto na parte superior e na inferior - indecisão, 
comportamento flutuante e dificuldade de compreensão na vida. 
Dois troncos ou um tronco dentro do outro— necessidade de 
apresentar-se frente ao mundo com força e autoafirmação encobrindo 
sentimentos de fragilidade interior. 
Tronco curvado ou cortado — pressão ambiental e inibição, sentimento 
de castração (sugere Transtorno do Pânico). - 
Tronco bifurcado — ambivalência afetiva. 
 
 
6.10— Tamanho do tronco 
 
Equilíbrio entre o tamanho do tronco e o da copa — evolução normal 
da personalidade. 
Tronco curto e/ou grosso com copa grande — pressão externa e 
dificuldade de expressão do eu, maior satisfação na fantasia e contato 
 
63 
 
com a realidade menor que o desejável, ambição, autopreocupação, 
entusiasmo, idealismo, arrogância, superficialidade, equilíbrio precário 
da personalidade por efeito da frustração em não conseguir satisfazer as 
necessidades básicas, desenvolvimento retardado e regressão a estados 
primitivos (comum em desenhos de crianças pequenas, pacientes com 
Transtorno de Somatização e em adultos regredidos). 
Tronco longo — predomínio da vida instintiva e emocional, imaturidade, 
inquietude motora, vivacidade de fundo emocional ou sentimento de 
constrição ambiental com uma tendência a reagir agressivamente na 
realidade ou na fantasia (comum em crianças). 
Tronco longo que se estende além do topo da página — necessidade 
de buscar satisfação na fantasia. 
Tronco longo e sombreado — reação emocional à má condição do 
meio. 
Tronco longo e fino com grande estrutura de galhos — precário 
equilíbrio da personalidade motivado por excesso de ênfase na 
satisfação das necessidades. 
Tronco longo, copa pequena — predomínio da vida instintiva, 
imaturidade, falta de adequação para expressar-se, inquietação motora 
e vivacidade de fundo emocional. Considerado normal em crianças até a 
fase do jardim da infância, as com idade escolar geralmente desenham a 
copa do mesmo tamanho que o tronco, sendo que as meninas fazem o 
tronco um pouco mais longo que os meninos. Também encontrado em 
Transtorno de Aprendizagem. 
Tronco grande e pequena estrutura de galhos -precário equilíbrio da 
personalidade motivado pela frustração e pela incapacidade de 
satisfazer as necessidades básicas. 
 
6.11 — Largura do tronco 
 
Tronco frágil, fino e instável - sensibilidade, vulnerabilidade e 
insegurança. 
 
64 
 
Tronco muito fino ou pequeno, com uma grande estrutura de galhos — 
equilíbrio precário da personalidade, necessidade de maior satisfação, 
mas com pouca sustentação. 
Base do tronco alargada para a esquerda — introversão, inibição, 
bloqueios, conflitos dependência ou fixação materna, prisão ao passado 
e dificuldade para libertar-se de algo (comum em alguns casos de 
Transtorno de Aprendizagem e sugere também Transtorno de 
Personalidade Esquizoide). 
Base do tronco alargada para a direita — desejo de expansão, oposição 
ou resistência aos outros e teimosia. Ocasionalmente pode indicar 
ressentimento, desconfiança e predominância dos desejos e instintos 
(sugere Transtorno de Personalidade Histriônico). 
Base do tronco alargada para os dois lados — inibição do pensamento, 
dificuldade para aprender, dificuldades na compreensão da vida ou 
medo de possível perda de contato com a realidade com afirmação 
compensatória. 
Tronco de base alargada podendo ou não terminar em ponta — 
imaturidade, predomínio da vida instintiva, estagnação da vida afetiva, 
constrição do crescimento. A diminuição gradual do tronco é esperada, 
mas quando é rápida ou repentina transmite um sentimento de 
racionamento abrupto no decorrer do desenvolvimento e de uma vida 
anterior mais rica e satisfatória emocionalmente (comum em 
Transtorno de Aprendizagem). 
6.12— Contorno do tronco 
 
Contorno do tronco ondulado em ambos os lados do tronco — 
vitalidade, animação, capacidade de adaptação, habilidade nas 
dificuldades e no contato. 
Contorno do tronco irregular à esquerda — introversão, 
vulnerabilidade interna, conflitos, dificuldades, inibição, difícil 
adaptação e traumatismos psíquicos (comum em pacientes com doença 
orgânica e acidentados Transtorno de Somatização, Transtorno de 
Personalidade Esquizoide). 
 
65 
 
Contorno do tronco irregular à direta — contato ativo com a realidade 
ou traumas psíquicos e dificuldade de adaptação (sugere Transtorno e 
Estresse Pós-Traumático e de Personalidade Histriônico) 
Contorno do tronco em linhas difusas e interrompidas — sensibilidade, 
empatia ou caráter hesitante e sentimento obscuro dos limites de 
personalidade. 
Contorno do tronco com linhas de traços curtos — irritabilidade, 
impulsividade e impaciência (sugere Transtorno de Personalidade 
Borderline), 
Contorno do tronco com saliências, linhas tremidas, tortas ou nós — 
desenvolvimento físico ou psíquico com traumatismos, doenças graves, 
acidentes, grandes dificuldades, congestionamento de afetos, 
bloqueios, choque ou impulsividade, vulnerabilidade, excitabilidade, 
nervosismo e impaciência (sugere Transtorno de Estress Pós-
Traumático). 
Contorno do tronco com reforço das linhas- medo de desintegração do 
eu; necessidade de manter a integridade da personalidade empregando 
defesas compensatórias encobrir ou combater o temor e o pânico. 
Tentativa de preservar-se contra esta eventualidade por meio dos 
recursos disponíveis (comum em adultos imaturos, com humor lábil, 
passivos e sem energia e sugere Transtorno Depressivo). 
Contorno do tronco com traços leves ou falhos — sentimento de 
colapso da personalidade ou perda da identidade pessoal. Trata-se de 
um estágio no qual as defesas compensatórias são consideradas inúteis 
para impedir uma desintegração iminente, estando invariavelmente 
presente uma ansiedade aguda (sugere Transtorno da Ansiedade 
Generalizada ou Transtorno do Pânico). 
 
 
613 — Superfície ou tipos de desenhos no tronco 
 
Superfície raiada, rugosa, áspera, com traços pontiagudos, angulosos 
ou serrilhados. 
 
66 
 
— suscetibilidade, vulnerabilidade, sensibilidade exacerbada, 
emotividade, irritabilidade, propensão à violência e cólera, aspereza e 
falta de tato ou capacidade de observação (comum em pessoas com 
espírito crítico e que reagem facilmente). 
Superfície com traços curtos, arredondados ou delicados —
flexibilidade, facilidade no contato e disposição para se adaptar. 
Superfície do tronco borrada ou sombreada — ansiedade, 
traumatismos, sensibilidade ou adaptabilidade (comum em Depressivos 
e em alguns casos de Impulso Sexual Excessivo e sugere Transtorno de 
Estresse Pós-Traumático). 
Superfície com sombreado à esquerda — sonhador, introvertido, 
suscetibilidade, vulnerabilidade, inibições, dificuldade para expressar-se,falta de mobilidade, rigidez, falta de agilidade, regressão e fixação em 
estágios mais primitivos (sugere Transtorno de Personalidade 
Esquizoide). 
Superfície com sombreado à direta — capacidade para fazer amizades, 
de contatar com os outros e adaptabilidade (na puberdade o sombreado 
a esquerda e à direita se alterna com bastante frequência). 
Superfície com protuberâncias, buracos, rachaduras ou fendas — 
traumas psíquicos, sentimento de inferioridade, de dúvida, ansiedade, 
carência, culpa e bloqueios (comum em acidentados ou doentes e 
sugere Transtorno de Estresse Pós-Traumático). 
Tronco com buracos e com animais espiando para fora — eventos 
traumáticos, sensação de que um segmento da personalidade está 
patologicamente sem controle, tendendo à destruição (dissociação) ou 
ainda indica maior identificação com o animal do que com a própria 
árvore, expressando anseios regressivos pelo isolamento, pelo calor e 
proteção da existência intrauterina (comum em crianças em idade 
escolar, ocasionalmente entre adultos imaturos, Transtorno de 
Ansiedade Generalizada e sugere Transtorno e Estresse Pós-
Traumático). 
Superfície manchada — traumas, ansiedade (comum em alguns casos 
de Impulso Sexual Excessivo e sugere também Transtorno de Estresse 
Pós-Traumático). 
6.14 — Galhos ou ramos 
 
67 
 
Os galhos representam os braços da árvore e simbolizam a capacidade 
para obter satisfação no meio. Representam os recursos subjetivos do 
indivíduo para aproximar-se dos outros, expandir-se e realizar-se. 
Formam a zona de contato com o ambiente, permitindo o intercâmbio 
entre o que é interior e o que é exterior. 
Um paciente omitirá os galhos se não se relaciona com as pessoas que o 
cercam. Às vezes, um examinando pode tentar mascarar com um 
otimismo superficial ou compensatório seus sentimentos mais 
profundos de incapacidade para obter satisfação desenhando uma 
pessoa com braços longos e abertos. Mas, na árvore, os ramos estão 
truncados ou quebrados, demonstrando que não sente nenhuma 
esperança de sucesso. 
O número, tamanho, forma e flexibilidade dos galhos indicam o grau de 
habilidade do indivíduo para relacionar-se com os outros. 
Galhos ou ramos frondosos e vivos — bom humor e facilidade em 
buscar satisfação no meio. 
Arranjo de galhos ou ramos em harmonia — serenidade, calma, 
autoconfiança, condições para buscar satisfações no ambiente ou ainda 
insensibilidade e ausência de tensões. 
Galhos ou ramos ricamente ramificados — sensibilidade, delicadeza de 
sentimento, facilmente impressionável ou grande reatividade, 
agressividade, criticismo e agudeza (comum em pessoas supersensíveis). 
Galhos ou ramos ondulados e/ou arredondados — tendência ao 
devaneio, sonho, mas com facilidade em expressar-se, comunicar- se e 
habilidade no contato social. 
Galhos ou ramos interrompidos em sua interseção (principalmente nas 
linhas curvas) — consideração e delicadeza. 
Arranjo de galhos ou ramos em desarmonia - excitabilidade, 
inquietude, ansiedade extroversão (sugere Transtorno de Conduta e/u 
Transtorno de Personalidade Antissocial). 
Galhos os ou ramos em traços simples e não duplos — imaturidade, 
sentimento de ,impotência, desenvolvimento mais afetivo que 
intelectual (comum em crianças embora às vezes pode ser sinal de 
transtorno de Aprendizagem ou regressão em adultos). 
 
68 
 
Galhos ou ramos e tronco com traços simples e não duplos — 
sentimentos de impotência falta de força do ego para busca de 
satisfação e sentimentos de inadequação (comum em casos orgânicos e 
sugere também Hipocondria). 
Galhos ou ramos cortados ou quebrados, pendentes, mortos ou presos 
à árvore — experiências traumáticas corte e/ou inibição das vias de 
expressão, bloqueios, conflitos, sentimento de não ser uma unidade 
completa dentro de si mesmo (desintegrado), desamparo. Falta de 
autoconfiança, isolamento e reserva (sugere Transtorno de Estresse 
Pós-Traumático). 
Tronco de árvore truncado e/ou cortado e dele saindo pequenos 
galhos ou ramos — personalidade lesada e crescimento emocional 
bloqueado, mas no entanto apresentando ensaios hesitantes para 
retomar o crescimento. Trauma com indício de reajustamento ou 
recuperação. 
Galhos ou ramos soldados na copa, quando há uma linha divisória 
entre o tronco e a copa — discrepância entre o desejo e a realidade, a 
vontade e a ação, divisão interior entre as tentativas genuínas e as 
forçadas. 
Galhos ou ramos caídos ou caindo — sentimento de perda, sacrifício e 
renúncia (sugere Transtorno Depressivo). 
Galhos ou ramos finos ou selos nas pontas e pontudos — 
agressividade, sensibilidade elevada ou espírito crítico e mordaz ou 
sadismo (sugere Transtorno de Conduta e/ou Transtorno de 
personalidade antissocial). 
Galhos ou ramos secos em lugar da copa — aridez, vida afetiva vazia ou 
agressividade. 
Galhos ou ramos semelhantes a lanças pontiagudas, farpas ou 
espinhos — impulsos intensos e carregados de hostilidade e agressão 
ou sadismo caso externamente a pessoa mostra-se reservada ou gentil, 
provavelmente este ajustamento é feito à custa de esforços maciços de 
repressão. Devem-se buscar indícios de falta de controle e/ou 
agressividade em outros detalhes do desenho. 
Galhos ou ramos que se assemelham mais a falos do que 
propriamente ramos — preocupações sexuais, medo de castração e/ou 
esforços pata conquistar a virilidade, 
 
69 
 
Galhos ou ramos secundários como se fossem espetos encravados no 
corpo dos ramos primários — tendência masoquista. 
Galhos ou ramos não fechados nas pontas — pouco controle na 
expressão dos impulsos (sugere Transtorno da Conduta e/ou Transtorno 
de Personalidade Antissocial). 
Arranjo de galhos ou ramos de forma repetida, ligamentos sucessivos 
— estereotipia por perturbação na evolução, falta de senso com a 
realidade, regressão e pouca capacidade de adaptação (comum em 
Transtorno de Personalidade Obsessiva-Compulsiva) 
Galhos ou ramos em labirintos e/ou de formas angulares — 
imaturidade, primitivismo, regressão a um estado infantil e inibição do 
desenvolvimento, Em desenhos de crianças de 6 anos de idade 
aparecem em traço único e mais tarde em traço duplo, e aos 9 anos de 
idade desaparecem (comum em adultos regredidos). 
Galhos ou ramos com ângulos — pessoas severas, de adaptação difícil e 
resistentes (comum em Transtorno de Personalidade Esquizotípica). 
Galhos ou ramos em parênteses uns contra os outros, dentro da copa 
— confusão, repressão, facilidade em ser influenciável e dominável 
(comum em transtorno de Personalidade Esquizotípica). 
Galhos ou ramos entrelaçados — ambivalência, indecisão ou 
capacidade crítica para julgamentos. 
Galhos ou ramos em traços descontínuos — superficialidade, incerteza, 
instabilidade, impulsividade, distúrbios do pensamento e da atenção e, 
em alguns casos: pessoas intuitivas, de espírito inquieto e aberto 
(comum em pessoas com Distúrbio da Atenção e sugere também 
Transtorno de Personalidade Esquizotípica). 
Galhos ou ramos que se estendem como que flutuando no espaço ou 
como fumaça — tendência ao sonho, à fantasia, à falta de concentração 
e, dificuldade para a ação, dispersão, preocupação com o menos 
importante e incapacidade para agir. 
Galhos ou ramos frágeis e inadequados — dificuldade na busca de 
satisfação no ambiente. 
Galhos ou ramos envolvidos por flores como chumaços de algodão ou 
tipo nuvem nas suas extremidades — atenuação das verdadeiras 
intenções, dificuldade de contato próximo com as coisas, medo e/ou 
 
70 
 
dificuldade em expressar agressividade, reserva, timidez diante da 
realidade e discrição (a dura expressão dos galhos é ocultada pela 
almofada de algodão, comum em pessoas impenetráveis que poupam a 
si mesmas). 
Galhos ou ramos separados — impulsividade associada a falta de 
amplitude interpessoal, impulsos agressivos e hostis (sugere Transtorno 
de Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Antissocial) -Preenchimento do espaço da copa com galhos, frutos ou flores ao 
acaso -- imaturidade e regressão. 
Galhos ou ramos e copa inclinados sob um sol grande e baixo — 
afastamento tímido da dominação de urna figura de autoridade, 
parental ou não, sensação de inadequação, de ser controlado e 
subjugado. 
Galhos ou ramos superdesenvolvidos e tronco raquítico — ênfase na 
busca do prazer, dúvida acerca de sua importância e tendência à 
fantasia. 
Galhos ou ramos com estereotipias (todos iguais) — dificuldade de 
expressão, automatismo e limitação intelectual (comum em Transtorno 
de Personalidade Obsessivo e Compulsivo). 
Ausência de galhos ou ramos — é bastante comum a copa ocultar os 
galhos, mas dependendo da impressão da árvore como um todo, sugere 
dificuldade em obter satisfação do meio em realizar-se e em interagir 
com as pessoas. 
 
6.15 — Tamanho dos galhos ou ramos 
 
Galhos ou ramos muito curtos — reserva artificialismo, inibição dos 
afetos, angústia e inadaptação. 
Galhos ou ramos muito longos, arqueados e sinuosos — descuido, falta 
de controle, timidez nos afetos e medo. 
Galhos ou ramos longos e finos — (número maior de galhos ou ramos 
para cima e pouquíssimos para os lados) - medo de não conseguir 
satisfação no ambiente, com recompensa na fantasia. 
 
71 
 
Galhos ou ramos muito longos, sem direção certa, para preencher um 
vazio — tendência a fugir ao que é estabelecido, a sonhar, indisciplina, 
medo e excitação. 
Galhos ou ramos pequenos, copa raquítica sobre um tronco muito 
grande — frustração devido à inabilidade de satisfazer necessidades 
básicas. 
6.16 — Largura dos galhos ou ramos 
 
Galhos ou ramos primeiro mais grossos e próximos e depois mais finos 
e afastados— sentimento de alta capacidade para obter satisfação do 
ambiente. 
Galhos ou ramos que começam e continuam grossos até a 
extremidade — perseverança ou tendência a violência, primitivismo. 
Galhos ou ramos que começam estreitos e depois engrossam — 
realização quantitativa, trabalhador fanático, indivíduo pronto para a 
ação, extrovertido, ambicioso, ativo e dirigido por impulsos. 
Galhos ou ramos finos e pequenos — egoísmo e avareza. 
Galhos ou ramos em duas dimensões abertos nas extremidades — 
sentimento de pouco controle sobre a expressão dos próprios impulsos. 
 
6. 17 — Direção dos galhos ou ramos 
 
Galhos ou ramos estendendo-se tanto lateralmente (para o ambiente 
exterior) como para cima (área da fantasia) — equilíbrio nos esforços 
em busca de auto-satisfação, serenidade, calma, confiança, apoio em 
recursos internos e facilidade em buscar satisfação no ambiente. 
Galhos ou ramos em direções opostas — contradição, oposição, 
inconsequência, desadaptação, teimosia, desorientação, ambivalência, 
luta entre afetividade e controle. 
Galhos ou ramos abertos e em direções opostas — ambivalência 
afetiva, indefinição, desejos variáveis, sem um tenha central e oposição 
(comum em pessoas que sob pressão explodem). 
 
72 
 
Galhos ou ramos cruzados com descontinuidade — prudência, cautela, 
falta de clareza e de aptidão para discernir. 
Galhos ou ramos para o alto a ponto de fazer o topo da árvore 
ultrapassar o limite superior da página — inversão na fantasia (comum 
em Esquizofrênicos). 
Galhos ou ramos para o alto e poucos para os lados — medo e/ou 
dificuldade em não conseguir obter satisfação do ambiente e tendência 
a fantasiar (subindo em direção ao topo da página) para conseguir 
gratificação substitutiva. 
Galhos ou ramos que se voltam para dentro (como cascas de cebola) 
ao invés de saírem para o ambiente — egocentrismo, fortes tendências 
introvertidas e ruminantes ou não influenciáveis, senso de 
independência e isolamento do exterior (comum em pacientes com 
Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). 
Galhos ou ramos que se afastam do centro (saem para fora) — 
agressividade, iniciativa, necessidade de contato com a realidade e 
extroversão. 
Galhos ou ramos dirigindo-se para o sol como num apelo — grande 
necessidade de afeição. A árvore estende os braços ansiosos em busca 
de calor (sol representa a figura de autoridade, que pode ser positiva ou 
negativa). 
Galhos ou ramos com movimentos para cima — energia, atividade, 
entusiasmo, fanatismo, tendência religiosa ou falta de senso da 
realidade. 
Galhos ou ramos com movimentos para baixo — insegurança, 
depressão, melancolia, resignação, falta de coragem, cansaço e pouca 
resistência (sugere Transtorno Depressivo). 
Ênfase exagerada nos galhos ou ramos à esquerda (quanto ao número 
e tamanho-— introversão, reserva inibição e desequilíbrio na 
personalidade (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide)). 
Ênfase exagerada nos galhos ou ramos à direta (quanto ao número e 
tamanho) — desequilíbrio produzido por evitar ou retardar satisfação 
emocional e procura de satisfação o por meio de esforço intelectual 
(sugere Transtorno de Personalidade Histriônico). 
6.18— Copa 
 
73 
 
A é o campo de expressão e beleza da árvore. É a sua parte mais 
delicada e perecível, é a sede das folhas, flores e frutos, sendo a 
manifestação da plenitude de sua existência. 
O desenho da copa traz no seu grafismo indicações da vida intelectual, 
das fantasias e da criatividade do paciente. Indica também a relação de 
troca entre o que é de dentro e o que é de fora, o tipo de 
comportamento em relação à realidade, sociabilidade e atividade 
imaginativa a parte externa e as extremidades simbolizam a zona de 
contato com o ambiente. 
Copa apresentando um conjunto equilibrado, sem pender para 
nenhum lado — calma interior, estado de equilíbrio, autoconfiança e 
maturidade. 
Copa só contornada, vazia — vazio de alma (o espaço da copa é o 
campo de expressão do indivíduo). 
Copa dividida em fragmentos ou pedaços — riqueza interior e/ou 
proteção a si mesmo (os ramos envolvem-se para evitar o choque). 
Copa achatada ou apoiada na borda da folha — pressão ambiental ou 
dependência e imaturidade. 
Ausência de copa, copa incompleta ou dificuldade em completá-la — 
dificuldade nas relações pessoais, indefinição e dificuldade para achar 
soluções adequadas. 
Parte da copa omitida ou cortada — sentimento de inferioridade, 
desenvolvimento detido, inibição, resistência, timidez, necessidade de 
omitir-se ou de esconder algo. 
Copa com espaços internos vazios -- cautela, impenetrabilidade, 
sentimento de insuficiência e necessidade de ocultação (evitar certas 
zonas indica sentimento de inferioridade e de fracasso). 
Copa fechada e sombreada — repressão da energia instintiva e 
isolamento social. 
Copa esférica — tendência a fantasia, falta de autenticidade ou medo 
da vida real (comum em tipos emotivos e fantasiosos. Mais frequente 
nos desenhos dos meninos do que nos das meninas). 
Copa esférica, envolvida por uma membrana — dificuldade de 
comunicação, timidez, retraimento, medo, falta dc contato interior, não 
verdadeiro para consigo mesmo e dissimulação. 
 
74 
 
Copa descoberta — algo incompleto, indecisão, indeterminação ou 
tendência à investigação e à iniciativa. 
Copa encaracolada ou ondulada — valorização do aspecto externo, 
superficialidade, entusiasmo, tendência à extravagância, atividade, 
animação, dramatização e comunicação. 
Copa com emaranhado de linhas confusas — grande mobilidade 
psíquica, poder de improvisar, sem objetivo, confuso, inconsequente, 
selvagem, falta de estabilidade, incapacidade de concentração, falta de 
disciplina, impulsivo, imprevisível, falta de clareza de pensamento e 
trabalho sem método. 
Copa arredondada e do tipo nuvem — tendência a fantasia, sonhador, 
flexibilidade ou falta de energia para realização e medo da realidade. 
Copa em forma de raios ou varas ou linha de serra — nervosismo, 
irritabilidade, agressão, agitação, impulsividade, fraca estabilidade, 
impaciência, exigência, teimosia ou diversificação de interesses, 
dificuldade de concentração (comum na crise dapuberdade e em 
Transtorno de Ansiedade Generalizada). 
Copa com formato dado por jardineiro — dificuldade em se expor, falta 
de originalidade, artificialidade, pessoa não verdadeira para consigo, 
correção forçada, rigidez, mecanização ou sofisticação (comum em 
alunos-modelo com falta de originalidade e sugere também Transtorno 
de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). 
Copa do tipo salgueiro — insegurança e indivíduo fortemente afetado 
pelo ambiente (comum em Deprimidos). 
Copa em forma de trevo ou coração — mascaramento e falta de 
autenticidade. 
Copa como flocos de algodão ou nuvens nas pontas dos galhos — 
obscurecimento ou mascaramento das próprias intenções, medo de 
contato com a realidade e dificuldade em estabelecer uma relação mais 
inteira com as pessoas ou situações. 
Copa como rolo de fumaça — indivíduo facilmente influenciável, 
tendência a devanear e a fantasiar e dificuldade para agir. 
 Copa como chama de vela — entusiasmo, energia, orientação para o 
auto-aperfeiçoamento ao contínuo, fanatismo, fantasia e imaginação 
criadora. 
 
75 
 
Copa achatada na parte superior — inibição, forte pressão ambiental, 
obediência não desejada, resignação, dificuldade para tomar decisões, 
sentimento de inferioridade, a imobilizada que não pode escapar de um 
estado emocional e falta de agressividade (sugere Transtorno 
Depressivo). 
Copa levemente sombreada — empatia, suavidade, passividade ou 
indeterminação irresolução e confusão. 
Copa em ponta. — crítica e agressividade. 
Copa em ramificações delgadas — sensibilidade e suscetibilidade. 
Copa em linhas simples — falta de maturidade intelectual ou afetiva 
(normal na infância). 
Copa de linhas curvas — doçura, imaginação, compreensão afetiva e 
cortesia (comum em pessoas prestativas), 
Copa com linhas trêmulas — nervosismo, irritabilidade e insegurança. 
Copa feita por um conjunto mais ou menos discordante de linhas — 
grande mobilidade psíquica, atividade, agitação, labilidade de humor, 
ambivalência, falta de estabilidade, desorientação ou produtividade, 
espontaneidade, inconsequência e improvisação (sugere Transtorno de 
Personalidade Borderline). 
Linha separando a copa do tronco — discordância entre capacidade e 
ação, entre querer e fazer, visão curta e infantil, inadaptabilidade 
(normal entre crianças pequenas, porém, depois dos 7,8 anos de idade, 
sugere Transtorno de Aprendizagem). 
 
6.19 — Tamanho da copa 
Copa grande e tronco pequeno — confiança em si mesmo, preocupação 
consigo e ambição maior que a capacidade de realização. 
Copa pequena e tronco grande — forte dinâmica emocional e 
imaturidade (comum em crianças) e, se forem adolescentes ou adultos, 
sugere sentimento de inadequação, dificuldade de realização e 
regressão aos níveis mais primitivos. 
Copa pequena — infantilidade e imaturidade (até 9 ou 10 anos de idade 
é normal). 
 
76 
 
Copa grande — fantasia, vaidade, entusiasmo, exibição ou instabilidade, 
falta de concentração e agitação. 
Copa muito grande e incompleta por não caber no papel — maior 
satisfação na fantasia que na realidade. 
 
6.20 — Direção da copa 
 
Copa em equilíbrio (não tendendo para nenhum dos lados) - estado de 
equilíbrio calma, maturidade, satisfação consigo mesmo ou 
psicologicamente estático e tensão de duas forças igualmente fortes. 
Copa aumentada para o lado direito -extroversão, autossuficiência, 
autoconfiança, arrogância, vaidade, necessidade de ser importante, 
orgulho, facilidade em expressar afetos, ambição intelectual e 
desembaraço em lidar com o mundo exterior. 
Copa aumentada para o lado esquerdo — introversão, timidez, 
subjetividade, narcisismo ou fixação materna, prisão ao passado, medo 
do progresso, preocupação consigo mesmo, vivendo no mundo dos 
desejos e passividade. 
Copa com ramos descendentes do lado esquerdo e ascendentes do 
lado direito — exterioriza com entusiasmo maior do que sente, esforço 
de superação do abatimento e fadiga (comum em Deprimidos). 
Copa pendendo aos lados do tronco — imobilização na emoção, não 
produz o quanto poderia, falta de agressividade, cansaço, falta de 
energia, passividade, indecisão e apatia (comum em Deprimidos). 
Copa orientada para o alto — entusiasmo, energia, tendência à 
realização, busca de realização na fantasia e ambição. 
Copa com ramos para o centro (para dentro) — tendência a reserva, 
proteção do ego, defesas, concentração, ou autossuficiência, 
independência, harmonia interior, firmeza, decisão ou egocentrismo, 
narcisismo e dificuldade de comunicação e sociabilização. 
Copa com os ramos para fora — tendência a agressividade, atividade, 
confusão mental, iniciativa, extroversão ou maior necessidade de 
 
77 
 
contato com a realidade (quando os ramos não são do tipo espinho, a 
agressividade não é tão forte). 
 
6.21 — Folhas 
São as folhas que nos dão os primeiros sinais de germinação, fertilidade 
e crescimento da árvore. Apresentam uma função vital (respiração da 
planta), além de contribuírem para aparência e beleza da árvore. São o 
símbolo da vida, servem para enfeitar e decorar o esqueleto da arvore e 
simbolicamente para indicar como o sujeito realiza contato com o 
ambiente. 
Sua formação no desenho tanto pode significar harmonia, desordem 
como comporta- Obsessivo-Compulsivo (estereotipia). 
Folhas médias — bom ajustamento, capacidade de expressão e 
adaptação. 
Folha ao longo dos galhos e ramos numa disposição natural- 
capacidade de observação para os aspectos exteriores, preocupação 
com a aparência, dotes decorativos e visuais, vivacidade ou prazer em 
dramatização e/ou auto-expressão com necessidade de 
reconhecimento, interesse por aspectos exteriores e tendência à 
fantasia (sugere Transtorno de Personalidade Narcisista) 
 Folhas grandes — necessidade de crescer e receber elogios. 
Folhas de tamanho exagerado —imaturidade e desejo de mascarar 
sentimentos de inadequação básicos com uma capa de ajustamento 
superficial. 
Folhas miúdas e numerosas— minuciosidade, preocupação com 
detalhes e trabalho mecânico, Quando exagera na minúcia pode 
significar falta de senso de realidade e ausência de julgamento (comum 
em pacientes com Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). 
Folhas incrustadas na copa — dom de observação dos aspectos 
exteriores, necessidade de reconhecimento, tendência a adornos, 
fantasia ou visão infantil do mundo e ingenuidade (sugere Transtorno de 
Personalidade Narcisista). 
Folhas no tronco e/ou abaixo da copa — realização infantil, 
imaturidade, ingenuidade e primitivismo. 
 
78 
 
Folhas em galho seco — sinal de renascimento. 
Folhas caindo ou caídas — perda, separação, sacrifício, renúncia, 
desistência ou sensibilidade, delicadeza de sentimento, facilidade para 
esquecer, alívio fácil, distração. Pode também ser indício de sensação de 
não mais poder conformar-se às demandas da sociedade, sensação de 
algo perdido, de perda da habilidade de fazer ajustamentos mais 
refinados no ambiente ou instabilidade (encontrado em alguns casos de 
Depressão e de transtorno de Despersonalização). 
Folhas em disposição simétrica e regular — automatismo, primitivismo, 
realismo estreito, identidade a nível de fantasia e insegurança (sugere 
Transtorno de Personalidade Obsessivo -Compulsivo). 
Folhas, ramos, frutos abaixo da copa — realização infantil, resíduo de 
primitivismo, ingenuidade e imaturidade. 
6.22 — Flores 
As flores são a produção mais delicada da árvore, nos falam da 
aparência, da estética, do enfeite, da graciosidade e da beleza. 
A nível simbólico pode sugerir urna necessidade de revestir-se de boa 
aparência (máscara), preocupação com a fantasia, com a beleza, 
autoadmiração, vaidade e necessidade de agradar (a verdadeira árvore 
é invernal). 
Flores bem localizadas — equilíbrio. 
Árvore cheia de flores — autoadmiração, interesse pela aparência, 
vaidade, imaturidade, capacidade aparente, tendência à falsidade,falta 
de persistência e busca de satisfação no momento imediato (sugere 
Transtorno de Personalidade Narcisista). 
6.23 — Frutos 
Só aparecem depois da flor fecundada e são o resultado de um lento e 
longo processo de maturação, o qual viabiliza a perpetuação da espécie. 
Simbolizam o rendimento da árvore, a sua utilidade, o desejo de 
realização, de compreender os problemas da vida e a própria criação. 
Crianças de 7 a 10 anos de idade desenham árvores cheias de frutos e 
na maioria das vezes soltos; aos 12 anos de idade os frutos são 
 
79 
 
geralmente ligados por uma haste, e depois dos 14 anos de idade a 
presença de frutos é vista como uma indicação de infantilidade. 
Árvore cheia de frutos — desejo de realizar, prosperar, de obter 
sucesso rápido, procura de boas recompensas, oportunismo, luta ou 
impaciência (comum em crianças e adolescentes, porém bastante raro 
nos adultos). 
Árvore cheia de frutos em adultos — fixação na infância ou 
adolescência, oportunismo, desejo de ver resultados imediatos, 
impaciência e necessidade de autoestima (comum em mulheres 
grávidas e sugere também Transtorno de Personalidade Dependente). 
Frutos soltos -_ desprendimento, desapego e reação emocional aos 
familiares (comum em crianças depois dos 14 anos, imaturidade). 
Frutos que caem ou caídos — perda, sentimentos de rejeição, de 
sacrifício, de renúncia, de frustração e de morte. 
Macieiras — necessidade de independência (comum em crianças). Em 
adultos sugere Transtorno de Personalidade Dependente. 
 
6.24— Acessórios no desenho da arvore 
Quando aparecem devem ser analisados. 
Enfeites, adornos — tendência ao bom humor e a enfrentar os 
problemas brincando. 
Chão com vegetação, grama, flores ou arbustos em grau limitado — 
insegurança; grau excessivo - ansiedade. 
Paisagem apenas esboçada ou incompleta.— tendência a sonho, 
indolência, contem,, meditação, observação, dom da imaginação e falta 
de senso da realidade. 
Paisagem como tema dominante- sensação de ser ameaçado pelo 
mundo exterior, ausência de liberdade em relação à realidade, desejo 
de fuga, ansiedade, cansaço e de controle sobre as idéias negativas 
(comum em pacientes Deprimidos). 
Arvore cercada com estacas, suportes, grades ou cercas — insegurança, 
falta de independência e necessidade de apoio (sugere Transtorno de 
Personalidade Dependente). 
 
80 
 
Ninhos— desejo de proteção, imaturidade, dependência, imersão na 
fantasia e concepção infantil do mundo (normal em crianças até 12 anos 
de idade). Mais tarde sugere Transtorno de Personalidade Dependente 
Sombra no terreno — desejo de proteção. 
Sol — geralmente representa a figura de maior autoridade ou de maior 
valência emocional (positiva ou negativa) no ambiente do sujeito. 
Sol minúsculo e distante — sentimento que o ambiente geral 
proporciona pouco calor ou sensação de um grande distanciamento em 
relação às figuras parentais ou de autoridade. 
Outra árvore — carência afetiva, necessidade de companhia (comum 
em desenhos de Esquizofrênicos, dê crianças com insuficiente 
maturidade escolar e de órfãos). 
Formas impróprias, pessoas, dizeres, versos, rabiscos sem significado 
— incerteza, insegurança e falta de confiança em si (comum em pessoas 
brincalhonas, irônicas e em alguns casos de Esquizofrenia). 
Árvore localizada em uma colina — tendência ao isolamento e 
espiritualidade. 
Árvores dentro de potes, vasos — distúrbios sexuais. 
Serpente envolvendo a árvore — proteção contra tendências sexuais. 
 
 
81 
 
 
 
 
Na idade pré-escolar (5 a 6 anos de idade), a maioria dos desenhos já 
apresenta as mãos e os dedos. A mão é desenhada como um círculo e os 
dedos, como linhas retas. Os pés só aparecem um pouco mais tarde. 
Nesta fase as crianças param de desenhar o umbigo, porque o conceito 
de self independente já não é novo, e no lugar do umbigo geralmente 
surge uma fileira de botões, o que é comum até mais ou menos os 8 
anos de idade (a criança ainda não se encontra totalmente 
 
82 
 
independente da mãe). Depois dessa idade tende a desaparecer 
também a fileira de botões, o que ocorre quando a criança resolve de 
maneira satisfatória as questões de dependência e independência. 
Nos desenhos das crianças pré- escolares a cabeça é 
desproporcionalmente maior, quase que dominando toda a figura. A 
medida que a criança amadurece, os desenhos vão se tornando mais 
realistas, e, usualmente por volta dos 7 ou 8 anos de idade, a figura 
humana e suas partes assumem proporções mais objetivas e o tamanho 
da cabeça representa cerca de um oitavo da estatura total. 
Por volta dos 8 anos de idade, surge a separação entre a cabeça e o 
corpo (o pescoço simboliza a ligação entre o mental e o físico). Nessa 
época as crianças apresentam maior consciência da necessidade de 
controle intelectual. O comprimento e a largura do pescoço, assim como 
a ênfase geral a ele dada, constituem uma medida de sua necessidade 
desse controle. Pode-se afirmar que quanto mais o pescoço é 
evidenciado, mais ameaçadores são os impulsos corporais e maior é a 
necessidade de defesa contra tais impulsos por meio do controle 
intelectual. 
7.1 — Introdução 
 
Da observação de incontáveis desenhos infantis, percebemos que a 
primeira representação do corpo humano feita pela criança pequena é 
um círculo. 
As crianças de 3 ou 4 anos de idade o identificam espontaneamente 
como a figura de pessoa. Nesse modelo circular compreende também o 
tórax e muitas vezes são adicionados os olhos, a boca e o nariz. No 
entanto, apesar da simplicidade do desenho, fica claro para maioria dos 
observadores que o esquema representa uma pessoa. 
Até os 4 anos de idade mais ou menos não é esperada a representação 
dos braços. A dos 6 anos de idade sua ausência é preocupante e aos 10 
anos de idade é extremamente significativa. O mesmo se aplica quanto 
ao ponto de junção dos mesmos; não é normal que as crianças em idade 
escolar continuem a desenhar braços que saem de cabeças ou de 
pernas, e, quando isso ocorre, refletem falhas do desenvolvimento ou 
patologia. 
 
83 
 
Aos 5 anos de idade, o umbigo é salientado, e os braços são desenhados 
como extensão da cabeça em lugar do corpo. As crianças nesta fase já 
têm alguma consciência das diferenças entre os sexos, que é expressada 
pela ausência ou presença de uma saia ou pelo comprimento do cabelo. 
Na idade pré-escolar(5 a 6 anos de idade),a maioria dos desenhos já 
apresenta as mãos e os dedos. A mão é desenhada como um circulo e os 
dedos como linhas retas. Os pés só aparecem um pouco mais tarde. 
Nessa fase as crianças param de desenhar o umbigo, geralmente surgem 
uma fileira de botões, o que é comum até mais ou menos 8 anos de 
idade( a criança ainda não se encontra totalmente independente da 
mãe) Depois dessa idade tende a desaparecer a fileira de botões , o que 
ocorre quando a criança resolve de maneira satisfatória as questões de 
dependência e independência. 
Nos desenhos das crianças pré-escolares a cabeça é 
desproporcionalmente maior, quase que dominando toda a figura. À 
medida que a criança amadurece, os desenhos vão se tornando mais 
realistas, e,usualmente por volta dos 7 ou 8 anos de idade, a figura 
humana e suas partes assumem proporções mais objetivas e o tamanho 
da cabeça representa cerca de um oitavo da estatura total. 
Por volta dos 8 anos de idade, surge a separação entre a cabeça e o 
corpo( o pescoço simboliza a ligação entre o mental e o físico). Nessa 
época as crianças apresentam maior consciência da necessidade de 
controle intelectual. O comprimento e a largura do pescoço, assim como 
a ênfase geral a ele dada, constitui uma medida de sua necessidade 
desse controle. Pode-se afirmar que quanto mais o pescoço é 
evidenciado, mais ameaçadores são os impulsos corporais e maior é a 
necessidade de defesa contra tais impulsos por meio do controle 
intelectual. 
Entre os 8 e 10 anos de idade surgemtambém os braços e as pernas em 
duas dimensões, ocorre um aperfeiçoamento do desenho da figura 
humana em termos de aspectos integrativos e surge a consciência do 
corpo como uma unidade, no lugar de uma série de partes somadas 
umas às outras. 
Desta fase até a puberdade, os desenhos mostram esforços no sentido 
da obtenção de prestígio e segurança por meio da adição de símbolos 
de força e importância. 
Nos dos meninos é comum observar armas, varas de pescar, chapéus de 
caubói, etc. Nos das meninas aparecem bolsas, livros, prendedores de 
 
84 
 
cabelos, enfeites; o cabelo na maioria das vezes é visto como algo a ser 
cuidado e embelezado. 
Na puberdade e adolescência, além do desaparecimento da concepção 
fragmentada do corpo humano, os desenhos adquirem maior 
sofisticação. O corpo adquire uma nova e especial importância e, 
consequentemente, dependendo do sexo do examinando, os desenhos 
enfatizam atributos, como tamanho, força, graça, atração física, etc., Só 
aqui é que surge algum tipo de reconhecimento das diferenças sexuais, 
como a forma do corpo, contornos, curvas, etc. 
Às vezes, o jovem em lugar de indicar os seios reforça os contornos 
externos da área a fim de indicar o conflito. Os esforços no sentido de 
controlar e integrar os impulsos corporais podem ser também 
registrados como conflitos na área do pescoço, uma vez que este 
estabelece a relação entre a cabeça e o corpo. Outro indicativo de que 
existe uma repressão forçada dos impulsos corporais é o traçado de 
uma fina linha na cintura, típico do desenho de adolescentes. Outros 
instrumentos gráficos de controle podem ser observados na posição 
retesada, por dedos cerrados ou “enluvados” ou na asseada restrição 
imposta por um arco, um prendedor ou apenas uma linha que visa 
encerrar a ativa excitação do cabelo. 
À postura da figura e o tratamento dado às pernas e aos pés podem 
revelar a atitude do examinando quanto a mobilidade, estabilidade e 
sentimentos de segurança nas suas relações com o meio ou nos 
assuntos sexuais. O comprimento dos braços, sua robustez, direção e 
vigor com que eles partem do corpo em direção ao “ambiente” 
fornecem dados adicionais sobre a natureza do contato que o 
examinando tem com o meio. 
Muitos adolescentes atribuem aos seus desenhos uma idade superior à 
sua própria, o que é evidência de seu interesse em crescer, indicando os 
desejos acerca de si mesmo e colocando na figura que desenham uma 
promessa daquela realidade para o futuro. 
Os desenhos na maioria das vezes revelam problemas infantis e 
representam um dos canais de expressão dos medos, esperanças e 
fantasias. Quando o homem desenha uma mulher, o desenho pode ser a 
representação de uma criança, de uma moça ideal com quem sonha um 
dia casar-se ou da figura materna, ou um problema de identidade sexual 
se desenha primeiro a figura do sexo oposto. 
 
85 
 
E importante observar quais as partes do corpo feminino que são 
enfatizadas. Quando os seios são desenhados muito grandes ou com 
muito cuidado, pode indicar desde fortes necessidades de dependência 
oral até atração pelos mesmos. Se os braços e mãos são colocados e 
proeminentes, pode estar indicando tanto a necessidade de figura 
materna pro como dificuldades de interação com o ambiente. Ombros e 
outros indicadores de masculinidade desenhados de forma exagerada 
na figura masculina denotam expressão de insegurança com respeito à 
masculinidade, sentimentos de inadequação e inferioridade. 
Na análise, é essencial uma observação precisa do desenho como um 
todo, para dc num segundo momento, atentar para os detalhes. 
Os desenhos das crianças pequenas são muito semelhantes aos 
desenhos de paciente psicóticos, que representam a figura humana 
empobrecida e destituída de qualquer elemento emocional. Porém, isso 
ocorre pela falta de habilidade e maturidade em função de seu estágio 
de desenvolvimento e não pode ser identificado com o afastamento da 
realidade que é típico de um indivíduo psicótico. Apesar da semelhança 
dos desenhos, psicologicamente as duas expressões são de mundos 
separados e totalmente diferentes (Dileo, 1987). 
A falha em combinar as partes num todo integrado só tem significado 
patológico depois da idade pré-escolar. Nessa época também é comum 
às crianças desenharem figuras grandes, como se quisessem indicar a 
sua importância. Por ser mais significativa, a FIGURA HUMANA é 
geralmente desenhada maior que a CASA e a ARVORE. 
O desenho da Pessoa manifesta três tipos de projeções: autorretrato, eu 
ideal ou ideal de ego e percepção das pessoas significativas (pais, 
irmãos, professores, etc.). 
AUTO-RETRATO - é quando o examinando desenha o que ele acredita 
ser. Se é obeso ou magro, alto ou baixo, nariz grande, orelhas 
pontiagudas, olhos pequenos, barriga saliente, etc. 
Os examinandos de inteligência média ou inferior geralmente 
reproduzem determinados detalhes em espelho; por exemplo: se 
apresentam algum defeito na mão direta, fazem-no na mão esquerda da 
pessoa desenhada. Todavia, tem-se observado que os defeitos ou falhas 
físicas são projetados nos desenhos somente quando apresentam 
alguma influência sobre o conceito que o indivíduo faz de si mesmo ou 
quando este tenha criado uma área de sensibilidade psicológica. 
 
86 
 
Juntamente com sua projeção de sentimentos relativos a seus defeitos 
físicos, o examinando também pode projetar suas qualidades: ombros 
largos, desenvolvimento muscular, cintura fina, pernas longas, rosto 
atrativo, etc. 
Além do eu físico (autorretrato físico), o sujeito pode projetar no 
desenho um quadro do eu psicológico (autorretrato psicológico). Pode 
acontecer que examinandos de altura adequada ou superior desenhem 
figuras pequenas, com braços caídos em atitude de derrota ou desvalia, 
pés um para cada lado mostrando ambivalência, olhos vazados (cegos) 
ou boca com um traço tenso. Neste caso o indivíduo projeta a idéia 
psicológica que tem de si mesmo, isto é, se vê como um ser pequeno, 
impotente, insignificante, desvalido, dependente e necessitado de 
apoio, apesar de não corresponder a seu real aspecto físico. 
Cada paciente elabora o seu autorretrato à sua própria maneira, 
acentuando e/ou modificando diferentes partes em função dos 
mecanismos de sua personalidade e de toda sua passada e presente. O 
fato é que o autorretrato pode ser distorcido da realidade, muitas vezes 
tal imagem, associa-se a aspectos idealizados ou patológicos que geral- 
refletem dificuldades profundas com o próprio corpo. 
EU IDEAL OU IDEAL DO EGO - é comum pessoas frágeis fisicamente, 
desenharem atletas ou levantadores de peso; pessoas obesas 
desenharem bailarinas esguias dançando livremente sem o fardo da 
massa corporal; crianças espancadas produzirem armas, espadas, 
projetando a sua necessidade de força, a fim de evitar danos para si 
mesmo. 
Nas crianças observa-se grande influência dos personagens das histórias 
em quadrinhos e desenhos da televisão. A imaturidade não permite a 
reprodução intencional de sentimentos e atitudes mais sutis; este fato 
só ocorre a partir da adolescência. 
PESSOAS SIGNIFICATIVAS - a criança pequena de modo inconsciente e 
automático elege ideais e valores assim como exerce comportamentos 
que se assemelham com as figuras de sua constelação familiar, as quais 
ama, admira, respeita e algumas vezes tem medo. Essas identificações 
assumem importância capital na infância, mas prosseguem 
significativamente durante a vida toda. Nos desenhos infantis, muitas 
vezes são projetadas imagens dos pais, mostrando a grande importância 
que estes têm para a criança e a necessidade que estas sentem de um 
modelo com que seja capaz de incorporar em seu conceito de si mesmo. 
 
87 
 
E também comum desenhar pessoas significativas (professores, tios, 
etc.) do meio social contemporâneo ou passado, devido à forte valência 
positiva ou negativa que estas pessoas têm para a criança.Esta inclusão da percepção que o examinando tem de figuras 
significativas do meio social, em contraste com a percepção que tem de 
si mesmo, se produz com maior frequência em desenhos de crianças do 
que de adolescentes e adultos (às vezes o mesmo desenho pode dar 
uma imagem fusionada de si mesmo e dos outros). 
 Características das figuras materna ou paterna que a criança projeta em 
seu desenho constituem-se na maioria das vezes em um elemento de 
profecia. Vários anos mais tarde, o teste aponta determinados sinais 
que a criança incorporou dos pais. Isto fica mais evidente quando a 
criança não passa por uma psicoterapia ou quando a sua situação 
ambiental o sofre mudanças significativas (Rabin, 1996). 
 
7.2 — Figuras inacabadas 
A distorção ou omissão de qualquer parte da figura sugerem conflitos 
que podem estar relacionados com a parte em questão. Por exemplo, é 
comum voyeuristas omitirem os olhos; pessoas muito inseguras não 
desenharem os braços; indivíduos com conflitos sexuais omitirem partes 
do corpo, etc. 
Observações, rasuras, sombreamento ou reforçamento têm o mesmo 
significado de interpretação das distorções e omissões. 
Não esquecer que quando o examinando faz uma figura incompleta, o 
examinador deve oferecer outra folha e solicitar ao mesmo que desenhe 
uma figura completa (ver normas para aplicação). 
Desenho só da cabeça — censura ao próprio corpo ou sexual, Em alguns 
casos pode indicar valorização exagerada da própria inteligência ou 
refúgio na fantasia. 
Desenho apenas da cabeça e tórax — censura da área genital, forte 
preocupação sexual ou desajustamentos em relação ao corpo. 
Dificuldade para desenhar braços e pernas visíveis- inabilidade para 
estabelecer contatos sociais espontâneos e dificuldade para avaliar 
corretamente as próprias potencialidades. 
 
88 
 
Partes omissas — censura da parte omitida (comum em imaturos que 
não querem tomar conhecimento dos problemas do mundo, pessoas 
com Transtorno de Somatização e Transtorno de Ansiedade 
Generalizado). 
 
7.3 — Sucessão das partes desenhadas 
A sequencia habitual no desenho da figura humana é em primeiro lugar 
a cabeça e as características faciais (olhos, nariz, boca e orelhas), 
pescoço, tronco superior, braços, mãos, tronco inferior, pernas e pés. 
As alterações nas sequencias alertam para as partes do corpo 
possivelmente mais problemáticas ou importantes para o paciente. 
Com o mesmo significado, a demora na apresentação das características 
faciais implica num desejo de retardar a identificação da pessoa e a 
demora em desenhar dedos ou mãos denota uma relutância em fazer 
contato imediato e íntimo com o ambiente. As vezes esta é a maneira 
que o paciente encontra para evitar a revelação de sentimentos de 
inadequação. 
Em crianças é normal as alterações sequenciais, porém nos adultos 
apresentam outros significados. 
Começo pela cabeça — aceitação do desenvolvimento (é o modo mais 
comum de iniciar o desenho, pois é na cabeça que estão os conceitos do 
self). 
Começo pelas mãos, braços, tronco e cabeça por último — dificuldade 
nas relações pessoais e predomínio de aspectos mecânicos da 
personalidade (em alguns casos, indica perturbações do pensamento). 
Começo pelas pernas e pés — desânimo, desencorajamento e 
dificuldade em caminhar na vida (comum em Deprimidos). 
Começar uma parte e abandonar, ir para outra ou retomar para a 
inicial — distúrbio sério de despersonalização (comum em começo de 
Esquizofrenia). 
Desenvolvimento bilateral — dissimulação e ambivalência (comum em 
Transtorno de personalidade Obsessivo-Compulsivo). 
 
89 
 
Começo pelo cabelo — problema de virilidade (comum em pessoas com 
distúrbios na área da sexualidade e sugere também Impulso Sexual 
Excessivo). 
Começo pelo rosto — necessidade de agradar e de inter-relacionar com 
as pessoas (no rosto é que estão todos os elementos da inter-relação 
social). 
Começo pelo pescoço — necessidade de viver sob controle e 
policiamento dos desejos do corpo (o pescoço é o elemento de ligação 
entre as forças afetivas e os impulsos controladores do corpo). 
Começo pelos ombros — ambição, desejo de autoafirmação e fantasia 
de força e o poder, no caso de ombros largos (comum em pacientes 
com Transtorno de Somatização). 
Começo pelos braços — ambição por meios econômicos, por 
compreensão, afeto, desejo de inter-relação ou sentimentos de culpa, 
quando são muito retocados (é importante verificar se a ambição é 
positiva ou negativa). 
Começo pelas mãos — pessoa ambiciosa ou sentimentos de culpa ou 
frustração. Começo pelas pernas — desejo ou fantasias de mudanças, 
física ou profissional. 
Começo pelo pé — desejo de mudança ou desencorajamento (comum 
em pacientes Deprimidos e em alguns casos de Distúrbio Sexual). 
Começo pelos pés com dedos — afetividade primitiva, sensualidade 
instintiva e sem controle ou agressividade (sugere Transtorno de 
Conduta e/ou Transtorno de Personalidade Antissocial). 
Cabeça desenhada por último — distúrbio mental (explorar a 
possibilidade de perturbação do pensamento). 
Começo por quadris e/ou seios, realçados ou retocados, feito por 
homem — tendência homossexual. 
Começo pelo vestuário — necessidade de chamar a atenção, 
preocupação com as roupas, com a sociedade ou sentimento de 
inferioridade, necessidade de proteção e couraça (sugere Transtorno de 
Personalidade Narcisista). 
Traços em direção ao corpo — tendências introvertidas. 
Traços que se afastam do corpo — tendências extrovertidas. 
 
90 
 
 
7.4 — Ordem das figuras 
O esperado do ponto de vista de identificação sexual é que as pessoas 
desenhem o próprio sexo em primeiro lugar. Quando o desenho não 
representa o autorretrato do autor, outras variáveis podem estar 
influenciando a escolha, como fantasias românticas, preocupações 
momentâneas, grande relação afetiva, conflitos com o progenitor do 
sexo oposto, identificação com o sexo oposto, conflitos frente a 
identidade sexual ou outras condições temporárias do sujeito. 
Estudos têm confirmado a visão, geralmente aceita, de que a grande 
maioria das crianças desenha seu próprio sexo primeiro, quando 
solicitadas a desenhar a figura humana. Observa-se também que a 
porcentagem de meninas desenhando seu próprio sexo declina com a 
aproximação da adolescência (Lourenção Van Kolck, 1984). 
Essa mudança que ocorre num significado número de meninas nem 
sempre representa uma troca no papel ou na identificação sexual. 
Quando uma adolescente desenha a figura masculina em primeiro lugar, 
pode estar expressando um interesse pelo outro sexo, e não problemas 
na identificação sexual. 
Na adolescência parece haver maior inclinação a desenhar um amigo da 
mesma idade ou um adulto solícito, do que os próprios pais. 
Crianças — desenham com mais frequência pessoas significativas de seu 
ambiente (pai, mãe, irmãos, professores, etc.), e não a percepção do 
próprio self, provavelmente porque os pais representam um modelo de 
identificação que a criança quer incorporar. 
Crianças de 7 a 16 anos — desenham primeiro a figura do sexo oposto 
quando têm maior estima por este ou quando apresentam sentimentos 
negativos para consigo mesmo, quando são mais dependentes faltando-
lhes segurança quanto a própria imagem ou quando não têm plena 
consciência do próprio sexo do ponto de vista das características sexuais 
já reconhecidas. 
Adultos — que reproduzem as figuras parentais em seus desenhos, 
normalmente mostram-se presos ao passado, sem jamais terem 
conseguido atingir totalmente a independência do controle parental. 
Quando pergunta sobre o sexo que se deve desenhar primeiro — 
confusão a respeito do papel sexual. 
 
91 
 
Desenho do próprio sexo em primeiro lugar — identificação com o 
papel característico do próprio sexo (é o mais comum). 
Desenho do sexo oposto em 1°lugar— como já foi dito acima, pode 
simbolizar fantasias românticas, preocupações momentâneas,conflitos 
com o progenitor do sexo oposto forte ligação e dependência com o 
genitor ou com a pessoa que tem mais afinidade sexo oposto, confusão 
a respeito do papel sexual, perturbação na identificação sexual em 
alguns casos homossexualismo. 
7.5— Visão geral das figuras 
 
Simbolizam o grau de auto-exposição do paciente. 
Figura de frente — quando é a figura do sexo do autor indica aceitação 
de si mesmo boa evolução psicossexual e relacionamento com o mundo 
exterior de forma t e franca. 
Figura de perfil — atitude evasiva, necessidade de esconder dos outros 
os próprios sentimentos, recusa em apreender a realidade, dificuldades 
e indiferença para com o meio, problemas de relacionamento afetivo, 
tendência para evitar o confronto com os problemas e busca de 
satisfação na fantasia (desenho comum em crianças inteligentes, mas 
ocorre também em psicóticos). 
Figura de costas — grande problema de ajustamento, fuga do meio, 
dissimulação dos impulsos “proibidos”, culpa e vergonha (comum em 
Transtorno de Personalidade Paranóide). 
Figura com o rosto de perfil e corpo de frente — em crianças, é comum 
devido a certa imaturidade perceptiva. Em adolescentes pode indicar 
conflitos entre exibicionismo e controle social; já nos adultos sugere 
dificuldades de ajustamento, de percepção do meio e de si mesmo ou 
falta de habilidade técnica. 
Figura com a cabeça de perfil e olhos de frente — discernimento 
escasso e falta de perspectiva (comum em Esquizofrênicos, Transtorno 
de Somatização e/ou de Transtorno de Aprendizagem). 
Desenho pedagógico (ou figura de palitos) — grande dificuldade nas 
relações interpessoais ou expressão de desprezo e/ou hostilidade em 
relação a si mesmo (comum em adolescentes que se sentem rejeitados, 
em Transtorno de Personalidade Antissocial e/ou Hipocondria). 
 
92 
 
Estereótipos — insegurança, identidade a nível de fantasia e evasão dos 
problemas de relacionamento pessoal (frequente em crianças inseguras 
e deprimidas ou oriundas de lares desfeitos e em adultos infantilizados), 
Estátuas, múmias, etc., — enrijecimento das defesas e fuga das 
situações emocionais e do convívio com as pessoas (sugere Transtorno 
do Pânico). 
Palhaços, caricaturas, anões, monstros, figuras grotescas, etc. -esforço 
inconsciente para deformar a realidade, desprezo e hostilidade para 
com as pessoas e atitude auto-depreciativa ou sentimento de 
inadequação e pobre conceito de si mesmo, (comum em adolescentes 
que se sentem rejeitados), 
 
7.6 — Idade das figuras 
 
A atribuição de idade à figura humana simboliza o indício dos desejos, 
atitudes culturais e perspectiva temporal do examinando. 
Idade da figura próxima à do examinando — bom nível de maturidade 
sociocultural. 
Idade da figura inferior à do examinando — imaturidade, fixação 
emocional em alguma fase ou reação a traumas, quando o indivíduo se 
fixa em uma época anterior mais feliz (sugere Transtorno de Estresse 
Pós-Traumático). 
Idade da figura superior à do examinando em geral sugere vivências 
depressivas e/ou inadequadas para a idade. Nas crianças indicam 
sentimentos de não ser aceita pelos pais, levando-as a inferiorizar essa 
experiência e sentir um forte desejo de crescer ou pais dominadores ou 
identificação com um dos pais. 
 
7.7 — Postura das figuras 
A Figura Humana tanto pode ser desenhada ereta, indicando toda a sua 
força e vitalidade, como deitada, mostrando o seu baixo nível de 
energia. 
 
93 
 
Figura ereta — normal boa energia e vitalidade. 
Figura inclinada, sentada, agachada ou deitada — baixo nível de 
energia para responder a estímulos, instabilidade, equilíbrio precário, 
debilidade física, falta de ânimo, exaustão mental, preocupação ansiosa 
a respeito do equilíbrio pessoal e sua posição precária, sensação de 
estar doente ou alerta para pessoas doentes na família (comum em 
alcoólicos crônicos e Deprimidos). 
Figura solta no espaço (página) ou que parece estar caindo — 
sentimentos de iminente colapso da personalidade, instabilidade, 
insegurança, dificuldade para estabelecer contato ativo com a realidade 
e sensação de estar no ar. 
Figura vergada e/ou corcunda— vivências depressivas, peso nas costas 
ou culpa. 
Figura apoiada a um poste ou cerca — necessidade de ajuda, de 
segurança, de apoio, falta confiança em si e dependência (sugere 
Transtorno de Personalidade Dependente). 
Figura na linha do solo — preocupação com a realidade e necessidade 
de saber onde (não é essencial à estrutura do desenho). 
Figura sob a pressão de um vento forte — sensação de muita pressão 
ambiental turbulência no lar. 
 
7.8— Simetria dos desenhos 
 
O ser humano é aparentemente simétrico em seu físico, mas não em 
seus detalhes; o, considera-se um desenho “saudável” quando há certo 
equilíbrio entre as partes do corpo. 
Muita ordem e igualdade entre as partes do corpo — rigidez, defesas 
compulsiva e/ou muscular contra os impulsos ou ameaças do meio, 
preocupação com o certo ou errado, frieza e distanciamento emocional 
ou necessidade de controle (comum em Transtorno de Personalidade 
Obsessivo-Compulsivo, perfeccionistas e exibicionistas). 
Braços e/ou pernas de diferentes tamanhos ou largura — comum em 
crianças até aproximadamente sete anos de idade; mais tarde sugere 
 
94 
 
agressividade, dificuldade escolar, imaturidade, coordenação pobre, 
excesso de espontaneidade, descuido, falta de controle, impulsividade, 
hiperatividade ou insegurança, instabilidade, falta de defesas, perda de 
equilíbrio da produção gráfica e desorganização mental. Quando as 
diferenças são muito acentuadas, demonstra desarmonia na 
personalidade e no comportamento (comum em Transtorno de 
Personalidade Histriônico). 
7.9 — Movimentos nos desenhos 
Uma das maneiras pelas quais percebemos que um ser tem vida (ou 
está vivo) é demonstrada pelo movimento que este exerce impelido 
pelas suas próprias forças. Alguns desenhos mostram pessoas andando 
ou correndo, cachorros pulando, pássaros voando, árvores balançando, 
etc.; nota-se que a representação dos desenhos pode variar desde a 
rigidez até a mobilidade extrema (Di Leo, 1987). 
Espontânea ou imitativamente, as crianças usam uma variedade de 
expedientes no seu desejo de imprimir movimento às suas figuras, e 
alguns deles habilmente copiam os Recursos utilizados pelos artistas de 
estórias em quadrinhos. De forma geral, os meninos costumam retratar 
mais ação, enquanto as meninas parecem mais interessadas nos 
detalhes e acabamento. 
Crianças em idade escolar não se satisfazem por muito tempo com 
figuras frontais e estáticas, tentam desenhá-las com animação, 
esperançosas de criar a ilusão do movimento, Percebendo a dificuldade 
de indicar movimento num desenho frontal, descobrem o perfil como 
oferecendo orientação mais efetiva para retratar o caminhar, o correr e 
o fazer. 
Dos três desenhos o qual é mais comum de se encontrar indicando 
movimento é o da FIGURA HUMANA e depois desta, a ARVORE; a CASA 
é sempre estática. Como regra geral, podemos afirmar o seguinte: 
quanto mais involuntário, mais evidente e desagradável for o 
movimento, maior o índice de patologia. O movimento da figura pode 
avaliar o impulso para a atividade, a natureza do controle sobre os 
impulsos, a fantasia, a mobilidade psíquica, a capacidade mental, a ação, 
o contato social, a adaptação, etc. 
Figura parada ou com movimento moderado ou andando relaxados — 
bom ajustamento, riqueza de vida interior e inteligência (considerado 
normal). 
 
95 
 
Figura rígida, estática — (cabeça bem ereta, pernas presas uma a outra 
ou braços estendidos lateralmente) - controle rigoroso sobre a vida 
impulsiva, inadequação das defesas do ego, conflitos profundos, 
dificuldade para relaxar, medo de relações espontâneas, repressão dos 
estímulos interiores, necessidade de segurar em algo mais, face a uma 
ameaça de desorganização e medo de que os impulsos proibitivos serompam (comum em casos orgânicos e Transtorno de Personalidade 
Obsessivo-Compulsivo, Transtorno Depressivo ou Esquizofrênicos). 
Figura com movimento hesitante — insegurança, dissimulação e fraco 
controle sobre as reações e impulsos (sugere Transtorno de Ansiedade 
Generalizada). 
Figura com movimento excessivo ou involuntário, violento e 
desagradável — inquietação, superatividade, excitação, impulsividade, 
impaciência, agressividade ou desejo de dominar (comum em crianças 
hiperativas e/ou inquietas e Transtorno de Personalidade Histriônico e 
Transtorno de Personalidade Borderline). 
Figura correndo — dependendo da configuração geral do desenho pode 
indicar medo extremo ou pânico (sugere Transtorno do Pânico). 
 
 7.10— Transparência nas figuras 
 
A transparência simboliza o juízo crítico. 
Em crianças pequenas, de 5 a 7 anos de idade, não é considerado 
patológico, porque não têm capacidade de abstração. No adulto, são 
importantes desde que impliquem numa falha da percepção e da crítica 
frente à realidade, indicando a presença de desorganização da 
personalidade ou a ruptura com o meio (mais patológico). Por exemplo, 
uma transparência na roupa, como deixar aparecer o braço sob a 
manga, não é tão sério quanto aparecer a mobília por meio das paredes 
de uma casa ou os órgãos internos na figura humana. 
Figura nua — necessidade de exibir-se, de mostrar-se, de contato ou 
rebelião contra a sociedade e/ou figuras paternas em alguns casos 
indica consciência de conflitos sexuais (comum em Voyeuristas e 
Exibicionistas). 
 
96 
 
Figura nua em desenho do próprio sexo — narcisismo, supervalorização 
do corpo necessidade de exibição ou contato (comum em indivíduos 
infantis e egocêntricos e também sugere Voyeurismo e Exibicionismo). 
Figura nua com as partes sexuais acentuadas — Ansiedade, 
/lmaturidade, /Impulsividade revolta contra a sociedade e/ou figuras 
paternas, Exibicionismo, conflitos sexuais ou voyeurismo. 
Figura nua mostrando pouca diferença entre o homem e a mulher — 
dificuldade na identificação do papel sexual, confusão e repressão da 
libido. 
Figura parcialmente nua ou com roupa indicada por cintos ou botões 
— autoestima pouco desenvolvida, falta de interesse pelas pessoas e 
negligência das defesas sociais. 
Figura nua sob um robe ou uma roupa, mas sem mostrar a parte 
genital — conflitos sexuais, exibicionismo e dificuldade de adaptação. 
Figura com roupa transparente ou com elementos sexuais por meio da 
roupa — curiosidade sexual ou exibicionismo, necessidade de seduzir 
carência afetiva, julgamento deficiente ou muito pobre, conflitos e 
problema com a área que mostra a transparência. 
Figura com calça ou saia transparente -problemas sexuais, imaturidade, 
exibicionismo e impulsividade (comum em, Homossexuais e 
Esquizofrênicos). 
Figura com sombreamento nos seios — necessidade materna, 
dependência, curiosidade ou autoafirmação (comum em pré- 
adolescentes e em pessoas com Transtornos de Somatização). 
Figura com transparência e/ou com contorno dos seios, desenhada por 
homem — sentimentos de culpa, apego ou fixação à figura materna. 
Figura mostrando a anatomia interna ou transparência do corpo — 
Esquizofrenia (concordância de vários autores). 
Figura com ênfase nas articulações — extrema preocupação com o 
corpo, sensação de algo imperfeito na integridade corporal, 
dependência materna, insegurança, incerteza e imaturidade afetiva e 
sexual. Em alguns poucos casos pode indicar a necessidade de ação, 
movimento, uma forma de realizar-se, passagem da inatividade à ação 
(a presença de joelhos e cotovelos é observada na maioria das vezes em 
desenhos feitos por indivíduos com Transtorno de Personalidade 
 
97 
 
Paranoide, Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo e 
Hipocondríacos). 
 
7.11 - Cabeça 
Geralmente é desenhada em primeiro lugar. É a parte do corpo mais 
exposta e considerada o centro do poder intelectual, racional, social e 
do controle dos impulsos corporais. Representa também a autoridade 
de governar, ordenar, intuir, etc. 
Simboliza o auto-conceito e, juntamente com os traços fisionômicos, 
expressa as necessidades sociais e de contato. A forma como é 
desenhada projeta o controle do corpo e das fantasias. 
Cabeça de tamanho normal — autoconceito positivo. 
Cabeça exageradamente grande em relação ao tamanho do corpo — 
valorização exagerada da própria inteligência, ambição, aspirações 
intelectuais, ou agressividade, frustração nas aspirações intelectuais, 
sentimento de menos valia. Introspecção e ênfase na fantasia como 
fonte de satisfação (comum em pré-escolares até 5 ou 6 anos de idade, 
em crianças disléxicas, pessoas com Transtorno Somatização, 
Transtorno de Personalidade Paranóide e Esquizofrênicos). 
Cabeça grande — confiança excessiva nas funções sociais e de controle, 
com correspondente subestima do corpo e dos impulsos vitais, 
valorização da inteligência, ênfase na fantasia como fonte de satisfação, 
aspirações intelectuais, compensação por sentimentos de inferioridade 
e introspecção (comum em pessoas preocupadas com doentes na 
família ou Hipocondríacas). 
Cabeça pequena em relação ao corpo — sentimento de menos valia, 
inferioridade inadequação, preocupação com a crítica, desejo de negar 
o controle intelectual pressão do desejo obsessivo em negar 
pensamentos dolorosos e sentimentos de (comum em Deprimidos, 
pessoas com inteligência inferior ou socialmente não a das, Transtorno 
de Personalidade Obsessivo-Compulsivo e Fobia Social). 
Cabeça achatada — pressão ambiental repressão da fantasia ou da 
dinâmica racional expressar sentimentos de que o ambiente reprime o 
potencial intelectual. 
 
98 
 
Cabeça desenhada com muitas clareza em contraste com o corpo 
vagamente esboçado ou pouco claro — supervalorização do intelecto, 
apego à fantasia como mecanismo de compensação, sentimentos de 
inferioridade e/ou vergonha a respeito das partes do corpo e suas 
funções. 
Cabeça com ênfase nas linhas periféricas — esforço para manter 
controle de fantasias. 
Cabeça e rosto pouco claros—necessidade de esconder-se, timidez e 
sentimentos de inferioridade. ( sugere Transtorno de Personalidade de 
Esquiva.) 
Cabeça geométrica, triangular ou quadrada — comum em 
Esquizofrênicos. 
 
7.12 Rosto 
 
Simboliza a interação com o meio, onde se inscrevem os pensamentos e 
sentimentos. É mais expressiva do corpo, o centro da comunicação, do 
contato com a realidade, sociabilidade. 
Rosto de frente — preparo para o confronto com a vida e boa interação 
com o meio. 
Rosto com ausência de contorno facial, mas com presença de olhos, 
nariz ou boca — dificuldade de contato com o exterior (comum em 
Transtorno de Personalidade Esquizoide). 
Rosto com contorno e acentuação dos caracteres faciais — esforço 
para manter uma máscara social, ou timidez, sentimentos de 
inferioridade, menos valia ou importância e/ou valorização do próprio 
eu (comum em alguns estados de Transtorno de Despersonalização). 
Rosto com contorno reforçado — dificuldade de inter-relação social, 
insegurança e ansiedade ou culpa nos contatos sociais (sugere Fobia 
Social). 
Rosto com ausência de olhos, nariz ou boca — timidez, ausência de 
relação com o meio, fuga dos estímulos exteriores ou do meio, 
imaturidade na comunicação, tendência a evitar contatos, introversão, 
superficialidade, cautela ou hostilidade (comum em pessoas tímidas, 
 
99 
 
que vivem em seu próprio mundo e não se comunicam, e sugere 
Transtorno de Personalidade Esquizóide). 
Rosto com marca ou cicatriz — sentimento de ser diferente dos outros 
e que os outros percebem essa diferença. 
Rosto com sombreado — agressividade, tendência ao roubo. 
 
7.13 CABELO 
O cabelo é a expressão do que está vivo e crescendo. Simboliza 
vitalidade, virilidade, força, sensualidade e sexualidade. Adolescentes, 
narcisistas e homossexuais dão grande ênfase aocabelo, indicando o 
interesse pela aparência e a necessidade de autoafirmação. 
Cabelo bem cuidado e/ou bem penteado — interesse pela aparência 
social, desinibição, facilidade em mover-se no ambiente e bom 
equilíbrio psicossexual. 
Cabelo com traço firme — energia e vitalidade. 
Cabelo com sombreado forte -conflitos referentes a força e virilidade, 
ansiedade com relação aos pensamentos e fantasias ou agressão 
(sugere Impulso Sexual Excessivo). 
Cabelo comprido e em abundância — sensualidade, virilidade e 
vitalidade sexual. 
Cabelo escasso -insegurança, sentimentos de inferioridade e 
inadequação, sentimento de perda da virilidade e/ou da força. 
Cabelo extremamente bem penteado — preocupação em seduzir, 
narcisismo, exibicionismo ou moralismo. Quando desenhado por 
homem sinaliza insegurança da adequação masculina com esforço 
consciente para demonstrar virilidade (comum em adolescentes do sexo 
feminino e Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo e sugere 
Transtorno de Personalidade Narcisista), 
Cabelo desordenado — infantilidade, sensibilidade primitiva ou 
discordância entre as limitações e as convenções de ordem social; em 
alguns adultos sugere confusão relacionada com fantasias sexuais. 
Cabelo fora da cabeça — caráter regressivo (comum em 
Esquizofrênicos). 
 
100 
 
Cabelo em escova - reação agressiva a algo não aceito. 
Cabelo trançado - sujeição ou policiamento dos impulsos sexuais. 
Cabelo ondulado ou com cachos — desejo de chamar a atenção 
(comum em meninas sexualmente precoces). 
Cabelo grudado em caracol — repressão sexual e de conceitos morais 
errados, 
Cabelo repartido no meio — conflito entre identificação feminina e 
masculina. ambivalência afetiva ou social. 
Cabelo tampando o rosto — dissimulação dos problemas; em adultos 
sugere busca compensatória de virilidade devido a sentimentos de 
inadequação ou conduta sexual- mente desviada (sugere Impulso Sexual 
Excessivo). 
Homem ou adolescente que desenha a mulher com cabelo bem 
delineado e homem com chapéu— caráter regressivo e sexualidade 
infantil com fantasias viris. O chapéu em alguns casos pode simbolizar a 
impotência. 
Homem ou adolescente que desenha a mulher com cabelo 
desordenado e o homem com muita ordem — desordem ou 
imaturidade sexual e hostilidade à mulher. 
Sem cabelos (careca) — falta de energia, desvitalização, sentimento de 
debilidade, impotência, passividade ou isolamento (sugere Transtorno 
Depressivo). 
Testa grande — desejo de afirmação da inteligência (comum em 
Transtorno de Somatização). 
Franja em geral — dissimulação de fantasias sexuais e cobertura do 
problema sexual ou corporal. 
Franja na figura feminina — domínio dos impulsos sexuais sobre os 
intelectuais. 
Rabo- de cavalo, presilhas, laços e fitas — controle da sensualidade. 
Fita no cabelo da figura feminina— esforços no sentido de contenção 
dos impulsos. 
 
 
101 
 
7.14 — Chapéu 
É mais frequente na figura masculina e pode tanto simbolizar proteção 
ou status social, sensação de impotência e/ou aspectos fálicos. 
Chapéu sobre o cabelo — status social (se muito enfeitado), 
necessidade de proteção, conduta sexual primitiva ou dissimulação 
sexual. 
Chapéu cobrindo quase toda a testa — desconfiança, suspeita e atitude 
de alerta ou em guarda. 
Apenas chapéu, sem outras roupas — regressão (geralmente também 
aparece em outros traços). 
Capacete — repressão e/ou tentativa de controle das fantasias. 
 
7.15 — Barba e/ou bigode 
Simboliza na esfera da sexualidade a luta pela virilidade, principalmente 
entre aqueles que têm fortes sentimentos de inadequação sexual ou 
dúvidas sobre a masculinidade. 
Barba e bigode bem feitos —virilidade, vitalidade sexual ou busca 
compensatória de demonstrar virilidade ou sinal de status social ou 
dúvida acerca da masculinidade e atração pelo sexo oposto. 
Barba e bigode desenhados na mulher — ambivalência sexual, conflito 
com a mãe e agressividade para com a mulher. 
Ênfase na barba—necessidade de dominância mais social que sexual e 
sentimento de impotência social. 
Ênfase no bigode -busca compensatória de demonstrar virilidade. 
Barba reforçada em figura de perfil — compensação por debilidade e 
indecisão, necessidade de parecer socialmente enérgico e dominante ou 
desejo de chamar a atenção. 
Costeletas — -fantasia de poder sexual. 
 
7.16 — Olhos 
 
102 
 
A criança ao fazer o circulo representativo da figura humana desenha 
em primeiro lugar os olhos. Simbolizam o contato com o mundo 
exterior, a percepção da realidade, a discriminação perceptiva do 
ambiente e o controle. Grande parte da comunicação social concentra-
se nos olhos; “os olhos são o espelho da alma” e podem tanto expressar 
amor e compaixão como hostilidade e desprezo. 
O embelezamento dos olhos é mais frequente nas figuras femininas de 
meninas adolescentes; os desenhados pelos meninos são mais simples, 
naturais e funcionais. 
Olhos médios- bom ajustamento e contato equilibrado com a realidade. 
Olhos pequenos — exclusão ao mundo exterior e absorto em si mesmo. 
Olhos grandes — maior capacidade de absorver o mundo visualmente, 
observação, curiosidade, dependência do ambiente e das experiências 
visuais ou desconfiança (comum controladores e Transtorno de 
Personalidade Paranóide). 
Quando desenhados por moças sugere desejo de chamar a atenção dos 
rapazes. Quando desenhado por rapazes, pode ser indicativo de 
homossexualismo, se forem grandes e com cílios. 
 Nas crianças pequenas, olhos grandes são simplesmente uma expressão 
da importância dos mesmos. 
Omissão — é um fenômeno raro, geralmente é o primeiro detalhe que a 
criança desenha após a cabeça e por isso não deve ser considerado 
descuido; sua omissão sugere culpa, vergonha, imaturidade afetiva e!ou 
psicossocial (comum em Voyeuristas, crianças socialmente isoladas que 
tendem a negar seus problemas e fugir para a fantasia. 
Olhos representados por um traço ou fechados introversão, não 
aceitação do meio, desejo muito forte de evitar estimulação visual 
desagradável, passividade frente ao meio, ou estado de dependência, 
imaturidade afetiva e recusa da realidade. A pessoa que fecha os olhos 
para não ver (comum em Transtorno de Personalidade Narcisista). 
Olhos representados por um ponto — imaturidade para enfrentar a 
vida, limitado campo de visão, regressão, desejo de ver o mínimo 
possível e imaturidade no contato com o meio (comum em Transtorno 
de Personalidade Paranóide). 
 
103 
 
Olhos sem pupila ou cegos — percepção vaga e não diferenciada do 
mundo, acentuada relutância em aceitar estímulos do ambiente, recusa 
a enfrentar a realidade das coisas, inibição, dificuldade de 
discriminação, imaturidade, egocentrismo ou agressividade, hostilidade, 
culpa e vergonha (comum em Transtorno de Personalidade Histriônico e 
em Voyeristas) 
Olhos representados por um círculo (da mesma forma que a boca ou 
nariz) — em adultos indica infantilidade (comum em Transtorno de 
Aprendizagem). Nas crianças sugere dependência, superficialidade ou 
falta de discriminação. 
Olhos muito bem trabalhados (embelezados) — nas meninas sugere 
feminilidade, sedução, afirmação sexual e desejo de chamar a atenção. 
Nos rapazes, sexualidade inadaptada e ambivalência sexual e/ou afetiva 
(comum em desenhos de Homossexuais). 
Olhos cruzados ou estrábicos — reflexo de ira e rebeldia (comum em 
crianças agressivas ou com dificuldades emocionais). 
Olhos para baixo — fraco controle diante do meio, culpa e vergonha 
(comum em Deprimidos). 
Olhos para cima — na mulher sugere desejo de chamar atenção, 
afirmação no grupo ou desejo de contato sexual. No homem pode 
indicar ambivalência sexual ou Homossexualismo. 
Olhos em negrito fixos e/ou reforçados conflito na inter-relação social, 
controle sobre o ambiente, persecutoriedade, medo de perder o 
controle e medo de não enxergar (comum em Transtorno de 
Somatização e de PersonalidadeParanóide). 
Óculos — dissimulação da dificuldade em enfrentar o mundo, desejo de 
estabelecer contato interpessoal e afetivo, necessidade de enxergar a 
realidade objetiva ou status social (comum em pessoas com Transtorno 
de Somatização). 
 
7.17 — Sobrancelhas 
As sobrancelhas sugerem atitudes tanto de arrogância, dúvida como de 
autoritarismo. A simbologia deste detalhe deve ser analisada de acordo 
com o global. 
 
104 
 
Sobrancelhas bem cuidadas com traços finos e delicados — 
sensibilidade e refinamento pessoal. 
Sobrancelhas levantadas — arrogância, desdém, dúvida e dependendo 
da expressão pode indicar medo ou pânico (comum em Transtorno de 
Personalidade Paranóide). 
Sobrancelha peluda e grossa — sensualidade primitiva, áspera e não 
inibida. 
Sobrancelhas em linha reta—personalidade forte, decidida, teimosia e 
autoritária. 
Sobrancelhas, olhos grandes e cílios, na figura masculina desenhada 
por homens.— comum em Homossexuais. 
 
 
7.18 — Nariz 
São inúmeros os simbolismos ligados ao nariz, principalmente porque é 
o órgão do “faro” que denuncia os sentimentos de simpatia e de 
antipatia, orientando muitas vezes os desejos e as palavras. As 
expressões populares conferem vários sentidos, como: bisbilhotar, 
bufar, agredir, ser metido, intromissão — “meter o nariz onde não é 
chamado”, “gente de nariz empinado”, desconfiança — “lá tem coisa 
que não cheira bem”, simbolismo sexual (está na linha média do corpo e 
sobressalente como o pênis) - 
Nariz médio — bom ajustamento social e sexual. 
Nariz pequeno — infantilidade no plano sexual, temor de castração ou 
consciência de debilidade sexual. 
Nariz grande — em adolescentes e adultos sugere desejo de virilidade e 
compensação por sentimentos de impotência. 
Nariz grande feito por adolescentes — sensação ou medo da 
dificuldade de estabelecer o seu papel estipulado. 
Nariz grande na figura masculina — mecanismo de compensação 
associado com sentimentos de impotência sexual (comum em 
pacientes masculinos que sofrem de Depressão) 
 
105 
 
Nariz com deformações — sentimento de menos valia e desvio sexual 
(sugere impulso Sexual Excessivo). 
Nariz de perfil com o rosto de frente -infantilidade, indecisão, 
inadequação sexual, temores de castração, dúvida e conflitos (comum 
em crianças). 
Nariz visto de frente, sombreado, reforçado ou com retoque - conflito 
sexual, preocupação fálica e possível medo de castração, imaturidade, 
complexo de inferioridade e em alguns casos indicativo de 
Homossexualismo, também sugere Impulso Sexual Excessivo. 
Nariz arrebitado — realização sexual. 
Nariz afilado — práticas agressivas sexuais (se outros indícios puderem 
ser confirmados). 
Nariz curto ou largo com narinas abertas - rejeição ou desprezo ao 
ambiente. 
Narinas no lugar do nariz — infantilidade, sensibilidade, autoafirmação, 
provocação, desprezo ou fantasia sexual. 
Narinas com asas bem acentuadas- forte sexualidade, agressividade e 
impulsividade (sugere Transtorno de Personalidade Antissocial). 
Omissão — sentimento de imobilidade e falta de defesa, incapacidade 
para progredir e avançar, timidez, passividade, angústia, sensação de 
desamparo. 
 
7.19—Boca 
A boca é o órgão receptor das mais primitivas sensações de prazer ou 
desprazer e é a de fixações precoces com efeito pela vida afora. 
Representa a assimilação de no- idéias e a nutrição, permite a 
comunicação, o intercâmbio social, dar e receber os, agredir, maltratar, 
ferir, etc. 
Simboliza por meio da linguagem a força capaz tanto de construir, de 
animar, de ordenar, de var como de destruir, de confundir e de rebaixar. 
Boca média — bom ajustamento social e afetivo. 
Boca ausente com olhos e nariz desenhados — angústia, insegurança, 
retraimento, incapacidade para comunicar-se ou sentimento de culpa 
 
106 
 
com relação à agressividade, tendências sádicas, rejeição ao meio, 
negação das necessidades afetivas, possibilidade de conflito com a 
figura materna ou dificuldades na área da alimentação (comum também 
em pessoas deprimidas ou com Transtorno de Somatização). 
Boca grande — ambição, voracidade, erotismo oral, desejo de inter-
relação social, ou oscilação de humor. 
Boca pequena — repressão da oralidade, dificuldade nas relações 
sociais ou expressão de distúrbios alimentares. 
Boca fechada ou com um traço só reto — negação, recusa nos 
relacionamentos, oposição, agressividade verbal, tensão, alta 
capacidade de crítica e em alguns casos sadismo (comum em pacientes 
laringectomizados). 
Boca redonda ou oval com lábios grossos — sensualidade, sexualidade 
precoce, agressividade oral, conduta sexual desviante ou dependência 
(comum em Impulso Sexual Excessivo). 
Boca com as comissuras para cima, igual a de palhaço — imaturidade 
psíquica, máscara social, necessidade de simpatia, de agradar, mesmo 
que forçada, desejo de obter aprovação e de aceitação social (comum 
em crianças). 
Boca com as comissuras para baixo — pessimismo, mau-humor, tristeza 
ou raiva (comum em Depressivos). 
Boca com lábios finos — repressão ou dificuldades nas atitudes sexuais. 
Boca sensual - feminilidade e sedução. 
Boca projetada, bicuda — personalidade primitiva, instintiva, desejo de 
autoafirmação ou agressão verbal. 
Boca aberta — passividade oral ou desejo de receber. 
Boca em negrito — ansiedade a respeito da necessidade de 
dependência ou angústia relacionada com a área. 
Língua — intensificação da concentração oral em um estágio primitivo e 
com a adição de sinal erótico, desvio da conduta sexual ou rebeldia e 
desafio (comum em Esquizofrênicos). 
Dentes — infantilidade, imaturidade afetiva, forte agressividade oral, 
hostilidade, defesa e em alguns casos sadismo (comum em 
 
107 
 
Esquizofrênicos, Transtorno de Personalidade Anti-Social, Transtorno de 
Personalidade Histriônico e Transtorno de Somatização). 
Palito, cigarro, cachimbo entre os lábios — acentuação da 
concentração erótica, dependência oral ou busca de virilidade. 
 
7.20 — Orelhas 
Raramente são desenhadas com detalhes, frequentemente são ocultas 
pelo cabelo e simbolizam a sensibilidade às críticas. As distorções nos 
desenhos representam desde uma suave sensibilidade à crítica social 
até uma paranoia. 
Omissão — é o mais comum, porém em alguns casos pode indicar 
passividade (comum em deficientes auditivos, pré-escolares e 
escolares). 
Omissão na figura feminina — bastante comum, principalmente 
quando é ocultado pelo cabelo. 
 Omissão na figura masculina — sinal de indiferença em relação ao sexo 
masculino e sua aparência (principalmente se o desenho é feito por 
moças) 
Orelhas pequenas — sentimento de inferioridade e desejo de não ouvir 
críticas (sugere Fobia Social). 
Orelhas muito grandes e/ou enfatizadas - atitudes desconfiadas, 
preocupação com acrítica social, desejo de aprovação social ou 
resistência à autoridade (comum em pessoas com conflitos 
Homossexuais, danos orgânicos na área da audição ou Fobia 
Social).prognóstico desfavorável. 
Desenho das orelhas, em lugar não propício — é bastante raro mesmo 
em pacientes psiquiátricos. Não parece ser associado a atraso mental, 
mas constitui um prognóstico desfavorável. 
Orelhas pontiagudas — complexo de inferioridade e sexualidade 
primitiva. 
Brincos- preocupação sexual desejo de atrair o sexo oposto, 
necessidade de embelezar-se e de chamar atenção. 
 
 
108 
 
7.21 —Queixo 
Simboliza força, autoridade, autoafirmação e determinação - “pessoa de 
queixo duro”. 
Queixo muito pequeno — sentimento de inferioridade e inadequação 
ou dificuldades sexuais 
Queixo grande — tendências agressivas e, se for muito exagerado, pode 
significar sentimentos compensatórios de fraqueza e indecisão, medo 
de responsabilidades e impulsos fortes de autoafirmação. 
Queixo quadrado — afirmação social ou sexual, teimosia, firmeza, 
decisão e símbolo masculino. 
Queixo redondo — delicadeza e feminilidade. 
 
7.22— Pescoço 
O pescoço simboliza a comunicação da alma com o corpo, a área de 
controle das emoções, dos sentimentos e dos impulsos corporais. 
Constitui a conexão entre o corpo (impulsos e sentimentos) e a cabeça 
(pensamento e controle). Controla a organização corporal e ser como 
ligação entre os impulsos instintivos do corpo e o controle exercido pelo 
cérebro. 
Pescoço bem proporcionado — bem-estar, equilíbrio entre emoções e 
controle. 
Pescoço desenhado com muita ênfase — perturbação por falta de 
coordenação a impulsos e controle intelectual, certa consciência da 
bifurcação da personalidade conflitos decorrentes da força do superego. 
Pescoço com distorção na forma, no contorno ou em negrito conflito e 
dificuldade em controlar os impulsos corporais (comum em indivíduos 
com Transtorno de Sumarização. 
Pescoço feito em uma linha só — imaturidade e dificuldade na 
coordenação dos aspectos intelectuais e instintivos. 
Pescoço curto e grosso — comportamento impulsivo, conduta guiada 
mais pelos instintos do que pelo intelecto, mau-humor, poder físico ou 
mecanismos de compensação (sugere Transtorno de Conduta e 
Transtorno de Personalidade Antissocial). 
 
109 
 
Pescoço fino e longo —dificuldade em controlar e dirigir impulsos 
instintivos (pessoas severas e moralistas), aguda consciência de 
impulsos corporais com grande esforço para contê-los, supercontrole 
repressivo, afastamento da vida emocional ou ansiedade (comum em 
pessoas com Transtorno de Somatização). 
Pomo de Adão — desejo de virilidade. 
Omissão — dificuldade de coordenação dos impulsos, perda de 
controle, sensação de desamparo perante os impulsos, comportamento 
impulsivo, com controle interno pobre, imaturidade e regressão 
(comum em crianças até aproximadamente 5 anos de idade ou com 
Roubo Patológico). 
 
7.23 — Colarinho e gravata 
Apresentam uma simbologia tanto sexual como social, dependendo da 
configuração geral do desenho. Geralmente são enfatizados pelas 
pessoas que sentem intimidadas por pescoço longo (mecanismo de 
compensação). 
Colar, colarinho, gola ou gravata separando o pescoço — separa o 
corpo (impulsos físicos, vitais) da cabeça (controle intelectual, racional), 
necessidade de controle da vida instintiva e dificuldade intelectual de 
controlar os impulsos vitais. 
Decote muito longo ou muito estreito — compensação por sentimento 
de inferioridade ou dificuldade sexual (comum em pacientes com 
Transtorno de Somatização). 
Decote - quando desenhado por homem - dificuldades sexuais ou 
desejos inconfessáveis. 
Decote - quando desenhado por mulher — mecanismo de 
compensação (pescoço maior), problema sexual e imaturidade (porém, 
na mulher é mais aceitável). 
Decote em V — fixação sexual sobre os seios e tendências voyeuristas. 
Decote alto — repressão. 
Ausência de gravata em traje completo com chapéu — timidez no 
reconhecimento deste símbolo sexual socializado ou dificuldades na 
aceitação dos impulsos sexuais. 
 
110 
 
Gravata desenhada com muita ênfase por homem — preocupação 
fálica com suspeita de sentimentos de impotência e em alguns casos 
Homossexualismo. 
Gravata pequena ou borboleta — sentimento reprimido de 
inferioridade física. 
Gravata muito cuidada na figura feminina - possibilidade de tendências 
homossexuais 
Gravata voando, como fora do corpo — intensa preocupação sexual. 
 
 
7.24— Ombros 
Simboliza a força, poder físico, autoridade, autoafirmação, autonomia e 
domínio sobre o ambiente. 
Ombros bem proporcionados — flexibilidade e harmonia com o poder 
interno. 
Ombros desproporcionados — desequilíbrio interno, conflitos sexuais 
ou dificuldade de se impor no mundo. 
Desenha primeiro ombros pequenos, depois apaga e desenha ombros 
grandes.— reação primária de sentimentos de inferioridade e ocultação 
com fachada de capacidade e adequação. 
Ombros grandes — desejo de afirmação, agressividade, autoridade, 
necessidade de mostrar-se forte e de dominar o ambiente (sugere 
Transtorno de Personalidade Antissocial). 
Ombros pequenos — submissão, sentimentos de inferioridade e de 
menos valia. 
Ombros exagerados ou representação apagada — preocupação com o 
poder e com a perfeição física, temor de debilidade sexual (quando com 
muita ênfase, indica uma concentração no corpo em grau patológico, 
sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). 
Ombros geométricos, em linha reta ou quadrados — imaturidade 
psíquica, com atitudes hostis e super defensivas, necessidade de provar-
se capaz, e de impor-se no ambiente. 
 
111 
 
Ombros estreitos em relação ao corpo — sentimento de menos valia, 
de inferioridade e/ou inadequação (comum em Deprimidos c em 
Transtorno de Somatização). 
Ombros arredondados — símbolo de feminilidade. Quando desenhado 
por homens pode ser indicativo de Homossexualismo ou confusão 
sexual. 
Ombros másculos — símbolo de masculinidade, desejo de força. 
Quando desenhados por homem, de forma exagerada: insegurança com 
respeito a masculinidade, ambivalência sexual ou virilidade reprimida. 
Ombros vergados — culpa, vergonha, sensação de vida árdua e excesso 
de responsabilidades (sugere Transtorno Depressivo). 
 
 
7.25 — Tórax 
É a sede dos órgãos vitais, da vida instintiva e emocional. 
Simboliza tanto a altivez como a timidez, a agressividade como a 
gentileza, a prepotência como a humildade; a sua postura da FIGURA 
HUMANA mostra como a pessoa apresenta-se no mundo e como 
relaciona-se com as pessoas. 
Tórax bem proporcionado — harmonia interna e equilíbrio entre a vida 
instintiva e emocional. 
Tórax pequeno e/ou estreito — inibição, constrição emocional, negação 
dos impulsos instintivos e/ou sentimentos de inferioridade (comum em 
pessoas com Transtorno de Somatização). 
Tórax grande e/ou longo — presença de impulsos não satisfeitos, 
dificuldade em se expressar (sente nas vísceras, mas não expressa), 
compensação por baixa estatura ou preocupação com a beleza estética 
e em mostrar-se (comum em Transtorno de Personalidade Esquizoide e 
Transtorno de Personalidade Narcisista). 
Tórax arredondado ou com linhas suaves—símbolos feminino, menor 
agressividade, submissão e introversão (quando desenhado por homem, 
pode ser indício de Homossexualismo). 
Tórax rígido — defesas contra emoções e dificuldade em se expor. 
 
112 
 
Tórax como uma caixa quadrada com ângulos — símbolo masculino, 
maior agressividade, propensão à crítica ou extroversão (comum em 
pessoas regredidas, primitivas ou desorganizadas e sugere Transtorno 
da Conduta e Transtorno da Personalidade Antissocial). 
Tórax com a parte inferior não fechada — preocupação sexual, conflito 
sexual não do ou tendências homossexuais com culpa e ansiedade. 
Tórax Com ênfase, sombreamento, negrito ou contorno duplo — 
ansiedade em o ao desenvolvimento corporal, preocupação com o 
poder físico ou expressão de masculinidade (comum em pessoas com 
Transtorno de Somatização). 
Tórax com pelos — desejo de masculinidade, necessidade de conferir o 
aspecto, masculino o ou sensualidade e narcisismo. 
Omissão do tórax — imaturidade severa, perturbação emocional com 
aguda ansiedade pelo corpo, rejeição ao corpo e necessidade de 
recalcar ou negar os impulsos corpos (comum em crianças pequenas, 
Roubo Patológico e raro nos desenhos de adultos). 
 
 
7.26—Seios 
 
Símbolo de proteção, tem relação com o princípio feminino, com a 
maternidade, suavidade e segurança. Frequentemente é associado às 
imagens de intimidade, de oferenda, dádiva e de refúgio. Estão também 
vinculados aos sentimentos afetivos de identidade e auto valorização. 
Seios grandes ou desenhados com muito cuidado — fortes 
necessidades com dependência da figura materna ou conflitos com a 
maternidade, necessidade oral, gula e erotismo. 
Ênfase no seio desenhado por moças — identificação com a mãe, 
erotismo oral, necessidade de alimentação e de cuidado ou 
constrangimento em relação ao próprio busto (comumem adolescentes 
com grande desejo de crescer). 
Seios pequenos ou apenas assinalados - preocupação reprimida com os 
seios e dificuldade em assumir o crescimento. 
 
113 
 
Seios com ênfase na figura masculina — ambivalência sexual (comum 
em Homossexuais). 
Costelas — é raro aparecer, porém quando estão presentes sinaliza a 
presença de problemas graves, como Esquizofrenia. 
 
7.27— Camisa, paletó, blusa ou camiseta 
Símbolo de proteção. Estar sem camisa é como mostrar-se sem a 
segunda pele. 
Paletó, blusa ou camisa com botões -dependência oral e materna, gula, 
sentimentos de inadequação, repressão, preocupações com o corpo e 
com a saúde, conflitos ou ambivalência sexual (comum em crianças 
pequenas, Transtorno de Personalidade Obsessivo Compulsivo, adultos 
infantilizados, sugere também Hipocondria e/ou Transtorno de 
Personalidade Dependente). 
Botões em desenhos de crianças — forte dependência materna. As 
crianças pequenas costumam associar o botão com o umbigo indicando 
uma simbiose com a mãe e dificuldade em soltar-se. 
Botões na linha central — é normal em crianças pequenas e nas mais 
velhas pode indicar forte dependência materna; em adultos sugere 
preocupações com o corpo e com a saúde (comum em Hipocondríacos). 
Paletó, blusa ou camiseta com bolso — privação afetiva e dependência 
materna ou identificação psicossocial com a mãe (comum em adultos 
infantis e dependentes). 
Bolso desenhado por crianças — afirmação social e pessoal e expansão 
do ego (principalmente quando estão cheios de estilingue, revólver, etc. 
- símbolo de expansão do ego e do amadurecimento). 
Bolso desenhado por adolescentes — luta pela virilidade em 
antagonismo com dependência materna. 
Lenço no bolso em linha reta e/ou em ponta — fantasia de virilidade ou 
facilidade sexual. 
Sombreamento do paletó, blusa ou camiseta -ansiedade em relação à 
feminilidade ou à masculinidade e dificuldade ou vergonha do corpo 
(comum em Hipocondríaco. 
 
114 
 
 
 
7.28 — Cintura 
Simboliza a área de controle do impulso sexual, da feminilidade, da 
sedução e da possibilidade de atração. 
Cintura adequada - harmonia entre a zona superior e inferior, entre os 
impulsos e a razão. 
Cintura enfatizada por sombreamento, traços reforçados ou 
interrompidos- ansiedade em relação à divisão da zona superior e 
inferior, repressão na esfera sexual, ambivalência entre expressão e 
controle corporal na área da sexualidade preocupação ou policiamento 
dos impulsos do corpo. 
Cintura pequena e bem apertada na figura feminina — controle 
precário das emoções saída com explosões ou necessidade de seduzir. 
Cinto apertado no homem — necessidade de mostrar estabilidade, 
força e controle, dependendo do global sugere também 
Homossexualidade. 
Cinto com fivela — castidade, repressão da sexualidade, controle e 
racionalização da tensão representada pela divisão do corpo em zonas 
(quanto mais elaborado o cinto, r tendência em converter a tensão em 
formas estéticas e próprias de expressão). 
 
 
7.29 — Quadril e nádegas 
 
Zona a de expressão de conflitos. 
Grandes ou com sombreamento na figura feminina, feita por moças — 
interesse nela maternidade e/ou maturidade ou necessidade de chamar 
a atenção. 
Grandes ou com sombreamento na figura feminina, feita por rapazes 
— tendências homossexuais ou problemas na área da sexualidade. 
 
115 
 
7.30 — Zona genital 
 O sombreamento ou o desenho dos órgãos sexuais não são comuns e 
quando aparecem conflitos e expressam distúrbios. 
Representação dos órgãos sexuais — agressividade, exibicionismo, 
voyeurismo ou preocupação com a própria identidade sexual (sinal 
patológico de deterioração, comum em Esquizofrênicos. Não é válido 
pata indicar Homossexualismo). 
Representação dos órgãos sexuais em crianças de mais de 5 anos — 
agressividade, conflitos familiares, oposição aberta ao ambiente, atraso 
afetivo, falta de adaptação ao meio ou patologia mais séria envolvendo 
aguda ansiedade em relação ao corpo e pobre controle dos impulsos 
(sugere Transtorno da Conduta). 
Vista na calça acentuada — preocupação sexual, mas não 
necessariamente indício de Homossexualismo, 
Abdômen com sombreamento — ansiedade com relação è sexualidade 
e/ou ao corpo (sugere Hipocondria). 
7.31 — Braços 
O comprimento dos braços, sua robustez e a direção com que eles 
partem do corpo para o ambiente oferecem dados adicionais sobre a 
natureza da interação do indivíduo com o mundo (os braços equivalem 
aos galhos da árvore e a porta da casa). Simbolizam o contato com 
objetos e pessoas, o desenvolvimento do eu, a adaptação social, a inter-
relação com o ambiente, a força, o poder de fazei; o socorro concedido 
e a proteção. 
Braços proporcionais, flexíveis e relaxados — bom ajustamento pessoal 
e capacidade de inter-relação com o ambiente, 
Braços longos e fortes e/ou grossos — (que alcançam abaixo dos 
joelhos) – ambivalência com erro, poder de realização, capacidade de 
luta, domínio, facilidade em estabelecer contato com pessoas ou com o 
ambiente, ou necessidade de uma figura materna protetora ou 
agressividade dirigidas ao ambiente e às pessoas. 
Braços mais largos que o corpo-dificuldade nas relações com as pessoas 
e/ou o ambiente, fantasia e ambição maior que a capacidade de 
realização. 
 
116 
 
Braços longos e finos — (que alcançam abaixo dos joelhos) - debilidade 
física ou psíquica, sentimento de inadequação e insuficiência, amplos 
horizontes mas sem capacidade de manipulação ou realização, 
insegurança e impotência, são braços que não podem realizar nada e 
que não reagem aos estímulos interiores. 
Braços em uma linha só— marcados sentimentos de inadequação no 
contato pessoas e sinal de deterioração. 
Braços curtos ou insuficientemente compridos para alcançar a cintura 
— Retraimento, contato limitado com o ambiente e com as pessoas, 
inibição, passividade e falta de luta. 
Braços voltados para a frente do corpo—disposição para o contato. 
Braços afastados para os lados ou pendentes ao longo do corpo e 
caídos- passividade, dificuldade para iniciativa, inatividade ou 
incapacidade e de dependência, ou sentimento de culpa (sugere 
Transtorno Depressivo). 
Braços rígidos, apertados ao corpo — controle interno rígido, falta de 
flexibilidade relações interpessoais pobres, dificuldade em aproximar e 
estabelecer relações com as pessoas, medo vinculado a impulsos hostis, 
falta de tensão muscular, passividade do mentos de defesa (sugere 
Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo) 
Braços em movimento com o outro, junto ao corpo — tentativa para 
vencer as dificuldades do meio. 
Braços para trás — inibição, culpa, dificuldades, relutância, medo do 
contato com pessoas e/ou ambiente, falta de confiança, insegurança em 
participar no ambiente necessidade em controlar a expressão de 
impulsos agressivos ou hostis (sue Transtorno de Personalidade 
Esquiva). 
Braço para frente e outro para trás—misto de evasão e contato ou 
ambivalência e agredir e acariciar. 
Braços cruzados no peito — atitudes de suspeita, fuga, desafio, 
insegurança ou hostilidade. 
Braços cruzados sobre a zona genital — sentimentos mal resolvidos na 
área genital e (comum em indivíduos sexualmente mal ajustados e 
sugere Impulso Sexual Excessivo) 
 
117 
 
Braços na horizontal de forma mecânica, em ângulo reto com a linha 
do corpo — contato superficial e não afetivo com o meio (comum em 
desenhos de pessoas regredidas). 
Um braço para cima e outro para baixo — conflito entre ambição e 
inatividade com solução na fantasia. 
Braços estendidos para o ambiente — necessidade de afeto ou de mais 
participação social e sentimento de inferioridade e inadaptação. 
Braços para cima e rígidos — fantasias ambiciosas, culpa ou imploração 
de alguma graça para o alto. 
Braços em negrito ou sombreado — conflito, dificuldade de contato 
com o mundo exterior e sentimentos de menos valia, deculpa por 
impulsos agressivos (comum em Transtorno Depressivo). 
Braços com articulação- preocupação hipocondríaca, insegurança e 
necessidade de pistas perspectivas para se assegurar (comum em 
Transtorno de Personalidade Obsessivo- Compulsivo, Transtorno de 
Personalidade Dependente e Hipocondria). 
Braços amputados — sentimento de castração, dificuldade em conter o 
fluxo dos impulsos e inabilidade para contatar e realizar. 
Omissão dos braços-passividade, sentimento de menos valia, 
desamparo, abandono, inadequação, dificuldade de realização (não 
podem fazer nada), rompimento com o mundo exterior, oposição ao 
grupo ou grande sentimento de culpa e ansiedade por condutas 
socialmente não aceitáveis e com necessidade de automutilação 
(comum em crianças pequenas antes dos 4 anos de idade, Roubo 
Patológico, Esquizofrênicos, Transtorno Depressivo em pessoas que 
sofreram rejeição materna e em indivíduos com possíveis tendências 
suicidas). 
 
7.32 — Mãos 
Simbolizam o instrumento mais refinado para ação ofensiva ou 
defensiva do ego. São os membros de contato e manipulação do corpo, 
são comprometidas com a atividade de agarrar, manipular, tocar 
objetos ou pessoas ou mesmo a si mesmo. Revelam o nível de aspiração 
do examinando, sua confiança, agressividade, eficiência e muito 
frequentemente sua culpa ou conflito a respeito das relações 
 
118 
 
interpessoais, além das realizações pessoais, como pintar, realizar 
trabalhos manuais, etc. Por meio das mãos podemos compreender 
comportamentos que traduzem medo, timidez, hostilidade ou agressão. 
Mãos médias, proporcionais ao corpo — harmonia interna com 
facilidade para estabelecer contato com as pessoas e o meio. 
Mãos ausentes ou com contorno impreciso — falta de confiança nos 
contatos sociais, na produtividade ou ambos, possibilidade de contato 
limitada, com retraimento, passividade, dificuldade de toque, 
manipulação, ataque e agressão (comum em crianças que roem unhas, 
em pessoas que não experenciaram mãos que ajudam num momento 
de necessidade ou em pessoas que se sentem culpadas). 
Mãos no bolso—possibilidade de contato limitada, passividade do ego, 
sentimento de menos valia e/ou punição. Defesa contra a atuação de 
impulsos proibidos com as mãos (comum em desenhos de pessoas com 
Transtorno de Personalidade Antissocial, Roubo Patológico e com 
Impulso Sexual Excessivo). 
Mãos escondidas ou atrás das costas — falta de confiança no 
relacionamento com as pessoas, dificuldade de contato e/ou 
sentimentos de culpa (comum em pessoas com Transtorno de 
Personalidade Antissocial, Roubo Patológico e com Impulso Sexual 
Excessivo). 
Mãos cruzadas na zona central — preocupação com erotismo e com a 
sexualidade (sugere Impulso Sexual Excessivo). 
Mãos pendentes — abandono e tendência à inércia e dificuldade de 
atuação (são mãos que não interagem, sugere Transtorno Depressivo). 
Mãos fechadas — dificuldade nas relações sociais, fantasia de 
agressividade ou agressividade dissimulada, comum em pessoas 
usuárias (sugere Transtorno da Conduta e Transtorno da Personalidade 
Antissocial). 
Mãos em perfil — inteligência. 
Mãos abertas — necessidade de afeto e relação com as pessoas. 
Mãos pequenas — sentimento de culpa e/ou inadequação, menos valia, 
timidez: agressividade reprimida (sugere Transtorno Depressivo). 
Mãos grandes — expressão de poder, ambição, domínio, agressividade, 
impulsividade cimentos compensatórios por debilidade, insuficiência de 
 
119 
 
manipulação e inaptidão nos aspectos mais refinados das relações 
sociais (comum em Roubo Patológico). 
Mãos maiores em relação às outras partes do corpo — ambição, poder, 
domínio sentimento de menos valia, impotência e dificuldade no 
contato (comum em as com Transtorno de Somatização). 
Mãos sombreadas — ansiedade e/ou culpa relativas a atividades de 
manipulação contato (comum em pessoas agressivas, Transtorno de 
Personalidade Antissocial ou Impulso Sexual Excessivo). 
Luvas— repressão da agressividade, sofisticação e pedantismo, As luvas 
simbolizam m a evitação do contato direto e imprudente com algo 
impuro ou sujo. 
 
 
7.33— Dedos 
 Dedos representam os pormenores da vida. O polegar simboliza o 
intelecto e a preocupação o indicador - o ego e o medo, o médio - a 
raiva e a sexualidade, o anular - as uniões e o e o mínimo representa a 
família e a honestidade. 
Simbolicamente são elementos multifacetados, pois podem acariciar 
explorar (orifícios do corpo), agredir (dedo no gatilho de um revólver, 
dedo em riste), ensinar (linguagem dos surdos. São os pontos reais do 
tato e contato (Lourerição Van Kolck, 1984). 
Dedos apresentados de forma natural — harmonia entre agressividade 
e toque. 
Dedos cuidadosamente articulados e/ou muito detalhados — desejo 
de perfeição ou obsessividade (comum em Transtorno de Personalidade 
Obsessivo-Compulsivo e em Esquizofrênicos). 
Dedos sem a palma da mão — agressividade (é comum em crianças 
pequenas, mas, quando combinados com outros traços, significa 
agressividade infantil). 
Dedos como alfinetes, palitos, garfo, garras, tesouras ou compridos e 
pontudos — agressividade e imaturidade. São dedos capazes de 
espetar, agarrar, cortar e agredir (comum em Transtorno de 
Personalidade Antissocial e Transtorno de Personalidade Sádica). 
 
120 
 
Dedos apagados — sentimentos de culpa de inadequação, impotência, 
de menos valia, conflitos ou agressividade reprimida ou impulsividade e 
ansiedade de autoafirmação. 
Dedos muito curtos ou muito longos — sentimentos de culpa (comum 
em pessoas com Impulso Sexual Excessivo) 
Dedos longos e finos — equilíbrio ou sentimentos de menos valia, 
desejo de afirmação ou hostilidade (depende do global do desenho). 
Dedos grossos e curtos — agressividade reprimida, dificuldade de inter-
relação e hostilidade. 
Menos ou mais que cinco dedos — falta de atenção e observação, 
incapacidade ou dependência (comum em crianças, no adulto sugere 
imaturidade, ambição, agressividade ou disposições aquisitivas) 
Dedos com articulação — vida instintiva superior a intelectual (comum 
em Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). 
Punhos cerrados — repressão ou recalcamento da agressividade. 
 
 
7.34 — Unhas 
Representam as próprias armas (arranham e ferem) e ao mesmo tempo 
podem simbolizar autoproteção e sedução. 
Ênfase nas unhas — controle obsessivo da agressividade ou dificuldade 
com relação ao conceito corporal (comum em Esquizofrênicos e 
Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo). 
Unhas longas desenhadas por homem — ambivalência ou confusão 
sexual. 
 
7.35 — Anéis nos dedos 
Podem ter a simbologia de um meio de reconhecimento da força de um 
laço que ninguém pode romper (aliança, comunhão ou destino 
associado). Representam também a necessidade de ostentação e 
autoafirmação pelo poder econômico. 
 
121 
 
Desenhados por homem — conflito no casamento (aliança), 
ambivalência sexual ou afirmação econômica (anéis vistosos). 
Desenhados por mulher — afirmação social, necessidade de status e 
vontade de chamar a atenção (sugere Transtorno de Personalidade 
Narcisista). 
 
7.36— Pernas 
Membro facilitador da marcha permite as aproximações, facilita os 
contatos, suprime as distancias. Reveste-se, portanto, de importância 
social. As pernas também simbolizam a estabilidade do corpo, 
representam contato com o ambiente (compartilham com os braços), e 
equilibram o corpo, tomam possível a locomoção, compartilham com a 
região do tronco na esfera sexual, simbolizando atitudes do examinando 
frente à vida. 
Pernas médias no comprimento e na grossura — estabilidade interna, 
contato adequado e destreza ao caminhar no ambiente. 
Pernas com sombreamento, reforço, rasuras ou mudanças de linha — 
conflitos, dificuldades de locomoção e/ou de equilíbrio na vida ou 
exagerada consciência sexual (comum em crianças com ansiedade pelo 
crescimento físico). 
Recusa emdesenhar o corpo abaixo da linha da cintura ou indicação 
muito sumária da região das pernas — perturbação, conflitos e /ou 
dificuldades sexuais. 
Pernas ocultas em traje de noite — racionalização do conflito e 
dificuldade no caminhar da vida. 
Pernas ausentes ou incompletas por não caber no papel — 
necessidade de autonomia, sem possibilidade de efetivação. 
Pernas juntas, fechadas ou apertadas — rigidez, tensão, tentativa de 
controle dos impulsos corporais ou medo de ataque sexual, isolamento, 
sentimentos de culpa, dificuldade de socialização ou curiosidade sexual, 
repressão ou problemas na área sexual (principalmente se combinam 
com os braços junto ao corpo). 
 
122 
 
Pernas juntas e rígidas, sem sinal de movimento — self fechado para o 
mundo, estagnação entre a fantasia e a capacidade de realização e os 
impulsos internos mantidos sob um rígido controle. 
Pernas separadas — falta de equilíbrio (comum em pessoas com 
Transtorno de Somatização). 
Pernas longas - necessidade de autoafirmação social, fuga ou desajuste 
ao ambiente, busca de autonomia e necessidade de independência. 
Pernas longas e grossas — desejo de contato, falta de possibilidade de 
realizar a ambição desejada ou fuga. 
Pernas longas e finas — inadequação e dificuldade para conseguir 
independência pessoal (sugere Transtorno de Personalidade 
Dependente). 
Pernas em uma linha apenas — sentimentos de inadequação e 
insegurança (comum em crianças). 
Penas pequenas e frágeis ou curtas e finas — dificuldade de locomoção 
no ambiente, sentimento de inadequação, deficiência e/ou constrição 
no caminhar da vida (comum em Transtorno de Somatização). 
Pernas grossas — desejo dc contato ou fuga e sem muita possibilidade 
de realização, principalmente se as pernas forem curtas. 
Perna curta e grossa — sentimento profundo de imobilidade e falta de 
autonomia (sugere Transtorno de Personalidade Dependente). 
Pernas arqueadas — desajuste e imaturidade psicossexual. 
Quando não desenha a zona de bifurcação das pernas — imaturidade, 
desajuste, conflitos sexuais ou imaturidade psicossexual. 
Figura feminina com pernas torcidas desenhada por rapaz — 
imaturidade psicossexual e desprezo à figura. 
Disparidade no tamanho das pernas (comprimento, largura ou ambos) 
— ambivalência referente ao impulso para a autonomia ou 
independência. Angústia frente à realidade (comum em Deprimidos). 
Ênfase nos joelhos — preocupação com o corpo, insegurança, 
imaturidade afetiva ou sexual (comum em Transtornos da Personalidade 
Obsessivo-Compulsivo). 
 
123 
 
Omissão das pernas — é bastante raro, sugerindo patológicos 
sentimentos de constrição e de castração ambiental, deterioração 
(comum em Esquizofrênicos e Transtorno de Ansiedade Generalizada). 
 
 
7.37 — Calças, saias e cintos. 
Calça com vista — preocupação sexual com a masturbação, 
insegurança, medo, mas não necessariamente indício de 
homossexualismo. 
Calça com vinco — exibicionismo da masculinidade. 
Calça com o gancho elevado — ansiedade sexual. 
Calça ou saia sombreada, em negrito, quadriculada ou com 
transparência — ansiedade, temor de castração, medo na área sexual 
ou violação. 
Saia comprida cortada com uma linha no meio para dar idéia de calça 
em adultos — imaturidade afetiva e sexual. 
Sombreamento ou reforço na barra da calça ou saia — controle ativo 
ou interesse infantil em olhar a área sexual ou as pernas. 
 
7.38 Pés e dedos 
Simbolizam o contato com a realidade, as atitudes frente à vida, dão 
indicações da iça do envolvimento no meio ambiente. Os pés são o 
ponto de apoio do corpo na caminhada da vida. 
Tocam o chão e por isso podem ser envolvidos em idéias de fobias por 
germes e/ou sujeira, frequentemente são associados com sexualidade e 
sentimentos de culpa (são órgãos extensivos e proeminentes no corpo), 
dão passos, ato de afirmação que envolve os movimentos de todo o 
corpo (sentimento de mobilidade fisiológica e/ou psicológica na esfera 
pessoal), dão chutes (implicações agressivas), são extremidades e 
pontos de contato )(equilíbrio), representam o se posicionar no mundo 
(autonomia e adaptabilidade). 
 
 
124 
 
Pés de tamanho adequado — segurança e equilíbrio para caminhar no 
ambiente. 
Pés sombreados, borrados ou distorcidos — conflitos, insegurança no 
caminhar e no estar no mundo, constrição, dependência (sugere 
Transtorno de Personalidade Dependente). 
Pés muito grandes — necessidade de segurança, de demonstrar 
virilidade ou sentimento de inadequação sexual. 
Pés muito pequenos— constrição, dependência e fortes sentimentos de 
insegurança para manter-se ou atingir os objetivos (sugere Transtorno 
de Personalidade Dependente). 
Pés em ponta- tênue contato com a realidade, equilíbrio precário ou 
forte necessidade de fuga. 
Pés para dentro — ambivalência e falta de autonomia. 
Pés um para cada lado — indecisão, ambivalência, dissimulação do 
conflito ou oposição. 
Pés com calcanhares e dedos — agressividade sexual e símbolo de 
castração (sugere Impulso Sexual Excessivo). 
Pés com calcanhares muito acentuado- falta de base,dificuldade de 
evoluir ou problema sexual. 
Dedos nos pés em uma figura vestida — agressividade (sugere 
Transtorno da Conduta ou Transtorno da Personalidade Antissocial). 
Omissão dos pés — timidez, insegurança no caminhar na vida, falta de 
autonomia e contato, sentimento de menos valia, de castração ou 
dificuldades sexuais (comum em pacientes Esquizofrênicos e sugere 
Fobia Social), 
Omissão por não caberem no papel — necessidade de autonomia e 
independência,medo ou dificuldade de satisfação. 
 
 
7.39-Sapatos e meias 
 
 
125 
 
Representam o símbolo da afirmação social, num extremo está o 
contato com a realidade e no outro a sexualidade e o desejo de chamar 
a atenção. 
Sapatos sombreados — dependência e dificuldade no caminhar 
(comum em pacientes com Transtorno de Personalidade Obsessivo-
Compulsivo e sugere Transtorno de Personalidade Dependente). 
Sapatos de salto — na figura masculina sugere ambivalência ou 
tendências homossexuais. Na figura feminina, compensação por baixa 
estatura ou necessidade de chamar a atenção. 
Meias na figura masculina — preocupação com vestuário e narcisismo. 
Meias curtas na figura feminina — identificação com o modelo infantil 
(sugere Transtorno da Personalidade Dependente). 
 
7.40 — Roupas e acessórios 
Simbolizara a necessidade de proteção, pudor e socialização. O sentido 
de proteger o corpo foi estendido para a necessidade da aparência 
social (como a pessoa é na realidade e como gostaria de parecer aos 
outros). 
O tratamento dado à roupa é, pelo menos parcialmente, um reflexo do 
ajustamento emocional, e os conflitos expressos pela mesma são menos 
profundos que os conflitos expressos pelo corpo. Pacientes com 
tendências depressivas, assim como os com menor adequação à 
realidade, tendem a incluir menos vestimentas em suas figuras 
humanas, porém a maioria dos pacientes apresentam as suas figuras 
vestidas (Lourenção Van Kolck, 1984). 
Traje comum completo — ajustamento interno e com a sociedade. 
Ausência de roupas — rebelião contra a sociedade e/ou figuras 
parentais, consciência de conflitos na área da sexualidade, necessidade 
de contato ou exibicionismo (comum em Voyeuristas). 
Roupa muito bem detalhada em figura de autoconceito — narcisismo 
pela roupa, vestuário ou sociedade, necessidade de chamar atenção e 
egocentrismo (comum em adultos infantilizados e sugere Transtorno de 
Personalidade Narcisista). 
 
126 
 
Roupas em ambas as figuras bem detalhadas e elaboradas — 
sentimento de inferioridade e necessidade de proteção, couraça, 
importância atribuída ao prestígio social e as posses dentro do sistema 
de valores (comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo -
Compulsivo e sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). 
Ênfase no contorno da roupa (sombreamento, linha dupla, reforçada 
ou borrão) — conflitoentre modéstia e exibicionismo, entre o impulso 
de expor e o controle social Ou problema com a área sombreada. 
Roupa intima –exibicionismo e/ou narcisismo 
Traje de banho — narcisismo pelo corpo, mecanismo de compensação 
por estresse (vontade estar na praia) ou debilidade física ou sexual. 
Traje de noite- narcisismo, desejo de chamar atenção, de agradar e de 
atrair sexualmente (sugere transtorno de personalidade narcisista) 
Uniforme ou fantasia — insegurança, identidade em nível de fantasia, 
desprezo e hostilidade em relação a si e medo de não agradar. 
Figura vestida como policiais, bandidos, etc., — são encontrados nos 
desenhos de crianças com grandes problemas com os pais. 
Figura vestida como feiticeira — hostilidade para com as mulheres 
expressa abertamente de forma punitiva. 
Vaqueiros desenhados por homem — representação de uma forma 
mais masculina do sente na realidade e sentimentos de insuficiência a 
respeito a virilidade que se enraízam na estrutura de personalidade. 
 
7.41 — Complementos 
Quando aparecem devem ser analisados. 
 Joias e pinturas — desejo de afirmação social, econômica e/ou sexual 
(atrair pela aparência, sugere transtorno de personalidade narcisista. 
Meias e luvas — símbolo sexual, sentimento de culpa, menos valia, 
fantasia de realização sexual ou necessidade de status social. - 
Cachimbo, cigarro, diplomas, armas, bengala, guarda-chuva, etc. — 
necessidade de proteção ou simbolismo sexual, busca e/ou luta pela 
virilidade. 
 
127 
 
Objetos na mão (livros, jornais, pacotes, flores, bolsa, pasta, etc.) — 
insegurança, necessidade de contato com algo e de apoio (no caso de 
livros, é comum em pessoas com problemas escolares, sugere 
Transtorno de Aprendizagem). 
Acentuação dos acessórios em detrimento dos itens essenciais na 
roupa -pobreza no julgamento, dificuldade do entendimento ou 
sentimento de inferioridade social. a área sombreada. 
Adornos (flores, lenços, broches, brincos, etc.) —preocupação sexual, 
exibicionismo, desejo de atrair o sexo oposto, necessidade de chamar 
atenção, embelezar-se ou fortes sentimentos de inferioridade social 
(sugere Transtorno de Personalidade Narcisista). 
Abundância de pormenores: lenço no bolso, luvas, enfeites no chapéu, 
no vestido, bolsa ou objetos na mão, etc. — devem ser analisados em 
relação ao papel que desempenham (comum em Transtorno de 
Personalidade Obsessivo-Compulsivo). 
Paisagem como tema de fundo no desenho da figura humana — 
tendência a sonho, indolência, fantasia, afetividade e capacidade de 
observação. 
Paisagem como tema dominante no desenho da figura humana — 
sensação de ser ameaçado pelo mundo exterior, estando à mercê das 
forças exteriores, ausência de liberdade em relação a realidade, 
ansiedade, cansaço e falta de controle sobre idéias negativas (comum 
em Deprimidos). 
Acréscimo de outra figura — solidão, necessidade de companhia afetiva 
real ou sensação de incompetência (comum nas crianças criadas em 
instituições ou em famílias grandes com privação cultural). 
Dizeres, versos, rabiscos sem significado ou formas impróprias junto à 
figura — incerteza, insegurança e falta de confiança em si (comum em 
Esquizofrênicos). 
Nuvens, chuvas ou neve — ansiedade, sensação de ameaça, no caso de 
crianças ameaça pelo adulto ou pelos pais (comum em Transtorno 
Depressivo). 
 
7.42 — Comparação entre as duas figuras 
 
128 
 
Reflete as atitudes do paciente para com os dois sexos. Um exemplo 
seria a criança que desenha a figura masculina menor e menos móvel 
que a feminina, podendo indicar que vê o homem como mais passivo, 
inativo e introvertido que a mulher, que é vista como mais ativa, 
extrovertida ou agressiva. 
Figura maior e mais elaborada — maior importância e/ou valorização 
atribuída àquele sexo. 
Figura menor e menos elaborada — depreciação, hostilidade ou medo. 
Pequena diferenciação entre as figuras masculina e feminina — 
fracasso em reconhecer o sexo oposto como diferente do seu próprio, 
desinteresse ou medo na aceitação das características sexuais 
secundárias do corpo. 
Figura masculina menor que a figura feminina desenhada por homem 
— sentimento de inferioridade ou medo em relação às mulheres, 
identificação psicossexual conflitiva. 
Ambas as figuras cuidadosamente delineadas -alta inclinação para o 
detalhe e a ordem(comum em Transtorno de Personalidade Obsessivo-
Compulsivo). 
Pessoa pequena que se representa em figura grande — disfarce do 
sentimento de inferioridade, necessidade de mostrar-se importante, 
tendência narcisista, exibicionista ou forte agressividade (sugere 
Transtorno de Personalidade Narcisista). 
Figura feminina com trajes masculinos — ambivalência sexual ou 
conflito na identidade e no papel sexual (sugere Homossexualismo). 
 
129 
 
 
 
8.1 — Introdução 
Segundo Hammer (1981), a técnica de desenho da família apareceu 
repentinamente e obteve uma popularidade tão rápida entre os 
psicólogos, por intermédio da informação oral, que a sua autoria é 
indeterminada. Foi dado crédito a várias pessoas em diferentes regiões 
do mundo, mas o seu criador ainda não foi reconhecido. “Talvez, como 
muitas invenções importantes, ela tenha surgido simultaneamente na 
mente de diferentes profissionais (Hammer- 1981),” 
 
130 
 
Os desenhos das FAMÍLIAS (DE ORIGEM E IDEAL) têm- se mostrado 
extremamente úteis para conhecer a situação do examinado dentro do 
seio familiar. Juntamente com o HTP, vem a contribuir para a 
observação de determinados aspectos inconscientes e conscientes da 
personalidade, mais especificamente para uma abordagem da estrutura 
e da dinâmica da família em que o examinando está inserido. 
Os desenhos, além de possibilitarem o acesso às informações 
substanciosas, facilitam trabalho de intervenção do profissional no 
contexto familiar por meio da apreensão e apresentação dos conteúdos 
do mundo interno do indivíduo. 
Na prática clínica, os resultados têm sido relevantes e comprovam a 
eficácia do instrumento na detecção de angústias inconscientes 
presentes no examinando e nas relações familiares (o examinado “grita” 
graficamente sua posição e seus conflitos). 
De acordo com Lima (em Trinca - 1997) é no contexto familiar que a 
criança faz as primeiras relações de objeto, as quais vêm 
posteriormente determinar as modalidades de vínculos que ela 
estabelece com o mundo. 
A família, qualquer que seja a sua constituição, é o núcleo primordial 
que recebe e contem a criança, o lugar onde ela realiza a experiência de 
existir como um ser em si mesmo apresenta a primeira vivência de 
contato com o mundo, que chega a ela pelo toque, o as sensações, o 
amor, o prazer, a frustração, etc. 
Os pais são os suportes preferenciais em que a criança deposita seus 
afetos e ansiedades seus primeiros objetos de relação, que constituirão 
modelos para o resto de sua vida do interjogo entre a família real e os 
sentimentos, impulsos e desejos da criança, ela constrói uma a família 
dentro de si, que são seus objetos internos. Tal representação de família 
ideal molda e interfere em sua relação com a família real. 
Os membros da família podem crescer e ajudarem-se mutuamente ou 
podem repetir e projetar no mundo externo a estrutura do mundo 
interno de cada um, convertendo objetos externos em prolongamentos 
dos objetos internos e impedindo um encontro mais direto com a 
realidade. Desta maneira, tal vida familiar é geradora de confusão entre 
o dentro e o fora familiar e interpessoal, entre o passado e o presente, 
mundo da percepção e o mundo do significado. 
 
131 
 
É na família que ocorre o processo de diferenciação e de aquisição da 
identidade por meio da separação/individualização. Durante esse 
estágio, passa-se por momentos de desorganização, que podem ser 
transitórios e passageiros, desde que a família seja capaz de tolerar a 
diferenciação do indivíduo dentro do grupo. Se, ao contrário, a famílianão puder conter essa mudança, sua ação será sobre o próprio 
indivíduo. 
Todo sistema busca uma forma de equilíbrio, aceitando ou elegendo um 
ou mais elementos grupo como reguladores das transações familiares. 
Esse elemento pode tomar-se depositário do projeto dos pais e, nesta 
posição, funcionar como estabilizador do grupo. 
A família tem grande participação não só na estruturação, mas também 
na dinâmica e funcionamento do indivíduo, atuando muitas vezes como 
condutora ou indutora de atitudes e resultados. 
Os desenhos das famílias (ORIGEM E IDEAL) oferecem ao psicólogo a 
possibilidade de penetração no mundo psíquico do indivíduo, com 
ênfase nos objetos internalizados e na maneira pela qual estes se 
formam nas relações com o ambiente familiar. Por exemplo, uma 
criança que se sente a favorita da família vai desenhar-se numa 
constelação de forma muito diferente daquela que se sente 
negligenciada, rejeitada ou ansiosa por atenção. 
Às vezes, as crianças ao desenharem a família omitem seus irmãos e 
irmãs. As que fazem isso invariavelmente são aquelas que sentem 
fortes ciúmes de seus irmãos e tentam, simbolicamente, eliminar a 
competição perturbadora, não desenhando tais elementos competitivos 
na unidade familiar. 
O tamanho das diferentes figuras também é uma variável importante. 
Imaginemos um desenho em que a figura materna seja retratada de 
uma forma exagerada (quando a mãe não é na realidade o genitor mais 
alto); isto sugere uma figura matriarcal e dominante e, se o pai é 
representado como uma figura pequena e insignificante, pouco maior 
do que as crianças implica que este é percebido como estando pouco 
acima do status das crianças ou ausente. 
Quando desenha a família, a criança ou o adulto pode representar-se 
muito próximos dos progenitores, cada membro absorvido em sua 
própria atividade, ou colocarem-se numa posição afastada, expressando 
claramente os seus sentimentos de rejeição dolorosa e isolamento. 
 
132 
 
A maioria dos examinandos responde adequadamente à solicitação para 
os desenhos das famílias (ORIGEM E IDEAL). As resistências e/ou 
negação têm sido notadas em crianças cuja vida no lar é caracterizada 
por tumulto e violência e que adquiriram uma imagem intensamente 
negativa da família, mas mesmo entre essas crianças a recusa absoluta é 
rara. Usualmente estas desenham o grupo familial no qual incluem 
todos os irmãos e a si mesmas, mas omitem seus pais (Di Leo, 1987). 
 
8.2 — Normas para aplicação 
Da mesma forma que para a aplicação do HTP os desenhos das famílias 
incluem o uso de folhas de papel sulfite, lápis preto e borracha. 
O procedimento consiste em pedir ao examinando que desenhe 
primeiramente a sua família real (FAMILIA DE ORIGEM). Deve-se 
observar quem ele desenha primeiro, quais as pessoas que representa, 
qual a figura maior, como é o traçado, a linha, se põe negrito, se apaga 
muito. Etc. Terminada a FAMILIA DE ORIGEM, aplica-se o 
QUESTIONARIO, pede-se que desenhe uma família que gostaria de ter 
ou uma família que o examinando acha interessante e/ou feliz (FAMILIA 
IDEAL) e procede-se da mesma forma que no primeiro desenho. 
Os dois desenhos permitem uma exploração do inconsciente, com certa 
aproximação dos conflitos pessoais e as dificuldades em relação aos 
vínculos familiares, Permitem também observar os pontos expressivos 
da dinâmica familiar, tanto no plano da fantasia no mundo real. 
Contribuem para detectar a presença de influências sobre o sintoma e 
em alguns casos, construir hipóteses sobre o tipo e a intensidade dessas 
influências. 
8.3 — Observações na avaliação 
É essencial a observação global dos desenhos das famílias (DE ORIGEM E 
DA IDEAL) para numa segunda instância efetuar a avaliação de 
determinados detalhes individuais. Como já afirmado anteriormente os 
detalhes somente serão significativos na inter-relação com o todo. Nas 
análises parciais é preciso notar a qualidade e a composição do grafismo 
(análise qualitativa semelhante ao HTP). 
Determinados fatores tirados da experiência na prática clínica e 
observados na avaliação desenhos das famílias, podem ser úteis à 
compreensão do material clínico como um todo. 
 
133 
 
1. Posições das figuras - simboliza a forma que o examinando apresenta 
a sua família, o espaço ocupado, o grau de envolvimento 
(aproximação/distanciamento) do examinado com o próprio eu e com 
os membros da família. 
2. Proporção entre os desenhos - simboliza as valências positivas ou 
negativas de membros. 
3. Omissões - geralmente elucida os relacionamentos entre os 
membros, quando estão representados ou ausentes. 
4. Figuras parentais - mostra a dinâmica do relacionamento com os pais. 
Como são vividas as funções materna e paterna, como são atribuídos os 
papéis e seu funcionamento dentro da dinâmica familiar. 
5. Comparação entre as duas famílias (DR ORIGEM E IDEAL)-verificar se 
as formas de representação se mantém ou se modificam,onde e de que 
maneira. 
6. Analise de cada figura – a primeira pessoa desenhada geralmente é a 
figura de maior Valencia, positiva ou negativa. É importante fazer a 
análise qualitativa dos traços. Verificar sucessivamente as demais 
pessoas desenhadas. 
A finalidade dos desenhos da FAMÍLIA DE ORIGEM E DA FAMILIA 
IDEAL,é detectar conteúdos inconscientes que se referem as relações do 
examinando com os objetos internos e externos pertencentes ao seu 
mundo familiar. Outra finalidade é a identificação de conflitos 
decorrentes das relações familiares e suas implicações. Na maioria das 
vezes, a criança ou adulto nos oferecem gratuitamente os retratos dos 
seus conflitos familiares, como eles veem a sua constelação familiar e 
como eles gostariam que fossem o ideal. 
Os desenhos da FAMILIA ORIGEM E DE IDEAL,juntamente com o HTP, 
podem e devem ser usados tanto no diagnóstico como no decorrer da 
terapia em avaliações sistemáticas” observar os casos clínicos”. É um 
instrumento de aplicação rápida e fácil e geralmente bem aceito 
principalmente pelas crianças. 
Os resultados obtidos podem ser empregados dentro do processo 
terapêutico como um guia, uma definição do campo terapêutico, um 
indicador de metas e de áreas de alcance. Torna-se um instrumento útil 
ao psicoterapeuta e um ponto de referência do qual pode partir e 
 
134 
 
voltar, numa reavaliação. Os desenhos na maioria das vezes favorecem 
insights, que podem promover mudanças. 
Os pais muitas vezes ao verem os desenhos de seus filhos alcançam uma 
“percepção” concreta, visível e clara dos problemas familiares e 
consequentemente aderem com mais facilidade a psicoterapia. 
Com o resultado desse tipo de avaliação, temos confirmado que os 
desenhos da FAMÍLIA DE ORIGEM E DA FAMILIA IDEAL vêm se tomando 
cada vez mais um instrumento de presença indispensável no diagnóstico 
e nas reavaliações de crianças, adolescentes e adultos. 
 
8.4 — Posições das figuras 
O espaço e a postura dos membros familiares simbolizam a proximidade 
afetiva e a confiança no relacionamento com pares (proximidade); ou 
autoestima rebaixada e distanciamento afetivo (afastamento). 
Todos os membros de pé, eretos e de frente — normal, indica uma 
família bem estruturada, adaptada e que encara os problemas de frente. 
Figuras sentadas ou agachadas — cansaço e/ou debilidade entre os 
membros. Pode simbolizar também instabilidade, baixo nível de energia, 
preocupação ansiosa com o equilíbrio entre os membros ou com o 
membro sentado (sugere Transtorno Depressivo ou Hipocondria). 
Figuras deitadas — sugere patologia familiar ou pode indicar a presença 
de uma pessoa doente na família (deve-se fazer inquérito). 
Figuras que parecem estar caindo ou inclinadas — colapso e/ou 
instabilidade entre os membros e falta de apoio mútuo. 
Linha para representar o chão ou cerca para apoiar os membros — 
necessidade de chão ou de ajuda, instabilidade entre os membros 
(sugere Transtorno de PersonalidadeDependente). 
Figuras de perfil — família evasiva, dissimulada, incapaz de enfrentar os 
problemas de frente, os membros aparecem indiferentes e/ou estéreis 
afetivamente. 
Corpos de frente e rostos de perfil -família conflituosa, desajustada, 
com dificuldade de interação e contato entre os membros. 
 
135 
 
Figuras de costas — família dissimulada, conflituosa, hostilidade entre 
os membros e, às vezes, agressão (sugere Transtorno de Conduta ou 
Transtorno de Personalidade Antissocial) 
Desenho só do rosto dos membros — inteligência elevada, problemas 
com o corpo e/ou dificuldade de contato físico (sugere Hipocondria). 
Família com os órgãos sexuais expostos —promiscuidade no lar, 
autoafirmação ou descoberta do sexo (comum em adultos com 
problemas graves na área da sexualidade, sugere Voyeurismo). 
Figuras em negrito, muitos traços ou com correções e retoques 
conflito com os familiares ou com o membro retocado. 
Distância entre os membros da família — sentimento de isolamento, 
distanciamento entre os membros e falta de ressonância afetiva. 
Proximidade entre as figuras — sentimento de interação, solidariedade 
e pertinência. 
Cada membro da família absorvido na sua própria atividade — 
isolamento na família, falta de comunicação e distanciamento afetivo 
(sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide). 
Família num quadrado — desejo de libertar-se e desajustamento 
familiar ou coesão. 
Família em um quadrado e o examinando desenhado separado — 
fortes sentimento de rejeição e isolamento (sugere Transtorno de 
Personalidade Esquizoide), 
Família compartimentalizada, colocação de cada membro em uma 
moldura separado por uma linha ou quando o examinando separa a si 
mesmo dos pais pela colocação de uma peça de mobília ou um 
aparelho de televisão-,falta de comunicação entre os membros, 
sentimento de afastamento da interação familiar, sensação de 
isolamento, distanciamento afetivo ou de distância para com o membro 
desenhado sugere transtorno de personalidade esquizoide. 
Família em que cada membro está desenhado em um canto da página. 
Intenso sentimento de afastamento da interação familiar quando os 
membros da família não compartilham sequer o mesmo plano, o 
problema é mais grave (sugere Transtorno de personalidade 
esquizoide). 
 
136 
 
Família sentada em frente a uma mesa grande e vazia — distância 
emocional entre os membros e intensos sentimentos de afastamento da 
interação familiar (sugere transtorno de Personalidade Esquizoide) 
Família separada em grupos — divisão na família. 
Família de mãos dadas, pai ou mãe puxando os demais — 
cerceamento, prisão e falta de liberdade. 
Examinando que se desenha isolado — expressão de rejeição dolorosa 
e isolamento (sugere Transtorno de Personalidade Esquizoide ou 
Transtorno Depressivo). 
Figura dentro de um círculo — desejo inconsciente de eliminar ou 
afastar a própria representação da pessoa mais importante ou alguém 
doente na família (fazer inquérito). 
Colocação do sujeito próximo de um dos pais ou irmão (a) — sensação 
de pertinência e preferência ou sentimentos negativos para com aquele 
membro. 
Figura riscada — problemas em relação a essa figura. 
Desenhar e riscar uma figura — desejo de se afastar, sentimentos de 
hostilidade frente à pessoa ou conflitos. 
Figura desenhada tapando uma outra figura — desejo de ocultar essa 
figura ou ciúmes. 
Desenho de uma vizinha — maior intimidade e afetividade com a 
vizinha ou conflito com a pessoa. 
Desenho de pessoas mortas — fixação ou conflitos com as mesmas. 
Representação do examinando em primeiro lugar — sensação de ser o 
mais importante, egocentrismo ou mecanismo de compensação por 
sentimentos de rejeição. 
Representação do examinando em último — cerceamento, isolamento 
e sensação de não receber a devida atenção. 
 
8.5 Proporções entre os desenhos 
 
 
137 
 
Fornece um paralelo das atitudes do examinado para com os membros 
da família. 
Quando baseado na idade de cada um — desejo de perfeição ou falta 
de criatividade e/ou preferências, rigidez ou equilíbrio emocional entre 
os membros (sugere Transtorno de Personalidade Obsessivo-
Compulsivo). 
Figura maior dentro da família— indica maior importância positiva ou 
negativa, com sentimentos de valorização, hostilidade ou conflitos. 
(fazer Inquérito) 
Figura menor dentro da família — sentimentos de menos valia, 
depreciação, hostilidade ou superioridade frente à figura. 
Genitor dominante —geralmente é desenhado maior que o outro, sem 
ser levado em conta suas reais dimensões físicas. Simboliza maior 
importância e/ou valorização do mesmo, figura que dá mais atenção ou 
desejo que seja a figura ideal figura maior pode ter valência positiva ou 
negativa. 
Cabeça maior de um dos pais — atribui maior autoridade a esta figura e 
valência positiva ou negativa. 
Disparidade entre os membros, irmão menor desenhado maior e vice-
versa- conflitos e/ou dificuldade com esse (a) irmão(ã) ou este(a) é 
considerado(a) o(a) importante, atencioso(a) ou percepção tendenciosa 
de si mesmo e dos outros( quanto maior a disparidade, maior a 
possibilidade de desajuste). 
Pai ou mãe representados como uma figura pequena e insignificante 
maior que a criança — pai ou mãe percebidos como sendo pouco acima 
das crianças, ausentes e sem muitos significados. 
Irmão ou irmã maior que o pai e/ou mãe — sentimento de ciúme ou 
importância, que lhe dá mais atenção. 
Desenho de um Irmã (o) bebê, do mesmo tamanho que os outros — de 
que o bebê é um forte competidor e que põe em risco a posição do 
examinado dentro na família, até então exclusiva. 
Pai desenhado menor que a mãe — a mãe é vista como uma figura 
mais te e/ou mais atenciosa. 
 
 
138 
 
 
 
8.6 Omissões 
Refletem os sentimentos de proximidade, ciúmes, rejeições e conflitos 
entre os familiares. 
Examinando que se inclui no desenho — sentimentos de pertinência e 
de fazer parte da família. 
Omissão do examinando do grupo familiar — sentimentos de rejeição, 
de não participar do grupo familiar, de não ser apreciado(a), querido(a), 
de ser inferior, de não receber a afetividade desejada ou rivalidade 
entre os irmãos. Pode tanto ser rejeição como sentir-se rejeitado ou 
desejo de afastar-se. Comum em crianças adotadas, à medida que se 
aproximam da adolescência, momento em que a identidade se torna a 
maior preocupação; e acontece o mesmo entre aqueles que vivem com 
seus pais verdadeiros, mas que se sentem rejeitados (sugere Transtorno 
Depressivo). 
Omissão dos pais e inclusão de si e dos irmãos - medo, dificuldade e 
conflitos com as figuras parentais. 
Quando um dos pais não mora com a família e o examinando o 
desenha como fazendo parte da mesma — recusa em assimilar uma 
realidade inaceitável, ligação com o genitor ausente, vínculo não 
desfeito e conflitos. 
Quando um dos pais vive com a família, mas a criança não o desenha 
— ressentimentos e mágoas para com o membro ausente. 
Omissão de irmão ou irmã — ciúmes dos irmãos. 
 
 
8.7— Figuras parentais 
Refletem a origem, a estruturação e as modalidades dos vínculos 
familiares. 
 
139 
 
Pequena diferenciação entre a mãe e o pai — fracasso em reconhecer 
características diferentes entre os pais, desinteresse ou medo frente aos 
progenitores. 
Pai e/ou mãe com expressão afetuosa — calor no lar, sensação de 
pertinência, acolhimento, sentimento de interação e solidariedade. 
Pai e/ou mãe desenhado (a) em primeiro lugar — figura dominante, a 
mais importante, a mais afetiva ou a mais agressiva. 
Pai e/ou mãe com expressão severa e/ou proibitiva — tendência ao 
retraimento, medo e isolamento. 
Pai e/ou mãe assistindo à televisão, fumando, comendo, praticando 
um esporte ou escondendo o rosto atrás do jornal — pai e/ou mãe 
ausente, afastamento dos interesses, cuidados e atividades familiares, 
sentimento de ser negligenciado (quando o pai é visto como ausente, émenos grave do que a mãe, e geralmente os efeitos são menos 
profundos). 
Pai e/ou mãe como uma figura assustadora, com mãos grandes, dedos 
longos pontiagudos — a criança vê o pai ou a mãe como rígido(a) e 
punitivo(a), evidente rejeição e crueldade física e mental, 
frequentemente racionalizada como disciplina treinamento para o 
melhoramento da criança. 
Pai ou mãe atirando coisas no lixo — forte sentimento de rejeição e 
sensação de ser como um objeto a ser descartado. 
Pai e/ou mãe cozinhando ou servindo comida — símbolo de dar calor e 
amor lar (dando afeto). 
Pai e/ou mãe fazendo trabalhos domésticos - sensação de não ser tão 
importante quanto a ordem e limpeza, que o cuidado com a casa é mais 
importante do que a criança. 
Família de “marcianos”, artistas, cantores de rock, etc. — sentimento 
de que em um lugar distante pode encontrar proximidade e interação 
familiar. Expectativa de que aceitação e proximidade familiar não 
podem ser atingidas neste mundo e tendência a buscar satisfação na 
fantasia. 
Família de figuras geométricas, despersonalizadas ou desumanizadas- 
deteriorização do lar, da família, violência, tumulto, conflitos, atitude 
 
140 
 
controlada, racionalizada e sem emoção (comum em crianças que vivem 
sob condições deterioradas no lar). 
Família com excesso dc membros (tios, avós, primos) — dificuldade em 
perceber a família de origem, confusão, dificuldade de ligação afetiva e 
solidão (tem muita gente e não tem ninguém), pais ausentes ou ainda 
pode simbolizar uma grande família unida e solidária. 
 
9. HTP-F CROMÁTICO 
 
Na fase cromática do HTP-F, solicita-se ao examinado que realize uma 
nova série de desenhos. O psicólogo deve recolher os desenhos já 
realizados, apresentar novas folhas de papel e os lápis de cor ou crayons 
nas cores: vermelho, verde, amarelo, azul, marrom, preto, violeta e 
laranja. Retira-se o lápis preto n° 2 para que o examinando não seja 
tentado a fazer o esboço a lápis e depois colorir. 
As instruções iniciais são as seguintes: ‘Agora por favor desenhe uma 
CASA colorida.”; depois pede-se a ARVORE e a FIGURA HUMANA. Não 
deve falar ao examinado Para desenhar “outra” CASA ou “outra” 
ARVORE, pois para a maioria das pessoas a Palavra “outra” implicaria 
em não poder duplicar seus desenhos acromáticos. O objetivo é dar ao 
examinando a maior liberdade de escolha possível. 
Na série acromática permite-se ao examinado o uso da borracha, o que 
não é permitida na série cromática. 
Segundo Hammer (1981), “o HTP cromático permite derrubar as defesas 
e mostrar a nu um nível mais profundo da personalidade do que é 
possível com o conjunto de desenhos acromáticos, e desta maneira é 
possível derivar uma hierarquia grosseira dos conflitos e defesas do 
sujeito, obtendo-se uma descrição mais rica de sua personalidade”. 
A série cromática visa a suplementar a série acromática tirando partido 
do fato de que duas amostras de comportamento sempre são melhores 
do que uma só. 
9.1 — Observações na avaliação do HTP-F cromático 
É importante observar como o examinando usa os lápis de cor ou 
crayons, As pessoas psicologicamente mais sãs lançam-se com confiança 
 
141 
 
à tarefa cromática (as crianças na maioria das vezes mostram imenso 
prazer), utilizam cores mais cálidas, aplicam uma pressão firme e segura, 
refletindo assim maior autoafirmação e confiança nas áreas emocionais 
que as cores representam. 
Em outro extremo do contínuo desta posição intermediária mais sã, 
estão os examinandos que utilizam uma pressão quase selvagem 
(acalcam com tanta força o crayon que muitas vezes chegam a quebrá-
los), e em seus desenhos as cores geralmente estão em desarmonia. 
Este grupo é caracterizado por um estado de tensão com excessiva 
labilidade de humor ou emoções turbulentas com necessidades internas 
discordantes. 
Outro grupo pega o crayon com certa ansiedade, mostrando traços 
fracos e incertos, preferindo cores escuras, como o preto ou marrom 
(cores menos perigosas), revelando assim restrições da personalidade, 
incertezas e dificuldade em se posicionar no mundo. 
A escolha — quanto mais vagarosa e indecisa a escolha das cores por 
parte examinando, maior é a possibilidade de o item que está sendo 
produzido ter significado especial para ele. 
Emprego da cor pelo examinando — deve-se observar se ele usa a cor 
somente para produzir linhas (como faz com o lápis preto), sombrea 
áreas maiores ou sombrea algumas áreas e outras não. 
Cor usada somente para o contorno — timidez emocional (sugere 
Transtorno Depressivo). 
Cor usada para sombrear - sombreado leve indica na maioria das vezes 
sensibilidade Sombreado forte geralmente implica ansiedade. 
Área da página sombreada — o esperado é que o examinando pinte 
menos de 3/4 da página. Quando ultrapassa esse limite, mesmo que 
seja um colorido bem controlado indica uma certa emotividade. Quanto 
mais colorido for o fundo e quanto mais colorido invadir o desenho, 
maior a problemática. 
Controle — é avaliado pela qualidade das linhas e pela habilidade do 
examinado em manter um sombreado uniforme e dentro das linhas 
periféricas. Um colorido que passa as linhas periféricas sugere uma 
resposta impulsiva aos estímulos. 
Consistência — grande inconsistência de desenho para desenho no uso 
da cor pede uma investigação cuidadosa. 
 
142 
 
Número de cores empregadas para cada desenho — O esperado é de 
três a cinco cores para a CASA, de duas a três para a ARVORE e de três a 
cinco para a FIGURA HUMANA. 
Uso inferior a esse número de cores — corresponde a examinandos 
incapazes de estabelecer livremente relações interpessoais quentes e 
compartilhadas, são pessoas mais tímidas emocionalmente (tendem a 
usar o crayon ou o lápis de cor como o lápis preto, não colorindo os 
desenhos). 
Uso excessivo de cores — especialmente quando combinado com o uso 
não convencional, é comum em indivíduos que manifestam uma 
incapacidade para exercer um controle adequado - sobre seus impulsos 
emocionais (o psicótico pode desenhar oito janelas e pintar cada uma 
de uma cor, revelando sua falta de controle e de contato com a 
realidade). 
Uso de muitas cores em crianças — normal. Em geral as crianças 
tendem a fazer um maior e mais indiscriminado de cores que o adulto. 
Isto vem de encontro crença a resposta emocional precede à resposta 
intelectual no desenvolvimento da maturidade. Crianças mais velhas 
tendem a diminuir a necessidade do uso de muitas cores,sugerindo que 
o autocontrole aumenta com a idade. 
O uso de muitas cores em adultos — descontrole das emoções (comum 
em esquizofrênicos, que geralmente usam muitas cores e sem muita 
crítica, indicando a falta de controle das emoções). Adaptação às 
convenções — é interessante observar se as cores usadas obedecem às 
cores convencionais dos elementos, Em geral usa-se preto ou marrom 
para a fumaça,vermelho ou marrom para o telhado, etc. 
Adaptação à realidade — deve-se lembrar que no desenho da FIGURA 
HUMANA é muito difícil adaptar-se à realidade com as oito cores 
mencionadas, como por exemplo para produzir uma cor de pele. A 
maior parte dos examinandos simplesmente usam o lápis preto para 
delinear todas as partes descobertas da pessoa. Isto é uma quebra da 
realidade, mas não é sério porque é um método popular de 
representação. 
9.2— Disposição das cores 
Cores separadas — expansão, porém com emoções controladas ou 
dirigidas, desejo de ordem e equilíbrio. 
 
143 
 
Cores entrelaçada, mescladas — menor controle emocional. 
Cores superpostas — regressão, conflito emocional e conflito na relação 
eu mundo. 
Cores desordenadas, justapostas de modo confuso, com negligência — 
confusão mental descontrole, sem noção de limite e desorganização 
psíquica. 
Cores cuidadosamente dispostas, ocupando toda a área disponível — 
desejo de perfeição e disciplina rígida (comum em Transtorno de 
Personalidade Obsessivo-Compulsivo).9.3 — Simbolismo das cores 
 
Segundo E. Hammer (1981), deve-se sempre oferecer oito cores ao 
examinando: amarelo, azul, laranja, marrom, preto, verde, vermelho e 
violeta. 
Da mesma forma que o HTP acromático, não existe uma universalidade 
dos símbolos para a interpretação dos desenhos, A simbologia das cores 
varia de cultura para cultura, ocorrendo uma diversidade de 
interpretações. No entanto, quanto mais bizarro for o emprego da cor, 
maior a probabilidade de ter um significado representativo. 
Amarelo— é a cor da luz, do ouro e do sol. É a cor preferida por pessoas 
alegres, desinibidas, flexíveis e espontâneas. Quando usada com muita 
ênfase sugere agressividade ou hostilidade; em crianças, um 
comportamento mais dependente e emocional. 
Azul — é a cor do céu, do espírito. A contemplação do azul determina 
profundidade, sentimento de penetração no infinito, sensação de leveza 
e contentamento. É a cor preferida por pessoas calmas, seguras, 
equilibradas e mais controladas. 
Laranja— é a cor que está a meio caminho entre o amarelo e o 
vermelho, simboliza o ponto de equilíbrio entre o espírito e a libido. E a 
cor preferida por pessoas confiantes, perseverantes, independentes e 
extrovertidas. Quando usado com muita ênfase no adulto sugere 
 
144 
 
superestima de si mesmo ou projeção de problemas e afetos no 
exterior; já nas crianças, desejo de conseguir algo e se valorizar. 
Marrom — é a cor da terra, da força de estruturação do ego, da 
resistência psíquica, da perseverarão emocional e do fanatismo. 
Escurecido, ele possui a vitalidade e a força impulsiva do vermelho, só 
que de forma atenuada. E a cor preferida de pessoas passivas, 
indiferentes, inseguras e observadoras das regras. Quando usado com 
muita ênfase por crianças sugere inibição ou repressão. 
Preto — é a ausência de todas as cores, transmite a sensação de 
renuncia, abandono e introspecção. No Ocidente é a cor do luto por 
expressar melhor a eternidade em seu sentido mais profundo: a não 
existência. As pessoas que usam o preto desenhos demonstram tristeza, 
conflitos não solucionados, inibição, repressão ou interior sombria. Em 
crianças reflete repressão da vida emocional ou ansiedade. 
Verde — é a cor da natureza, do crescimento, da criação, da 
reprodução, é chamada a cor do equilíbrio. E a cor preferida por pessoas 
sensíveis, sociáveis e com facilidade de inter-relação com os outros. 
Quando usado com muita ênfase nas crianças dificuldade de expressão 
nas emoções. 
Vermelho — universalmente considerado como o símbolo fundamental 
do principio da vida, é a cor do sangue. E uma cor ativa e estimulante, 
que produz emoções rápidas e fortes. Quando usado com muita ênfase 
por adultos sugere alta excitabilidade infantilidade ou falta de 
autocrítica, O interesse pelo vermelho decresce à medida que a criança 
supera a fase impulsiva e ingressa na fase da razão. 
Violeta ou roxo — é a cor resultante da mistura do vermelho com o 
azul, conservando as propriedades de ambos, embora seja uma cor 
distinta. Quando usado com muita ênfase por adultos sugere fortes 
impulsos para o poder; já nas crianças reflete um temperamento mais 
sombrio ou tristeza. 
 
DESCRIÇÃO DE CASOS CLÍNICOS 
Para este capítulo selecionei apenas três casos, de um número 
significativo da minha prática clínica. A esses pacientes foi solicitado 
apenas o HTP-F acromático, na seguinte ordem: 
 
145 
 
CASA, ÁRVORE, FIGURA HUMANA, FIGURA HUMANA DO SEXO OPOSTO 
AO DA PRIMEIRA DESENHADA, FAMÍLIA DE ORIGEM E FAMÍLIA IDEAL. 
10.1 — Caso n° 1 - Paciente A. 
A. Têm 28 anos, sexo feminino, solteira, classe média baixa, proveniente 
de uma família numerosa de nove irmãos, sendo a quarta filha do casal, 
e reside com os pais. 
Durante o atendimento mostrou-se reservada e tímida, falou muito 
baixo a ponto de o terapeuta ficar com dificuldade para escutar: 
Verbalizou não acreditar nas pessoas, não ter e nunca ter namorado. 
Trabalhou por onze anos como doméstica, conseguiu se formar em 
contabilidade e atualmente trabalha em um escritório. 
Veio à consulta com a queixa de “Síndrome do Pânico”. Diz ter tido a 
primeira crise aos nove anos quando estava brincando com uma das 
irmãs, e acabaram se desentendendo. “Me senti tão mal como se fosse 
morrer, foi um pavor muito grande, o meu coração acelerou tanto que 
parecia que ia sair para fora. Depois disso eu nunca mais deixei de ter as 
crises. Fui a vários médicos, mas eles diziam que eu não tinha nada no 
coração e que era nervosismo. Depois eu li numa revista sobre a 
Síndrome do Pânico e soube que era isso mesmo que eu tinha. Por causa 
do pânico, eu não conseguia ficar sozinha; muitas vezes tinha de voltar 
da escola para casa, e a crise só passava quando um dos meus pais 
chegava.” 
HTP-F 
A. precisou ser muito estimulada para a execução dos desenhos 
(RESISTÊNCIA), mesmo assim só conseguiu concluí-los ao final de três 
sessões (ANALISE SEQUENCIAL DO CONJUNTO DE DESENHOS - 
decréscimo psicomotor). 
Seus desenhos são apagados, com o traço muito leve, com ‘linhas 
quebradas, indecisas e trêmulas, sugerindo um baixo nível de energia, 
inibição, insegurança, ansiedade, medo, conflitos, aguda necessidade de 
autocontrole e repressão da agressividade. 
A. fez todos os seus desenhos na metade superior esquerda da folha 
(LOCALIZAÇÃO NO PAPEL), indicando que tende a procurar mais 
satisfação na fantasia que na realidade, passividade, timidez, 
introversão, insegurança e tendência a manter-se distante e inacessível 
(os desenhos estão como se estivessem flutuando no ar, sugerindo 
 
146 
 
necessidade de apoio, medo de ações independentes e falta de 
autoconfiança). 
Suas figuras são pequenas (TAMANHO DAS FIGURAS),pobres em 
pormenores (DETALHES NO DESENHO), mostrando mais retraimento 
com dificuldade de se colocar no ambiente e de se relacionar com as 
pessoas.(A. não tem amigos e nunca namorou). 
Na representação da CASA, A. desenha uma choupana mostrando seu 
isolamento, o sentimento de perda afetiva e sua imaturidade para reagir 
aos estímulos ambientais (A. não interage com as pessoas). 
 
 
 
 
 
Comenta que a sua CASA é vista de cima e ao longe (PESPECTIVA DA 
CASA), indicando sentimentos de retraimento e inacessibilidade, o que é 
comum em pessoas que consideram as boas relações com os familiares 
como algo inatingível. A. apresenta compensatoriamente sentimentos 
de superioridade e revolta contra os valores tradicionais ensinados no 
lar, isolando-se (foi a única na casa que concluiu os estudos e sente que 
a família a despreza por isso; diz sentir-se diferente dos irmãos, 
verbaliza com frequência: “em casa ninguém me entende, apesar de ter 
muita gente eu vivo só”) 
 
147 
 
Quando observamos a sua CASA percebemos que além de distante ela 
está inclinada e solta no ar (LINHA REPRESENTATIVA DO SOLO OU 
CHAO), mostrando uma vez a sua insegurança, o afastamento afetivo, a 
sua reserva, a sua instabilidade desamparo frente às pressões do 
ambiente. 
 
O TELHADO (área da Fantasia), apesar de proporcional à casa, É feito 
com linhas trêmulas do mesmo jeito que as PAREDES, indicando o 
emprego de um esforço consciente, hipervigilante, constante e intenso 
para manter o ego intacto e o sentimento de colapso eminente (A. tem 
pânico). 
A PORTA e a JANELA são apresentadas como um detalhe reforçado (A. 
passou mais VEZES o lápis), indicando a sua relutância em estabelecer 
contato com o ambiente, seu afastamento das trocas interpessoais, o 
retraimento no intercâmbio pessoal e sua timidez “ A não tem amigos e 
nunca namorou. 
Não pôs CHAMINÉ, e por solicitação do terapeuta desenhou um sol, mas 
não conseguiu ninguém significativo para representá-lo (forte 
sentimento de isolamento afetivo). 
 
 
A. fez uma árvore pequena, um pouco inclinada para a esquerda, com o 
tronco e copa em uma linha contínua, sem divisão e achatada na parte 
superior (IMPRESSAO DA ARVORECOMO UM TODO), indicando 
 
148 
 
desencorajamento, retraimento, necessidade de proteção e forte 
pressão ambiental. 
Quando pergunto quantos anos tem a sua árvore (IDADE ATRIBUÍDA A 
ARVORE), responde que é muito velha, mas não sabe dizer ao certo. Diz 
também que os seus galhos estão doentes (ARVORE APRESENTADA 
COMO MORTA) e que apodreceram por falta de cuidados (observa-se 
que não representou os galhos, apenas verbalizou que estão doentes). 
Os GALHOS representam os recursos subjetivos para buscar satisfação 
no ambiente para aproximar-se dos outros, para se expandir e se 
realizar. Formam a zona de contato com o ambiente, zona de 
relacionamento e intercâmbio entre o que é interior e exterior (A. vive 
isolada, sem amigos). 
Um dado interessante é que os galhos da Arvore de A, morreram 
quando tinha mais ou 1O anos de idade (IDADE DA MORTE). A- começou 
a ter pânico aos nove anos de idade. 
Vamos observar mais uma vez a árvore de A.: ela não apresenta RAIZ 
(está solta no ar) O TRONCO é feito de linhas tremidas, alargado e com 
contorno irregular para a esquerda aberto na parte superior e na 
inferior; esses detalhes apontam para traumas durante o 
desenvolvimento, insegurança, indecisão, conflitos, falta de apoio, 
desorientação, inibição timidez e fixação ao passado (A. tem pânico). 
Quando observamos a COPA, percebemos que é achatada na parte 
superior, aumentada para o lado esquerdo e só contornada, vazia, 
indicando mais uma vez forte inibição, e pressão do ambiente (copa 
achatada), sentimento de inferioridade e vazio (o espaço da copa é o 
campo de expressão do indivíduo). 
Desenho da Figura Humana 
A. faz primeiro a FIGURA MASCULINA e comenta que é o seu pai, 
tem 50 anos, mas mesmo tempo não sabe do que ele gosta, se está 
bem, no que pensa ou do que precisa.A única resposta consistente é a 
respeito dos defeitos: “não dá atenção para a família”. 
 
 
149 
 
 
 
Em relação à FIGURA FEMININA, A. comenta que é a mãe, tem 20 anos, 
está bem, mas que tem muito medo de ficar só (há certa confusão nos 
papéis de filha e mãe). 
Ambas as figuras estão paradas, sem movimento, parecendo 
espantalhos, o que implica forte rigidez e repressão dos estímulos 
interiores. 
O aspecto geral das figuras (parecem espantalhos) indica o sentimento 
de que as relações com os outros são muito desagradáveis e 
dificultosas, além de desprezo e hostilidade em relação a si mesmo. 
Figura em palitos ou espantalho é comum em pessoas que se sentem 
rejeitadas, inseguras e que duvidam de si mesmas. 
Esses dados confirmam pelo TAMANHO DAS FIGURAS (são figuras 
pequenas) sugerindo sentimentos de inferioridade, inadequação e 
reação de maneira não apropriada às pressões ambientais. 
 
150 
 
 
 
Vamos observar as figuras: a CABEÇA apresenta contornos mais claros 
que o corpo sendo isso comum em pessoas que recorrem à fantasia 
como mecanismo de compensação, com sentimentos de inferioridade 
ou vergonha a respeito das partes do corpo e suas funções (A. nunca 
namorou). 
OLHOS, da mesma forma que o NARIZ e a BOCA, são representados por 
um traço, do introversão, insegurança, dúvida, imaturidade afetiva, não 
aceitação do meio, dificuldade para enfrentar os problemas (suas 
figuras estão de olhos fechados para o mundo). 
Os CABELOS, da mesma forma que o PESCOÇO, estão em negrito, como 
que “gritando” a sua insegurança sexual e a dificuldade em controlar e 
entender os impulsos corporais. O pescoço controla a organização 
corporal, serve como ligação entre os impulsos instintivos vindos do 
corpo e o controle exercido pelo cérebro. 
O que nos chama muito a atenção nas figuras são os BRAÇOS e as 
MÃOS. 
Os BRAÇOS estão afastados para os lados e rígidos; os da figura 
masculina estão na horizontal de forma mecânica (A. verbaliza que o pai 
 
151 
 
é uma figura ausente na família), sugerindo sensação de incapacidade e 
dependência, contato superficial e não afetivo com as pessoas, 
dificuldade de contato tanto pessoal como sexual, e mesmo rigidez e 
culpa. 
As MÁOS estão ausentes, e os DEDOS parecem palitos ou arames. 
Confirmando os achados anteriores, essa ausência de mãos implica 
falta de confiança nos contatos sociais produtividade ou ambos, 
retraimento, forte agressividade reprimida (dedos), dificuldade de 
toque, ataque, manipulação ou quaisquer outras formas de contato. 
Como senão tivesse experimentado mãos que ajudam quanto delas 
necessitava ou como se as mãos fossem culposas e que podem fazer 
coisas que a nossa cultura rotula como tabu. 
As PERNAS mantêm a estabilidade do corpo, representam o contato, a 
destreza e o caminhar no ambiente, estão abertas e com total ausência 
dos PES. A, representa graficamente mais uma vez a sua dificuldade de 
contato, insegurança no caminhar e na sexualidade a sua falta de 
autonomia e o seu sentimento de menos valia. 
 
 
 
152 
 
 
 
A. Desenhou todos os membros da sua família (FAMÍLIA DE 
ORIGEM) de forma automática quando chegou ao final, percebeu que 
não se incluiu. Espantou-se e representou-se como a ultima da fila a 
menor, a menos significativa. Deixou claro seus sentimentos de rejeição 
dolorosa ser um a mais no grupo e de não sentir-se significativa ou 
amada pelos demais. 
Quando solicito para fazer uma FAMILIA IDEAL, A, desenha pai, mãe e 
filha, indicando a sua fantasia de que apenas em uma família pequena 
poderia ser vista ou percebida de forma afetiva e amorosa. 
Em ambas as representações as figuras não têm MAOS ou PES (MAOS 
apenas o pai na FAMÍLIA DE ORIGEM e na FAMILIA IDEAL e a filha na 
FAMILÍA IDEAL). Os membros parecem “soltos”, como bonecos, sem 
vida, distantes emocionalmente e sem_contato íntimo entre eles. A mãe 
representada em ambas as famílias não tem MAOS, sugerindo que A. 
não vivenciou de modo consistente mãos afetuosas ou carinhosas (A. é 
insegura, não consegue se relacionar com os outros). 
A ausência de PÉS confirma mais uma vez a insegurança de A. e a sua 
falta de autonomia (“pelo que eu li na revista eu tenho síndrome de 
pânico”). 
10.2 — Caso n° 2 - Paciente B 
 
153 
 
A paciente B. é uma menina, de 8 anos, estudante da segunda série, 
pertencente à classe econômica alta e é filha de pais universitários. O 
casal tem duas filhas, sendo que B. é a primeira, e a irmã tem 6 anos. 
Na primeira consulta veio somente a mãe com a seguinte queixa: “B. 
anda deprimida. Não vai bem na escola, é atrasada na sala de aula e 
segundo a professora parece estar sempre no mundo da lua. Também 
tem complexo da barriga, não se troca na frente dos outros e vive se 
criticando; se acha feia e, por mais que eu fale que ela não é, ela não 
acredita. 
Uma outra coisa que me incomoda é que ela não tem amiguinhas, nunca 
convida ninguém para vir em casa. Quando vamos à alguma festa, ela 
fica do meu lado e não brinca com as outras crianças. A irmã é 
totalmente diferente; é extrovertida e tem muitas amiguinhas. Quando 
B. não tem coragem de fazer alguma coisa, manda a irmã fazer”. 
HTP-F 
B. não apresentou RESISTÊNCIA para desenhar e fez todos os desenhos 
em apenas uma sessão. Seu TRAÇADO é firme e em alguns desenhos 
usou muita PRESSAO (vestido da figura feminina e blusa na figura 
masculina), sugerindo conflitos com o corpo, tensão, ansiedade, falta de 
autoconfiança ou ainda agressividade e hostilidade para com o 
ambiente. 
Os desenhos são centrais (LOALIZAÇAO NO PAPEL), as figuras são de 
TAMANHO e com DETALHES adequados, indicando inteligência e 
ajustamento ao meio. 
Casa 
B. a enxerga como se fosse vista de cima e distante (PERSPECTIVAS 
OU POSIÇÃO da Casa), o que é comum em pessoas que rejeitam a 
situação familiar e os valores pertinentes e que em geral exibem 
compensatoriamente sentimentos de superioridade frente ao 
isolamento afetivo. 
 
154 
 
 
Quando observamos a TELHA OU TELHADO (área ocupada pela fantasia) 
constatamos que é, em ponta, muito elaborado e bastantereforçado 
com linhas fortes e grossas, o é característico de indivíduos que estão 
tentando se defender da ameaça de perda do controle pela fantasia. 
Representam uma preocupação aumentada com o temor de impulsos 
atualmente expressos pela fantasia se expandam para o 
comportamento manifesto ou distorçam a percepção da realidade. 
As PAREDES (força do ego) são normais. A PORTA, além de inclinada e 
fechada, é pequena em relação às janelas e à casa em geral, indicando 
uma certa relutância para estabelecer contato com o ambiente, 
afastamento das trocas interpessoais e receio nas relações com os 
outros B. não tem amigos). 
As JANELAS, apesar de grandes e abertas, estão junto ao teto, indicando 
maior receptividade de relacionamento social na área da fantasia. 
Comentou que os traços eram a varanda da casa, o que confirma um 
mecanismo de compensação por problemas na relação social. 
Árvore 
B. começou sua ÁRVORE pelo TRONCO. Ela o fez rígido, ligeiramente 
tremido e bem mais longo que a copa, sugerindo predomínio da vida 
instintiva, certa inquietação e vivacidade de fundo emocional. 
 
155 
 
Quando pergunto quantos anos sua árvore tem (IDADE ATRIBUIDA À 
ÁRVORE), diz: “é bem velhinha, 40 ou 30 anos”, indicando vivências 
depressivas e inadequadas para a idade. Falou que quem plantou foi o 
tio que já morreu, Que é uma árvore só, cheia de flores, mas que 
ninguém tem acesso a ela por causa das abelhas. Está ferida e necessita 
de água, pois está com doença no tronco. 
Quando observamos a COPA, percebemos que apesar de pequena e 
ligeiramente aumentada para o lado esquerdo (timidez), está cheia de 
flores. B. é vaidosa e se preocupa com a aparência. 
 
 
Figura Humana 
 
Tanto a FIGURA FEMININA quanto a MASCULINA, B. começou pela 
CABEÇA (aceitação do desenvolvimento) e deu-lhes uma idade próxima 
da dela - 11 anos de idade. 
Quando as observamos percebemos que são dois adolescentes, com 
roupas elaboradas, mostrando seu esforço no sentido da obtenção de 
 
156 
 
prestígio e atenção. Fez a mulher levemente menor que o homem, mas 
não algo muito significativo. 
Percebemos que na FIGURA FEMININA, B. coloca uma linha do lado 
direito e outra representando o chão, mas a figura está solta. Na 
FIGURA MASCULINA, a linha é meio inclinada, indicando insegurança, 
falta de firmeza e necessidade de ajuda. 
Ambas as figuras estão paradas, sem mobilidade, sugerindo conflitos 
sérios e profundos sobre os quais mantém um controle rígido e 
normalmente frágil. Mas por outro lado fez os mesmos de frente, como 
que preparados para encarar o mundo. B. é uma criança cheia de 
recursos, apesar de comprometida emocionalmente. 
Fez primeiro a FIGURA FEMININA, comentando ser uma dançarina, que 
vive com os pais e que é saudável, porque come frutas e verduras. Mas 
que tem medo da morte e que precisa de ajuda. 
Olhando com bastante agudeza para as figuras, percebemos que a 
CABEÇA é um pouco grande em relação aos OMBROS, indicando 
ambição, tendência a viver mais na fantasia e provavelmente com 
sentimentos de menos valia. 
 
 
 
 
157 
 
Os OLHOS da menina são representados por um ponto, e o esquerdo 
parece vazado; os do menino são maiores, porém são estrábicos, 
mostrando a dificuldade em olhar e entender a vida. 
O NARIZ é representado por um ponto mal localizado. 
A BOCA é grande, numa tentativa de sorriso, porém fechada indicando 
tensão, imaturidade para enfrentar a vida, desejo de inter-relação 
social, gula e ansiedade a respeito da necessidade de dependência. 
Os CABELOS são desordenados e em negrito, mostrando a sua energia 
mal canalizada e ansiedade. 
O PESCOÇO (elo de ligação entre a mente e os impulsos) é fino e 
comprido, indicando conflitos e dificuldade em controlar os impulsos 
corporais. 
Quando observamos os OMBROS, percebemos que os da menina são 
estreitos em relação ao corpo, demonstrando sentimentos de 
inferioridade e de menos valia, apesar de os do menino serem 
proporcionais. 
O que mais nos chama a atenção em ambos os desenhos é o TORAX. O 
corpo da menina é longo e magro, mas o vestido e a camisa do rapaz 
estão em negrito, indicando conflito com o corpo (B. não se troca na 
frente de ninguém e se acha feia). 
Os BRAÇOS são curtos e de tamanhos diferentes (em ambas as 
figuras),mostrando um contato limitado com o ambiente, insegurança, 
falta de confiança, dificuldade em aproximar-se e estabelecer relações 
com as pessoas e medo vinculado a impulsos hostis. São braços que não 
podem realizar nada, sugerindo sentimentos de inadequação 
insuficiência. Percebemos isso também nas MÃOS pendentes (B. não 
tem amigos, na festas não sai de perto da mãe). 
As PERNAS da figura feminina estão separadas, e os PÉS estão em ponta, 
com contato tênue com a realidade (como visto acima, B. despende 
bastante de suas energias na fantasia). Nas do menino, além de 
desproporcionais, os pés estão um para cada lado, mos falta de 
mobilidade e ambivalência (a figura está inclinada). 
Põe luvas na menina indicando mais uma vez vaidade, seu desejo de 
crescer e de ser bem-sucedida. 
Desenho Das Famílias 
 
158 
 
O mais significativo em ambos os desenhos é que B. não se inclui nos 
desenhos. 
 
 
Comenta no primeiro desenho (FAMÍLIA DE ORIGEM) que a mãe, a irmã 
e o pai estão sentados no sofá assistindo à televisão. Para reforçar esta 
idéia põe uma espécie de círculo em torno dos membros da família. 
Representa-os como uma família muito unida, mas da qual ela não 
participa; “esqueceu” de incluir-se no desenho. 
 
159 
 
Na FAMÍLIA IDEAL, a irmã sobressai na metade superior da folha 
indicando ser a mais importante da casa (também foi a primeira a ser 
desenhada), 
Outro detalhe que nos chama a atenção e que reforça a hipótese de que 
B. se sente excluída da família é que todos os membros estão de olhos 
fechados (fechados para eb Interessante também é que estão sorrindo, 
como que felizes, mas parece que B. não participa dessa alegria; sente-
se isolada, deprimida e não ajustada). 
Se mais uma vez observarmos a CASA, vamos perceber que B. não 
colocou CHAMINE, o que é comum em pessoas que sentem certa 
distância afetiva na que sentem o lar como frio e sem calor afetivo. 
O HTP-F é um instrumento interessante, pois permite à criança 
desenhar e mostrar sentimentos mais profundos. 
A mãe de B, na entrevista devolutiva, ao observar os desenhos das 
FAMÍLIA ORIGEM E IDEAL, apresentou um grande insight. Comentou de 
uma forma comovente “Como é que eu não tinha percebido antes? Não 
é que eu não tinha percebido, eu queria acreditar ou aceitar o que ela 
tem é ciúmes da irmã! A irmã é magrinha, extrovertida faz amizade com 
todo mundo, e ela é sempre a sombra da irmã, Ela de certa forma 
mostrou que tinha ciúmes da irmã, mas eu nunca quis ver!” 
Combinamos que B. seria atendida em psicoterapia uma vez por 
semana, Cinco meses depois, solicito à paciente novo desenho da 
família. B. aceita desenhar apenas a sua família (FAMILIA DE ORIGEM). 
 
 
160 
 
Desta vez se representou em primeiro lugar, exclamando a sua 
importância, seu sentimento de pertinência e de fazer parte da família. 
Desenhou todos os membros de pé, de frente e juntos, indicando maior 
estruturação e proximidade entre os elementos. 
Esses detalhes indicam que estamos caminhando bem na psicoterapia, 
mas ainda não estamos em época de alta, pois, se observarmos com 
bastante agudeza as figuras, percebemos que B. ainda se sente um 
pouco menos significativa ou inferior a irmã. Apesar de desenhar-se em 
primeiro lugar, representa-se como uma figura menor, e na realidade a 
irmã é dois anos de idade mais nova que ela. 
Outro fator que nos chama a atenção são os BRAÇOS - rígidos, 
apertados ao corpo e para trás (mãe e pai), indicando que ainda tem 
dificuldade em aproximar-se e estabelecer relações afetivas com as 
pessoas. 
10.3 — Caso n° 3 - Paciente C 
O paciente C. é um menino pré-adolescentede 12 anos, estudante da 
quinta série. 
Na primeira consulta compareceu somente a mãe, uma senhora 
decidida, com aspecto rígido e autoritário. Veio com a seguinte queixa: 
“C. está cada vez mais rebelde, respondão e exigente. Se quer alguma 
coisa luta até o fim; dá a impressão de que está revoltado. Ele nunca 
aceita “não” como resposta. A vida dele é assistir à televisão, e implica 
muito com o pai”. 
Na entrevista C. reclamou que ninguém o entendia, tudo o que queria 
ou pedia o pai achava que era muito dinheiro ou besteira, Disse gostar 
de coisas bonitas e de ser vaidoso quer fazer uma mecha no cabelo, 
como alguns colegas da escola, mas o pai não deixa. Na casa tudo que 
envolve dinheiro não pode. Não vê a hora de crescer mais para 
trabalhar e não depender mais dos pais; gostaria de ser estilista, médico 
ou decorador Gosta das coisas bonitas, adora desenhar, principalmente, 
roupas femininas. 
1°HTP-F 
Apesar de bastante estimulado, C. negou a desenhar a CASA, a FAMÍLIA 
DE ORIGEM E A FAMILIA IDEAL. Mas mesmo assim vamos à análise dos 
três desenhos. 
 
161 
 
Qualitativamente ficam evidentes certas dificuldades de C. quando 
constatamos a sua RESISTENCIA para desenhar, o DECRESCIMO 
PSICOMOTOR, as PAUSAS DURANTE A EXECUÇAO, a PRESSAO 
EXAGERADA de seus traços, o TAMANHO DAS FIGURAS e os DETALHES 
de seus desenhos. 
Esses fatores sugerem intensos sentimentos de inferioridade com 
dificuldades de se expor e se colocar assertivamente no meio, sensação 
de ser inadequado para o cumprimento da tarefa, dificuldade em 
arriscar-se e em receber julgamentos, bloqueios severos, medo, tensão 
e insegurança. Podemos pensar também em inibição (TAMANHO DAS 
FIGURAS), timidez, necessidade de proteger-se das pressões externas, 
agressividade, hostilidade para com o ambiente com aguda consciência 
da necessidade de autocontrole. 
A necessidade de autocontrole fica evidente também pela LOCALIZAÇÃO 
NO PAPEL (desenho próximo à linha vertical e tendendo para o lado 
esquerdo) - introversão, contato ativo com a realidade e tentativa de 
manter um controle intelectual sobre o desejo de satisfação imediata. 
Embora C. rejeite executar o teste completo, verificamos quão 
substancial pode ser o resultado da análise de apenas três dos 
desenhos. 
Árvore 
 
162 
 
 
 
C. faz a sua ÁRVORE pequena (pressão ambiental), depressivas e 
inadequadas para a idade), porém ERETA e SIMETRICA 
Começou o seu desenho pelo TRONCO - longo com grande estrutura de 
galhos e uma pequena saliência no lado direito, indicando certa rigidez, 
predomínio da vida instintiva com desejo de expansão sentimento 
obscuro dos limites da personalidade, oposição aos outros, ia, 
ocasionalmente ressentimento, desconfiança e medo de figuras 
autoritárias. Quanto a pequena saliência, podemos pensar em traumas 
psíquicos, dificuldade de adaptação, congestionamento de afetos, 
impulsividade, vulnerabilidade ou talvez excitabilidade. 
Suas RAÍZES são visíveis (predomínio da vida instintiva) com traço duplo 
e em forma de garra sob a linha da terra, sugerindo uma ligação 
hipervigilante e com pobre contato com a realidade, temor e pânico de 
perder o contato com a mesma (é como se tivesse de agarrar não 
perder o contato com a realidade). 
LINHA DA TERRA OU SOLO está abaixo da base do tronco, indicando 
certo sentimento de desenraizamento e separação. 
Quando observamos a COPA, o que nos chama a atenção é que ela é 
fechada e cheia de espinhos, orientada para o alto e levemente 
aumentada para o lado direito, sugerindo energia agitação, exigência, 
 
163 
 
teimosia, nervosismo, irritabilidade, agressão, necessidade de ser 
importante, autossuficiência e vaidade (lado direito). 
Os GALHOS são cheios de espinhos, indicando impulsos intensos e 
prontos para a hostilidade e agressão (C. com o terapeuta é uma criança 
passiva, meio tímida, calma, fala baixinho, sugerindo que seu 
ajustamento é feito à custa de esforços maciços de repressão). 
Percebemos que o arranjo dos ramos é de forma repetida com 
ligamentos sucessivos, indicando a sua pouca capacidade de adaptação, 
minuciosidade, preocupação com detalhes e identidade em nível de 
fantasia. 
Quanto ao tamanho dos galhos, notamos que são longos, em sua 
maioria para cima e pouquíssimos para os lados, mostrando o seu medo 
de não conseguir satisfação no ambiente, com recompensa na fantasia. 
Figura Humana 
Tanto a FIGURA FEMININA como a MASCULINA C. nega-se a desenhá-las 
de corpo inteiro. Faz primeiro a FIGURA FEMININA. O desenho só do 
busto nos leva a pensar em várias hipóteses como: não gostar do 
próprio corpo, censura da área genital ou forte preocupação sexual 
misturada com desajustamento. 
 
 
164 
 
Estes dados nos chamam a atenção, justamente pelo fato de C. 
desenhar primeiro a mulher. Crianças e adolescentes costumam 
desenhar primeiro o sexo oposto quando têm maior estima por este, 
quando apresentam sentimentos negativos para consigo mesmo, 
quando são mais dependentes faltando-lhe segurança quanto à própria 
imagem ou quando não têm plena consciência do próprio sexo do ponto 
de vista das características sexuais já conhecidas. 
 
 
 
 
Se o que C. nos oferece é apenas um busto feminino e um masculino, 
então precisamos observá-los com atenção redobrada e muita 
perspicácia. 
FIGURA FEMININA tem a CABEÇA um pouco maior que a da 
MASCULINA, indicando maior valorização da mesma ou ênfase na 
fantasia como fonte de satisfação. 
O seu homem tem 20 anos, podendo indicar vivências depressivas ou 
inadequadas para a ou sensação de não ser muito aceito pelos pais, 
levando-o a inferiorizar a infância e a experimentar um forte desejo de 
crescer. 
 
165 
 
Os ROSTOS de ambos estão de frente, como que preparados para 
encarar o mundo, há uma acentuação dos caracteres faciais e contorno 
reforçado (principalmente homem), indicando certa timidez. 
Os OLHOS de ambos são grandes, mostrando que C. absorve o mundo 
visualmente, é curioso e talvez desconfiado. Como são olhos lamuriosos 
e bem trabalhados, podemos pensar em desejo de chamar a atenção, 
sexualidade inadaptada, ambivalência ou conflito na inter-relação social. 
A sua FIGURA FEMININA apresenta SOBRANCELHAS bem cuidadas e 
levantadas, sugerindo refinamento pessoal ou dúvida. 
Os CABELOS também são bem penteados, indicando seu interesse pela 
aparência social e sua preocupação em deslumbrar ou seduzir. 
Quando observamos o NARIZ, percebemos que C, os faz em negrito, 
fato que nos faz pensar em conflitos sexuais, indecisão ou inadequação 
sexual ou temores de castração. 
A BOCA de ambos é grande e cerrada, mostrando ambição, 
agressividade, crises de mau humor ou alta capacidade crítica (C. anda 
rebelde e respondão). 
As ORELHAS da mulher estão ocultas pelo cabelo, mas na figura 
masculina são representadas sugerindo sensibilidade a críticas. 
O QUEIXO de ambos são redondos, mostrando certa sensualidade. 
Quando observamos o PESCOÇO, percebemos que ambos são 
detalhados (o da mulher apresenta um colar e o do homem tem pelos). 
Isso sugere uma perturbação por falta de coordenação dos impulsos e 
controle intelectual, certa consciência da bifurcação da personalidade, 
com conflitos decorrentes da força do superego. 
Os enfeites no pescoço separam o corpo (impulsos físicos, vitais) da 
cabeça (controle intelectual racional). 
A presença do decote em “V” na figura feminina nos faz pensar em 
fixação sexual sobre seios, tendências voyeurísticas ou curiosidade. 
Os pelos da figura masculina podem sugerir desejo de masculinidade ou 
necessidade conferir o aspecto masculino, 
Os OMBROS de ambos são estreitos em relação ao corpo e 
arredondados, denotando sentimentos de menos valia, inferioridade 
e/ou inadequação. 
 
166 
 
Após esta avaliação foi feito novo contato com os pais. Desta vez ambos 
compareceram o pai de C. mostrou-se uma pessoa passiva, apagada e 
sem muita energia; a mãe, porsua vez praticamente falou o tempo 
todo sugerindo muita ansiedade e verbalizou com frequência a falta de 
entendimento e afeto pelo marido. 
Quando foi mostrado os desenhos a mãe conseguiu verbalizar todas as 
suas apreensão preocupações, assim como a razão principal da sua 
consulta; chorando muito disse; Eu ando muito nervosa, já devia ter te 
procurado quando o C. estava na pré-escola e a diretora me chamou. Já 
naquela época elas achavam que ele era diferente, só gostava de 
brincadeiras de menina. Eu não acho que ele seja “bicha”, mas ele é 
diferente, quer ficar enfeitando a casa gosta de cozinhar, na escola só 
fica com as meninas, nunca gostou de jogar bola....” 
Após este contato, C. foi encaminhado para psicoterapia, duas vezes por 
semana. 
2° HTP - F — 7 meses depois 
Desta vez C. aceitou fazer todos os desenhos com exceção da FAMÍLIA 
IDEAL. 
Mostrou confiança no desempenho, usou apenas uma sessão para 
todos os desenhos e os fez com PREDOMINANCIA DE LINHAS FIRMES E 
DECIDIDAS, assim como apresentação de DETALHES adequados. 
Esses fatores sugerem que C. está mais seguro e equilibrado 
emocionalmente. 
Casa 
 c. fez a sua casa na metade inferior da folha (LOCALIZAÇÃO NO 
PAPEL), indicando Que ainda se sente inseguro, com necessidade de 
firmar-se na realidade. Vê sua casa como Distante, sugerindo 
sentimentos de rejeição à situação familiar e aos valores pertinentes, 
com sentimentos compensatórios de superioridade. 
 
 
167 
 
 
Quando observamos o TELHADO, percebemos que está proporcional ao 
tamanho da casa (equilíbrio entre a fantasia e a realidade) e terminado 
em ponta (simbolismo sexual). 
As PAREDES são desenhadas com traços firmes e adequados, e a Porta 
está fechada com chave (autodefesa), mas a JANELA está aberta 
indicando uma possibilidade de interação. 
Desta vez fez um sol, mas não conseguiu imaginar ninguém que pudesse 
representar o calor. 
Árvore 
C, desenhou a sua ÁRVORE centrada, ereta e bem grande, ocupando 
quase toda a folha, nos clarificando que está reagindo às pressões 
ambientais com sentimentos de expansão. Mas continua preso ao 
mundo da fantasia. 
Diz que apesar de saudável, é uma árvore bem velha (IDADE ATRIBUÍDA 
À ÁRVORE) mais ou menos cinquenta anos, sugerindo vivências 
depressivas e inadequadas para a idade. 
Sua ÁRVORE apesar de grande está vazia, indicando timidez e 
negativismo. 
Mas vamos ao TRONCO: é aberto na parte superior e inferior e alargado 
para os lados. Esses fatores indicam indecisão, comportamento 
flutuante, dificuldades de entendimento e compreensão da vida. 
A COPA é grande (vaidade, entusiasmo e expansão), mas totalmente 
vazia mostrando dificuldade de comunicação, retraimento e timidez. 
 
168 
 
 
 
 
Figurara humana 
 
Desta vez C. fez primeiro a FIGURA MASCULINA. Um menino de nove 
anos de idade, que segundo ele está muito feliz, gosta de brincar, 
bagunçar e conversar. 
Essa idade da figura aquém da sua própria sugere uma fixação 
emocional ou reação a traumas quando se fixou em uma época anterior 
mais feliz. 
Começou o seu menino pelo ROSTO, mostrando a sua necessidade em 
agradar e de relacionar-se com as pessoas. Mas o fez meio inclinado, 
com MOVIMENTO hesitante, indicando uma certa instabilidade, 
insegurança ou fraco controle sobre as reações. 
 
169 
 
CABEÇA do menino está com tamanho normal, mas a da menina é um 
pouco maior, denotando que ainda valoriza de forma mais consistente a 
figura feminina. 
Quando observamos o rosto, percebemos que C. os fez de frente 
sorrindo (necessidade de simpatia, desejo de obter aprovação), com 
NARIZ e BOCA adequados, mas pôs um par de óculos na menina, 
indicando dissimulação da dificuldade em enfrentar o mundo, desejo de 
estabelecer contato interpessoal e afetivo. 
Os CABELOS do menino estão sob um boné e os da menina, presos em 
“Maria Chiquinha” com franja, sugerindo interesse pela aparência, 
status social, facilidade em se mover no ambiente e seus esforços no 
sentido de contenção dos impulsos (cabelos presos). 
Não desenhou ORELHAS em nenhuma das figuras, indicando que está 
num momento mais passivo. 
Desta vez fez um PESCOÇO mais proporcional (maior equilíbrio das 
emoções). Os OMBROS são pequenos e os BRAÇOS, desproporcionais, 
curtos e afastados, indicando que ainda apresenta dificuldade de 
contato com o ambiente, um certo sentimento de incapacidade e talvez 
com sentimentos de culpa (são braços afastados). 
As MÃOS estão afastadas também, e os DEDOS, pendentes e curtos, 
indicando mais uma vez a falta de confiança nos contatos sociais ou uma 
possibilidade de contato limitada. 
As PERNAS são finas e separadas, sugerindo falta de equilíbrio, 
sentimento de inadequação e dificuldade para conseguir independência 
pessoal. 
Os PÉS são pequenos, representando novamente seus sentimentos de 
insegurança para manter-se ou atingir os objetivos. 
 
170 
 
 
 
Família de origem 
C. aceita desenhar apenas a sua FAMÍLIA DE ORIGEM. Uma detalhe 
interessante que o pai (figura sentida como ausente pelo paciente) 
desta vez foi desenhado em primeiro lugar e de forma saliente (cabeça 
maior). 
Durante o processo terapêutico, este aspecto foi trabalhado com 
intensidade. 
Esta representação indica que no momento o paciente está 
conseguindo de uma mais madura entender e aceitar a forma de ser de 
seu pai. Atualmente, não precisa agredi-lo identificando- se com a mãe 
nos afazeres domésticos. 
...a terapia continua... 
 
171 
 
 
 
 
11. 
O SIGNIFICADO DE ALGUMAS 
DOENÇAS DESTE MANUAL 
Este capítulo inclui uma variedade de condições e de padrões de 
comportamento clinicamente significativos. O HTP-F como é uma 
técnica projetiva de desenho que visa penetrar personalidade individual 
tem-se mostrado sensível a essas condições. 
Kaplan (1993) define personalidade como a totalidade relativamente 
estável e previsível de traços emocionais e comportamentais que 
caracterizam a pessoa na sua vida cotidiana, sob condições normais. Os 
traços são padrões persistentes no modo de perceber, relacionar e 
pensar sobre o ambiente e sobre si mesmo, exibido em uma ampla faixa 
de contextos sociais e pessoais. 
Apenas quando os traços de personalidade são inflexíveis e 
desajustados, causando um sofrimento subjetivo ou um 
funcionamento significativamente prejudicado, é que levam a um 
Transtorno de Personalidade. 
Um Transtorno de Personalidade é um padrão persistente de vivência 
íntima ou comportamento que se desvia acentuadamente das 
expectativas da cultura do indivíduo, é invasivo e inflexível, tem seu 
 
172 
 
início na adolescência ou começo da idade adulta, é estável ao longo do 
tempo e provoca sofrimento ou prejuízo (DSM-IV). 
Os pacientes que apresentam algum transtorno mostram padrões 
inflexíveis e mal ajustados de relacionamento e percepção do ambiente 
e de si mesmos. Este padrão persistente é inflexível e abrange uma 
ampla faixa de situações pessoais e sociais e provoca sofrimento 
clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social ou 
ocupacional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. 
Os juízos acerca do funcionamento da personalidade devem levar em 
conta a bagagem étnica, cultural e social do indivíduo. Os Transtornos 
de Personalidade não devem ser confundidos com problemas 
associados à aculturação após a imigração ou à expressão de hábitos, 
costumes ou valores religiosos e políticos professados pela cultura de 
origem do indivíduo. Especialmente na avaliação de uma pessoa de 
diferente origem étnica, é útil obter informações adicionais a partir de 
informantes familiarizados com a respectiva bagagem cultural (DSM-IV). 
Os Transtornos de Personalidade diferem das alterações de 
personalidade pelo tempo e modo de seu aparecimento. O seu 
diagnóstico exige uma determinação de funcionamento a longo prazo, 
as características particulares de personalidade devem ser evidentes nainfância ou adolescência e continuam pela vida adulta. 
A avaliação de um transtorno deve ser baseada em tantas fontes de 
informações quanto possíveis. Alem do HTP-F, o psicólogo deve se 
munir de entrevistas (muitas vezes espaçadas ao longo do tempo e no 
caso de crianças, entrevistas com os familiares) para se colher os dados 
da história do paciente. 
Na avaliação de crianças vale ressaltar que os traços de um transtorno 
frequentemente não persistem inalterados até a vida adulta; o mais 
correto é o psicólogo com muita cautela perceber as “tendências” 
infantis daquele momento de vida. Alguns traços que têm sido 
identificados na infância podem estar associados com Transtornos de 
Personalidade na idade adulta, Por exemplo, as crianças com 
temperamento medroso podem desenvolver Transtorno de 
Personalidade Evitativo. 
Alguns Transtornos de Personalidade surgem devido a um desajuste 
familiar, como, exemplo, uma criança ansiosa criada por uma mãe 
igualmente ansiosa está mais vulnerável a um Transtorno de 
Personalidade do que se fosse criada por uma mãe calma. As culturas 
 
173 
 
que encorajam a agressividade podem, involuntariamente, reforçar e, 
portanto contribuir para os Transtornos de Personalidade Anti-Social. O 
ambiente físico pode exercer seu papel. Por exemplo, uma criança 
pequena ativa pode parecer hiperativa se mantida em um apartamento 
pequeno e fechado, mas pode parecer normal em casa espaçosa de 
classe média, com quintal (Kapian, 1993). 
Quando todos os dados apontam numa mesma direção, indicando um 
transtorno psicólogo deve ter em mente que, para um diagnóstico de 
Transtorno de Personalidade em um indivíduo com menos de 18 anos, 
as características devem estar presentes no mínimo um ano. 
O HTP-F tem-se mostrado sensível a várias patologias; algumas 
interpretações manual são avaliações e pesquisas de outros estudiosos, 
como Rabin &Haworth (1966) Hammer(1981), Ocampo (1981), 
Laurenção Van Kolck (1975, 1984), Di Leo (1987). SouzaCampos (1989), 
Azevedo (1996), Battistone (1996) (comum em...), outras são sugestões 
e/ou achados clínicos meus (sugere) 
Para se interpretar o teste, como foi especificado na introdução, a 
metodologia do precisa por necessidade ser tanto intuitiva como 
analítica; confiar apenas em isolados pode ser enganador. Para uma 
interpretação conclusiva, deve-se ter em motivo da consulta (queixa), as 
entrevistas diagnósticas e a análise do teste. 
As patologias aqui presentes foram escritas de forma bastante 
resumidas. O psicólogo ao perceber que vários sinais apontam para 
alguma delas, deve fazer uma leitura mais minuciosa a respeito da 
mesma, antes de fechar um diagnóstico ou rotular o paciente. 
Este manual contém 857 possíveis interpretações gráficas, 405 são 
traços esperados dentro da normalidade ou apontam para algumas 
características individuais, e 452 são avaliações indicativas de algumas 
patologias; dentre elas estão: 
Transtorno da Personalidade Antissocial 
Neste manual existem 26 interpretações indicativas de Transtorno de 
Personalidade Social. 
Transtorno de Personalidade Antissocial é caracterizado pela 
desconsideração e violação dos direitos dos outros, que se inicia na 
infância ou começo da adolescência e continua na idade adulta (DSM-
IV), 
 
174 
 
É também chamado de Personalidade Amoral, Dissocial, Associal, 
Psicopática ou Sociopática, é caracterizado por atos antissociais e 
criminais contínuos, mas não é sinônimo de criminalidade. Em vez disso, 
trata-se de uma incapacidade para conformar-se às normas sociais. Para 
receber este diagnóstico o indivíduo deve ter pelo menos 18 anos e ter 
tido uma história de alguns sintomas do Transtorno de Conduta antes 
dos 15 anos. 
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Antissocial não se 
conformam com as normas pertinentes a um comportamento dentro 
dos parâmetros legais. Podem realizar repetidos atos que constituem 
motivo de detenção, tais como destruir propriedade alheia; indiferença 
insensível pelos sentimentos alheios; atitude flagrante e persistente de 
irresponsabilidade e desrespeito por normas, regras e obrigações 
sociais; incapacidade de manter relacionamentos (embora não haja 
dificuldade em estabelecê-los); muito baixa tolerância à frustração e um 
baixo limiar para descarga de agressão, incluindo violência; 
incapacidade de experimentar culpa e de aprender com a experiência, 
particularmente punição; propensão marcante para culpar os outros ou 
para oferecer racionalizações plausíveis para o comportamento que 
levou o paciente a um conflito com a sociedade. 
Os pacientes com Transtorno de Personalidade Antissocial 
frequentemente apresentam um exterior normal e até mesmo 
agradável e cativante. Suas histórias, entretanto, revelam muitas áreas 
de funcionamento vital desordenado. Mentiras, faltas à escola, fugas de 
casa, furtos, brigas, abuso de drogas e atividades ilegais são experiências 
típicas que, conforme relatos do paciente, começaram durante a 
infância. As personalidades antissociais frequentemente impressionam 
os clínicos do sexo oposto com seus aspectos exuberantes e sedutores, 
mas os clínicos do mesmo sexo podem considerá-las manipuladoras e 
exigentes. 
Os indivíduos com personalidade antissocial demonstram uma falta de 
ansiedade ou depressão, que pode parecer grosseiramente 
incongruente com suas situações, e suas próprias explicações do 
comportamento antissocial fazem-no parecer algo impensado. Ameaças 
de suicídio e preocupações somáticas podem ser comuns. Ainda assim, 
o conteúdo mental do paciente revela completa ausência de delírios e 
outros sinais de pensamento irracional. De fato, eles frequentemente 
demonstram um senso aumentado de teste de realidade, 
 
175 
 
Frequentemente impressionam os observadores por terem uma boa 
inteligência verbal. 
Os pacientes com Transtorno de Personalidade Antissocial são 
altamente representados pelos chamados “vigaristas”. São altamente 
manipuladores e frequentemente capazes de convencer outras pessoas 
a participar de esquemas que envolvam modos fáceis de obter dinheiro 
ou de adquirir fama e notoriedade, o que eventualmente pode levar os 
outros a ruína financeira, embaraço social ou ambos. As personalidades 
antissociais não falam a verdade e não se pode confiar nelas para levar 
avante qualquer projeto ou aderir qualquer padrão convencional de 
moralidade. Promiscuidade, abuso do cônjuge, abuso infantil e 
condução de veículos sob os efeitos do álcool são eventos comuns na 
vida desses pacientes. Um achado digno de nota é uma falta de 
remorsos por tais ações, ou seja, estes pacientes parecem desprovidos 
de consciência. Eles podem mostrar-se indiferentes ou oferecer uma 
racionalização superficial para o fato de terem ferido, maltratado ou 
roubado alguém. Ou então culpar suas vítimas de serem tolas, 
impotentes ou por terem o destino que merecem, minimizando as 
consequências danosas de suas ações ou para simplesmente 
demonstrar completa indiferença. 
Como mencionado anteriormente, os pacientes podem parecer 
compostos e dignos de credibilidade ao entrevistador. Entretanto, sob a 
aparência, existe tensão, hostilidade, irritabilidade e raiva. Entrevistas 
estressantes, nas quais os pacientes são vigorosamente confrontados 
com as inconsistências em suas histórias, podem ser necessárias para a 
revelação da patologia. Até mesmo profissionais muito experientes são 
enganados por esses indivíduos 
Transtorno de Personalidade Borderline 
Neste manual existem 5 interpretações indicativas para Transtorno de 
Persona1id Borderline. 
É um padrão de instabilidade nos relacionamentos interpessoais, auto-
imagem e afetos, bem como acentuada impulsividade (DSM-IV). 
Também conhecida por Esquizofrenia Ambulatória, Personalidade 
“como Esquizofrenia Pseudoneurótica, Caráter Psicótico ou 
Personalidade Emocionalmente Instável. 
 
176 
 
São pacientes quese situam no limite entre a neurose e a psicose e se 
caracterizam por humor, comportamento, relações objetais e 
autoimagem extraordinariamente instáveis. 
Os pacientes Borderline quase sempre parecem estar em estado de 
crise; suas oscilação de humor são bastante comuns. Podem mostrar-se 
briguentos num momento, deprimidos em outro ou ainda queixar-se de 
não sentirem coisa alguma. O comportamento dessas pessoas é 
altamente imprevisível; por conseguinte, raramente conseguem atingir 
o nível máximo de suas capacidades. 
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Borderline fazem 
esforços frenéticos para evitarem um abandono real ou imaginado. 
Experimentam intensos temores de abandono e raiva inadequada, 
mesmo diante de uma separação real de tempo limitado ou quando 
existem mudanças inevitáveis em seus planos. Muitas vezes acreditam 
que este abandono implica que eles são “maus”. Esse medo de 
abandono está relacionado a uma intolerância à solidão e uma 
necessidade de ter outras pessoas consigo. 
A natureza sofrida de suas vidas reflete-se em atos autodestrutivos 
repetidos. Esses pacientes podem cortar os pulsos ou realizar outras 
automutilações para obterem auxílio de outros, para expressar raiva ou 
para afastar-se de afetos demasiadamente opressivos. 
Uma vez que se sentem tanto dependentes quanto hostis, as 
personalidades Borderline exibem relacionamentos interpessoais 
tumultuados. Podem ser muito dependentes daqueles com quem 
convivem e expressar uma raiva intensa contra seus amigos íntimos, 
quando frustrados. As personalidades Borderline, contudo, não 
conseguem tolerar a solidão e preferem uma busca desenfreada de 
companhia, não se importando com a qualidade da companhia, a 
ficarem a sós consigo mesmos. 
Frequentemente, queixam-se de sentimentos crônicos de vazio e tédio, 
de falta de um senso de identidade consistente e, quando pressionados, 
frequentemente queixam-se do quanto se sentem deprimidos na maior 
parte do tempo, apesar da aparente exuberância de seus afetos. 
As pessoas com Transtorno de Personalidade Borderline na maioria das 
vezes apresentam um distúrbio de identidade, apresentando uma 
autoimagem totalmente instável; os objetivos, as opiniões, os planos de 
carreira, a identidade sexual e os tipos de amigos sofrem mudanças 
súbitas. Da mesma forma os papéis, ora são suplicantes e carentes, ora 
 
177 
 
são vingadores implacáveis. Apresentam instabilidade afetiva devido a 
uma acentuada reatividade do humor. 
São pessoas impulsivas podem jogar, fazer gastos irresponsáveis, comer 
em excesso, abusar de substâncias, engajar-se em sexo inseguro ou 
dirigir de forma imprudente. 
Adolescentes e adultos jovens com problemas de identidade, 
especialmente quando acompanhados do uso de drogas, podem exibir 
temporariamente comportamentos que podem ser confundidos com 
Transtorno de Personalidade Borderline. 
Transtorno de Personalidade Dependente 
Neste manual existem 25 interpretações indicativas de Transtorno de 
Personalidade Dependente. 
O Transtorno de Personalidade Dependente é um padrão de 
comportamento submisso e aderente, relacionado a uma necessidade 
excessiva de proteção e cuidados (DSM-IV). 
Também conhecido por Personalidade Astênica, Passiva, Autoderrotista 
ou Inadequada. As pessoas com esse transtorno subordinam suas 
próprias necessidades às dos outros, fazem com que Outras pessoas 
assumam responsabilidade pelas principais áreas de suas vidas, não 
possuem autoconfiança e podem experimentar intenso desconforto 
quando sozinhas. São pessoas que visam obter atenção e cuidados, 
acreditando-se incapazes de funcionar adequadamente sem o auxílio de 
outras pessoas. 
Os pacientes com Transtorno de Personalidade Dependente são 
incapazes de tomar decisões sem um excesso de aconselhamento e 
tranquilizarão por Outros, evitam posições de responsabilidade e se 
tornam ansiosos se solicitados a assumir um papel de liderança, 
preferindo cargos subalternos. 
Estas pessoas não gostam de estar sozinhas, procuram outras pessoas 
das quais possam depender, e seus relacionamentos são, assim, 
distorcidos por sua necessidade de estarem ligadas àquela outra pessoa. 
Geralmente dependem de um dos pais ou do cônjuge para decidir onde 
devem viver; que tipo de trabalho devem ter e com que vizinhos devem 
fazer amizade. Os adolescentes com o transtorno podem permitir que 
seus pais decidam o que devem vestir, com quem devem sair, como 
devem passar seu tempo livre e que faculdade cursar. 
 
178 
 
Pessimismo, insegurança, passividade e temores de expressar 
sentimentos sexuais e agressivos caracterizam o comportamento da 
personalidade dependente. Um cônjuge abusivo, infiel ou alcoólico 
pode ser tolerado por longos períodos de tempo para que a vinculação 
seja rompida. São pessoas que se sentem tão incapazes de funcionar 
sozinhas, preferindo concordar com coisas que consideram erradas, a se 
arriscarem à perda da ajuda daqueles em quem buscam orientação. 
Os relacionamentos sociais limitam-se às pessoas das quais dependem e 
podem sofrer abusos físicos ou mentais por não conseguirem auto-
afirmar-se, Podem ficar “colados” em outras pessoas importantes em 
suas vidas apenas para não ficar sozinhas, mesmo que não tenham 
interesse ou envolvimento no que está acontecendo. Correm o risco de 
severa depressão, quando enfrentam a perda de uma pessoa da qual 
eram dependentes. 
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Dependente muitas 
vezes se caracterizam por pessimismo e insegurança, tendendo a 
menosprezar suas capacidades e realizações, tomam as críticas como 
prova de sua inutilidade e são desprovidos de autoconfiança e 
autoestima. 
‘Transtorno de Personalidade Esquiva ou Evitativo 
Este manual existem 7 interpretações para o Transtorno de 
Personalidade Esquiva. 
Transtorno da Personalidade Esquiva caracteriza-se por um padrão de 
inibição social sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a 
avaliações negativas (DSM-1V). 
Essas pessoas evitam atividades profissionais ou escolares que 
envolvam contato pessoal significativo por medo de críticas, 
desaprovação ou rejeição; da mesma a que evitam fazer novas 
amizades, ao menos que tenham certeza de que serão estimadas e 
aceitas sem crítica. 
Pessoas com Transtorno de Personalidade Esquiva ou Evitativo não 
participam de atividades de grupo, têm dificuldade de intimidade 
interpessoal, embora consigam estabelecer relacionamentos íntimos 
quando existem garantias de uma aceitação sem críticas. São pessoas 
que se magoam facilmente com qualquer crítica ou desaprovação por 
mais leve que seja. 
 
179 
 
Na maioria das vezes são pessoas tímidas, quietas, inibidas, que passam 
“invisíveis”, pelo medo de que qualquer atenção possa trazer 
degradação ou rejeição. Demonstram inibição em novas situações 
interpessoais, devido a seus sentimentos de inadequação e baixa 
autoestima. Ao falarem com alguém, expressam incerteza e falta de 
autoconfiança, podendo falar de maneira autodepreciativa. Têm medo 
de falar em público ou fazer pedidos a outras pessoas, pois são 
hipervigilantes quanto à rejeição. Tendem a interpretar mal os 
comentários feitos por outras pessoas, considerando-os ridicularizantes 
ou depreciativos. A recusa a qualquer pedido que façam leva-as ao 
retraimento e a se sentirem magoadas. Elas são descritas pelos outros 
como “tímidas”, “acanhadas”, “solitárias” e “isoladas”. 
Na esfera profissional, as personalidades evitativas frequentemente 
assumem empregos secundários, Raramente conseguem progredir 
muito ou exercer muita autoridade. Em vez disso, no trabalho parecem 
simplesmente tímidos e ávidos por agradar. 
O comportamento esquivo começa com frequência na infância, com 
timidez, isolamento, medo de estranhos e de situações novas. Embora a 
timidez seja um percursor comum do Transtorno de Personalidade de 
Esquiva, na maioria dos indivíduos ela tende adissipar-se com a idade. 
Por outro lado, os indivíduos que desenvolvem o transtorno podem 
tornar-se progressivamente mais tímidos e arredios durante a 
adolescência e início da idade adulta, quando os relacionamentos sociais 
com pessoas novas assumem uma especial importância. 
Na entrevista clínica, o aspecto mais notável é a ansiedade do paciente 
acerca de falar com o entrevistador. O modo tenso e nervoso do 
paciente parece aumentar e diminuir segundo sua percepção quanto ao 
agrado que o profissional tem por eles. Mostram-se vulneráveis aos 
comentários e sugestões do entrevistador, podendo considerar um 
esclarecimento ou uma interpretação como uma crítica. 
Trans torno da Personalidade Esquizoide 
Neste manual existem 23 interpretações indicativas de Transtorno de 
Personalidade Esquizoide. 
A característica do Transtorno de Personalidade Esquizoide é um 
padrão invasivo de distanciamento de relacionamentos sociais e uma 
faixa restrita de expressão emocional em contextos interpessoais 
(DSM-IV) 
 
180 
 
O transtorno de personalidade esquizoide é diagnosticado em pacientes 
que exibem um padrão vitalício de retraimento social. Seu desconforto 
com a interação humana, sua introversão e afeto brando e constrito são 
dignos de nota. As pessoas com esse transtorno parecem não possuir 
desejo de intimidade, mostram-se indiferentes as oportunidades de 
desenvolver relacionamentos íntimos e parecem não obter satisfação 
do fato de fazerem parte de uma família ou de algum grupo social. 
Preferem passar seu tempo sozinhas a estarem com outras pessoas, 
escolhendo passatempos solitários que não evolvam a interação com 
outras pessoas. As crianças com esta tendência na maioria das vezes 
passam horas desenhando; os adultos com o transtorno preferem o 
computador a qualquer interação pessoal, podem apresentar pouco 
interesse sexual, preferindo a fantasia a uma sexualidade madura, 
apresentam dificuldade em fazer algum amigo íntimo ou participar de 
uma turma. 
São pessoas que vivem absortas em si mesmas e frequentemente se 
mostram indiferentes à aprovação ou crítica social, mostram um 
exterior indiferente, sem reatividade emocional, exibem um afeto 
restrito e parecem frios. Esses indivíduos podem ter uma particular 
dificuldade para expressar raiva, mesmo em resposta à provocação 
direta, o que contribui para a impressão de não possuírem emoções. 
Ocasionalmente em circunstâncias muito incomuns em que se sentem 
muito à vontade para se revelarem, podem reconhecer sentimentos 
dolorosos principalmente relacionados a interações sociais. 
As pessoas com o transtorno tendem a buscar empregos solitários que 
envolvem ou nenhum contato com outros. Muitos preferem o trabalho 
noturno ao diurno, de que não tenham de lidar com muitas pessoas. 
Embora as pessoas com Transtorno de Personalidade Esquizoide 
possam parecer a absortas e engajadas em devaneios excessivos, não 
mostram perda da capacidade reconhecimento da realidade. Uma vez 
que atos agressivos raramente são incluídos seu repertório de respostas 
habituais, a maior parte das ameaças, reais ou imaginarias é enfrentada 
com onipotência ou resignação fantasiosa. Essas pessoas geralmente tas 
como alienadas; contudo, às vezes são capazes de conceber, 
desenvolver e mundo idéias genuinamente originais e criativas. 
O Transtorno de Personalidade Esquizoide pode aparecer pela primeira 
vez na ou adolescência na forma de solidão, fracos relacionamentos 
com seus pares e rendimento escolar, o que pode deixar essas crianças 
e adolescentes marcados diferentes e sujeitos a zombarias. 
 
181 
 
Transtorno de Personalidade Esquizotípica 
Neste manual existem 9 interpretações indicativas de Personalidade 
Esquizotípica. 
A característica essencial do Transtorno de Personalidade Esquizotípica 
é um padrão invasivo de déficits sociais e interpessoais, distorções 
cognitivas ou da percepção de comportamentos excêntricos (DSM-IV). 
No Transtorno de Personalidade Esquizotípica, o pensamento e a 
comunicação estão perturbados. Como os pacientes esquizofrênicos, as 
pessoas com esse transtorno podem não conhecer seus próprios 
sentimentos; contudo, são extremamente sensíveis aos sentimentos dos 
outros, especialmente aos afetos negativos como a raiva. Podem ser 
supersticiosos ou declarar poderes de clarividência, e na maioria das 
vezes o seu mundo interior está cheio de relacionamentos imaginários, 
temores ou fantasias infantis. Também em pensar que possuem 
poderes especiais de pressentir acontecimentos ou de ler os 
pensamentos de outras pessoas. 
Na maioria das vezes eles não são capazes de lidar com toda a faixa de 
afetos e indicadores interpessoais necessários para relacionamentos 
bem-sucedidos, de modo que muitas vezes parecem interagir com os 
outros de maneira inadequada, rígida ou constrita. 
Esses indivíduos muitas vezes são considerados esquisitos ou 
excêntricos por causa dos maneirismos incomuns ou pelo modo 
esquisito de vestir-se, no qual nada combina com nada, bem como por 
sua desatenção às convenções sociais. 
O Transtorno de Personalidade Esquizotípica pode manifestar-se pela 
primeira vez na infância e adolescência, na forma de solidão, fracos 
relacionamentos com seus pares, ansiedade social, baixo rendimento 
escolar, excessiva suscetibilidade, pensamentos e linguagem peculiares 
e fantasias bizarras. Essas crianças podem parecer “esquisitas” ou 
“excêntricas” e atrair gozações dos colegas. 
Sob tensão, os pacientes com Transtorno de Personalidade Esquizotípica 
podem descompensar-se e apresentar sintomas psicóticos, mas estes 
geralmente têm duração breve. 
Transtorno de Personalidade Histriônico 
 
182 
 
Neste manual existem 9 interpretações indicativas de Transtorno de 
Personalidade histriônica, 
A característica principal desse transtorno é um padrão de excessiva 
emotividade e busca de atenção (DSM-IV). 
 
Também conhecida por Personalidade Histérica ou Psicoinfantil. Os 
indivíduos com esse transtorno sentem-se desconfortáveis ou 
desconsiderados quando não são o centro das atenções e exteriorizam 
um comportamento exuberante, dramático e extrovertido. Tendem a 
exagerar seus pensamentos e sentimentos, fazendo com que tudo soe 
mais importante do que realmente é. Exibem ataques de 
temperamento, lágrimas e acusações, caso não marquem sua presença 
ou se não estejam recebendo os elogios ou a provação esperada. 
A aparência e o comportamento desses indivíduos na maioria das vezes 
são inadequados, podem mostrar-se excessivamente provocantes ou 
sedutores, e este comportamento não é dirigido somente para aqueles 
a quem têm interesse sexual ou romântico, e sim para uma ampla 
variedade de relacionamentos sociais, ocupacionais e profissionais. 
Fantasias sexuais sobre pessoas com as quais os pacientes estão 
envolvidos são comuns, mas seus relatos sobre estas fantasias são 
inconsistentes e podem ser tímidos ou conquistadores, em vez de 
sexualmente agressivos. Na verdade, os pacientes histriônicos podem 
ter uma disfunção sexual: as mulheres podem ser anorgásmicas e os 
homens, impotentes, Podem atuar segundo seus impulsos sexuais para 
confirmarem a si mesmos sua atratividade para com o sexo oposto. 
Sua necessidade de reasseguramento é interminável, e seus 
relacionamentos tendem a ser superficiais. Na maioria das vezes 
mostram-se vaidosos, absortos em si mesmos e instáveis. Sua forte 
necessidade de dependência toma-os exageradamente crédulos e 
ingênuos. 
Estes pacientes não têm consciência de seus verdadeiros sentimentos e 
são incapazes de explicar suas motivações. Geralmente têm um estilo de 
discurso excessivamente impressionista, porém vago. Podem embaraçar 
os amigos e conhecidos por sua excessiva exibição pública de emoções. 
Entretanto, suas emoções com frequência dão a impressão de serem 
ligadas e desligadas com demasiada rapidez para serem profundamente 
sentidas, o que podelevar a acusações de que estão fingindo. 
 
183 
 
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Histriônica têm um alto 
grau de sugestibilidade, e suas opiniões e sentimentos são facilmente 
influenciados pelos outros e pelas tendências do momento. Nos 
relacionamentos íntimos apresentam dificuldade em adquirirem 
intimidade emocional, com frequência representam papéis, sem se dar 
conta disto. Os relacionamentos a longo prazo podem ser deixados de 
lado para dar lugar a relacionamentos novos e excitantes. 
Na entrevista, os pacientes histriônicos são geralmente cooperativos e 
anseiam por fornecer uma história detalhada. 
 Transtorno da Personalidade Masoquista 
Neste manual existe 1 interpretação indicativa de Transtorno da 
Personalidade Masoquista. 
A característica da Personalidade Masoquista consiste em obter 
gratificação infligindo dor, humilhação ou sofrimento a si próprio 
(Kaplan, 1993). 
As pessoas com este transtorno escolhem pessoas e situações que 
levam ao desapontamento, fracasso ou mau tratamento, mesmo 
quando opções melhores se encontram claramente disponíveis. 
Geralmente rejeitam as tentativas alheias de oferecimento de auxílio. 
Depois de eventos pessoais positivos (por exemplo, uma nova 
conquista), respondem com depressão, culpa ou um comportamento 
que provoque dor (por exemplo, um acidente). É comum também 
provocarem respostas de rejeição em outros e depois sentirem-se 
magoados, derrotados ou humilhados (por exemplo, o cônjuge que 
ridiculariza a esposa em público, provocando uma resposta irada, para 
depois sentir-se arruinado). São pessoas que muitas vezes engajam-se 
em auto-sacrifícios excessivos não solicitados e desencorajados por 
outros. 
No Masoquismo Sexual, os indivíduos sentem-se perturbados por suas 
fantasias masoquistas, que podem ser invocadas durante o intercurso 
sexual ou masturbação, mas não atuadas de outro modo. Nesses casos, 
as fantasias masoquistas em geral envolvem ser estuprado, preso ou 
atado por outros, sem possibilidades de fuga. 
Outros agem de acordo com seus desejos sexuais masoquistas por conta 
própria (por exemplo: atando a si mesmos, picando-se com alfinetes ou 
agulhas, auto-administrando choques elétricos ou automutilando-.se) 
ou com um parceiro. 
 
184 
 
As fantasias masoquistas tendem a ter estado presentes na infância. A 
idade na qual iniciam as atividades masoquistas com parceiros é 
variável, mas geralmente se situa nos primeiros anos da vida adulta. 
Freud (apud Kaplan, 1993) acreditava que a capacidade masoquista para 
atingir o orgasmo seria perturbada pela ansiedade e sentimentos de 
culpa sobre o sexo, que são aliviadas pelo próprio sofrimento e punição. 
Cerca de 30% dos masoquistas também possuem fantasias sádicas, 
sendo conhecidos como sado masoquistas. 
Masoquismo Sexual no Kaplan (1993), CID- 10 (1993) e DSM-IV (1995) 
está em Parafilias. 
Transtorno da Personalidade Narcisista 
Neste manual existem 17 interpretações indicativas de Transtorno de 
Personalidade Narcisista. 
O Transtorno de Personalidade Narcisista é caracterizado por um 
padrão invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e de 
falta de empatia (DSM- IV). 
São pessoas que têm um sentimento grandioso de sua própria 
importância. Consideram-se especiais e esperam um tratamento 
especial, acreditam ter necessidades especiais, que estão além do 
entendimento das pessoas comuns. Essas pessoas constantemente se 
preocupam com fantasias de sucesso ilimitado, poder, inteligência, 
beleza ou amor ideal. 
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Narcisista exigem 
admiração excessiva, sua autoestima é quase que invariavelmente 
muito frágil, vivem a “caçar” elogios e ficam furiosos quando isso não 
ocorre. Essas pessoas esperam que lhes seja dado o que desejam ou 
julgam precisar, não importando o que isto possa significar aos outros. 
Eles tendem a formar amizades ou relacionamentos românticos 
somente se vislumbram a possibilidade de que a outra pessoa vá ao 
encontro de seus objetivos ou que aumente sua autoestima. 
São pessoas que carecem de empatia e têm grandes dificuldades em 
reconhecer os de ou sentimentos dos outros, chegando a se 
impacientarem quando os outros falam de próprios problemas ou 
preocupações. Os que se relacionam com os narcisistas descobrem 
neles uma frieza emocional e falta de interesse mútuo. 
 
185 
 
Lidam pobremente com as críticas devido à vulnerabilidade de sua 
autoestima, e reação pode ser de desdém, raiva ou contra-ataque 
afrontoso. 
Nas pessoas com Transtorno dc Personalidade Narcisista o 
envelhecimento é vivenciado, uma vez que valorizam a beleza, o vigor e 
os atributos da juventude aos quais se apegam de forma inapropriada. 
Portanto, podem ser mais vulnerável do que os outros grupos às crises 
da meia-idade. 
Os traços narcisistas podem ser particularmente comuns em 
adolescentes, não indicando necessariamente que terão o transtorno 
futuramente. 
Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo 
Neste manual existem 33 interpretações indicativas de Transtorno de 
Personalidade Obsessivo-Compulsivo. 
O Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo é caracterizado 
por um padrão de preocupação com organização, perfeccionismo e 
controle mental e interpessoal (DSM-IV). 
Também conhecido por Neurose Anancástica, Neurose Obsessiva ou 
Neurose obsessiva -Compulsiva, os pacientes com esse transtorno 
tentam manter um sentimento de controle por meio de uma atenção 
exagerada a regras, detalhes triviais, procedimentos, listas. 
O Transtorno de Personalidade Narcisista é caracterizado por um 
padrão invasivo de grandiosidade, necessidade de admiração e de falta 
de empatia (DSM- IV). 
São pessoas que têm um sentimento grandioso de sua. própria 
importância. Consideram-se especiais e esperam um tratamento 
especial, acreditam ter necessidades especiais, que estão além do 
entendimento das pessoas comuns. Essas pessoas constantemente se 
preocupam com fantasias de sucesso ilimitado, poder, inteligência, 
beleza ou amor ideal. 
Os indivíduos com Transtorno de Personalidade Narcisista exigem 
admiração excessiva, sua autoestima é quase que invariavelmente 
muito frágil, vivem a “caçar” elogios e ficam sós quando isso não ocorre. 
Essas pessoas esperam que lhes seja dado o que deseja julgam precisar, 
não importando o que isto possa significar aos outros. Eles tendem a 
amizades ou relacionamentos românticos somente se vislumbram a 
 
186 
 
possibilidade de que outra pessoa vá ao encontro de seus objetivos ou 
que aumente sua autoestima. 
São pessoas que carecem de empatia e têm grandes dificuldades em 
reconhecer os o ou sentimentos dos outros, chegando a se 
impacientarem quando os outros falam de próprios problemas ou 
preocupações. Os que se relacionam com os narcisistas descobrem 
neles uma frieza emocional e falta de interesse mútuo. 
Lidam pobremente com as críticas devido à vulnerabilidade de sua 
autoestima, e reação pode ser de desdém, raiva ou contra-ataque 
afrontoso. 
Nas pessoas com Transtorno de Personalidade Narcisista o 
envelhecimento é vivenciado, uma vez que valorizam a beleza, o vigor e 
os atributos da juventude aos quais se apegam de forma inapropriada. 
Portanto, podem ser mais vulnerável do que os outros grupos às crises 
da meia-idade. 
Os traços narcisistas podem ser particularmente comuns em 
adolescentes, não indicam necessariamente que terão o transtorno 
futuramente. 
Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo 
Neste manual existem 33 interpretações indicativas de Transtorno de 
Personalidade Obsessivo-Compulsivo. 
O Transtorno da Personalidade Obsessivo-Compulsivo é caracterizado 
por um padrão de preocupação com organização, perfeccionismo e 
controle me interpessoal (DSM-IV). 
Também conhecido por Neurose Anancástica, Neurose Obsessiva ou 
Neurose obsessivava-Compulsiva, os pacientes com esse transtorno 
tentammanter um sentimento de controle por meio de uma atenção 
exagerada a regras, detalhes triviais, procedimentos listas horários e 
formalidades chegando a perder o ponto mais importante da atividade. 
Tais pessoas são formais e sérias, desprovidas frequentemente, de 
senso de humor. Insistem em uma obediência rígida às regras, sendo 
incapazes de tolerar o que percebem como infrações. Por conseguinte, 
falta-lhe flexibilidade e tolerância. São capazes de realizar trabalhos 
prolongados, desde que sejam rotinizados e não queiram alterações às 
quais geralmente não conseguem se adaptar. 
 
187 
 
As habilidades interpessoais das pessoas obsessivo-compulsivas são 
extremamente limita- Afastam as pessoas, são incapazes de 
comprometer-se e insistem em que os outros se submetam às suas 
necessidades e, por outro lado são ávidas por agradar aos que veem 
mais poderosos do que elas próprias. 
Em razão de seu medo de cometer erros, são indecisos e relutam em 
tomar decisões. São pessoas que demonstram excessiva dedicação ao 
trabalho e à produtividade, chegando à exclusão de atividades de lazer e 
amizades. Passatempos ou atividades recreativas são abordadas como 
tarefas sérias, que exigem meticulosa organização e trabalho árduo. A 
ênfase sempre está em um desempenho perfeito. 
As pessoas com este transtorno têm um respeito muito grande e rígido 
para com autoridades e regras, insistem em uma obediência ao pé da 
letra, sem qualquer flexibilidade de regras, e também podem ser 
incapazes de jogar fora objetos usados ou inúteis, mesmo quando não 
possuem valor sentimental. Também podem ser miseráveis e 
mesquinhos e manter um padrão de vida bem abaixo daquele que seria 
possível, acreditando que os gastos devem ser rigidamente controlados, 
a fim de se precaverem de futuras catástrofes. 
Qualquer coisa que ameace a rotina da vida destes pacientes ou sua 
estabilidade pode precipitar muita ansiedade, que é contida pelos 
rituais que impõem às suas vidas e tentam impor a outros. 
 
Transtorno de Personalidade Paranóide 
Este manual contém 16 interpretações para Transtorno de 
Personalidade Paranóide. 
Transtorno de Personalidade Paranóide é caracterizado por um padrão 
de desconfiança e suspeita, de modo que os motivos dos outros são 
interpretados como malévolos (DSM-1V). 
Também conhecido por Personalidade Paranóide Expansiva, Fanática, 
Querelante ou Paranóide Sensitiva, são pessoas que vivem sob uma 
constante desconfiança das pessoas em geral. Recusam 
responsabilidade por seus próprios sentimentos e atribuem a 
responsabilidade a outros, supõem que as outras pessoas os exploram, 
prejudicam ou as enganam, ainda que não exista qualquer evidência 
apoiando esta idéia. Geralmente suspeitam com base em poucas ou 
 
188 
 
nenhuma evidência, se preocupam com dúvidas infundadas quanto à 
lealdade e confiabilidade de seus amigos ou colegas, cujas ações são 
minuciosamente examinadas em busca de evidências de intenções 
hostis. 
O Transtorno de Personalidade Paranóide pode manifestar-se pela 
primeira vez na infância e adolescência, por uma tendência a ficar 
solitário, ter fracos relacionamentos com seus pares, ansiedade e 
fantasias idiossincráticas. Essas crianças podem parecer “esquisitas” ou 
“excêntricas” e provocar zombarias. 
Os adultos com o Transtorno relutam em ter confiança ou intimidade 
com outras pessoas pelo medo de que as informações que 
compartilham sejam usadas contra eles, geralmente lêem significados 
ocultos, humilhantes e ameaçadores em comentários ou observações 
benignas, guardam rancores persistentes em perdoar os insultos, 
ofensas ou deslizes dos quais pensam ter sido vítimas. Na maioria das 
vezes são patologicamente ciumentos, frequentemente suspeitando da 
fidelidade do cônjuge, sem qualquer justificativa adequada, muitas 
vezes coletam “evidências” triviais para apoiarem suas crenças 
ciumentas. 
No geral são pessoas de difícil convivência e na maioria das vezes 
enfrentam problema com relacionamentos íntimos. Suas desconfianças 
e excessiva hostilidade podem ser e expressadas em discussões 
agressivas, queixas recorrentes ou afastamento silencioso e 
visivelmente hostil. Como são hipervigilantes para possíveis ameaças, 
podem comportar de maneira reservada, velada e parecer “frias” e sem 
sentimento de ternura. Esses pacientes não possuem calor humano e se 
impressionam e prestam muita atenção a temas de poder e hierarquia, 
expressando desdém por aqueles vistos como fracos, doentios, 
prejudicados ou de alguma forma defeituosos. Nas situações sociais, as 
pessoas com Transtorno de Personalidade Paranóide podem parecer 
práticas e eficientes, mas frequentemente geram medo ou conflito em 
outras pessoas. 
Transtorno da Personalidade Sádica 
Neste manual existe 1 interpretação indicativa de Personalidade Sádica. 
É caracterizado por um padrão de comportamento cruel, humilhante 
ou agressivo que começa no início da vida adulta, no qual o indivíduo 
 
189 
 
sente prazer pelo sofrimento psicológico ou físico da vítima (Kaplan, 
1993). 
As pessoas com este transtorno mostram um padrão generalizado de 
comportam cruel, humilhante e agressivo, dirigido para os outros. A 
crueldade ou violência física é para infligir dor ou domínio e, não para 
atingir algum objetivo (por exemplo: dominar a fim de roubar). Essas 
pessoas geralmente também gostam de humilhar ou maltratar em 
frente de outros que geralmente trataram ou disciplinaram alguém, 
especialmente crianças, com a mesma rigidez (são os pais que educam 
seus filhos com mãos de ferro). 
Em geral, as pessoas com transtorno de personalidade sádica são 
fascinadas pela violência, armas, ferimentos ou torturas, chegam a 
divertir-se ou sentir prazer como sofrimento psicológico ou físico de 
outros, inclusive nos animais. 
No Sadismo Sexual, o indivíduo pode ter fantasias sádicas a fim de obter 
prazer, que envolvem habitualmente o completo controle sobre a 
vítima, que se sente aterrorizada ante o ato sádico eminente. 
Outros colocam em prática seus anseios sexuais sádicos com vitimas 
que não dão consentimento. Em todos esses casos, o que causa 
excitação sexual é o sofrimento da vítima. As fantasias ou atos sádicos 
podem envolver atividades que indicam o domínio do indivíduo sobre a 
vítima (por exemplo: forçar a vítima a rastejar ou mantê-la em uma 
jaula) ou podem consistirem atar, vendar, dar palmadas, espancar, 
chicotear, beliscar,bater, queimar, administrar choques elétricos, 
estuprar, cortar, esfaquear, estrangular, torturar, mutilar ou matar a 
vítima. 
As fantasias sexuais sádicas tendem a ter estado presentes na infância. 
A idade de início das atividades sádicas é variável, mas habitualmente 
ocorre nos primeiros anos da vida adulta. 
Quando o Sadismo Sexual é praticado com parceiros que não 
consentem com a prática, a atividade tende a ser repetida até que o 
indivíduo com Sadismo Sexual seja preso. Alguns indivíduos com 
Sadismo Sexual podem dedicar-se a atos sádicos por muitos anos, sem 
necessidade de aumentar o potencial de infligir sérios danos físicos. 
Geralmente, entretanto, a gravidade dos atos sádicos aumenta com o 
tempo. 
 
190 
 
De acordo com a teoria psicanalítica, o sadismo é uma defesa contra 
medos de castração os sádicos fazem a outros o que temem que lhes 
aconteça. O prazer é extraído da expressão do instinto agressivo. 
Sadismo Sexual no Kaplan (1993), CID- 10 (1993) e DSM-IV (1995) está 
em Parafilias. 
Transtorno da Aprendizagem 
Neste manual existem 14 interpretações indicativas de Transtorno da 
Aprendizagem. 
Os transtornos da aprendizagem são diagnosticados quando os 
resultados do indivíduo em testes padronizados e individualmente 
administrados, de leitura, matemática ou expressão escrita estão 
substancialmente abaixo do esperado para a idade, escolarização e 
nível de inteligência (DSM-IV), 
Anteriormente chamado de Transtorno das HabilidadesEscolares, esses 
transtornos caracterizam-se por um funcionamento acadêmico 
substancialmente abaixo do esperado, tendo em vista a idade 
cronológica, medidas de inteligência e educação apropriada à idade. Os 
transtornos podem ser da leitura, da matemática, da expressão escrita 
ou transtorno de Aprendizagem sem Outra especificação, e os 
problemas de aprendizagem interferem significativamente no 
rendimento escolar ou nas atividades da vida diária. 
Desmoralização, baixa autoestima e déficits nas habilidades sociais 
podem estar associados com os transtornos de aprendizagem. A taxa de 
evasão escolar para crianças ou adolescentes com transtornos de 
aprendizagem é de aproximadamente 40%. Os adultos com Transtornos 
de Aprendizagem podem ter dificuldades significativas no emprego ou 
no ajustamento social. 
Anormalidades subjacentes do processamento cognitivo (por exemplo: 
déficits na percepção visual, processos linguísticos, atenção, memória 
ou uma combinação destes) frequentemente precedem ou estão 
associadas com os Transtornos da Aprendizagem. Embora predisposição 
genética, danos perinatais e várias condições neurológicas ou outras 
condições médicas gerais possam estar associadas com o 
desenvolvimento dos Transtornos de Aprendizagem, a presença dessas 
condições não prediz, invariavelmente, e existem muitos indivíduos com 
Transtornos de Aprendizagem sem essa história. 
 
191 
 
Para um diagnóstico consistente de Transtorno de Aprendizagem o 
profissional deve assegurar-se de que os procedimentos de testagem da 
inteligência refletem uma atenção adequada à bagagem étnica ou 
cultural do indivíduo. Os transtornos da Aprendizagem devem ser 
diferenciados das variações normais na realização acadêmica e das 
dificuldades escolares devido à falta de oportunidades, ensino fraco ou 
fatores culturais. A escolarização inadequada pode resultar em fraco 
desempenho em testes estandartizados de rendimento escolar. Crianças 
de bagagens étnicas ou culturais diferentes daquelas dominantes na 
cultura da escola ou cuja língua materna não é língua do país, bem como 
crianças que frequentam escolas de ensino inadequado, podem ter 
fraca pontuação nesses testes. As crianças, com essas mesmas bagagens 
também podem estar em maior risco para faltas injustificadas à escola, 
em virtude de doenças mais frequentes ou ambientes domésticos 
empobrecidos ou caóticos. 
Os transtornos do desenvolvimento das habilidades escolares 
compreendem grupos de transtornos manifestados por 
comprometimentos específicos e significativos no aprendizado de 
habilidades escolares. Esses comprometimentos no aprendizado não 
são resultado de outros transtornos, tais como retardo mental, déficits 
neurológicos grosseiros, problemas visuais ou auditivos não corrigidos 
ou perturbações emocionais, embora eles ocorrer simultaneamente 
com tais condições. 
 
Transtorno da Ansiedade Generalizada 
Neste manual existem 14 interpretações indicativas de Ansiedade 
Generalizada. 
O transtorno de Ansiedade Generalizada caracteriza-se por pelo 
menos 6 meses de ansiedade e preocupações excessivas e persistentes 
(DSM-IV). 
Também conhecida por Neurose de Ansiedade, Reação de Ansiedade ou 
Estado de Ansiedade,o transtorno é caracterizado pelo fato de as 
pessoas se mostrarem patologicamente ansiosas acerca de tudo. Nesses 
casos é difícil controlar a preocupação que é irrealista ou excessiva e 
não restrita ou mesmo fortemente predominante em alguma 
circunstância ambiental em particular (isto é, ela é flutuante). 
 
192 
 
Como em outros transtornos ansiosos, os sintomas dominantes são 
altamente variáveis, mas queixas de sentimentos contínuos de 
nervosismo, tremores, tensão muscular, sudorese, sensação de cabeça 
leve, palpitações, fôlego curto, boca seca, tonturas, resposta de 
sobressalto exagerada e desconforto epigástrico são comuns. Medos de 
que o paciente ou um parente vai brevemente adoecer ou sofrer um 
acidente são frequentemente expressados, junto com uma variedade de 
outras preocupações e pressentimentos. 
Embora os indivíduos com Transtorno de Ansiedade Generalizada nem 
sempre sejam capazes de identificar suas preocupações como 
“excessivas, eles relatam sofrimento subjetivo devido à constante 
preocupação, têm dificuldade em controlar a preocupação ou 
experimentam prejuízos no funcionamento social, ocupacional ou em 
outras áreas importantes”. 
A intensidade, duração, frequência da ansiedade ou preocupação são 
claramente desproporcionais à real probabilidade ou impacto do evento 
temido. O paciente considera difícil evitar que as preocupações 
interfiram na atenção a tarefas que precisam ser realizadas e têm 
dificuldade em parar de se preocupar. 
Crianças com Transtorno de Ansiedade Generalizada tendem a exibir 
preocupação excessiva com a sua competência, com o desempenho 
escolar, atlético ou social, apresentam necessidade frequente de 
reasseguramento ou então mostram um excesso de queixas somáticas. 
Adultos frequentemente se preocupam com circunstâncias cotidianas e 
rotineiras, tais como possíveis responsabilidades no emprego, finanças, 
saúde dos membros da família, infortúnios acometendo os filhos ou 
mesmo questões menores. Durante o curso do transtorno, o foco da 
preocupação pode mudar de uma preocupação para outra, e 
frequentemente está relacionado a estresse ambiental crônico. 
Alguns dados sugerem que acontecimentos vitais estariam associados 
com o aparecimento do Transtorno de Ansiedade Generalizada, O 
transtorno apresenta uma condição crônica, que se não tratada pode 
durar a vida inteira. 
Transtorno de Conduta 
Neste manual existem 16 interpretações indicativas de Transtorno de 
Conduta. 
 
193 
 
A característica essencial do Transtorno da Conduta é um padrão 
repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os 
direitos básicos dos outros ou normas ou regras sociais importantes 
apropriadas à idade (DSM-IV). 
 
A conduta é mais séria do que as travessuras e brincadeiras comuns das 
crianças e adolescentes, O transtorno de Conduta é caracterizado por 
um padrão repetitivo e persistente de conduta antissocial, agressiva ou 
desafiadora. Os comportamentos do transtorno caem em quatro 
agrupamentos principais: conduta agressiva que causa ou ameaça danos 
físicos a outras pessoas ou a animais, conduta não agressiva que causa 
perdas ou danos a propriedades, defraudação ou furto e sérias violações 
de regras. A perturbação do comportamento causa prejuízo 
clinicamente significativo no funcionamento social, acadêmico ou 
ocupacional. 
Julgamentos acerca da presença de transtorno de conduta devem levar 
em consideração o nível de desenvolvimento da criança. Este 
diagnóstico aplica-se apenas a pessoas menores de 18 anos de idade. 
Uma vez que os indivíduos com Transtorno de Conduta tendem a 
minimizar seus problemas, o psicólogo com frequência precisa recorrer 
a informações adicionais. 
O transtorno de Conduta é mais comum em filhos de pais com 
distúrbios de personalidade antissocial e dependência de álcool, do que 
na população geral. Condições domésticas caóticas, abuso infantil e 
negligência estão associados com o transtorno de conduta e 
delinquência. 
As crianças criadas em condições caóticas e negligentes tornam-se 
zangadas, exigentes, perturbadoras e incapazes de desenvolver, 
progressivamente, a tolerância à frustração necessária para 
relacionamentos maduros. Uma vez que seus modelos de papéis são 
deficientes e frequentemente mudam, não existe a base para o 
desenvolvimento, tanto de ideal de ego quanto de consciência. As 
crianças sentem pouca motivação para seguirem normas sociais e são 
relativamente imunes ao remorso. 
Os indivíduos com este transtorno também cometem sérias violações de 
regras. As crianças apresentam como padrão, iniciando - se 
prematuramente antes dos 13 anos de permanência fora de casa até 
 
194 
 
tardeda noite, apesar de proibições dos pais, como também pode haver 
fugas de casa durante a noite. 
Esses indivíduos podem ter pouca empatia e pouca preocupação pelos 
sentimentos, desejos e bem estar dos outros. Especialmente em 
situações ambíguas, as crianças com transtorno, em geral, percebem 
mal as intenções dos outros, interpretando-as como mais hostis e 
ameaçadoras do que de fato são. Geralmente respondem com uma 
agressão que identificam como razoável e justificada, podem ser 
grosseiras e não possuem sentimentos apropriados de culpa ou 
remorso. A autoestima na maioria das vezes é muito baixa, embora 
possam projetar uma imagem de “durão”. 
O transtorno de Conduta muitas vezes está associado com um início 
precoce de comportamento sexual, consumo de álcool, uso de 
substâncias ilícitas e atos imprudentes e arriscados. Os comportamentos 
desses indivíduos podem levar à suspensão ou expulsão da 
escola,problemas de ajustamento no trabalho, dificuldades legais, 
doenças sexualmente transmissíveis, gravidez não planejada e 
ferimentos por acidentes ou lutas corporais. 
Os sintomas do transtorno variam com a idade, à medida que o 
indivíduo desenvolve maior força física, capacidades cognitivas e 
maturidade sexual. Podem se iniciar aos 5 ou 6 anos de idade, mas 
habitualmente aparecem ao final da infância ou início da adolescência. 
Transtorno de Despersonalização 
Neste manual existem 3 interpretações indicativas de Transtorno de 
Despersonalização. 
Transtorno de Despersonalização é caracterizado por um sentimento 
persistente ou recorrente de estar distanciado dos próprios processos 
mentais ou do próprio corpo, acompanhado por um teste de realidade 
intacto (DSM-IV). 
A principal queixa do paciente é que a sua atividade mental, seu corpo 
e/ou ambiente estão alterados em sua qualidade. Os indivíduos com o 
Transtorno podem sentir-se como que mecanizados ou que estão em 
um sonho ou distanciados do próprio corpo. Outra queixa comum é de 
que não estão produzindo seu próprio pensamento, imaginação ou 
lembranças, que seus movimentos e comportamentos não são, de 
algum modo, deles próprios. 
 
195 
 
Os indivíduos com Transtorno de Despersonalização mantêm um teste 
de realidade intacto, isto é, apresentam consciência de que isto é 
apenas uma sensação e de que não são realmente um autômato. 
Muitos deles frequentemente podem ter dificuldade em descrever seus 
sintomas por temer que essas experiências signifiquem que estão 
“loucos”. 
A Despersonalização é uma experiência comum; deve- se fazer esse 
diagnóstico apenas se os sintomas forem suficientemente severos para 
causar sofrimento acentuado ou prejuízo no funcionamento. Mais 
comumente, os fenômenos de despersonalização ocorrem no contexto 
de Doenças Depressivas, Hipocondria, Transtorno Fóbico e Transtorno 
Obsessivo-Compulsivo. Elementos da síndrome podem também ocorrer 
em indivíduos mentalmente saudáveis em estados de fadiga, privação 
sensorial ou intoxicação alucinógena. 
Experiências voluntárias induzidas de Despersonalização fazem parte 
das práticas de meditação e transe prevalentes em muitas religiões e 
culturas, não devendo ser confundidas com o Transtorno. 
Transtorno de Estresse Pós-Traumático 
Neste manual existem 18 interpretações indicativas do Transtorno de 
Estresse Pós- Traumático. 
O Transtorno de Estresse Pós-Traumático caracteriza-se pela 
revivência de um evento extremamente traumático, acompanhada por 
sintomas de excitação aumentada esquiva de estímulos associados 
com o trauma (DSM-IV). 
Também conhecido por Neurose Traumática, é um transtorno que pode 
ocorrer em qualquer idade, mesmo na tenra infância. O transtorno 
desenvolve-se em pessoas que experimentaram estresse físico ou 
emocional envolvendo uma resposta de intenso medo, impotência ou 
horror. Os sintomas típicos incluem episódios de repetidas revivências 
do trauma sob a forma de memórias intrusas ou sonhos, falta de 
responsividade ao ambiente e evitação de indicativos que relembrem ao 
paciente o trauma original. Há usualmente um estado de hiper-
excitação autônoma com hipervigilância, uma reação de choque 
aumentada e insônia. Da mesma forma a ansiedade e a depressão estão 
comumente associadas aos sintomas; e o uso excessivo de álcool ou 
drogas pode ser um fator de complicação. 
 
196 
 
Os sintomas em geral iniciam nos três primeiros meses após o trauma, 
embora possa haver um lapso de meses ou mesmo anos antes do seu 
aparecimento, surgindo como uma resposta tardia a um evento ou 
situação estressante. 
A probabilidade de desenvolvimento do Transtorno de Estresse Pós-
Traumático em pessoas após um desastre ou trauma está positivamente 
correlacionada à gravidade do estressor. Quanto mais grave o estressor, 
maior a probabilidade de as pessoas desenvolverem o transtorno. 
Quando o trauma é relativamente leve (um acidente automobilístico 
sem vítimas fatais) a probabilidade é menor, pois fazer parte de um 
grupo de sobrevivente muitas vezes faz com que as pessoas lidem 
melhor com o trauma, compartilhando a experiência com outros. 
Em geral, as pessoas muito jovens ou crianças e muito idosas têm mais 
dificuldade para lidarem com os eventos traumáticos do que aqueles na 
meia-idade. Presumivelmente, as crianças pequenas ainda não têm 
mecanismos de enfrentamento adequados para lidar os insultos físicos e 
emocionais do trauma. Similarmente, as pessoas idosas, quando 
comparadas com os adultos jovens, tendem a ter mecanismos de 
enfrentamento mais rígidos CE a serem menos capazes de um enfoque 
flexível para os efeitos do trauma. Além disso, os efeitos do trauma 
podem ser exacerbados por incapacidades físicas e outras 
características da velhice. 
Transtorno de Somatização 
Neste manual existem 25 interpretações indicativas de Transtorno de 
Somátização. 
O Transtorno de Somatização é um transtorno polissintomático que 
inicia antes dos 30 anos, estende-se por um período de anos e é 
caracterizado por uma combinação de dor, sintomas gastrintestinais, 
sexuais e pseudoneurológicos (DSM-IV). 
O Transtorno de Somatização é conhecido como Histeria, Transtorno 
Psicossomático Múltiplo, Síndrome de Queixas Múltiplas ou Síndrome 
de Briquet. 
A característica do Transtorno é um padrão de múltiplas queixas 
somáticas recorrentes e clinicamente significativas. As múltiplas queixas 
somáticas não podem ser plenamente explicadas por qualquer condição 
médica ou pelos efeitos diretos de uma substância. 
 
197 
 
A maioria dos pacientes tem longa e complicada história de contato com 
serviços médicos tanto primários quanto especializados, durante a qual 
muitas investigações negativas ou operações infrutíferas podem ser 
realizadas. Podem ser referidos sintomas relacionados a qualquer parte 
ou sistema do corpo, mas sensações gastrintestinais (dor, eructação, 
regurgitação, vômito, náusea, etc.) e sensações cutâneas anormais 
(coceiras, queimação, formigamento, dormência, sensibilidade, etc.) e 
erupções ou manchas estão entre as mais comuns. Queixas sexuais e 
menstruais são também comuns. O curso do transtorno é crônico e 
flutuante e com frequência está associado a rompimento duradouro do 
comportamento social, interpessoal ou familiar. 
A causa do Transtorno de Somatização é desconhecida, embora o 
exemplo dos pais, bem como os costumes culturais e étnicos, ensinem 
algumas crianças a somatizar. Além disso, muitos pacientes são 
oriundos de lares instáveis e foram fisicamente maltratados. 
Os pacientes com Transtorno de Somatização geralmente descrevem 
suas queixas de um modo dramático, emotivo e exagerado, com 
linguagem vívida e colorida. Esses pacientes confundem sequencias 
temporais e não conseguem distinguir claramente os sintomas atuais da 
história passada. Frequentemente vestem-se de modo exibicionista e 
podem ser sedutores e cativantes, São descritos como dependentes, 
auto-centrado, famintos por admiração,elogios e com frequência são 
manipuladores. A história médica dos pacientes geralmente é 
circunstancial, vaga, imprecisa, inconsistente e desorganizada. Eles 
muitas vezes buscam tratamento com vários médicos ao mesmo tempo, 
o que pode levá-los a combinações de tratamentos complicados e por 
vezes prejudiciais. 
Transtorno Depressivo 
Neste manual encontram-se 56 interpretações indicativas para o 
Transtorno Depressivo. 
O Transtorno Depressivo caracteriza-se por um ou mais Episódios 
Depressivos, isto é, pelo menos duas semanas de humor deprimido, 
perda de interesse e prazer, energia reduzida levando a uma 
fatigabilidade aumentada e atividade diminuída (DSM-IV). 
O Transtorno Depressivo pode ocorrer na criança, no adolescente, no 
adulto e no idoso. O humor deprimido e uma perda de interesse ou 
prazer são os sintomas-chave da depressão. E comum o discurso de 
 
198 
 
desânimo, desesperança e sentimento de inutilidade. Os pacientes 
frequentemente descrevem os sintomas da depressão como uma dor 
emocional agonizante. 
Nas crianças observa-se um apego excessivo aos pais, fobia à escola ou 
humor irritável ou rabugento, em vez de um humor triste ou abatido. 
Durante a adolescência, a apresentação clínica pode mostrar marcantes 
variações individuais, como consumo excessivo de álcool ou drogas, 
comportamento antissocial, desempenho escolar pobre, exacerbação de 
sintomas fóbicos ou obsessivos preexistentes ou preocupações 
hipocondríacas. 
O adulto deve apresentar pelo menos quatro sintomas adicionais, 
extraídos de uma lista que inclui: alterações no apetite ou peso, sono e 
atividade psicomotora, diminuição da energia, sentimentos de desvalia 
ou culpa, dificuldade para pensar, concentrar-se ou tomar decisões, ou 
pensamentos recorrentes sobre morte ou ideação suicida, planos ou 
tentativas de suicídio. 
A perda de interesse ou prazer quase sempre está presente, pelo menos 
em algum grau. Os pacientes podem relatar menor interesse por 
passatempos, “não ligo mais”, ou a falta de prazer com qualquer 
atividade anteriormente considerada agradável. Os familiares 
frequentemente percebem esse retraimento social ou a negligência a 
atividades agradáveis. Em alguns indivíduos, há uma redução 
significativa nos níveis anteriores de interesse ou desejo sexual. 
O apetite pode ser reduzido ou demonstrar uma avidez por alimentos 
específicos (por exemplo: doces ou Outros carboidratos). 
Aproximadamente 90% dos pacientes queixam-se de perturbações do 
sono, especialmente despertar precoce ou despertares múltiplos à 
noite, durante os quais ruminam seus problemas. Com menor 
frequência, os pacientes apresentam sonolência excessiva, na forma de 
episódios prolongados de sono noturno ou sono durante o dia. 
As alterações psicomotoras incluem agitação (por exemplo: 
incapacidade para ficar sentado, ficar andando sem parar, mexer as 
pernas, etc.) ou retardo psicomotor (por exemplo:discurso, pensamento 
ou movimentos corporais lentificados, fala diminuída em termos de 
volume, etc.). Essas alterações devem ser suficientemente severas para 
serem observáveis por outros, e não apenas sentimentos subjetivos. 
 
199 
 
Quase todos os pacientes deprimidos (97%) queixam-se de energia 
reduzida, resultando em dificuldades para terminar tarefas, prejuízo 
escolar e profissional, e motivação para pôr em prática novos projetos. 
O sentimento de desvalia ou culpa associado pode incluir avaliações 
negativas e irrealistas da própria vida, preocupações cheias de culpa ou 
ruminações acerca de pequenos fracassos do passado. Esses indivíduos 
frequentemente interpretam mal eventos triviais ou neutros do 
cotidiano como evidências de defeitos pessoais e têm um senso 
exagerado de responsabilidade pelas adversidades. 
Muitos pacientes relatam prejuízo na capacidade de pensar, concentrar-
se ou tomar decisões. Em crianças uma queda abrupta no rendimento 
escolar pode refletir uma fraca concentração. Em indivíduos idosos as 
dificuldades de memória podem ser a queixa principal. 
Aproximadamente dois terços dos pacientes deprimidos pensam em 
suicídio, e 10% a 15% o cometem. Os pacientes deprimidos às vezes 
queixam-se de serem incapazes de chorar, um sintoma que se resolve à 
medida que melhoram. 
Para episódios depressivos de todos os três graus de gravidade (leve, 
moderado ou severo), uma duração de pelo menos duas semanas é 
usualmente requerida para o diagnóstico, nas períodos mais curtos 
podem ser razoáveis se os sintomas são bastante graves e de início 
rápido. 
Transtorno do Pânico 
Neste manual existem 8 interpretações indicativas de Transtorno do 
Pânico. 
É caracterizado por Ataques de Pânico inesperados e recorrentes 
acerca dos quais o individuo se sente persistentemente preocupado, 
seguidos por pelo menos um mês de preocupação acerca de ter um 
outro Ataque de Pânico (DSM-IV). 
Um ataque de pânico é representado por um período distinto no qual 
há o início súbito de intensa apreensão, temor ou terror, 
frequentemente associados com sentimentos de catástrofe eminente. 
Durante esses ataques, estão presentes sintomas, tais como falta ar, 
palpitações, dor ou desconforto torácico, sensação de sufocamento e 
medo de “ficar louco” ou perder o controle (DSM-IV). 
 
200 
 
Os aspectos essenciais são ataques recorrentes dc ansiedade grave 
(pânico), os quais não são restritos a qualquer situação ou conjunto de 
circunstâncias em particular e que são, portanto, imprevisíveis. Os 
sintomas dominantes variam de pessoa para pessoa, porém, início 
súbito de palpitações, dor no peito, sensações de choque, tontura e 
sentimentos de irrealidade (despersonalização) são comuns. 
Geralmente há um medo secundário de morrer, perder o controle ou 
ficar louco. Os ataques individuais usualmente duram apenas minutos, 
ainda que às vezes sejam mais prolongados; sua frequência e curso são 
muito variáveis. Um paciente em um ataque de pânico, em geral, 
experimenta um medo muito súbito e sintomas autômatos, os quais 
resultam em uma saída, usualmente apressada, de onde quer que ele 
esteja. Os ataques de pânico constantes produzem medo de ficar 
sozinho ou ir a lugares públicos e geralmente é seguido de um medo 
persistente de ter outro ataque (CID-1O). 
Os indivíduos com Transtorno de Pânico apresentam preocupações 
acerca das implicações ou consequências dos Ataques de Pânico. Alguns 
temem que os ataques indiquem a presença de uma doença não 
diagnosticada e ameaçadora à vida. 
Os ataques também podem ser percebidos como uma indicação de que 
estão ficando loucos ou perdendo o controle. As preocupações acerca 
do próximo ataque ou suas implicações muitas vezes são associadas 
com o desenvolvimento de um comportamento de esquiva. 
A idade de início varia muito, mas normalmente pode começar no final 
da adolescência e início da idade adulta, apenas um pequeno número 
de casos começa na infância. 
Além da preocupação com os Ataques de Pânico e suas implicações, 
muitos indivíduos também relatam sentimentos constantes ou 
intermitentes de ansiedade não focalizada sobre qualquer situação ou 
evento específico. Outros tomam-se excessivamente apreensivos acerca 
do resultado de atividades e experiências rotineiras, particularmente 
aquelas relacionadas à saúde ou separação de pessoas queridas. Esses 
indivíduos também toleram menos os efeitos colaterais de 
medicamentos. 
Em pessoas onde o Transtorno do Pânico não foi convencionalmente 
tratado ou foi diagnosticado incorretamente, a crença de terem uma 
doença ameaçadora à vida não detectada pode levar a uma ansiedade 
debilitante e crônica e a constantes consultas médicas. Este padrão 
 
201 
 
pode ser perturbador tanto do ponto de vista emocional como 
financeiro. 
Esquizofrenia 
De acordo com as pesquisas de Hammer (1981), Laurenção Van Kolck 
(1984), Souza Campos (1989), neste manual existem 31 interpretações 
indicativas de Esquizofrenia.A Esquizofrenia é uma perturbação que dura peio menos 6 meses e 
inclui pelo menos um mês de sintomas da fase ativa (isto é, dois ou 
mais) dos seguintes: delírios, alucinações, discurso desorganizado, 
comportamento amplamente desorganizado ou catatônico e sintomas 
negativos (apatia, pobreza de discurso e embotamento de respostas 
emocionais) (DSM-IV), 
Os transtornos esquizofrênicos são caracterizados por distorções do 
pensamento, da percepção e pelo afeto inadequado. Muitas vezes a 
consciência e a capacidade intelectual não apresentam prejuízos, 
embora certos déficits cognitivos possam surgir com o tempo. A doença 
envolve funções básicas que dão à pessoa normal um senso de 
individualidade, unicidade e de direção de si mesmo. 
Os sintomas característicos de Esquizofrenia envolvem uma faixa de 
disfunções cognitivas e emocionais que acometem a percepção, o 
pensamento inferencial, a linguagem e a comunicação, o 
monitoramento comportamental, o afeto, a fluência e a produtividade 
do pensamento e do discurso, a capacidade hedônica, a volição, o 
impulso e a atenção. Nenhum sintoma isolado é patognomônico de 
Esquizofrenia; o diagnóstico envolve o reconhecimento de uma 
constelação de sinais e sintomas associados com prejuízo no 
funcionamento ocupacional ou social. 
Esses sintomas característicos podem ser conceituados como positivos 
(refletindo um excesso de distorções das funções normais - delírios, 
alucinações, discurso desorganizado e comportamento amplamente 
desorganizado ou catatônico) ou negativos (perda ou diminuição das 
funções normais - embotamento do afeto, alogia e avolição). 
Os delírios são crenças errôneas, habitualmente envolvendo a 
interpretação falsa de percepções ou experiências. Seu conteúdo pode 
incluir uma variedade de temas (por exemplo: persecutórios, 
referenciais, somáticos, religiosos ou grandiosos). Os delírios expressam 
 
202 
 
uma perda de controle sobre a mente ou o corpo e geralmente são 
considerados bizarros. 
As alucinações podem ocorrer em qualquer modalidade sensorial, mas 
as alucinações auditivas são de longe as mais comuns e características 
da Esquizofrenia, sendo geralmente experimentadas como vozes 
conhecidas ou estranhas, que são percebidas como distintas dos 
pensamentos da própria pessoa. 
A desorganização do pensamento é definida como o aspecto mais 
importante, sendo que o indivíduo apresenta um discurso 
desorganizado. O discurso dos indivíduos pode ser desorganizado de 
várias maneiras, e a pessoa pode saltar de um assunto para outro ou as 
respostas podem não ter relação alguma com as perguntas. 
Um comportamento amplamente desorganizado também pode 
manifestar-se de várias maneiras, estando em um extremo o 
comportamento tolo e pueril até a agitação imprevisível. 
Os comportamentos motores catatônicos incluem uma diminuição 
acentuada da reatividade ao ambiente, às vezes alcançando um grau 
extremo de completa falta de consciência (esturpor catatônico), 
manutenção de uma postura rígida e resistência aos esforços de 
mobilização (rigidez catatônica), resistência ativa a instruções ou 
tentativas de mobilização (negativismo catatônico), adoção de posturas 
inadequadas ou bizarras (postura catatônica) ou excessiva atividade 
motora sem propósito e não estimulada (excitação catatônica). 
Os sintomas negativos da Esquizofrenia respondem por um grau 
substancial de morbidade associada ao transtorno. O afeto embotado é 
especialmente comum e se caracteriza pelo fato de o rosto da pessoa 
mostrar-se imóvel e irresponsivo, com pouco contato visual e linguagem 
corporal reduzida. A alogia (pobreza do discurso) é manifestada por 
respostas breves, lacônicas e vazias. A avolição caracteriza-se por 
incapacidade de iniciar e persistir em atividades dirigidas a um objeto. A 
pessoa pode ficar sentada por longos períodos de tempo e demonstra 
pouco interesse em participar de atividades profissionais ou sociais. 
A Esquizofrenia envolve disfunção em uma ou mais áreas importantes 
do funcionamento. Tipicamente, o funcionamento está claramente 
abaixo daquele que havia sido atingido antes do aparecimento dos 
sintomas. Se a perturbação começa na infância ou adolescência, 
entretanto, pode haver um fracasso em conquistar o que seria esperado 
do indivíduo, em vez de uma deteriorização no funcionamento. A 
 
203 
 
comparação entre o indivíduo e seus irmãos não afetados pode ser útil 
para esta determinação. O progresso educacional frequentemente fica 
perturbado, podendo o indivíduo ser incapaz de terminar a 
escolarização. Muitos indivíduos são incapazes de manter um trabalho 
por períodos prolongados de tempo e estão empregados em um nível 
inferior ao de seus pais. A maioria dos indivíduos com Esquizofrenia não 
se casa, e a maior parte mantém contatos sociais relativamente 
limitados. A disfunção persiste por um período substancial durante o 
curso do transtorno e não parece ser o resultado direto de qualquer 
aspecto isolado. 
O começo pode ser agudo, com comportamento seriamente 
perturbado, ou insidioso, com um desenvolvimento gradual de idéias e 
condutas estranhas. O curso do transtorno mostra igualmente uma 
grande variação e não é, sem dúvida, inevitavelmente crônico ou 
deteriorante. Numa proporção de casos, que pode variar em diferentes 
culturas e populações, a evolução é para uma completa ou quase 
completa recuperação. Os sexos são mais ou menos igualmente 
afetados, mas o começo tende a ser mais tardio nas mulheres (CID-10). 
Exibicionismo 
Neste manual existem 13 interpretações indicativas para o 
comportamento exibicionista. 
A característica do comportamento Exibicionista é a exposição dos 
próprios genitais a um estranho ou a pessoas em lugares públicos, sem 
convite ou pretensão de contato íntimo (DSM-IV). 
A excitação sexual decorre da antecipação da exposição, e o orgasmo 
acontece pela masturbação durante ou após o evento. As vezes o 
indivíduo se masturba durante a exposição (ou enquanto fantasia que se 
expõe). Se o indivíduo age sob influência desses anseios, geralmente 
não existe qualquer tentativa de uma atividade sexual adicional com o 
estranho. Em alguns casos, o indivíduo está consciente de um desejo de 
surpreender ou chocar o observador; em outros, o indivíduo tem a 
fantasia sexualmente excitante de que o observador ficará sexualmente 
excitado. 
O exibicionismo está quase inteiramente limitado a homens 
heterossexuais que se exibem para mulheres adultas ou adolescentes. 
Para alguns, o exibicionismo é sua única atividade sexual, mas outros 
mantêm o hábito simultaneamente a uma vida sexual ativa e dentro de 
 
204 
 
um relacionamento duradouro, embora seus ímpetos possam tomar-se 
mais aguçados frente a um conflito no relacionamento. 
A dinâmica do exibicionista reside na afirmação de sua masculinidade 
mediante a exposição do pênis e observação da reação da vítima - 
medo, surpresa ou aversão. inconscientemente, estes homens sentem-
se castrados e impotentes. As esposas de exibicionistas geralmente 
servem de substitutas da mãe, a quem o paciente esteve 
excessivamente apegado durante a infância. 
A maior parte dos exibicionistas considera seus ímpetos difíceis de 
controlar e alheios ao próprio ego. Se a pessoa para quem se exibe 
parece chocada, assustada ou impressionada, a excitação do 
exibicionista é frequentemente intensificada. 
O início em geral ocorre antes dos 18, anos embora possa começar mais 
tarde. Poucos indivíduos de grupos etários mais velhos são detidos, o 
que pode sugerir que a condição se torna menos severa após os 40 anos 
de idade (CID- 10). 
Fobia Social 
Neste manual existem 16 interpretações referentes à Fobia Social. 
A Fobia Social caracteriza-se por ansiedade clinicamente significativa 
provocada pela exposição a certos tipos de situações sociais ou de 
desempenho, frequentemente levando ao comportamento de esquiva 
(DSM-IV). 
Também chamadade Antropofobia, Neurose Social, Histeria de 
Ansiedade ou Transtorno de Ansiedade Social, é uma fobia que está 
usualmente associada a baixa auto- estima, medo de críticas, avaliações 
negativas, medo de rejeição e sentimento de inferioridade. A exposição 
à situação social ou de desempenho provoca uma resposta imediata de 
ansiedade, pelo medo de ser indiretamente avaliado por outras pessoas, 
resposta esta que pode assumir a forma de Ataque de Pânico ligado à 
situação. Embora adolescentes e adultos com este transtorno 
reconheçam que seu medo é excessivo ou irracional, isto pode não 
ocorrer com as crianças. 
Nas situações sociais ou de desempenho temidas, os pacientes com 
Fobia Social experimentam preocupações acerca de embaraço e temem 
que as outras pessoas os considerem ansiosos, débeis, “malucos” ou 
estúpidos. 
 
205 
 
Eles podem ter medo de falar em público em virtude da preocupação de 
que os outros percebam a sua ansiedade pelo calor ou gelo das mãos, 
voz indecisa ou dificuldade em se expressar. Também podem esquivar-
se de comer, beber ou escrever em público, pelo medo de sentirem 
embaraço se os outros perceberem sua fobia. 
Em crianças, pode haver choro, ataques de raiva, imobilidade, 
comportamento aderente ou permanência junto a uma pessoa familiar, 
podendo a inibição das interações chegar ao ponto do mutismo. 
Crianças pequenas podem mostrar-se excessivamente tímidas em 
contextos sociais estranhos, retraindo-se do contato, recusando-se a 
participarem brincadeiras de grupo, permanecendo tipicamente na 
periferia das atividades sociais e tentando permanecer próximas a 
adultos conhecidos. 
Diferentemente dos adultos, as crianças com Fobia Social em geral não 
têm a opção de evitar completamente as situações temidas e podem ser 
incapazes de identificar a natureza de sua ansiedade. Elas podem 
apresentar declínio no rendimento escolar, recusa em ir à escola ou 
esquiva de atividades sociais e encontros adequados à idade, Para este 
diagnóstico em crianças, deve haver evidências de que são capazes de 
relacionar-se socialmente com pessoas familiares, e a ansiedade social 
deve ocorrer em contextos envolvendo seus pares, não apenas em 
interações com adultos. 
Muitos pacientes conseguem levar uma vida relativamente normal, 
apesar do Transtorno Fóbico, porque o objeto ou a situação fóbica é 
facilmente evitável; diferentemente do Transtorno do Pânico em que os 
ataques são imprevisíveis e inesperados. 
Hipocondria 
Esse manual apresenta 14 interpretações indicativas de Hipocondria. 
Hipocondria é preocupação com o medo ou a idéia de ter uma doença 
grave, com base em uma interpretação errônea de sintomas ou 
funções corporais (DSM-IV), 
A Hipocondria é também chamada de Transtorno Dismórfico Corporal, 
Dismorfobia Não Delirante, Neurose Hipocondríaca ou Nosofobia, e sua 
característica essencial é a preocupação persistente com a possibilidade 
de ter um ou mais transtornos físicos sérios e progressivos. Uma 
avaliação médica completa não é capaz de identificar a doença que 
responda plenamente pelas preocupações da pessoa, e o medo ou as 
 
206 
 
idéias inadequadas persistem apesar das garantias ao contrário. 
Entretanto, a crença não tem intensidade delirante, a pessoa é capaz de 
reconhecer a possibilidade de estar exagerando a extensão da doença 
temida ou de não existir absolutamente qualquer patologia. 
A preocupação na Hipocondria pode envolver funções corporais, 
anormalidades físicas menores, preocupação com um órgão específico, 
doença específica ou sensações somáticas e ambíguas. Os pacientes 
hipocondríacos podem acreditar ter uma doença séria ainda não 
detectada, e esta convicção persiste apesar de resultados laboratoriais 
negativos, do curso benigno ao longo do tempo e da avaliação 
apropriada do médico. 
Os pacientes com Hipocondria podem alarmar-se ao lerem ou ouvirem 
sobre doenças ou ao saberem que alguém adoeceu ou por sensações e 
ocorrências nos seus próprios corpos. 
Psicodinamicamente acredita-se que desejos agressivos e hostis em 
relação aos outros são transferidos (repressão e deslocamento) para 
queixas físicas. A raiva dos hipocondríacos origina-se de decepções, 
rejeições e perdas passadas, mas é expressa no presente por meio de 
solicitação da ajuda e preocupação de outras pessoas e posterior 
rejeição das mesmas como inefetivas. A hipocondria também tem sido 
vista como uma defesa contra a culpa, um senso de maldade inata, uma 
expressão de baixa autoestima e um sinal de preocupação excessiva 
com a própria pessoa. A dor e o sofrimento somático transformam-se, 
assim, num meio de compensação e expiação (anulação), podendo ser 
experimentados como uma punição merecida por erros passados (reais 
ou imaginários) e como uma sensação de ser mau e pecador. 
A hipocondria pode ser de origem sociocultural e tem sido vista como 
um pedido de admissão ao papel de doente, feito por uma pessoa que 
se defronta com problemas aparentemente insolúveis e insuperáveis. O 
papel de doente oferece uma via de saída porque ao paciente doente é 
permitido evitar obrigações nocivas e adiar desafios desagradáveis, 
sendo desculpado dos deveres. 
Reações hipocondríacas transitórias ocorrem após estresses maiores, 
como morte ou doença séria de alguém importante ou uma doença 
ameaçadora à vida que foi resolvida. As respostas hipocondríacas 
transitórias ao estresse extremo geralmente apresentam remissão 
 
207 
 
quando o estresse é resolvido, mas podem tornar-se crônicas, se 
reforçadas por pessoas no sistema social do paciente ou por 
profissionais da saúde. 
A Hipocondria pode iniciar-se em qualquer idade, e certos fatores são 
pré-disponentes como doenças graves na infância, experiência anterior 
com doença em um membro da família ou com a morte de alguém 
próximo ao paciente. 
 
Homossexualidade 
Este manual contém 19 interpretações sugestivas de homossexualidade. 
Segundo a Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento 
da CID-1O, a orientação sexual por si só não é considerada como um 
transtorno, e a orientação sexual pode ser Heterossexual, 
Homossexual ou Bissexual. 
As causas do comportamento homossexual são enigmáticas. De acordo 
com a teoria psicodinâmica, as situações do início da vida que podem 
resultar no comportamento homossexual masculino incluem uma forte 
fixação à mãe, falta de cuidados paternais efetivos, inibição do 
desenvolvimento masculino pelos pais e perda na competição com 
irmãos e irmãs. 
A visão psicodinâmica sobre a homossexualidade feminina inclui uma 
falta na resolução da inveja do pênis, associada a conflitos edípicos não 
resolvidos. As mulheres homossexuais, comparadas com as mulheres 
heterossexuais, são descritas como tendo pais ternos e íntimos, ao 
contrário daquilo que se descobriu em relação aos homens 
homossexuais. Entretanto, as descrições das mães de homossexuais 
femininas não eram diferentes das de heterossexuais. 
Alguns homossexuais, particularmente homens, relatam uma 
conscientização acerca de atrações românticas pelo mesmo sexo antes 
da puberdade. De acordo com os dados de Kinsey (apud Kaplan, 1993), 
cerca de metade de todos os homens pré-púberes tem alguma 
experiência genital com um parceiro do mesmo sexo. Entretanto, esta 
experiência é, frequentemente, de natureza exploratória, 
particularmente se compartilhada com um companheiro, não com um 
adulto, e tipicamente não possui um forte componente afetivo. 
 
208 
 
A maioria dos homossexuais masculinos e femininos recorda o 
aparecimento de atrações românticas e eróticas por parceiros do 
mesmo sexo durante o início da adolescência. Entretanto, o claro 
reconhecimento da preferência por um(a) parceiro(a) do mesmo sexo 
tipicamente ocorre do meio ao final da adolescência ou após a idade 
adulta jovem. 
As mulheres mais do que homens homossexuais parecem ter 
experiências heterossexuais durante suas carreirashomossexuais 
primárias. Em um estudo, 56% de uma amostragem de lésbicas teve 
intercurso antes de sua primeira experiência homossexual genital, 
comparada com 19% de uma amostra de homossexuais masculinos que 
tiveram intercurso heterossexual antes. Aproximadamente 40% das 
lésbicas tinham tido intercurso heterossexual durante o ano anterior à 
pesquisa. 
As características comportamentais dos homossexuais femininos e 
masculinos são tão variadas quanto aquelas dos indivíduos 
heterossexuais de ambos os sexos. As práticas sexuais nas quais os 
homossexuais se engajam são as mesmas praticadas pelos 
heterossexuais, com as limitações óbvias impostas pelas diferenças 
anatômicas. 
Existem padrões variáveis de relacionamento prolongado entre 
homossexuais, como entre os heterossexuais. Alguns casais 
homossexuais vivem num relacionamento monogâmico ou primário por 
décadas, enquanto outros homossexuais tipicamente mantêm contatos 
sexuais apenas passageiros. Embora existam mais relacionamentos 
estáveis entre dois homens do que anteriormente se pensava, estes 
relacionamentos parecem ser menos estáveis e mais superficiais do que 
entre duas mulheres. 
Os casais homossexuais masculinos estão sujeitos a discriminações civis 
e sociais e não têm o sistema de apoio social legal do casamento ou a 
capacidade biológica para a procriação. Os casais de mulheres 
experienciam menor estigmatizarão social e parecem ter 
relacionamentos monogâmicos ou primários mais duradouros (Kaplan, 
1993). 
Impulso Sexual Excessivo 
Neste manual existem 17 interpretações indicativas de Impulso Sexual 
Excessivo. 
 
209 
 
Tanto os homens com as mulheres podem ocasionalmente queixarem-
se de impulso sexual excessivo como um problema por si só, 
usualmente durante o final da adolescência ou início da idade adulta 
(CID- 10). 
No impulso sexual excessivo masculino (chamado de Don juanismo ou 
Satiríase), a característica principal é a hipersexualidade de certos 
homens, manifestada por sua necessidade de terem encontros ou 
conquistas sexuais demasiadamente frequentes. Suas atividades 
sexuais, entretanto, são utilizadas para mascarar profundos sentimentos 
de inferioridade. Alguns destes pacientes podem ter impulsos 
homossexuais inconscientes, os quais negam por contatos sexuais 
compulsivos com mulheres. Após o sexo, a maioria dos “Don Juans” não 
mais se interessa pela mulher. 
Ninfomania é um termo descritivo que significa desejo excessivo ou 
patológico por coito, em uma mulher. Existem poucos estudos 
científicos sobre a condição. Aquelas pacientes estudadas geralmente 
tiveram um ou mais transtornos sexuais, geralmente incluindo 
anorgasmia. Existe, frequentemente, um medo intenso de perda do 
amor. A mulher tenta satisfazer suas necessidades de dependência, em 
vez de gratificar os pulsos sexuais por intermédio de suas ações. 
Roubo patológico 
Neste manual existem 8 interpretações indicativas para Roubo 
Patológico. 
O Roubo Patológico caracteriza-se por um fracasso recorrente em 
resistir a impulsos de roubar objetos desnecessários para o uso pessoal 
ou em termos de valor monetário (DSM-IV), 
Também chamado de Cleptomania, onde o indivíduo vivencia um 
sentimento subjetivo de crescente tensão antes do furto e sente prazer, 
satisfação ou alívio ao cometer o furto (os objetos podem ser jogados 
fora, presenteados, armazenados e colecionados ou serem devolvidos 
disfarçadamente). 
O furto não é cometido para expressar raiva ou vingança, não é 
realizado em resposta a um delírio ou alucinação, nem é explicado por 
um Transtorno de Conduta, Episódio Maníaco ou Transtorno de 
Personalidade Antissocial, Os objetos são furtados apesar de 
tipicamente terem pouco valor para o indivíduo, que teria condições de 
comprá-los. Os sintomas de cleptomania tendem a aparecer em 
 
210 
 
períodos de estresse significativo, como perdas, separações ou término 
de relacionamentos importantes. 
Embora algum esforço para ocultamento seja usualmente feito, os 
indivíduos que sofrem de cleptomania não costumam planejar seus 
furtos e nem levam em conta as possibilidades de serem presos. O 
roubo é um ato solitário, realizado sem cúmplice. O indivíduo pode 
expressar ansiedade, abatimento e culpa entre os episódios de roubo 
(eles geralmente têm consciência de que o ato é errado e sem sentido), 
mas isso não impede a repetição. 
A cleptomania ou roubo patológico pode começar na infância, embora a 
maioria das crianças e adolescentes que furtam não se tornam 
cleptomaníacos na idade adulta. 
Voyeurismo 
Neste manual existem 8 respostas indicativas de voyeurismo. 
O Voyeurismo envolve o ato de observar indivíduos, geralmente 
estranhos, sem suspeitar que estão sendo observados, que estão nus, 
a se despirem ou em atividade sexual (Kaplan, 1993). 
É uma preocupação recorrente com fantasias ou atos que envolvam a 
busca ou observação de pessoas nuas ou envolvidas em carícias ou 
atividade sexual. O ato de “espiar” serve a finalidade de obter excitação 
sexual e geralmente não é tentada qualquer atividade sexual com a 
pessoa observada. O orgasmo em geral é produzido pela masturbação, 
que pode ocorrer durante o voyeurismo ou mais tarde, em resposta à 
recordação do que o indivíduo testemunhou. Frequentemente esses 
indivíduos fantasiam uma experiência sexual com a pessoa observada, 
mas isso raramente ocorre na realidade. 
O primeiro ato de Voyeurismo frequentemente ocorre durante a 
infância, sendo mais comum nos homens. Em sua forma mais severa, o 
ato de espiar constitui a forma exclusiva de atividade sexual, e o curso 
tende a ser crônico. 
 
12. 
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