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Geotecnia Aula 7: Escala granulométrica de Wentworth. Tabela de classi�cação de solos. Ensaios geotécnicos laboratoriais. Apresentação Abordaremos algumas das escalas granulométricas mais usuais na Geotecnia e na Mecânica dos Solos, apresentando os principais ensaios geotécnicos laboratoriais e suas �nalidades. Objetivos Examinar o processo de formação dos solos através da ação do intemperismo; Identi�car a diversidade de granulometrias dos solos e demais resíduos decorrentes das rochas através de escalas consagradas; Analisar os principais ensaios geotécnicos laboratoriais. Ação do intemperismo e dos processos erosivos As rochas existentes na superfície da terra tendem a se degradar de forma lenta e contínua ao longo do tempo. Sabidamente, a velocidade dessa degradação é função da composição de cada tipo de rocha e dos agentes responsáveis por essa transformação. Quando esse fenômeno é natural e corresponde ao evento denominado intemperismo, o fator tempo implica nas modi�cações químicas e no desgaste físico das rochas proporcionalmente ao tempo de exposição à atmosfera, biosfera e hidrosfera. Sabe-se hoje que grande parte do material intemperizado passa pelo processo de erosão e posterior transporte por um dos agentes naturais, como os ventos, as chuvas, os rios, marés e outros, como a ação glacial. O intemperismo abre caminho para a erosão, que vai esculpindo uma nova paisagem nos materiais remanescentes. Chamam mais a atenção algumas �siogra�as grandiosas como nos vales �uviais e glaciais, trabalhados pelos rios e pelas geleiras, respectivamente. Em boa parte dos casos, as paisagens remanescentes dos processos de intemperismo e erosão são formadas por corpos que permanecem in loco. Nessa classe, incluem-se os matacões e blocos de rocha com suas feições modi�cadas. Arestas e vértices são desgastados inicialmente, a ponto de, após muito tempo, tenderem a uma forma quase esférica. Esse desgaste se dá nas superfícies mais expostas das rochas, preservando o núcleo de tal forma que, se quebramos uma rocha que sofreu intemperismo, veremos que internamente ela se apresenta cada vez mais inalterada. As rochas sofrem os efeitos fortes da temperatura de forma diferenciada: Da insolação ao resfriamento após o entardecer. ⇨ Isso é repetitivo, e faz com que, no passar do tempo geológico, tendam a desagregar- se segundo isotermas, ou seja, linhas de mesmo potencial térmico. De uma forma geral, o maior potencial de aquecimento se dá nos vértices e nas arestas dos blocos de rochas, quando estão bem expostos. Efeito do intemperismo sobre as rochas (Fonte: Shutterstock). Efeito do intemperismo sobre as rochas. (Fonte: Shutterstock). Efeito do intemperismo nas rochas – esfoliação esferoidal. (Fonte: Goecaching). Efeito do intemperismo nas rochas – esfoliação esferoidal. (Fonte: Goecaching). No geral, podemos relacionar os diversos fatores que determinam a alteração pelo intemperismo nas rochas: Clique nos botões para ver as informações. Refere-se à natureza dos minerais constituintes, à sua textura e estrutura cristalográ�ca. Alguns dos minerais constituintes das rochas são mais suscetíveis à alteração pelo intemperismo do que outros; Material Parental Há muitas evidências de que o clima é o fator que mais in�uencia o intemperismo, tanto através da sua intensidade quanto pelo tempo necessário para concretizar seu processo; Clima No que se refere à ação das águas, não há dúvidas de que sua velocidade, quando ela corre pela superfície, é regulada pela topogra�a regional e local, interferindo nos processos intempéricos e erosivos; Topogra�a Um dos fatores que mais regulam o PH das águas é a presença de CO2 nos poros dos solos, vazios originados pela decomposição de matéria orgânica; Biosfera Quanto tempo levará uma rocha para ser intemperizada? Esse tempo é regulado pela conjunção de fatores já descritos acima, ou seja, o material parental, o clima, a topogra�a e a participação da biosfera. Tempo A evolução mais super�cial do intemperismo resulta na formação dos solos. Quando esse processo ocorre em climas tropicais, com a frequente ocorrência de processos de lixiviação, há uma propensão a formar solos ricos em hidróxidos de ferro e alumínio, e estes passam a ser conhecidos como solos lateríticos. As diferentes dimensões nas partículas originadas em processos de erosão nas rochas justi�caram a formulação de mais de uma escala de granulometria para realçar as diferentes características dos solos. Por conta disto, elas abrangem variados espectros relacionados aos diversos diâmetros dos grãos. Tabela 1: Escalas granulométricas usuais Duas das escalas granulométricas mais conhecidas foram as criadas respectivamente pelo geólogo norte-americano Chester K. Wentworth, em 1922, e pelo químico sueco Albert Atterberg (mais tarde aperfeiçoada por Arthur Casagrande), que podem ser resumidas no quadro a seguir: Wentworth Atterberg Designação Diâmetro (mm) Diâmetro (mm) Matação > 256 200 Bloco 64 a 256 20 a 200 Seixo 4 a 64 2 a 20 Grânulo 2 a 4 - Areia grossa 1/4 a 2 0,2 a 2 Areia fina 1/16 a 1/4 0,02 a 0,2 Silte 1/256 0,002 a 0,02 Argila < 1/256 0,02 Os solos mais �nos são os que mais reagem aos fatores decorrentes das suas composições mineralógica e química, à sua estrutura atômica e à presença de água. Análise granulométrica do solo Determinação das dimensões das partículas presentes numa amostra de solo, expressa em percentagem. Consideram-se duas modalidades de ensaios: 1 Peneiramento Para partículas maiores do que 0,075mm 2 Sedimentação Para partículas menores do que 0,0075mm javascript:void(0); Ensaio de peneiramento Jogo de peneiras para ensaio de granulometria. Fonte: google. Procedimento: Baseia-se na vibração de forma uniforme de uma amostra de solo, através de um conjunto de peneiras apropriadas e padronizadas, tendo o mesmo diâmetro (203mm), sobrepostas de forma que tenham aberturas progressivamente menores até a base, onde deve permanecer uma peneira 200 (**0,075mm). Jogo de peneiras para ensaio de granulometria (Fonte: google). A massa de solo de cada peneira deve ser retirada e pesada com objetivo de determinar a percentagem em peso de cada faixa especi�cada de tamanho dos grãos. Assista ai vídeo sugerido em Explore + ,ao �nal desta aula. Uma vez conhecida essa distribuição, ela deverá ser representada numa curva. Inicialmente, procede-se a secagem do solo em estufa na temperatura padrão. Em seguida, o solo deve ser totalmente destorroado e lançado na pilha de peneiras, tendo embaixo da última um vasilhame de porcelana. Devem ser determinadas: A massa de solo retida em cada peneira e na cuba; A massa total de solo; A massa acumulada de solo retida acima de cada peneira; A massa de solo que passa através do somatório das peneiras; A porcentagem de solo que passa. Ensaio de sedimentação Aplica-se nas amostras de solos com percentuais signi�cativos materiais com �nas granulometrias, como é o caso das argilas. O comportamento dos solos, diante das tensões aplicadas e as deformações resultantes, confere a eles uma propriedade que, na engenharia, é denominada de consistência . ✗ Já a capacidade de um solo para suportar deformações sem apresentar alterações signi�cativas, mantendo seu volume estável e sem produzir �ssuras, caracterizará os solos com maior plasticidade . Um teste considerado bastante simples pode ser feito com uma pequena porção de argila ligeiramente úmida na palma da mão: Esfrega-se uma mão sobre a outra, várias vezes em sentidos opostos, estreitando cada vez mais o cilindro que se forma e observando se �ssuras estão sendo criadas ou não. O ensaio de sedimentação se realiza a partir do momento em que ocorre a deposição dos componentes da amostra de solo em um recipiente com água. Realização de ensaio de granulometria por sedimentação. (Fonte: Wikipedia). Os limites de consistência são baseados no conceito de que um solo pode se situar em qualquer dos quatro estados: Sólido, semissólido,plástico e líquido. Para isso, é necessário que seja constituído de partículas muito pequenas. 1 Plástico Quando o solo se mostra facilmente moldável (aparentando um macarrão), caracteriza-se seu; as mãos tendem a manter- se praticamente limpas. 2 Semissólido Caso o solo apresente retração progressiva, perda de umidade, e di�culdade em amoldar-se 3 Sólido Mesmo perdendo toda a umidade, o solo não perde volume. 4 Líquido Quando o solo apresenta teor de umidade muito elevado, assumindo aspecto de um �uido denso. As mudanças de estado dos solos decorrem de diferentes teores de umidade. A essas mudanças atribuem-se as seguintes nomenclaturas: 1 (LL) Limite de Liquidez Teor de umidade limítrofe entre o estado líquido e plástico; 2 (LP) Limite de Plasticidade Teor de umidade limítrofe entre o estado plástico do semissólido. Daí surgem escalas granulométricas com aceitação internacional, como a criada pela NBR 6502/95 da Associação Brasileira de Normas Técnicas, que de�ne: Clique nos botões para ver as informações. Fragmento de rocha, transportado ou não, com diâmetro superior a 1m. Bloco de rocha Fragmento de rocha, transportado ou não, comumente arredondado por ação do intemperismo, com dimensões compreendidas entre 200mm e 1m. Matacão Solo não coesivo e não plástico formado por minerais ou partículas de rochas com diâmetros compreendidos entre 0,06mm e 2,0mm. Tanto na Geotecnia quanto na Engenharia, adotam-se as frações: Areia grossa, média e �na. Areia Solo com baixa ou nenhuma plasticidade, que exibe baixa resistência quando seco ao ar. É formado por partículas com diâmetros compreendidos entre 0,002mm e 0,06mm. Silte Solo de granulação �na cujas partículas têm dimensões inferiores a 0,002mm, apresentando coesão e plasticidade. Argila A plasticidade de um solo é um termo de�nido como sendo a propriedade que ele apresenta de suportar deformações rápidas sem variação volumétrica apreciável e sem apresentar �ssuração. Para que a plasticidade possa manifestar-se em um solo é necessário que a forma de suas partículas �nas permita que elas deslizem umas sobre as outras, precisando haver água o su�ciente para atuar como lubri�cante. Ensaio de determinação do limite de liquidez A determinação do limite de liquidez se faz através de um aparelho de latão e uma base de borracha rígida. Uma porção pastosa de solo deve ser colocada na concha e nela deve ser aberto um sulco centralizado. A concha então é levantada a uma altura de 10mm, sendo aplicados 25 golpes, avaliando o teor de umidade necessário para fechar 12,7mm ao longo da parte inferior do sulco. Clique nos botões para ver as informações. É a relação entre o peso da água existente numa amostra de solo e o peso seco das partículas sólidas desta amostra, expressa em porcentagem. Determinação do teor de umidade do solo O ensaio de compressão simples, em amostra indeformada de solo, é realizado através da determinação da carga axial - referente a um único eixo, o vertical - necessária para romper um corpo de prova cilíndrico (CP), obedecendo a cuidados e critérios especiais. Ensaio de compressão simples - metodologia - �nalidade Denomina-se deformação especí�ca de um corpo de prova a diminuição da dimensão vertical (altura) que ocorre devido ao incremento de carga. O termo resistência à compressão refere- se à carga limite capaz de romper o corpo de prova quando submetido à carregamento axial. A aparelhagem principal consiste na prensa para carregamento, balança sensível, estufa para secagem de amostras, paquímetro, cronômetro, vasilha de porcelana, cápsulas de alumínio, dentre outros acessórios. O corpo de prova deve ser preparado nas dimensões padronizadas a partir de amostras de solos argilosos coletadas através de blocos moldados in situ, amostradores tipo Sheby ou amostradores tipo Denison. O ensaio pode ser realizado de duas formas: Compressão simples com deformação controlada: Controlando a velocidade de deformação do corpo de prova e medindo a carga aplicada. Carga controlada: Controlando a carga aplicada ao corpo de prova, e medindo a deformação, e medindo ainda a deformação correspondente. Na prática, o mecanismo do ensaio se dá através da colocação do corpo de prova entre os dois pratos do aparelho, de tal forma que, ao ser aplicada a carga, o corpo de prova vai sendo “imprensado”. As leituras se realizam num de�ectômetro das deformações correspondente a cada incremento de carga, num limite de tempo máximo de até 10 minutos. Equipamento para ensaio de compressão axial em solo.(Fonte: BISHOP e HENKEL, 1962). Ensaios de compressão triaxial Neste ensaio, as pressões de con�namento atuam tridimensionalmente, e devido à presença de água o corpo de prova �ca num ambiente hidrostático sob tensões. Destinam-se estas à medição de resistência e compressão do corpo de prova de solo ensaiado. As variações na drenagem delimitam a especi�cidade do ensaio, e são conhecidas como: CD: Adensado drenado; CU: Adensado não drenado; UU: Não drenado e não adensado. As tensões aplicadas nas amostras são atuantes na estrutura do solo ensaiado. As cargas são aplicadas no corpo de prova através de um pistão introduzido na câmara, e a carga será lida no anel dinamométrico externo ou por uma célula de carga. A ruptura dos solos tende a ocorrer por cisalhamento em planos nos quais a razão entre as tensões cisalhantes e normais atinge um valor crítico. Esses planos são conhecidos como planos de ruptura, e suas inclinações são função dos parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo. Atenção Aplicações importantes com os ensaios de compressão triaxial: Dentre as condições de engenharia em que é necessário conhecer a resistência do solo destacam-se: Obras de estabilização de taludes; Determinação da capacidade de carga de fundações; Empuxos de terra sobre estruturas de contenção. Nos ensaios de compressão triaxial, utilizam-se em geral corpos de prova cilíndricos com a relação altura/diâmetro da ordem de 2 a 2,5. Envolvidos por uma membrana �exível impermeável, devem permanecer dentro de uma câmara. Posteriormente, preenche-se a câmara com água para que, ao aplicar-se um incremento de pressão, imponha-se uma tensão con�nante no corpo de prova. O ensaio é realizado acrescentando-se a tensão vertical, que redistribui tensões de cisalhamento no solo, levando à ruptura ou atingindo um nível de deformação excessiva. As diversas conexões da câmara com o exterior de�nirão a ação adequada: Medir ou dissipar pressões de poro geradas, assim como as variações de volume do corpo de prova. É possível correlacionar o teor de umidade e o peso especí�co seco de um solo quando compactado com determinada energia. Ensaio CBR - índice de suporte Califórnia Trata-se de um ensaio desenvolvido inicialmente para apoiar projetos rodoviários, e que posteriormente passou a dar suporte a projetos que envolvem grandes áreas de aterros compactados, incluindo aeroportos. O método executivo considera a relação entre a pressão necessária para penetrar um pistão cilíndrico padronizado num corpo de prova de um determinado tipo de solo e a pressão necessária para penetrar esse mesmo pistão em uma porção de brita graduada padronizada. Assim sendo, ao obter-se um resultado de CBR=15%, entende-se que aquele solo representa 15% da resistência à penetração da brita padronizada. Atividade 1. Sobre a ação do intemperismo sobre as rochas super�ciais, não é correto a�rmar que: a) As rochas sofrem os efeitos da insolação durante o dia. b) O menor potencial de aquecimento se dá nos vértices e nas arestas dos blocos de rochas. c) As rochas sofrem os efeitos do resfriamento após o entardecer. d) As rochas tendem a desagregar-se segundo isotermas, ou seja, linhas de mesmo potencial térmico. 2. A ação do intemperismo pode resultar na formação dos solos. Em climas tropicais, com a frequente ocorrência de processos de lixiviação, situações favoráveis podem levar à formação de solos ricos em hidróxidosde ferro e de alumínio. Quando isto ocorre, estes solos passam a ser conhecidos como: a) Solos residuais. b) Solos coluvionares. c) Solos lateríticos. d) Solos lacustres. 3. Assinale, dentre as opções abaixo, aqueles considerados mais corriqueiros dentre os ensaios geotécnicos que podem ser executados com amostras deformadas nas obras de terraplanagem. a) Ensaio de compressão axial. b) Ensaio de compressão triaxial. c) Análise granulométrica do solo por peneiramento e por sedimentação. d) Ensaio de compressão axial e de compressão triaxial conjuntamente. 4. Baseia-se na vibração uniforme de uma amostra de solo, passando através de um conjunto de peneiras apropriadas, sobrepostas de forma que tenham aberturas de suas malhas progressivamente menores até a base. O ensaio descrito é: a) Ensaio de sedimentação. b) Ensaio de compressão axial. c) Ensaio de compressão triaxial. d) Ensaio de peneiramento. 5. Ao ensaio que visa a determinação das dimensões das partículas presentes numa amostra de solo, a ser expressa em percentagem, dá-se o nome de: a) Análise granulométrica do solo. b) CBR – Índice de suporte Califórnia. c) Compactação. d) Caracterização do estado semissólido da amostra. Notas Referências ABNT. Catálogo. Associação Brasileira de Normas Técnicas. Disponível em: https://www.abntcatalogo.com.br/. Acesso em 19 javascript:void(0); out. 2019. BRASIL. Sondagem para reconhecimento pelo método rotativo. Departamento Nacional de Estradas e Rodagem. Disponível em: //ipr.dnit.gov.br/normas-e-manuais/normas/procedimento-pro/dner-pro102-97.pdf. Acesso em 23 out.2019. DAS BRAJA, M. Fundamentos de engenharia geotécnica. Thomson Learning, 2007. LIMA, M.J.C.P.A. Prospecção geotécnica do subsolo. Livros Técnicos e Cientí�cos, 1979. MARANGON, M. Investigação geotécnica e parâmetros para fundações. Geotecnia de Fundações e Obras de Terra, 2018. Disponível em: //www.ufjf.br/nugeo/�les/2017/07/GEF03-Investiga%C3%A7%C3%A3o-Geot%C3%A9cnica-e- Par%C3%A2metros-para-Funda%C3%A7%C3%B5es-2018.pdf. Acesso em 24 out. 2019 Próxima aula Estabilização e contenção de taludes em solos; Monitoramento do lençol freático; Técnicas usuais de drenagem super�cial. Explore mais Assista ao vídeo Ensaio de Granulometria do Solo Assista ao vídeo Ensaio de granulometria - mesa vibratória e peneiras. Assista ao vídeo Determinação do limite de liquidez do solo. Assista ao vídeo Ensaio CBR - Índice de suporte califórnia - (Moldagem, expansão e penetração). javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0); javascript:void(0);
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