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DOUTRINA DE INTELIGÊNCIA II

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AULA 1 - FUNDAMENTOS LEGAIS DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA NO BRASIL
LEGISLAÇÃO DA ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
Vamos iniciar nossa aula com um interessante trecho do livro A Arte da Guerra:
“O meio pelo qual governantes sábios e generais sagazes se moveram e conquistaram outros, pelo qual suas realizações ultrapassaram as massas, foi o conhecimento acurado. O conhecimento acurado não pode ser obtido de fantasmas e espíritos, inferido dos fenômenos ou projetado a partir das medidas do Céu, mas deve ser obtido dos homens, porque é o conhecimento da verdadeira situação do inimigo.”
A Constituição Federal em seu artigo 5º, incisos XIV e XXXIII, prevê que todo brasileiro possui o direito à informação:
“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XIV – é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
XXXIII – todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado;”
Na análise dos referidos incisos, percebemos que a regra em nossa sociedade é o amplo acesso, por parte dos cidadãos, às informações disponíveis em bancos de dados, públicos e privados, com as ressalvas quanto ao direito a informação nos seguintes casos:
SIGILO PROFISSIONAL:
Abrange atividades como o exercício da advocacia e jornalística, informações médicas e os serviços religiosos confessionais.
IMPRESCINDÍVEL À SEGURANÇA DA SOCIEDADE E DO ESTADO:
Inclui os serviços de segurança pública e ações estratégicas do país, principalmente as questões militares.
As ações desenvolvidas pela atividade de Inteligência no contexto do poder público, em regra, estão enquadradas na ressalva constitucional do sigilo pela necessidade de segurança da sociedade e do Estado.
Outro alicerce constitucional para o sigilo da atividade de Inteligência está previsto na garantia à privacidade e intimidade das pessoas:
“Artigo 5º, inciso X, CF - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;”
Nas questões envolvendo procedimentos de Inteligência ligados à segurança da sociedade, como a segurança pública e a incolumidade das pessoas, os conhecimentos relativos às pessoas envolvidas direta ou indiretamente deverão estar protegidos para:
· Resguardar as ações desenvolvidas.
· Evitar danos à imagem de pessoas.
ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA E INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
Embora em alguns casos, a Inteligência de segurança pública possa produzir informações úteis para a investigação criminal, são campos de atuação distintos.
ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
A atividade de Inteligência lida com conhecimentos amplos, para produzir conhecimentos com metodologia própria, para chegar à chamada verdade como significado e auxiliar no processo decisório. Possui como agente de fiscalização externa de suas ações, no âmbito da atividade pública, o Poder Legislativo, conforme dispositivo da lei 9.883/99, que institui a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN):
 Art. 6° O controle e fiscalização externos da atividade de inteligência serão exercidos pelo Poder Legislativo na forma a ser estabelecida em ato do Congresso Nacional.
 § 1° Integrarão o órgão de controle externo da atividade de inteligência os líderes da maioria e da minoria na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, assim como os Presidentes das Comissões de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados e do Senado Federal.
 § 2° O ato a que se refere o caput deste artigo definirá o funcionamento do órgão de controle e a forma de desenvolvimento dos seus trabalhos com vistas ao controle e fiscalização dos atos decorrentes da execução da Política Nacional de Inteligência.
INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
A investigação criminal obedece aos requisitos formais estabelecidos no código de processo penal, para a produção de provas para a deflagração da ação penal, necessitando que os conhecimentos produzidos na investigação criminal sejam baseados em metodologias que permitam a análise do contraditório judicial, de acordo com o princípio da verdade real do direito processual penal. Possui como agente de fiscalização externo de suas ações o Ministério Público, conforme disposição constitucional.
Art. 129 CF. São funções institucionais do Ministério Público:
VII - exercer o controle externo da atividade policial, na forma da lei complementar mencionada no artigo anterior;
A VERDADE COMO SIGNIFICADO E A VERDADE REAL
A questão sobre a verdade faz parte de um grande problema filosófico, muito importante para o profissional de Inteligência conhecer o tipo de verdade que se insere naquelas produzidas em suas análises e, também, aqueles sistemas usados nos campos de suas pesquisas. Os critérios de verdades estabelecidos em sistemas da Antiguidade Clássica, na Idade Média e na Modernidade se alteram e influenciam a cultura em que estamos inseridos.
Verdade Como Significado Da Atividade De Inteligência
Na disciplina de Doutrina de Inteligência I, estudamos os estados da mente:
CERTEZA
Acatamento integral, pela mente, da imagem por ela mesmo formada, como corres­pondente a determinado fato e/ou situação.
OPINIÃO
É um estado no qual a mente se define por um objeto, considerando a possibilidade de um equí­voco. Por isso, o valor do estado de opinião expressa-se por meio de indicadores de probabilidades, como, por exemplo: muito provável, provável, pouco provável etc.
DÚVIDA
Na dúvida, estamos em estado de iguais proporções em se aceitar ou negar o objeto do conhecimento.
IGNORÂNCIA
É a ausência de representação mental do objeto do conhecimento.
A verdade é a perfeita concordância do conteúdo do pensamento com o objeto.
Diante da verdade, percorremos processos ou operações intelectuais para adquirir toda a percepção de um contexto. Os processos que percorremos são:
IDEIA:
Simples concepção da imagem do objeto.
JUÍZO:
Processo intelectual por meio do qual a mente estabelece uma relação entre ideias.
RACIOCÍNIO:
Processo intelectual, a partir mais de um juízo conhecido, em que se alcança outro juízo que dele decorre logicamente.
Os tipos de conhecimento de Inteligência produzidos com a utilização dos processos mentais, a partir dos estados mentais são: o informe, a informação, a apreciação e a estimativa.
Agora, iremos analisar as tabelas a seguir:
ESTADOS DA MENTE
	Tipos de conhecimento
	Dúvida
	Opinião
	Certeza
	Informe
	Compatível
	Compatível
	Compatível
	Informação
	Incompatível
	Incompatível
	Compatível
	Apreciação
	Incompatível
	Compatível
	Incompatível
	Estimativa
	Incompatível
	Compatível
	Incompatível
PROCESSOS INTELECTUAIS
	Tipos de conhecimento
	Ideia
	Juízo
	Raciocínio
	Informe
	Incompatível
	Compatível
	Incompatível
	Informação
	Incompatível
	Incompatível
	Compatível
	Apreciação
	Incompatível
	Incompatível
	Compatível
	Estimativa
	Incompatível
	Incompatível
	Compatível
VISÃO TEMPORAL DO CONHECIMENTO
	Tipos de conhecimento
	Passado
	Presente
	Futuro
	Informe
	Aplicável
	Aplicável
	Não aplicável
	Informação
	Aplicável
	Aplicável
	Não aplicável
	Apreciação
	Aplicável
	Aplicável
	Aplicável
	Estimativa
	Não aplicável
	Não aplicável
	Aplicável
Verdade Real Do Código De Processo Penal
Conforme o ensinamento de Aury Lopes Jr.:
“O juiz, na sentença, constrói – pela via do contraditório – a sua história do delito, elegendo os significados que lhe parecem válidos, dando uma demonstração inequívoca de crença. O resultado final nem sempre é (e não precisa ser) a verdade, mas sim o resultado do seu convencimento  construído nos limites docontraditório e do devido processo penal.”
SEGURANÇA DO ESTADO E SOCIEDADE
O sigilo no acesso às informações que envolvam a segurança do Estado e da sociedade é o conceito jurídico indeterminado. A valoração da expressão segurança do Estado e sociedade ocorrerá em situações concretas e será decidida de acordo com os aspectos próprios da hermenêutica jurídica: interpretação gramatical, interpretação histórica, interpretação sistemática e interpretação teleológica.
Segundo o Barroso (2015), os conceitos jurídicos indeterminados:
“São expressões de sentido fluido, destinadas a lidar com situações nas quais o legislador não pôde ou não quis, no relato abstrato do enunciado normativo, especificar de forma detalhada suas hipóteses de incidência ou exaurir o comando a ser dele extraído. Por essa razão, socorre-se ele de locuções como as que constam da Constituição brasileira de 1988, a saber: pluralismo político, desenvolvimento nacional, segurança pública, interesse público, interesse social, relevância e urgência [...]. Como natural, o emprego dessa técnica abre para o intérprete um espaço considerável – mas não ilimitado – de valoração subjetiva.”
Considerando não se dispor na legislação nacional conceituação específica relacionada à segurança de Estado, podemos encontrar suporte para uma base de interpretação analógica no artigo 12 da lei italiana nº 801/77, que estabelece normas ao serviço secreto italiano, uma conceituação própria como sendo...
“... atos, documentos, notícias e qualquer outra coisa cuja difusão seja idônea a causar dano à integridade do Estado democrático, seja em relação a acordos internacionais, à defesa das instituições consideradas fundamentais pela Constituição, ao livre exercício das funções dos órgãos constitucionais, à independência do Estado perante outros Estados e às relações com estes, bem como à preparação e defesa militar do Estado.”
Em países que vivem sob o dilema de conflitos internos e externos, os conceitos relativos à segurança do Estado podem ser ampliados, incluindo a restrição de direitos que são consagrados na legislação brasileira.
Já em outros países sem histórico de conflitos recentes, como o Brasil, tais aspectos relacionados à segurança do Estado e sociedade podem ser objetos de discussões e entendimentos diversos em sua interpretação, considerando o nosso Estado Democrático de Direito e a superação recente de uma intervenção militar, que nos coloca de forma receosa ante informações de caráter sigiloso.
Exemplo:
Conflito de interpretação quanto à questão do sigilo envolvendo a Inteligência de Estado e a investigação criminal:
Em novembro de 2008, houve a determinação judicial, expedida pela Justiça Federal, de busca e apreensão nas dependências e em computadores da Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), quando Agentes da Polícia Federal diligenciaram e apreenderam terminais de computador e documentos que poderiam servir como provas em processo criminal que objetivava verificar a extensão da participação de Agentes da ABIN em vazamentos de informações na operação Satiagraha.
No exemplo, se fossemos um País cuja geopolítica incluísse iminentes questões de sobrevivência como nação e efetivas ameaças externas ou internas, os conceitos envolvendo a necessidade de segurança nacional poderiam sobrepor perfeitamente aos conceitos contidos na decisão judicial, e o acesso aos conhecimentos estratégicos de Inteligência de Estado talvez não tivessem sido autorizados.
A Advocacia Geral da União (AGU) recorreu da decisão judicial na ocasião, alegando que tal medida colocaria em risco a segurança nacional, incluindo os seguintes argumentos:
· Inviabilização de operações em curso, dando conhecimento de pessoas não autorizadas;
· Exposição de nomes, valores recebidos e dados de informantes, que podem colocar em risco suas integridades físicas;
· Impossibilidade de continuidade de trabalho com estes informantes e as dificuldades de recrutamento de novos informantes;
· Desmoralização da Agência de Inteligência de Estado no Brasil perante parceiros de outros países, os quais provavelmente restringirão o intercâmbio de informações estratégicas com o Brasil, pela desconfiança causada com a possibilidade de divulgação dessas informações;
· Dificulta ou mesmo impede a integração dos Órgãos que compõe o Sistema Brasileiro de Inteligência, pelo risco de exposição de seus trabalhos.
AMPARO CONSTITUCIONAL DO SIGILO
A Atividade de Inteligência atua sob o amparo constitucional do sigilo e no princípio da legalidade, pautando suas atuações de acordo com as necessidades de obtenção do conhecimento e sua respectiva proteção. Em relação ao sigilo e à proteção do conhecimento, a legislação nacional possui uma diversificada previsão de normas que amparam a ação do profissional de Inteligência e toda a atividade que necessite se resguardar ante acessos e conhecimentos indevidos.
ATIVIDADES PROPOSTAS
1.Produção de provas para deflagração da ação penal.
-b) Investigação criminal.
2.Produção de conhecimentos para decisão do gestor.
-a) Atividade de Inteligência.
3.Verdade como significado.
-a) Atividade de Inteligência.
4.Verdade real.
-b) Investigação criminal.
5.Metodologia para produção de evidências a serem submetidas ao contraditório judicial e de acordo com os aspectos formais do CPP.
-b) Investigação criminal.
6.Metodologia própria para produção do conhecimento.
-a) Atividade de Inteligência.
7.Controle externo do Ministério Público.
-b) Investigação criminal.
8.Controle externo no Poder Legislativo.
-a) Atividade de Inteligência.
9.A partir da análise das três tabelas, o que você conseguiu constatar sobre os tipos de conhecimento?
-Analisando as três tabelas apresentadas, podemos constatar que:
· O conhecimento informe necessita apenas do processo intelectual do juízo, enquanto os demais conhecimentos necessitarão do raciocínio.
· O conhecimento informação estabelece a condição de certeza a partir do raciocínio, e é aplicado a fatos passados ou presentes. Por apresentar essas peculiaridades, este tipo de conhecimento é utilizado em algumas ocasiões para o auxílio em investigações criminais.
· Os conhecimentos apreciação e estimativa operam com uma visão prospectiva, sendo que a apreciação possui um caráter mais imediatista e serve para análises envolvendo passado e presente, enquanto a estimativa possui a intenção de elaboração de análise sobre cenários futuros para determinados fatos.
10.Então, o que é a Verdade Real do Processo Penal?
-b) É o resultado do convencimento do juiz, construído nos limites do contraditório e do devido processo penal.
11.São objetivos inerentes à atividade de Inteligência:
-c) Produção de conhecimentos para decisão do gestor.
12.O que é a Verdade como significado da atividade de Inteligência?
-a) É a perfeita concordância do conteúdo do pensamento com o objeto.
13.Quais os tipos de conhecimentos da atividade de Inteligência?
-e) Informe, informação, apreciação e estimativa.
14.Qual o dispositivo legal que ampara o sigilo da atividade de Inteligência no Brasil?
-a) Constituição Federal.
AULA 2: LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO E PRODUÇÃO DE CONHECIMENTOS
ACESSO À INFORMAÇÃO
A Constituição Federal em seu artigo 5º, incisos XIV e XXXIII, prevê que todo brasileiro possui o direito à informação. As informações de bancos de dados públicos e privados são disponíveis a todos, a não ser aquelas que envolvem aspectos ligados à segurança nacional e a proteção à intimidade e privacidade das pessoas.
A nova Lei de Acesso à Informação (LAI), de 2011, regulamentou os limites do sigilo de informações estratégicas e de fatos importantes para a Atividade de Inteligência:
· Prazos de validade dos documentos sigilosos;
· Competência de classificação;
· Outros.
Os governos democráticos, que se seguiram ao Regime Militar, consolidaram novos entendimentos sobre informações de Segurança de Estado e as de interesse da sociedade. A ponderação entre os dois princípios foi o fator para a elaboração da LAI.
Com o amadurecimentoda democracia brasileira, transparência tem sido a questão exigida pela sociedade.
O Jusfilósofo Miguel Reale ensinou, com sua teoria tridimensional do Direito, que as leis são o produto de três vetores:
Forma
+
Valores
+
Aspectos históricos
=
Leis
É na questão dos valores (fundamento) que a lição Reale (1991) deve ser analisada, pois, as normas valem em razão da realidade em que participam, adquirindo novos sentidos ou significados, mesmo quando mantidas inalteradas as suas estruturas formais. A formação da opinião pública e da consciência política da sociedade são fatores determinantes para transformações sociais e normativas.
A Lei 12.527/2011 veio suprir suspeitas de abusos do poder público e nivelar o acesso ao conhecimento de interesse da sociedade para todos os cidadãos, não se permitindo mais que uma elite política/governamental tenha o poder de manipular/ocultar o conhecimento de interesse público.
LEI PARA TODOS
“Art. 1º Esta Lei dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios, com o fim de garantir o acesso a informações previsto no inciso XXXIII do art. 5º,no inciso II do § 3º do art. 37 e no § 2º do art. 216 da Constituição Federal.
Parágrafo único. Subordinam-se ao regime desta Lei:
I – os órgãos públicos integrantes da administração direta dos Poderes Executivo, Legislativo, incluindo as Cortes de Contas, e Judiciário e do Ministério Público;
II – as autarquias, as fundações públicas, as empresas públicas, as sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios.
Art. 2º Aplicam-se as disposições desta Lei, no que couber, às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres.”
Os primeiros artigos deixam claro que se trata de uma lei de caráter nacional, aplicada:
Aos entes federativos (Governos Federal, Estadual e Municipal);
Aos poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário);
Às paraestatais e entidades privadas sem fins lucrativos que recebam recursos públicos.
Calderón (2015) afirma que o direito à informação beneficia:
· Pessoas em situação de vulnerabilidade;
· Movimentos sociais diversos, além de investigadores em geral: cientistas, historiadores, jornalistas, pesquisadores etc.
O acesso às informações públicas torna possível o direcionamento de políticas públicas e a participação cidadã nas decisões governamentais.
Bobbio (1984) declara que o Estado é detentor absoluto da vida de seus súditos e chama de Arcana Imperii as decisões de caráter oculto pelos governantes sem qualquer participação de seus cidadãos.
DIFERENÇA ENTRE INFORMAÇÕES PÚBLICAS E PRIVADAS
INFORMAÇÕES DE CARÁTER PRIVADO:
As informações que envolvem a vida privada e intimidade das pessoas encontram-se protegidas contra a divulgação.
INFORMAÇÕES DE CARÁTER PÚBLICO:
Enquadram-se nos objetivos da LAI.
Veja alguns exemplos de informações de interesse público:
· Informações sobre a implementação e desenvolvimento de políticas públicas;
· Informações sobre atividades, organização e serviços de órgãos públicos;
· Resultados de inspeções, auditorias e tomadas de contas realizadas por órgãos de controle interno;
· Documentos e informações que fundamentam decisões e atos administrativos;
· Informações sobre administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitações e contratos administrativos.
Em alguns casos, contratos administrativos ou dados contidos em planilhas orçamentárias podem, dependendo da importância estratégica, estar protegidos por sigilo.
Calderón (2015) cita o caso de decisão do Tribunal de Contas da União (TCU), que manteve a proibição de divulgação de Planilha de Estimativa de Custos da Petrobras ao Consórcio Passarelli/Gel, considerando serem informações sigilosas.
“Mesmo que a planilha solicitada houvesse sido elaborada por Unidade Técnica do TCU, a partir de dados tidos por sigilosos pela Petrobras, não poderia o TCU fornecer o acesso delas ao ora recorrente (...). Como o pedido não recai sobre documento elaborado pelo próprio TCU – mas sim pela Petrobrás – são irrelevantes os demais argumentos apresentados pelo recorrente que refutam a natureza sigilosa atribuída por aquela empresa às suas planilhas de estimativas de custos. Conforme exposto, segundo o entendimento deste Tribunal manifestado no Acórdão 153/2013 – Plenário, somente a própria empresa, titular da informação tida por sigilosa, poderá decidir sobre o pedido de acesso à informação dessa natureza.”
RECURSOS OFERECIDOS PELA LAI
A LAI estabelece os procedimentos para recursos em caso de negativa de acesso à informação, não sendo necessário, ainda, ser instruído sobre os motivos do pedido de informação.
LAI também oferece uma série de recursos para se evitar que as informações não sejam divulgadas, estabelecendo, inclusive, a punição de servidores públicos civis e militares que se oponham à divulgação ou retardem, ou dificultem o acesso às informações.
PRAZOS DE SIGILO
Aspecto de suma importância da LAI é o estabelecimento dos prazos de sigilo dos documentos sigilosos, que atingem diretamente a Atividade de Inteligência.
PRIVACIDADE DE PESSOAS
Nos casos envolvendo a intimidade e privacidade de pessoas, os documentos são inseridos em outra categoria de sigilo na LAI, denominando-se Informações Pessoais, incluindo outros prazos diferentes do artigo 24.
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS DA LEI DE ACESSO À INFORMAÇÃO
É importante destacarmos os objetivos da LAI. São eles:
· A publicidade é a regra geral e o sigilo a exceção;
· A Instituições públicas devem prover a publicidade de informações de interesse público, independentemente de solicitações;
· Uso de tecnologia de informação como ferramenta de divulgação;
· Fomento da cultura de transparência na administração pública e entidades que recebem recursos públicos;
· Controle social da administração pública.
CONCEITOS FUNDAMENTAIS PARA ANÁLISES DE INTELIGÊNCIA E RELATÓRIOS
A Atividade de Inteligência é uma atividade essencialmente intelectual. Os analistas devem ter ampla capacidade de análise e conhecimento de várias áreas de saber.
Observe conceitos de interesse para a Atividade de Inteligência, principalmente a relacionada à Inteligência Estratégica:
CENÁRIOS PROSPECTIVOS:
É o conjunto formado pela descrição, de forma coerente, da evolução dos acontecimentos de uma situação atual para outra futura (Manual Básico da ESG – Assuntos Específicos).
PAZ SOCIAL:
Reflete um valor de vida não imposto, mas decorrente do consenso, em busca de uma sociedade caracterizada pela conciliação e harmonia entre pessoas e grupos, principalmente entre o capital e o trabalho, e por um sentido de justiça social que garanta a satisfação das necessidades mínimas de cada cidadão, valorizando as potencialidades da vida em comum, beneficiando a cada um, bem como a totalidade da sociedade (Manual Básico da ESG – Elementos Doutrinários).
ORDEM PÚBLICA:
Conjunto de regras formais, que emanam do ordenamento jurídico da Nação, tendo por escopo regular as relações sociais de todos os níveis, do interesse público, estabelecendo um clima de convivência harmoniosa e pacífica, fiscalizado pelo poder de polícia, e constituindo uma situação ou condição que conduza ao bem comum (Decreto nº 88.777/83).
CIÊNCIAS SOCIAIS:
A expressão ciências sociais pode ser traduzida como um conjunto de disciplinas que tentam, de forma objetiva, estudar os sistemas e estruturas sociais, os processos políticos e econômicos, as interações de grupos ou indivíduos diferentes, com a finalidade de fundamentar um corpus de conhecimentos passível de verificação, ou seja, é um conjunto de disciplinas que têm como traço comum um hipotético fato ou fenômeno social, objetivos na definição positivista, uma conduta humana no sentido behaviorista, substituída nas teoriasde M. WEBER e T. PARSONS por uma ação humana. As principais ciências sociais são a Antropologia, a Economia, a Ciência Política, a Psicologia Social, a Sociologia, a Demografia. Alguns autores incluem a Geografia Humana e certos aspectos da Linguística e da Criminologia (Friede, Reis, Ciência Política e Teoria do Estado, 2015, pág. 18).
DEMOCRACIA:
O uso do termo Democracia adquiriu uma dimensão que ultrapassa o significado específico de forma de governo: governo do povo. Pode ser definida como a política que tem em vista o homem, em oposição à política que o vê como instrumento, determinando seus objetivos (ABBAGNANO, 2007, pág. 277).
Os conceitos descritos são alguns necessários para que o profissional de Inteligência Estratégica, principalmente os ligados à Defesa do Estado, possa compreender sobre as bases de nosso Sistema Político e Social.
Os métodos utilizados nos relatórios de inteligência de produção do conhecimento, não são exaustivos, apenas exemplificativos, baseiam-se em métodos científicos utilizados nas Ciências Sociais. De acordo com Gil (2014, p.9), esses métodos esclarecem os procedimentos lógicos que deverão ser seguidos no processo de investigação científica dos fatos da natureza e da sociedade. São métodos desenvolvidos a partir de elevado grau de abstração, que possibilitam ao pesquisador decidir o alcance de sua investigação, as regras de explicação dos fatos e a validade de suas generalizações.
ATIVIDADES PROPOSTAS
1.Quais os prazos estabelecidos na LAI de temporalidade para o sigilo dos documentos?
-a) Ultrassecreto – 25 anos; Secreto – 15 anos; Reservado – 5 anos.
2.A quem se destina a Lei de Acesso à Informação?
-Artigos 1º e 2º da LAI: União, Estados, Distrito Federal e Municípios, e autarquias, fundações públicas, empresas públicas, sociedades de economia mista e demais entidades controladas direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios; e às entidades privadas sem fins lucrativos que recebam, para realização de ações de interesse público, recursos públicos diretamente do orçamento ou mediante subvenções sociais, contrato de gestão, termo de parceria, convênios, acordo, ajustes ou outros instrumentos congêneres.
3.Cite exemplos de informações públicas abrangidas pela Lei de Acesso à Informação.
-Informações sobre a implementação e desenvolvimento de políticas públicas;
Informações sobre atividades, organização e serviços de órgãos públicos;
Resultados de inspeções, auditorias e tomadas de contas realizadas por órgãos de controle interno;
Documentos e informações que fundamentam decisões e atos administrativos;
Informações sobre administração do patrimônio público, utilização de recursos públicos, licitações e contratos administrativos.
4.Cite três objetivos da Lei de Acesso à Informação.
-Você poderá citar qualquer um dos objetivos abaixo:
· A publicidade é a regra geral e o sigilo a exceção;
· Instituições públicas devem prover a publicidade de informações de interesse público, independentemente de solicitações;
· Uso de tecnologia de informação como ferramenta de divulgação;
· Fomento da cultura de transparência na administração pública e entidades que recebem recursos públicos;
· Controle social da administração pública.
5.Como são classificados os documentos sigilosos de acordo com a LAI?
-d) Ultrassecreto, Secreto e Reservado.
AULA 3: PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO II
INFORMAÇÃO E CONHECIMENTO
Nos dias atuais, persistem situações em que são negadas informações básicas aos cidadãos sobre seus direitos. A sociedade quer expurgar situações que fragilizem as estruturas para a defesa da democracia, para evitar situações absurdas como as descritas na obra O Processo, de Kafka.
Lembre-se do Ciclo de Produção do Conhecimento (CPC) que estudamos na aula 5 de Doutrina de Inteligência I:
	Planejamento
	Reunião de Dados
	Processamento
	Utilização
	- Assunto
- Faixa de tempo
- Usuário
- Finalidade
- Prazo
- Aspectos essenciais
- Aspectos conhecidos
- Grau preliminar de sigilo
- Medidas extraordinárias
- Medidas de segurança
	Pesquisa
Consulta à arquivos
Ligações entre órgãos congêneres
Acionamento do ELO
- Coleta
- Ações de Coleta
- Busca
- Ações de Busca
- Busca sistemática
- Busca exploratória
	- Avaliação
- Análise
- Integração
- Interpretação
       
       
       
       
       
       
       
	Formalização:
- RELINT
- PB
- MSG
- Sumário
- RPI
- REI
- RT
Formalização:
- Canal Técnico
Arquivamento
Para a Atividade de Inteligência, privilegiamos as fases de avaliação e da difusão dos dados, objetivando a produção dos conhecimentos capazes de projetar cenários futuros e a contextualização do uso do conhecimento.
MÉTODOS
Segundo Gil (2014), alguns métodos são retirados da pesquisa científica, principalmente os usados nas Ciências Exatas e Sociais:
MÉTODO DEDUTIVO:
Parte do geral e desce ao particular. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica. É o método proposto pelos racionalistas (Descartes, Spinoza, Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. É largamente utilizado nas ciências como a física e matemática.
MÉTODO INDUTIVO:
Procede inversamente ao dedutivo: parte do particular e coloca a generalização como um produto posterior do trabalho de coleta de dados particulares. De acordo com o raciocínio indutivo, a generalização não deve ser buscada aprioristicamente, mas constatada a partir da observação de casos concretos suficientes confirmadores dessa realidade. Constitui o método proposto pelos empiristas (Bacon, Hobbes, Locke, Hume), para os quais o conhecimento é fundamental exclusivamente na experiência, sem levar em consideração princípios preestabelecidos. Possui grande importância na constituição das Ciências Sociais.
MÉTODO HIPOTÉTICO-DEDUTIVO:
Por meio de uma combinação de observação cuidadosa, hábeis antecipações e intuição científica, alcança um conjunto de postulados que governam os fenômenos pelos quais está interessado, daí deduz ele as consequências por meio de experimentação e, dessa maneira, refuta os postulados, substituindo-os, quando necessário, por outros, e assim prossegue.
MÉTODO DIALÉTICO:
A concepção moderna de dialética fundamenta-se em Hegel, tendo suas bases em Platão e a Escolástica. Para Hegel, a lógica e a história da humanidade seguem uma trajetória dialética, nas quais as contradições se transcende, mas dão origem a novas contradições que passam a requerer solução.
MÉTODO FENOMENOLÓGICO:
O pesquisador preocupa-se em mostrar e esclarecer o que é dado. Não procura explicar mediante leis, nem deduzir com base em princípios, mas considera imediatamente o que está presente na consciência dos sujeitos. [...] O intento da fenomenologia é, pois, o de proporcionar uma descrição direta da experiência tal como ela é, sem nenhuma consideração acerca de sua gênese psicológica e das explicações causais que os especialistas podem dar. As técnicas de pesquisa mais utilizadas são, portanto, de natureza qualitativa e não estruturada”.
ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
A atividade de inteligência é uma atividade intelectual que dá suporte ao tomador de decisões para escolher medidas a serem adotadas diante da realidade. É utilizada em diversos campos de ação, não somente na área estratégica de governos e na segurança pública.
Uma Agência de Inteligência deve possuir um repertório de assuntos, pois um banco de dados atualizado proporciona maior capacidade de análise, considerando:
· A possibilidade de comparações históricas de eventos;
· A verificação de falsidades de dados;
· A oportunidade de criar uma narrativa coerente em análises prospectivas, como a Estimativa.
Como pontua Harry Howe Ransom, na obra Informações Centralizadas e Segurança Nacional:
“Um serviço de informações verdadeiramente eficiente se antecipará às necessidades dos formuladores de política sem desperdiçar esforços em tentativas de reunir tudo o que se passasob a luz do sol. Sem dúvida, o pessoal de informações já se deparou, em mais de uma ocasião, com a indagação irritada de planejadores de política: “Por que não obteve informação sobre isto?” Provavelmente este mesmo planejador deixou de fornecer ao encarregado da busca uma orientação prévia sobre suas necessidades futuras. É por isso que o processo de informações tem de produzir uma quantidade grande de informes para serem arquivados, à guisa de segurança contra pedidos futuros.”
Veja dois exemplos de uma produção de conhecimento de inteligência e sua relação com o seu destinatário principal:
Exemplo 1
No filme Pearl Harbor, o Oficial de Inteligência dirige-se ao Comandante e informa sua análise de movimentação da esquadra japonesa, sem dar certeza ou evidências de suas análises.
O Comandante o questiona, pedindo mais evidências, sobre a decisão a ser tomada, pois acarretaria uma grande movimentação de tropa, ao custo de milhares de dólares. Tais situações, de se ter certeza, nem sempre ocorrem nas ações de Inteligência. A resposta do Oficial é bem enfática: que sua função é interpretar os dados, muitos sem a devida consistência, e a capacidade de decisão cabe ao Comandante (ou Gestor).
Exemplo 2
Em entrevista , o Ministro da Justiça critica a segurança pública no Rio de Janeiro, afirmando que o Comando da PM é envolvido com o crime e que o assassinato de um Coronel seria acerto de contas. Com a repercussão, relatou que baseou suas afirmações em dados de Inteligência.
Sem entrar no mérito do assunto, aprendemos que um dos objetivos da Atividade de Inteligência é a tomada de decisão, e que o sigilo possui o objetivo de resguardar as ações desenvolvidas, bem como a imagem, a honra e a intimidade das pessoas.
PRODUÇÃO DE CONHECIMENTO DE INTELIGÊNCIA (SHERMAN KENT)
Na elaboração de conhecimentos de inteligência podemos delimitar as seguintes fases para a produção dos Relatórios de Inteligência:
1º ESTÁGIO: O PROBLEMA:
É também chamada de fase de diagnóstico onde se analisam os ambientes internos e seus pontos fortes e fracos, e ambientes externos com as ameaças e as oportunidades.
Neste campo temos a necessidade de se realizar uma análise de contextualização do projeto político institucional do Órgão, com as necessidades de se conhecer os desejos, interesses e aspirações que devem ser atendidas.
Deve-se de forma geral procurar prever problemas, verificar os agentes com as habilidades necessárias ao desenvolvimento da pesquisa de inteligência.
Neste estágio são estabelecidas ainda as fontes típicas de inteligência especializada a serem utilizadas (CEPICK, 2003):
• Humint (Human Intelligence): para informações obtidas a partir de fontes humanas;
• Sigint (Signals Intelligence): para informações obtidas a partir de interceptação de sinais e decodificação de comunicações e sinais eletromagnéticos;
• Imint (Imagery Intelligence): para as informações obtidas a partir da produção e da interpretação de imagens fotográficas e multiespaciais;
• Masint (Measurement and Signature Intelligence): para as informações obtidas a partir da mensuração de outros tipos de emanações (sísmicas, térmicas, etc.) e da identificação de ‘assinaturas’, ou seja, sinais característicos e individualizados de veículos, plataformas e sistemas de armas.
2º ESTÁGIO: ANÁLISE DO PROBLEMA SUBSTANTIVO:
Neste estágio do problema serão realizadas análises para descobrir e/ou abandonar elementos irrelevantes ou destituídos de importância para o objetivo destacado. O estabelecimento das linhas de ação proporcionará a otimização das buscas realizadas pelas fontes especializadas. Os analistas destacados para a produção do conhecimento deverão possuir os conhecimentos básicos prévios relacionados à pesquisa.
É de suma importância que a Agência de Inteligência, a partir deste estágio, já tenha o pleno conhecimento do objetivo da demanda, para que uso seu trabalho se destina e qual o tipo de ação que está sendo planejada.
Neste estágio são estabelecidos os fatores que poderão ter influência no futuro a fim de que sejam analisados na formulação das hipóteses.
Aqui se destaca uma observação quanto aos níveis de conhecimentos a serem produzidos:
Nível Estratégico: são aqueles destinados à produção de políticas de sentido ‘macro’ da Instituição, com amplitude de objetivos fundamentais institucionais. No âmbito da Inteligência de Estado podemos definir como sendo aquelas relacionadas aos objetivos da nação. Possuem prazos longos e podem estar associados ao conhecimento da Estimativa.
Nível Tático: busca a produção de conhecimentos setoriais, para o alcance de objetivos de médio prazo e que proporcionem se alcançar os objetivos estabelecidos no nível estratégico.
Nível Operacional: busca a produção imediata e célere do conhecimento. De regra estão associados a conhecimentos tipo informe e informação. Subsidiam ações pontuais com prazos curtos.
3º ESTÁGIO: A BUSCA DE DADOS:
É a fase mais característica da Atividade de Inteligência, por meio das ações de coleta, no âmbito da própria agência de Inteligência, ou as buscas que se utilizam de meios especializados para se obter os dados negados.
A capacidade de coleta em fontes abertas é imensa, dependendo de a capacidade do analista de inteligência saber focar sua energia. Hoje em dia com as ferramentas de buscas computadorizadas é possível se afirmar que as ações de coleta e buscas aumentaram exponencialmente.
4º ESTÁGIO: AVALIAÇÃO DE DADOS:
A capacidade crítica da análise dos dados produzidos é o diferencial para o trabalho do Analista de Inteligência.
Em geral, a formação de um analista de inteligência requer tempo. Necessita de uma formação profissional ampla, com perfil capaz de entender diversos campos de conhecimento, e ainda a experiência no acompanhamento de fatos relacionados ao campo de conhecimento específico, como a estruturação do banco de dados necessários e o histórico dos fatos objeto de análise.
Para melhor trabalhar a capacidade de síntese e separar os Dados dos Conhecimentos divide-se os dados em pertinentes e não pertinentes:
• Separar as frações não pertinentes, separar o certo e o provável;
• Os dados pertinentes passarão a ser analisados sob a ótica do julgamento da fonte1: autenticidade, confiança e competência.
• Analisar os dados sob o julgamento do conteúdo2: coerência, compatibilidade e semelhança.
O sistema avaliativo era classificado por letras e números para se saber o nível de confiança de um determinado conhecimento. Considerando a dificuldade de compreensão por parte dos usuários (tomadores de decisão), pois nem sempre possuem conhecimentos na área de Inteligência, opta-se, atualmente, por uma elaboração de redação nos documentos de Inteligência que contenham os verbos próprios indicativos que descrevam cada situação fática.
(1 Autenticidade: separa-se Fonte de Canal (a Fonte é a detentora do dado e o Canal é o meio de transmissão);
Confiança: identifica-se antecedentes, padrão de vida, motivação e trabalhos anteriores em colaboração com a Agência de Inteligência;
Competência: verifica-se se o agente possui habilitação e condições de conhecer aqueles dados/conhecimentos.
A Fonte pode se apresentar como: Inteiramente Idônea, Normalmente Idônea, Regularmente Idônea, Normalmente Inidônea, Inidônea, Sem possibilidade de classificação.)
(2 Coerência: análise para saber eventuais contradições em seu conteúdo;
Compatibilidades: análise sobre o que se conhece dos fatos com o novo dado;
Semelhança: verifica-se se há outros dados com conteúdo semelhante.
O conteúdo pode ser:
· Confirmado por outras fontes;
· Provavelmente verdadeiro;
· Possivelmente verdadeiro;
· Duvidoso;
· Improvável;
· Veracidade não avaliada.)
5º ESTÁGIO: MOMENTO DA HIPÓTESE:
Neste estágio espera-se que se obtenha uma quantidade e qualidade de conhecimentos úteis ao processo decisório, com inferências e novos conceitos estabelecidos.
Para se estabelecer boas hipóteses se faz necessário que os analistas de inteligência tenham amplo acesso aos dados relevantes.
Apesar dos assuntos desenvolvidosna atividade de inteligência serem muito próximos aos estudados nas ciências sociais, a inteligência de regra atua sob o sigilo, considerando seus objetivos relacionados a segurança de Estado.
Nas hipóteses elencadas é possível também o uso de análises estatísticas, pois é uma ciência que traz excelentes contribuições para a atividade de inteligência e também aceitação nos meios científicos.
6º ESTÁGIO: APRESENTAÇÃO DO CONHECIMENTO:
É possível que Relatórios de Inteligência utilizem muitos documentos com longos textos e dezenas de páginas. Recomenda-se que seja realizado um documento resumo de no máximo 3 páginas, que terá seus aspectos fundamentais e a conclusão do conhecimento, uma vez que o usuário (tomador de decisão) não possui tempo nem conhecimento especializado para a análise das peças que compõem o relatório, precisando apenas do conhecimento produzido.
Elaboração de cenários futuros, são necessários:
• Identificação prévia dos fatores, com possibilidades de influência;
• Distinção entre fatos já ocorridos ou em curso que terão impacto no futuro;
• Reconhecimento dos fatos no estágio de diagnóstico do problema.
A partir do estudo dos fatores com possibilidade de influência serão obtidos os Eventos Futuros, que serão as hipóteses coerentes e plausíveis para um acontecimento futuro.
A construção de Cenários Futuros precisa delimitar:
• Cenários possíveis: relacionar de forma ampla e livre todos os fatores possíveis no lapso temporal estudado;
• Cenários desejáveis: elencar os fatores de influência desejáveis e os esforços necessários para se alcançar os objetivos preferidos;
• Cenários pessimistas: expor as consequências dos fatores que possam interferir negativamente nos objetivos esperados.
ATIVIDADES PROPOSTAS
1.A Atividade de Inteligência se baseia em diversos métodos aplicados nas Ciências Sociais para o desenvolvimento de suas pesquisas. Descreva os principais métodos científicos que proporcionam as bases lógicas para a produção de conhecimentos.
- De acordo com o conteúdo disposto na obra Métodos e Técnicas de Pesquisa Social (Gil, 2014, pág. 9, 10), temos:
Método Dedutivo, Método Indutivo, Método Hipotético-Dedutivo, Método Dialético, Método Fenomenológico.
2.Quais são os níveis dos conhecimentos de Inteligência produzidos quanto à importância institucional?
-Nível Estratégico, Nível Tático, Nível Operacional.
3.Quais são os parâmetros de análise dos dados sob a ótica do julgamento da fonte?
-Autenticidade, Confiança, Competência.
4.Quais são os parâmetros de análise dos dados sob a ótica do julgamento do conteúdo?
-Coerência, Compatibilidades, Semelhança.
5.Quais são os estágios possíveis para a produção de conhecimentos de Inteligência, com base em Sherman Kent?
-a) 1º Estágio: O problema; 2º Estágio: Análise do problema substantivo; 3º Estágio: Busca de dados; 4º Estágio: Avaliação de dados; 5º Estágio: Momento da hipótese; 6º Estágio: Apresentação do conhecimento.
6.Na elaboração de Cenários Futuros, cite os três tipos de cenários necessários para o Relatório de Inteligência?
-Cenários possíveis, Cenários desejáveis, Cenários pessimistas.
AULA 4: CONTRAINTELIGÊNCIA I
CONTRAINTELIGÊNCIA
A metodologia de produção de conhecimentos de inteligência está bem próxima da metodologia usada nas ciências sociais e delas pode se servir como apoio.
Conforme estudado na disciplina de Doutrina I, a Contrainteligência destina-se a produzir conhecimentos para proteger a atividade de Inteligência e a Instituição a que pertence, para prevenir, obstruir, detectar e neutralizar as ações adversas.
Como inteligência negativa, direciona seus esforços para os assuntos internos da instituição, funcionando também como agente de defesa institucional.
	Ramos da atividade de inteligência
	Inteligência
	Contrainteligência
	Atividade fim
	Proteção
As medidas de Contrainteligência estão inseridas em grupos que se apoiam e se complementam para:
	Proteção ao Conhecimento;
	Contraespionagem;
	Contrassabotagem;
	Contrapropaganda;
	Ações de Assuntos Internos, no campo da segurança pública em ações especializadas de combate a corrupção.
PLANO DE SEGURANÇA ORGÂNICA
Na Proteção ao Conhecimento, a Segurança Orgânica (SEGOR) é o conjunto de normas, medidas e procedimentos, de caráter eminentemente defensivo, destinado a garantir o funcionamento da instituição, de modo a prevenir e a obstruir as ações adversas de qualquer natureza. Objetiva assegurar a Proteção aos Bens Tangíveis e Intangíveis.
BENS TANGÍVEIS:
Estão ligados à proteção do pessoal, documentos, instalações, material, comunicações, operações e informática.
BENS INTANGÍVEIS:
São aqueles ligados à imagem, reputação, patente, propriedade intelectual, marca e ao símbolo.
O Plano de Segurança Orgânica (PLASEGOR), descrito para um Órgão de Inteligência, também serve para qualquer Órgão de segurança institucional que necessite de direção para elaborar documentos dessa natureza.
Um documento desta natureza é importante porque atribui responsabilidades, divisão de tarefas e organiza a segurança institucional, além de assessorar o nível gerencial, com as necessidades de alocação de recursos a fim de prover o sistema de segurança do Órgão.
Podemos pensar que situações de vulnerabilidade de nossas salas de trabalho e empresas estão longe de ocorrer, mas a imprevisibilidade faz parte de nosso mundo e quando lidamos com conhecimentos e documentos importantes o melhor caminho é uma organização efetiva para evitar complicações.
1ª DIRETRIZ: SEGURANÇA DE RECURSOS HUMANOS
Objetivos: assegurar comportamentos adequados à salvaguarda de conhecimentos e de dados sigilosos. Voltado para prevenir e obstruir as ações adversas de “infiltração”1 e “recrutamento”2 que possam ser utilizadas em decorrência de falhas no processo seletivo e no acompanhamento funcional dos servidores.
É necessário observar a necessidade de proteção física daqueles agentes detentores de conhecimentos e responsabilidades dentro do Órgão de Inteligência que, por motivo da natureza da função, requerem atenção especial.
(1 É a introdução de uma pessoa no alvo da operação, ou a colocação de um agente em área-alvo de território hostil ou dentro de grupos ou organizações alvos.)
(2 É o ato de convencer ou persuadir uma pessoa a trabalhar em benefício do órgão recrutador.)
1ª MEDIDA: SEGURANÇA NA ADMISSÃO:
As medidas de segurança na admissão do servidor objetivam impedir que agentes adversos consigam se infiltrar no Órgão de Inteligência ou na Instituição. A investigação de segurança é medida permanente do segmento de Contrainteligência. Essa investigação é comum para o ingresso de policiais, vigilantes de instituições financeiras e demais carreiras que de algum modo estarão lidando com a proteção de valores humanos e materiais.
AULA 5: CONTRAINTELIGÊNCIA II
CRIME ORGANIZADO
De acordo com a Convenção de Palermo (2000), “Grupo criminoso organizado” é o grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo e atuando concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na Convenção, para obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou um benefício material.
Na Lei 12.850/2013, o crime organizado é definido no art. 1º §1º:
“A associação de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que sejam de caráter transnacional.”
A Convenção de Palermo abordou alguns itens importantes para o combate ao crime organizado. É responsabilidade dos Países adotarem as seguintes medidas, entre outras:
	Criminalização da participação em um grupo criminoso organizado;
	Criminalização da lavagem do produto do crime;
	Medidas para combater a lavagem de dinheiro;
	Criminalização da corrupção;
	Responsabilidade das pessoas jurídicas;
	Cooperação internacional para efeitosde confisco de bens produtos de crimes transnacionais;
	Extradição;
	Assistência judiciária recíproca;
	Técnicas especiais de investigação;
	Proteção das testemunhas;
Com a adesão à Convenção, o Brasil procurou avançar em matérias de legislação de combate ao crime organizado:
  
Atualização da Lei antidrogas (Lei 11.343/2006)
  
Lei de combate ao crime organizado (Lei 12.850/2013)
              
Lei anticorrupção (Lei 12.846/2013)
A análise do fenômeno do crime organizado teve grande atualização, com o avanço tecnológico nos últimos anos, ampliando a capacidade de coleta de dados e de provas para o processo criminal.
Não devemos nos preocupar apenas com o fenômeno do crime organizado pelas lentes do poder judiciário, mas também realizar sua análise dentro do contexto sócio-político do qual estamos inseridos. De acordo com Miguel Reale:
Fatos históricos + Valores + Norma escrita = “Lei” stricto sensu.
O campo sociopolítico do fenômeno criminal pode proporcionar uma gama de conhecimentos úteis ao gestor/decisor como:
· Alocação de recursos para as polícias;
· Elaboração de leis mais efetivas;
· Fomento de políticas públicas para minimizar o problema;
· Conscientização da sociedade em campanhas educacionais;
· Destinação de incentivos de investimentos ao setor privado.
CRIME ORGANIZADO NO BRASIL
A produção de conhecimentos sobre o crime organizado demanda o acompanhamento em diferentes fontes:
FONTE POLICIAL:
As dinâmicas das estatísticas criminais e ‘modus operandi’ das ações criminosas podem inferir dados importantes ao mapeamento criminal. Assim como os conteúdos dos Inquéritos Policiais e Denúncias Criminais oferecidas pelo Ministério Público revelam aspectos sobre a motivação dos crimes e suas organizações internas.
FONTE ACADÊMICA:
Os estudos acadêmicos proporcionam a reflexão teórica dos fatores de influência do crime e manifestações sociológicas.
FONTE DE MÍDIA E REDES SOCIAIS:
O acompanhamento de tais ferramentas pode revelar tendências e dados úteis quanto à sensação de segurança e a formação da opinião pública.
FONTE POLÍTICA E ECONÔMICA:
O acompanhamento das altas esferas de poder e o trajeto percorrido pelo capital são fontes importantes para uma boa análise de inteligência.
O analista de Inteligência deve buscar as fontes originárias e estar alinhado com a realidade. Ainda que o analista tenha sua posição pessoal, ele deve se guiar pelo princípio da Imparcialidade. Em campo próprio, há a possibilidade de se emitir a opinião particular do agente.
AÇÕES DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
TRÁFICO DE DROGAS:
Cada Estado da Federação possui características próprias. Na Região Sudeste, facções criminosas como o Comando Vermelho, Terceiro Comando e Amigos dos Amigos são bem conhecidas no Rio de Janeiro, assim como o Primeiro Comando da Capital em São Paulo. As facções possuem grande poder econômico, poder de intimidação e histórico de enfrentamento direto com a Polícia. Importante para o setor de Inteligência saber que os principais produtores mundiais de cocaína se situam no continente Sul-americano, em países que fazem a fronteira direta com o Brasil. Na esfera internacional, temos os cartéis colombianos, que recebem a influência das Farcs, e os grupos mexicanos que possuem forte poderio e merecem um estudo detalhado pela proximidade com o Brasil.
MÁFIAS DE SERVIÇOS DE PROTEÇÃO:
São grupos criminosos que se utilizam da extorsão de comerciantes, com a obrigação de venda de produtos ilegais, o contrabando e a lavagem de dinheiro. Exemplo: as conhecidas máfias italianas e orientais.
MÁFIAS LIGADAS À CORRUPÇÃO:
Esses grupos estão envolvidos na corrupção de agentes públicos como as máfias que atuam no ramo da saúde pública, nas licitações dos governos, as máfias do comércio de combustíveis e previdência social, entre outras. Importante observar que cada uma possui seu próprio sistema de atuação.
MILÍCIAS:
A nova modalidade surgiu no Rio de Janeiro, com características parecidas com as máfias de proteção. No primeiro momento, com o argumento de se prevenir contra as ameaças de traficantes de drogas, houve uma adaptação no modo de atuação de justiçadores e grupos de extermínio, que começaram a ocupar territórios e explorar todas as atividades econômicas das localidades, lícitas e ilícitas; cobrança de taxas de proteção de comerciantes e moradores; taxas sobre venda de imóveis; serviços de comércio de gás e água; transporte alternativo; ameaças e homicídios de pequenos marginais e moradores que se opunham as suas táticas.
Com o avanço de atuação e a dificuldade de combate pelo poder público, além da mobilização da sociedade, foi editada a Lei nº 12.720, de 27 de setembro de 2012, que dispôs sobre o crime de extermínio de seres humanos.
MÁFIAS DO COLARINHO BRANCO:
Segundo Veras (2010), “os crimes do colarinho branco têm em comum os elementos de sua definição, elaborada por Sutherland, ou seja, são crimes cometidos por pessoas respeitáveis, com elevado status social, no exercício de sua profissão. Portanto, a pergunta que se deve formular é: por que pessoas respeitáveis de elevado status social cometem crimes no exercício de suas profissões?”
Os crimes do colarinho branco possuem, atualmente, um lugar de destaque no meio político no Brasil. Graças a um novo panorama da sociedade e à atuação firme de Polícia Federal, Ministério Público e Justiça. Para conhecermos a fundo a tipologia do crime, não basta verificarmos somente as notícias jornalísticas, mas precisamos buscar os meandros nas sentenças proferidas pela Justiça, cuja transparência proporciona uma efetiva ferramenta de divulgação e estudos avançados no tema. Exemplo: Acórdão da Ação penal 470, conhecido como Mensalão.
O crime organizado no Brasil não se resume apenas aos apresentados nesta aula. Existem, também, as máfias de exploração sexual, tráfico de pessoas etc. O importante para a atividade de Inteligência é o estudo sistemático das diversas modalidades, buscando dados em todos os ramos de conhecimento: criminológico, jurídico, sociopolítico, senso comum, mídia, entre outros, para a elaboração de conhecimentos úteis ao decisor.
A importância da produção de conhecimentos sobre o crime organizado fica clara com os atuais debates de liberação do uso de drogas, do contexto e consequências das audiências de custódias, do acúmulo de presos nos sistemas carcerários do País, de políticas públicas para a execução penal etc.
CONFLITOS SOCIAIS
O Brasil, aparentemente, possui uma sociedade coesa e que vive em harmonia. Contudo, não podemos nos esquecer que o caráter pacifista de nosso povo pode não ser uma realidade, considerando as estatísticas de cerca de 60 mil homicídios anuais.
Desigualdades sociais e aproveitamento político ideológico são ingredientes para a exaltação de conflitos. A existência de movimentos sociais que pleiteiam direitos legítimos na sociedade podem ser objeto de aproveitamento de pessoas com intenções inconfessáveis para a eclosão de conflitos sociais. Em 2013, uma parte da população ocupou as ruas diante da indignação popular com os rumos políticos do País.
A atividade de Inteligência deve conhecer os fundamentos dos movimentos sociais e suas degenerações, a fim de manter os decisores informados e aptos a gerir processos em andamento que possam influir na Paz Social.
Segundo Lakatos (1990), os movimentos sociais:
	São empreendimentos coletivos para estabelecer nova ordem de vida;
	Têm início em uma condição de inquietação;
	Derivam seu poder de motivação na insatisfação diante de uma forma corrente de vida, de um lado, e dos desejos e esperanças de um novo esquema ou sistema de viver, do outro;
	São elementos de grande importância em um Estado Democrático de Direito;
	Expõem à sociedade correntes culturais e descontentamentos sociais como marginalização de grupos vulneráveis e injustiças.
O estudo de conflitos sociais e revoluções auxiliam entender os resultados da falta de mecanismos de diálogos entre os atores sociais e a importância da mediação da política.
Exemplos disso sãoa Revoluções Francesa e Russa – são marcadores fundamentais para se entender o mundo moderno.
Apesar da importância histórica dos conflitos sociais que alteraram o modo de se enxergar o mundo, é importante ressaltar que houve grandes derramamentos de sangue e enaltecimento do ódio.
No mundo moderno, em que cada vez mais o progresso tecnológico e o uso racional do diálogo são fatores determinantes, a atividade de Inteligência pode funcionar como importante ferramenta para se evitar a degeneração dos movimentos, garantindo que as transformações na sociedade sejam realizadas sempre por meio de mecanismos pacíficos e pela política.
O analista de Inteligência deve ter a preocupação com o aproveitamento do movimento social por agentes com intenções maliciosas, por meio da chamada infowar (guerra de informações), com a difusão de notícias falsas, o fanatismo das pessoas envolvidas e seus financiadores (siga o dinheiro).
O evento que ocorreu no Brasil, em junho de 2013, merece um estudo específico. Uma manifestação na Avenida 23 de maio, em São Paulo, fechou a circulação de veículos. Cartazes, faixas e bandeiras com menções ao aumento de tarifas dos ônibus e ao “passe livre” foram o estopim para uma sequência de pneus e lixeiras queimadas e um conflito com a polícia desprevenida para o tumulto. Aquele evento acabou sendo o estopim para um grande movimento que se irradiou por todo o País.
A conclusão sobre as manifestações de 2013 e outros movimentos sociais no Brasil e no mundo é que o papel da boa política e a necessidade da representatividade de segmentos sociais, por partidos políticos, associações civis e movimentos sociais, são o caminho para se evitar o aproveitamento de agentes adversos e a consequente radicalização dos movimentos.
ATIVIDADES PROPOSTAS
1.Descreva as principais ações de Segurança Ativa contidas na Contrainteligência:
-As ações de Segurança Ativa versam sobre os temas contrapropaganda, contraespionagem, contrassabotagem e contraterrorismo. Pode-se acrescentar a Segurança de Assuntos Internos (SAI), também, como uma das vertentes de Segurança Ativa.
2.De acordo com a Convenção de Palermo, como podemos definir o crime organizado?
-De acordo com a Convenção de Palermo (2000) “Grupo criminoso organizado” é o grupo estruturado de três ou mais pessoas, existente há algum tempo, que atua concertadamente com o propósito de cometer uma ou mais infrações graves ou enunciadas na Convenção, para de obter, direta ou indiretamente, um benefício econômico ou outro benefício material.
Na lei 12.850 de 2013, o crime organizado é definido como a associação de quatro ou mais pessoas, estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda que informalmente, com objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos, ou que sejam de caráter transnacional.
3.Descreva no mínimo três itens constantes na Convenção de Palermo que são importantes para o combate ao crime organizado:
-• Criminalização da participação em um grupo criminoso organizado;
• Criminalização da lavagem do produto do crime;
• Medidas para combater a lavagem de dinheiro;
• Criminalização da corrupção;
• Responsabilidade das pessoas jurídicas;
• Otimizar os Processos judiciais, julgamento e sanções;
• Cooperação internacional para efeitos de confisco de bens produtos de crimes transnacionais;
• Extradição;
• Assistência judiciária recíproca;
• Técnicas especiais de investigação;
• Proteção das testemunhas.
4.Cite algumas das principais fontes de dados para a produção de conhecimentos de Inteligência no campo do crime organizado:
-Fonte Policial, Fonte Acadêmica, Fonte da Mídia e Redes Sociais, Fonte Político e Econômica.
5.Como podemos definir os movimentos sociais?
-São empreendimentos coletivos para estabelecer nova ordem de vida. Eles têm início em uma condição de inquietação e derivam seu poder de motivação na insatisfação diante de uma forma corrente de vida, de um lado, e dos desejos e esperanças de um novo esquema ou sistema de viver, do outro (LAKATOS, 1990).
AULA 6: CONTRAINTELIGÊNCIA III
“Somente quem tem o discernimento de um Sábio pode usar espiões; somente quem é benevolente e justo pode empregar espiões; somente quem é sutil e perspicaz pode perceber a substância dos relatórios da inteligência. É sutil, sutil! Não há nenhuma área em que não se empreguem espiões.”
ESPIONAGEM
O que é espionagem?
De acordo com o Decreto Federal nº 8.793, de 29 de junho de 2016, que fixa a Política Nacional de Inteligência, a espionagem pode ser caracterizada como a ação que visa à obtenção de conhecimentos ou dados sensíveis para beneficiar Estados, grupos de países, organizações, facções, grupos de interesse, empresas ou indivíduos.
Ações de espionagem podem afetar o desenvolvimento socioeconômico e comprometer a soberania nacional.
Há instituições e empresas brasileiras vulneráveis à espionagem, como as que atuam nas áreas econômico-financeira e científico-tecnológica. O acesso indevido a dados e conhecimentos sensíveis em desenvolvimento, bem como a interceptação ilegal de comunicação entre organizações para obtenção de informações estratégicas, têm sido recorrentes e causado significativa evasão de divisas.
Imagine um grande investimento de recursos humanos, econômicos e de tempo que uma empresa tenha para o desenvolvimento de uma tecnologia ou um novo medicamento. Em uma fração de segundos, todo o conhecimento produzido por anos pode ser repassado à empresa concorrente – que não teve qualquer gasto com tal desenvolvimento -, que passa a produzir a nova tecnologia, auferindo grandes lucros.
O exemplo descrito é uma realidade no mundo e afeta empresas com fins comerciais bem como países – em relação a conhecimentos estratégicos -, como tecnologia de armas, satélites e fontes de energia.
O tema da espionagem é atual e está permanentemente na agenda da inteligência estratégica, política, policial, jornalística e na indústria tecnológica.
TÉCNICAS DE ESPIONAGEM
A espionagem se baseia em ações dissimuladas que objetivam acessar dados e conhecimentos protegidos. Diversas técnicas são utilizadas, tanto utilizando a engenharia social como as ferramentas avançadas de Tecnologia de Informação.
TÉCNICAS DE ESPIONAGEM DE ENGENHARIA SOCIAL
As técnicas de espionagem de engenharia social usam a aproximação do espião com pessoas detentoras do conhecimento, ou que tenham acesso ao conhecimento (porteiros, seguranças, técnicos de laboratórios etc.) para a tentativa de obtenção dos dados por meio de entrevistas, recrutamento, comprometimento doa alvos, ou até mesmo por meios de coação para a obtenção do fim desejado.
Para uma efetiva proteção ao conhecimento é necessária a adoção de Protocolos de Segurança Orgânica e de Segurança Ativa para a detecção das ações adversas.
O jornal O Dia expôs de forma simples algumas ações de proteção ao conhecimento que são úteis a pessoas que lidam com conhecimentos sensíveis. Veja a seguir:
ONZE MANDAMENTOS DA SEGURANÇA NAS EMPRESAS
	1. Produzir um regulamento de segurança.
	2. Promover campanhas de conscientização da equipe.
	3. Não concentrar informações em um funcionário.
	4. Optar por ligação criptografadas na internet, como as do sistema Skype.
	5. Instalar no computador um roteador que limite o acesso dos funcionários a dados sigiloso.
	6. Incluir cláusulas de confidencialidade nos contratos com prestadoras de serviço.
	7. Fornecer senhas pessoais e intransferíveis para o uso de computadores e telefones.
	8. Proibir a consulta a dados sigilosos por meio de laptops em locais públicos.
	9. Envolver o menor número possível de empregados em ações estratégicas.
	10. Buscar referências dos profissionais antes da contratação.
	11. Manter os olhos atentos aos altos escalões: é de lá que vaza a maior parte das informações confidenciais.
A lista cita a criação de regulamento de segurança – o Plano de Segurança Orgânica; a campanha de conscientizaçãode equipe  Educação de Segurança; entre outras bem próximas aos conceitos da Atividade de Inteligência.
TÉCNICAS DE ESPIONAGEM DE TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO
Na Era Pós-Moderna em que vivemos, com o aumento progressivo da Tecnologia de Informação, a capacidade de comunicação e interação entre as pessoas é impressionante, o que torna cada vez mais fácil conseguir informações estratégicas.
Peck (2016) chama este novo mundo de Sociedade Convergente:
“A interatividade exige que empresas virtuais estejam preparadas para atender seus consumidores a qualquer tempo e em qualquer lugar. No mundo virtual e interativo, uma empresa sediada em Little Rock, Arkansas, vive com a possibilidade – e o risco – de interagir rapidamente com um consumidor de, digamos, Mendonza, Argentina, numa realidade impensável há pouquíssimo tempo.”
Vejamos um exemplo citado no livro ‘Guerra Cibernética’ sobre a preocupante espionagem digital (pág.52):
“Em 2009, pesquisadores canadenses descobriram um programa de computador altamente sofisticado, que eles apelidaram de GhostNet. Este programa havia invadido aproximadamente 1.300 computadores em embaixadas de vários países ao redor do mundo e tinha a capacidade de lidar remotamente a câmera e o microfone de um computador sem alertar o usuário, enviando imagens e sons para servidores na China. Os principais alvos do programa eram escritórios relacionados a organizações não governamentais que trabalham com questões tibetanas. A operação durou 22 meses até ser descoberta. No mesmo ano, a inteligência dos EUA deixou vazar para a imprensa que hackers chineses tinham invadido a rede elétrica do país e instalado ferramentas que poderiam ser usadas para derrubar a rede”.
As Diretrizes contidas na Política Nacional de Inteligência, Decreto nº 8.793, de 29 de junho de 2016, estabelecem os princípios:
PREVENIR AÇÕES DE ESPIONAGEM NO PAÍS:
O desenvolvimento de ações destinadas à obtenção de dados protegidos é fato usual e consolidado nas relações internacionais.
A diversidade de interesses e iniciativas com impacto regional e global vem aumentando continuamente.
Segredos militares, industriais (inovação e tecnologia) e de política externa são alvos preferenciais da espionagem estrangeira. Faz-se necessário identificar, avaliar e interpretar posturas externas, elencando aquelas que representem ameaças, prejuízos e comprometimento das políticas e planos nacionais.
AMPLIAR A CAPACIDADE DE DETECTAR, ACOMPANHAR E INFORMAR SOBRE AÇÕES ADVERSAS AOS INTERESSES DO ESTADO NO EXTERIOR:
O Brasil vem ampliando a sua atuação no cenário internacional e, não raro, ações de interesse estratégico para o País são executadas em regiões com elevado nível de tensão política e social ou em áreas de conflito.
Paralelamente, a cooperação técnico-científica mundial demanda a presença de especialistas brasileiros em vários pontos dos cinco continentes.
Nesse cenário, torna-se imprescindível para a Inteligência conhecer as principais ameaças e vulnerabilidades a que estão sujeitas as posições e os interesses nacionais no exterior, como forma de bem assessorar o chefe de Estado e os órgãos responsáveis pela consecução dos objetivos no exterior.
Devemos lembrar que a Atividade de Inteligência é uma atividade permanente, especializada e destinada à produção de conhecimentos oportunos destinados aos respectivos objetivos, de acordo com o campo de atuação.
Além da espionagem política-estratégica e tecnológica, há a espionagem na área policial, quando organizações criminosas buscam informações privilegiadas de ações policiais e dados de inquéritos, que irão permitir o desenvolvimento do crime de forma mais segura e longe da atuação repressiva da polícia.
CONTRAINTELIGÊNCIA
No campo da engenharia social é necessário conhecer os fatores motivacionais para que agentes sejam empenhados como espiões e/ou recrutados por agências adversas. Aqui entra a Contrainteligência para analisar perfis que possam tender a esse tipo de ações:
EGO
São alvos vulneráveis, pessoas que se deixam atrair por elogios físicos e intelectuais. Segundo Araújo (2004): “tipicamente, o oficial-recrutador inicia sua ação comprometendo o alvo, convidando-o, por exemplo, a escrever artigos para revistas ou jornal. Inicialmente, vai trabalhar com assuntos genéricos, e em seguida, com seu engajamento no trabalho é perguntado se pode escrever sobre assuntos mais sensíveis, buscando de certa forma, comprometê-lo com elogios, dinheiro, ou explorando seu espírito de aventura ou sua curiosidade”.
DINHEIRO
Atualmente, temos o problema que chamamos de super-endividamentos, em que pessoas acabam contraindo dívidas por vezes impagáveis. A ganância também é um elemento a ser destacado como motivação a recrutamento de pessoas para servir de espião.
IDEOLOGIA
Convicções políticas, religiosas, patriotismo são questões que podem envolver elementos motivacionais para o recrutamento de espiões.
VINGANÇA
O sentimento de ódio por pessoas ou grupos pode também motivar a realização de atos de espionagem que de alguma forma tenderá a prejudicar tais pessoas que são objeto do sentimento negativo.
AMOR/AMIZADE/GRATIDÃO
Sentimentos que acabam envolvendo pessoas para atos de espionagem. Existe um documentário antigo sobre a utilização de agentes Romeu pela antiga Alemanha Oriental para seduzirem secretárias de autoridades da Alemanha Ocidental e cooptá-las para trabalharem para os comunistas alemães.
Todos os itens de motivações relacionados ao recrutamento de espiões também podem ser utilizados para o recrutamento de sabotadores.
CONTRASSABOTAGEM
É mais um dos segmentos da Segurança Ativa (SEGAT), presente no Plano Nacional de Inteligência.
O QUE É SABOTAGEM?
É a ação deliberada, com efeitos físicos, materiais ou psicológicos, que visa destruir, danificar, comprometer ou inutilizar, total ou parcialmente, definitiva ou temporariamente, dados ou conhecimentos; ferramentas; materiais; matérias-primas; equipamentos; cadeias produtivas; instalações ou sistemas logísticos, sobretudo aqueles necessários ao funcionamento da infraestrutura crítica do País, com o objetivo de suspender ou paralisar o trabalho ou a capacidade de satisfação das necessidades gerais, essenciais e impreteríveis do Estado ou da população.
A projeção internacional do País e sua influência em vários temas globais atraem a atenção daqueles cujas pretensões se veem ameaçadas pelo processo de desenvolvimento nacional. A ocorrência de ações de sabotagem pode impedir ou dificultar a consecução de interesses estratégicos brasileiros.
Entre as ações contidas no Plano, há a necessidade de prevenção de ações de sabotagem. A posição mais relevante do País no cenário internacional aumenta o risco de se tornar alvo de ações de sabotagem, que visam a impedir ou a dificultar a consecução de seus interesses estratégicos.
As consequências de atos de sabotagem podem atingir pontos distintos de uma ampla escala, que vão da suspensão temporária até a paralisação total de atividades e serviços essenciais à população e ao Estado.
É necessário mapear os alvos potenciais para atos de sabotagem, com o intuito de detectar o planejamento de ações dessa natureza em seus estágios iniciais.
Segundo Clarke e Knake (2015) existem diversos relatos de ataques de Hackers contra sistemas de empresas e até de países com objetivos de coleta de dados sensíveis, e de danificar os respectivos sistemas.
A detecção de vulnerabilidades físicas para atos de sabotagem em instalações e serviços faz parte do trabalho da Contrainteligência, que poderá produzir conhecimentos para antecipar ações de proteção e neutralização dos atos.
ATIVIDADES PROPOSTAS
1.De acordo com a Política Nacional de Inteligência, como se pode caracterizar a espionagem?
-Ação que visa à obtenção de conhecimentos ou dados sensíveis para beneficiar Estados, grupos de países, organizações, facções, grupos de interesse, empresas ou indivíduos. Ações de espionagem que podem afetar o desenvolvimento socioeconômico e comprometer a soberania nacional. Há instituições eempresas brasileiras vulneráveis à espionagem, notadamente aquelas que atuam nas áreas econômico-financeira e científico-tecnológica. O acesso indevido a dados e conhecimentos sensíveis em desenvolvimento, bem como a interceptação ilegal de comunicações entre organizações para a obtenção de informações estratégicas, têm sido recorrentes e causado significativa evasão de divisas.
2.Cite ao menos três recomendações de ações de Contrainteligência para evitar ações de espionagem:
· -Elaboração de um Plano de Segurança Orgânica;
· Promover Educação de Segurança entre agentes;
· Acompanhamento de Recursos Humanos em situações de fragilidade emocional;
· Instituição de ferramentas de proteção de Tecnologia de Informação;
· Não concentrar informações sensíveis;
· Buscar referência de profissionais técnicos que tenham contrato com a instituição;
· Adoção de protocolos de Segurança em caso de vazamento de informações;
· Aplicação de técnicas operacionais de inteligência para monitorar e neutralizar ações de espionagem.
3.O que é a Contraespionagem? E a Contrassabotagem?
-Contraespionagem: medidas ativas destinadas a detectar e neutralizar operações de inteligência adversas. 
Contrassabotagem: medidas ativas destinadas a detectar e neutralizar atos de sabotagem contra instituições, pessoas, documentos, materiais, equipamentos e instalações.
AULA 7: CONTRAINTELIGÊNCIA IV
TERRORISMO
De acordo com o Decreto Federal nº 8.793, de 29 de junho de 2016, que fixa a Política Nacional de Inteligência, o terrorismo:
“É uma ameaça à paz e à segurança dos Estados. O Brasil solidariza-se com os países diretamente afetados por este fenômeno, condena enfaticamente as ações terroristas e é signatário de todos os instrumentos internacionais sobre a matéria. Implementa as resoluções pertinentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas. A temática é área de especial interesse e de acompanhamento sistemático por parte da Inteligência em âmbito mundial.
A prevenção e o combate a ações terroristas e a seu financiamento, visando a evitar que ocorram em território nacional ou que este seja utilizado para a prática daquelas ações em outros países, somente serão possíveis se realizados de forma coordenada e compartilhada entre os serviços de Inteligência nacionais e internacionais e, em âmbito interno, em parceria com os demais órgãos envolvidos nas áreas de defesa e segurança.”
A definição de terrorismo também foi tipificada na legislação penal extravagante, Lei nº 13.260, de 16 de março de 2016:
Art. 2º. “O terrorismo consiste na prática por um ou mais indivíduos dos atos previstos neste artigo, por razões de xenofobia, discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia e religião, quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado, expondo a perigo pessoa, patrimônio, a paz pública ou a incolumidade pública.”
A Lei 13.260/2006 teve atenção de evitar a criminalização de movimentos sociais:
Art. 2º V §2º. ”O disposto neste artigo não se aplica à conduta individual ou coletiva de pessoas em manifestações políticas, movimentos sociais, sindicais, religiosos, de classe ou de categoria profissional, direcionados por propósitos sociais ou reivindicatórios, visando a contestar, criticar, protestar ou apoiar, com o objetivo de defender direitos, garantias e liberdades constitucionais, sem prejuízo da tipificação penal contida em lei.”
O artigo 11 da mesma lei indica a competência:
	Para investigar os crimes de terrorismo, a Polícia Federal.
	Para processar, a Justiça Federal.
Apesar de a investigação criminal do terrorismo ser atribuída à Polícia Federal, os demais órgãos de Segurança Pública também estudam o fenômeno porque a ação de prevenção deve ser de interesse dos setores de inteligência, a fim de proporcionar uma produção de conhecimento efetiva sobre o assunto.
O treinamento dos agentes dos segmentos do poder público (guardas, bombeiros e policiais) e de agentes de segurança institucional (petrolíferas, metrô, energia, etc.) pode ser amparado por estudos de inteligência para direcionamento de atenção e ações para evitar ou minimizar os efeitos de um atentado.
Observa-se que as razões para enquadramento na lei 13.260/2016 são a xenofobia, a discriminação de raça, cor, etnia e religião e quando cometidos com a finalidade de provocar terror social ou generalizado. Desse modo, temos dois pontos de estudo:
TERRORISMO SECULAR
Os aspectos motivadores são xenofobia, discriminações de raça, cor, etnia e fatores político-ideológicos. São os que se ligam a movimentos separatistas de países, mudanças radicais de formas de governos, demandas raciais, entre outros.
Exemplo:
Brigadas Vermelhas (Brigadas Rojas) – Grupo armado fundado na Itália na década de 1970 por Renato Curcio, estudante universitário com ideais leninistas, que pretendia transformar o país em um estado socialista. O grupo praticou centenas de atentados à bomba, assassinatos e sequestros políticos (estes usados como ferramentas de troca para a libertação de presos ligados ao grupo). Seu atentado mais conhecido foi o sequestro e a morte do primeiro-ministro italiano e candidato à presidência do país, Aldo Moro, em 1970 (WOLOSZYN, 2010, pag. 22).
TERRORISMO RELIGIOSO
Os aspectos motivadores estão relacionados a crenças religiosas, movimentos apocalípticos prevendo o fim do mundo, e idealismo de salvação da humanidade.
O terrorismo religioso está ligado ao extremismo de interpretações de mandamentos religiosos com ações de fanáticos. Conhecido pelos atentados nas Torres Gêmeas, em Nova York, EUA, no ano de 2001, temos a atuação de grupos como a Al Qaeda como exemplo, que agrega as interpretações radicais do Islã para a expansão e destruição a todos os valores no mundo que se oponham aos seus preceitos.
Exemplo:
O atentado ao jornal satírico francês Charlie Hebdo, em 7 de janeiro de 2015, em Paris, resultando em doze pessoas mortas e cinco feridas gravemente. O ataque foi perpetrado pelos irmãos Saïd e Chérif Kouachi, vestidos de preto e armados com fuzis Kalashnikov, na sede do semanário no 11º arrondissement de Paris, supostamente como forma de protesto contra a edição Charia Hebdo, que ocasionou polêmica no mundo islâmico e foi recebida como um insulto aos muçulmanos. Mataram 12 pessoas, incluindo uma parte da equipe do Charlie Hebdo e dois agentes da polícia nacional francesa, ferindo mais outras 11 pessoas que estavam próximas ao local.
CONFIGURAÇÕES DO TERRORISMO
O mundo moderno está baseado nas interações entre os povos, no aumento de fluxos migratórios, principalmente na Europa, e no uso massivo da tecnologia. Isso acaba gerando novas configurações no fenômeno do terrorismo. Melo Neto (2002) expõe um quadro que analisa aspectos diferenciadores entre o velho terrorismo e as novas tendências:
· Velho terrorismo
· Novo terrorismo
Baseado em uma política e um objetivo preciso (independência, soberania e autonomia)
x
Baseado em causas duvidosas, sem objetivos precisos.
Praticado por grupos estabelecidos (ETA, IRA, Sendero Luminoso).
x
Praticado por uma extensa rede de organizações terrestres.
Patrocínio de países.
x
Sequestra países para operar a partir deles.
Pratica atos suicidas com número reduzido de vítimas.
x
Pratica ataques ousados e inesperados contra prédios e instalações civis e militares, com elevado número de vítimas.
Visa atacar uma instituição de um país amigo ou do próprio país onde opera.
x
Objetiva atacar todo um sistema (globalizado, capitalismo, neoliberalismo).
Praticado por grupos políticos e adeptos de guerrilha.
x
Praticado por militantes fanáticos e grupos religiosos.
É a manifestação da força.
x
É a expressão da fúria.
Visa alvos humanos (morte, sequestro de políticos, militares, empresários, magistrados etc.).
x
Visa alvos simbólicos (Pentágono, World Trade Center, embaixadas, navios etc.).
Atua em bases territoriais limitadas.
x
Atua indiscriminadamente em todo o mundo.
Fruto de um conflito local e de uma guerra civil circunscrita a um país

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