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LID
A
D
E
Cultura 
brasileira e 
interculturalidade
Iuri Aleksander Dias Fernandes de Souza
Cultura brasileira e 
interculturalidade
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
 Souza, Iuri Aleksander Dias Fernandes de 
 
 ISBN 978-85-8482-358-1 
 1. Identidade cultural. 2. Cultura - Brasil. 3. Cultura 
popular - Brasil. I. Título.
 CDD 981 
Dias Fernandes de Souza. – Londrina : Editora e 
Distribuidora Educacional S.A., 2016.
 184 p.
S719c Cultura brasileira e interculturalidade / Iuri Aleksander 
© 2016 por Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer 
modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo 
de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e 
Distribuidora Educacional S.A.
Presidente
Rodrigo Galindo
Vice-Presidente Acadêmico de Graduação
Mário Ghio Júnior
Conselho Acadêmico 
Dieter S. S. Paiva
Camila Cardoso Rotella
Emanuel Santana
Alberto S. Santana
Regina Cláudia da Silva Fiorin
Cristiane Lisandra Danna
Danielly Nunes Andrade Noé
Parecerista
Fábio Pires Gavião
Editoração
Emanuel Santana
Cristiane Lisandra Danna
André Augusto de Andrade Ramos
Daniel Roggeri Rosa
Adilson Braga Fontes
Diogo Ribeiro Garcia
eGTB Editora
2016
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
e-mail: editora.educacional@kroton.com.br
Homepage: http://www.kroton.com.br/
Unidade 1 | Cultura popular brasileira
Seção 1 - O sentido da cultura 
1.1 | Cultura popular: um conceito híbrido
Seção 2 - As manifestações da cultura no Brasil 
2.1 | Bumba-meu-boi
2.2 | Os festejos de carnaval
2.3 | Os batuques de terreiro: batidas vindas da África
2.4 | Festas juninas
2.5 | Congadas
2.6 | Folia de reis
2.7 | A cavalhada
2.8 | Lendas e mitos do folclore brasileiro
2.9 | Brincadeiras populares
Seção 3 - A cultura popular em tempos de globalização: do 
esvaziamento de sentido à ampliação de possibilidades 
3.1 | A cultura popular na globalização
Unidade 2 | Identidade cultural 
Seção 1 - Cultura e identidade 
1.1 | O que é cultura?
1.2 | A globalização, a cidade e as identidades
Seção 2 - Identidade Nacional 
2.1 | Construção histórica da identidade brasileira
2.2 | O que é ser brasileiro?
51
55
55
68
73
73
82
Unidade 3 | Manifestações artísticas
Seção 1 - Arte brasileira: da Pré-História ao início da república 
1.1 | Arte rupestre
1.2 | Arte marajoara e cultura Santarém
1.3 | O barroco brasileiro
1.4 | Missão Artística Francesa
1.5 | A Arte Acadêmica
93
97
97
98
100
106
108
Sumário
7
11
11
17
17
22
28
31
33
34
35
35
38
41
41
1.6 | A arte do início da República
Seção 2 - Arte moderna e contemporânea no Brasil 
2.1 | Modernismo
 2.1.1 | Semana de 22
 2.1.2 | Principais artistas do primeiro período modernista
2.2 | Segunda e terceira gerações dos modernistas brasileiros
2.3 | Arte contemporânea brasileira
 2.3.1 | Anos 1950
 2.3.2 | Anos 1960: Neoconcretismo e Tropicália
 2.3.4 | Anos 1970: a arte conceitual
 2.3.5 | Anos 1980: o retorno da pintura
 2.3.6 | Novos paradigmas: dos anos noventa até o presente
110
113
113
114
115
120
124
124
127
129
130
132
Unidade 4 | Arte e artesanato
Seção 1 - Artesanato: conceitos e funções 
1.1 | Arte e artesanato
1.2 | Conceitos básicos do artesanato brasileiro
 1.2.1 | Artesão
 1.2.2 | Mestre artesão
 1.2.3 | Arte popular
 1.2.4 | Trabalho manual
 1.2.5 | Matéria-prima
 1.2.6 | Técnica
1.3 | Funções do artesanato
Seção 2 - Diversidade: Materiais, Técnicas e Regionais 
2.1 | Materiais e técnicas
2.2 | O artesanato e as regiões
141
145 
145
147
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149
150
150
153
154
157
157
166
Apresentação
Olá, aluno! 
Apresento a você o livro da disciplina Cultura Brasileira e Interculturalidade. No 
correr das páginas, você terá a oportunidade de conhecer as diferentes expressões 
culturais e artísticas que estão presentes no nosso país, as suas origens e influências, 
bem como a importância delas na construção de uma identidade brasileira. 
O conteúdo será abordado de forma objetiva, clara e crítica. O importante, 
caro aluno, é que você consiga associá-lo a suas experiências de vida, para que ele 
se torne realmente significativo e o seu aprendizado aconteça de forma efetiva. 
Assim, espero que o livro possa auxiliá-lo e, também, instigá-lo nesta jornada que 
será desbravada a cada nova página.
A unidade 1, "Cultura Popular Brasileira", é constituída por três seções. Na 
primeira seção, "O sentido de cultura popular", o conceito de cultura popular será 
abordado sob a perspectiva de autores que o estudam. Na segunda seção, "As 
manifestações da cultura popular no Brasil", você terá a oportunidade de percorrer 
os diferentes lugares e modos de expressão da nossa sociedade. Já na terceira 
seção, "A cultura popular em tempos de globalização: do esvaziamento de sentido 
à ampliação de possibilidades", você perceberá que a tradição não é um elemento 
imóvel e que ela está em constante reformulação. 
Na unidade 2, "Identidade Cultural", será abordado o conceito de identidade, 
bem como o de cultura, globalização e todos seus desdobramentos, na 
tentativa de indicar uma possível identidade nacional dentro de uma conjuntura 
surpreendentemente complexa e diversificada que é nossa cultura. Na primeira 
seção, "Cultura e Identidade", você poderá conhecer aspectos e perfis que envolvem 
a noção de identidade, tendo como base a cultura brasileira, sendo exemplificada 
por meio de diversas manifestações artísticas e culturais. Na segunda seção, 
"Identidade Nacional", você entrará em contato com os diferentes diagnósticos da 
identidade nacional ao longo de nossa história e verá como ela se manifesta no 
indivíduo e nos povos que compõem uma nação.
Na unidade 3, "Manifestações Artísticas", você será levado a conhecer os períodos 
artísticos ocorridos no Brasil e poderá analisar de que modo se expressa a arte na 
atualidade. A primeira seção, "Arte brasileira: da pré-história ao início da república", 
irá apresentar a arte brasileira que compreende o período anterior à chegada dos 
portugueses até as suas influências clássicas e acadêmicas. Na segunda seção, 
"Modernismo e arte contemporânea no Brasil", traremos arte brasileira do século 
XX e XXI e seus principais nomes.
Por fim, a unidade 4, Arte e Artesanato, é composta por duas seções. Na 
primeira seção, "Artesanato: Conceitos e funções", serão expostas as prováveis 
significações, os conceitos práticos e as funções que o artesanato pode apresentar. 
Na segunda seção, "Diversidade: materiais, técnicas e regionais", você poderá 
observar os materiais e as técnicas mais comuns no artesanato brasileiro e como 
ele se estabelece nas diferentes regiões do Brasil.
Ótima leitura e bons estudos!
Unidade 1
CULTURA POPULAR BRASILEIRA
Nesta seção, iremos abordar o conceito de cultura popular tendo como base 
alguns autores que debatem esse termo, explanando pontos de vista diversos, 
tanto do passado como da atualidade.
Com o intuito de valorizar a diversidade cultural no cenário nacional, na 
segunda seção, você terá a chance de percorrer os diversos cantos do Brasil 
e perceber os modos como cada sociedade se expressa por intermédio de 
suas festas, danças e músicas. Também explanaremos os saberes populares 
transmitidos através das tradições orais que se manifestam nas lendas e 
costumes dos povos.
Já na terceira seção, o nosso foco está em mostrar que a tradição não é algo 
Seção 1 | O Sentido da Cultura Popular
Seção 2 | As Manifestações da Cultura Popular no Brasil
Seção 3 | A Cultura Popular em Tempos de Globalização: do 
Esvaziamento de Sentido à Ampliação de Possibilidades
Objetivos de aprendizagem 
O objetivo desta unidade é mostrar a importânciade conhecer os aspectos 
que caracterizam a cultura popular brasileira nas suas mais diversas manifestações. 
Você, leitor, perceberá que a cultura popular do Brasil e suas singularidades 
são resultantes de uma sociedade ricamente heterogênea, o que reflete em 
manifestações das mais variadas naturezas e traços.
Iuri Aleksander Dias Fernandes de Souza
Cultura popular brasileira
U1
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estático, que se mantém inalterado com o passar do tempo, mas, ao contrário, 
está sempre em constante reforma, sendo um misto de tradição e inovação, 
permanências e revoluções.
Cultura popular brasileira
U1
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Introdução à unidade
O que é cultura popular brasileira? Quais suas características? Qual a importância 
dela na constituição de uma identidade nacional? Nesta unidade, buscaremos 
responder a essas e outras questões. Para isso, faremos uma abordagem sobre as 
festas, danças, música, folclore, ritos e mitos, levantando os aspectos simbólicos 
e estéticos, assim como suas origens e as relações que estabelecem com as 
comunidades e os espaços no qual acontecem. Você poderá perceber que a 
cultura popular brasileira não está somente fundamentada em tradições imóveis no 
tempo e espaço, mas, antes, se manifesta em meio a inúmeras trocas e hibridações 
estabelecidas entre povos e suas culturas, bem como entre as heranças do passado 
e as novidades do presente.
Cultura popular brasileira
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Cultura popular brasileira
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Seção 1
O sentido de cultura popular
Nesta seção, iremos abordar as possíveis definições de cultura popular, apresentando 
diferentes pontos de vista. Você perceberá que o conceito de cultura popular não é 
estático e pode ser lido e interpretado de diferentes formas, de acordo com o tempo e 
o lugar. Veremos que, no passado, o popular, o erudito e a cultura de massa eram tidos 
como imutáveis, mas na contemporaneidade, cada vez mais tem-se aceito que essas 
três instâncias na verdade estão constantemente se interligando num processo de 
hibridação, e é esse pensamento que nos dará respaldo para tratar da cultura popular 
brasileira ao longo desta unidade.
1.1 Cultura popular: um conceito híbrido
Ao abordar a cultura na modernidade, Arão Souza (2010, p. 1) diz que “as 
sociedades (o ser humano) são moventes e, à medida que elas/eles se movem, o 
seu habitat se transforma, se reinventa”. Como ser movente, consequentemente, as 
culturas do homem também passam a ser. Ou seja, podemos dizer que a cultura é 
algo que está sempre se reinventando e estabelecendo trocas. Esse é o pensamento 
hegemônico sobre a cultura na atualidade. Mas ao voltarmos um pouco no tempo, 
veremos que ouve momentos em que essa ideia ainda não era percebida, ou era 
simplesmente ignorada pelos antropólogos em prol de classificações fechadas e 
lineares, como foi o próprio entendimento de cultura popular, tida como algo quase 
oposto ao erudito. Basicamente, presumia-se que a cultura popular, erudita e de 
massa não se misturavam, sendo cada uma detentora de definições específicas.
Algumas características estavam relacionadas a cada uma das culturas:
• A cultura popular era entendida como aquela que possui um caráter de tradição, 
ligada à oralidade, permanência e coletividade. Era normalmente associada aos 
camponeses.
Cultura popular brasileira
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12
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Festa_de_São_João!.jpg?uselang=pt-
br>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Fonte: Pixabay. Disponível em: <https://pixabay.com/pt/bal%C3%A9-bailarina-desempenho-534357/>. Acesso em: 29 mar. 
2016.
Figura 1.1 | Festa junina: cultura popular brasileira
Figura 1.2 | Ballet: cultura erudita
• A cultura erudita, por sua vez, valoriza o indivíduo criador, a obra pensada e 
racionalizada dentro de um processo de estudos. Apesar de ter entre seus criadores 
personagens de origens humildes, seus consumidores eram as classes mais 
abastadas.
Cultura popular brasileira
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• A cultura de massa seria aquela que se apropria da cultura popular e erudita 
transformando-as em produtos para serem reproduzidos e comercializados. É uma 
consequência do processo de industrialização e estava vinculada ao proletariado do 
meio urbano.
Porém, apesar dessas definições ainda serem usadas, segundo Néstor García 
Canclini, antropólogo argentino nascido em 1939 e pesquisador das culturas na 
contemporaneidade, “muitos são os fatos que vem conspirando contra essa rigorosa 
distinção entre os sistemas simbólicos” (CANCLINI, 1983, p. 52). Já Abreu (2003, p. 
Fonte: Istock. Disponível em: <http://www.istockphoto.com/vector/monster-stealing-a-pretty-lady-gm467825050-
61360038?st=a804c8a>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.3 | Histórias em quadrinhos: cultura de massa
Cultura popular brasileira
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9), seguindo na mesma linha do outro autor, irá dizer que “pensar a interação e 
compartilhamento entre estas culturas seria sempre uma boa opção”. Ou seja, apesar 
dessas três instâncias ainda serem utilizadas numa análise da estrutura cultural, seus 
limites nunca foram bem definidos e, de umas décadas pra cá, com o surgimento 
da cultura de massa, as fronteiras entre uma e outra têm se tornado cada vez mais 
difusas e maleáveis.
É possível ver a presença do popular no erudito, do massivo popular e do erudito 
no popular. Vocês conhecem as composições clássicas e as adaptações para 
corais de Heitor Villa-Lobos? Apesar de ser o protagonista da música modernista 
brasileira na primeira metade do século XX, encontramos em suas composições a 
incorporação de elementos da música popular. Muitas de suas canções carregavam 
a ousadia de uma estética modernista, em compasso com as influências de diversas 
regiões do Brasil. Por meio do canto de coral e da orquestra sinfônica, enalteceu 
cantigas infantis tradicionais, além de canções indígenas e negras.
E, nas bandas de tocadores presentes em diversas festas populares, você já 
percebeu que muitos instrumentos tocados eram usados em orquestras europeias? 
Alguns grupos populares se apropriaram de elementos tidos como da cultura “culta” 
ou erudita usando-os à sua maneira. Na tradicional procissão baiana da Nossa 
Fonte: Álbum Itaú Cultural. Disponível em: <http://albumitaucultural.org.br/radios/villa-lobos/>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.4 | Heitor Villa-Lobos
Ouça a interpretação do coral Madrigal Renascentista interpretando a 
adaptação de Villa-Lobos para "Nozani-ná", canção dos índios parecis:
YOUTUBE. Madrigal Renascentista - Nozani-ná (Villa-Lobos). 2015. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=LWItVl1n3LY>. 
Acesso em: 29 mar. 2016.
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Senhora da Boa Morte, em meio a outros instrumentos populares, encontramos 
violinos e clarinetes, típicos das orquestras sinfônicas de música erudita.
A partir de seus estudos sobre as culturas populares nos países latino-americanos, 
incluindo o Brasil, Canclini, em seu livro Culturas Híbridas: estratégias para entrar e 
sair da modernidade (1997), traçou o conceito de hibridismo. Segundo ele, o legado 
latino-americano de abrigar ao longo da história uma gama de diferentes povos 
levou à perpetuação de culturas ricas em misturas. 
No Brasil, as tradições populares ainda permanecem de modo bastante vivo na 
vida das pessoas. Podemos defini-las como o conjunto de criações e manifestações 
espontâneas, originais e autênticas, nascidas e consumidas pelos próprios sujeitos 
que as geraram. Porém, cada vez mais recebem influência das novas tendências da 
modernidade. Nisso, nossa cultura também acaba por se encontrar no misto daquilo 
que permanece através das tradições passadas de geração para geração, e das novas 
influências que surgem diante de um olhar crítico e criador das novas gerações.
Vendo a atual situação no que se refere às influências dos 
meios de comunicação e da globalização, você considera 
a possibilidade de que um dia a cultura popular possa vir a 
deixar de existir?
1. Quais são as três esferas que alguns teóricos do passadousavam como forma de categorizar diferentes culturas?
2. Dando sequência à questão anterior, tendo como base o 
pensamento de Néstor Canclini, pode-se dizer que essas três 
instâncias são independentes? Por quê?
Cultura popular brasileira
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Cultura popular brasileira
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Seção 2
As manifestações da cultura popular no Brasil 
Ao longo desta seção, vocês poderão conhecer uma pequena parcela da 
cultura popular brasileira por meio de suas manifestações nas festas, músicas, mitos, 
religiosidades e brincadeiras. Devido à imensa multiplicidade da cultura em nosso país, 
não será possível tratar de tudo que ela tem a oferecer. Porém, esperamos mostrar o 
quão rica e diversa é a expressão popular brasileira, traçando suas raízes, os diálogos 
entre as culturas negra, indígena e europeia e as suas diversas variações de acordo 
com as regiões. 
2.1 Bumba-meu-boi
Assim como o carnaval, a encenação do Bumba-meu-boi é uma das 
manifestações culturais mais conhecidas do Brasil. Ela é marcada pela incorporação 
de simbolismo religioso e assimilação das tradições culturais de diversos povos, 
revelando características que se moldam nas várias regiões do país, prevalecendo as 
culturas negra, indígena e europeia.
A tradição do Bumba-meu-boi é, antes de tudo, "uma grande celebração na qual 
se confundem fé, festa e arte, numa mistura de devoção, crenças, mitos, alegria, 
cores, dança, música, teatro, artesanato, entre outros elementos" (IPHAN, 2011, p. 
8). Em todas as festas de Bumba-meu-boi, prevalece na indumentária o colorido 
vibrante, o brilho, os símbolos, as texturas e o movimento, na utilização de elementos 
como as fitas, as lantejoulas, as miçangas, as plumas, os desenhos e os diversos 
tecidos. Diferente do que é hoje, houve um momento em que as festas de Bumba-
-meu-boi não eram bem aceitas pela comunidade branca, pois estavam ligadas às 
classes menos privilegiadas.
No século XIX, essa manifestação popular era vista como 
uma brincadeira agressiva, barulhenta e atentadora da moral. 
Daí ter sido proibida, censurada, controlada e repudiada 
Cultura popular brasileira
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publicamente pelas classes mais abastadas, sendo reprimida pelos 
órgãos estatais, chegando a ser proibida a sua apresentação, por 
ordem da polícia, no período de 1861 a 1867. Essa aversão se deu, 
pode-se dizer, por ser uma brincadeira produzida efetivamente 
por negros, escravos, índios e alguns mestiços dos setores 
populares (CASTRO, 2008, p. 7).
A música é um dos principais elementos da festa. Ela é resultado da combinação 
de músicos talentosos acompanhados de suas zabumbas, matracas, pandeiros e 
tambores; do canto coletivo de todos que participam e assistem; e do belo ritmo da 
toada, estilo musical de melodia simples que narra as peculiaridades os costumes 
regionais, podendo também abordar temas mais amplos, como problemas sociais, 
política, entre outros.
Apesar de se manifestar com características próprias de cada região, há alguns 
personagens comuns a todas as festas do Bumba-meu-boi, como o Pai Francisco, 
a Catirina e o próprio Boi, sendo que o enredo se desenvolve em torno desses 
personagens. O Pai Francisco, que surge como o vaqueiro, e Catirina, sua esposa 
grávida, que surge como a trabalhadora do campo, ambos representados como a 
figura do trabalhador negro, são presos pelos vaqueiros e/ou índios a mando do 
coronel após matarem o belo boi do patrão, para que a mulher pudesse satisfazer 
o desejo de comer a língua do animal. A custo de muita música e dança, o animal é 
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Boi-bumb%C3%A1#/media/
File:Festival_Folcl%C3%B3rico_de_Parintins.jpg>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.5 | A festa do Boi de Parintins
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revivido pelo pajé. Com sua volta, todos festejam o acontecimento. A moral do alto 
gira em torno da ideia de que, um dia, o boi deixe de pertencer ao patrão e torne-se 
do povo, como uma alegoria que representa o desejo de mudança e melhorias na 
vida do povo trabalhador.
Além dos personagens da trama central, outras figuras compõem a festa, tais 
como os brincantes, os caboclos, as índias, os vaqueiros, os instrumentistas e os 
personagens folclóricos próprios de cada região.
Como foi dito anteriormente, existem diversas expressões do boi no território 
nacional, sendo a festa do Boi de Parintins, certamente, a maior e mais conhecida. 
Nela, o momento mais importante é a disputa entre os bois Garantido (branco) e 
Caprichoso (preto) que disputam a simpatia do público, vencendo aquele que, com 
sua dança, fizer o público mais se animar. O Boi de Parintins é marcado pela forte 
presença dos caboclos e das tribos indígenas, bem como de figuras lendárias da 
Amazônia, como o Curupira. Inspirado na cultura negra e indígena, o Boi de Parintins 
surge como uma forma de valorização e preservação da identidade regional 
amazonense.
Fonte: Anderson França. Disponível em: <http://maranhaomaravilha.blogspot.com.br/2014/03/carnaval-na-passarela-chega-
ao-fim-com.html>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.6 | Catirina e pai Francisco na festa do boi do Maranhão
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Fonte: Melhores Destinos. Disponível em: <https://osmelhoresdestinos.wordpress.com/2015/06/17/desbravando-a-
amazonia/>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.7 | Garantido e caprichoso: festa do Boi de Parintins
Nos primórdios de seu surgimento, a festa do boi no Amazonas acontecia de 
forma simples nas ruas, casas e quintais, mas, com o tempo, devido ao aumento de 
seu prestígio e número de adeptos, passou a ser realizada em uma grande arena e a 
receber altos investimentos e atenção midiática.
No Maranhão, a festa do Bumba-meu-boi é o principal evento das comemorações 
juninas, marcadas como homenagem a São João, Santo Antônio e São Pedro. É 
contextualizada pelo período colonial, enfatizando como questões centrais a 
escravidão, o trabalho nas lavouras e a religiosidade cristã. O Boi de Reis de Minas e 
Pernambuco, diferente das demais festas do boi que se desenvolvem junto com as 
comemorações juninas, acontece no compasso das Folias de Reis, unindo a temática 
do nascimento de Jesus e dos três Reis Magos, com o folguedo do Bumba-meu-boi.
Apesar da beleza exuberante e da grandiosidade da festa do Boi de 
Parintins, hoje conhecida como a segunda maior festa popular do 
mundo, atrás apenas do carnaval, muito se tem questionado sobre o 
excesso de espetacularização da festa. Seus críticos falam da perda do 
sentido original do cortejo do boi na relação com o povo, que produz e 
assiste, para surgir como um grande entretimento de massa, envolvendo 
estratégias para atrair investimento capital e visibilidade nacional e 
internacional. Diz-se de um desenraizamento da cultura popular para 
buscar estratégias inovadoras para capturar seus espectadores.
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Fonte: Diário do Sol. Disponível em: <http://diariodosol.com.br/noticias/2013/08/boi-de-reis-e-o-coco-de-roda-em-
mipibu/>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Fonte: Espaço Cultural Casa do Bruxo. Disponível em: <http://casadobruxoespacocultural.blogspot.com.br/p/cultura-
popular-de-santa-catarina.html>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.8 | O Bumba-meu-boi na Festa de Reis
Figura 1.9 | A Bernúncia
O boi de Mamão, por sua vez, espalhou-se pela região sul do Brasil, agregando-se 
à cultura tradicional gaúcha por meio da incorporação dos vaqueiros e das prendas. 
Além do boi, outro personagem icônico dessa festa é a Bernúncia, espécie de bicho-
-papão que assusta as crianças.
Podemos citar, também, a festa do Cavalo-Marinho nordestino, que, apesar do 
nome, é fundamentada no auto do Bumba-meu-boi. Nessa festa, o boi divide o 
protagonismo com o coronel montado em seu cavalo alegórico. Um momento 
marcante é a dança dos arcos, na qual os brincantes se cruzam, movimentando 
belos arcos cobertos de fitas coloridas. 
Cultura popular brasileira
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Fonte: Arte Educação. Disponível em:<http://arteeducacao2011.blogspot.com.br/2011/09/cavalo-marinho-do-mestre-
zequinha.html>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.10 | Dança dos arcos
Como pudemos ver, a festa de Bumba-meu-boi se espalhou por todo o Brasil, 
adquirindo singularidades próprias ligadas às culturas locais, todas dotadas de beleza 
e significados particulares. Isso se deve tanto pela extensão do nosso território como, 
principalmente, pela heterogeneidade cultural construída ao longo da história do 
país.
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) tem 
disponível em seu site o dossiê do registro do Bumba-meu-boi como 
Patrimônio Cultural do Brasil. Ele contém informações sobre a história e 
os saberes e tradições que envolvem a festa do boi do Maranhão. Dispõe 
também de um rico acervo de imagens referentes à festa. Confira:
IPHAN. Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Disponível 
em: <http://portal.iphan.gov.br/>. Acesso em: 29 mar. 2016.
2.2 Os festejos de carnaval
As festas de carnaval, apesar do aparente caráter profano, têm suas origens 
ligadas à religião católica. Tradicionalmente, seus preparativos iniciam-se logo após 
os festejos natalinos e vão até a quarta-feira de cinzas. Mas, dependendo da cultura 
de cada lugar, podem haver comemorações antes ou após este período. A origem 
da festa remonta aos antigos bailes de máscaras de Veneza e da França. A partir 
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Fonte: Arqtodesca. Disponível em: <http://arqtodescadois.blogspot.com.br/2010/11/brasil-1818.html>. Acesso em: 29 mar. 
2016.
Figura 1.11 | Jean-Baptiste Debret, Marimba (Passeio de domingo à tarde), 1826
do século XIX, chega ao Brasil trazido pelos portugueses e, muito diferente do que 
é hoje, era festejado apenas pela aristocracia do Rio de Janeiro. Porém, as classes 
menos favorecidas economicamente, predominantemente formadas por negros, 
passaram a fazer seus próprios carnavais e, influenciadas pelas músicas e danças de 
origem africanas, formaram os blocos e os cordões de carnaval presentes até hoje.
No Rio de Janeiro, além dos blocos de rua, nasceram as escolas de samba que até 
hoje organizam anualmente grandes desfiles de carros alegóricos. Como o próprio 
nome diz, o samba é o ritmo predominante, seja na bateria, no samba-enredo ou 
entre as passistas. O cortejo das escolas é dividido em alas, sendo elas a comissão de 
frente, o mestre-sala e a porta-bandeira, as baianas, a bateria e as alegorias. A comissão 
de frente tem por função abrir o desfile saudando o público e apresentando o samba 
enredo. O mestre-sala e a porta-bandeira são a representação da nobreza do século 
XVIII, trajando fantasias volumosas, com muito brilho e detalhes. A ala das baianas é 
uma homenagem às tias que amparavam os sambistas no passado e é também uma 
A palavra “carnaval” tem sua origem na expressão italiana carne levare, 
que significa “adeus à carne”, numa referência ao período abstinência 
e jejum da quaresma, quando os fiéis deveriam abdicar das tentações 
mundanas, entre elas, comer carne.
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referência às origens do próprio samba na Bahia. A bateria é formada pelos músicos 
que tocam, entre outros instrumentos, tamborim, pandeiro, reco-reco, tarol, cuíca e 
repinique. Já a ala alegoria tem como principal função ilustrar, por meio das fantasias 
e carros alegóricos, o tema abordado no samba-enredo. Ao final, o que permanece 
é a alegria das passistas, a tradição e as raízes das baianas, a euforia da bateria e a 
exuberância e imponência das fantasias e carros alegóricos.
Ainda no Rio de Janeiro, sobretudo nas periferias, encontramos nos dias de 
carnaval os Bate-bolas, ou simplesmente Clóvis. Foliões trajando coloridas e 
impetuosas fantasias de palhaços saem pelas ruas importunando as pessoas que 
encontram pelo caminho. No passado, cada mascarado levava nas mãos uma 
bola de cheiro forte feita de bexiga de boi, fazendo com que as pessoas corressem 
amedrontadas. Hoje, além das máscaras, casacas, sombrinhas, bandeiras e bonecos, 
cada um segue batendo uma bola de plástico no chão, o que aumenta ainda mais a 
apreensão daqueles que perambulam pelas ruas.
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:GRES_Portela_in_2009_-_Mestre_
sala_e_Porta_Bandeira_(3507377591).jpg?uselang=pt>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Fonte: Imagens do Povo. Disponível em: <http://www.imagensdopovo.org.br/blogip/page/14/>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.12 | Mestre-sala e porta-bandeira da Portela 
Figura 1.13 | Grupo de bate-bolas do Rio do Janeiro
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Na Bahia, a principal marca do carnaval são as folias nas ruas ao ritmo do axé e 
dos trios elétricos. Assim como o carioca, o carnaval de rua baiano, originalmente 
ligado às classes mais pobres, surgiu em oposição aos carnavais em clubes privados. 
A partir do sexto dia que antecede a quarta-feira de cinzas, os blocos e os foliões 
saem para as ruas de Salvador atrás do trio elétrico, que pode ser um caminhão ou 
ônibus, local onde ficam os músicos que animam a festa. 
Dentre os elementos mais tradicionais e emblemáticos estão os blocos afros e os 
afoxés. O primeiro bloco de designação afro foi o Ile Aiyê, sendo ainda hoje o maior 
e mais influente. A principal marca do Ile Aiyê e de outros é exaltação da cultura 
afro-brasileira, que se evidencia por meio dos cânticos cadenciados ao ritmo dos 
tambores; da vestimenta, em que as padronagens geométricas e o colorido fazem 
referência às indumentárias típicas de povos africanos; e do movimento presente 
na dança que evidencia a relação com os rituais do candomblé, religião de origem 
afro praticada no Brasil. Uma característica marcante desses blocos é a postura em 
relação a questões sociais, como afirma Elias Guimarães (2001, p. 3):
Ou seja, os blocos afros têm como principal fundamento a preservação e 
propagação da cultura afro-brasileira por meio dos elementos estéticos e artísticos, 
bem como pela valorização do negro, agindo socialmente dentro das comunidades 
e pela mídia no combate ao racismo e aos processos de exclusão social. 
Fonte: Decolar. Disponível em: <http://www.decolar.com/blog/eventos/carnaval-de-salvador>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.14 | Multidão no carnaval de Salvador
O movimento realiza não somente as atividades carnavalescas, 
mas também ações sociais, como a luta contra o racismo e a 
discriminação, conjugando vontades, interesses, apropriação 
de espaços, postura de resistência, consciência e valorização 
do ser negro.
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Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Il%C3%AA_Aiy%C3%AA_
(6472510471).jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.15 | Bloco Ile aiyê 
Como os blocos afros, os afoxés se tornaram símbolo do carnaval baiano e de 
expressão afro. Influenciados pela cultura dos povos iorubas africanos, os seguidores 
do afoxé são, em geral, adeptos do candomblé. Levam para as ruas nos dias de 
carnaval, além da animação e das mensagens de paz, um pouco dos ritos e da 
cultura dos terreiros.
Há muito tempo, o maior e, para muitos, o mais belo afoxé na Bahia foi o grupo 
Filhos de Gandhy, propagadores da cultura Nagô. Desde seu surgimento, na década 
de 1940, seus integrantes esforçam-se em preservar os aspectos tradicionais do 
grupo, que vai desde a clássica indumentária azul e branca, os turbantes, colares, 
até a restrição à partição de mulheres. Também existe um esforço em manter o 
comportamento e os princípios durante os desfiles. 
Toda a estrutura dessa festa provém da ritualidade, as roupas 
são ricamente ornamentadas com panos-da-costa, fios de 
conta e torso nas cores do orixá patrono; o ritmo musical é o 
“Ijexá”, que, proveniente do candomblé, além de caracterizar 
a musicalidade também define os mitos da cultura ioruba. Os 
instrumentos do “Ijexá” são os agbê’s, atabaques, agogôs e 
xequerês; a dança é ritmada da mesma forma em que ocorre 
no terreiro,pois na verdade tratam-se de homenagens aos 
orixás, tendo por vezes algumas pessoas vestidas com a roupa 
que simboliza o Orixá (MATRICARDI, 2011, p. 2).
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Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Filhos_de_Gandhy_-_Bahia.
jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.16 | Filhos de Gandhy 
Já em Pernambuco, a maior expressão do carnaval é o Frevo. Surgiu, entre o 
século XIX e XX, da combinação de ritmos, como as polcas, a capoeira, o ballet, as 
marchinhas carnavalescas e as bandas marciais. Toda essa mistura resultou em uma 
dança alegre e colorida, rica em acrobacias e expressividade. Assim como em outras 
festas, o frevo deriva da união de expressões da cultura erudita, como o ballet, em 
comunhão com as de origem popular, tal como a capoeira e as marchinhas. 
Além dos movimentos complexos (ao mesmo tempo alegres e cativantes), 
algumas das suas principais características são o colorido dos trajes e a sombrinha, 
que se tornou o símbolo da festa. Apesar de ser uma expressão tipicamente 
pernambucana, e sua prática ainda se restringir ao nordeste, o frevo é conhecido 
em todo Brasil, dado seu poder de encantamento.
O nome “Filhos de Gandhy” é uma homenagem ao líder religioso indiano 
Mahatma Gandhi, um dos mais conhecidos disseminadores dos princípios 
de paz e não violência.
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Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Passistas_de_Frevo.jpg?uselang=pt-
br>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.17 | Passistas de frevo
2.3 Os batuques de terreiro: batidas vindas da África
Os escravos que vieram da África para o Brasil não trouxeram somente seus braços 
e mãos para o trabalho forçado nas lavouras e casas dos senhores de engenho, mas 
nos presentearam com os ritmos dos tambores tocados no outro lado do Atlântico. 
Em seus momentos de folgas, os escravos africanos se reuniam para fazer suas 
festas e tocar seus tambores e festejar os batuques. 
A própria palavra do ponto de vista etimológico tem origem no continente africano. 
Segundo Luis Nassif (2015), “a palavra ‘Batuque’ se originou da palavra ‘Batukajé’, um 
termo Bantu, numa referência ao bater dos tambores”. Vale também ressaltar a relação 
dos batuques de terreiro com o candomblé, em que o próprio tambor é tido como 
um instrumento sagrado, sendo tocado do início ao fim das cerimônias. Atualmente, 
os ritmos de batuque se espalharam de norte a sul do Brasil, adquirindo formas 
específicas ligadas as suas origens e contexto no qual se inserem hoje.
Todas elas se combinaram e recombinaram, tanto entre si 
quanto com outras danças, de maneira a dar uma grande 
variedade de espécies herdeiras do batuque. Essas danças se 
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Entre as diferentes manifestações dos batuques, podemos citar o jongo, o 
batuque de umbigada, o tambor de crioula, o samba de roda e de partido alto, entre 
outros.
O jongo é uma dança de roda que se mantém desde os tempos da escravidão. 
Alguns homens tocam seus atabaques, enquanto que os demais, juntamente com 
as mulheres, dançam ao toque das batidas. No centro, um casal dança de forma 
mais enérgica. Uma figura importante na festa é o jongueiro que narra o “ponto”, 
espécie de charada cantada em versos que deve ser decifrada pelo oponente.
O batuque de umbigada leva esse nome pela presença de um movimento 
conhecido como “punga”, no qual os dançarinos impulsionam a cintura um em 
direção ao outro, tocando suas barrigas. Esse movimento representa a fertilidade, a 
fecundidade da vida, seja do ser humano, do plantio ou da colheita na lavoura.
distribuíram por todo o Brasil, marcadas por três grandes zonas de 
incidência, onde evoluíram distintamente da dança rural, diversão 
de escravos para dança urbana e mesmo social (SANTOS FILHO, 
2008, p. 44).
Se os Estados Unidos também tiveram mãos de obra de escravos vindos 
do continente africano, por que lá não possui, como no Brasil, os sons 
regados aos tambores?
Isso se deve a uma lei que proibia os negros de tocar seus instrumentos, 
pois os brancos presumiam que as festas com batuques sempre 
antecediam rebeliões e protestos dos escravos. Sem os tambores, os 
negros tinham como únicos instrumentos as mãos, os pés e a voz. Isso 
levou ao surgimento desde os cânticos gospel até a capela, ritmados 
pelas palmas e pelo sapateado. 
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Fonte: A Roda dos Brincantes. Disponível em: <http://arodadosbrincantes.blogspot.com.br/2012/03/dancas-de-umbigada.
html>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Fonte: IPHAN. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/63>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.18 | A Punga no batuque de umbigada
Figura 1.19 | Tambor de crioula
O tambor de crioula é uma festa para homenagear São Benedito e pode acontecer 
nos festejos juninos, como a celebração do Bumba-meu-boi. Assim como em outros 
batuques, estão presentes os tocadores de atabaque e a punga, mas uma de suas 
particularidades é que as mulheres dançam e rodopiam, levantando lindas e leves 
saias de padrões florais.
O samba de roda surgido na Bahia no século XIX e dançado principalmente pelos 
trabalhadores negros das lavouras de cana pode ser considerado o pai do samba 
moderno. Como outros batuques, é organizado em formato de roda, sendo que, 
ao centro, um único dançarino samba, enquanto que os demais integrantes cantam 
e tocam instrumentos como pandeiro, violas, atabaques, berimbaus, chocalhos e 
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Fonte: Hebreu Suburbano. Disponível em: <http://hebreu-suburbano.blogspot.com.br/2010/09/samba-documentario-
sobre-o-partido-alto.html>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.20 | Amigos tocando bamba de partido alto
pratos de cozinhas, que são raspados com uma faca. 
Findado o ciclo da cana-de-açúcar, essa dança foi se tornando cada vez mais 
urbana e, devido ao crescente deslocamento de trabalhadores para o Sudeste, o 
samba de roda chegou à cidade do Rio de Janeiro, adquirindo uma nova cara. Com 
isso, tornou-se o samba de partido alto, ou simplesmente o samba carioca, conhecido 
e difundido em todo território nacional por todos os meios de comunicação. O samba 
de partido alto tornou-se tipicamente urbano, sendo realizado principalmente nos 
morros, locais em que se encontram as classes mais pobres. Sua celebração traz 
consigo um sentimento de coletividade, envolvendo música, dança, comidas, bebidas 
e conversas. O pandeiro, o cavaquinho, o violão e a cuíca dão o ritmo da festa.
Como podemos perceber, todos os batuques de terreiro, apesar de receberem 
características próprias de cada lugar em que foram difundidos, mantêm suas 
principais características que se ligam diretamente a aspectos da cultura de países 
africanos, como Congo, Angola e Moçambique, de onde veio a grande maioria dos 
escravos. Diferente das festas de carnaval, que se originaram a partir de festejos 
tipicamente europeus e que, com o tempo, adquiriram novas faces ao serem 
incorporadas às culturas indígenas e negras, os batuques são, desde sempre, uma 
expressão da cultura africana no Brasil. Desse modo, os batuques reafirmam a força, 
a importância e a beleza da cultura negra no Brasil e a sua relevância na formação 
de nossa identidade.
2.4 Festas juninas
As festas juninas fazem parte do ciclo em homenagem a São João, São Pedro 
e São Paulo, sendo comemoradas pelos europeus muito antes de chegarem por 
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aqui. Na época do descobrimento como forma de lembrar São João, os jesuítas 
acendiam grandes fogueiras e tochas que atraíam a atenção dos índios. Com isso, 
a fogueira tornou-se um dos principais símbolos das festas de São João. Também 
representava o momento de preparação para o plantio e colheita do alimento. Hoje, 
as comemorações juninas ocorrem em todo o Brasil e estão presentes até nas 
escolas, como parte do calendário festivo das instituições de ensino.
A festa gira em torno de um casamentode caipiras, em que, além dos noivos, 
temos a presença do padre, dos pais do futuro casal, dos padrinhos e dos convidados. 
Declarados noivos, o casal e os outros participantes partem para compor a quadrilha 
em comemoração aos recém-casados.
Diferente de outras manifestações populares, as festas juninas tiveram influência 
de franceses e chineses. Diz-se que dos franceses foi herdado o estilo da dança 
de quadrilha, em que casais realizam coreografias marcadas. Dos chineses, foi 
apropriada a prática de colorir o céu com o brilho dos fogos de artifício. 
Uma característica marcante das festas juninas são as comidas típicas, tais como 
pipoca, bolo de fubá, quentão, chocolate quente, milho cozido, pamonha, pé de 
moleque, entre outros. Nesse cardápio, percebemos uma grande quantidade de 
pratos que têm como ingrediente principal o milho. Isso se deve ao período da 
colheita desse vegetal que coincide com a data das comemorações.
Fonte: Jornalismo Junior. Disponível em: <http://jornalismojunior.com.br/sala33/festas-junina-na-tradicao-nordestina/>. 
Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.21 | Quadrilha em festa junina
Se quiser saber mais sobre as festas juninas, uma dica é a leitura do texto 
a seguir, no qual a autora traça as origens remotas, as características e os 
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significados da festa:
RANGEL, Lúcia Helena Vitalli. Festas Juninas, Festas de São João – Origens, 
Tradições e História. São Paulo: Publishing Solutions, 2008. Disponível em: 
<http://www.bfp.uff.br/sites/default/files/servicos/documentos/festas_
juninas_festas_de_sao_joao_origens_tradicoes_e_historia.pdf>. Acesso 
em: 29 mar. 2016.
2.5 Congadas
As congadas são festas ligas às irmandades de Nossa Senhora do Rosário, Santa 
Efigênia e São Benedito, caracterizando um festejo popular inserido no calendário 
católico desde os tempos coloniais. Assim como no Maracatu Nação, na congada 
também existe a coroação do Rei do Congo, mas com algumas características 
próprias, de acordo com cada região. No geral, caracteriza-se como procissão 
com pessoas que representam escravos, capatazes, a nobreza, os músicos e o rei e 
rainha, que, ao final do cortejo, serão coroados em uma igreja. Durante o caminho 
ao som de muita música e festa, a procissão é descontinuada para a encenação de 
batalhas com espadas. Esse momento surge como uma alegoria às batalhas entre 
mouros e cristãos. 
Uma das maiores riquezas da congada é, sem dúvida, a possibilidade de ver 
nitidamente as culturas negra e europeia – o candomblé e o catolicismo, o rei do 
congo e os soldados cristãos – sendo reinventadas pelo povo na constituição de um 
ritual profundamente importante e expressivo para aqueles que participam.
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Congada_Terno_de_Sainha_
Irm%C3%A3os_Paiva.jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.22 | A congada
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2.6 Folia de Reis
A Folia de Reis é uma festa que se fundamenta na comemoração do nascimento 
de Jesus, acontecendo como parte dos festejos natalinos, cujos integrantes dirigem-
-se às residências, oferecendo suas músicas em troca de alimentos e bebidas. Teriam 
chegado ao Brasil por meio dos portugueses, pois a comemoração do nascimento 
de Jesus regada à música, danças e troca de presentes já era praticada no território 
europeu antes de ser difundida aqui. 
As comemorações foram implementadas pelos jesuítas em meados dos anos de 
1500, como elemento de catequização dos índios e negros. Com o tempo, a Folia 
de Reis foi se espalhando por todo o território nacional, sendo até hoje praticada nas 
zonas rurais, em pequenas cidades do interior e nas regiões periféricas dos grandes 
centros.
O principal momento da folia é o cortejo. Trajando vestimentas coloridas que 
variam de grupo para grupo, e de região para região, a banda de tocadores e 
cantores, acompanhada de três figuras mascaradas que representam os reis magos, 
uma porta estandarte e o Bastião (palhaço que dança e realiza acrobacias e que 
afasta os maus espíritos), caminha pelas ruas arrecadando donativos e oferecendo 
belos espetáculos para a população local. O estilo das músicas é a toada, sempre 
voltada aos temas religiosos. Já as movimentações dos bastiões são inspiradas no 
lundu, dança africana trazida pelos escravos.
Uma vertente da Folia de Reis que adquiriu características específicas é o Reisado 
Alagoano. Além dos personagens da folia tradicional, são incorporadas outras 
figuras, como: rei e rainha do Congo, Bumba-meu-boi, Mateus, Catirina e Jaraguá 
– personagem lendário das culturas indígenas e africanas. Nessa versão da Festa de 
 Fonte: Infoescola. Disponível em: <http://www.infoescola.com/datas-comemorativas/folia-de-reis>. Acesso em: 29 mar. 
2016.
Figura 1.23 | Folia de Reis 
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A cavalhada, trazida para o Brasil pelos portugueses, descende das batalhas 
medievais. Com o tempo, tornou-se uma celebração festiva de caráter religioso, 
uma alegoria do bem contra o mal. Porém, quando chegou ao país, precisou passar 
por novas reconfigurações ao entrar em contato com as culturas negra e indígena. 
Ela ocorre em meio ao ciclo dos festejos do Divino Espírito Santo e está presente em 
diversos estados, tais como Goiás, Paraná e Rio Grande do Sul, sendo a celebração 
da cidade de Pirenópolis a mais conhecida.
Assim como na Congada, as batalhas da cavalhada são as encenações das lutas 
dos cristãos, representados pela cor azul, contra os mouros, que se vestem com a 
cor vermelha. Os cavaleiros de ambos os lados carregam suas lanças e espadas e, ao 
final de três dias, os cristãos vendem e convertem os mouros ao cristianismo. Uma 
figura importante é o mascarado ou curucucu. Vários deles saem a galope pelas ruas 
com suas máscaras de boi com a finalidade de atrair a população para a festa.
A palavra “folclore” tem origem na expressão folk-lore, que significa “saber do 
povo”. Partindo dessa definição, o folclore abrange as manifestações populares 
de maneira bastante ampla, englobando as produções materiais, bem como as 
imateriais, transmitidas oralmente de geração para geração, estritamente ligadas ao 
 Fonte: Cidade de Pirenópolis. Disponível em: <http://cidadedepirenopolis.blogspot.com.br/2013/04/cavalhadas-daqui-um-
mes.html>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.24 | Cavaleiros na cavalhada de Pirenópolis
Reis percebemos de modo muito mais evidente a miscigenação entre diferentes 
culturas. 
2.7 A cavalhada
2.8 Lendas e mitos do folclore brasileiro
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cotidiano das pessoas. Desse modo, fazem parte do folclore as festas, as religiões, 
a medicina popular, o artesanato, as cantigas e os velhos costumes. A expressão 
“folclore” pode, portanto, ser um sinônimo de cultura popular, expressão que dá 
nome a esta unidade. Porém, apesar da amplitude do termo, iremos focar nas antigas 
lendas e fábulas regionais que resistem ao passar do tempo e que não estabelecem 
vínculos com autores, mas com a aceitação coletiva e com o anonimato. 
As lendas populares estão presentes em todo o território nacional, podendo 
adquirir diferentes aspectos, de acordo com suas origens e o contexto no qual se 
desenvolvem. Há as lendas ligadas à cultura indígena, outras que se manifestaram 
em meio à vida dos antigos escravos e as que têm forte influência europeia, em 
especial provindas do catolicismo. Podem ser rurais ou urbanas, da lavoura ou da 
floresta, e, com o tempo, agregam novas características no contato com novas 
culturas e espaços.
Pelo modo como certas lendas se espalharam Brasil afora, em muitos casos, 
torna-se difícil localizar suas verdadeiras origens, embora alguns traços indiquem 
uma possível procedência. A lenda do negrinho do pastoreio, por exemplo, tornou-
-se muito popular no Sul do Brasil, em meio ao sofrimento dos escravos diante de 
seus patrões. A ressurreição do menino negro que, como punição por ter perdido 
um cavalo, foi amarradoem um formigueiro, reflete o sentimento de revolta e da 
fé dos negros escravos do passado. O mito do Caipora, por sua vez, é tipicamente 
indígena. Dizem que, desde antes dos portugueses chegarem ao Brasil, os índios 
transmitem às futuras gerações a história do anão ligado à caça e à proteção da 
Fonte: Studio Clio. Disponível em: <http://www.studioclio.com.br/atividades/almoco-clio/evento/26587/horizontes-do-
imaginario-lenda-do-negrinho-do-pastoreio>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.25 | Lenda do negrinho do pastoreio
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Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Saci_Perere_por_Marconi.
jpg?uselang=pt-br>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.26 | Jean Marconi, Saci, 2007
floresta, de cabelos vermelhos, com pelos sobre o corpo e dentes verdes.
Um exemplo de uma lenda que reflete a pluralidade da cultura brasileira é a do Saci 
Pererê. Originada na região Sul do país, e hoje a figura mais conhecida do folclore 
brasileiro, resultando da mescla das culturas indígenas, africanas e europeias. No 
início, sua figura era a de um curumim de duas pernas e, posteriormente, tornou-se 
um menino negro de uma perna só possuidor de poderes sobrenaturais, mas que os 
utiliza somente para realizar travessuras, como trançar a crina dos cavalos, esconder 
objetos e soltar os animais do curral. Sua história era contada para as crianças como 
subterfúgio para assustá-las e evitar que realizassem certas travessuras. Seu nome 
é de origem tupi, o cachimbo, africana, e o gorro, portuguesa. Por meio desses 
elementos, podemos notar como as lendas não são imutáveis, mas se adequam às 
necessidades e aos interesses dos diferentes povos, que agregam novos traços.
Além desses mitos citados, podemos mencionar a lenda da Iara, uma espécie 
de sereia que enfeitiça os homens com sua beleza; a lenda urbana da pisadeira, 
entidade que pisa sobre a barriga das pessoas enquanto dorme, provocando falta 
de ar; o mito do Boto e da Vitória Régia, ligado aos rios da Amazônia; da Mula sem 
cabeça, que tem ligação com o catolicismo; entre outros. Todas essas lendas fazem 
parte da rica cultura popular brasileira e, apesar do caráter sobrenatural e mágico, 
carregam um sentido prático na vida cotidiana daqueles que o vivenciaram ou dos 
que ainda os vivenciam.
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Outro elemento de fundamental importância na cultura brasileira são as 
brincadeiras e os jogos populares. Por todos os cantos do país, vemos crianças 
divertindo-se sem saber que muitas das brincadeiras de que participam existem há 
muitos e muitos anos e podem ser heranças de povos e lugares dispersos no tempo 
e no espaço.
Os jogos e cantigas de roda, por exemplo, são típicas expressões do folclore 
brasileiro. Trazidas pelos portugueses, no Brasil receberam influência das culturas 
africana e indígena. Dentre algumas cantigas de roda mais conhecidas, podemos citar 
“Atirei o pau no gato”, “O cravo e a rosa”, “Roda pião” e “Sapo cururu”. A brincadeira 
de roda escravos de Jó, ainda praticada por muitas crianças nas escolas, descende 
dos tempos de escravidão, quando os negros a jogavam para decidir qual deles iria 
fugir. A forma de música e a brincadeira eram um artifício para enganar os senhores 
de engenho.
Além das cantigas de roda, muitas outras brincadeiras trazidas pelos portugueses 
se popularizaram e se mantiveram como parte da cultura popular brasileira, mesmo 
depois de séculos de sua chegada. Segundo Alves (2010, p. 5), “Grande parte dos 
jogos tradicionais popularizados no mundo inteiro, como o jogo de saquinhos (cinco 
marias), amarelinha, bolinha de gude, jogo de botão, pião, pipa e outros, chegou ao 
Brasil por intermédio dos primeiros portugueses”. 
De origem indígena, dentre as inúmeras brincadeiras ainda praticadas por esses 
povos, podemos citar a peteca e a cama de gato. A primeira consiste em arremessar, 
de uma pessoa para a outra, um pequeno peso com penas que lhe dão equilíbrio e 
2.9 Brincadeiras populares
Fonte: <http://arteivancruz.blogspot.com.br/2011/06/escravo-de-jo.html>. Acesso em 29 mar. 2016.
Figura 1.27 | Crianças brincando de escravos de Jó
Cultura popular brasileira
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39
Fonte: <http://www.fazfacil.com.br/lazer/jogo-cama-gato/>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.28 | Criança indígena brincando de cama de gato
estabilidade no lançamento do objeto. O objetivo é não deixá-lo cair no chão. 
Já a brincadeira cama de gato, jogo do cordel ou pé de galo, consiste em criar 
formas trançando um barbante entre os dedos. Apesar de ser um jogo presente em 
diversas partes do planeta, acredita-se que no Brasil foi iniciada pelos indígenas. Em 
pesquisas de campo feitas entre diversos grupos indígenas, foi constatada a presença 
da cama de gato em quase todos. As figuras formadas pelas crianças indígenas 
representam imagens de seus cotidianos, tornando-se, também, um mecanismo de 
aprendizado.
Como necessidade humana e pelo caráter social das brincadeiras e jogos, é natural 
que essas se prolonguem através dos anos, tornando-se elementos fundamentais na 
consolidação das culturas populares.
Mesmo que muitas dessas brincadeiras não sejam mais tão comuns na vida das 
crianças, a necessidade do brincar nunca desaparecerá. Desse modo, as brincadeiras 
sempre existirão na vida dos pequenos, que a cada novo momento de diversão 
A criança expressa-se pelo ato lúdico e é através desse ato 
que a infância carrega consigo as brincadeiras. Elas perpetuam 
e renovam a cultura infantil, desenvolvendo formas de 
convivência social, modificando-se e recebendo novos 
conteúdos, a fim de se renovar a cada nova geração. É pelo 
brincar e repetir a brincadeira que a criança saboreia a vitória 
da aquisição de um novo saber fazer, incorporando-o a cada 
novo brincar (TEIXEIRA; ROCHA; SILVA, 2010, p. 103).
Cultura popular brasileira
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reinventam um pouco a cultura da qual fazem parte.
Sabemos que toda cultura é diferente da outra. Sabendo 
disso, você considera que uma cultura possa ser mais 
evoluída que outra? 
1. Sobre os batuques de terreiro, podemos dizer que eles foram 
introduzidos no Brasil por quais povos e a qual religião estão 
associados?
2. Com base no que abordamos sobre o folclore, é correto 
dizer que ele se resume às lendas e mitos passados oralmente 
de geração para geração? Por quê?
Cultura popular brasileira
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41
Seção 3
A cultura popular em tempos de globalização: 
do esvaziamento de sentido à ampliação de 
possibilidades
Nesta seção, abordaremos a cultura popular em relação ao processo de 
globalização, enfocando os perigos e as vantagens decorrentes desse contato. 
Mostraremos como ela tem ora resistido ora incorporado novas tendências.
3.1 A Cultura Popular na Globalização
Dentro do mundo globalizado em que vivemos, existe a preocupação de 
uniformizar e padronizar os modos de vida. Esse modo de vida se desenvolve de 
acordo com as necessidades de um mercado capitalista, em que o único propósito 
é o lucro, e de uma cultura de massa propagada pelos meios de comunicação 
cada vez mais influentes em nossas vidas. Nesse ambiente, há quem diga que as 
culturas locais correm o risco de, com o passar do tempo, perderem seus traços 
mais expressivos a ponto de se descaracterizarem totalmente. 
Diferente de um processo de mutação natural, de contribuições qualitativas 
das novas gerações, a imposição mercadológica e midiática tende a levar a um 
esvaziamento dos verdadeiros significados das manifestações das culturas populares 
em prol de uma cultura globalizada, proclamada prioritariamente pelas sociedades 
mais poderosas. Em seu livro Identidade Cultural na Pós-modernidade, Stuart Hall 
trata de uma possível crise de identidade numa sociedade cada vez mais multicultura 
e fragmentada. Diante disso, assinala as culturas que antes haviam promovido 
localizações sólidas e duradouras e que hoje encontram novos desafios em um 
ambiente de constantes reconfigurações.
As manifestações populares podemvir a tornar-se mais um produto a ser 
disseminado pelos meios de comunicação, sendo consumido pelas massas e 
capitalizado pelo sistema mercadológico. Nessa condição de produto, existem 
alguns riscos, tais como a banalização, o foco no lucro e a necessidade de se criar 
algo com o único propósito de atingir o maior número possível de consumidores. 
Cultura popular brasileira
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Essas consequências podem levar a um enfraquecimento das culturas populares, 
não apenas em seus produtos, mas na própria relação dos seus produtores com as 
tradições e seus significados.
Podemos citar, por exemplo, os grandes desfiles carnavalescos no Rio de Janeiro 
e em São Paulo, em que cada vez mais vemos seus idealizadores adequando as 
apresentações de acordo com uma necessidade capitalista, em detrimento da 
pura e verdadeira expressão do povo. Constantemente, vemos sambas-enredo e 
carros alegóricos elaborados com temáticas que privilegiam os patrocinadores, as 
celebridades da televisão e da música, entre outras personalidades. Essas, por sua 
vez, desfilam em locais de destaque e são as principais estrelas das festas.
Mas há quem diga que o sistema capitalista e os meios de comunicação em 
massa, embora detenham um poder esmagador, também foram e são fundamentais 
na preservação das culturas populares. Segundo Canclini, em Culturas Híbridas 
(1997), apesar do crescente avanço dos meios de comunicações, as culturas 
populares não foram suprimidas, e sim desenvolveram-se ao passo que sofriam 
novas transformações. Ou seja, apesar da influência dos meios de comunicação 
de massa e do mercado sobre as culturas tradicionais, essas ainda permanecem e 
até se fortalecem. Segundo o autor, isso se deve tanto pela necessidade do próprio 
mercado em assimilar essas culturas, bem como de sua própria resistência na 
continuidade da produção de bens culturais.
Fonte: Wikimedia Commons. Disponível em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Carnaval_2014_-_Rio_de_Janeiro_
(12974274864).jpg>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.29 | Carro alegórico no carnaval do Rio de Janeiro
Cultura popular brasileira
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43
Para Canclini (1997), não se deve ignorar os efeitos negativos do sistema 
capitalista nas culturas populares. No entanto, ao contrário do que se pensava antes, 
a tendência não é findar com as culturas locais, mas sim garantir a sua manutenção.
Ainda segundo Canclini (2003, p. 40), “As identidades pós-modernas são 
transterritoriais e multilinguísticas, delineando um novo perfil de cidadão. Supera-se a 
ideia de que os membros da uma dada sociedade possuem uma cultura homogênea 
e única”. Considerando esse contexto, vale perguntar: como as culturas populares 
têm se modificado e se adequado à modernidade? Para responder essa pergunta, 
vamos trazer alguns exemplos. 
Além dos grupos que mantêm firmes suas tradições, resistindo ao processo de 
massificação, como alguns dos que mencionamos nas sessões anteriores desta 
unidade, existem outros que se fundamentam em suas raízes, mas também incorporam 
e interagem com outras culturas. Um exemplo são os 
tradicionais bate-bolas do Rio de Janeiro. Sem perder a 
essência de suas festas, inspiram-se em elementos da 
cultura de massa para a criação de suas vestimentas, tais 
como personagens de desenhos animados, histórias 
em quadrinhos, novelas, marcas internacionais, entre 
outras. Na verdade, hoje esses elementos já fazem 
parte da tradição dos bate-bolas.
Podemos citar também o manguebeat, movimento 
musical surgido no Recife nos anos 1990, formado 
pela mistura de ritmos da região Nordeste, como o 
maracatu, e outros ligados à cultura pop internacional, 
como o rock e o hip-hop, tonando-se um estilo rico 
em significado e esteticamente autêntico. Além da 
riqueza artística que atingiu também o cinema, a 
moda e as artes plásticas, o manguebeat tornou-se um 
fenômeno importante no ressurgimento da cidade de 
Recife como um centro cultural de reconhecimento 
nacional.
A incorporação dos bens folclóricos a circuitos comerciais, 
que costuma ser analisada como se os únicos efeitos fossem 
homogeneizar os formatos e dissolver as características locais, 
mostra que a expansão do mercado necessita ocupar-se também 
dos setores que resistem ao consumo uniforme ou encontram 
dificuldade para participar dele (CANCLINI, 1997, p. 216). 
Fonte: Biblioteca MPB. Disponível em: 
<http://bibliotecampb.blogspot.com.
br/>. Acesso em: 29 mar. 2016.
Figura 1.30 | Chico Science, 
figura do manguebeat
Cultura popular brasileira
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Chico Science, junto com o grupo Nação Zumbi, lançou apenas dois 
discos antes de sua morte. Apesar da curta carreira, suas obras já figuram 
entre as mais importantes da música brasileira. Vale a pena conferir!
Um dos eventos mais marcantes da cultura popular brasileira certamente foi o 
Tropicalismo, movimento de valorização da cultura brasileira que atingiu a música, 
as artes plásticas, o teatro e o cinema, unindo o popular e as culturas de massa. Na 
música, seus principais expoentes são Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e 
Gilberto Gil. Nas artes plásticas, Hélio Oiticica foi o protagonista, sendo ele o criador 
do termo “tropicália”, título dado a uma de suas obras que preconizam o movimento. 
É com Glauber Rocha e o Cinema Novo que o Tropicalismo ganha as telas do 
cinema e os palcos, com Zé Celso.
A tropicália pode ser entendida como um movimento popular, de valorização 
da cultura do povo, mas que também desenvolve inovações e rupturas, como o 
movimento de vanguarda, aglutinando tendências artísticas e filosóficas vindas do 
exterior, de modo autêntico. Além do seu valor como uma nova tendência estética, 
artística e social no Brasil, a importância da tropicália está, também, na valorização 
de ritmos da cultura popular, como o samba, o carnaval e os ritmos nordestinos que 
ganharam destaque por meio da obra dos protagonistas desse movimento.
No mundo contemporâneo, fica cada vez mais claro que as culturas populares 
não são mais práticas exclusivas a determinados grupos, mas, como percebemos nos 
exemplos do manguebeat e da tropicália, um mesmo indivíduo pode participar de 
diversas manifestações culturais, em lugares diferentes, sem mesmo ter sido criado 
naquele ambiente. Os meios de comunicação nos permite vivenciar e assimilar 
experiências culturais das mais diversas, mesmo estando longe no tempo ou no 
espaço. No contexto em que vivemos, a multiplicidade é consequência natural e cabe 
às culturas populares buscar modos de se colocar nesse contexto, para que não venha 
um dia a perder o significado de sua presença na vida dos que a constituem.
No seu dia a dia, você consegue perceber elementos que 
possam estar associados à cultura popular? Se sim, que tal 
tentar pesquisar sobre sua origem e significado?
Cultura popular brasileira
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1. Cite um dos riscos que as culturas tradicionais podem correr 
devido à forte influência dos meios de produção e comunicação 
em massa.
2. No que os meios de comunicação em massa contribuem 
para a permanência das culturas populares?
Nesta unidade, pudemos compreender um pouco mais da 
cultura popular brasileira e suas características. Na primeira 
seção, estudamos sobre a fragmentação da cultura popular, 
cultura erudita e cultura de massa, compreendendo que são 
esferas que não se relacionam. Como contraponto, conhecemos 
uma visão contemporânea sobre essas categorias, observando 
que elas não são estáticas, mas se interpenetram e estabelecem 
constantes trocas. Na segunda seção, estudamos uma parcela 
pequena de manifestações da cultura popular brasileira, mas 
todas extremamente ricas em significados. Por meio das análises 
pudemos perceber que a cultura popular brasileira é constituída 
pela união de diversas raças, classes e etnias diferentes, que, nos 
seus encontros, geram novas descobertas e novas tradições. Por 
fim, na terceira seção, vimos que a cultura de massa tem agido cada 
vez mais sobre as culturas populares, gerando efeitos negativos 
e/ou positivosque podem levar a uma crise de identidade. Nesse 
cenário, cabe às camadas populares posicionarem-se de modo 
que assegurem sua permanência.
Cultura popular brasileira
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46
1. Realizado na região Amazônica, atualmente, o Boi de 
Parintins é a maior e mais conhecida festa de Bumba-meu-
boi do Brasil, dado sua grande visibilidade na mídia e graças 
aos altos investimentos que tem recebido. Com relação à 
festa do Boi de Parintins, avalie as afirmações a seguir:
I – O Boi de Parintins teve grande influência da cultura 
indígena, fundamentado nas figuras dos caboclos e índias.
II – Na festa do Boi de Parintins, o momento mais importante 
é a disputa entre os bois Garantido (branco) e Caprichoso 
(preto) que disputam a simpatia do público, vencendo aquele 
que, com sua dança, fizer o público mais se animar. 
III – Inspirado na cultura negra e indígena, o Boi de Parintins 
surge como uma forma de valorização e preservação da 
identidade regional amazonense.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas;
b) II, apenas;
c) I e III, apenas;
d) II e III, apenas;
e) I, II e III.
2. As festas de carnaval, apesar do aparente caráter profano, 
têm suas origens ligadas à religião católica. Tradicionalmente, 
seus preparativos iniciam-se logo após os festejos natalinos 
e vão até a quarta-feira de cinzas. Mas, dependendo da 
cultura de cada lugar, podem haver comemorações antes ou 
após este período. Considerando os conhecimentos sobre 
a origem da festa de carnaval e seu surgimento no Brasil, 
assinale a opção correta:
a) A origem da festa remonta aos bailes de máscaras realizados 
nos países nórdicos, como a Dinamarca e a Suécia.
b) O carnaval chega ao Brasil trazido pelos portugueses e, no 
início, era somente festejado pelas classes menos favorecidas. 
c) As classes menos favorecidas economicamente, 
predominantemente formadas por negros, passaram a fazer 
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3. Há expressões da cultura brasileira em que se pode 
identificar a mistura entre cultura popular e erudita ou cultura 
popular e de massa. Considerando o contexto apresentado, 
avalie as afirmações a seguir:
I – O frevo deriva da união de expressões da cultura erudita, 
como o ballet, em comunhão com as de origem popular, tal 
como a capoeira e as marchinhas.
II – O estilo Manguebeat é formado pela união de estilos de 
música popular, como o afoxé, e de massa, como o rock.
III – O frevo deriva da união de expressões populares, como 
as marchinhas, e de cultura de massa, como o rock.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas;
b) II, apenas;
c) I e II, apenas;
d) II e III, apenas;
e) I, II e III.
4. A brincadeira de roda Escravos de Jó, ainda praticada 
por muitas crianças nas escolas, descende dos tempos de 
escravidão, quando os:
a) negros a jogavam para decidir qual deles iria para o 
castigo. A forma de música e brincadeira era um artifício para 
proporcionar certa alegria em um momento tão ruim;
b) negros a jogavam para decidir qual deles iria para a casa-
-grande, realizar trabalhos mais "brandos", como limpar, 
seus próprios carnavais e, influenciadas pelas músicas e 
danças de origem africanas, formaram os blocos e os cordões 
de carnaval, presentes até hoje.
d) O carnaval chega ao Brasil trazido pelos franceses e, muito 
diferente do que é hoje, era festejado apenas pela aristocracia 
do Rio de Janeiro.
e) A palavra “carnaval” tem sua origem na expressão italiana 
carne levare, que significa “comer carne”, numa referência 
ao período após a abstinência e jejum da quaresma, quando 
os fiéis deveriam abdicar das tentações mundanas, entre elas 
comer carne.
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5. O boi, o Pai Francisco e a Catirina são os três personagens 
principais de toda festa de Bumba-meu-boi. Considerando 
essa afirmativa, avalie as alternativas a seguir:
I – O Pai Francisco e a Catirina, sua esposa grávida, surgem 
como trabalhadores do campo, ambos representados como 
a figura do trabalhador negro. 
II – O boi foi morto por Francisco para que Catirina pudesse 
comer a língua dos animais.
III – O Pai Francisco surge como o vaqueiro. O boi foi morto 
por Francisco, mas depois foi revivido pelo pajé, o que levou 
a uma grande festa.
É correto o que se afirma em:
a) I, apenas;
b) II, apenas;
c) I e II, apenas;
d) II e III, apenas;
e) I, II e III.
cozinhar, entre outros;
c) negros a jogavam para decidir qual deles iria dormir para 
fora da senzala; 
d) negros a jogavam para decidir qual deles iria fugir. A forma 
de música e a brincadeira eram artifícios para enganar os 
senhores de engenho;
e) negros a jogavam para decidir qual deles iria realizar o 
plantio e colheita da cana de açúcar.
49Cultura popular brasileira
U1
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2016.
Unidade 2
IDENTIDADE CULTURAL
Nesta seção, iremos conhecer os vários conceitos da palavra cultura, além 
de compreender que a cultura não é estática. Você irá observar que todo 
sistema cultural apresenta aspectos materiais e imateriais e que são esses 
aspectos combinados que vão resultar nas singularidades de cada povo. No 
correr da leitura, você entenderá que a identidade cultural, por sua vez, é um 
sistema de representação das relações sociais, que envolve o compartilhamento 
de patrimônios comuns. Assim, irá perceber a influência que a globalização 
estabelece nas diferentes estruturas culturais pelo mundo, como evento que 
pode gerar homogeneização e perda de referências locais. 
Nesta seção, observaremos que a construção histórica da identidade brasileira 
está conectada ao intento de estabelecer uma unidade em nossa sociedade. 
Seção 1 | Cultura e Identidade
Seção 2 | Identidade Nacional
Objetivos de aprendizagem 
Nesta unidade, você poderá compreender o que é e como se estabelece a 
noção de identidade cultural, tendo como base a estrutura cultural brasileira. 
Nosso objetivo é evidenciar para você, caro leitor, que a cultura brasileira 
é extremamente rica em sua diversidade e que, devido ao longo histórico 
de hibridação de diferentes povos em nosso território, a definição do que 
é a identidade cultural brasileira torna-se relativa e incerta, podendo variar 
de tempos em tempos, de indivíduo para indivíduo, de lugar para lugar, de 
cultura para cultura.
Iuri Aleksander Dias Fernandes de Souza
Identidade cultural
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Você compreenderá o conceito de nação como algo que pode ser construído 
historicamente, que a construção narrativa não determina que a nação seja 
algo irreal e que ela não está resumida a ser apenas uma criação política, já que 
pode existir o sentimento sincero de pertencimento a uma nação. Desse modo, 
você irá observar que a busca ao longo do tempo por uma identidade nacional 
brasileira ainda hoje permanece, sendo transformada a cada instante.
Identidade cultural
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Introdução à unidade
O que é identidade cultural? Como ela se estabelece na história e na atualidade do 
Brasil? Como podemos definir uma possível identidade nacional dentro do cenário 
extremamente heterogêneo que é a cultura brasileira? Essas e outras indagações 
serão o norte que nos guiarão ao longo desta unidade. 
Por meio deste material, você poderá identificar as particularidades que envolvem 
a construção do que se entende por identidade cultural brasileira, analisando a 
história e os exemplos concretos expressos nas manifestações artísticas e populares 
do povo brasileiro.
Na primeira seção, "Cultura e Identidade", apresentaremos alguns termos e 
características que fazem parte da noção de identidade, tais como o entendimento 
de cultura, bens culturais (materiais e imateriais), globalização e identidade, sempre 
tendo como norte compreender melhor a construção da identidade cultural 
brasileira.
Na segunda seção, Identidade Nacional, por sua vez, realizaremos um resgate 
histórico dos debates que envolveram a busca e a identificação de uma identidade 
nacional tanto na literatura quando na política, para, num segundo momento, a 
contrapor com a noção real, que se manifesta no indivíduo e no povo.
Identidade cultural
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Identidade cultural
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Seção 1
Cultura e identidade
Nesta seção, iremos conhecer os vários conceitos da palavra cultura, além de 
compreender que a cultura não é estática. Você irá observar que todo sistema cultural 
apresenta aspectos materiais e imateriais e que são esses aspectos combinados que 
vão resultar nas singularidades de cada povo. No correr da leitura, você entenderá 
que a identidade cultural, por sua vez, é um sistema de representação das relações 
sociais, que envolve o compartilhamento de patrimônios comuns. Assim, irá perceber 
a influência que a globalização estabelece nas diferentes estruturas culturais pelo 
mundo, como evento que pode gerar homogeneização e perda de referências locais. 
1.1. O que é cultura?
A noção de cultura teve constantes modificações no decorrer dos tempos. Em 
latim, expressava o “cultivo da terra” e, simbolicamente, o cultivo do homem. O 
conceito também foi conectado com o de civilização e utilizado como contrário ao 
de barbárie. Civilizado era somente o homem que possuía acesso à educação. Os 
indígenas e os negros no Brasil, por exemplo, eram considerados incultos, pois eram 
associados a um modo de vida “primitivo” e rudimentar. Por sua vez, os europeus 
que chegaram ao Brasil eram tidos como povos cultos, pois compreendia-se que a 
cultura deles devia ser modelo para as demais sociedades. 
Durante muito tempo no Brasil, os escravos vindos da África não puderam ou 
tiveram restrições na manifestação de suas tradições. Nesse sentido, os sons e ritmos 
dos batuques e das danças de origem africana eram considerados primitivos, já que 
os brancos preferiam as músicas de origem europeia. Do mesmo modo, ainda hoje, 
apesar da riqueza cultural e religiosa presentes no candomblé, esta prática ainda é 
alvo de muito preconceito por parte da população, por conta de suas origens.
Identidade cultural
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Fonte: Wikipedia. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Baiana_(vestu%C3%A1rio)#/media/File:Caetit%C3%A9_
baianas.jpg>. Acesso em: 10 abr. 2016.
Figura 2.1 | Baianas de Caetité – BA
Fatos como esse, entre outros, ajudaram no fortalecimento da associação da 
palavra “cultura” como sendo o grau de “evolução intelectual” de um determinado 
indivíduo. Porém, ela nem sempre está relacionada a um grau de evolução individual 
ou coletivo. Houve uma diferenciação, no período romântico, entre cultura e 
civilização. A cultura representava o intelecto, as construções imateriais (arte, ciência, 
entre outros) e a civiliação estava ligada ao entendimento de progresso econômico 
e tecnológico, portanto, material. Atualmente, as correntes contemporâneas da 
sociologia e antropologia apresentaram uma nova maneira de se pensar a palavra 
cultura, considerando que ela se estabelece como o conjunto completo das ações 
humanas em uma determinada sociedade.
O conceito moderno de cultura foi formulado por Edward Tylor, em seu livro 
Primitive Culture, de 1871, estabelecendo a cultura como “um complexo que 
compreende os conhecimentos, as crenças e as artes, a moral, as leis, os costumes 
e todos os demais hábitos ou aptidões adquiridas pelo homem na qualidade de 
membro de uma sociedade” (TYLOR apud AZEVEDO, 1963, p. 31). Ou seja, podemos 
dizer que cultura é tudo aquilo que rodeia e forma o indivíduo ou um grupo de 
pessoas, sendo cada cultura única nas suas características. 
Tylor (apud AZEVEDO, 1963) também irá dizer que não há conexão entre genética e 
cultura. Cultura é todo o comportamento aprendido quando se está inserido em um 
contexto especifico e não transferido geneticamente de pai para filho. Um recém-nascido 
vai assimilar a cultura do ambiente em que cresceu, independentemente de sua herança 
genética. A cultura é um processo acumulativo, ou

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