Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Resumo capítulo 40 Guyton. Transporte de O2 e CO2 no Sangue e Líquidos Corporais I- Transporte de O2 para os Tecidos Corporais: O oxigênio move-se dos alvéolos para o sangue dos capilares pulmonares porque a pressão parcial de O2 nos alvéolos é maior que no sangue capilar pulmonar. Nos outros tecidos do corpo, uma maior Po2 no sangue, promove a difusão do O2 para células adjacentes. 1) Difusão do O2 dos Alvéolos para o Sangue: O mecanismo de difusão é o mesmo apresentado acima. O oxigênio apresenta uma pressão parcial de 104 mmHg nos alvéolos e uma de 40 mmHg no sangue. Por esta razão ocorre a difusão. Durante um exercício intenso , o maior débito cardíaco promove um tempo reduzido de permanência do sangue nos alvéolos. Contudo, devido ao fator de segurança alveolar da difusão de O2 através da membrana pulmonar, o sangue torna-se quase saturado de oxigênio quando deixa os capilares pulmonares, o que pode ser explicado da seguinte forma: ▪ A capacidade de difusão do oxigênio praticamente triplica, devido ao aumento da área superficial dos capilares e também da razão ventilação-perfusão tornar-se mais próxima do ideal nas partes apicais dos pulmões; ▪ Em condições de não-exercício, percebe-se que o sangue torna-se quase saturado de oxigênio quando percorrer cerca de 1/3 da capilaridade pulmonar, recebendo pouco oxigênio adicional nos terços restantes. Ou seja, o sangue normalmente permanece nos capilares pulmonares cerca de três vezes mais tempo que o necessário. Portanto, durante o exercício, mesmo com um tempo de exposição diminuído, o sangue ainda assim torna-se totalmente oxigenado. 98% do sangue que entra no átrio esquerdo acabou de passar pelos pulmões e tornar-se oxigenado, com uma Po2 em torno de 104 mmHg. Os outros 2% que chegam ao átrio esquerdo vêm da aorta, através da circulação brônquica, que supre os tecidos pulmonares e não é exposta ao ar. Este fluxo de sangue é denominado “fluxo do desvio”, significando que o sangue é desviado além das trocas gasosas. Ao deixar os pulmões, a Po2 do sangue do desvio fica em torno de 40 mmHg, igual à pressão parcial de O2 do sangue venoso. Quando esse sangue se combina nas veias pulmonares com o sangue oxigenado dos capilares alveolares, essa chamada mistura venosa de sangue faz com que a Po2 do sangue que entra e é bombeado pelo coração esquerdo diminua para cerca de 95 mmHg. 2) O Papel da Hemoglobina: A hemoglobina transporta cerca de 97% do oxigênio na circulação; os outros 3% são transportados em estado dissolvido na água do plasma e das células sanguíneas. Quando a Po2 é alta, como nos capilares pulmonares, o oxigênio liga-se à hemoglobina, mas quando a Po2 é baixa, como nos capilares teciduais, o oxigênio é liberado da hemoglobina. Esta é a base de quase todo transporte de oxigênio dos pulmões para os tecidos. O percentual de saturação da hemoglobina é representada na curva de dissociação oxigênio- hemoglobina, que demonstra um aumento progressivo na porcentagem de hemoglobina ligada ao oxigênio à medida que a Po2 do sangue aumenta. A hemoglobina apresenta, ainda, um efeito “tampão”, não de pH, e sim de oxigênio tecidual, sendo responsável por estabilizar a pressão do oxigênio nos tecidos. Isso é explicado, pois a hemoglobina estabelece um limite superior na pressão de oxigênio nos tecidos em torno de 40 mmHg. Qualquer queda nessa pressão estimula a liberação de oxigênio pela hemoglobina. Isto 2 pode ser atingido por causa da inclinação abrupta da curva de dissociação e do aumento no fluxo de sangue tecidual causado pela queda da Po2; ou seja, uma ligeira queda na pressão parcial de oxigênio faz com que grandes quantidades extras sejam liberadas da hemoglobina. Além desse mecanismo “tampão”, há outro tipo de regulação. Quando a concentração atmosférica de O2 muda acentuadamente, o efeito tampão ainda mantém a Po2 tecidual constante. Isto é explicado claramente através da curva de dissociação da oxiemoglobina, onde uma Po2 de 60 mmHg ainda mantém a saturação de hemoglobina em 89%, 8% apenas abaixo do normal; e uma pressão de mais de 500 mmHg manteria a saturação em 100%, nunca acima disso. Portanto, variações brucas na pressão de oxigênio no sangue não afetam em grande escala a Po2 nos tecidos periféricos, graças a hemoglobina. 3) Fatores que Desviam a Curva de Dissociação de Oxiemoglobina: Uma série de fatores podem deslocar a curva de dissociação em uma direção ou outra. Quando o sangue torna-se ligeiramente ácido, com uma queda do pH do valor normal de 7,4 para 7,2, a curva desloca-se em média 15% para a direita. Por outro lado, um aumento no pH de 7,4 para 7,6, desloca a curva de maneira semelhante para a esquerda. Além das mudanças no pH, vários outros fatores deslocam a curva. Três deles, todos os quais deslocam a curva para a direita, são: ▪ Maior concentração de CO2 e H+; ▪ Aumento da temperatura corporal; ▪ Aumento do BPG, um composto de fosfato metabolicamente importante, presente no sangue em diferentes concentrações e sob diferentes condições metabólicas. O desvio da curva para a direita em resposta a aumentos nas concentrações de CO2 e H+ no sangue tem um efeito significativo de intensificar a liberação de oxigênio do sangue para os tecidos e intensificar a oxigenação do sangue nos pulmões. Trata-se do efeito Bohr, que pode ser assim explicado: quando o sangue atravessa os tecidos, CO2 difunde-se das células para o sangue, o que aumenta a Pco2 sanguínea, que, por sua vez, aumenta a concentração de H2CO3 e H+ no sangue. Tais efeitos deslocam a curva de dissociação de oxigênio-hemoglobina para baixo e para a direita, forçando o oxgiênio para fora da hemoglobina e, portanto, liberando quantidades maiores deste gás aos tecidos. Em condições hipóxicas que durem mais do que poucas horas, a quantidade de BPG no sangue aumenta consideravelmente, deslocando, assim, a curva ainda mais para a direita, fazendo com que o oxigênio seja liberado para os tecidos a uma Po2 tecidual de 10 mmHg maior do que seria sem tal aumento do BPG. Durante o exercício físico, vários fatores desviam a curva consideravelmente para a direita, liberando, assim, quantidades extras de oxigênio para as fibras musculares. Tais fibras, liberam quantidades maiores de CO2 durante o exercício, aumentando, assim, a concentração de H+ no sangue. Além disso, a temperatura muscular geralmente sobe de 2º a 3ºC, o que aumenta ainda mais a liberação de O2. 4) Combinação da Hemoglobina com o Monóxido de Carbono: O monóxido de carbono combina-se com a hemoglobina no mesmo ponto que esta combina-se com o oxigênio, podendo, portanto, deslocar o oxigênio da hemoglobina, diminuindo a capacidade de transporte deste gás. Ademais, o monóxido de carbono possui uma afinidade muito maior com a hemoglobina, cerca de 250 vezes maior. Portanto, uma pressão parcial de monóxido de carbono 250 vezes menor do que a do oxigênio – cerca de 0,4 mmHg – permite ao CO competir igualmente com o oxigênio na combinação com a hemoglobina, fazendo com que metade destas estejam saturadas de CO. 3 Um paciente gravemente intoxicado com CO pode ser tratado com administração de oxigênio puro, pois este em alta pressão alveolar pode deslocar o monóxido de carbono rapidamente da sua combinação com a hemoglobina. III- Transporte de CO2 no Sangue: 1) Formas Químicas no qual é Transportado: Uma pequena porção do CO2 é transportado na forma dissolvida até os pulmões, correspondendo a 7% de todo o dióxido de carbono do sangue. Dentro das hemácias, o CO2 reage com a água, por intermédio da anidrase carbônica , formando H2CO3, que em frações de segundos se dissocia em H+ e HCO3-. Grande parte desses íons hidrogênio combina-se com a hemoglobina, pois esta é um poderoso tampão ácido-base. Por sua vez, muitos íons bicarbonato difundem-sedas hemácias para o plasma, através da proteína carreadora de bicarbonato-cloreto que realiza o contratransporte do íon bicarbonato com o cloreto. Assim, o conteúdo de cloreto é maior nas hemácias venosas que nas arteriais, um fenômeno denominado desvio do cloreto. Essa combinação do dióxido de carbono com as hemácias corresponde a cerca de 70% do CO2 transportado dos tecidos para os pulmões. Além de reagir com a água, o CO2 reage diretamente com o radical amino da molécula de hemoglobina, formando a carbaminoemoglobina (CO2Hgb). Esta é uma reação reversível que ocorre com um elo fraco, de maneira que o CO2 é facilmente liberado para os alvéolos, onde a Pco2 é menor. O CO2 também reage da mesma maneira com as proteínas plasmáticas nos capilares teciduais. Assim, a quantidade de CO2 transportado na forma de carbamino, combinado com hemoglobina e proteína plasmáticas, representa cerca de 30%. Entretanto, como essa reação é bem mais lenta do que a reação com a água no interior das hemácias, é duvidoso, sob condições normais, que esse mecanismo carbamino transporte mais de 20% do CO2 total. 2) O Efeito Haldane: É o efeito contrário ao efeito Bohr, ou seja, a ligação do oxigênio com a hemoglobina tende a deslocar o dióxido de carbono do sangue. Resulta do simples fato de que a combinação do oxigênio com a hemoglobina nos pulmões, faz com que a hemoglobina se torne um ácido mais forte, o que desloca CO2 do sangue para os alvéolos de duas maneiras: ▪ Quanto mais ácida a hemoglobina, menos ela tende a se combinar com o CO2 para formar carbaminoemoglobina, deslocando, assim, grande parte do dióxido de carbono presente na forma carbamino do sangue; ▪ A maior acidez da hemoglobina também faz com que ela libere muitos íons hidrogênio, e estes se ligam aos íons bicarbonato do sangue para formar ácido carbônico, que se dissocia em água e dióxido de carbono; este, por sua vez, é liberado do sangue para os alvéolos.
Compartilhar